Responsabilidade social: EssĂŞncia do cooperativismo
Responsabilidade social: EssĂŞncia do cooperativismo
Ficha Técnica Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo-Sescoop
Qualquer parte dessa obra poderá ser reproduzida, desde que citada a fonte. Qualidade de vida como valor do Cooperativismo. / Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo. - Brasília, 2012. 52 p. Cartilha sobre Responsabilidade Social realizada pelo Sescoop, 2012. 1. Promoção Social. 2. Responsabilidade Social 3. Cooperativa
Presidente: Márcio Lopes de Freitas
Superintendente: Luís Tadeu Prudente Santos Setor de Autarquias Sul, Quadra 04, Bloco “I” 70070-936 – Brasília – DF Tel.: (61) 3217-2119 Fax: (61) 3217-2121 Home Page: www.brasilcooperativo.coop.br E-mail: sescoop@sescoop.coop.br
Realização
Sescoop – Gerência de Promoção Social Maria Eugênia Ruiz Borba– Gerente Mateus Castelluccio – Analista Elane Guimaraes - Analista promocaosocial@sescoop.coop.br
Coordenação Técnica da Pesquisa Verso Projetos Sustentáveis Ltda Benedito Nunes Rosa
Responsável Técnico pela Pesquisa Lucas Amaral Lauriano
Coordenação de Comunicação
PUBLIC PROPAGANDA E MARKETING Brasília-DF, novembro de 2012
SEDE:
Setor de Autarquias Sul, Quadra 04, Bloco “I”, Edifício Casa do Cooperativismo 70070-936 – Brasília-DF Tel.: (61) 3217-2119 / Fax: (61) 3217-2121 Home Page: www.brasilcooperativo.coop.br E-mail: sescoop@sescoop.coop.br
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Sumário 07..................... Mensagem do presidente 09..................... Apresentação 10..................... Histórico do cooperativismo 11..................... O que são cooperativas? 12..................... Princípios cooperativistas 14..................... Definição de cooperativismo 15..................... O cooperativismo no brasil e no mundo Números atuais 16..................... 2012 – O ano internacional das cooperativas 18..................... O serviço nacional de aprendizagem do cooperativismo – sescoop Instrumentos de apoio aos objetivos estratégicos finalísticos 20..................... Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável O conceito de sustentabilidade O desenvolvimento sustentável e as organizações O triple bottom line 24..................... A responsabilidade social Responsabilidade socioambiental ou responsabilidade social? Evolução histórica do conceito Definindo stakeholder 30..................... Por que as organizações devem adotar princípios da responsabilidade social? 32..................... Norma internacional iso 26000 de responsabilidade social Introdução Princípios estruturantes da norma Visão integrada 34..................... Temas centrais da responsabilidade social Governança organizacional 38..................... Implementação da responsabilidade social 39..................... Elementos de apoio ao conceito da responsabilidade social Os objetivos e as metas do milênio – odm A conferência internacional sobre o meio ambiente – rio+20 48..................... Conclusão 50..................... Referências
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Diretoria Executiva
Márcio Lopes de Freitas – Presidente Luiz Tadeu Prudente Santos – Superintendente
Gerência Geral de Operações
Ryan Carlo Rodrigues dos Santos
Gerência Geral de Desenvolvimento de Cooperativas Mauricio Cordeiro Alves
Mensagem do presidente O mundo é um grande laboratório de experiências, onde os seres humanos, integrados à natureza e fortalecidos por valores morais e espirituais, avançam com um padrão de desenvolvimento extraordinário, apesar de serem um dos mais recentes ocupantes desta nave planetária chamada Terra. No cálculo que se tornou clássico na literatura científica popular, o astrônomo Carl Sagan (1934-1996) propôs que se toda a história do universo pudesse ser comprimida em um único ano, os seres humanos teriam surgido na Terra há apenas sete minutos. Nesse período, ele inventou o automóvel e o avião, viajou à Lua e voltou, criou a escrita, a música e a internet, venceu doenças, triplicou sua própria expectativa de vida e criou o cooperativismo. Mas foram também nestes mesmos sete minutos que a espécie humana desprezou seu próprio modelo social, seus semelhantes e agrediu a natureza de uma forma sem precedentes. É tempo de recuperar o que se perdeu pelo caminho e essa reconquista passa, necessariamente, pelo resgate das relações com a própria espécie e com as demais formas de vida que, juntas, constituem o que chamamos de meio ambiente. Para isso, o homem precisa reinventar sua maneira de pensar e agir no mundo, privilegiando as relações cuidadosas que impulsionam o de-
senvolvimento e a própria vida em evolução. E onde esse movimento pode ganhar força? No cooperativismo, que, pela sua essência, fundamenta-se em valores universais como honestidade, transparência e preocupação pelos outros, que também são elementos estruturantes do conceito de Responsabilidade Social. Por esse e tantos outros motivos, acreditamos que o campo da cooperação é o campo das transformações, é isso o que a história nos mostra. Para apoiar as cooperativas, os cooperados, os colaboradores e seus familiares neste processo transformador, o Sescoop lança esta cartilha - “O Cooperativismo e a Responsabilidade Social” – e convida a todos para que possam conhecer um pouco mais sobre esse tema que não só é oportuno, mas urgente e necessário. O que ele significa? De onde surgiu? Qual o seu propósito? Quais os seus benefícios? A quem se destina? São algumas das perguntas que poderão ser respondidas após uma leitura atenta e interessada. O conhecimento é libertador e indutor de mudanças. Mais uma vez, o cooperativismo irá somar forças e dar uma importante contribuição para a construção de um mundo melhor e uma sociedade mais justa para todos. Saudações cooperativistas Márcio Lopes de Freitas Presidente Sescoop
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Apresentação Esta cartilha tem o objetivo de ampliar o conhecimento geral do sistema cooperativista brasileiro sobre o tema da Responsabilidade Social, considerando a relevância de suas questões para o negócio das cooperativas, podendo impactar de forma positiva na sua gestão. A ideia central da cartilha é fornecer uma visão geral sobre o tema, permitindo que gestores, cooperados, colaboradores e familiares se apropriem desse conhecimento e o apliquem em sua rotina diária, entendendo Responsabilidade Social como um tema transversal a todas as relações sociais ou organizacionais que cada um mantém no seu dia-a-dia. A cartilha traz conceitos, definições e uma contextualização histórica do tema até chegar a um dos fatos mais relevantes para os estudiosos do assunto: a aprovação da Norma ISO 26000 que traz em seu extenso conteúdo uma abordagem completa que sintetiza a experiência e a contribuição de dezenas de países e suas organizações representativas que, nos últimos sete anos, trabalharam na formulação de uma Norma que atendesse aos anseios das mais variadas culturas e níveis de expectativas.
Ao receber a aprovação de 72 países na sua primeira versão, o trabalho mostra sua relevância para a sociedade e se apresenta como importante ferramenta de apoio à gestão das organizações, inclusive das cooperativas. Esta cartilha irá abordar também outros temas relevantes, como a Sustentabilidade, o Desenvolvimento Sustentável e os Objetivos do Milênio além de fatos contemporâneos de igual importância, como a Conferência Internacional sobre o Meio Ambiente promovida pela Organização das Nações Unidas no Brasil em 2012, que complementam o entendimento sobre a Responsabilidade Social, com o propósito de estabelecer no contexto global um conjunto harmônico de recomendações que podem ser úteis para a boa governança dos negócios. O objetivo é trazer a discussão deste assunto para a agenda estratégica das cooperativas, despertando em suas lideranças a importância do assunto como instrumento de auxílio na gestão dos negócios e para a melhoria do desempenho organizacional como um todo.
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Histórico do cooperativismo No final de 1843, na cidade de Rochdale, Inglaterra, as fábricas de flanela estavam em um momento de alta prosperidade. Entretanto, com o advento da revolução industrial e a migração de trabalhadores oriundos da área rural, as fábricas registravam um excedente de mão de obra disponível, resultando em mulheres e crianças trabalhando em condições sub-humanas e salários indignos, além de jornadas excessivas de trabalho. Foi nesse importante contexto histórico, tendo como panorama de fundo a prosperidade das indústrias e a miserabilidade dos trabalhadores, que alguns deles resolveram buscar melhorias nas condições de trabalho. Como era de se esperar, considerando os elementos contextuais, não conseguiram sucesso em suas reivindicações. Mantendo o espírito de luta na busca de melhores condições de vida, um grupo inicial de 28 tecelões resolveu unir esforços em um modelo de negócio que atenderia ao consumo de produtos básicos. Em dezembro de 1844, foi inaugurado um modelo de armazém que fazia suas compras de açúcar, farinha, manteiga e trigo com base em uma lista de necessidades coletivas de seus associados, que depois compravam esses produtos a um preço mais justo. Superadas as dificuldades iniciais de competitividade e sempre unido em torno de seu ideal original, o negócio foi prosperando e, em 1866, já contava com 5.300 sócios. Suas atividades foram encerradas quase 70 anos depois, mas, até hoje, o exemplo dos tecelões de Rochdale comprova a importância do trabalho cooperativo na superação de barreiras e dificuldades e inspira o cooperativismo mundial pelo exemplo de seus fundadores.
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O que são cooperativas? São organizações de pessoas que se unem em busca de melhoria de renda, baseadas em valores de ajuda mútua, responsabilidade, democracia, igualdade, equidade e solidariedade. Os objetivos econômicos e sociais nas cooperativas são comuns a todos e os aspectos legais e doutrinários são distintivos de outras sociedades. O empreendimento cooperativo tem características próprias e se fundamenta nos valores humanos e na dignidade pessoal. Ele busca a solução de problemas que, de maneira individual, seriam mais difíceis de serem resolvidos. Tem o objetivo de viabilizar o associado economicamente, mediante prestação de serviços, desenvolvimento cultural e profissional, funcionando como referência e centros de segurança para seus cooperados, em 13 ramos de atuação:
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Princípios cooperativistas O cooperativismo está fundamentado em sete princípios, a partir dos quais leva seus valores à prática. São eles:
Adesão voluntária e livre - Cooperativas são organizações voluntárias, abertas a todas as pessoas aptas a utilizar seus serviços e dispostas a assumir as responsabilidades como membros, sem discriminações de sexo, condição social, raça, política e religião.
Gestão democrática - As cooperativas são organizações democráticas, controladas pelos seus membros, que participam ativamente na formulação das suas políticas e na tomada de decisões. Os homens e as mulheres, eleitos como representantes dos demais membros, são responsáveis perante estes. Nas cooperativas de primeiro grau ou singulares, os membros têm igual direito de voto (um membro, um voto); as cooperativas de outros graus (Centrais, Federações e Confederações) também são organizadas de maneira democrática.
Participação econômica dos membros – Os membros contribuem equitativamente para o capital da sua cooperativa e controlam-no democraticamente. Parte desse capital é, normalmente, propriedade comum da cooperativa. O capital recebe uma compensação limitada. As sobras (diferença entre receitas e despesas) são destinadas parte para reservas, benefícios aos cooperados na proporção de suas transações com a cooperativa e outras destinações aprovadas em Assembleia Geral.
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Autonomia e independência – As cooperativas são organizações autônomas, de ajuda mútua, controladas pelos seus membros. Se firmarem acordos com outras organizações, incluindo instituições públicas, ou recorrerem a capital externo, devem fazê-lo em condições que assegurem o controle democrático pelos seus membros e mantenham a autonomia da cooperativa.
Educação, formação e informação – As cooperativas promovem a educação e a formação dos seus membros, dos representantes eleitos e dos trabalhadores, de forma que estes possam contribuir, eficazmente, para o desenvolvimento das suas cooperativas. Informam o público em geral, particularmente os jovens e os líderes de opinião, sobre a natureza e as vantagens da cooperação.
Intercooperação – As cooperativas servem aos seus membros de forma mais eficaz e fortalecem o movimento cooperativo, trabalhando em conjunto, através das estruturas locais, regionais, nacionais e internacionais.
Interesse pela comunidade – As cooperativas trabalham para o desenvolvimento sustentado das suas comunidades através de políticas aprovadas pelos membros (ETGETO et al., 2005).
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Definição de cooperativismo “Cooperativismo é uma forma de organização que tem como diferencial promover o desenvolvimento econômico e o bem-estar social simultaneamente. Baseado na união de pessoas, sendo este o seu maior capital, o cooperativismo é um modelo socioeconômico com referenciais de participação democrática, solidariedade, independência e autonomia. Ele visa às necessidades do grupo e não ao lucro, busca a prosperidade conjunta e não a individual. Por sua natureza e particularidades, o cooperativismo alia o economicamente viável ao ecologicamente correto e ao socialmente justo.” (OCB, 2011)
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O cooperativismo no brasil e no mundo No Brasil, a prática do cooperativismo teve início no final do século XIX, mas a cultura cooperativista já podia ser observada desde a época colonial. Ela se desenvolveu tanto no meio urbano quanto no rural, tendo forte influência das culturas alemã e italiana, principalmente na área agrícola. Os imigrantes trouxeram de seus países de origem a bagagem cultural, o trabalho associativo e a experiência de atividades familiares comunitárias, que os motivaram a organizar-se em cooperativas. Com a propagação da doutrina cooperativista, as cooperativas tiveram sua expansão com base em um modelo autônomo, voltado para suprir as necessidades dos próprios membros, evitando, assim, a dependência em relação a outros atores do mercado. Em 1971, ocorreu a regulamentação do segmento, com a sanção da Lei 5.764, na qual são especificadas as regras para a criação de cooperativas.
Números Atuais Em 2011, o total de associados às cooperativas ligadas à Organização das Cooperativas Brasileiras (OCB) passou dos 10 milhões, registrando um crescimento de 11% em relação ao ano anterior, quando foram contabilizados cerca de 9 milhões. Seguindo essa mesma linha, também foi observado crescimento no quadro de empregados, que fechou o último período em 296 mil, 9,3% a mais do que em 2010. Os dados fazem parte de um estudo da Gerência de Monitoramento e Desenvolvimento do Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop. O número de cooperativas ficou em 6.586, representando um decréscimo de 1% no comparativo com 2010. Para o presidente do Sistema OCB, Márcio Lopes de Freitas, essa redução mostra um caminho natural, de busca por maior competitividade no mercado. “As cooperativas se juntam, seja por fusão ou incorporação, para ter maior escala e, assim, ganharem mais espaço e ampliarem seus negócios. Em consequência disso, observa-se uma evolução significativa no total de associados e de empregados, ou seja, na força de trabalho”, diz. Consolidando os números mundiais, o cooperativismo reúne mais de 800 milhões de cooperados, em mais de 100 países, respondendo pela geração de cerca de 100 milhões de empregos, e está presente nos cinco continentes.
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O Ano Internacional das Cooperativas é fruto da estreita relação entre a Aliança Cooperativa Internacional (ACI) e a Organização das Nações Unidas (ONU), que têm como objetivo comum buscar o desenvolvimento econômico sustentado, a mitigação da pobreza e a intercooperação. Dessa aproximação resultou, em 2009, a Resolução, que instituiu o ano comemorativo. O slogan escolhido para nortear as ações de 2012 foi “Cooperativas constroem um mundo melhor”. A temática reflete não apenas o espírito cooperativista, mas também o compromisso do segmento com o desenvolvimento global. Com isso, a ONU sugere ações ligadas ao empoderamento feminino, à inclusão de jovens no mercado de trabalho e ao empreendedorismo, que mostram o cooperativismo como instrumento para geração de renda e consequente redução da pobreza. Dentre outros objetivos, destacam-se: • Aumentar a consciência pública sobre as cooperativas e os benefícios aos seus membros, a contribuição para o desenvolvimento social e econômico e a integração com os Objetivos de Desenvolvimento do Milênio; • Promover a conscientização na rede global sobre o cooperativismo e seus esforços para fortalecer as comunidades, a democracia e a paz; • Promover a criação e crescimento de cooperativas e ações para atender às necessidades socioeconômicas do setor; • Encorajar os governos a estabelecer políticas, leis e regulamentos que levam à criação, ao crescimento e à sustentabilidade das cooperativas.
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O serviço nacional de aprendizagem do cooperativismo – Sescoop O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop – é integrante do Sistema Cooperativista Nacional. Foi criado pela Medida Provisória nº 1.715, de 03-09-98, e suas reedições regulamentadas pelo Decreto nº 3017 de 06-04-99. Seus objetivos são: • Organizar, administrar e executar o ensino de formação profissional, a promoção social dos empregados de cooperativas, cooperados e de seus familiares, e o monitoramento das cooperativas em todo o território nacional; • Operacionalizar o monitoramento, a supervisão, a auditoria e o controle em cooperativas; • Assistir as sociedades cooperativas empregadoras na elaboração e execução de programas de treinamento e na realização de aprendizagem metódica e contínua; • Estabelecer e difundir metodologias adequadas à formação profissional e promoção social do empregado de cooperativa, do dirigente de cooperativa, do cooperado e de seus familiares; • Exercer a coordenação, supervisão e a realização de programas e de projetos de formação profissional e de gestão em cooperativas, para empregados, associados e seus familiares; • Colaborar com o poder público em assuntos relacionados à formação profissional e à gestão cooperativista e outras atividades correlatas; • Divulgar a doutrina e a filosofia cooperativistas como forma de desenvolvimento integral das pessoas; • Promover e realizar estudos, pesquisas e projetos relacionados ao desenvolvimento humano, ao monitoramento e à promoção social, de acordo com os interesses das sociedades cooperativas e de seus integrantes.
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Visão
Missão
Ser reconhecido por sua excelência em formação profissional cooperativista, como promotor da sustentabilidade e da autogestão das cooperativas e como indutor da qualidade de vida e bem-estar de cooperados, empregados e familiares (SESCOOP, 2012b).
Promover o desenvolvimento do cooperativismo de forma integrada e sustentável, por meio da formação profissional, da promoção social e do monitoramento das cooperativas, respeitando sua diversidade, contribuindo para sua competitividade e melhorando a qualidade de vida dos cooperados, empregados e familiares (SESCOOP, 2012b).
Instrumentos de Apoio aos Objetivos Estratégicos Finalísticos Para sedimentar o caminho para alcançar a sua Missão, o Sescoop definiu, em seu Planejamento Estratégico 2010-2013, treze Objetivos Estratégicos, divididos em dois grupos: Finalísticos e Administrativos e de Apoio. Dos treze objetivos, quatro estão sob responsabilidade da Gerência de Promoção Social: 1- P romover a cultura da cooperação e disseminar a doutrina, os princípios e os valores do cooperativismo em todo o Brasil. 6- Incentivar as cooperativas na promoção da segurança no trabalho. 7- Promover um estilo de vida saudável entre cooperados, empregados e familiares. 8- I ntensificar a adoção da responsabilidade socioambiental na gestão das cooperativas brasileiras (SESCOOP, 2012b) Para que esses objetivos possam ser alcançados, a Gerência de Promoção Social está lançando uma série de publicações que poderão ajudar cooperativas, cooperados, colaboradores e familiares a compreenderem melhor os temas tratados em cada um dos objetivos. A presente cartilha é dedicada ao tema “Responsabilidade Social”. Nas próximas páginas, você vai conhecer um pouco mais sobre esse assunto. Leia, compartilhe, divulgue e multiplique este conhecimento. Boa leitura.
Sustentabilidade e desenvolvimento sustentável O Conceito de Sustentabilidade Sustentabilidade, nos dicionários, está definida como a capacidade de ser sustentável. Mesmo parecendo uma redundância, esse conceito, quando aplicado em relação à atuação humana frente ao meio ambiente em que vive, é plenamente compreendido e se assenta como uma luva. Nesse contexto, a sustentabilidade pode ser entendida como a capacidade que um indivíduo, grupo de indivíduos ou empresas e aglomerados produtivos em geral têm de manterem-se inseridos em um determinado ambiente sem, contudo, impactar negativamente esse meio. Sustentabilidade é, portanto, um conceito sistêmico, relacionado com a continuidade dos aspectos econômicos, sociais, culturais e ambientais da sociedade humana, sendo compreendido como um “estado de ser”, de tal forma que a sociedade, os seus membros e as suas economias possam atender suas necessidades e expressar o seu desenvolvimento no presente, preservando a biodiversidade e os ecossistemas naturais, buscando, ao mesmo tempo, alternativas de conservação desses recursos para as gerações futuras.
O Desenvolvimento Sustentável A reunião do Clube de Roma, ocorrida em 1948, pode ser considerada uma das primeiras manifestações organizadas da sociedade relativas à questão ambiental, quando os problemas decorrentes das atividades humanas no meio ambiente foram reconhecidos formalmente, por meio de uma série de indicadores que mostravam uma curva de falência dos recursos naturais. No estudo intitulado “Limites do Crescimento”, lançado posteriormente, em 1972, no formato de um livro com o mesmo nome, pesquisadores do Massachusetts Institute of Technology (MIT), utilizando modelos matemáticos, chegaram à conclusão que o planeta
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não suportaria o nível de crescimento populacional e a pressão sobre os recursos naturais e energéticos e o aumento da poluição, mesmo considerando o avanço das tecnologias já existentes e em fase de desenvolvimento. O documento, que também ficou conhecido como Relatório Meadows, em referência a dois de seus autores, Donnela Meadows e Dennis Meadows, mostrou que a degradação ambiental decorre, principalmente, do descontrolado crescimento populacional e da superexploração dos recursos naturais e que, não havendo estabilidade populacional, econômica e ecológica, esses
1. T exto baseado nas seguintes fontes: http://www.mundoeducacao.com.br/biologia/preservacao-ambiental.htm e http://www. infoescola.com/geografia/desenvolvimento-sustentavel/ 2. Texto baseado na seguinte fonte: http://www.brasil.gov.br/sobre/meio-ambiente/iniciativas/
recursos iriam se esgotar. Estavam lançadas as bases para uma nova concepção de desenvolvimento aliada à preservação dos recursos naturais – o desenvolvimento sustentável. Uma das consequências da repercussão desse trabalho foi a realização da Conferência de Estocolmo, em 1972, promovida pela Organização das Nações Unidas (ONU), objetivando discutir o assunto em profundidade e propor soluções. Representantes de 113 nações, de 250 organizações não governamentais e de organismos da ONU compareceram ao evento. Como principal resultado da Conferência, foi aprovada a Declaração sobre o Ambiente Humano, que introduziu na agenda política internacional a dimensão ambiental como condicionadora e limitadora do modelo tradicional de crescimento e do uso dos recursos naturais. O documento, também conhecido como Declaração de Estocolmo, foi estruturado em vinte e três princípios que deveriam nortear as decisões sobre políticas ambientais e, em síntese, determinou que “tanto as gerações presentes como as futuras tenham reconhecido como direito fundamental a vida em um ambiente sadio e não degradado”. Posteriormente, em 1983, durante a reunião da Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pela ONU e presidida pela então primeira-ministra da Noruega, Gro Harlem Brundtland, foi proposto que o desenvolvimento econômico fosse integrado à questão ambiental, consolidando o conceito
de “desenvolvimento sustentável” com o seguinte enunciado: “Desenvolvimento sustentável é aquele que atende às necessidades da atual geração, sem comprometer a capacidade das futuras gerações em prover suas próprias necessidades.” Isso significa usar os recursos naturais com equilíbrio, permitindo que as gerações futuras possam fazer o mesmo. É o desenvolvimento que não esgota os recursos, conciliando crescimento econômico, preservação da natureza e justiça social. Mas o grande marco para o desenvolvimento sustentável aconteceu na Conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, no Rio de Janeiro, em junho de 1992 (Rio 92), onde o termo e sua definição finalmente ganharam repercussão global, passando a figurar na agenda dos países como uma proposta de orientação para suas políticas de sustentabilidade.
O Desenvolvimento Sustentável e as Organizações
O Tripé da Responsabilidade Social O conceito, porém, já nasceu com uma amplitude multiorganizacional e era necessário transportar o seu entendimento para o ambiente empresarial. Nesse sentido, uma das possíveis formas de compreender o desenvolvimento sustentável nas organizações foi formulada em 1994, quando John Elkington cunhou o termo Triple Bottom Line (TBL). Esse conceito carrega o significado de que as organizações devem levar em consideração não somente questões econômicas, mas também questões sociais e ambientais que se relacionem com suas respectivas atividades (ELKINGTON, 2004). A partir da sua criação, as organizações passaram a desenvolver estratégias para que as três dimensões fossem atendidas em suas ações, formulando um modelo de gestão considerado mais responsável e, portanto, determinante no estabelecimento de uma sociedade sustentável. Na Figura 1, é possível observar como essas questões são representadas.
O objetivo final do desenvolvimento sustentável, inclusive no ambiente organizacional, é atingir um estado de sustentabilidade para a sociedade como um todo e para o planeta. Pelo fato de integrar objetivos econômicos, sociais e ambientais comuns a todas as pessoas, ele pode ser usado como forma de abarcar as expectativas mais amplas da sociedade, a serem levadas em conta por organizações que buscam agir responsavelmente.
Figura 1: O Tripé da Responsabilidade Social Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em ELKINGTON, 2004.
3. Em inglês, Triple Bottom Line
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A Responsabilidade Social A definição mais atual encontra-se registrada pela ABNT na NBR ISO 26000 (2010), aqui entendida como: A responsabilidade de uma organização pelos impactos de suas decisões e atividades (o que inclui produtos, serviços e processos) na sociedade e no meio ambiente, por meio de comportamento transparente e ético que: • contribua para o desenvolvimento sustentável e o bem-estar social; • leve em consideração as expectativas das partes interessadas; • esteja em conformidade com a lei, seja aplicável e consistente com as normas internacionais de comportamento; • seja integrado em toda a organização e praticado em seus relacionamentos (em toda sua esfera de influência).
Responsabilidade Socioambiental ou Responsabilidade Social? O conceito de Responsabilidade Socioambiental se assemelha ao de Responsabilidade Corporativa, ao de Responsabilidade Social e até mesmo ao de Sustentabilidade Corporativa, pois há a compreensão da escuta e incorporação das necessidades e perspectivas dos stakeholders (partes interessadas) nos processos, nas ações e estratégias das organizações. Os fundamentos dessa conceituação derivam do entendimento que prevalecia no sentido de que “sócio” englobaria todas as relações da sociedade e “ambiental”, as questões específicas do meio ambiente, porém sem considerar uma parte que estivesse diretamente ligada às questões da sustentabilidade. Com a publicação da Norma Nacional ABNT NBR ISO 26000, as várias denominações existentes foram unificadas em uma só – Responsabilidade Social – e o termo “empresa” cedeu lugar para “organizações”, ampliando a sua abrangência e tornando-o mais claro, o que deverá facilitar o seu entendimento e a sua aplicação pelos interessados.
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Evolução Histórica do Conceito Definida pela primeira vez por Howard Bowen em 1953, a Responsabilidade Social Corporativa pode ser interpretada como as “(...) obrigações dos empresários de satisfazerem as políticas, tomar decisões ou seguir linhas de ações desejáveis em termos de objetivos e valores de nossa sociedade” (CARROL, 1999). A percepção do autor, à época, era a de que as atividades dos grandes empresários influenciavam de alguma forma a vida dos cidadãos, e que, por isso, suas atividades deveriam estar alinhadas com aquilo que a sociedade espera dos negócios. Na década de 60, houve a proliferação dos conceitos de responsabilidade corporativa, época na qual os limites do crescimento econômico se tornaram aparentes (CARROL, 1999; CHRISTOFI; SISAYE, 2012). Em especial, os estudos de Keith Davis (1960) colaboraram para a formulação de um conceito de Responsabilidade Social. O autor afirma que a Responsabilidade Social são decisões e ações dos homens de negócio que vão além – ao menos em parte – dos interesses econômico e tecnológico diretos da empresa. Além disso, Davis é ainda o criador da chamada lei de ferro da Responsabilidade Social, que diz que quanto mais poder uma organização tiver, maior deve ser seu comprometimento com a responsabilidade social (CARROL, 1999). As formulações de Davis contribuíram significativamente para os estudos de Responsabilidade Social, e já indicavam a necessidade de considerar outros aspectos, que não o econômico. A partir da década de 70, as definições de Responsabilidade Social corporativa passaram a levar em consideração também aspectos ambientais, de acordo com os anseios dos governos e das sociedades (CARROL, 1999). Harold Johnson (1971) aponta que uma firma socialmente responsável balanceia uma multiplicidade de interesses, levando em consideração seus empregados, seus fornecedores, suas comunidades locais, etc. O estudioso ressalta, porém, que esse balanceamento é realizado de forma a garantir o lucro da organização no longo prazo (CARROL, 1999). Até 1975, as considerações sobre Responsabilidade Social Corporativa permaneciam relacionadas à definição do termo e às consequentes responsabilidades das organizações. Nesse ano, porém, Sethi lançou seu estudo com as dimensões da performance da responsabilidade corporativa, expandido posteriormente por Carrol (1999), passando a ter quatro dimensões. A Figura 2 representa as dimensões da responsabilidade corporativa.
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Figura 2: As quatro dimensões da responsabilidade corporativa Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em CARROL, 1999.
Na década de 80, já não houve a criação de tantos termos para a Responsabilidade Social Corporativa, mas sim temas e esquemas que poderiam retratá-la. Jones (1980) passa a trabalhar o assunto como um processo e não como um conjunto de resultados. Drucker (1984) também contribuiu para a sua evolução do tema ao enxergar que as oportunidades sociais deveriam ser tratadas como uma oportunidade de realização de filantropia e também como uma oportunidade de novos negócios. A partir dessa contribuição, o entendimento de que as questões envolvendo a comunidade também são revertidas em benefícios para as organizações ganha mais força e se consolida (CARROL, 1999).
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Na tentativa de operacionalização do conceito de Responsabilidade Social, Wartick & Cochran (1985) utilizam três grandes fundamentos estabelecidos por Carrol (1999) – ética, responsividade social e gestão de questões sociais – e os interpretam em princípios, processos e políticas. Na Figura 3, os fundamentos e suas interpretações para as organizações são apresentados (CARROL, 1999).
Componentes da responsabilidade corporativa Ético Responsividade social Gestão de questões sociais
Operacionalização nas organizações Princípios Processos Políticas
Figura 3: Operacionalização dos componentes da Responsabilidade Corporativa Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em Carrol (1999).
Em 1987, Epstein define a Responsabilidade Social como sendo relacionada primariamente com as decisões organizacionais que se relacionam a questões ou problemas que possam trazer benefícios, ao invés de efeitos adversos, a stakeholders pertinentes à organização (CARROL, 1999). No conceito, o termo stakeholder, que será tratado mais à frente, já substitui a antiga percepção de sociedade, governo, consumidores ou fornecedores, e passa a relacionar o conceito de Responsabilidade Corporativa ao de satisfação das necessidades e demandas dessas partes interessadas (CARROL, 1999).
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Definindo Stakeholder De acordo com Freeman (1984), um stakeholder pode ser qualquer indivíduo ou grupo de indivíduos que afetem ou se sintam afetados pelas atividades das organizações. A definição de Freeman pode ser considerada demasiadamente ampla, mas não deve ser descartada, já que diversas realidades e estruturas organizacionais podem ser abarcadas pelo conceito, que possui assim uma capacidade de adaptação considerável. (MITCHEL; AGLE; WOOD, 1997).
Figura 4: Representação de partes interessadas ou stakeholders Fonte: Elaborada pelo autor, baseado em Mitchel; Agle; Wood, 1997.
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É importante destacar, porém que as organizações devem definir com clareza quais são os stakeholders que fazem parte da sua estratégia de diálogo, em razão da natureza das suas atividades, podendo ocorrer para os mesmos stakeholders pesos diferentes na elaboração das estratégias de relacionamento. Por exemplo, uma indústria certamente terá uma relação de impactos com o meio ambiente mais intensa que um escritório de direito. Entretanto, ambos podem ter o meio ambiente como um de seus stakeholders e cada uma terá uma estratégia de lidar com as questões ambientais decorrentes da sua operação. Na década de 1990, o conceito de Responsabilidade Corporativa passa a servir de base para o estudo de diversos temas específicos que se relacionam com a gestão empresarial, como ética nos negócios, teoria de stakeholders e cidadania corporativa (CARROL, 1999). Carrol (1991) afirma que a Responsabilidade Corporativa até então não apontava diretamente a quem deveriam ser direcionados os esforços das organizações. Mas essa indefinição seria solucionada com o conceito de stakeholder, fazendo com que esses atores passem a ter “nomes e faces”. A partir dessas definições teóricas de Responsabilidade Corporativa, os esforços na atualidade passaram a se concentrar em como seus pressupostos podem ser aplicados nas organizações. Quando se fala na sua operacionalização, há a intenção de se integrar aspectos ambientais, econômicos e sociais em um sistema de gestão que possa avaliar os três aspectos de forma organizada e estruturada (KRAUS, BRITZELMAIER, 2012). Entretanto, ao mesmo tempo em que esse é o grande objetivo da Responsabilidade Social, é também o maior desafio para as organizações (FIGGE et al., 2002; CHRISTOFI; CHRISTOFI; SISAYE, 2012). Com o objetivo de auxiliá-las nas mudanças internas necessárias para a aplicação da Responsabilidade Social, diversos são os esforços dos governos, acadêmicos e organizações nacionais e internacionais para a formulação de abordagens e modelos que permitam às organizações compreenderem de forma clara e abrangente o que pode ser feito e como deve ser feito.
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Por que as organizações devem adotar princípios da responsabilidade social? A Responsabilidade Social possui como elemento central o relacionamento e diálogo com as partes interessadas da organização. Assim, justificar a Responsabilidade Social é observar quais são as vantagens que esses stakeholders podem trazer para a organização e como podem ser atendidos por ela no que se refere a seus interesses. Um motivo forte para que sejam levados em consideração pelas organizações é pensar justamente o contrário: por que eu não deveria me preocupar com os stakeholders identificados? Se o indivíduo, ou grupo de indivíduos, é percebido como tendo certo grau de influência nas minhas atividades, levar em consideração esses interesses desde o planejamento das atividades é uma atitude, acima de tudo, muito racional, pois evita retrabalhos, riscos desnecessários, problemas de imagem e reputação e diversas outras situações ad hoc que podem surgir em um relacionamento conturbado com esses stakeholders (LAURIANO, 2012). Outro indicador que pode ser mencionado é o aprendizado gerado no processo de identificação e engajamento de stakeholders, uma via alternativa ao tradicional conhecimento gerado internamente nas organizações. Essas são desafiadas a tratar de questões inéditas, incentivadas a inovar e desenvolver novas competências que as diferenciem de outras organizações presentes no mercado (LAURIANO, 2012). Com relação aos riscos do pioneirismo, esses podem ser evitados com a ação conjunta entre as organizações da mesma cadeia produtiva. Quando se fala em temas abrangentes como a Sustentabilidade e Responsabilidade Corporativa, a parceria é uma questão-chave na geração de soluções que satisfaçam ambos os lados. Deixar essas questões somente dentro das paredes da organização é um pensamento que dificulta o equilíbrio ambiental, econômico e social das suas atividades (LAURIANO, 2012). Mesmo com essas motivações e possibilidades, o processo de identificação e engajamento de stakeholders, na maioria das vezes, ainda não é realizado de forma proativa, panorama que deve se modificar nos próximos anos, com o aumento das demandas da sociedade civil, do governo e de outros possíveis stakeholders (LAURIANO, 2012). A diminuição de custos advindos da eficiência no uso de materiais e recursos naturais é um grande incentivo para a adoção de práticas de Responsabilidade Social e garante ainda o equilíbrio entre as atividades das organizações e a conservação do meio ambiente natural.
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Além disso, as organizações engajadas em práticas de Responsabilidade Social possuem outra vantagem: o aumento da lucratividade. Apesar de os estudos comparativos ainda serem recentes, as estatísticas já demonstram que as organizações com práticas de Responsabilidade Social no Índice Dow Jones possuem o dobro da rentabilidade das empresas da Bolsa de Nova York (LOURENÇO; SCHRODER, 2003). Na Tabela 1, outras motivações para o engajamento de stakeholders e a busca pela Responsabilidade Social são apontadas. •Fortalecer relacionamentos; •Melhorar a reputação da empresa; •Colher informações favoráveis ao processo de tomada de decisão; •Recolher informações e ideias úteis; •Aprender e inovar; •Solucionar conflitos. Tabela 1: Motivações para a adoção da Responsabilidade Social Fonte: LAURIANO, 2012
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Norma internacional iso 26000 de responsabilidade social Introdução A Norma Internacional ISO 26000 teve suas primeiras discussões em 2001, durante uma reunião do Comitê de Política de Consumidores da ISO, mas só começou a ser desenvolvida em 2005, e sua versão brasileira foi publicada no final de 2010 como ABNT NBR ISO 26000. A Norma tem como objetivo central traçar diretrizes para ajudar organizações de diferentes portes, origens e localidades na implantação e no desenvolvimento de políticas baseadas na sustentabilidade (ECODESENVOLVIMENTO, 2010). Ela se apresenta como um instrumento oficial capaz de integrar a forma como as organizações lidam com o mundo à sua volta. Essa é a sua grande importância e, apesar de reconhecer que já existem muitas respostas para tais demandas, entende, ao mesmo tempo, que há a necessidade de estruturá-las. Outro fato relevante é que o conceito de sustentabilidade empresarial é novo e ainda provoca ruídos na forma como as organizações o entendem e o comunicam, o que favorece a consolidação da ISO 26000 como mecanismo internacional de orientação e gestão organizacional. (ECODESENVOLVIMENTO, 2012).
Princípios Estruturantes da Norma •Responsabilidade em suas atitudes perante as partes interessadas. •Transparência nas informações repassadas aos públicos de interesse. •Comportar-se de forma ética em todas as suas relações. •Levar em conta os interesses de todas as partes que afetam e são afetadas pelo negócio. •Cumprir integralmente a legislação aplicável às atividades. •Adotar voluntariamente outras recomendações, mesmo que não prescritas em lei. • Reconhecer a importância dos direitos humanos e evitar que suas atividades comprometam esse entendimento.
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Visão Integrada A Norma está estruturada em temas, questões, expectativas e ações. Embora haja um entendimento de que todos os temas centrais se aplicam a todas as organizações, as questões dentro de cada tema e as ações dentro de cada questão não se aplicam, em sua totalidade, a todas as organizações. Assim, é preciso uma “customização” das questões e ações em razão da natureza de cada organização. Mas o que se espera das organizações é uma visão sistêmica da Norma, uma visão holística que considere todas as suas questões como intrinsecamente relacionadas e impactando na gestão das organizações. A ISO 26000 é um conjunto de recomendações e, como tal, deve ser compreendida pelos gestores, embora a sua aplicação possa se dar gradualmente, levando em conta o estágio de cada organização.
Figura 5: Os sete temas centrais da ISO 26000 Fonte: ABNT NBR ISO 26000, p.21, 2010.
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Temas centrais da responsabilidade social Como apresentado na Figura 5, a Norma está estruturada em 7 temas centrais relacionados à Responsabilidade Social, subdivididos em várias questões deles decorrentes e essas, por sua vez, têm expectativas e ações relacionadas. Uma breve introdução a cada um dos sete temas centrais é apresentada a seguir.
Governança Organizacional Trata dos processos e da estrutura de tomada de decisões, do poder e do controle da organização. É considerado um dos sete temas com suas questões correspondentes, mas, ao mesmo tempo, transcende essa conceituação pois trata-se da forma como todos os demais temas, questões e ações serão considerados na organização. Portanto, liderança é a chave para a governança organizacional eficaz, não só para a tomada de decisão, mas também para motivar os colaboradores a praticarem a Responsabilidade Social e integrá-la através da cultura da organização. Dentro deste prisma, todas as organizações devem implementar processos, sistemas, estruturas ou outros mecanismos para reforçar os princípios e as práticas de Responsabilidade Social.
Direitos Humanos Considera a verificação de obrigações e de situações de risco; resolução de conflitos, direitos civis, políticos, econômicos, sociais e culturais; procura evitar a cumplicidade e a discriminação e o cuidado com os grupos vulneráveis. Uma organização tem a responsabilidade de respeitar os direitos humanos, dentro de sua esfera de influência, não apenas considerando isso como uma obrigação, mas entendendo esse comportamento como essencial para o desenvolvimento e o aprimoramento das relações sociais com seus colaboradores.
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Práticas de trabalho Considera tanto o emprego direito quanto o terceirizado e o trabalho autônomo. Inclui as relações e as condições de trabalho, a proteção social, o diálogo social, a saúde e a segurança ocupacional, além do desenvolvimento humano dos trabalhadores. Práticas socialmente responsáveis no trabalho são essenciais para a justiça social, a estabilida de e a paz. Embora a principal responsabilidade de garantir um tratamento justo e igualitário aos trabalhadores caiba aos governos, por meio das leis que edita, as organizações devem efetivar o cumprimento dessas leis, agindo de acordo com suas premissas.
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Práticas leais de operação Considera o combate à corrupção, o envolvimento político responsável, a concorrência e a negociação justas, a promoção da Responsabilidade Social na esfera de influência da organização, além do respeito ao direito de propriedade. Práticas leais de operação dizem respeito à forma como uma organização usa suas relações com outras organizações para promover resultados positivos. Tais resultados podem ser alcançados por meio da liderança e da adoção de normas de Responsabilidade Social de maneira mais ampla em toda a esfera de influência da organização.
Consumidores Considera as práticas justas de negócios, marketing e comunicação responsáveis, proteção e saúde do consumidor, consumo sustentável, suporte, serviço pós-consumo, acesso a serviços essenciais e educação e conscientização. Isso significa fornecimento de informações precisas, transparentes e úteis, processos contratuais dentro da legalidade, proteção da saúde e segurança dos consumidores, suporte e resolução de reclamações e promoção do consumo sustentável, entre outras. As organizações têm oportunidades significativas para contribuir para o consumo e o desenvolvimento sustentável, por meio dos produtos e serviços que oferecem. Por consumidor compreende-se os indivíduos ou grupos de indivíduos que são afetados pelo resultado de decisões e atividades das organizações, sem necessariamente terem que pagar por isso (um comercial veiculado na televisão aberta, por exemplo).
Meio ambiente Considera a prevenção da poluição, o uso sustentável de recursos, a mitigação das e adaptação às mudanças climáticas, a preservação e conservação do ambiente natural, além dos princípios do ciclo de vida e das penas econômicas para os poluidores. A sociedade enfrenta muitos desafios ambientais, incluindo o esgotamento dos recursos naturais, a poluição, as alterações climáticas, destruição do habitat, extinção de espécies, o colapso de ecossistemas inteiros e a degradação de áreas rurais e urbanas. Identificar opções para reduzir e eliminar padrões insustentáveis e os volumes de produção e de consumo tornou-se fundamental, o que também garante que o consumo de recursos por pessoa torne-se sustentável. A responsabilidade ambiental é um pré-requisito para a sobrevivência e prosperidade dos seres humanos, portanto é um dos mais importantes aspectos da Responsabilidade Social.
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Envolvimento comunitário e desenvolvimento Considera o relacionamento com as comunidades, investimento social, desenvolvimento tecnológico, a geração de emprego e renda, promoção da saúde, educação e cultura. A participação ativa nas comunidades vai além da identificação das partes interessadas e da interação com elas, em relação aos impactos da organização. Acima de tudo, implica o reconhecimento, pela comunidade, do valor da participação ativa de uma organização em seu meio e das implicações decorrentes dessas atividades, inclusive após o seu encerramento. Algumas possibilidades de desenvolvimento das comunidades, por meio da participação das organizações, incluem a criação de emprego com expansão e diversificação das atividades econômicas, investimentos sociais na geração de riqueza e renda através de iniciativas locais de desenvolvimento econômico, da expansão da educação e do desenvolvimento de habilidades e pela promoção e preservação da cultura e das artes. O desenvolvimento das comunidades pode ainda incluir o seu fortalecimento institucional, dos seus grupos e fóruns coletivos, visando à sua própria sustentabilidade.
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Implementação da responsabilidade social A Responsabilidade Social deve ser vista como um novo modo de estruturar e operar os negócios e não apenas mais um elemento no modelo atual de gestão das organizações. Sempre que possível, entretanto, ela deve considerar os processos já existentes, propondo, por assim dizer, uma forma diferente de fazer as coisas e não necessariamente uma forma de fazer coisas diferentes.
Nesse sentido, as organizações podem: • trabalhar a sua compreensão, identificando as questões relevantes dos temas centrais, priorizando-os frente aos seus objetivos bem como aos impactos por eles gerados, definindo assim as sua estratégia de alinhamento com a Responsabilidade Social; • integrar toda a organização na direção da Responsabilidade Social, incorporando seus temas e suas questões na revisão de sua Visão e Missão, seus objetivos e estratégias, bem como em seus aspectos operacionais, a fim de que o conceito possa ser internalizado por todos os envolvidos; • incluir a divulgação das informações e a prestação de contas das atividades, com instrumentos que sirvam não só como apoio à gestão da própria organização, como também de estímulo ao diálogo com todas as partes interessadas. A comunicação pode se valer de ferramentas já estruturadas, como relatórios gerenciais e painéis de divulgação para os públicos internos e relatórios anuais (Balanço Social, por exemplo) para os vários públicos externos; • aperfeiçoar a sua gestão, incorporando gradualmente os componentes da Responsabilidade Social, avaliando o seu desempenho e propondo melhorias por meio de indicadores que permitam monitorar as atividades e fundamentar as propostas de mudança, gerando maior confiabilidade das informações, melhorando o desempenho e o resultado.
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Elementos de apoio ao conceito da responsabilidade social O Serviço Nacional de Aprendizagem do Cooperativismo – Sescoop – entende que o comportamento socialmente responsável das organizações leva em conta, principalmente, a percepção que elas têm sobre a importância do seu papel na sociedade, como agentes indutores de transformação, e a decisão de seus líderes em aderir ao movimento mundial em curso, para planejar e implementar mudanças estruturantes que coloquem a sociedade em um patamar de desenvolvimento que considere a sustentabilidade como pano de fundo de todas as suas atividades atuais e futuras. O Sescoop compreende também que as organizações são soberanas em suas decisões relativas às práticas socialmente responsáveis, assim como na forma e no tempo do seu alinhamento a esse comportamento. Com o objetivo de auxiliá-las nesta tomada de decisão, além de trazer para a reflexão nesta cartilha o tema da Responsabilidade Social, foram identificadas duas importantes iniciativas que podem contribuir para facilitar o entendimento e a aplicação dos princípios da Responsabilidade Social nas organizações, por parte de seus dirigentes. São elas:
Os Objetivos e as Metas do Milênio – ODM A constatação das consequências advindas da globalização frente aos distintos países demandou a construção de um plano de ação das Nações Unidas mais direto e intenso, que visava à solução concreta dos problemas, sendo demandado, agora, em nível global (OLIVEIRA, 2007). Desse modo, no ano 2000, foi realizada, na sede das Nações Unidas, a Cúpula do Milênio, que contou com representantes de 191 países-membros da ONU – a maior participação de líderes globais da história da instituição. O evento objetivava discorrer sobre o propósito do futuro comum da humanidade (PNUD, 2012). Assim, após uma cautelosa análise “(...) dos números, sobretudo quando os números refletem a improbabilidade de sobrevivência de milhões a curto/médio prazo por ausência de cuidados básicos” (OLIVEIRA, 2007, p. 320), foram apresentados os Objetivos do Milênio (ODM) (OLIVEIRA, 2007). O projeto internacional consiste no conjunto de oito finalidades de ação abrangentes, sendo configuradas, cada uma, com metas objetivas – sejam classificadas por porcentagens ou em iniciativas concretas (OLIVEIRA, 2007; PNUD, 2012). 39
De acordo com Oliveira (2007), os objetivos se fundamentam em: 1. Erradicar a pobreza extrema e a fome (reduzir pela metade a percentagem de pessoas cujo rendimento é inferior a um dólar por dia; reduzir pela metade a percentagem da população que sofre de fome); 2. Alcançar o ensino primário universal (garantir que todas as crianças, de ambos os sexos, terminem um ciclo completo de ensino primário); 3. Promover a igualdade entre os sexos e a autonomização das mulheres (eliminar as disparidades entre os sexos no ensino primário e secundário, se possível, até 2005, e em todos os níveis, no mais tardar, até 2015); 4. Reduzir a mortalidade de crianças (reduzir em dois terços a taxa de mortalidade de menores de cinco anos); 5. Melhorar a saúde materna (reduzir em três quartos a razão de mortalidade materna); 6. Combater o HIV/AIDS, a malária e outras doenças (deter e começar a reduzir a propagação do HIV/AIDS; deter e começar a reduzir a incidência da malária e de outras doenças graves); 7. Garantir a sustentabilidade ambiental (integrar os princípios do desenvolvimento sustentável nas políticas e nos programas nacionais; inverter a atual tendência para a perda de recursos ambientais; reduzir pela metade a percentagem da população que carece de acesso permanente à água potável; melhorar consideravelmente a vida de pelo menos 100.000 habitantes de bairros degradados até 2020); 8. Criar uma parceria mundial para o desenvolvimento (continuar a desenvolver um sistema comercial e financeiro multilateral aberto, baseado em regras, previsível e não discriminatório. Satisfazer as necessidades especiais dos países menos avançados. Satisfazer as necessidades especiais dos países em desenvolvimento sem litoral e dos pequenos estados insulares. Tratar de uma maneira global os problemas da dívida dos países em desenvolvimento através de medidas nacionais e internacionais, a fim de tornar a sua dívida sustentável no longo prazo. Em cooperação com os países em desenvolvimento, formular e aplicar estratégias que proporcionem aos jovens um trabalho digno e produtivo. Em cooperação com as empresas farmacêuticas, proporcionar acesso a medicamentos essenciais a preços comportáveis nos países em desenvolvimento. Em cooperação com o setor privado, tornar acessíveis os benefícios das novas tecnologias, em particular os das tecnologias da informação e comunicação) (OLIVEIRA, 2007, p. 320-321).
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Mais do que o alinhamento dos governos, é preciso também que as organizações estejam alinhadas com os objetivos propostos. Para tal, vinte e duas submetas e quarenta e oito indicadores foram estabelecidos. Assim, as organizações interessadas nos valores globalmente compartilhados podem se alinhar aos ODM e ainda acompanhar e utilizar como benchmarking as ações que vêm sendo realizadas pelos países. Para isso, foi criado o Relatório Nacional de Acompanhamento , no qual são registrados os avanços do Brasil e do mundo de acordo com os indicadores propostos. Há também o portal brasileiro dos Objetivos do Milênio e o Portal ODM , com estudos municipais e avaliação dos indicadores em cada um dos objetivos. É possível também a avaliação dos resultados em escalas nacionais, regionais e globais, facilitando a cobrança na perpetuação de melhorias e na propagação de exemplos e alavancas que incentivam a elaboração de estratégias complementares no intuito de atingir a potencialidade das ações (OBSERVATÓRIO METROPOLITANO, 2010).
Figura 6: Os Objetivos do Milênio Fonte: ODM, 2012.
* Disponível em: http://www.pnud.org.br/Docs/4_RelatorioNacionalAcompanhamentoODM.pdf * Disponível em: http://www.objetivosdomilenio.org.br/ * Disponível em: http://www.portalodm.com.br/
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A Conferência Internacional sobre Desenvolvimento Sustentável – Rio+20 Entre os dias 20 e 22 de junho de 2012, vinte anos após o primeiro encontro da ONU sobre meio ambiente e desenvolvimento (Rio 92), o Brasil sediou a Conferência das Nações Unidas sobre Desenvolvimento Sustentável (UNCSD), conhecida mundialmente como Rio+20, à qual compareceram cerca de 45 mil pessoas, em seus vários dias de atividades e painéis de trabalho. Esses foram divididos em dois grandes blocos de articulação: •Os Estados-membros da ONU (formados pelos governos dos países) •A Sociedade Civil (dividida em 9 grupos reconhecidos como Major Groups) Os objetivos da Conferência Rio+20 foram: 1.Assegurar e renovar o compromisso político com o desenvolvimento sustentável; 2. Avaliar o progresso e as falhas de implementação diante dos compromissos já acordados; 3.Definir novos desafios emergentes. Os dois temas em foco na Conferência foram: • Uma economia verde no contexto do desenvolvimento sustentável e da erradicação da pobreza; •Quadro institucional para o desenvolvimento sustentável. Esses temas foram subdivididos em sete assuntos críticos, os quais, pela sua natureza, interessam a todas as organizações, pelos impactos que representam nas dimensões da sustentabilidade.
http://www.rio-20.org/rio20/
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Empregos A recessão econômica e a crise financeira impactaram tanto a qualidade quanto a quantidade de empregos. A existência de empregos estruturados é fundamental para que a economia verde avance, principalmente através da formação dos chamados empregos verdes (agricultura, indústria, serviços e administração que contribua para a preservação e a restauração da qualidade ambiental e social). Os empregos verdes são capazes de trabalhar simultaneamente as três esferas da sustentabilidade: social, econômica e ambiental. Em um cenário em que a destruição ambiental está avançando, a perda da biodiversidade está cada vez maior e os limites planetários estão sendo alcançados (e em alguns casos, ultrapassados), é fundamental que as funções das pessoas abarquem não somente a geração de riquezas como sua distribuição e sua visão integrada. Embora a Rio+20 não tenha estabelecido metas para os empregos, ficou claro o propósito de, pelo menos, alcançar a meta dos Objetivos do Milênio relativa à empregabilidade de mulheres até 2015.
Energia Energia é um recurso vital para qualquer desafio que o mundo enfrente hoje, seja emprego, segurança, mudanças climáticas, produção de alimentos, aumento de riqueza. É fundamental que a produção de energia aumente, mas de forma sustentável, focando em energias renováveis, de baixo carbono e limpas, para fortalecer economias, proteger o ambiente e promover equidade social. Ainda é grande o número de pessoas sem acesso à energia ou com acesso intermitente, e quase metade das pessoas usam biomassa como fonte de energia para cozinhar e aquecer. Tendo em vista que a energia é o maior contribuinte para as mudanças climáticas, é fundamental que a matriz seja revista e analisada sob as novas premissas da sustentabilidade. 44
Cidades Cidades são pontos de referência, onde acontecem inovações em cultura, ciência, produtividade, desenvolvimento. No entanto, a concentração de pessoas e serviços gera também problemas ambientais e sociais que ficam cada vez mais prementes e visíveis. Os desafios mais comuns em centros urbanos são tráfego, falta de recursos para prover serviços básicos, falta de moradia adequada e perda de infraestrutura. Desde a Eco 92, muitos avanços já foram observados, principalmente em termos de infraestrutura, energia e transporte. Contudo, o aumento da urbanização e do número de habitantes gerou mais problemas e intensificou os existentes.
Alimentação A crise na produção e na distribuição de alimentos tornou fundamental a mudança no modelo mundial do setor. O potencial de geração de alimentos através da agricultura, pesca, pecuária é capaz de produzir alimentação suficiente e nutritiva para toda a população do planeta. Contudo, a degradação do solo, dos oceanos, dos estoques e a má distribuição de alimentos impedem que o potencial seja plenamente atingido. Segurança alimentar é garantir que todas as pessoas em todos os tempos tenham acesso físico e econômico a alimentação suficiente, segura e nutritiva, que atenda às necessidades e considera as preferências no que diz respeito a uma vida ativa e saudável. As ações propostas são para renovação dos compromissos, com especial atenção a questões sociais, o fortalecimento da mulher e o apoio intergovernamental.
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Água Água limpa e acessível a todos é uma parte fundamental para a saúde humana e para uma sociedade tão fundamentada na dependência de recursos hídricos. Existe um suprimento suficiente de água doce no planeta para abastecer todas as pessoas, bem como tecnologias disponíveis para dessalinização e tratamento. Contudo, a má distribuição de água e de renda e as mudanças climáticas estão prejudicando consideravelmente o suprimento de diversas comunidades. A falta de água, a má qualidade e o saneamento inadequado impactam negativamente na segurança alimentar, nas escolhas habitacionais e nas oportunidades de educação, principalmente de comunidades menos favorecidas pelo mundo. A expectativa é que, até 2050, uma em cada quatro pessoas viva em um país afetado por falta de água crônica ou recorrente.
Oceanos A importância dos oceanos para a manutenção da vida na Terra é imensurável, pois influenciam a temperatura, as correntes, a química, a biodiversidade, o fluxo de chuvas, o clima, a alimentação e o suprimento de oxigênio. Eles cobrem 72% da superfície da Terra e são críticos para a segurança alimentar global, para a prosperidade da sustentabilidade econômica e para o bem-estar de várias economias nacionais, particularmente de países em desenvolvimento. As novas medidas sugeridas incluem delimitação de áreas e responsabilidades, melhoria da gestão dos mares e oceanos, estabelecimento de áreas de proteção da biodiversidade.
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Desastres Os desastres causados por terremotos, inundações, secas, vulcões, tsunamis podem ter impactos enormes nas comunidades bem como no meio ambiente. É fundamental que se desenvolva a resiliência para superar, dentro do possível, os impactos, reduzir os danos e voltar às condições naturais (CRGRS, 2012).
Conclusão A Responsabilidade Social consiste em um conjunto de iniciativas por meio das quais as organizações buscam – voluntariamente e de forma ética – integrar considerações de natureza econômica, social e ambiental às suas interações com clientes, colaboradores, fornecedores, concorrentes, acionistas, governos e comunidades – os stakeholders ou partes interessadas –, visando ao desenvolvimento de negócios sustentáveis. Ao trazer o debate sobre Responsabilidade Social para o ambiente organizacional das cooperativas e comparando-o com os princípios do cooperativismo, percebe-se de imediato a sintonia e a complementariedade entre os dois conceitos. Os princípios do cooperativismo, por sua própria concepção, trazem embutidos em suas definições a essência de um comportamento sustentável, com uma visão mais abrangente sobre o conjunto de atitudes que conduzem os negócios cooperativistas, visando ao desenvolvimento humano e, por consequência, ao desenvolvimento da sociedade como um todo. O modelo cooperativista gera e distribui riquezas que vão irrigar permanentemente o sonho de um mundo mais justo e igualitário para todos, conceitos que ao longo da sua trajetória sempre tiveram o ambiente ideal para se desenvolver e prosperar. À Responsabilidade Social, por sua vez, cabe a instrumentalização dessas premissas, fazendo com que as organizações, de forma segura e 48
integrada, possam avaliar as suas dimensões, a sua aplicabilidade e os seus benefícios para os modelos de gestão. Em cada um dos 7 temas centrais, das 37 questões e das mais de 150 ações relacionadas, os gestores poderão encontrar um detalhado roteiro de aplicação das recomendações em suas organizações, levando em conta que o objetivo central da Responsabilidade Social também é contribuir para a rentabilização e a sustentabilidade dos negócios. Estabelecer os passos em direção à Responsabilidade Social significa preparar a organização para lidar com o futuro. Adotar uma postura socialmente responsável se configura como um trabalho que, – além de essencial para a sustentabilidade da própria organização e de gerar maior competitividade e durabilidade do negócio, – também contribuirá para a sustentabilidade ambiental e para a qualidade de vida das pessoas da atual e das próximas gerações. O cooperativismo brasileiro pode, novamente, se posicionar frente aos desafios e apresentar soluções que contribuam para o desenvolvimento da sociedade. Uma melhor compreensão acerca da temática da Responsabilidade Social, suas implicações para os negócios e os benefícios decorrentes da sua implantação no modelo de gestão das cooperativas, podem se configurar em boas razões para se aderir a esse movimento, já presente em escala mundial.
O processo, porém, é lento e gradual, pois requer que a cultura organizacional seja trabalhada, a definição de prioridades, a abertura para mudanças, a ousadia e o espírito empreendedor. Mas nenhuma dessas características é estranha ao cooperativismo ao longo de quase 170 anos de história e, mais uma vez, ele pode mobilizar suas forças neste desafio de pensar uma sociedade diferenciada, confiante de que, além de ser bom para o planeta e as pessoas, também será bom para os negócios.
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