Terras do Infante

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Aljezur . Lagos . Vila do Bispo

Terras do InĆ’ante

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Terras do InĆ’ante Aljezur

Lagos

Vila do Bispo

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Terras do Inƒante Aljezur

a l j e z u r Praia de Odeceixe

Aldeia Nova do Concelho

Odeceixe

Praia da Quebrada

N

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Baía dos Tiros

Praia da Samoqueira

Maria Vinagre

Zambujeira de Baixo

Cabeço de Águia

Praia Vale dos Homens

Bemparece

Azia

Brunheira

Praia da Carriagem

Rogil

Corte de Sobro

N120

Medo da Amoreira

Praia da Amoreira

Seromilheiro

Praia do Mte Clérigo

Aldeia Velha

Ponta da Atalaia

Vale da Telha Arrifana

Cabeça Calva Aldeia Nova

Moínho do Bispo

Cerca dos Pomares

Aljezur Eirinhas

Vales

Carta Velha

Pedra da Carraca Praia da Arrifana

N1

Barranco da Vaca

Praia do Canal

20

Azenha

Pedra da Agulha

Valinhos

Praia do Penedo

Peso de Baixo

Praia Vale Figueiras

Monte Novo Monte dos Cairos Monte da Bordeira

Praia da Bordeira

Vale da Fonte

N268

Bordeira

Pontal Palheirão

Carrapateira N2 68

Praia do Amado

Praia da Murração

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Vilarinha

Relvinha Monte Ruivo

N1

20

Peso de Cima

Pêro Negro


Cinco cabanas de colmo com portas voltadas para o Atlântico assinalam, no topo de uma falésia, um dos mais antigos núcleos piscatórios da aldeia da Carrapateira, e, seguramente, o mais belo e inóspito porto de abrigo de todo o município de Aljezur. «Às vezes, não me lembro o que almocei, mas lembro-me das coisas antigas», gaba-se Fernando do Vale, um homem de falas corridas e pronúncia cerrada. Encostado à ombreira do seu colmado, olhar absorto como que imerso em memórias, o calejado pescador afiança que «perde-se a conta aos anos que os homens põem os barcos neste sítio». O sítio é a Zimbreirinha, um ancoradouro palafita construído na base de uma arriba clivosa. Antigamente não havia outra forma de chegar a este local senão pisando os calços cavados no chão pela passagem repetida dos pés dos pescadores. Para os amparar nas descidas e subidas, os mareantes haviam atado uma corda a uma raiz de zimbreiro meio desenterrada, qual mão nodosa que agarrava os homens à terra. Depois, construíram uma escada de tábuas sobre a falésia. Mesmo assim, continua tudo a viver na mesma periclitante existência, tal é a obra da erosão. Até os barcos repousados sobre os cepos de madeira, a poucos metros da linha da água, parecem vacilantes e vulneráveis. A escolha deste local foi, no entanto, fruto de metódicas e avisadas experiências. Quem por estas águas pesca sabe que um porto virado a sul, como este, resguarda as embarcações das malfeitorias das nortadas. Foi esse saber que levou os pescadores da região a apoderarem-se de uma concavidade da rocha. Transportaram para lá toneladas de troncos de pinheiro e construíram os assentamentos desnivelados onde colocam os botes a salvo das investidas marítimas. Aproveitando uma laje existente na reentrância rochosa, criaram uma rampa sobre a qual deslizam os barcos até ao mar e das águas para solo firme. Mas, como a força aqui nem sempre leva a melhor, houve que recorrer à perícia. É em cima de troncos de madeira polidos que os pescadores fazem resvalar as suas pequenas embarcações. Nos dias de maré anunciada para a tarde, os botes largam da Zimbreirinha já com o oceano vestido de chumbo derretido. Homens e barcos rumam a ocidente e desaparecem fundidos na espelhada avenida que o sol poente traça sobre as águas. Em terra, ficam os anciões, como Fernando do Vale, que, apesar de já não participarem nestas viagens, mantêm uma perpétua ligação ao porto e às suas histórias. Conta o velho pescador que, dantes, o fruto da pesca era passado de mão em mão e transportado às costas arriba acima, «mesmo em dias de apanha valente e de mar rijo», como um que recorda com vivacidade e pormenor, apesar de ter acontecido há mais de 30 anos. «Noventa e oito quilos de robalos, cento e oitenta quilos de anchovas e um pargo de onze quilos e meio» foi o que ele e os companheiros de embarcação içaram com a força do corpo depois de um desembarque penoso e arriscado. Hoje, quando o mar é benemérito e proporciona muito pescado, os pescadores usam um sistema de roldana para fazer chegar a mercadoria ao topo da falésia. Neste cenário de porto palafita, onde a rocha nasce negra e desabrocha avermelhada, de águas escuras e profundas, parece não encaixar um Algarve que os postais turísticos teimam resumir a praias quedas de areias douradas. Contudo, nas quatro freguesias de Aljezur – Odeceixe, Rogil, Aljezur (sede do concelho) e Bordeira –, escondemse inúmeros tesouros humanos e paisagísticos como a Zimbreirinha. A fraca intervenção urbanística nesta área e o êxodo para o litoral Sul algarvio contribuíram para o actual estado de preservação do património natural e cultural desta região. A esta circunstância associou-se o facto de, em 1988, o concelho ter sido integrado na Área de Paisagem Protegida do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina e, desde 1995, fazer parte do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV). Não admira que seja um bálsamo para o ânimo andarilhar por Aljezur, poder fartar o olfacto com o tempero do ar e hipnotizar a visão com o oceano e as serras. Este pequeno rectângulo quase réplica do mapa nacional – com uma área de 323 km2 e banhado por aproximadamente 40 km de mar – possui cerca de metade do seu território classificado como Parque Natural (142 km2). Aqui, sente-se a harmonia da natureza. Talvez essa seja uma das razões da contínua presença humana neste território. Há séculos que estas terras servem de abrigo aos homens, como o testemunham os abundantes vestígios arqueológicos semeados por todo o município.

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Terras do Inƒante Aljezur Âncora de antigo barco naufragado. Deste despojo nasceu o nome pelo qual é conhecido este local: Praia da Fateixa. O caso não é único no concelho. O naufrágio do navio La Condessa, ocorrido em 1555, também ficou registado na toponímia da região. A nau, ao serviço do rei de Espanha, transportava setenta e três caixotes de ouro e prata, segundo testemunho de um sobrevivente do desastre, referido pelo arqueólogo Francisco Alves num texto publicado no Correio de Arqueonáutica (1992). Indo a caminho de Sevilha, o navio terá embatido num rochedo isolado a norte do Cabo de São Vicente, acabando por naufragar nas imediações da Carrapateira. A arqueologia subaquática não conseguiu resgatar tamanho tesouro, mas do desastre sobreviveu a referência Pedra da Galé.

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Anchor of an old sunken ship. This implement gave the site its name : Praia da Fateixa (Grapnel or Light Anchor Beach). This is not the only case in the council. The wreckage of the ship La Condessa, which occurred in 1555, also became part of the toponomy of the region. The carrack, in the service of the king of Spain, was transporting seventy three chests of gold and silver according to a survivor of the wreckage, as is mentioned by the archaeologist Francisco Alves in a text published in Correio de Arqueonáutica (1992). On its way to Seville, the ship struck an isolated rock north of Cape St. Vincent and finally sunk in the area of Carrapateira. Underwater archaeology has never managed to bring up such a huge treasure, but from this disaster there still remains one reference : Pedra da Galé (Galley Stone).


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Terras do Inƒante Aljezur

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O nome científico deste crustáceo é Pollicipes pollicipes, mas todos lhe chamam percebes ou perceves. É um marisco muito apreciado na região devido ao seu intenso sabor a mar. Em Outubro ou Novembro, dependendo do calendário das marés, realiza-se o Festival da Batata-doce e dos Perceves, em Aljezur. É uma óptima oportunidade para se apreciar a gastronomia local. The scientific name for this crustacean is Pollicipes pollicipes, but everyone calls it a barnacle. It is a very popular shellfish in this region given its strong taste of the sea. In October or November, depending on the tide calendar, the Sweet Potato and Barnacle Festival is held in Aljezur. It is an excellent opportunity to enjoy the local cuisine.

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Vista para o Rio da Amoreira. O concelho de Aljezur tem uma superfície de 323 Km2, é banhado por aproximadamente 40 km de mar e possui uma vasta rede de ribeiras. Mais de metade do seu território integra-se no Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina, pelo que não faltam locais como este, bem preservados e de impressionante beleza natural. A Praia da Amoreira e o caminho que lhe dá acesso são um bom exemplo da riqueza natural desta região. Para ir até lá, entrase num desvio junto do Pavilhão Gimnodesportivo Municipal e percorre-se uma estrada alcatroada com cerca de oito quilómetros. É um passeio tão agradável quanto belo, feito na companhia do Rio da Amoreira e de muita vegetação. View of Rio da Amoreira. Aljezur council has a surface area of 323Km2, is adjoined by 40 km of sea and possesses a huge network of streams and rivers. Over half its territory is part of the Protected Landscape Area of the Southwest Alentejo and the St Vincent Coast, so there are plenty of sites like this one, well preserved and of an impressive natural beauty to see. Amoreira beach and the pathway leading on to it are good examples of the natural wealth of this region. In order to get there, you go through a detour beside the Pavilhão Gimnodesportivo Municipal and follow an asphalt road for about eight kilometres. It is both a pleasant and beautiful ride in the company of the vegetation and the River Amoreira.

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Terras do Inƒante Vila do Bispo

v i l a d o br i s p o Praia da Murração

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Pedra dos Caneiros

Pedralva

N2

Praia do Mirouço

Praia dos Mouranitos Praia da Barriga

N 26

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Praia da Coldoama

Barão de S.Miguel

Praia do Castelejo

Pagão

Torre de Aspa

Raposeira

Vila do Bispo

Budens

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N12

Malhadas Velhas

Alto de Parizes

Praia da Ponta Ruiva

Hortas do Tabual

Zavial

Praia Ingrina Praia do Foz de Benaçoitão Zavial Praia do Barranco

N26 8

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Praia do Belixe

Praia dos Rebolinhos Praia Martinal

N2

Cabo de São Vicente

Praia do Tonel

Sagres

Praia Baleeira Praia da Mareta

Ponta de Sagres

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Figueira

Salema

Praia da Figueira

Cruz da Rafa

Praia do Telheiro

Vale de Boi

Praia da Salema

N125

Cerro Gordo

Burgau Barrancão

Monte Forte

Praia do Burgau Praia Cabanas Ponta da Velhas Almádena


Quando Carlos Clímaco despertou da dormência dos sonhos e abandonou a quentura do leito, o céu ainda estava sombrio e no ar soprava o hálito frio da madrugada. Mas, mal chegou à rua, o marisqueiro da vila de Sagres conciliou-se com a vida. Afinal a brisa da manhã era mais um afago do que um golpe e a penumbra da alvorada, um enorme abraço de boas-vindas. Apaziguado e alentado pela esperança de uma jornada de boa pesca, Carlos partiu para o seu destino: esse fim do mundo onde a terra rasga o mar e que os Antigos chamaram Promontorium Sacrum. Se fosse no Inverno, em tempo de marés mais bravias, teria descido por cordas até à base de uma falésia. Aí teria procurado uma pedra firme para apanhar Pollicipes pollicipes, o nome científico para os famigerados percebes. Como era Verão, foi direito ao Porto da Baleeira, embarcou no seu barco – o Fogo do Vento – e rumou à Capelinha, uma gruta situada nos escarpados rochedos do Cabo de São Vicente. Mal sabia o que o aguardava. O marisqueiro diz já ter passado por muitas situações de perigo, mas nunca por uma tão grave como nessa enguiçada ocasião. Foi «como nascer outra vez naquele dia». Existem duas formas de arrancar percebes à rocha: durante a baixa-mar na zona intertidal, ou seja, na faixa entre os limites mínimo e máximo das marés; ou nos períodos de preia-mar, em apneia. Carlos Clímaco andava ao marisco na maré-alta recorrendo ao método do mergulho em apneia. Trata-se de uma técnica de marisqueio em que os homens arriscam a vida em caneiros, fendas, buracos e furnas para terem acesso aos bancos mais povoados de crustáceos. É uma arte arriscada e mais invulgar em águas do concelho de Vila do Bispo, mas é aquela que proporciona maiores proventos. A Capelinha é precisamente um desses locais, onde só vão os marisqueiros mais destemidos. Segundo o dono do Fogo do Vento, «é uma gruta tão mazinha, que o mar raramente deixa apanhar percebes lá dentro». Naquele malfadado dia, Carlos Clímaco achou por bem ficar à porta da furna, uma greta com cerca de um metro de largura onde Sua Majestade o Mar embate constantemente. Ali esteve entregue à tarefa de arrancar à pedra as suculentas “unhas”, como dizem por estas bandas. Até uma onda o apanhar desacautelado e o atirar sem remorsos para as entranhas da rocha. Num segundo foi sugado para o fundo da gruta, engolido, depois cuspido, arremessado uma e outra vez num espaço que não terá mais de três metros de largura e uns dez metros de extensão. O marisqueiro sentiu-se como um trapo «numa máquina de lavar gigantesca». Foram tantas as voltas, que acabou por perder os óculos de mergulho e a arrelhada, a indispensável ferramenta que os percebeiros usam para separar o marisco das pedras. Já com os pulmões sufocados de tanta água salgada, Carlos conseguiu emergir. Tentou nadar à boleia de uma vaga que se dirigia para a saída da gruta, quando foi surpreendido por outra onda vinda em sentido inverso. Apesar de este incidente ter ocorrido há 11 anos, o pescador ainda se recorda como «o embate das duas massas de água foi brutal». Uma vez mais, engolfou-se nas águas e reiniciou uma espiral de cambalhotas. O que lhe valeu foi «a revolta e a raiva de morrer ali» tomarem conta do caso. No meio de toda aquela turbulência acreditou que tinha de «lutar até às últimas forças» para sair daquele abismo. Foi este derradeiro ânimo que lhe restituiu o fôlego para se libertar da furna maldita. Do incidente ficou-lhe uma lição: «Quem está no mar não deve perder a esperança até ao último minuto.» Outro ensinamento, este fruto de cavaqueiras em terra, é a necessidade de mergulhar nas águas logo a seguir a um azar destes. Dizem os pescadores que é «para curar o trauma». Carlos assim fez. Para vencer o desaire da Capelinha deu três mergulhos rente à gruta. Custou-lhe, mas curou-se. Agora, sempre que a maré consente, lá está ele de novo naquela nesga do rochedo. Até já passou por outras surpresas, mas é incapaz de ignorar o chamamento do mar. É um apelo que ecoa para sempre, dizem os que conhecem esta vida. Carlos Clímaco tem 46 anos, quase todos vividos em Sagres. Além de marisqueiro profissional, é praticante de windsurf há mais de duas décadas. Pelas suas contas, dos 365 dias do ano são poucos os que não prova água salgada. De manhã, vai aos percebes; à tarde, veleja; e no tempo que lhe sobra, repara velas de windsurf na sua oficina. Esta ocupação, a única que o mantém longe do mar, pouco mais é do que um hobby, já que 80 a 90 por cento dos seus

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Terras do Inƒante Vila do Bispo When Carlos Clímaco awoke from his slumber and gave up the warmth of his bed the sky was dark and the early morning breeze blew cold. But as soon as he got outside the shellfish catcher from the town of Sagres was happy once again. The morning breeze was not so much a shock but more of a caress and the dull dawn sky a huge welcoming embrace. Appeased and encouraged by the hope of a good day’s fishing, Carlos set out for his destination: the end of the world where the earth tears through the sea and what the Ancients once called Promontorium Sacrum. If this had been winter, at the time of rough tides, he would have climbed down a rope to the foot of a cliff. There he would have found a firm stone to catch Pollicipes pollicipes, the scientific name for the famous goose barnacles. As it was summer, he went straight to the Porto da Baleeira, boarded his boat – the Fogo do Vento – and set sail for Capelinha, a grotto located on the rocky cliffs of Cape St Vincent. He did not know what awaited him. The shellfish catcher says he had experienced many dangerous situations but never one as bad as this regrettable occasion. It was «as if I had been born again on that day». There are two ways to pry barnacles from rocks: at low tide in the interdital zone, which is the gap between the lowest and highest tides, or at high tide, by snorkelling. Carlos Clímaco went out shellfish catching at high tide and resorted to the snorkelling method. It is a technique by which shellfish are caught and men risk their lives by swimming through kiddles, crevices, holes and caverns to access the most populated groups of crustaceans. It is a very risky art and fairly uncommon in the waters of the municipality of Vila do Bispo, but it results in the highest gains. Capelinha is precisely one of those spots where only the boldest shellfish catchers go. According to the owner of Fogo do Vento «it is such a wicked cavern that the sea hardly ever lets you catch barnacles there». On that unlucky day, Carlos Clímaco decided to remain at the entrance of the cavern, a crevice one meter wide against which His Majesty the Sea constantly beats. He was busy prying the succulent “nails”, as they are called in these parts, from the rock. And then came along a devious wave which caught him unawares and callously threw him into the very stomach of the cavern. In a second he was sucked into the grotto, swallowed up, then spat out, jostled about in a space which was no bigger than three meters wide and ten meters long. The shellfish catcher felt like a small cloth «in a giant washing machine». He was thrown about so many times that he ended up losing his snorkels, the indispensable tool for barnacle catchers when prying barnacles from the rocks. Almost suffocating from so much salt water in his lungs, Carlos nevertheless managed to emerge. He tried to swim along on a wave which was heading for the other side of the grotto when he was taken by surprise by another coming straight at him. Even though this incident occurred 11 years ago the fisherman still remembers how «painful it was when the two masses of water met». Once more he was caught up in the waves and his body spiralled head over heels. What saved him was « his revolt and fury at dying there». In the midst of all that turbulence he believed that he had «to fight till his last breath» to get out of that abyss. It was this final boost of encouragement that gave him the courage to free himself from that ill-fated cavern. He learned a lesson from that incident and that was that «whenever you are at sea you must never lose hope until the very last minute». Another thing he learned was, and this he learned from the small talk on land, is that one must go diving again immediately after such an unfortunate incident as his. The fishermen say that it is «to cure the trauma». And that is what Carlos did. In order to overcome this mishap at Capelinha he dived three times right next to the grotto. It was not easy but it cured him. Now, tides permitting, there he is again at that crack in the rock. He has had other surprises since but he can never ignore the call of the sea. It is a call that echoes for ever say those who know this life well. Carlos Clímaco is 46 years old, almost all spent in Sagres. In addition to being a professional shellfish catcher, he has been windsurfing for over twenty years. He has calculated that of the 365 days in the year there are very few he does not taste the salt of sea water. In the morning he goes after barnacles, in the afternoon he sails and in the time left over he repairs windsurf sails at his workshop. This occupation, the only one that keeps him away from the sea, is more of a hobby, as 80 to 90 percent of his earnings come from catching shellfish. In fact, there are only few

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rendimentos provêm da apanha do marisco. Na verdade, são apenas algumas as famílias em Vila do Bispo que, como a dele, vivem quase exclusivamente do marisqueio. Mas ainda assim é uma actividade de grande relevância na região, pelo peso económico que representa e pela herança que acarreta. Há muito que moluscos e crustáceos são aproveitados pelas comunidades humanas deste Algarve. Qualquer um que queira testemunhar essa antiguidade basta que se desloque às praias do Castelejo, Cordoama, Barriga e Mirouço. Nas imediações destas praias da costa ocidental existem vários concheiros, jazidas pré-históricas resultantes da recolecção intensiva de moluscos bivalves. No mais importante deles – o concheiro da Praia do Castelejo (VI/V milénios a.C.) – foram detectados vestígios de percebes, facto que atesta a remota importância deste crustáceo na alimentação dos que aqui têm vivido. Como há cinco ou seis mil anos, também hoje se apanham percebes para consumo doméstico. Segundo José Lucas, um experimentado pescador de Sagres, «sempre que há saudades de uma boa mesa» os homens misturam-se na espuma das águas e enfrentam o mar de arrelhada na mão. Porém, é o lucro que faz deste marisco um produto muito apetecido e que faz dos pescadores eternos guerreiros de lutas sem tréguas. Como refere Carlos Maximiano Baptista no ensaio etnográfico intitulado Os Marisqueiros de Vila do Bispo (1995), a venda de percebes constitui uma das principais fontes de rendimentos de algumas famílias do município. Mesmo para os que possuem outros meios de subsistência, a comercialização deste marisco representa um complemento económico significativo. Os locais onde os marisqueiros exercem a sua actividade são praticamente incontáveis. Lajeados, buracos, cavidades, pedras ilhadas, pontas de rochedos... ou seja, quase todas as rochas recônditas onde a espuma do mar borbulha são sítios de bom marisqueio. Segundo contas de Carlos Maximiano Baptista, os locais mais frequentados pelos apanhadores de percebes vilabispenses ascendem a centena e meia e espraiam-se pelas imediações de uma vintena de praias. Como a maioria destes lugares são de difícil acesso, os pescadores ganharam a destreza dos alpinistas. É com o auxílio de cordas que descem as precipitadas falésias. É em cordas que se penduram quando andam ao marisco em rochas lisas e íngremes como paredes e é com elas que içam o corpo e a carga no final das pescarias. Desconhece-se quando o engenho dos homens inventou este recurso. É simplesmente uma tradição que se propagou. Artur de Jesus, historiador da Câmara Municipal de Vila do Bispo, chamou-lhe «património etnográfico» no artigo «A importância da Interpretação da Paisagem», publicado na revista Centros Históricos (2002). Se é verdade que este é um legado de inestimável valor, também é inegável que Vila do Bispo tem sabido preservar e converter esta herança numa mais-valia para o município. São cada vez mais os turistas que vindos de grandes centros urbanos procuram nestas paragens a harmonia entre antigos modos de vida e novas formas de lazer. Para começar, esta região possui um clima muito atractivo. Os Verões são suaves e arejados, enquanto os Invernos são ensolarados e, geralmente, pouco chuvosos. As oscilações de temperatura ao longo do ano são ligeiras, o que dá uma média anual de 17 graus centígrados. Ao bom clima junta-se o facto de esta ser uma zona de densidade populacional reduzida para uma área total que ronda os 179 Km2. Segundo dados da Associação Nacional de Municípios Portugueses, em 1998, residiam no total das cinco freguesias do concelho – Budens, Sagres, Vila do Bispo, Raposeira e Barão de São Miguel – cerca de seis mil pessoas. Tendo em conta que mais de 60 por cento do concelho se insere na área do Parque Natural do Sudoeste Alentejano e Costa Vicentina (PNSACV) não restam dúvidas de que esta é uma terra privilegiada para a prática de ecoturismo. Veja-se o caso do promontório de Sagres. Além de estar integrado no PNSACV, foi identificado como Important Bird Area e declarado pelo Estado português Zona de Protecção Especial ao abrigo da directiva comunitária 79/409/CEE. Mesmo os menos sensíveis às peculiaridades da ornitologia podem constatar que este é um lugar único para contemplar o voo das aves migradoras por alturas do Outono. Ao fazerem a sua primeira deslocação do Norte da Europa para África, os espécimes juvenis orientam-se pela costa Oeste atlântica e param uns dias nas falésias da vila de Sagres, em vez de se dirigirem directamente para o Estreito de Gibraltar. Este detalhe da natu-

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Ondas “penteadas” pelo vento Sueste. Praia da Ponta Ruiva. Nas imediações desta praia foram encontrados vestígios arqueológicos que poderão remontar ao Paleolítico Inferior, ou seja, ao período mais recuado da história do Homem. Waves “combed” by the southwest wind. Ponta Ruiva Beach. Archaeological remains were found near this beach and which may date back to the Lower Palaeolithic, in other words, to the most remote times in the history of Man.

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Bruma matinal nas escarpas da costa Oeste. Morning mist on the cliffs along the west coast.

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Pontal da Carrapateira, Ponta da Atalaia e Cabo Sardão, vistos da Torre de Aspa.

Anoitecer na Praia da Ingrina costa Sul do concelho de Vila do Bispo.

Pontal da Carrapateira, Ponta da Atalaia and Cabo Sardão seen from Torre de Aspa.

Nightfall at Ingrina Beach – south coast of the council of Vila do Bispo.


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