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Introdução
Talvez você narre muitas histórias para as crianças, use técnicas inovadoras, ludicidade, teologia, e tantos artifícios criativos. Tudo vai muito bem, e você satisfeito em sua “salinha”. Até que um dia você recebe um convite para pregar no culto das crianças.
Suas pernas tremem, a mão fica gelada, e sente aquele frio enorme na barriga. O medo toma conta de você que logo pensa: “Pregar? Eu?”
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Assim como você, eu já passei por isso!
Lembro-me da primeira vez que preguei num culto infantil: Havíamos levado o conjunto de crianças da nossa igreja para um culto numa das congregações. Percebi que a dirigente do culto estava agoniada, então quando uma criança recebeu oportunidade, me levantei, passei por de trás do altar e fui falar com ela, ver se precisava de algo.
Ela me respondeu que a pregadora não havia chegado, e que a próxima oportunidade seria a pregação.
Inocentemente eu disse: “Olha, eu trouxe aquela Bíblia que contém esboço e com o livro sem palavras anexado. Eu te empresto para você pregar!”
Ela respondeu: “Sério? Ai que benção irmã! Glória a Deus por sua vida!”
Voltei para o meu lugar, peguei a Bíblia, coloquei na mesa que estava no altar e me sentei novamente.
A criança acabou de cantar e a dirigente disse “Vamos ouvir a pregação com a tia Flávia!”
A tia que estava do meu lado (que havia me acompanhando para levar as crianças), me perguntou se eu ia pregar. E eu disse que não, que havia emprestado a minha Bíblia.
A dirigente chamou pela segunda vez, e eu nada... pois eu não era a pregadora.
Na terceira vez, ela disse meu nome, sobrenome e o nome da minha congregação. Irmãos, eu nem sei explicar qual foi minha sensação! Não sabia se sorria ou chorava, se andava ou ficava quieta. Parecia que havia um saco de gelo na minha barriga.
Fui caminhando devagar para o altar e em pensamento falando com Deus: “O que eu vou fazer?”
Mas... Deus cuidou de tudo! Venci o medo, o frio na barriga e busquei dependência no Senhor.
Depois deste grande desafio, recebi outros convites de amigas para “dar um socorro” em seus cultos, pois naquela época não havia tantos pregadores e as redes sociais eram muito limitadas, então não tínhamos muito conhecimento. E assim começou o meu ministério itinerante: socorrendo minhas amigas.
Alguns meses depois, nossa igreja iria fazer uma festa de encerramento anual para as crianças (dia 27 de dezembro de 2006). Na época, era minha irmã Fernanda quem estava organizando. E ela me pediu que pregasse para as crianças e trouxesse algo diferente.
Eu entrei em propósito com Deus para que Ele desse uma “novidade” (confesso que imaginava alguma estratégia nova para contar a História).
Lembro-me que nesta época, usava muito o MSN, e conversava com algumas pessoas de vários lugares. Então conversei com uma menina que se vestia de palhacinha, e ela me orientava a me vestir de palhaça, e eu pensava: “Mas não é isso que Deus quer de mim!”
Neste período, fui pregar numa igreja e recebi de presente um arranjo de girassol, eu coloquei no meu quarto ao lado do computador.
Depois de alguns propósitos e oração para que Deus me concedesse novidades para pregar, o Senhor falou comigo de forma linda e simples.
Ele disse para que eu me vestisse de boneca, mandou que pegasse uma roupa que estava há anos guardada. Me falou o local que estava,
me mandou olhar para o lado direito e colar muitos girassóis do arranjo que havia ganho e que estava ao lado do meu computador, então Ele disse que eu seria a "Gigi".
Gigi por conta do girassol, que é uma flor que está sempre olhando para a luz, e que não era para eu me importar com os outros, mas que fixasse os olhos nEle.
E assim, surgiu a Boneca Gigi – um presente lindo do Senhor. Postei uma foto da Gigi no antigo ORKUT (que só permitia postar dez fotos), minha cunhada Cristina viu, e pediu que eu fosse ao complexo do Alemão pregar para as crianças. As três igrejas convidadas que estavam no culto, pediram para a Gigi ir visitá-las em seus cultos também. E assim, a Gigi foi indo... com roupas singelas, maquiagem simples, com cheiro de simplicidade, mas que surgiu no coração de Deus, e não no meu.
Na época alguns se assustaram com a tal inovação, afinal de contas, até anos atrás nem fantoches entravam em determinadas denominações, que dirá uma boneca!
Recebi críticas e elogios, abraços e repúdios. Mas quando estamos focados em Deus e temos a certeza para que Ele nos chamou, não nos importamos. Passamos pela batalha e nos garantimos no general.
Cometi erros e acertos, mas não desisti. Deus me levou para lugares que nunca ousei imaginar que iria. Cada nova terra que piso, trago comigo a memória das promessas de Deus em minha vida.
Nunca ousei sonhar que pudesse conhecer lugares e pessoas de terras tão longes da minha. E o melhor, a serviço do Senhor! Nunca imaginei sair do meu pequeno Cachoeiro e alçar voos, pisar em dunas, ver praias paradisíacas, caminhar em pontes de palafitas, pisar na linha do Equador, andar de barquinho, me banhar nas aguas do rio Amazonas, passar entre bandidos armados, correr de rato do quarto na hora de dormir, comer comidas típicas, acordar numa casinha da roça ao som do galo cantando, abraçar índios na tribo, subir comunidades, sentir o frescor das Cataratas, brincar num parque que só via na TV, andar em ruas que só via em livros de História e Geografia, dançar ao lado de cantoras que só conhecia da capa de um disco vinil, pisar na neve, dormir em hotéis simples e luxuosos, escrever livros e assinar com editoras, compor músicas infantis e ir para fora das fronteiras brasileiras... Nunca imaginei que seria recebida por grandes homens, por outros países, por editoras e sentar-se à mesa com príncipes. Nunca sonhei, mas Deus sonhou para mim, e é Ele quem faz!
Sem precisar me oferecer, sem soltar piadinhas para auto convites, sem autopromoção e desespero por "inscreva-se no meu canal", sem amizades falsas e interesseiras, e sem cartaz de agenda aberta...
Quem me leva? Ele! E tem mais promessas, mais novidades, mais surpresas, mais chão para pisar, mais pessoas para conhecer, mais propósitos para cumprir. Simplesmente por Ele, para Ele e com Ele.
A Ele toda Glória! A Ele toda Honra! A Ele toda criatividade! A Ele todo louvor!
Hoje, a Gigi está guardadinha, mas tenho planos futuros para ela, que está embaixo do meu joelho (em oração) para tirá-la da Mala de Ideias, assim que Deus ordenar.
O engraçado é que até hoje me perguntam se a Boneca Gigi vai voltar e pasmem, ainda recebo convites para pregar de boneca.
A Gigi foi uma fase linda, única e um enorme presente de Deus em minha vida! Mas, me caracterizar de boneca não combina mais comigo!
Precisamos ter sensibilidade e maturidade para entender quando é o momento de parar e traçar novos rumos baseados no discernimento e vontade de Deus.
Continuo pregando para crianças? Sim!
Mas apenas em minha igreja e sem caracterização.
Durante anos a “Chiquinha do Chaves” fez sucesso, e quando envelheceu tentou trazê-la novamente. Deu certo? Não!
Sabe por quê? Porque tudo tem seu tempo!
Atualmente meu trabalho é preparar professores, ajudar líderes, auxiliar pastores e orientar pais. Este é o meu tempo e o meu presente momento.
Hoje, a preparação de ministros visionários pra mim é prioridade. Pregadores "andam", mas construções permanecem, eu decidi construir alicerces através de preparação de líderes e levantar a bandeira que carrego há anos com a frase "MINISTÉRIO INFANTIL NÃO É BRINCADEIRA!".
Mas, o que quero que você entenda é que Deus trabalha da forma que Ele deseja, com estratégias que Ele nos dá, e que todos nós somos passivos de erros, porém o que não podemos é viver no erro sem humildade para aprender. Tive muitas dificuldades e críticas, mas poucas ajudas.
Este livro teve seu início quando ainda fazia seminário, durante a aula de homilética. Eu pensei: “Por que não temos homilética kids?” Seria um auxílio para ajudar ministros de crianças. E, mais uma vez Deus me surpreendeu concedendo esta ferramenta. Entendo que recebemos quando damos. E que não existe ministério, se não servir ao próximo, e quando não usamos os nossos dons e talentos para abençoar, não temos ministério. E hoje, quero te servir através desta obra, para te nortear e te fazer entender que nada é impossível quando estamos na dependência do Senhor.
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