O jogo l煤dico como patrim贸nio
“Eu aprecio ainda estes jogos e ainda pratico com os meus netos.” Adelmana Costa
“Era muito bom que não se perdesse esta tradição.” António Fitas
“Era uma das poucas formas de passar o tempo principalmente quem vivia no campo ou nas aldeias .” José Charrua
Agradecimentos Queremos agradecer à equipa de trabalho que colaborou com a associação na elaboração deste projeto, aos jovens participantes portugueses e estrangeiros, e aos seniores que prestaram os seus testemunhos sobre os jogos tradicionais, dando desta forma um precioso contributo para a partilha com os mais novos e na preservação da memória colectiva sobre este tema. Outro agradecimento destina-se às associações e entidades parceiras que receberam, auxiliaram e divulgaram o nosso projeto.
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Jogos Tradicionais e Populares Este é um projecto de educação não-formal com o tema “jogos tradicionais e populares” posto em prática pela 100% Aventura – Associação de Desporto e Europeia através da acção 1.2 Iniciativas Jovens do Programa Juventude em Acção. O público-alvo são os jovens até aos 30 anos, sendo nosso propósito incitar na juventude o gosto pela cultura e tradições, tal como os valores de cidadania democrática e inclusão de jovens com menos oportunidades. Os principais objectivos prendem-se com criar uma base de conhecimento para divulgar a cultura e tradições entre os jovens; proporcionar um ambiente de partilha e aprendizagem; promover as relações intergeracionais; e incentivar a participação dos jovens As metodologias a aplicar são de educação não-formal e informal, no sentido de promover o desenvolvimento de conhecimento e competências nos jovens, desenvolvendo um veículo de transmissão de saber dos mais velhos para os mais novos.
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Índice
INTRODUÇÃO
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JOGOS PORTUGUESES
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JOGOS AFRICANOS
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JOGOS INTERNACIONAIS
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TESTEMUNHOS
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BIBLIOGRAFIA
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Introdução As grandes alterações na vida das pessoas nos nossos dias, sobretudo relacionada com os grandes avanços tecnológicos, os jovens estão cada vez mais distanciados das tradições, e as actividades de convívio e partilha começam paulatinamente a desaparecer. Os jogos tradicionais inserem-se nesta tendência, uma vez que já não têm o impacto nas brincadeiras e na vida diária dos jovens da nossa sociedade.
Os jogos tradicionais podem ser entendidos como as actividades lúdicas, recreativo-culturais praticadas por crianças, jovens e adultos, transmitidas ao longo de gerações fundamentalmente pela oralidade, observação e imitação (Bragada, 2001 in Bragada 2004: 8). O presente livro, inclui uma abordagem a um conjunto de jogos tradicionais portugueses, dos africanos e internacionais, e também um leque de testemunhos de seniores, que marcam o registo de quem quis partilhar a sua experiência e dar o seu contributo na temática tratada.
Nesta lógica, os jogos tradicionais são um elemento essencial da cultura de um povo, sendo de extrema importância o seu papel enquanto veículo de convívio entre os jovens, aprendizagem das tradições, e muitas vezes a criação de elos de ligação entre antigas e novas gerações. O projecto “Jogos Tradicionais e Populares (JTP) – o jogo lúdico como património”, surge pela intenção da 100% Aventura de pôr em prática um conjunto de iniciativas nesta área, para levar aos mais jovens a herança cultural das gerações dos seus avós, e desta forma contribuir para a promoção e aprendizagem dos jovens através dos jogos tradicionais.
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Jogos Portugueses
Jogo do Pião Em alguns casos desenha-se um círculo que demarca a área do jogo sobre a qual sai lançado os piões. E de onde se tentar expulsar o pião do adversário. Em outras circunstâncias, joga-se sem qualquer demarcação. Ai, procura-se apenas atingir, partir e afastar o pião do oponente.
Já se joga ao pião há milhares de anos, se bem que dantes havia a tendência para o confundir com a pitorra. Desde o século XIV que o pião se “separou” nome que as crianças de todo o mundo o conhecem. Um pião de madeira e um baraço constituem o material utilizado no jogo. Pode ser efectuado por um jogador isolado, ou por dois ou mais, que se de-
É um jogo infantil realizado em todo o país em particular no momento do ano em que as chuvas terminaram e o solo conserva-se macio e seco, propicio ao rodopiar do pião. Em algumas regiões do centro do país, como oliveira do Hospital e Arganil, é jogado também por adultos que repete, num círculo mais alargado, as mesmas técnicas e jogadas com maior força e, até, alguma violência.
o pião do adversário. No início do jogo envolve-se o pião, do cuja ponta superior se mantém solta, de modo a envolver o polegar e o dedo médio, e se conserva fechada na palma da mão semifechada.
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Jogo do Berlinde O jogo do Berlinde é de origem muito remota, sendo certo que já na Grécia Antiga se praticava. Os gregos denominavam este jogo de “tropa” e jogavam-no com bolotas, castanhas e azeitonas. Em primeiro lugar, os jogadores repartiam os berlindes entre si, de seguida faziam uma pequena cova no chão e traçavam um ponto de partida. Posteriormente lançavam os seus berlindes na direcção da cova, sendo declarado vencedor aquele que conseguisse introduzir o maior número de berlindes no interior da mesma.
participantes dão início ao jogo. Cada um lança o seu berlinde na direcção do primeiro buraco, cumprindo uma ordem previamente estabelecida. Aqueles que
Em Portugal, o jogo do berlinde foi praticado de várias formas ao longo dos tempos. Num campo de terra, de
Vence o jogador que primeiro coloque o berlinde na terceira covinha.
conseguirem acertar no buraco passam ao buraco seguinte, aqueles que não o seguir. O primeiro lançamento e feito na posição vertical, a partir dai todos os outros são efectuado ao nível do solo, colocando o polegar no chão e fazendo deslizado o indicador, sobre o mesmo, até atingir o berlinde.
Os berlindes utilizados em Portugal são esferas de vidrou ou de metal, antigamente tínhamos os pirolitos e os de pedra. Habitualmente quem vence os jogos tem direito a pequenos prémios, tais como os berlindes dos adversários, selos ou calendários.
covinhas em linha recta. Depois riscase no chão uma linha na horizontal, que servirá de zona de arremesso. O objectivo de cada jogador é colocar o seu berlinde nas três covas, o mais depressa possível. O ponto de partida é a linha de arremesso, local onde todos os
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Jogo do telefone de cordel Na sua forma mais simples, é constituí-
Antes da invenção do telefone electromagnético, existiam apara-lhos acústicos de transmissão de palavras e música com uma distancia que superasse a de uma conversa convencional. Telefones que faziam transmissão de som através de tubos ou outro suporte físico, criados por cientistas britânicos no século XVII, sendo estes os percursores para o telefone de cordel que todos conhecemos.
de graxa. Era feito também, com dois entrenós de cana, abertos só de um lado, ou com, com caixas de fósforo, e podia levar pele ou papel de seda (mortalha de cigarro), para provocar vibrações.
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Jogo das Andas Os participantes têm então que percorrer uma determinada distancia movendo alternadamente cada um dos pés. Se por algum motivo a equipa se desequilibrar e um/a dos/as participantes colocaram a mão no chão esta será obrigada a iniciar o jogo.
Este jogo pode ser praticado individualmente ou por equipas constituídas por três participantes, onde vencerá o jogo a que tiver melhor tempo após monitor/a. Pode igualmente ser praticada através de uma corrida entre várias equipas, vencendo a equipa que chegar primeiro à meta sem penalizações. O jogo começa com as andas colocadas atrás da linha de partida, onde os participantes colocam os pés em cima de cada umas das tábuas ou “esquis”
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Jogo da cabra cega que importa é que quando estiver a ser usada não permita qualquer visibilidade
A origem deste jogo, perde-se no tempo. Sabe-se no entanto que já na Época Clássica, mais propriamente na Grécia, se praticava um jogo muito similar à “nossa cabra cega, que se chamava Muyndu. Nesse jogo, uma criança de olhos vendados tentava apanhar um dos companheiros e adadivinhar quem era. Este jogo também era conhecido na antiguidade por, mosca de bronze, dai se depreenda facilmente a origem doa atual nome dado a este jogo em Itália, mosca cega.
Colocam-se os participantes em roda. Um/a participante vai para o centro da roda com os olhos vendados, chamado “Cabra Cega”. Os outros participantes tocam-lhe de forma a que o/a participante “Cabra Cega” se vire para eles e tentam não ser agarrados. Logo que alguma/a seja agarrado/a, o/a participante “Cabra Cega” terá de o/a -
Para se jogar à Cabra Cega é imediatamente necessário uma venda, seja ela um lenço grande e escuro, um pano de camisa ou qualquer outro trapo velho, o
a “Cabra Cega”.
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Jogo da Ferradura Quem chegar aos trinta pontos vence o jogo. Existe também a possibilidade de jogar com dois paulitos, predispostos frente a frente, quando o número de jogadores é elevado.
A origem do jogo da Ferradura é incerta, sabendo-se que já foi praticado no Alentejo por muitas gerações tal como comprovam algumas fontes orais. Para jogar à Ferradura, são necessários um ou dois paulitos com cerca de vinte centímetros de altura e cinco ferraduras para cada jogador. Podem jogar entre dois e outo elementos, individualmente ou por equipas. Delimita-se uma zona de lançamento e a cerca de dez metros da mesma coloca-se um paulito na vertical. O objectivo de cada jogador +e encaixar o maior número possível de ferraduras no paulito, durante cinco lançamentos, a que tem direito a cada jogada. Sempre que consiga encaixar uma ferradura no paulito, o jogador em questão ganha cinco pontos, no caso de ninguém conseguir acertar nenhuma mo do objectivo, conquista três pontos.
As ferraduras, outrora tão abundantes, eram retiradas de valos, mulas e burros, na altura em que estes padeciam ou quando eram substituídas. Actualmente, são cada vez menos os ferreiros que trabalham nesta área, os burros estão em vias de extinção e os cavalos apenas sobrevivem graças à boa vontade de alguns criadores e amantes de modalidade equestres. Existe também desta forma, a real possibilidade do jogo da Ferradura desaparecer de vez dos espaços rurais, cabendo a todos nós contribuir para que tal não venha a acontecer.
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Jogo do lenço apanhar o lenço corre para o seu risco, perseguido pelo adversário que lhe tenta tocar. Se o jogador conseguir chegar ao seu risco sem ser tocado, ganha dois pontos, se for tocado, perde um ponto para a equipa adversaria.
O Jogo do Lenço pode ser jogado por indivíduos de ambos os sexos. Formam-se duas equipas de quatro ou cinco elementos, separadas num campo, por uma distância nunca inferior a dez metros. No centro desse campo risca-se uma linha, colocando-se sobre ela, uma criança apelidada de “mãe”, que na sua mão direita ergue um lenço. Ambas as equipas traçam um risco no local onde se encontram, que servirá de zona de partida e de chegada. Atribuise ainda um número a cada elemento da equipa, que deverá ser mantido em segredo até ao início do jogo. A “mãe” chama um número de cada vez, devendo os portadores desse número começar a correr na direcção do lenço, para ver quem o apanha primeiro. O jogador que
O jogo apenas terá o seu término quando a “mãe” desejar ou numa pontuação limite, previamente acordada. A das equipas, dizendo por exemplo, a palavra “fogo”, que obriga os elementos de ambas as equipas a correrem ao mesmo tempo para o lenço. Pode ainda ordenar tarefas acrescidas aos jogadores, tais como “ número 2 ao pé cochinho” ou “número 4 em passo de caranguejo.
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Jogo da Macaca Enquanto o jogador não perder continua consecutivamente para as seguintes casas. Se durante uma jogada o jogador cometer alguma falta perde o direito de jogar passando a vez ao jogador seguinte.
O jogo da Macaca é praticado em todo o mundo, sob diferentes traços e denominações e com regras bastante idênticas, sendo a sua origem desconhecida e imemorável. Forma de Jogar: Desenhar no chão o campo de jogo. O primeiro jogador lança a malha para a primeira casa, de seguida salta para a segunda casa sem pisar a primeira ao pé coxinho até à terceira casa, de seguida nas casas 4 e 5 coloca um pé em cada casa, na casa 6 volta a jogar ao pé coxinho e nas casas 7 e 8 repete o que fez nas casas 4 e 5. A seguir retoma o trajeto em sentido contrário da mesma maneira. Ao chegar à segunda casa mantem-se de pé e apanha a malha que está na primeira casa passando pela primeira casa ao pé coxinho.
É falta e não conta como jogada quando o jogador não acertar com a malha dentro da casa pretendida; lança a malha e esta cair sobre o risco; perde o equilíbrio e põe o pé coxinho ou a mão no chão; põe o pé dentro da casa onde está a malha e se pisar algum risco.
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Jogo do Mata de seguida o elemento da equipa que apanhar a bola pode tentar matar um dos adversário. Se acertar com a bola no adversário este é considerado “morto” e passa a piolho levando a bola e efetuando 3 passos seguidos. Se não acertar
O Jogo do Mata ainda hoje é praticado em escolas e atividades físicas que contribuem para a melhoria das capacidades físicas e motoras. Forma de jogar: O terreno do jogo é composto por um retângulo dividido em duas partes iguais. Os jogadores dividem-se em duas equipas de 5 elementos no mínimo. Cada equipa é colocada no seu espaço do jogo, sendo que um elemento de cada equipa “o piolho” coloca-se na zona atrás da equipa adversária. A equipa que começa o jogo efetua pelo menos 3 passos, com a mão, com o seu piolho sem deixar cair a bola,
quem a apanhar reiniciando o jogo com um passe para os colegas de equipa. Só se pode “matar” quando a bola for agarrada antes de tocar em algum obstáculo, sempre que a bola sai dos limites do recinto pertence ao participante mais próximo e aquele que “matar” o adversário na cabeça “morre”.
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Jogo da Malha é derrubar com as malhas de ferro os mecos que serão colocados no terreno do jogo à distância máxima de 12 metros e mínima de 7 metros. Para jogar o jogador de cada equipa deverá permanecer atrás de cada um dos mecos, devendo lançar alternadamente as quatro malhas, duas por equipa.
O jogo da malha é um dos jogos mais conhecidos e jogados tendo profundas raízes populares. É um jogo que é praticado por quase todas as faixas etárias. Quando existe uma iniciativa de jogos tradicionais este jogo está sempre presente. Este jogo é praticado de inúmeras formas de norte a sul do país e nos arquipélagos. Alguns dos nomes que também são atribuídos a este jogo
Lançadas as malhas proceder-se-á à contagem de pontos, 3 pontos por cada meco derrubado; 1 ou 2 pontos para a equipa que colocar 1 ou 2 malhas prospectivamente mais próximas do meco.
variações a nível de pontos. A título de curiosidade durante o Século XX ocorreram várias Jornadas e Encontros de Malha por todo o país, nos quais participavam dezenas de pessoas.
A meio do jogo quando uma das equipas tiver 15 pontos, os jogadores trocam de uma das equipas conseguir 30 pontos.
Forma de jogar: O jogo é jogado por duas equipas constituídas por dois participantes cada. O objetivo do jogo
Atenção este é um jogo perigoso e deve ser jogado numa faixa de terreno plana e onde a assistência terá que estar afastada.
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Jogo de corrida de sacos A corrida de sacos é bastante tradicional e muito praticada em todo o país.
sarapilheira) e contornar a marca de distância e voltar para a linha de partida. Quando um participante passar a linha de partida, o outro
Forma de jogar: Num espaço aberto livre de obstáculos colocam-se os participantes atrás de uma linha de partida. Cada participante deverá percorrer a distância prevista (com os membros inferiores dentro do saco de
elemento da equipa começa o percurso. O jogo termina quando todos os elementos de uma equipa completarem o objetivo proposto. O material necessário para este jogo é um saco de sarapilheira para cada jogador.
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Jogo da Mamã dá Licença posso dar?” sendo que esta última pergunta é de múltipla resposta e depende unicamente da disposição da mamã. A mamã indicada o número de passos de
Formas de jogar: O jogo da mamã dá licença é jogado principalmente por crianças. Uma criança assume o papel de mamã e coloca-se a cerca de 10 metros dos restantes elementos. O objetivo dos restantes elementos é chegar perto da mamã em primeiro lugar. Para cumprir este objetivo cada um elemento vai perguntando alternadamente “ Mamã dá licença?” A mãe responde “ Dou” e torna a perguntar “ Quantos passos
como estes são dados. Estes passos podem ser de gigante, de bebé, de tesoura, entre outros. Vence o jogador que chegar primeiro perto da mamã.
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Jogo da sardinha as mãos viradas para baixo, em contacto. Começa o jogador que tem as mãos em baixo, este tem que tocar nas costas das mão do adversário. Se conseguir cumprir o objetivo o jogo continua na mesma posição, se falhar troca com o adversário.
O Jogo da Sardinha é disputado a dois e pode considerar-se um típico jogo de serão. Forma de jogar: Os dois jogadores posicionam-se frente a frente, um com as mãos viradas para cima e o outros com
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Jogo das Cadeiras cadeiras, e quando a música para cada um dos participantes deve correr para um cadeira para se sentar. O partici-
Forma de jogar: Colocam-se as cadeiras virada para os participantes que devem ser em número superior do que o número das cadeiras (ex.: 10 jogadores, 9 cadeiras).
longo do jogo vão-se realizando várias eliminatórias retirando sempre uma cama eliminatória.
Enquanto a música estiver a tocar os participantes devem correr à volta das
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Jogo da Caixota só o monitor sabe o que cada uma de-
Material necessário: Uma caixa, 5 patelas metálicas e 3 rolhas.
monitor coloca em cada um desses 3 orifícios 3 rolhas, escrevendo numa delas um “D” (dobra a pontuação das cinco patelas), noutro um “p” (perde a pontuação das patelas) e na última um “P” (perde a pontuação obtida nessa e nas jogadas anteriores). Após a conclusão de cada jogada o monitor pode mudar a localização de cada rolha. O jogo pode ser constituído por várias jogadas até que uma equipa obtenha um total de 100pontos.
Forma de jogar: Cada participante lança sucessivamente as cinco paletas para a caixa. A caixa é constituída por 9 orifícios para onde devem ser lançadas as patelas com o objetivo de conquistar os pontos que vale cada orifício. Os pontos só se contam depois de levantada a tampa da caixa, uma vez que existem outros 3 orifícios que não têm pontuação mas podem fazer a diferença, tendo em conta que são surpresa, porque
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Jogos Africanos
Jogo Ouri CABO VERDE O jogador não pode mexer em casas que só contenham uma semente, enquanto tiver casas com mais.
O Ouri é jogado com dois jogadores que têm como objectivo recolher o maior número de sementes do seu adversário. A nível de pontuação cada semente vale o mesmo, o jogador que obtiver em primeiro lugar 25 (ou mais) sementes vence.
A captura é a última fase do movimento de jogo, que é efectuada quando o jogador deposita a última semente numa casa do adversário e esta contenha uma ou duas sementes. Ou seja o jogador retira todas as sementes da casa e coloca-as no seu deposito. Sempre que as casas anteriores à última contiverem uma ou duas sementes e pertençam ao adversário o jogador pode capturar as sementes, até que encontre uma casa que não reúna estas condições. Se ao depositarmos a última semente numa casa do adversário e esta contenha 4 ou mais sementes não pode ser capturada. E assim o jogo passa para o adversário. Este jogo pratica-se em Cabo Verde e pertence a uma categoria denominada Jogos de Mancala.
O tabuleiro de jogo é composto por duas casas e dois buracos maiores nas extremidades designados por depósitos. Os depósitos têm como função guardar as sementes capturadas ao adversário durante a partida. Cada jogador escolhe o seu lado do tabuleiro, para decidir quem começa a partida esconde uma semente numa das mão e o adversário tem de adivinhar correctamente que mão está. Os jogadores sentam-se frente a frente e o seu deposito correspondente é o que No início do jogo são colocadas 4 sementes em cada uma das 12 casas, o jogador que começa o jogo colhe todas as sementes de um dos seus buracos e distribui uma a uma nos buracos seguintes no sentido contrario aos ponteiros do relógio. Esta é uma regra que se mantem em todas as jogas. Se a casa contiver mais de 12 sementes o jogador dá uma volta completa ao tabuleiro e saltando a casa de onde partiu.
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Jogo Mbube Mbube
ÁFRICA DO SUL
O nome do jogo Mbube-Mbube deriva
Quando o “impala” se aproxima do leão,
Este jogo é jogado com um mínimo de 6 jogadores. No início do jogo os jogadores formam um círculo em pé, dois dos jogadores são vendados em que um é o “leão” e o outro “impala”. Os jogadores vendados são colocados no centro do círculo e são girados. No decorrer do jogo os jogadores que não estão vendados gritam para o “leão”, “mbube- mbube!”
O objectivo do jogo passa por o “leão” ser ajudado pelos outros jogadores a localizar e capturar o “impala” num minuto, de seguida é escolhido um novo “leão” e se conseguir apanha-lo é escolhido um novo “impala”, e assim sucessivamente.
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Jogo Ampe GANA colocarem pés diferentes, o líder passa para o próximo jogador e faz o mesmo
O jogo Ampe é jogado em grupo. O jogo começa quando é escolhido um “líder”, os outros jogadores formam um semicírculo no mesmo momento em que o “líder” encara o jogo da outra ponta. De seguida, o líder e o jogador da outra ponta batem palmas, e ambos pulam no lugar ao mesmo tempo e depois levam um pé para a frente. Se ambos levarem o mesmo pé à frente, o líder está fora e o jogador toma seu lugar. Se
Os líderes ganham um ponto por cada vez que derrotam um jogador, e cada jogador tem a sua vez como líder. O jogador com mais pontos ganha.
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Jogo Kudoca ZIMBÁBUE No jogo kudoda os jogadores sentamse em círculo e no centro colocam uma vasilha com 20 pedrinhas. Cada jogador poder jogar na sua vez. O primeiro jogador joga uma pedrinha ao ar, a seguir tenta apanhar o máximo de pedrinhas da vasilha até apanhar a sua sem que
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esta caia no chão. Sucessivamente cada jogador repete o mesmo procedimento cada jogador conta as suas pedrinhas e o jogador com o maior número de pedrinhas ganha.
Jogo Morabaraba
LESOTO
cadas, uma de cada vez, num ponto de intersecção com o objectivo de formar
O jogo “Morabaraba” é um jogo de estratégia tradicional Africano muito disputado na África do Sul e Lesoto. Actualmente este jogo é muito popular entre os jovens das zonas rurais do sul de África. Este jogo tem aspectos es-
chas em qualquer espaço do tabuleiro para impedir o outro jogador de formar linhas. Quando um jogador forma as -
Este jogo é jogado por dois jogadores e pode ser praticado num tabuleiro ou num desenho feito no chão.
adversário. lizadas, o jogo continua. O jogo termina quando um jogador consegue remover
bolinhas, designadas de “Izinkomo”. O jogo pode ser rápido como pode ser bastante demorado, dependendo da -
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Jogos
Internacionais
Jogo Longue Paume
FRANÇA
O jogo “Longue Paume” é uma versão de exterior que tem por base o jogo Jeu de Paume, este é a primeira e mais antiga versão do jogo de ténis praticado actualmente. Era um jogo bastante popular à centenas de anos atrás, em particular na França. Actualmente em frança este jogo ainda é muito praticado na região de Picardy.
substituídas por raquetes, que se tornaram o padrão de jogo. Este jogo tradicional francês originou o actual jogo conhecido como “ténis”. Este jogo é praticado num campo aberto dividido em duas partes, sendo campo, e a intenção é marcar pontos no campo do seu adversário.
A primeira versão do jogo os jogadores batiam a bola com as mãos, o que originou o nome jeu de paume que quer dizer literalmente “jogo de palma”. Posteriormente com o tempo começou-
Desde 1740, jeu de paume tem sido objecto de um campeonato mundial amador, realizado todos os anos em Setembro.
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Jogo British Bulldogs INGLATERRA O jogo British Bulldogs pode ser jogador por inúmeros jogadores, habitualmente dois desses são considerados os “bull-
sem serem apanhados pelos “bulldogs”. No decorrer desta acção quando um jogador é apanhado torna-se bulldog, e
da área de jogo. Os restantes jogadores colocam-se numa extremidade da área de jogo designada casa. Os jogadores
um jogador. O último jogador a ser apanhado ganha o jogo. A área de jogo é composta pela área principal do jogo, com duas zonas de “casa”, uma em cada extremidade.
“casa”, têm como objectivo conseguir chegar ao outro lado da área de jogo
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Jogo Conkers IRLANDA Para se desenvolver o jogo faz-se um orifício nas bolotas de modo a que estas entrem na corda. A corda ou cordel tem cerca de 25cm de comprimento, tendo numa das extremidades um nó de modo
O jogo Conkers é bastante apreciado na Irlanda e é jogado com bolotas ou castanhas. É apenas jogado por dois jogadores em que cada um tem em sua posse uma bolota enroscada numa corda, no decorrer do jogo vão trocando de cordas e colocando mais bolotas, até que uma das cordas parte. Este é um jogo que tem as suas origens no início de 1800, apesar de ter sido alvo de algumas alterações, o principio base continua a ser o mesmo.
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Jogo Dandy Shandy JAMAICA Pode haver vários “trapaceiros” a correr entre os “atiradores”, o objectivo dos “atiradores” é eliminarem o máximo de “trapaceiros” possíveis. Se um dos “trapaceiros” conseguir fugir 10 vezes seguidas da bola ganha o jogo. Habitualmente este é um jogo jogado em equipas, quando assim é a equipa que somar mais ponto ganha.
O jogo “dandy shandy” é praticado principalmente por crianças. Este jogo tem de ter no mínimo 3 jogadores, dos distância um do outro. Estes são considerados os “atiradores” e jogam em equipa contra o terceiro jogador que é considerado o “trapaceiro”. O “trapaceiro” corre de trás para a frente entre os “atiradores” que tentam com uma bola acertar no “trapaceiro”. Sempre que o “trapaceiro” conseguir fugir da bola que é atirada ganha um ponto. Os “atiradores” podem trocar a bola entre si de modo estratégico.
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Jogo Bekel HOLANDA tram. Se um jogador conseguir retirar tudo o que se encontra no “poço” de seguida tem de tentar reposicionar o “bekel biji”, nunca esquecendo que estas tarefas têm de ser concluídas antes a bola chegar ao chão, se conseguir começa um novo, se não conseguir passa a vez ao jogador a seguir.
O jogo “bekel” tem a sua origem na Indonésia onde é habitualmente jogavez mais ocidental e praticado noutros países, mais particularmente na Holanda. O jogo consiste em formar uma pequena ponte (bekel) em que no lado superior (bekel biji) se coloca um ponto vermelho que é designado de poço e no lado inferior um outro ponto designado (roh). Um dos lados da “bekel biji” é liso sendo que o outro contém pequenos pontos. Quando se inicia o jogo uma bola é atirada ao ar e o jogador tenta apanhar um “biji bekel” que está contido no “poço” antes da bola voltar e sem perturbar os restantes “biji bekel” que lá se encon-
Após um jogador conseguir superar o “bekel Biji” ao lado do “roh” que está voltado para cima. Estes processos repetem-se de jogador para jogador ate que um consiga mais pontos do que os outros.
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Testemunhos
“São jogos antigos que ainda hoje se jogam e continuam a ser apreciados por muitas pessoas. Era a maior alegria que eu tinha quando podia brincar no pouco tempo que tinha disponível. Pois comecei a trabalhar muito cedo.” Emília Balsa
“Entendo que serão jogos do país e regiões. São gostava muito de jogar ao lencinho, jogos inocentes que hoje não se vêm muito infelizmente o que é uma pena.” Maria Rosa Dias
“Jogos que passaram de geração em geração. Se possível nós pais e avós tal como professores ensinarmos-lhe aquilo que aprendemos, para que não caía no esquecimento.” Vitória Ramos
“São jogos que praticava na Escola e com as minhas amigas nos tempos livres. Acho que eram jogos que permitiam muita partilha e familiaridade entre todas, porque era jogos em grupo.” Cacilda Alves Trindade
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“São aqueles que vão sendo transmitidos de geração para geração e se caracterizam por serem simples, com materiais baratos, praticados por todas as classes sociais e predominantemente na escola ou na rua. Havia os especialmente praticados por um sexo e outros pelos dois. Eram jogos saudáveis, cimentavam o companheirismo e as amizades mas igualmente o espírito de competição. Por serem baratos eram universalistas e bem vistos pelos pais.” António Aires
“Jogos que passam de geração em geração e por conseguinte se tornam tradição de um povo ou de uma zona. Um mau testemunho e que me valeu alguns puxões de orelhas. No jogo do botão o entusiasmo era tal que ia ao ponto de tirar botões da roupa que vestia para “pagar” os que perdia!” Custódio Duarte
“Os jogos que se jogavam na infância. Era só o que se podia jogar, na altura não existia outros divertimentos. Gostava muito de jogar, passávamos dias inteiros a jogar ao elástico e à corda.” Miquelina Rodrigues
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Bragada, José A. (2004), Jogos Tradicionais e o desenvolvimento das capacidades motoras na escola. Lisboa: Instituto do Desporto de Portugal. Oliveira, António (2006), Jogos Populares e Tradicionais Portugueses. São Pedro da Cova: Associação Recreativa, Cultural e Social de Silveiras. Calado, José (2006), Jogos Tradicionais Portugueses e Internacionais. Évora: Núcleo Andebol de Redondo Santos, Leonor (2001), Jogos e Brinquedos Tradicionais. Lisboa; Instituto de Apoio à Criança. http://en.wikipedia.org/wiki/List_of_traditional_children%27s_games http://www.ehow.com.br/jogos-tipicos-criancas-africanas-lista_4145/
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