TFG Arquitetura como vetor de requalificação urbana - Centro artístico cultural Taboão da Serra

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GABRIEL VITOR BERLOFFA

ARQUITETURA COMO VETOR DE REQUALIFICAÇÃO URBANA COMPLEXO ARTÍSTICO CULTURAL – TABOÃO DA SERRA

ORIENTADORES: ATV 1: ANA PAULA PONTES ATV 2: LUCIANO MARGOTTO ATV 4: ALEXANDRE MARTINS

TRABALHO FINAL DE GRADUAÇÃO APRESENTADO COMO PARTE DAS ATIVIDADES PARA OBTENÇÃO DO TÍTULO DE BACHAREL, DO CURSO DE ARQUITETURA E URBANISMO DA UNIVERSIDADE PRESBITERIANA MACKENZIE.

SÃO PAULO 2021

ARQUITETURA COMO VETOR DE REQUALIFICAÇÃO URBANA

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GABRIEL VITOR BERLOFFA

ARQUITETURA COMO VETOR DE REQUALIFICAÇÃO URBANA COMPLEXO ARTÍSTICO CULTURAL – TABOÃO DA SERRA

BANCA EXAMINADORA

Prof. Me. Arq. Ana Paula Pontes (Universidade Presbiteriana Mackenzie -Orientadora)

Prof. Arq. Daniela Getlingler (Universidade Presbiteriana Mackenzie)

Arq. Vito Macchionne

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“O espaço é o sopro da arte” Frank Lloyd Wright

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RESUMO

O trabalho final de graduação visa mostrar a importância de um centro de cultura e artes e os impactos que esta arquitetura pode causar em seu entorno e na qualidade de vida da periferia como um todo. O trabalho foi organizado em cinco partes, a primeira introduzindo conceitos e objetivos, a segunda busca entender a arquitetura em meio a cidade, requalificações, os impactos e razões da inserção de um centro de cultura e artes na periferia, a terceira contém estudos de caso que ajudam a compreender certas dinâmicas de projetos em escala urbana, a quarta parte explora as características do local de implantação do edifício e a última traz o projeto em si atrelado as justificativas e estratégias adotadas.

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ABSTRACT

The final graduation work aims to show the importance of a center of culture and arts and the impacts that this architecture can cause in its surroundings and in the quality of life of the periphery as a whole. The work was organized in five parts, the first introducing concepts and objectives, the second seeking to understand architecture, the city, requalifications, the impacts and reasons for the insertion of a center of culture and arts in the periphery, the third contains case studies that help to understand certain dynamics of projects on an urban scale, the fourth part explores the characteristics of the place where the building is located and the last part brings the project itself linked to the justifications and strategies adopted.

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Sumário:

I

1. Conceituação e Justificativa..............7 1.1. Introdução.............................................8 1.2. Objetivos...............................................12

IV

II

III

2. Arquitetura, Cidade e requalificação.......................................14 2.1. Por que um centro de cultura e artes?..........................................15 2.2. Impactos de um Centro de Cultura na comunidade..........................18 2.3. Requalificação urbana - conceitos e aplicações................................................20

3. Estudos de caso..................................23 3.1. Arquitetura como extensão da cidade – Centro cultural Córdoba......24 3.2. Reflexões sobre o projeto Córrego do Antonico.................................26

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4. Área de projeto..................................29 4.1. Características e histórico do Lugar – Vila Sônia...............................30 4.2. Características e histórico do Lugar – Taboão da Serra....................31 4.3. O Piscinão Cedrolândia e o Córrego Pirajussara................................34 4.4. Drenagem urbana e impermeabilização..................................37 4.5. Implantação de um edifício público no centro de Taboão da Serra................ 39

V

5. Objetivos de projeto..................42 5.1. Justificativas e estratégias......43 5.2. O Projeto.......................................53 Conclusão........................................98 Bibliografia.....................................99

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PARTE I Conceituação e Justificativa

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1. Conceituação e Justificativa

1.1. Introdução O presente trabalho visa compreender, analisar, estudar a região de Taboão da Serra divisa com a Vila Sônia com o objetivo de requalificar a região através da inserção de um equipamento cultural, afim de integrar as duas regiões, trazendo melhorias de infraestrutura através da arquitetura e suas conexões com a cidade, tais como: requalificação de praças, melhoria de fluxos, inserção de equipamentos públicos, conexões com meios de transporte, revitalização do córrego; Buscando na arte e cultura artifícios para tal. Se trata de buscar entender a potencialidade da arquitetura e como a inserção de um edifício público causa impactos na dinâmica da cidade e comunidade.

Parque Chácara do Jockey

Área de intervenção

Piscinão Cedrolândia

Projeto linha 4 amarela Do metrô

Imagem 1: Panorama geral do local de intervenção Fonte: street view

O projeto visa ainda, proporcionar soluções urbanas para paisagem e melhor escoamento de águas pluviais, tendo em vista os alagamentos serem um problema recorrente na região. O primeiro contato do cidadão ao adentrar a cidade atualmente é o piscinão, que rompe com a paisagem e dificulta o acesso para dentro do município, já que praticamente em frente a esse piscinão há um ponto de ônibus, sendo o principal meio de locomoção para a capital paulista e regiões. O tema surge como consequência da análise do sítio urbano onde o terreno está inserido, na região central de Taboão da Serra divisa com o distrito da Vila Sônia na zona oeste da cidade de São Paulo. A proposta é implantar um edifício com equipamentos culturais, artísticos, educacionais e de lazer para atender a população de Taboão da Serra, que para terem acesso a tais infraestruturas precisam se locomover até a capital paulista, ou ao parque Chácara do Jockey, e mesmo assim, este não conta com um programa voltado para educação. ARQUITETURA COMO VETOR DE REQUALIFICAÇÃO URBANA

Imagem 2: Terreno de projeto Fonte: street view

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Nota-se que essa região, com o passar dos anos vem se modernizando, mas com um atraso gigantesco perante a capital, já que não possui projetos que se abrem para cidade, compondo a mesma, ou seja, um projeto urbanístico junto com arquitetura que vá além de um simples programa de utilidade pública, mas sim que contribua com o entorno, melhorando fluxos, infraestrutura de calçada, escoamento de água, proporcionando refúgios urbanos, entretenimento e cultura no local é quase inexistente. Isso tudo contribui para que o município de Taboão da Serra se torne cada vez mais uma cidade dormitório, sem fluidez urbana, ocasionando insegurança pública e desconforto ao cidadão.

Após as primeiras investigações urbanas, notou-se que o problema desta área vai além da ausência de um edifício que se abra para cidade e que gere um incentivo da cultura local, já que logo na divisa (Taboão da Serra – Vila Sônia) existe o piscinão Cedrolândia, que pela sua dinâmica espacial, a grosso modo um “buraco” concretado no solo, acaba funcionando como uma barreira urbana que afasta mais o município de Taboão da Serra da capital paulista, dando uma sensação maior de segregação (capital e periferia). Por esse motivo não faria sentido somente a implantação de um centro cultural sem uma reestruturação urbana, já que o ponto de ônibus (de frente ao piscinão) seria o principal meio de acesso de quem viesse do centro da cidade para o Complexo cultural.

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Imagem 3: Uso do solo

Além de romper a conexão visualmente, acaba impedindo fluxos importantes, já que se trata do centro de um município, com um grande volume de pessoas realizando atividades pela região e movimento pendular em diversos horários. Como consequência as grandes praças existentes ao redor do piscinão Cedrolândia, que funcionam como “eixo de caminhabilidade” para os pedestres acessarem os meios de transporte, acabam sendo quase que “esquecidas”, sem muita conexão com a morfologia da cidade.

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É claro que apesar de todas as problemáticas em torno dessa infraestrutura, ela tem seu propósito: controlar enchentes em períodos de cheia, o que realmente aliviou o escoamento de águas pluviais na região, mas mesmo com essa estrutura de enorme dimensão, o problema ainda persiste. Segundo a folha de São Paulo o solo impermeável da cidade de SP como um todo cresceu 11% nos últimos 33 anos.

Imagem 4: Dinâmica do espaço Fonte: street view

Portanto não basta “fechar” o piscinão e dar um novo uso ao espaço, não basta substituí-lo por uma área permeável grande, pois o problema persistiria. Então foi necessário pensar em um partido que adote proporções urbanas, trazendo um novo percurso de água, maior quantidade de áreas verdes, maior permeabilidade do solo e presença da cultura no dia-dia da cidade, fazendo uso da arquitetura e suas ramificações para reestruturar a dinâmica de um espaço. Sendo assim, a ideia dessa intervenção visa primeiramente suprir as demandas culturais e educacionais da região, diminuindo o movimento pendular, fornecendo estruturas para artistas aprenderem e criarem. Um centro cultural é um marco em uma cidade, um elemento de extrema valorização local, a construção visa ser um divisor de águas para uma nova composição urbana, esta central, podendo trazer discussões de melhorias para além da área a ser projetada.

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Imagem 5: Dinâmica do espaço Fonte: street view

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Por fim, tem potencial de gerar empregos, e com isso se tem um centro mais consolidado, com mais movimento, trazendo pessoas das regiões próximas, e dessa forma, contribuiria amplamente para a economia local, fazendo com que o município aos poucos se consolide, dependendo menos da metrópole e fazendo mais parte dela como conjunto, assim como já acontece com a mancha urbana.

Imagem 7: Dinâmica do espaço Fonte: street view

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Imagem 6: Dinâmica do espaço Fonte: street view

Imagem 8: Dinâmica do espaço Fonte: street view

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1.2. Objetivos O objetivo deste trabalho em um primeiro momento é buscar dados, características, potencialidades e fragilidades do território em questão, para dar apoio as intenções e partido de projeto. Para melhores soluções urbanas será necessário buscar uma compreensão ampliada do piscinão, águas pluviais, entender o caminho que os cidadãos percorrem diariamente, estudar de que forma um equipamento de cultura pode impactar uma comunidade e no caso de Taboão da Serra, entender como a morfologia do centro se comporta, para traçar uma implantação funcional. Visa também analisar projetos existentes para entender em quais aspectos o espaço foi afetado, e trazer reflexões para dentro do terreno a ser trabalhado. Além desses fatores é importante entender que Taboão da Serra é uma cidade dormitório, termo esse designado a aglomerados urbanos que surgem ao redor de uma grande cidade, servindo de moradia para trabalhadores. Hoje temos uma percepção imprecisa da divisão dessas cidades, devido a conurbação, que gera uma grande mancha urbana. De modo geral, nesses ambientes as atividades existentes não são suficientes para empregar e fixar sua população ativa, fazendo com que a maioria dos moradores se desloquem diariamente para exercer suas respectivas profissões. Normalmente locais assim sofrem com carência de empregos, falta de equipamentos públicos, culturais, de lazer e transporte público, como linhas de metrô.

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O termo em si “cidade-dormitório” surgiu como resumo dessas carências e das enormes distâncias a serem percorridas diariamente, entre o lugar da moradia e o do trabalho. Portanto, a “periferia” como lugar do trabalho causaria conflito com a definição em uso. Através do aumento do mercado informal, houve uma descentralização econômica, acarretada pela crise de 80 e privatização dos serviços públicos em 90, que teriam limitado o acesso dos trabalhadores à renda, moradia e serviços, evidenciando a desigualdade.

Com isso, entende-se que quanto maior o incentivo e desenvolvimento urbano e econômico local, não só por parte do governo local, como iniciativa privada e extensão de um planejamento urbano que inclua a periferia, maior o número de trabalhadores locais, fazendo com que essas cidades aos poucos integrem cada vez mais a mancha urbana e o clico econômico, se articulando como um único polo, ou polos integrados

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PARTE II Arquitetura, Cidade e requalificação

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2. Arquitetura, Cidade e requalificação 2.1. Por que um centro de cultura e artes?

Um centro de cultura tem responsabilidades informacionais para com a comunidade e o local, sempre visando integrar diferentes grupos sociais. Não só isso como deve compor soluções ambientais.

O projeto de um espaço desse segmento deve contemplar vínculos com a comunidade e acontecimentos locais, assim como estar conectado com as necessidades e formulações culturais do mundo contemporâneo.

A cultura atualmente é tratada como um produto no qual faz uso da cidade contemporânea como instrumento de divulgação para além de seus limites, sendo um elemento que compõe a imagem em questão. Esses centros podem ser especializados em algum tema, ou de múltiplo uso, proporcionando espaços para leitura, biblioteca, oficinas, exibição de filmes, vídeos, teatros, sendo um espaço acolhedor para diversas expressões, pessoas e segmentos, resultando assim em um veículo que transmite cultura, transcendendo a arquitetura e seu programa em si.

A arquiteta Renata Ribeiro Neves, autora de “Centro Cultural: a Cultura à promoção da arquitetura“ para a revista “Especialize on-line IPOG-Goiânia” afirma que um centro cultural não pode ser um espaço que funcione como uma distração, mas sim, ser conceituado como um local onde há centralização de atividades diversificadas e que atuam de maneiras interdependentes, simultâneas e multidisciplinares. (NEVES, 2012)

Imagem 9, Autor: Pch.vector Fonte: Freepik

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Em São Paulo os centros culturais efetivaram-se na década de 80, com a criação do centro cultural do Jabaquara e do centro cultural de São Paulo. Atualmente o que mais é realizado por órgãos públicos são as construções desses espaços.

Relacionando a arquitetura com a economia, entende-se que a cultura pode ser um bom negócio, através de estratégias contemporâneas, fazendo da cidade uma vitrine publicitária. Torna-se um marco simbólico do local tanto para cultura tanto para o turismo.

Conforme podemos ver abaixo, o pensamento da arquiteta Renata Ribeiro Neves:

Pode-se observar que esta nova dinâmica de centros culturais tem um propósito, de entretenimento e cultura da busca por experiências, tendo em vista os grandes salões para eventos, restaurantes, praças, lojas, contato com obras de arte, infraestrutura para cidade, espaços de lazer e educacionais, além do próprio percurso criado pela arquitetura, trazendo entretenimento e contemplação das obras onde estas se relacionam com o novo.

“Para proporcionar um bom funcionamento de um centro cultural deve exercer funções necessárias como espaços de apoio, contendo dependências administrativas, almoxarifado, reservas técnicas, sanitários, espaços que proporcione suporte para a realização dos objetivos principais. Sendo acrescentadas aos espaços “complementares”, estendendo o programa de necessidades, visando atender a demanda relacionada aos interesses econômicos, tais como: as cantinas, restaurantes, lanchonetes, livrarias, lojinhas de artesanatos, dentre outros. Ao propor o programa de necessidades de um centro cultural, o profissional deve ter consciência que enfrentar a várias diversidades programáticas existentes, decorrentes das necessidades culturais que são bastante variadas no contexto social e saber ao certo o conceito de cultura” (NEVES, 2012, P.06).

Imagem 10, Autor: Freepik Fonte: Freepik

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Vejamos abaixo a afirmação da professora da USP Vera Pallamin, em seu livro arte, cultura e cidade: aspectos estéticos políticos contemporâneos, sobre a relação entre cidade, arquitetura, espaço público e economia:

“No presente, as relações entre cidade, arquitetura, espaço público e cultura urbana estão imersas no processo de valorização do capital, acirrando-se sua modulação nas condições econômicas de produção, distribuição e consumo de mercadorias. Essa modulação se dá sob mediações que seguem o passo da nossa situação histórica e seus limites, modificando-se em função de suas injunções internas. A arquitetura e as práticas culturais efetivadas no espaço público materializam e são materializadas por essas relações sociais, por seus valores, conflitos e contradições. ” (PALLAMIN, 2015, P.48).

A arquitetura a partir dos anos 70 tem sido usada como vetor e suporte para exploração do espaço, onde se amplia as possibilidades, usos e consumo, aumentando também a renda associada ao lugar, esse processo pode ser compreendido como “ideologia do empreendedorismo urbano”.

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Tendo como exemplo requalificações de áreas centrais, museus, shoppings, etc, tudo voltado para uma ascensão da cultura pautada no capital, indústria do turismo, especulação do mercado imobiliário, entre outros aspectos. Compreender a dinâmica dos espaços culturais contemporâneos, afirma a intenção da implantação do complexo artístico cultural em Taboão da Serra, que com suas particularidades compartilha e expressa os mesmos objetivos, porém é importante ressaltar que apesar do fator econômico ser positivo no caso da implantação do projeto no centro do município, através da inserção de novas lojas, novas oportunidades de emprego e melhoria dos acessos, esta é apenas uma consequência, pois os valores históricos e culturais tomam a frente do edifício, e não o mercado imobiliário. Busca trazer a presença cultural para um espaço público diversificado. Essa linha de raciocínio abre portas para uma das vertentes do trabalho final de graduação, que é ramificar a arte para além de uma exposição ou construção, levando até a cidade, de forma que sirva como percurso, acarretando como objetivo pluralizar a arte fazendo com que esta esteja presente de forma funcional e agradável na vida urbana cotidiana, gerando uma requalificação do entorno.

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2.2. Impactos de um Centro de Cultura na comunidade Esse tipo de edificação, ainda mais por ser de uso público traz diversas contribuições e mudanças no meio em que está inserido, não só espaciais, mas de impacto direto na vida e rotina de um cidadão que frequenta o espaço, seja ele usado por um cidadão que trabalhe próximo, como um que só utiliza como trecho para acesso ao transporte público ou aquele que busca o lazer próximo a sua casa, assim como Henilton Menezes, gerente do Centro Cultural Banco Nordeste explica em seu artigo para o portal Carta Maior:

“Sem dúvida, o primeiro papel exercido por um centro cultural para o desenvolvimento do povo de uma cidade é a inclusão social desse povo na cadeia produtiva da cultura, oferecendo condições para que todos - especialmente aqueles excluídos do consumo das artes tenham acesso à inventividade artística das diversas manifestações culturais. Em segundo lugar, a função de ancorar, em determinada região da cidade, um elenco de atividades não-comerciais, lúdicas, de circulação de bens simbólicos e com poder aglutinador de pessoas.” (MENEZES, 2005).

Imagem 11, Autor: Pch.vector Fonte: Freepik

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Serve como um novo polo que democratiza o acesso e o aprendizado da arte e cultura, trazendo um novo propósito a um espaço, possibilitando a capacitação do artista fazendo um diálogo direto com o público. Esses espaços oferecem infraestrutura para potencializar iniciativas da própria comunidade, identificando e incentivando essas ações de coletividade. A dinâmica da cidade e seus espaços urbanos está diretamente ligada a fatores históricos, culturais e econômicos, e este último através do modelo capitalista acarreta diversos problemas na ocupação dos espaços nas cidades, onde cada lote se tornou uma parte da mercadoria: a cidade, se consolidando como um espaço desigual e muitas vezes esquecido, no caso da periferia, que muitas vezes os espaços públicos são apenas consequência da ocupação irregular ou pequenos edifícios comerciais e residenciais que não interagem de forma fluida com a cidade. E já que a qualidade de vida no meio urbano é consequência de espaços públicos, abertos ou não, a vida cotidiana acaba sendo prejudicada, por esse motivo o planejamento se faz necessário, levando em conta as atividades que acontecem no espaço para que possa contribuir e potencializar a qualidade de vida social.

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2.3. Requalificação urbana – conceitos e aplicações Após compreender a impossibilidade de intervir somente em um lote para inserção do complexo artístico cultural Taboão da Serra, tendo em vista a potencialidade dessa região central atrelada a falta de estrutura urbana, decidiu-se realizar uma proposta urbana em conjunto com o projeto, já que o piscinão Cedrolândia rompe a conexão pública, se tornando uma barreira que ofuscaria a presença do projeto, bem como desenvolver um percurso que levasse esse desenvolvimento urbano para dentro do município, criando possibilidade de braços conectores a esse eixo; Se torna necessário compreender mais a fundo o termo requalificar na escala das cidades, afim de buscar nessas definições possíveis métodos e estratégias para criação do masterplan, avaliando os pontos e características que o espaço necessita de maior atenção e consequentemente maiores intervenções. A ideia de revitalizar parte do princípio da criação de estratégias em um determinado processo, não se limita em propor programas urbanísticos, mas por traz desses programas e arranjos espaciais trazer conceitos inclusivos do espaço, buscando melhorias para população, com construções e recuperações dos trechos em potencial. O envelhecimento de alguns pontos da cidade e edificações chamam atenção para uma revitalização, já que abre a possibilidade de modificar o lugar e agregar valor imobiliário, cultural, social e paisagístico, trazendo impactos positivos e práticos no cotidiano de quem ali frequenta.

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Três objetivos fundamentais caracterizam o processo de revitalização urbana, enquanto planeamento estratégico transversal que interessa reter: 1. Capacidade de promover e manter a diversidade e a integração das esferas do desenvolvimento econômico, social e do ambiente urbano, de modo a aumentar a qualidade de vida das populações; 2. Implementar projetos de desenvolvimento estratégicos, operadores de desenvolvimento e orientadores da mudança, antecipando problemas e direcionando soluções, procurando sinergias entre diferentes territórios, atividades econômicas e populações; 3. Monitorizar os objetivos, considerando tanto os problemas como as oportunidades do território no mesmo processo de planeamento, decisão e intervenção estratégica, implicando os atores desde a fase de concepção da estratégia, da definição a execução de objetivos. (MOURA, 2006).

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RE VI TA LI ZAR

PROMOVER

INTEGRAÇÃO

DIVERSIDADE

DESENVOLVIMENTO ECONÔMICO

AMBIENTE URBANO QUALIDADE DE VIDA

DESENVOLVIMENTO ESTRATÉGICO SOLUÇÃO

IMPLEMENTAR MUDANÇA

TERRITÓRIO

HARMONIA

ATIVIDADE ECONÔMICA

POPULAÇÃO

OBJETIVO

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PLANEJAMENTO

CONCEPÇÃO

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Pelo conceito “revitalização” ser muito amplo, é possível ramifica-lo em subdivisões, afim de entender os reais objetivos para intervenções desta escala, sendo o primeiro deles: Renovação, trata-se de intervenções gerais e de grande escala, modificando a estrutura do espaço em sua morfologia (desenho e paisagem), função, ou seja, modifica-se a economia do espaço dando novos usos ou potencializando os existentes e social, trazendo impactos no cotidiano dos cidadãos, novos espaços para visitar, melhoria de trechos de caminhada, maior quantidade de massa verde entre outros fatores; a segunda subdivisão seria a Reabilitação, que teria um viés voltado para moradia, ou seja, melhorias em edifícios habitacionais, bem como inserção de novos e também construção de infraestrutura (outros usos) para essas habitações; E o terceiro: Requalificação, que parte do pressuposto de valorizar o convívio social e valorizar equipamentos e espaços urbanos através de espaços públicos pré-existentes, visa ainda a acessibilidade e centralidade do espaço com o objetivo de promover a economia e cultura.

(RE)NOVAR (RE)ABILITAR (RE)QUALIFICAR

Apesar da inserção do Centro Artístico Cultural trazer uma nova morfologia, novas conexões públicas, novos trechos de permanência ao longo do córrego Pirajuçara e também novos usos, não se trata de uma renovação, já que o desenho, ou seja, a malha viária e disposição de quadras permanece a mesma, mantendo a mesma lógica dos largos ali existentes, portando o projeto se caracteriza como uma requalificação urbana e apesar de ter novas intervenções na paisagem, faz uso dos espaços pré-existentes.

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PARTE III Estudos de caso

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3. Estudos de caso 3.1. Arquitetura como extensão da cidade – Centro cultural Córdoba. Como o projeto proposto parte da premissa de uma edificação que atue como eixo para reestruturação urbana local, foi fundamental pensar em um projeto que não somente se abrisse para cidade, no sentido de ter ligações com o pedestre e praças, mas sim em uma solução onde não se tem uma clara separação do que é arquitetura, do que é cidade, do que é público e privado, pensando em extensões do edifício como espaços transitórios que ao mesmo tempo que são parte volumétrica da arquitetura, são partes da própria cidade.

Imagem 12: Acesso para cobertura pela cota mais baixo Fonte: Archdaily

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Após estabelecido esse partido, é importante olhar para arquiteturas contemporâneas que assumem o mesmo papel, mesmo que com soluções e estratégias distintas para buscar traçar paralelos com a ideia proposta, e um projeto que tem esse aspecto do edifício como extensão muito forte é o Centro Cultural Córdoba, na Argentina, dos arquitetos: Iván Castañeda, Alejandro Cohen, Cristián Nanzer, Inés Saal, Juan Salassa, Santiago Tissot.

Imagem 13: Cobertura habitável Fonte: Archdaily

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A própria equipe de projetos define o espaço como “um monumento contemporâneo: uma paisagem para o acontecimento público”, uma definição interessante que pode até se encaixar para definir a própria cidade onde está inserida, reforçando seu conceito. O partido vai contra tradicionais soluções para esse tipo de edificação: o do edifício-monumento, trazendo um espaço para vida pública, que na verdade é a própria arquitetura, e talvez essa vertente conectora e pública seja o próprio monumento. O edifício fica localizado em meio ao Parque Sarmientto, entre dois museus: Museu de Arte Contemporânea Emílio Carraffa (MEC) e o museu das ciências naturais da província. Sua cobertura com forma ondulada, como parte essencial do projeto parte do chão e gera passeios e espaços de convívio por todo seu percurso, conectando os edifícios ao redor, funcionando como uma antessala para estes.

Imagem 14: Vista aérea Fonte: Archdaily

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3.2. Reflexões sobre o projeto Córrego do Antonico O projeto urbano realizado pelo MMBB arquitetos está localizado em Paraisópolis e faz parte do Programa de Urbanização de Favelas realizado pela Secretaria Municipal de Habitação do estado de São Paulo, é interessante olhar para as soluções e os estudos realizados pois se assemelha com a proposta de projeto e as problemáticas aqui citadas, já que como condicionante do sítio arquitetônico possui também um córrego, a proposta de um equipamento de cultura e a criação de espaços públicos, um conjunto de ações de impacto direto a comunidade gerando ressignificação.

Imagem 16: Vista aérea - existência Fonte: Archdaily

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Imagem 15: Córrego canalizado Fonte: Archdaily

Imagem 17: Proposta Fonte: Archdaily

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O arquiteto Milton Braga afirma que a favela possui várias necessidades, mas talvez a maior demanda seja por espaço livre, e por esse motivo o objetivo era lidar com as habitações, o córrego que atravessa a favela na diagonal, criando novas edificações e espaços de fruição e convívio em meio a um novo edifício com funções sociais e de habitação. A estratégia estabelecida foi a canalização do córrego, que antes era uma área de risco, nessa canalização foi criado um leito maior, prevendo os períodos de cheia e dando espaço a uma área de caminhabilidade ao redor, desenvolve ainda uma centralidade que visa ser composta por espaços privados e públicos, abertos e com possiblidade de ocupação e uso pela própria população, exemplo disso é a praia e calçadão criados em um espaço que carece de equipamentos de lazer.

Imagem 18: Perspectiva em conjunto com a pequena praia criada Fonte: Archdaily

É importante entender a forma que a água foi tratada nesse projeto, trazendo benefício ao próprio espaço, como elemento do dia a dia dos cidadãos, nesse caso os impactos foram além de cultura e infraestrutura, mas de saúde pública e ambiental.

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Imagem 18: Requalificação do córrego Fonte: MMBB arquitetos

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PARTE IV Área de projeto

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4. Área de projeto

4.1. Características e histórico do Lugar – Vila Sônia. Vila Sônia é um distrito situado na zona oeste do município de São Paulo, pertence a subprefeitura do Butantã fazendo divisa com Rio Pequeno, Butantã, Morumbi, Campo Limpo e Taboão da Serra. A região central de Taboão da Serra e vizinhança, que abrange o distrito, sofre com enchentes por conta da topografia em declive que converge nesse centro plano, problema que se agravou com a construção civil e diminuição da área permeável. Tal problemática foi amenizada com a inserção de um piscinão. A região era uma grande chácara pertencente ao médico Antônio Bueno e a Joaquim Manuel da Fonseca. Na década de 40 era uma mata de eucaliptos, hoje é um bairro com forte adensamento populacional, nos anos 50 os moradores do distrito não tinham energia elétrica, água encanada, ruas asfaltadas nem saneamento básico, veio a se desenvolver a partir dos anos 60 recebendo habitantes do Morumbi e ganhando pequenos centros comerciais.

Imagem 19: Distrito da Vila Sônia Fonte: Wikipedia

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4.2. Características e histórico do Lugar – Taboão da Serra Município localizado na região sudoeste da Região metropolitana de São Paulo, não possui divisas geográficas muito nítidas com os bairros que faz fronteira, se misturando por consequência da conurbação urbana. Local marcado pela ausência de equipamentos públicos, o único é o parque municipal Chácara do Jockey, que se encontra a aproximadamente 2KM do terreno de projeto, e mesmo assim não conta com um programa educacional. Além disso o espaço possui enchentes frequentes, basta chover acima da média, diversos fatores contribuem para isso, como a própria topografia da cidade, onde no centro é plano, mas ao redor existem uma série de morros, que acabam escoando a água para esse “vale” que nada mais é que o centro do município.

Imagem 20: Escoamento de águas pluviais até o centro Fonte: street view

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Até meados da década de 90 a cidade tinha um perfil de cidade dormitório e industrial, apesar das grandes fábricas e indústrias ali localizadas, não era suficiente para absorver toda mão de obra local, fazendo com que muitos moradores até hoje realizem movimento pendular para capital paulista.

Por consequência da conurbação urbana, pelo processo de criação das periferias, sofre com suas centralidades desorganizadas, com mudanças tardias e quando feitas são mais radicais e como muitas cidades periféricas sofre com ocupações de risco e irregulares.

A partir dos anos 2000 com a chegada do mercado varejista na região, a cidade passou a ter características comerciais, formando um polo ali que jamais havia existido, este que fez com que a cidade se “misturasse” mais ainda com os bairros de fronteira.

Abordando especificamente a região central (espaço de intervenção), pode-se notar uma grande potencialidade, já que surgiriam novas oportunidades com a implementação de um novo uso público ali nesta região, é um lugar com uma forte característica econômica, com diversos estabelecimentos comerciais e de serviço, é uma área de fronteira com a Vila Sônia, onde a inserção de um espaço cultural nesse eixo atrairia as pessoas dos dois polos, tendo um grande impacto social.

O município nos séculos XVI e XVII fazia parte da rota dos bandeirantes paulistas. Por volta de 1910 surgiu um pequeno Vilarejo as margens dos córregos Poá e Pirajuçara, conta com uma área de 17,1 km². Cerca de 38% da população da cidade provém da capital paulista. Caracteriza-se por uma cidade de expansão periférica, fracas qualidades habitacionais, culturais e socialmente desiguais, sofrendo com poucas ofertas de emprego e pobreza, por esse motivo reforça a característica de cidade-dormitório, por estar mais afastado do centro de São Paulo, consequentemente o acesso a transportes públicos para o movimento pendular é desfavorecido, favorecendo o transporte particular.

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Influência do terreno de projeto em equipamentos educacionais, culturais e de lazer em um raio de 2Km

PARQUE CHÁCARA DO JOCKEY PREFEITURA DE TABOÃO DA SERRA

PARQUE DOS EUCALIPTOS

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4.3. O Piscinão Cedrolândia e o Córrego Pirajussara O córrego Pirajussara tem 17 KM de extensão e corta boa parte do município de Taboão da Serra, tem sua nascente no município de Embu das artes, desaguando em São Paulo no Rio Pinheiros atrelado a Cidade universitária, no Butantã. Em São Paulo, o Rio tem sua parte canalizada passando por baixo da Av. Eliseu de Almeida, onde em cima possui uma ciclovia que divide a Avenida e volta a ser visível próximo a USP, onde deságua no Rio Pinheiros se conectando com os demais rios da cidade. Atualmente está canalizado por 6,2 KM em galeria tamponada e 1,1 KM em galeria aberta. Imagem 21: Córrego Pirajussara

Hoje o córrego conta com esgoto e extrema quantidade de lixo que aumentam ainda mais as chances de alagamentos em toda região oeste da cidade.

Fonte: freshwatereatch

O piscinão Cedrolândia foi construído para atender e atuar na prevenção das enchentes na região do Butantã, localizado ao lado do córrego Pirajussara e absorve o excesso de águas provenientes das regiões do seu entorno, atuando em conjunto com o mesmo, funcionando como um reservatório de água pluvial, do tipo off-line, ou seja, o trecho de água ocorre paralelamente ao reservatório e não por meio dele. Funciona em conjunto com os piscinões Sharp, Maria Sampaio, Reservatórios R1 e R2 localizados no Campo Limpo. Cercado por 2 importantes Avenidas: Rodovia Régis Bittencourt e Av. Professor Francisco Morato, esta que se conecta com a Av. Rebouças em uma rota até o centro da cidade de SP.

Imagem 22: Córrego Pirajussara – trecho coberto – Av. Eliseu de Almeida Fonte: vadebike

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O reservatório tem um volume de 113.000 m³, dois conjuntos de bombas, potência de 45 Kw e vazão de 1440 m³/h, pelo fato de ser aberto facilita a manutenção, limpeza e mantém sempre o ar circulando, evitando um ambiente mais poluído e ineficiente. Por questões urbanas de paisagem e fluxos tal intervenção acaba não sendo a melhor opção, pois atua como uma barreira, dificultando o acesso ao bairro e uma integração mais fluida entre Taboão da Serra e o Butantã, integração esta que já existe analisando a macha urbana em virtude da conurbação urbana.

Imagem 23: Piscinão Cedrolândia – vista aérea Fonte: Street View

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Imagem 24: Piscinão Cedrolândia Fonte: Obracon

Imagem 25: Piscinão Cedrolândia Fonte: Obracon

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A intervenção no piscinão como parte do projeto arquitetônico veio para visar uma conexão e visibilidade maior do centro cultural. Além do fato de estar em uma região central estratégica que atenderia a Zona Oeste e o município de Taboão da Serra, além de existir o projeto da estação Linha 4 amarela do metrô, ao lado do reservatório do outro lado da avenida. Podemos entender o motivo da implantação de tal infraestrutura através do mapa marcando as zonas alagáveis abaixo:

Imagem 26: Regiões alagáveis Fonte: Geosampa

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Conforme a imagem 27, nota-se ainda que o córrego corta o terreno de projeto ao meio, até sua vazão de água subterrânea que se conecta ao reservatório, o que reforça a ideia que seria inviável trabalhar nesse lote, que se encontra subutilizado, sem um planejamento para um melhor escoamento das águas pluviais e infraestrutura verde.

Imagem 27: Trecho de água no terreno Fonte: Snazzy maps

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4.4. Drenagem urbana e impermeabilização É importante ressaltar que o processo de urbanização é um fator que influencia diretamente na drenagem, já que um solo impermeável e condutos pluviais fazem a água escoar de forma mais rápida, provocando assim um acúmulo maior de água na superfície e transbordamento de córregos, ainda mais que a maioria destes trechos de água em São Paulo não possuem uma borda permeável para absorver a água nesses períodos de cheia. Outra problemática, é que São Paulo de forma geral, teve um processo de urbanização muito intenso e rápido, em sua história teve um foco muito grande na construção de rodovias e trechos de asfalto, fazendo com que não ocorresse um planejamento urbano pensando na melhor forma para escoar a água e aproveitá-la, ocupando assim zonas alagáveis de rios e canalização dos mesmos, um exemplo claro disso é o Rio Pinheiros onde ao lado existe a rodovia Marginal Pinheiros e logo ao lado grandes empreendimentos, sem uma zona de transposição para o rio. Para melhor entendimento é válido entender os processos relacionados aos problemas de drenagem da água, sendo eles: cheia, quando ocorre um aumento da vazão, elevando o nível da água em trechos de água; inundação, quando neste processo de cheia, o nível ultrapassa o limite máximo suportado, provocando uma transposição; alagamento, é o acúmulo de água na superfície por um determinado momento devido a ineficiência de sistemas de drenagem, fator diretamente ligado a impermeabilização do solo.

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Imagem 28: Densidade demográfica Taboão da Serra Fonte: IBGE

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Os estudos de Campana e Tucci em 1994 concluem que existe uma forte relação com a densidade demográfica e solos impermeáveis, sendo de 65% a partir de 100 habitantes por hectare, uma porcentagem elevada, que tende a crescer tendo em vista o aumento da urbanização ao longo dos anos. Com isso entende-se que com um solo mais permeável e reservatórios projetados em uma dimensão que considere tais transposições, evitariam os problemas subsequentes. Estas análises ajudam a traçar um esboço do partido referente ao controle da transposição de água e infraestrutura urbana no largo do Taboão da Serra, que será explicado mais à frente.

Imagem 29: Relação densidade habitacional e impermeabilização Fonte: Água no meio urbano, Tucci

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4.5. Implantação de um edifício público no cento de Taboão da Serra. O tipo arquitetônico tem impacto em seu entorno e funcionalidade, dependendo da morfologia e uso no térreo, isso pode trazer impactos negativos ou positivos ao entorno.

Vejamos a tipologia na AV. Armando de Andrade em Taboão da Serra, uma das principais para acessar o centro do município:

Antes de analisar as tipologias e morfologias da região do projeto para assim traçar um desenho de implantação, é de relevância procurar entender quais as tipologias mais comuns nas cidades brasileiras, segundo Vinícius M. Netto em seu artigo no Vitruvius “o efeito da arquitetura”, temos três tipologias mais comuns e variações entre elas, sendo o edifício compacto, que não possui recuos, janelas voltadas para rua, altura em média de 6 pavimentos, em alguns casos trazem marquises que protegem as calçadas, o edifício torre, como o nome diz são torres com 10 ou mais pavimentos “soltas” no lote, ou seja com amplos recuos que possibilitam maiores espaços urbanos, mas não significa que sejam públicos, a maioria desses casos são condomínios com empenas cegas voltadas para rua e o edifício base-torre, são torres só que desta vez conta com um embasamento, ou seja uma parte do edifício nos pavimentos anteriores que antecede a torre em sua volumetria, isso favorece a existência de serviços, gerando uma certa infraestrutura pública urbana e o estacionamento pode ficar no embasamento, diminuindo a necessidade de ocupar fachadas com vagas.

Podemos observar que nessa área central, próxima ao terreno de projeto a tipologia mais comum é a de edifício compacto, por ser uma região dotada de comércio e serviço.

Imagem 30: Tipologia Av. Armando de Andrade Fonte: Street View

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Essa tipologia sem recuo, proporciona uma interação maior do térreo com a rua, estimula o caminhar a pé e traz vigor ao contexto urbano, porém a partir do momento em que a lógica de todas quadras é baseada no carro, essa qualidade se perde um pouco, e quando replicada muitas vezes, não proporciona tantos vazios, respiros urbanos, praças e áreas de permanência, a conexão existente é a comercial, que é importante, mas não a única. As quadras se tornam mais densas, onde as únicas possibilidades são caminhar, ou adentrar lojas, vejamos a morfologia:

Com isso podemos concluir que o que falta nessa região no que se refere a relação edifício e urbanidade, é uma quadra mais homogênea, onde não e perceba o que é público, privado, que essa transição ocorra de uma forma mais fluida, que seja usada como fluxo para os caminhos dos pedestres, e um programa cultural se encaixa com essa necessidade, já que toda função é pública, com essas características o edifício seria uma extensão da cidade. A arquitetura independente de sua proporção, seja um prédio ou uma cidade afeta as pessoas, ora de uma forma nítida e menos controversa, ora não. Não importa as intenções de projeto, mas importam quais são os reflexos das decisões projetuais na prática. E é sobre isso que se trata uma requalificação urbana, mais do que traçar objetivos, busca entender as necessidades de mudança, transformando tudo isso em espaço físico, mas não basta traçar partidos e programas, é preciso entender o contexto de uma sociedade inserida para que o resultado não contraponha o partido. E como requalificação urbana está diretamente ligada a urbanidade, busquemos entender do que se trata esse termo segundo os autores de Arquitetura & Urbanidade: minimizar espaços abertos em prol de ocupados, menores unidades de espaços abertos: ruas e praças, maior número de portas abertas para rua, nunca empenas cegas, minimizar espaços segregados: ruas sem saída, edifícios murados, condomínios fechados.

Imagem 31: Morfologia centro de Taboão da Serra Fonte: Street View

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Conforme podemos ver abaixo, o pensamento dos autores de Arquitetura & Urbanidade: “A estrada que liga a arquitetura aos sistemas de encontros interpessoais tem mão dupla: a arquitetura é concomitantemente variável dependente e independente. Cabe entender seu papel em casos específicos” (GARCIA, SILVA, FRANÇA, HOLANDA, 2011, P.15).

forma que essa zona não continue sendo um grande espaço vazio, onde esses volumes se interliguem e se relacionem em todas partes onde ocorrerá uma intervenção urbana, assim de fato arquitetura, infraestrutura, urbanidade, paisagem estariam conectadas, gerando uma reestruturação.

A reconfiguração do espaço transforma seu uso, locais muito segregados e imensamente abertos tendem a não gerar “encontros sociais”, seria uma alternativa mais viável para intenso fluxo de pessoas. Seria mais interessante espaços abertos designados a fluxos se alternar com pontos de socialização interligados a um projeto arquitetônico? Pode-se trazer como reflexão a seguinte questão: como projetar em uma região com grande potencial de ser ocupada, que ao mesmo tempo carece de espaços públicos e refúgios urbanos, sem deixar que esses espaços livres (praças e pequeno parque) se torne um grande vazio continuando a ser uma barreira? A resposta mais coerente seria saber qual consequência/ uso está sendo criada para com o que ocorre nesse espaço de transição (Taboão da serra – Vila Sônia), uma alternativa possa ser articular volumes de

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PARTE V Objetivos de projeto

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5. Objetivos de projeto O objetivo principal é a inserção de um centro de cultura e artes que estabeleça e contribua com a dinâmica urbana do espaço, visando a potencialização e valorização da arquitetura do município de Taboão da Serra como um todo, através de uma construção que requalifique os “cheios e vazios” no centro do município. Nota-se a necessidade de uma intervenção a partir do momento em que os espaços não correspondem com as necessidades dos cidadãos, não proporcionam infraestrutura para o desenvolvimento, convívio, pluralismo e valorização dos recursos naturais. Em 10 de janeiro de 1959 Taboão da Serra teve sua emancipação política e em 1970 o processo de industrialização fez com que o município crescesse de forma exponencial, recebendo diversas famílias de baixa renda que viram a oportunidade de terem uma moradia, em ocupações irregulares, de forma conurbada e sem equipamentos públicos, pode-se notar que em um panorama de quase 50 anos o município não teve grandes evoluções ao se tratar de espaços públicos, pelo contrário, com a chegada do piscinão esses espaços praticamente se perderam em meio aos carros e pequenos comércios:

Imagem 32: Largo do Taboão da Serra 1970 Fonte: Prefeitura de Taboão da Serra

Imagem 33: Largo do Taboão da Serra 2021 Fonte: Street View

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Objetivos específicos: - Inserção de um equipamento que amplie as interações sociais e traga infraestrutura a cidade.

- Trazer a água como elemento de cultura e parte integrante da cidade, conectada a um masterplan de tratamento ao córrego. -Proporcionar novos usos ao piscinão. -Incentivar a evolução arquitetônica e urbana no município. -Proporcionar de forma igual a todos lazer, estudo, expressão e convívio. -Inserir conexões públicas através de passarelas e rampas entre quadras, ponto de ônibus, o programa do edifício e demais locais do entorno. -Utilizar uma arquitetura que contribua com o meio ambiente e estética do entorno.

-Valorizar cultura, arte e artistas locais, proporcionando capacitação, treinamento e trabalho. -Gerar empregos, visando reduzir o movimento pendular. -Fazer do edifício cultural um agente conector entre Vila Sônia e Taboão da Serra, rompendo com a fronteira das avenidas e do piscinão, atendendo assim um maior número de pessoas. Imagem 34, Autor: Starline Fonte: Freepik

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5.1. Justificativas e estratégias O terreno escolhido para intervenção atualmente é um lote subutilizado que é cortado ao meio pelo córrego Pirajussara, por ser uma região central e com acesso fácil a diversas localidades na cidade de São Paulo, geograficamente é um espaço estratégico, porém na parte que seu entorno se conecta com a cidade de São Paulo existe o piscinão Cedrolândia, que rompe com o dinamismo dessa conexão. É uma infraestrutura de drenagem que ocupa um espaço que poderia ser de grande fluidez urbana, por essa razão, para o projeto arquitetônico conseguir se conectar mais com todo seu entorno, seria interessante que essa parte do piscinão fosse integrada ao projeto para uma oportunidade de novas funções para aquele espaço.

Outro fator de importante compreensão é que a inserção de um equipamento desse tipo, além de proporcionar uma qualidade de vida e estrutura aos cidadãos, seria um espaço que geraria empregos e traria retornos financeiros, tendo em vistas diversos equipamentos que possibilitam isso, como teatro, lojas, restaurantes, entre outros. Por se tratar de um centro de cultura, pressupõe-se que se trata de um elemento de valorização local, não exatamente um marco, mas sim um importante espaço que auxiliará no desenvolvimento de movimentos futuros e com isso poderia chamar atenção do mercado imobiliário e público, causando um crescimento econômico e estrutural para adentro do município.

Dito isto, o tipo de uso público que mais poderia funcionar nessa intenção de conexão urbana seria o de um complexo cultural, além do mais a região não conta com muitos equipamentos públicos dedicados a educação, lazer e esporte.

Desta forma a estratégia adotada foi a inserção de um complexo cultural, em meio a um masterplan, onde além da arquitetura, ocorrerá um tratamento da água do córrego Pirajussara através de uma estação e wetlands por meio de um eixo verde, que desaguará em um lago no terreno de projeto, para o piscinão foi proposto um reservatório habitável alagável, todas essa estrutura conectada através da arquitetura.

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Imagem 35: Mapa mostrando ausência de equipamentos públicos na região, em verde são escolas particulares e públicas Fonte: Geosampa

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A última análise antes de consolidar uma proposta de intervenção foi procurar entender como essa nova dinâmica e de usos poderia funcionar, entender qual proporção este edifício iria ocupar e sua lógica de implantação. Para isso foi traçado o diagrama abaixo:

Imagem 36: Mapa ilustrando o objetivo: conectar Vila Sônia e Taboão da Serra através de um eixo Fonte: Street View

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Considerando todas as análises feitas até aqui, pode-se traçar um planejamento urbano:

ÁREAS A SEREM POTENCIALIZADAS ÁREAS NOVAS

MASSA VERDE EXISTENTES

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Após o trecho da estação de tratamento de água, esta água continua sendo tratada através de wetlands, que previnem inundações por reterem a água, e neste processo mantém os trechos de água em seus níveis normais e no período de seca, fazem o movimento reverso, liberam água para adequar o nível ideal, além de purificar a superfície da água, fazendo com que ela chegue completamente limpa no terreno de projeto. No meio deste percurso (estação de tratamento – projeto) a água passa por um lago antecedente, este já existente em uma indústria sem funcionamento há alguns anos, a ideia é transforma-la em um parque junto com a realocação das construções que foram desapropriadas na parte central, trazendo uma conexão com mais qualidade entre o município e o centro. Para o piscinão foi proposto um reservatório de água, que receberia uma vazão muito inferior que atualmente nos períodos de cheia, pois essa água já seria melhor escoada no caminho pelas wetlands e maiores áreas permeáveis, junto com esse reservatório foi pensado um espaço onde nos períodos de seca funciona como uma praça rebaixada que tem fim próximo a conexão da ponte do edifício e em dias de cheia, funcionar como uma área transbordável ao reservatório, conforme vemos abaixo:

Imagem 37 e 38: Área alagável Fonte: Geosampa

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Imagem 40: Gráfico de temperatura de São Paulo Fonte: PRojeteee

Imagem 39: Gráfico de chuva de São Paulo para prever cheias Fonte: PRojeteee

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5.2. O Projeto

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Terreno em potencial

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Concepção

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Primeira intenção de implantação

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Implantação final

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Programa

CONEXÃO PÚBLICA

COWORKING

LOJAS E FEIRA LIVRE

BIBLIOTECA

TEATRO/ FOYER

OFICINAS

EXPOSIÇÃO ADMINISTRAÇÃO

57


Circulação vertical

NÚCLEO, ACESSO ADMINISTRAÇÃO, BIBLIOTECA E COWORKING

ESCADARIA PÚBLICA, ACESSO TODOS PAVIMENTOS

NÚCLEO, ACESSO EXPOSIÇÃO

NÚCLEO, ACESSO OFICINAS

ESCADARIA PÚBLICA, ACESSO TODOS PAVIMENTOS

CONEXÃO TEATRO E BLOCO CULTURAL

58


Conexão pública

59


Isométrica térreo

Isométrica Primeiro pavimento

60


Isométrica segundo pavimento

Isométrica terceiro pavimento

61



Corte B.B em perspectiva




IMPLANTAÇÃO 0

10

20

50

100

66


B

- 4,80 m

D

A

A

- 4,80 m

- 4,80 m

D

PLANTA SUBSOLO 0

10

20

50

100

B

67


C

B

LOJA FEIRA LIVRE

LOJA

LOJA

LOJA

LOJA

LOJA

LOJA

D

0,00 m

- 3,00 m LOJA

A

LOJA

A

0,00 m

RESTAURANTE

LOJA

LOJA LOJA - 3,00 m

LOJA LOJA

LOJA LOJA

LOJA LOJA

LOJA LOJA

0,00 m LOJA CAFÉ AUDITÓRIO LOJA LOJA LOJA

LOJA LOJA

CAMARINS

LOJA LOJA

FEIRA LIVRE

LOJA

D

PLANTA TÉRREO 0

10

20

50

100

C

B

68


C

B

D

0,00 m

2,98 m 4,20 m FOYER ADM

A

A

AUDITÓRIO

OFICINA

4,20 m

OFI CINA

OFICINA

OFI CINA

OFI CINA

OFICINA

MULTIUSO

PLANTA PRIMEIRO PAVIMENTO 0

10

20

50

D

100

C

B

69


C

B

PERMANÊNCIA

8,20 m

D 8,20 m

FOYER 8,20 m EXPOSIÇÃO

EXPOSIÇÃO

A

A

EXPOSIÇÃO

FABLAB 8,20 m

FABLAB

EXPOSIÇÃO

PERMANÊNCIA FABLAB

FABLAB

8,20 m

PERMANÊNCIA FABLAB MULTIUSO

PLANTA SEGUNDO PAVIMENTO 0

10

20

50

D

100

C

B

70


C

B

8,20 m

D 13.00 m 8,20 m

A

A

COWORKING

COWORKING

8,20 m 13.00 m

13.00 m

PLANTA TERCEIRO PAVIMENTO 0

10

20

50

TECA BIBLIO

D

100

C

B

71


0

10

20

50

100

Entorno - Corte A.A

72


0

10

20

50

100

Entorno - Corte B.B

73






ELEVAÇÕES

78


79


ESTRUTURA

APOIOS

VIGAS

LAJES

CIRCULAÇÃO

FECHAMENTOS

LAJE ALVEOLAR VIGA METÁLICA PERFIL “I” BRISE METÁLICO

BRISE METÁLICO

PERFIL PARA FIXAÇÃO DOS BRISES

CAIXILHARIA

ESTRUTURA SECUNDÁRIA (FACE EXTERNA TRELIÇA) PARA FIXAR CAIXILHARIA

EXTENSÃO DAS VIGAS PERFIL “i” PARA ACOMODAR SISTEMA DE BRISE EXTERNO

TRELIÇA SPIDERGLASS LAJE ALVEOLAR VIGAS DE CONCRETO PROTENDIDO LAJE “HABITÁVEL” DE CONCRETO ARMADO PILARES DE CONCRETO PROTENDIDO CAIXILHOS DE ALUMÍNIO CHAPAS DE ACM E REVESTIMENTO ACÚSTICO

80


MATERIAL LAJE ALVEOLAR

CONCRETO PROTENDIDO

A

AÇO

ÇÃO ENDO ABRIR

VANTAGENS, CARACTERÍSTICAS, ESCOLHA

ESTRUTURA - TODOS PAVIMENTOS. ACABAMENTO COM PORCELANATO “PEDRA” BEGE. SUBSOLO - CIMENTO QUEIMADO, MÓDULOS DE 1.20X10m E 1.20X20m ESTRUTURA - TÉRREO E PRIMEIRO PAVIMENTO, PILARES E VIGAS. ACABAMENTO COM CIMENTO BRANCO ACIZENTADO. PILARES - 50X30 cm VIGAS - 80X30 cm ESTRUTURA - SEGUNDO E TERCEIRO PAVIMENTO, TRELIÇA. MÓDULOS DE - 50X30 cm E 80X30 cm. PERFIL “i” EM AÇO COM PINTURA ELETROSTÁTICA PRETA

PLACA CIMENTÍCIA FECHAMENTO - TÉRREO E PRIMEIRO PAVIMENTO. MÓDULOS DE 1X1 m

PLACA DE CONCRETO PROTENDIDO PRÉ-FABRICADA COM VÃOS INTERNOS (ALVÉOLOS). APÓS APOIADA AS LAJES É NECESSÁRIA UMA ETAPA DE CONCRETAGEM PARA QUE TODAS PLACAS ALI POSTAS FUNCIONEM EM CONJUNTO.

120 cm FONTE: ARTELAJE

- VENCE GRANDES VÃOS - MENOS PESO NA ESTRUTURA - ECONOMIA DE MATERIAL, VOLUME MENOR DE CONCRETO - MENOR TEMPO DE CONSTRUÇÃO

- MENOR CHANCE DE DEFORMAÇÃO - MAIOR RESITÊNCIA - PODE-SE PASSAR OS DUTOS POR DENTRO DOS ALVÉOLOS

- MENOR CHANCE - VENCE GRANDES VÃOS DE DEFORMAÇÃO - VIGAS MENORES - MAIOR RESITÊNCIA - MENOS PESO NA ESTRUTURA - ECONOMIA DE MATERIAL - MENOR TEMPO DE CONSTRUÇÃO

MÉTODO CONSTRUTIVO QUE AUMENTA A RESISTÊNCIA À TRAÇÃO DO CONCRETO, TAL TÉCNICA PERMITE UM MELHOR DESEMPENHO, JÁ QUE USA TODA A CAPACIDADE DO CONCRETO À COMPRESSÃO, ONDE OS ESFORÇOS DE TRAÇÃO SÃO FEITOS PELA ARMADURA. FONTE: RESEARCHGATE

O AÇO É UM MATERIAL METÁLICO DERIVADO DO FERRO, DESENVOLVIDO COM A FINALIDADE DE SER MAIS RESISTENTE E MALEÁVEL, POSSUI CARBONO EM SUA COMPOSIÇÃO, DEIXANDO O CONJUNTO MAIS “LEVE”. POR SER MAIS LEVE QUE O CONCRETO FOI ESCOLHIDO PARA ARTICULAR DE FORMA FUNCIONAL O BLOCO SUPERIOR, VENCENDO GRANDES VÃOS E FACILITANDO AS CONEXÕES COM OS BRISES QUE TAMBÉM SÃO METÁLICOS.

- ESTRUTURA MAIS LEVE - GRANDE RESISTÊNCIA ARTICULADA EM TRELIÇA - MAIS FÁCIL DE ALCANÇAR A PLÁSTICA DESEJADA PARA O CONJUNTO. - AÇO POSSUI ALTA TENACIDADE FONTE: RESEARCHGATE

- PRATICIDADE - RAPIDEZ NA APLICAÇÃO - ESTÉTICA

AS PLACAS DE CONCRETO SÃO PRODUTOS PRÉ-FABRICADOS, SÃO UMA SOLUÇÃO ESTETICAMENTE VIÁVEL PARA PROPOSTA DO PROJETO, A APLICAÇÃO DOS SISTEMAS DE FECHAMENTOS SE TORNAM TÃO ÁGEIS QUANTO A ESTRUTURA NA EXECUÇÃO. FONTE: ALOJADOGESSO

VIDRO CINZA TRANSPARENTE COM CAIXILHOS PRETOS

A HADA

DIFÍCIO

USO

BRISE METÁLICO COM SISTEMA DE ABRIR

FECHAMENTO - TODO EDIFÍCIO. CAIXILHOS EM ALUMÍNIO COM PINTURA ELETROSTÁTICAPRETA. VIDRO LAMINADO. MÓDULOS DE 2 m

FECHAMENTO - SEGUNDO E TERCEIRO PAVIMENTO. BRISE EM ALUMÍNIO BRANCO ACIZENTADO PERFURADO.

O VIDRO LAMINADO POSSUI EM SUA COMPOSIÇÃO UMA RESINA OU PVB QUE EM CASO DE POSSÍVEIS QUEBRAS, SEGURA OS ESTILHAÇOS, EVITANDO FERIMENTOS. O ALUMÍNIO FOI ESCOLHIDO PARA OS CAIXILHOS PELA SUA LEVEZA, TENDO 35% DO PESO DO AÇO, EXIGINDO MENOS ESFORÇOS DA ESTRUTURA, E POSSUI UMA CAMADA DE ÓXIDO EM SUA COMPOSIÇÃO, EVITANDO OXIDAÇÕES, JÁ QUE ESTE MATERIAL ESTARÁ NO NÍVEL DO PEDESTRE

FONTE: DESULVIDROS

- POSSIBILITA A ENTRADA DE ILUMINAÇÃO E VENTILAÇÃONATURAL. - VIDRO LAMINADO TRAZ SEGURANÇA - O ALUMÍNIO É MAIS LEVE E NESSE CASO MAIS FUNCIONAL - O LAMINADO ATENDE A ESTÉTICA ESPERADA, AO CONTRÁRIO DO ARAMADO.

- FECHAMENTO LEVE - CONFORTO TÉRMICO - POSSIBILITA UNIFORMIDADE ESTÉTICA - SISTEMA FUNCIONAL DE ABERTURAS

O ALUMÍNIO É UM MATERIAL LEVE E DIMINUI O SOBRECARGA NA ESTRUTURA, TAMBÉM É MAIS PRÁTICO QUANDO SE TRATA DE CONFORTO TÉRMICO, JÁ QUE NO VERÃO DIMINUI O IMPACTO DO CALOR DO SOL NO INTERIOR E NAS FACHADAS ENVIDRAÇADAS, MAS TAMBÉM NO INVERNO EVITA A PERDA DE CALOR PELA SUPERFÍCIE DO VIDRO. FONTE: BEPEX

ALUMÍNIO COMPOSTO

FECHAMENTO - BLOCO AUDITÓRIO, PRETO E CINZA ACETINADO.

- FECHAMENTO LEVE - AGILIDADE - CONFORTO ACÚSTICO - POSSIBILIDADE DE COMPOSIÇÕES

O ALUMÍNIO COMPOSTO SÃO PLACAS PRÉ-FABRICADAS QUE EM SUA COMPOSIÇÃO TEM DUAS CHAPAS DE ALUMÍNIO E UMA DE POLIESTIRENO NO INTERIOR, TRAZ A POSSIBILIDADE DE VÁRIAS COMPOSIÇÕES. FONTE: ALUMIGLASS

81


AMPLIAÇÃO

1

2

2

1

82


AMPLIAÇÃO 2- 1:40

AMPLIAÇÃO 1- 1:40

PINGADEIRA .34

19.61

.34

IMPERMEABILIZAÇÃO 1.20

1.20

1.20

1.20

1.20

1.20

1.20

1.20

1.20

1.20

1.00

18,48 M

PERFIL METÁLICO 50X30 cm

.80

.26

.20 .28

.50

LAJE ALVEOLAR

1.20

1.34

1.20

RALO PLATIBAMDA COM TIJOLOS DE CONCRETO

.20 .28

18,48 M

.50

1.14

1.36

PISO ELEVADO COM PLACAS CIMENTICIAS DE 100 cm

.30

10.00

.30

4.27

VIGA METÁLICA 80X30 cm CAIXILHOS 436X200 cm BRISE METÁLICO

4.27

8.74

9.24

13,06 M

GUARDA CORPO DE VIDRO PARA MESANINO 110X120 cm

GUARDA CORPO INTERNO METÁLICO

MONTANTE METÁLICO PARA SUPORTE DOS CAIXILHOS

1.20

MONTANTE METÁLICO PARA SUPORTE DOS BRISES

8,26 M

7.20

.80

.80

.26

.26

.50

8,26 M

0,00 M

PLATIBANDA, VIGA PERFIL "i" E BISE- 1:25

VIGA PERFIL "i" E LAJE ALVEOLAR - 1:25

LAJE ALVEOLAR, VIGA DE CONCRETO E MURO DE ARRIMO - 1:25

83


1970

2021

Proposta 84


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6. Conclusão Baseado nas pesquisas e estudos realizados, posso concluir que um centro artístico cultural seria muito positivo na periferia da zona oeste de São Paulo, pois representaria um grande desenvolvimento para região, preencheria um espaço, que hoje encontra-se vazio, com carência no que diz respeito à formação cultural e econômica. Taboão da Serra, assim como toda cidade de São Paulo, teve uma urbanização rápida, impactando em um processo de formação da cidade com pouca qualidade, talvez esse crescimento acelerado tenha deixado alguns pontos de cultura, educação, lazer e infraestrutura ausentes nesse local, que hoje conta com poucas possibilidades para esse fim. O edifício representa um fortalecimento da identidade local, dando um espaço conector para o cidadão exercer diversas atividades, para estabelecer vínculos mais próximos com o lugar que habita, para unir diversas pessoas em um ambiente diverso, para trazer a natureza no meio urbano e para melhorar os percursos.

A volumetria tem como partido “braços” que ligam a Vila Sônia e Taboão da Serra, o bloco superior “abraça” e aponta para o município e o bloco inferior leva as pessoas para todos lados, buscando conexões, e após o estudo em paralelo com o desenvolvimento do projeto, acredito que estas propostas fazem sentido, seria bem-vindo, já que a dinâmica da cidade, aqui estudada, aponta e “pede” por tais intervenções. Por fim, a arquitetura, sem seu lugar, perde o significado e o lugar sem arquitetura fica vazio, portanto a requalificação no espaço de intervenção faz sentido, pois o município “pede” e aponta por isso.

É um respiro, uma tentativa de estudar e entender que apesar de diversos problemas encontrados na periferia, é possível proporcionar infraestrutura de qualidade para todos, de forma democrática, de forma aberta, livre e confortável.

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SÃO PAULO 2021


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