4 Funcionalidade no idoso

Page 1

Vieira, L. (2013) Adopt a Strategy in Care to the Elderly for the Promotion of Functional Capacity During Hospitalization. Journal of Aging & Inovation, 2 (2): 33-44

REVISÃO NARRATIVA / NARRATIVE REVIEW

ABRIL, 2013

ESTRATÉGIAS A ADOTAR NA PRESTAÇÃO DE CUIDADOS À PESSOA IDOSA PARA A PROMOÇÃO DA CAPACIDADE FUNCIONAL DURANTE A HOSPITALIZAÇÃO ADOPT A STRATEGY IN CARE TO THE ELDERLY FOR THE PROMOTION OF FUNCTIONAL CAPACITY DURING HOSPITALIZATION ADOPTAR UNA ESTRATEGIA EN LA ATENCIÓN A LAS PERSONAS MAYORES PARA EL FOMENTO DE LA CAPACIDAD FUNCIONAL EN HOSPITALIZACIÓN

Autores

Luís Filipe Lopes Vieira1 1

Enfermeiro Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica - Área Específica: Pessoa

Idosa, MsC, Centro Hospitalar Lisboa Norte Corresponding author: luislvieira@gmail.com Resumo O envelhecimento da população conduz ao aumento da prevalência de doenças crónicas. Envelhecer é um processo inevitável que se traduz numa redução da capacidade orgânica e funcional não decorrente de acidente ou doença. O declínio funcional é geralmente associado a diversos fatores como a evolução natural da doença, a falta de apoio social, fatores comportamentais, a não adesão medicamentosa, dieta e estilos de vida. É necessária a avaliação da capacidade funcional logo na admissão e direcionar os cuidados não só para a doença mas também para a prevenção do declínio funcional. Torna-se essencial estar desperto para depressão geriátrica, para as alterações das atividades de vida, entre as quais os hábitos relacionados com a alimentação, os cuidados de reabilitação física, o envolvimento da família ou cuidador, e o planeamento atempado da alta. O Enfermeiro assume especial importância na promoção e implementação destes cuidados, sendo o profissional de saúde que mais tempo passa com a pessoa idosa, conhece as suas capacidades e a forma como as potenciar. Palavras-chave: Pessoa idosa; hospitalização; capacidade funcional

Abstract Population aging leads to increased prevalence of chronic diseases. Aging is an inevitable process that leads to a reduction in organic and functional capacity is not due to accident or illness. The functional decline is usually associated with several factors such as the natural evolution of the disease, lack of social support, behavioral factors, nonadherence with medication, diet and lifestyle It is necessary to assess functional capacity immediately upon admission and direct care, not only for disease but also for the prevention of functional decline. It is essential to be awake for geriatric depression, changes to life activities, including the habits related to nutrition, physical rehabilitation care, involvement of family or caregiver, planning and timely discharge. The nurse assumes special importance in the promotion and implementation of care, and the health care professional who spends more time with the elderly, know their capabilities and how the leverage.

Keywords: Elder, hospitalization, functional capacity

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 34

O Idoso e a Funcionalidade

O enfermeiro tem um papel indispensável na reabilitação da pessoa idosa, no entanto tem

O envelhecimento traduz-se num risco

sido desvalorizado e permanece mal definido.

crescente de deficiência, o avançar da idade

Este deve tentar melhorar a mobilidade,

encontra-se associado à doença, à

promovendo a atividade motora e sensitiva,

incapacidade e à fragilidade. Isto significa que

compreender os sintomas sem significado do

as práticas devem concentrar-se no que a

ponto de vista da pessoa idosa. Ajudar a

pessoa idosa pode e realmente quer fazer, e

adaptar-se às alterações na função, incorporar

não em estereótipos pré definidos. Embora as

as perspetivas dos cuidadores e familiares na

mudanças na fisiologia façam parte do

adaptação às mudanças. Deve compreender e

envelhecimento, a evidência acumulada mostra

respeitar as estratégias já utilizadas pela pessoa

que muitos dos processos da doença podem ser

idosa, sugerir práticas para reduzir a tensão,

modificadas e minimizados através de

stress e ansiedade, incluindo terapias

intervenções educativas e preventivas.

complementares, se necessário e possível.

A metodologia utilizada para a elaboração deste

Fornecer apoio em todos os aspetos da tomada

artigo foi a revisão da literatura científica da

de decisão e sempre que necessário facilitar o

prática baseada na evidência, alicerçada em

acesso aos sistemas de apoio para a pessoa

bases de dados e organismos internacionais tais

idosa e todos os outros cuidadores e familiares.

como: Hartford Institute for Geriatric Nursing,

É importante estar desperto para as diferentes

National Institute on Aging, Nurses Improving

perspetivas culturais e necessidades.

Care for Healthsystem Eldres (NICHE), National

Torna-se essencial registar a história de vida

Guideline Clearinghouse™ (NGC), National

anterior e rotinas, realizar avaliações de saúde

Institute for Health and clinical Excellence (NHS)

mental, necessárias para uma compreensão da

e Ebscohost. No contexto de aprofundar

capacidade da pessoa idosa se adaptar e se

conhecimentos sobre o cuidar à pessoa idosa.

necessário fornecer uma série de atividades

A reabilitação tem de abraçar todas as atividades diárias da pessoa idosa e deve centrar-se em três aspetos principais: reforçar e manter a qualidade de vida; restabelecer a atividade física, psicológica e social, e reconhecer o seu potencial de saúde e prevenção da doença. Esta deve procurar maximizar o cumprimento dos papéis e independência no seu ambiente, dentro das limitações impostas pela patologia (THOMAS, V., [et al] 2009).

para diminuir o estado confusional, otimizando o funcionamento mental. Aumentar a autonomia é imprescindível para o estado cognitivo. Espiritualmente o enfermeiro deverá garantir que a pessoa é capaz de manter contacto com seu mundo social, facilitar a continuidade de todas as atividades religiosas e espirituais (THOMAS, V., [et al] 2009). A reabilitação é um processo permanente em que se trabalha com a família, a equipa de reabilitação e a sociedade para atingir o seu nível ótimo de funcionamento, com o objetivo de prevenir complicações secundárias, promovendo a máxima independência, a

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 35

manutenção da dignidade e promoção da

oferecer apoio pessoal e experiência prática,

qualidade de vida.

para que a pessoa idosa siga o seu próprio percurso de vida. O envelhecimento humano

Deve promover-se a continuidade dos cuidados,

gera progressivas modificações morfológicas,

nomeadamente motivar o idoso para o auto

fisiológicas, bioquímicas e psicológicas que, se

cuidado, englobar a pessoa idosa na tomada de

associadas ao aparecimento de doenças

decisões, ensinar as habilidades que podem

crónicas e degenerativas, podem acelerar o

melhorar a sua qualidade de vida, manter uma

declínio funcional do indivíduo idoso. Essas

atividade física adequada evitando a

alterações comprometem a capacidade

deterioração, ouvir com vista a avaliar o sucesso

funcional do idoso a ponto de impedir o auto

dos cuidados e ser empático.

cuidado, tornando-o, muitas vezes,

O enfermeiro envolve-se em diferentes tipos de

completamente dependente (CARVALHO, G.,

funções quando trabalha com a pessoa idosos.

[et al] 2007).

As funções de apoio, incluem, prestar apoio psicossocial e emocional, ajudando no auxílio

As alterações do envelhecimento são

de transição da vida, realçando estilos de vida e

parcialmente responsáveis pelo aumento do

relacionamentos, facilitando a auto expressão e

risco de desenvolvimento de problemas de

a garantir a sensibilidade cultural. Funções

saúde na população idosa estando na base da

restaurativas, destinadas a potenciar a

diminuição da capacidade funcional. A

independência e a capacidade funcional,

sinalização de condições para uma avaliação

impedindo a sua deterioração e ou deficiência e

mais aprofundada permite ao enfermeiro

melhorar a qualidade de vida. Isto é feito através

implementar intervenções preventivas e

de um foco na reabilitação, que maximiza o

terapêuticas (FULMER, T, 1991; 2007).

potencial da pessoa idosa para a independência, incluindo a avaliação de

Nos EUA a Nurses Improving Care for Health

competências e realização de elementos

System Elders (NICHE) desenvolveu em 1990

essenciais do cuidado. As funções educativas

um de instrumento que designou “SPICES”.

envolvem o ensino do auto cuidado. A

O “SPICES” é um acrónimo para as síndromes

reabilitação tem como objetivo maximizar a

mais comuns de intervenção de enfermagem à

satisfação da pessoa idosa de forma equilibrada

pessoa idosa. É um instrumento eficiente e

atendendo às limitações impostas pela patologia

eficaz de obtenção de informações necessárias

e deficiência (THOMAS, V., [et al] 2009).

para evitar alterações de saúde e consequentemente declínio funcional. São

O processo de adaptação é importante, pois

medidas pró-activas centradas em seis pontos

geralmente a pessoa idosa que necessita de

comuns: S Sleep disorders, (problemas com o

reabilitação encontra-se numa grande crise de

sono); P Problems with eating and feeding,

identidade, ou estão em luto pela perda ou

(problemas com a alimentação e alimentar-se); I

interrupção de habilidades físicas, emocionais e

Incontinence (incontinência urinária e fecal); C

cognitivas. O papel do enfermeiro é ser parceiro,

Confusion (estado confusional); E Evidence of

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 36

fall (perigo de quedas) e S Skin breakdown

MCKENZIE, D., [et al] 2004). É necessário

(integridade cutânea) (FULMER, T. 2007).

fornecer proteínas e calorias suficientes para assegurar a ingestão adequada. Deve-se incluir

A perturbação do sono é comum durante o

as preferências pessoais do idoso na dieta e

internamento hospitalar e mais comum ainda na

proporcionar à pessoa idosa aquando da alta o

pessoa idosa. O stress do internamento, o

apoio dos serviços da comunidade se

despertar para os cuidados de rotina, a dor, os

necessário (EDINGTON, J., [et al] 2004; GRAF,

efeitos dos medicamentos, as mudanças no

C. 2006).

ambiente e o ruído podem comprometer ainda mais o sono durante a hospitalização. Deve ser

A incontinência, quer vesical quer intestinal, na

feito um esforço para criar um bom ambiente

pessoa idosa hospitalizada, pode variar em

para o sono da pessoa idosa. As medidas

intensidade e resultar em delírio ou demência.

podem incluir a minimização da conversa nos

Pode ter origem na redução da atividade

corredores e na sala de enfermagem durante as

funcional por motivo de doença, nos

horas de sono e limitar as intervenções de

medicamentos que interferem com a capacidade

enfermagem durante este tempo, por exemplo,

de detetar a plenitude da bexiga ou nas

adiar medição da tensão arterial, se a pessoa

perturbações da marcha que resultam em

idosa está clinicamente estável (TRANMER, J.,

dificuldade para se deslocar à casa de banho. A

[et al] 2003).

incontinência urinária está associada à diminuição do bem-estar físico e ao aumento do

O padrão nutricional é importante na avaliação

tempo de internamento (ANPALAHAN, M. &

da pessoa idosa. Num estudo realizado nos

GIBSON, S., 2008).

EUA, 20% dos idosos foram hospitalizados por desnutrição. O baixo índice de massa corporal e

A confusão temporária ou mais prolongada,

a desnutrição têm sido repetidamente

afeta um número elevado de idosos

associados a maiores taxas de mortalidade na

hospitalizados. Um estudo realizado a nível

pessoa idosa. Estes problemas podem ser mais

hospitalar, mostrou que quase um terço das

evidentes em idosos emagrecidos ou incapazes

pessoas idosas com idade superior a 70 anos

de se alimentar (GUIGOZ, Y., [et al] 2002).

apresenta delírium nas primeiras 24 horas após

Existe também uma associação estreita entre a

a admissão. Comer, dormir, dosagens dos

dor mal controlada e a rejeição aos alimentos e,

medicamentos e horários, podem provocar

entre a fome e uma sensação física de bem-

desorientação da pessoa idosa num ambiente

estar. A capacidade de se alimentar é uma

estranho. Deve-se avaliar o estado confusional

atividade básica do dia-a-dia. A pessoa idosa

da pessoa idosa numa tentativa de impedir a

hospitalizada tem muitas vezes dificuldades de

sua ocorrência, e intervir precocemente para

ordem prática quando se alimentam: a mesa de

reverter e atenuar o receio do que esta condição

cabeceira está fora do alcance; os utensílios são

pode provocar (EDLUND, A., [et al] 2006).

difíceis de usar; a comida está fria ou são incapazes de se posicionar (ST-ARNAUDJOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 37

É importante a identificam-se fatores de risco

Para maximizar a capacidade funcional e

por vezes associados a quedas da pessoa idosa

prevenir o seu declínio devem ser mantidas as

hospitalizada: a confusão; a instabilidade da

rotinas diárias do idoso, (ajuda a manter a

marcha; a incontinência ou frequência urinária; e

atividade física, cognitiva e social), incentivar a

a administração de medicação sedativa e

marcha, alargar ou flexibilizar o horário das

hipnóticos. É imprescindível identificar a pessoa

visitas, se possível incentivar a leitura do jornal.

idosa com história anterior de quedas e se

É também importante esclarecer a pessoa

necessário tomar medidas que visem a

idosa, familiares e cuidadores acerca da

prevenção ou a sua anulação. Se a pessoa

importância da promoção da independência e

idosa que não tem história de quedas cai no

alertá-los para as consequências do declínio

hospital, a avaliação e o tratamento devem-se

funcional, promovendo o ensino.

centrar na identificação de possíveis causas iatrogénicas (FONDA, D., [et al] 2006).

O declínio funcional pode ser é reversível se associado a doença aguda e, pode-se prevenir

A perda da integridade cutânea constitui

através de estratégias direcionadas para o

também uma das razões de perda da

exercício físico, (mantendo uma amplitude de

capacidade funcional. As úlceras de pele,

movimentos, flexibilidade e funcionalidade)

nomeadamente as úlceras de pressão podem

nutrição, controlo da dor e socialização

ser fatais na pessoa idosa. As úlceras na

(SIEGLER, E., [et al] 2002; TUCKER, D., [et al]

pessoa idosa imobilizada são provocadas por

2004; VASS, M., [et al] 2005).

diminuição da pressão arterial que provoca necrose tecidular. Os principais fatores de risco

É também importante diminuir o tempo de

são: a idade avançada; a imobilidade; a

repouso no leito, tendo em atenção as restrições

neuropatia, (que pode interferir com a deteção

físicas (sondas vesicais, nasogástricas, etc.), a

da dor); má nutrição, deficiência cognitiva,

medicação, especialmente medicamentos

(impedindo o auto cuidado, ou o

psicoativos, em doses geriátricas, avaliar e

reconhecimento de problemas), a fricção na

tratar a dor. Deve-se promover precocemente a

roupa da cama e a incontinência urinária

recuperação da função inicial, (se possível),

(resultando no aumento da humidade nas áreas

através de consulta precoce de medicina física e

de proeminências ósseas). Estas condições

reabilitação, nutrição e ensinos (KRESEVIC, D.,

fornecem quase de imediato necessidades de

[et al] 1998).

intervenção na pessoa idosa (FULMER, T. 2007).

O declínio funcional na pessoa idosa hospitalizada pode ter consequências

A avaliação pelo SPICES quando feita

devastadoras. É um resultado comum da

regularmente pode sinalizar necessidades e

cascata de dependência em que a pessoa idosa

contribuir para a prevenção e tratamento de

sofre as mudanças do envelhecimento, fazendo

doenças comuns (FULMER, T. 2007).

com que o repouso no leito ou imobilidade resulte em alterações fisiológicas irreversíveis,

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 38

com maus resultados na alta. Horários de

forma um vinculo forte com a pessoa idosa

passeio de rotina, atividades de prevenção à

hospitalizada, melhorando situação de saúde e

privação sensorial e alta hospitalar oportuna

promovendo um envelhecimento bem sucedido.

estão entre as intervenções que podem ajudar a

Os cuidados de enfermagem à pessoa idosa

prevenir o declínio funcional (GRAF, C. 2006).

devem ter como finalidade manter e valorizar a autonomia. Para isso, é necessário avaliar o

O cuidador principal ou familiar da pessoa idosa

grau de dependência e instituir medidas

deverá ser orientado sobre as vantagens das

direcionadas para atingir o maior nível possível

estratégias de intervenção e ter conhecimento

de independência funcional e autonomia. É

sobre as causas do declínio funcional

essencial uma avaliação multidimensional da

relacionadas com as condições agudas e

pessoa idosa centrada problemas atuais ou

crónicas da patologia. Dever-se-á também,

potenciais e individualizados para cada idoso.

fomentar o ensino para abordar as necessidades de cuidados de prevenção de

É importante comunicar com a pessoa idosa,

quedas, lesões e complicações mais comuns

constituindo um papel de destaque e

proporcionando a curto prazo cuidados

confiabilidade, pois deverá romper as barreiras

especializados de fisioterapia e a longo prazo

impostas por limitações de fala, audição,

ajustar os cuidados necessários para prevenção

confusão mental e diferenças culturais

de quedas. No regresso ao domicílio torna-se

(CASTRO, M. & FIGUEIREDO, N., 2009).

necessário realizar as adaptações necessárias para manter a segurança e independência,

Torna-se necessário registar-se o estado

incluindo dispositivos de apoio e adaptações no

funcional recente ou o declínio progressivo

domicílio. A pessoa idosa, como parte integrante

devendo ser avaliado ao longo do tempo para

deste processo, deverá ser estimulada a

validar a sua evolução. Nesse sentido, o plano

alcançar a maior independência, o nível

de cuidados deverá ser atualizado e se

funcional possível e a melhor qualidade de vida.

necessário reajustado ao longo do

Os enfermeiros devem estar atentos à avaliação

internamento. A avaliação funcional inclui um

e identificação da pessoa idosa suscetível de

processo sistemático de identificação de

apresentar declínio funcional (KRESEVIC, D.,

habilidades físicas na pessoa idosa a precisar

[et al] 1998).

de ajuda. Os instrumentos de avaliação padronizados funcionais são utilizados como

A avaliação da capacidade funcional deve ser

uma linguagem comum para comunicar o

integrada nos cuidados, devendo esta ser

estado funcional entre os prestadores de

registada no processo de enfermagem, tal com

cuidados. A súbita mudança do estado funcional

as intervenções, metas e resultados esperados.

poderá indicar o início de uma doença aguda ou

Deve-se também promover estratégias de

exacerbação de uma doença crónica. Esta

prevenção e reparação da capacidade funcional.

avaliação funcional deve feita com base em

Atendendo a estes factos o enfermeiro tem um

escalas de avaliação da capacidade funcional

papel fundamental na qualidade de vida, pois

(CASSEL, C. 2004; KRESEVIC, D. 2008).

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 39

Estas escalas devem ser eficientes, de fácil

longo prazo. É importante que a avaliação

interpretação e aplicação, com a finalidade de

abranja além da história e exame físico, a

proporcionar informações úteis e quantificáveis

análise da marcha, do equilíbrio e da

que devem ser englobados na história da

capacidade funcional, ou seja, a capacidade

pessoa idosa e incorporadas nas rotinas diárias,

para exercer as AVD’s (FREITAS, E., [et al

tendo como base as avaliações (GRAF, C.

2002).

2006).

A utilização de instrumentos de avaliação tem importantes implicações na qualidade de vida da

A introdução de um sistema de avaliação

pessoa idosa, uma vez que facilita ações

funcional baixa a incidência e prevalência de

preventivas, assistenciais e de reabilitação.

declínio funcional, contribuindo para a

Estas ações contribuem para um processo de

diminuição da morbilidade e da mortalidade

envelhecimento com maior esperança de vida

(KRESEVIC, D. 2008). Os métodos para a

saudável e uma tentativa de recuperação ou

avaliação funcional estruturada, consiste na

manutenção da capacidade funcional (ROSA, T.,

observação direta (testes de desempenho) e

[et al] 2003).

questionários, sistematizados por meio de

A escala da Avaliação Breve do Estado Mental

escalas que aferem os principais componentes

(MMS), elaborada por Folstein [et al] em 1975, é

da dimensão (PAIXÃO, C. & REICHENHEIM,

provavelmente dos testes mais utilizados

M., 2005).

mundialmente quando se pretende uma avaliação da função cognitiva ou rastrear

É também importante a comunicação

quadros demenciais. Pode ser usado

interdisciplinar sobre estado funcional,

isoladamente ou incorporado a instrumentos

alterações e expectativas de evolução,

mais amplos (LOURENÇO, R. & VERAS, R.

promovendo reuniões de equipa multidisciplinar,

2006). Permite avaliar o estado cognitivo em

incluindo a pessoa idosa e familiares, sempre

função da escolaridade da pessoa, tendo a

que possível (KRESEVIC, D., [et al] 1998).

vantagem de ser relativamente simples de

Recomenda-se uma abordagem de cuidados

realizar. Está validado para Portugal pelo Grupo

que vai além do registo da história clínica e os

de Estudos de Envelhecimento Cerebral e

sinais vitais para observar as mudanças na

Demência (MENDONÇA, A., [et al] 2008).

pessoa idosa mas sim o estado mental,

É importante a avaliação de presença de

funcional, nutricional e suporte social (AMELLA,

sintomatologia depressiva utilizando a Escala de

E. 2004).

Depressão Geriátrica (GDS-15). Os transtornos do humor são uma das patologias psiquiátricas

A avaliação geriátrica global é um sistema de

mais comuns na pessoa idosa, são

diagnóstico que aborda a área médica, funcional

responsáveis pela perda de autonomia e

e psicossocial. Tem como objetivo detetar

agravamento de quadros patológicos pré-

prematuramente potenciais deficiências, traçar

existentes. Em 1983, Yesavage e colaboradores

tratamentos terapêuticos adaptados e

desenvolveram e validaram um instrumento de

monitorizar a progressão do declínio funcional a

triagem para a depressão designado de Escala

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 40

de Depressão Geriátrica (GDS). A depressão é

estudos internacionais nos mais diversos

o problema de saúde mental mais comum na

ambientes e está validado para Portugal.

terceira idade, no entanto por vezes associa-se,

A capacidade de marcha é um parâmetro a

de forma errada, que os sintomas depressivos

avaliar na capacidade funcional. Existem vários

fazem parte do envelhecimento (FERRARI, J. &

testes para a avaliação da marcha no entanto

DALACORTE, R., 2007). Está validada

podem tornar-se complicados e a sua avaliação

internacionalmente e amplamente utilizadas na

ser morosa. A observação direta de como um

avaliação geriátrica global e de domínio público,

individuo sai da cama, se senta numa cadeira,

auxiliando a determinar a necessidade de

fica de pé e caminha uma pequena distância de

tratamento (ADELMAN, D., [et al] 2003).

forma equilibrada, com ou sem ajuda é

O Índice de Barthel avalia o nível de

importante para obter uma avaliação segura.

independência da pessoa na realização de dez

O teste levanta e ande (get up and go) pode ser

atividades básicas de vida: alimentação; banho;

aplicado pelos enfermeiros para avaliar a forma

cuidados pessoais; vestir; transferências;

de marcha durante as atividades de vida diária

deslocação; subir e descer escadas; uso dos

na pessoa idosa (MEZEY, M., [et al] 2006).

sanitários; controlo da bexiga e controlo

Apresentado em 1986, tem como objetivo a

intestinal (MAHONEY, F. e BARTHEL, D., 1965).

avaliação do equilíbrio e marcha na pessoa

Encontra-se também validado para Portugal

idosa. Aproximadamente metades das quedas

(MELO, M. G. 2010).

que envolvem a pessoa idosa têm fatores

A Mini Avaliação Nutricional (MAN) é uma

extrínsecos, tais como pisos escorregadios ou

ferramenta de controlo e avaliação que pode ser

existência de tapetes junto do leito. O resultado

utilizada para identificar pessoas idosas com

da outra metade dos acidentes envolve fatores

risco de desnutrição. Consiste num questionário

intrínsecos tais como a fraqueza dos membros

de rápida realização. A prevalência da

inferiores, falta de equilíbrio, distúrbios da

desnutrição é ainda maior na pessoa idosa com

marcha, efeitos da medicação, baixa visão ou

deficiência cognitiva e está associada com o

doença aguda (MEZEY, M., [et al] 2006). Apesar

declínio cognitivo (FALLON, C. 2002). A pessoa

de não existir validação para Portugal é indicado

idosa desnutrida quando é hospitalizada tende a

para a pessoa idosa hospitalizada podendo

permanecer mais tempo internada, a apresentar

adaptar-se à população idosa portuguesa.

mais complicações e correr maior risco de morbilidade e mortalidade do que aqueles que

Na avaliação da capacidade funcional é também

se encontram num estado nutricional normal

importante a avaliação das atividades

(KAGANSKY, N., [et al] 2005).

Instrumentais de Vida Diária (KRESEVIC, D. 2008).

Foi desenvolvido pela Nestlé e por uma equipa

A Escala de Lawton e Brody (Escala de

de geriátras, sendo uma das poucas

Atividades Instrumentais de Vida Diária), foi

ferramentas de controlo validadas para a

desenvolvida por Lawton e Brody em 1969 para

pessoa idosa. Tem sido bem validada em

avaliar as AVD mais complexas, necessárias para viver na comunidade. Competência em

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 41

habilidades, tais como compras, cozinhar e

instalação de quadros depressivos. Assim,

gestão de finanças é necessário para uma vida

torna-se prioritário a apreciação da depressão

independente. É uma escala bastante utilizada e

geriátrica. Este registo, em ambiente hospitalar,

pode ser realizada em 10 a 15 minutos. A escala

deverá ser realizado o mais precoce possível,

pode fornecer um sistema de alerta precoce de

permitindo a sua referenciação e

declínio funcional ou sinalizar a necessidade de

encaminhamento e direcionamento dos

uma avaliação mais aprofundada.

cuidados de enfermagem logo na admissão. É

Hospitalização, mobilidade reduzida e outros

importante também o controlo da dor

factores podem diminuir rapidamente a

persistente. A dor afeta de um modo global

capacidade de realizar atividades essenciais

todas as atividade de vida, com especial

para uma vida independente e, os efeitos

incidência a mobilidade, o sono e a alimentação.

podem ser permanentes (GRAF, C. 2008). Esta

Pode-se concluir também que é de especial

escala foi também validada para Portugal pelo

destaque a supervisão das refeições da pessoa

Grupo de Estudos de Envelhecimento Cerebral

idosa, se possível a personalização dos hábitos

e Demência, (MENDONÇA, A., [et al] 2008).

alimentares para manter um padrão alimentar adequado. É indispensável o início precoce de

CONCLUSÃO

reabilitação física para poder potenciar a capacidade de mobilização que a pessoa idosa

O envelhecimento faz parte natural do ciclo da

ainda possui.

vida. É, pois, desejável que seja vivido de forma saudável. O estado funcional na pessoa idosa é

A alta hospitalar deverá ser iniciada

um processo dinâmico, o que torna necessário

atempadamente e programada em equipa

ser avaliado em momentos diferentes para

multidisciplinar, com o reforço dos ensinos e

determinar a sua evolução. Assume especial

envolvendo a família/cuidador principal nos

relevância a avaliação inicial da pessoa idosa

cuidados. Os cuidados de enfermagem

quando da admissão em ambiente hospitalar.

geriátricos devem-se centrar na qualidade de

Esta avaliação é de grande importância no

vida da pessoa idosa, estimulando uma

planeamento e execução individualizada dos

capacidade funcional real e espectável, sem

cuidados de enfermagem.

falsas esperanças nem ilusões. O Enfermeiro como promotor dos cuidados de saúde e que

É fundamental uma avaliação geriátrica eficiente

mais tempo passa com a pessoa idosa, assume

e completa, incidindo na capacidade funcional.

um papel importante na manutenção e

O “SPICES” constitui um bom instrumento, pois

maximização da atividade funcional. Neste

permite detetar situações que, se corrigidas

sentido é primordial que esteja desperto para

atempadamente, contribuem para a sua

esta problemática, pois por vezes basta uma

manutenção ou pelo menos para a prevenção

avaliação inicial mais profunda ou uma

do seu declínio funcional. A solidão, a perda de

observação mais perspicaz para se intervir

papéis sociais, a sensação de inutilidade e a

precocemente sobre a pessoa idosa,

imobilidade são fatores que contribuem para a

promovendo cuidados de saúde mais

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 42

individualizados e com a finalidade de

Coletiva. Rio de Janeiro. 19(3), 743-759. ISSN

maximizar a capacidade funcional ou pelo

0103-7331.

menos diminuir a perda dessa capacidade. EDINGTON, J., [et al] (2004). A prospective BIBLIOGRAFIA

randominzed controlled trial of nutritional

ADELMAN, D., [et al] (2002). Allergic &

supplementation in malnourished elderly in the

Immunologic Disorders. In TIERNEY, L. M. J. [et

community: Clinical and health economic

al] - Current Medical Diagnosis & Treatment.

outcomes. Clinical Nutrition. 23(2), 195-204.

New York: Lange Medical Books/McGraw-Hill. 42º Edição. 759-782. ISBN: 0071395938.

EDLUND, A., [et al] (2006). Delirium in older patients admitted to general internal medicine.

AMELLA, E. (2004). Presentation of illness in

Journal of Geriatric Psychiatry and Neurology.

older adults. American Journal of Nursing.

19(2), 83-90.

104(10), 40-51. FALLON, C. (2002). Nutritional status of ANPALAHAN, M., & GIBSON S. (2008).

community dwelling subjects attending a

Geriatric syndromes as predictors of adverse

memory clinic. Journal of Nutrition Health Aging.

outcomes of hospitalization. Internal Medicine

6(Supp 21).

Journal. 38(1), 16-23. FERRARI, J. & DALACORTE, R. (2007). Uso da CARVALHO, G., [et al] (2007). Análise

Escala de Depressão Geriátrica de Yesavage

comparativa da avaliação funcional do paciente

para avaliar a prevalência de depressão em

geriátrico institucionalizado por meio dos

idosos hospitalizados. Scientia Medica. Porto

protocolos de Katz e Tinetti. Revista Digital -

Alegre. 17(1), 3-8.

Buenos Aires. 12(114). [em linha]. Acedido em 2 0 1 2 / 11 / 0 9 . D i s p o n í v e l e m h t t p : / /

FONDA, D., [et al] (2006). Sustained reduction

w w w. e f d e p o r t e s . c o m / e f d 11 4 / a v a l i a c a o -

in serious fall-related injuries in older people in

funcional-do-paciente-geriatrico-institucionaliza

hospital. The Medical Journal of Australia.

dohtm.

184(8), 379-382.

CASSEL, C. (2004). Caring for the hospitalized

FREITAS, E., [et al] (2002). Parâmetros Clínicos

elderly: Current best practice and new horizons.

do Envelhecimento e Avaliação Geriátrica

Geriatrics: A vital core of hospital medicine. A

Global. In: FREITA, Elizabete V., [et al] - Tratado

special supplement to The Hospitalist. 2-3.

de Geriatria e Gerontologia. Rio de Janeiro, RJ: Guanabara Koogan. 609-617. ISBN

CASTRO, M. & FIGUEIREDO, N. (2009). O

9788527707497.

estado da arte sobre cuidado ao idoso: diagnóstico da produção científica em enfermagem. Physis: Revista de Saúde JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 43

FULMER, T. (1991). The Geriatric Nurse

psicométricas em idosos ambulatoriais. Revista

Specialist Role: A New Model. Nursing

de Saúde Publica. São Paulo. 40(4), 712-719.

Management. .22(3), 91-93.

ISSN 0034-8910.

FULMER, T. (2007). How to Try This: Fulmer

MAHONEY, F. & BARTHEL, D. (1965).

SPICES American Journal of Nursing. 107(10),

Functional evaluation :the Barthel. In Maryland

40-48.

State Medical Journal. 14, 61-65.

GRAF, C. (2008). The Lawton - Instrumental

MELO, M. G. (2010), Alimentação em doentes

Activities of Daily Living Scale. American Journal

de alzheimer: capacidade funcional e aspectos

of Nursing. 108(4), 52-62.

associados. Tese de Mestrado, Universidade Nova de Lisboa - Faculdade de Ciências

GRAF, C. (2006). Functional decline in

Médicas.

hospitalized older adults. American Journal of Nursing. 106(1), 58-67.

MENDONÇA, A., [et al] 2008). Escalas e Testes na Demência – Grupo de Estudos de

GUIGOZ, Y., [et al] (2002). Identifying the elderly

Envelhecimento Cerebral e Demência. 2ª

at risk for malnutrition. The Mini Nutritional

Edição. Lisboa.

Assessment. Clinics in Geriatric Medicine. 18(4), 737-757.

MEZEY, M.; [et al] (2006). Protocolos em Enfermagem Geriátrica. 2ª Ed.. São Paulo:

KAGANSKY, N., [et al] (2005). Poor nutritional

Andrei. ISBN: 85-7476-333-0

habits are predictors of poor outcomes in very old hospitalized patients. American Journal

PAIXÃO, C. & REICHENHEIM, M. (2005). Uma

Clinic Nutrition. 82, 784-791.

revisão sobre instrumentos de avaliação do estado funcional do idoso. Caderno Saúde

KRESEVIC, D. (2008). FUNCTION: Nursing

Pública. Rio de Janeiro. 21(1), 7-19.

Standard of Practice Protocol: Assessment of Function in Acute Care. Hartford Institute for

ROSA, T., [et al] (2003). Factores determinantes

Geriatric. [em linha]. Acedido em 2012/11/10.

da capacidade funcional entre idosos. Revista

Disponível em http://consultgerirn.org/topics /

de Saúde Publica. São Paulo. 37(1), 40-48.

function/want_to_know_more.

ISSN 0034-8910.

KRESEVIC, D., (1998). A patient-centered

SIEGLER, E., [et al] (2002). Optimal staffing for

model of acute care for elders. Nursing Clinics of

acute care of the elderly (ACE) units. Geriatric

North America. 3(33), 515-527.

Nursing. 23(3), 152–155.

LOURENÇO, R. & VERAS, R. (2006). Mini-

ST-ARNAUD-MCKENZIE, D., [et al] (2004).

Exame do Estado Mental: características

Hunger and aversion: drives that influence food

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Página 44

intake of hospitalized geriatric patients. Journal of Gerontology; Medical Sciences. 59(12), 1304-1309. THOMAS, V., [et al] (2009). Maximising independence - The role of the nurse in supporting the rehabilitation of the older people. Royal College of Nursing. London. ISBN978-1-904114-77-2. TRANMER, J. E., [et al] (2003). The sleep experience of medical and surgical patients. Clinical Nursing Research. 12(2), 159-173. TUCKER, D.; [et al] (2004). Walking and wellness: A collaborative program to maintain mobility in hospitalized older adults. Geritaric Nursing. 25(4), 242-245. VASS, M., [et al] (2005). Feasible model for prevention of functional decline in older people: Municipality-randomized controlled trial. Journal of the American Geriatrics Society. 53(4), 563-568.

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Volume 2. Edição 2


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.