Dezembro de 2016

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El Greco, The Adoration of the Shepherds (c. 1614)

VOLUME 5 . EDIÇÃO 3


EDITORIAL DEZEM BRO 2016 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IM AGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT Porque é que os Lares de Idosos, hoje que ainda podem porque já não são capazes na O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IM AGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C pomposamente designados por Estruturas nossa óptica. ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT Residenciais para Pessoas Idosas, fazendo cair Uma educação que nos levou O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 2015 a construir leis que Dezembro 2014

o nome mais humanizado (Lar) e determinando

nos obrigam a ter lares onde as portas tem que

que as pessoas idosas devem viver

em

estar fechadas para os “idosos” não fugirem, que

“Estruturas”, continuam a ser o “bicho-papão” na

não podemos ter torradeiras e micro-ondas à sua

oferta de cuidados de saúde e sociais no nosso

disposição porque podem ficar electrocutados,

País? Será que o trabalho que os técnicos

que não podem ou não devem beber bebidas

realizam é tão mau que seremos os principais

alcoólicas por causa da tensão, que devemos

responsáveis por esta situação?

impedir os doces por causa da diabetes, que o

Não

me

parece

que

a

situação

seja

melhor é urinar na fralda para não cair na casa

consequência apenas ou essencialmente dos

de banho, que os horários são para cumprir com

técnicos de saúde e sociais que desenvolvem o

rigor se não perdem o direito às refeições, que é

seu trabalho nestas instituições e entidades que

melhor andar de cadeira de rodas e tratarmos

exploram lares ou “estruturas”, como quiserem.

deles à pressa do que esperarmos que se vistam

Parece-me mais que o principal factor que define

e tratem deles próprios.

a representação social dos lares de idosos esteja

Um modelo que não é exclusivo dos lares e que

na nossa cabeça, na cabeça dos cidadãos e

também se desenvolve nas suas próprias

cidadãs que, ao longo da vida, nenhuma

habitações por responsabilidade de fiolhos, de

educação tem para o envelhecimento e quando

cuidadores informais e de outros técnicos que

ouvem falar de envelhecimento é sempre no

muito defendem a manutenção nas suas casas

discurso assistencialista e caritativo que nos

mas que depois recebem comparticipação mais

impuseram há décadas; do velho incapaz,

alta

doente, triste, pobre e necessitado.

substituindo invariavelmente as pessoas idosas

Esta educação preconceituosa e estigmatizante,

que as habitam.

quanto

mais

fizerem

nessas casas,

construiu uma sociedade, especialmente no sul da europa hipócrita e ineficaz no que respeita ao

É uma educação virada para a sociedade actual,

bom envelhecimento. Convenceu-nos que todos

o mercado, a competitividade, a economia, a

os velhos são iguais e se tornam inúteis, que

produção, mantendo-se numa fase ainda pós II

desenvolvem doenças chatas e difíceis da

Guerra Mundial e que tarda em entrar numa nova

sociedade

bem

fase com vista à dignidade e felicidade da

brutalmente medicados e que precisam imenso

pessoa, à solidariedade e ao desenvolvimento

de nós porque os temos que proteger e cuidar,

sustentado por pessoas e relações entre elas e

mesmo implicando isso deixarem de fazer aquilo

não pelo Banco Mundial ou Europeu.

perceber,

que

estão


EDITORIAL DEZEM BRO 2016 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IM AGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT Os Lares no fundo são o espelho da sociedade alimentação, a conviverem com pessoas que O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IM AGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C que estamos a desenvolver e mais não são do nunca conviveram e a participar em iniciativas ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 que o resultado desta educação normalizada que “muito felizes” para nós2015 mas completamente Dezembro 2014

olha para um futuro muito próximo não estando

ridículas para eles.

preparada para que os seus cidadãos possam

O envelhecimento não deve ser tratado assim.

viver até aos 100 anos porque segundo as contas

Não deve depender das nossas expectativas

que fez os sistemas de solidariedade social só

mas dos interesses das pessoas idosas, do

estão preparados para aguentar as pessoas até

respeito por elas e pelo direito +a sua liberdade.

aos 70 anos.

Quem somos nós para dizer que isto ou aquilo é

Na verdade hoje trabalhamos menos de metade

melhor para as pessoas idosas quando não

dos anos que se vivem.

construímos

Mas isso não será um problema se investirmos

científica sobre as nossas acções? Quando nem

na

se

sequer avaliamos as nossas acções e não

centrarmos a nossa acção na prevenção do

apresentamos qualquer resposta a qualquer

envelhecimento e das suas naturais situações

indicador como no caso primário da avaliação da

criticas.

percepção da dor?

Não

educação para

podemos

o

continuar

envelhecimento,

a olhar

para

o

até

hoje

nenhuma

evidência

Façamos pois uma pausa.

envelhecimento como um processo que não só

Obriguemos os decisores políticos a reflectirem

deve manter todas as capacidades que tínhamos

sobre aquilo que aconteceu aos seus pais e aos

ou tivemos como ainda por cima deve melhorar

seus avós que frequentaram lares, aos dramas

substancialmente a nossa vida. Não.

que viveram. Apelemos ao legislador para

O processo de envelhecimento é um processo de

aprofundar o seu conhecimento e perceber que a

perdas diárias e é o encontrar soluções que

legislação produzida no sentido de defender

atenuem e adaptem as pessoas a essas perdas

pessoas idosas é hoje uma ameaça à liberdade,

que se deve tornar preocupação. Naturalmente

felicidade, direitos e respeito pelas pessoas

podem ter doenças vasculares cerebrais que nos

idosas.

reduzem a mobilidade e as capacidades mas isso

conhecimentos sobre envelhecimento e façamos

não quer dizer que nos atirem para uma cama e

uma reaprendizagem sobre as intervenções

deverá querer dizer que se encontram soluções

adequadas no interior dos lares.

dignas para vivermos o resto da nossa vida com

A Sociedade tem tardado a perceber que precisa

alguma felicidade adaptando-nos a essa perda.

urgentemente desta reflexão porque as pessoas

No modelo actual queremos que as pessoas

não vão parar de envelhecer e a resposta não

idosas que nunca fizeram uma vida saudável a

pode continuar a ser a mesma. Mas é importante

iniciem aos 80 anos, que comecem a fazer

perceber-se que a diabolização dos lares de

actividade física, a mudarem de hábitos de

idosos não contribui para o equilíbrio

Tentemos

aprofundar

os

nossos

da

sociedade e da área do envelhecimento porque


EDITORIAL DEZEM BRO 2016 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IM AGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT sociedade e da área do envelhecimento porque Studies, 6759-70. O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 HTTPS://WWW.GOOGLE.PT/URL?SA=I&RCT=J&Q=&ESRC=S&SOURCE=IM AGES&CD=&CAD=RJA&UACT=8&VED=0C vamos necessariamente ter lares no futuro que doi:10.1016/j.ijnurstu.2016.11.006 ACQJRXQFQOTCMPSZRJH_SGCFUVDFAODZWAETA&URL=HTTP%3A%2F%2FAVENTAR.EU%2FTAG%2FTERRAMOT O-DE-1755%2F&PSIG=AFQJCNE67GV92CL3814FQQPL35CWH8B_XQ&UST=1447000952827643 2015Lood, Q., Bergland, respondam às necessidades já que ninguém Edvardsson, D., Sjögren, K., Dezembro 2014

acredita que as pessoas idosas possam manter-

Å., Kirkevold, M., & Sandman, P. (2017). A

se nos seus domicílios com o apoio dos filhos e

person-centred

de familiares, tantas são, e tantas virão a ser.

intervention in nursing homes - study protocol for

Portanto o que está em causa é o modelo de

the U-Age nursing home multi-centre, non-

intervenção nos lares e não a sua existência ou

equivalent controlled group before-after trial.

inexistência. Mudando o modelo, tornando os

BMC Geriatrics, 171-9. doi:10.1186/s12877-016-

lares lugares de funcionalidade, de liberdade,

0404-1

criatividade e defesa de direitos, sendo frontais

Mariani, E., Vernooij-Dassen, M., Chattat, R.,

com aquilo que oferecemos e não prometendo

Koopmans, R., & Engels, Y. (2017). Care Plan

mundos

vamos

Improvement in Nursing Homes: An Integrative

contribuir para o equilíbrio social e até económico

Review. Journal Of Alzheimer's Disease, 55(4),

na medida em que as pessoas idosas só gastam

1621-1638. doi:10.3233/JAD-160559

dinheiro

inacreditáveis

público

habitualmente

sonhadores,

quando

adoecem

adoecem

em

casa

e

and

thriving-promoting

e

na

MacGabhann, P. (2015). Caring for gay men and

comunidade.

lesbians in nursing homes in Ireland. British

Em 2017 a Associação Amigos da Grande Idade

Journal

decidiu

doi:10.12968/bjon.2015.24.22.1142

dedicar

toda

a

sua

atenção

à

Of

Nursing,

24(22),

1142-1148.

funcionalidade que, para mós, está na base da

Wattmo, C., Londos, E., & Minthon, L. (2016).

pirâmide das acções a desenvolver para mudar o

Cholinesterase inhibitors do not alter the length of

modelo de intervenção nos lares de idosos e na

stay in nursing homes among patients with

sociedade. Vamos trabalhar para isso.

Alzheimer's disease: a prospective, observational study of factors affecting survival time from

Rui Fontes - Presidente da Associação Amigos

admission to death. BMC Neurology, 16(1), 156.

da Grande Idade

doi:10.1186/s12883-016-0675-3

BIBLIOGRAFIA

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systematic review of quantitative and qualitative evidence.

International

Journal

Of Nursing


Marques, R., Rodrigues, G. (2016) Prevention and Control of Clostridium Difficile Infection, Journal of Aging & Innovation, 5 (3): 5 - 10

REVISÃO SISTEMÁTICA/ SYSTEMATIC REVIEW

DEZEMBRO 2016

Prevenção e controlo da infeção por Clostridium difficile

Prevention and control of Clostridium difficile infection

Prevención y control de la infección por Clostridium difficile

Autores Rita Margarida Dourado Marques 1 , Guilherme Filipe Santos Rodrigues 2 1 2

Enfermeira Especialista em Enfermagem Médico-Cirúrgica; Centro Hospitalar Lisboa Norte, EPE; Doutora em Enfermagem,

Enfermeiro na ASFE SAÚDE; Estudante do Curso de Mestrado em Enfermagem com Especialização em Enfermagem Médico-Cirúrgica Corresponding Author: ritamdmarques@gmail.com

Resumo A prevenção e o controlo da transmissão de infeções assumem-se como um dos principais focos de atuação dos profissionais de saúde. O Clostridium difficile é uma das bactérias presentes na flora intestinal não causando patologias nas pessoas saudáveis, mas com a utilização de alguns antibióticos, que podem interferir no equilíbrio normal da flora intestinal, pode desencadear-se patologia. Esta revisão sistemática da literatura tem por objetivo determinar quais os cuidados a ter para prevenção e controlo da infeção por Clostridium difficile. Palavras-chave: Infeção; Clostridium difficile; Prevenção; Controlo.

Abstract Prevention and control of infection transmission are assumed to be a major focus of activity of health professionals. Clostridium difficile is bacteria present in the gut without causing diseases in healthy people, but with the use of some antibiotics, that can disrupt the normal balance of the intestinal flora can trigger-pathology. This systematic literature review aims to determine what precautions to prevent and control infection by the bacteria referred. Key-words: Infection; Clostridium difficile; Prevention; Control. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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INTRODUÇÃO

com diarreia grave ultrapassando 20 dejeções

A exigência na prestação de cuidados

por dia. Por vezes causam ulcerações, que

aumenta dia após dia, neste sentido, os

associadas ao exsudado inflamatório podem

enfermeiros são responsáveis por assegurar e

detetar-se

providenciar um aumento da qualidade, da

característica de membranas, daí o nome de

acessibilidade, da equidade e da eficiência dos

colite pseudomembranosa.

cuidados de saúde dirigidos para os direitos e necessidades das pessoas de quem cuidam. Integrada no desenvolvimento de uma

na

colonoscopia

sob

a

forma

Na forma mais grave, pode evoluir para megacólon toxico, sépsis e morte (Cash 2011). Os sinais/sintomas podem incluir, além da

política de qualidade nas unidades de saúde, a

diarreia

com

cheiro

fétido,

prevenção e controlo de infeção constitui uma

plenitude

componente estruturante da qualidade em saúde

(Grossman & Mager, 2010).

abdominal,

desconforto

leucocitose

e

e

febre

no contexto da segurança do doente. É neste

As complicações da infeção incluem a

sentido que instituições governamentais como a

desidratação, malnutrição e incontinência fecal,

Organização Mundial de Saúde e a Direção Geral

esta com uma associação estatisticamente

de Saúde têm desenvolvido e divulgado um

significativa com a severidade da doença (Kyne

conjunto de recomendações de boas práticas.

et al., 1999). Pode também levar a desequilíbrios

O Clostridium difficile (C. difficile) é uma

eletrolíticos

como

a

hiponatrémia

e

a

bactéria Gram positiva, anaeróbia obrigatória

hipocaliémia e fadiga intensa. É causa frequente

com forma de bacilo, formadores de esporos e

de alterações da integridade da pele da área

produtora de toxinas que resulta em milhões de

perineal (Itano et al. 2005) incluindo dermatite de

mortes todos os anos, um pouco por todo o

contacto principalmente quando são utilizadas

mundo (McFee et al, 2009). Este bacilo

fraldas ou absorventes para conter as fezes

encontrado no solo e no trato gastrointestinal dos

diarreicas (Shigeta et al., 2009). A suspeita de

animais, foi identificado pela primeira vez como

infeção determina que seja pesquisada a

responsável pela colite pseudomembranosa na

presença de fatores de risco. A pesquisa de

década de 1970 (Calfee, 2008 e McDonalds et al,

toxinas da bactéria nas fezes através de métodos

2006).

imunoenzimáticos é muitas vezes usada por O C. difficile tem a capacidade de formar

fornecer resultados rápidos (3 a 4 horas). Estes

esporos que resistem à acidez do estômago e

testes têm

chegam

pessoas

sensibilidade (63% a 99%) o que origina

saudáveis, podem permanecer sem causar

resultados falso negativos. As fezes líquidas

doença (Cash , 2011). No entanto, quando a flora

devem ser rapidamente entregues no laboratório

intestinal é destruída, germinam para a forma

pois

vegetativa, replicam-se e produzem toxinas.

ambiente pode também produzir estes resultados

ao

intestino

onde,

nas

Estas lesam as células que revestem o

a

sua

boa especificidade mas

permanência

em

baixa

temperatura

(Grossman & Mager, 2010).

intestino causam inflamação que pode ser severa JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Várias organizações internacionais tais como "European C. difficile-Infection Control

devem ser cumpridas para que se zele pela prevenção e controlo da infeção por C. difficile.

Group” e o “European Centre for Disease

A

Prevention and Control” (ECDC) recomendam

processo

medidas destinadas a prevenir a transmissão da

bibliográficas no motor de busca EBSCOhost.

infeção cruzada que focam principalmente a

Para selecionar os documentos bibliográficos

higiene das mãos e o isolamento de contacto

que

(Vonberg et al., 2008) que está indicado para

estabeleceram-se os seguintes critérios de

todos os microrganismos transmissíveis por esta

inclusão: artigos revistos por especialistas,

via. Inclui o isolamento dos doentes infetados em

apenas

quartos individualizados ou em “coorte” (grupos

biblioteca, artigos escritos em português e inglês

de

mesmo

e por fim os artigos que contivessem no resumo

microrganismo) e o uso de luvas e bata quando

as seguintes expressões: “clostridium difficile

se prestam cuidados ao doente.

infection”;

doentes

com

infeção

pelo

A reflexão sobre esta realidade conduziu

pesquisa

documental

racional

de

respondessem

os

consulta

à

de

questão

disponíveis

“infection

seguiu

fontes

formulada

integralmente

control”;

um

na

“prevention”;

“clostridium Diseases”.

à questão central que orienta esta pesquisa – a

Assim, e de forma a operacionalizar a

questão de investigação: “Quais os cuidados a

análise empírica dos artigos selecionados,

ter para controlo e prevenção da infeção por

definiram-se os seguintes conceitos-chave da

Clostridium difficile?”.

investigação:

Numa tentativa de obter respostas que pela

revisão

sistemática

e

Controlo”;

“Orientações práticas”; “Infeção por C. difficile”.

vão ao encontro desta problemática central, enveredou-se

“Prevenção

Dos resultados obtidos nas diferentes

da

bases de dados, selecionou-se, numa primeira

literatura, enquanto metodologia mais indicada

fase, os artigos através da leitura e análise dos

no atual contexto académico e profissional. A

títulos, seguindo-se a leitura dos respetivos

pesquisa foi desenvolvida no sentido de objetivar

resumos, escolhendo-os de acordo com os

práticas mais seguras em contexto de infeção por

critérios de inclusão.

C. difficile.

Em última instância, procedeu-se a leitura integral dos artigos relevantes a partir do resumo. De um total de 31 artigos encontrados nas

METODOLOGIA

bases de dados, 21 deles foram inicialmente

A revisão sistemática da literatura foi

excluídos pela leitura do título. Dos 10 que

realizada entre outubro e novembro de 2016. Os

restaram foram excluídos 4 após leitura do

trabalhos publicados foram agrupados num

resumo. Procedeu-se à leitura integral dos

horizonte

artigos

temporal

dos

últimos

4

anos.

selecionados resposta

constatando-se

Procedeu-se à sua análise, procurando uma

constituíam

para

a

questão

relação com a questão de investigação inicial,

investigação formulada anteriormente.

que de

com o objetivo de determinar as práticas que JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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RESULTADOS E DISCUSSÃO

vigilância do C. difficile para otimizar a prevenção

Podemos concluir que existem pontos de concordâncias

facilmente

e controlo destas infeções. Salienta que todas as

identificáveis,

instituições de saúde devem dar a máxima

verificando que conseguimos sintetizar todas as

importância à prevenção e controlo das infeções

recomendações

por

a C. difficile mesmo que a incidência desses

secções, umas mais dirigidas ao procedimento

casos seja baixa. Através da análise do artigo

perante um doente com infeção a C. difficile,

destes

outras relacionadas com a estrutura da unidade

recomendações

de internamento e ainda se pode criar outra

coincidentes com as de outros autores já aqui

secção para formação e informação.

referidos.

num

quadro

dividido

autores,

podemos por

agrupar

secções

as

bastante

Quanto mais precocemente for detetada

Um programa de prevenção e de redução

a infeção a C. difficile, menos riscos de

do impacto da infeção a C. difficile eficaz e global

transmissão cruzada existirão ao serem tomadas

requer vários componentes, no entanto, os

as devidas medidas. Como referido por Aziz

profissionais de saúde são o principal veículo de

(2009), os profissionais de saúde devem guiar-se

transmissão destas infeções. Um estudo mostrou

pela mnemónica SILLT (Suspeitar, Isolar, Luvas

que depois de cuidar dos doentes com infeção a

e avental, Lavar e Testar). Esta mnemónica é

C. difficile, 59% dos profissionais contaminou as

explicada no quadro 2 de forma mais sucinta, no

suas

entanto,

precuções de contacto adequadas e a higiene

pode

contemplados

os

verificar-se passos

que

gerais

estão para

a

prevenção e controlo da infeção a C. difficile. Por sua vez,

mãos.

Portanto,

a

combinação

das

das mãos com água e sabão é de crucial importância e tem sido associada à redução das

Cohen et al (2010)

taxas de incidência em 80%. (Dubberke, 2012)

apresentam uma divisão das medidas a tomar

Tal como os autores anteriores, Dubberke

entre instalações, descontaminação ambiental e

(2012) permite, através da análise do seu artigo,

medidas para profissionais, doentes e visitas.

separar as recomendações práticas por grupos

Esta visão contempla todas as possibilidades de

bastantes

contacto que o doente possa ter, ou seja,

abrangência mais específica de cada uma, isto é,

segundo o mesmo autor os doentes estão

esta divisão pormenoriza a atuação e o papel de

expostos ao C. difficile através do contacto com

cada elemento de uma unidade de internamento

um

no cuidado ao doente com infeção a C. difficile.

profissional

contaminado,

através

do

contacto com o ambiente contaminado ou

distintos

Surawicz

et

o

que

al (2013),

permite

uma

reforçam

a

diretamente com outra pessoa contaminada.

importância da criação de programas de controlo

Desta forma, com os passos descritos através da

de infeção na diminuição das taxas de incidência

divisão apresentada diminui significativamente

da infeção a C. difficile e alertam que a deteção

as possibilidades de contaminações cruzadas.

precoce destes casos com implementação das

Stuart et al (2011), apresenta a estratégia

medidas de controlo de infeção o mais rápido

dos programas de melhoria da qualidade com a

possível é bastante significativa no que toca às

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às taxas de incidência desta infeção. Dubberke

et

al

(2014),

da prevenção e controlo de infeção é bastante referem

a

importante, tanto para os doentes como para os

ineficácia das soluções antisséticas de base

seus familiares, que desejam sentir-se seguros e

alcoólica perante os esporos de C. difficile. A

confiantes relativamente aos cuidados de saúde

eliminação destes esporos das mãos dos

que

profissionais de saúde apenas se consegue com

pretendeu-se obter resposta à questão: “Quais

a higiene realizada com água e sabão. A ação

os procedimentos para controlo e prevenção da

mecânica desse ato permite que os esporos

infeção no C. difficile?”. Numa tentativa de obter

sejam removidos das mãos dos profissionais de

respostas

saúde. Também podemos verificar a divisão das

problemática central, enveredou-se pela revisão

recomendações práticas por categorias, tais

sistemática da literatura, enquanto metodologia

como, Deteção, Infraestruturas, Higienização

mais indicada no atual contexto académico e

ambiental, Formação e informação.

profissional. A pesquisa foi desenvolvida no

recebem.

que

Com

vão

a

ao

presente

encontro

revisão

desta

sentido da consecução do seguinte objetivo: CONCLUSÃO

Precisar/objetivar práticas mais seguras em

A prevenção e controlo de infeção são parte crucial para a segurança do doente e um elo fundamental da qualidade dos cuidados de saúde,

assumindo

uma

preponderância

particular nos últimos anos. Esta preocupação dos prestadores de cuidados de saúde pela área

contexto de infeção por C. difficile. Perante

os

resultados

obtidos

apresentados, através da revisão sistemática da literatura foi possível construir a tabela que se apresenta de seguida e sintetiza a análise de todos os artigos.

Tabela 1 – Síntese de recomendações práticas.

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e

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Mendes, E. et al (2016) Functional and Cognitive decline in hospitalized elderly, Journal of Aging & Innovation, 5 (3): 11 - 21

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

DEZEMBRO 2016

Functional and cognitive decline in hospitalized elderly Declínio funcional e cognitivo em idosos hospitalizados Deterioro funcional y cognitivo en ancianos hospitalizados Autores EUGÉNIA MENDES1 , JOSÉ RODRIGUES2 , LEONEL PRETO3 , ANDRÉ NOVO4 1

M.Sc.; Rehabilitation Nurse; Assistant Professor at School of Health – Polytechnic Institute of Bragança (Portugal),

2

M.Sc.;

Rehabilitation Nurse; Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, Vila Real (Portugal),3 PhD; Rehabilitation Nurse; Coordinator Professor at School of Health - Polytechnic Institute of Bragança (Portugal) 4 PhD; Rehabilitation Nurse; Assistant Professor at School of Health - Polytechnic Institute of Bragança (Portugal) Corresponding Author: maria.mendes@ipb.pt ABSTRACT Aim – Understand if functional and cognitive decline is accentuated during hospitalization in elderly patients. Method – It was design a descriptive and correlational study. The Functional Independence Measure (FIM) and the Mini-Mental State Examination (MMSE) were used. Results – Were evaluated at admission and discharge 51 elderly (75.53 ± 7.16 years), 53% women, admitted in an internal medicine unit with a length of stay of 14.27±6.45 days. For FIM and MMSE were found statistically significant differences with lower scores from admission to discharge. Negative correlations between age and length of stay and the scores of all measures were found. Except for the Cognitive FIM at admission, all elderly residents at home fared better than the institutionalized in all measures. Conclusions – The hospitalization contributes to a greater weakness/frailty of the elderly and is considered high risk for decline in physical fitness and cognitive function.

Key Words: Cognitive impairment, Elderly, Functionally impaired elderly, Hospitalization, Institutionalization

RESUMO

Objetivo – Compreender se o declínio funcional e cognitivo é acentuado durante a hospitalização em pacientes idosos. Método – Desenhou-se um estudo descritivo correlacional. Foram utilizados a Medida de Independência Funcional (FIM) e o Mini Exame do Estado Mental (MMSE). Resultados - Foram avaliados na admissão e alta 51 idosos (75,53 ± 7,16 anos), 53% dos quais eram mulheres, admitidos numa unidade de medicina interna com demora média de internamento de 14,27 ± 6,45 dias. Para a FIM e o MMSE foram encontradas diferenças estatisticamente significativas com pontuações mais baixas na alta que na admissão. Correlações negativas entre idade e demora média e as pontuações de todas as medidas foram encontrados. Exceto para o FIM Cognitiva na admissão, todos os idosos residentes em casa pontuaram melhor do que os institucionalizados em todas as medidas. Conclusões - A hospitalização contribui para uma maior fraqueza/fragilidade dos idosos e é considerada fator de alto risco para o declínio na aptidão física e função cognitiva.

Palavras-chave: Comprometimento cognitivo, Idoso, Idoso Fragilizado, Hospitalização, Institucionalização

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Kawasaki

INTRODUCTION Functional capacity refers to the autonomy of the person for performing tasks that are part of their everyday lives and ensure the possibility of living alone in their own home. This results not only from the physical capacity as well from cognitive

and

Diogo

reported

functional

deterioration rates in about eighty percent of the elderly during hospitalization (Kawasaki & Diogo, 2005). Among the risk factors predisposing to functional decline of elderly inpatients, literature highlights the advanced age (Cunha, Cintra, Cunha, Couto, & Giacomin, 2009), severe

capacities and psychosocial factors. The reduction of functional capacity observed in elderly has several implications in their quality of life, making it gradually less active, less autonomous and more dependent on, affecting the ability to exercise and perform activities. Aging decrease skills and may influence cognitive performance. All this varies according to the individual characteristics, context and personal experiences (Sequeira, 2010; Spar & La Rue,

cognitive deficits, confusion states (Inouye et al., 1993), iatrogenic , severity of illness and history of falls (Cunha et al., 2009). Several studies conducted in hospitals indicated that older patients with tendency to fall have a higher risk of present

functional

decline

during

the

hospitalization (Anpalahan & Gibson, 2008; Cornette

et

al.,

2006;

Siqueira,

Cordeiro,

Perracini, & Ramos, 2004). The highest rates are found when more risk factors are present. Four or

2005). Consequences of cognitive changes may arise at longer term and compromise a person’s ability to live independently by interfering in their autonomy or, at short term, making it impossible for them to take part in decisions relating to their treatment

more risk factors rises the rate to 47% (de Vos et al., 2012). Hospital can be a strange environment and sometimes hostile to elderly patients and that will accrue in the same individual the effects of normal aging and the effects of bed rest and

and hospitalization. Hospitalization, although necessary in cases of acute or chronic disease, can lead to a series of

hospitalization (Almeida, Abreu, & Mendes, 2010; Creditor, 1993).

complications not related to the initial health problem. Many of these complications lead to increase length of hospital stay (increasing functional

and

cognitive

decline,

often

irreversible), changes in quality of life and increased morbidity and mortality (Boltz, Resnick, Capezuti, Shuluk, & Secic, 2012),(Sales, Silva, Gil Jr., & Filho, 2010). One third of the hospitalized elderly evolves with loss of ability to perform basic activities of daily living and at least 20%

develops

delirium

during

hospitalization(Sales et al., 2010).

METHODS Design and setting This descriptive and correlational study, aimed to assess the impact of hospitalization on functional decline in elderly patients, was conducted between March 19 and May 5, 2012 in the Internal Medicine unit of the Centro Hospitalar de Trás-os-Montes e Alto Douro, EPE – Portugal (CHTMAD) in cooperation with the School of Health of the Polytechnic Institute of Bragança – Portugal (ESSa/IPB). The study was approved by the Ethics Committee

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of the CHTMAD and by the Scientific Committee

based on the International Classification of

of the Rehabilitation Nursing Master Degree of

Impairment, Disabilities and Handicaps which

the ESSa/IPB.

contains 18 items composed of 13 motor tasks (FIM motor) and 5 cognitive tasks (FIM cognitive)

Procedure

and measures the level of a person’s disability

Data collection was made individually in two

and quantifies the assistance required for carry

different moments, 24 hours after admission and

out activities of daily living. Dimensions assessed

24 hours previous discharge. Informed consent

include: eating, grooming, bathing, upper body

was

before

dressing, lower body dressing, toileting, bladder

assessment. The presence of family or caregivers

management, bowel management, bed to chair

was permitted but all data was provided by the

transfer,

participants. All data was collected by the same

locomotion (ambulatory or wheelchair), stairs,

investigator.

cognitive comprehension, expression, social

obtained

in

both

moments

toilet

transfer,

shower

transfer,

interaction and problem solving. Participants

Each task is rate on a 7 point ordinal scale that

This study enrolled all patients aged 65 years and

range

older who were acutely admitted in the Internal

dependence, to complete independence. Scores

Medicine unit of the CHTMAD for at least 3 days.

range from 18 (lowest) to 126 (highest) indicating

Were deemed ineligible all patients with severe

level of function.

cognitive impairment, those who were unable to

Several studies showed FIM as the most valid

answer questions or follow instructions and those

and reliable way of assessment of elderly

with visual or hearing loss not compensated by

functional status for activities of daily living

glasses or hearing aids. Figure 1 shows details of

(Glenny & Stolee, 2009; Hsueh, Lin, Jeng, &

participant recruitment and participation rates.

Hsieh, 2002; MacNeill & Lichtenberg, 1997;

from

total

assistance,

or

complete

Nagano, 2002). Instruments

In this study FIM was used to measure global

Demographic data including age, gender, marital

functional capacity, FIM cognitive to measure

status and residence was gathered on admission.

cognitive function and FIM motor to motor

Functional and cognitive status was measured at

function.

two moments, admission and discharge, using

Mini-Mental State Examination (MMSE)

Functional Independence Measure (FIM) and the

In order to evaluate cognitive function we use the

Mini-Mental State Examination (MMSE). Length

Portuguese version (Guerreiro et al., 1994) of the

of stay was calculated on discharge day.

Mini-Mental

State

Examination

(Folstein,

Folstein, & McHugh, 1975). MMSE is a brief Functional Independence Measure

screening tool that provides a quantitative

Functional Independence Measure (FIM) is a

assessment of cognitive impairment. A possible

uniform system of measurement for disability

score of 30 is used to provide a picture of an individual's present cognitive performance based

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individual's present cognitive performance based

Medicine unit with mainly because cardio

on direct observation of completion of the 11 test

respiratory diseases (66.4%), gastrointestinal

items/tasks grouped into 7 cognitive domains:

disease (27.2%) and for other causes (11.4%).

orientation

to

time,

orientation

There were no associations between medical

registration

of

three

words,

to

attention

place, and

diagnosis and other variables.

calculation, recall of 3 words, language and visual

To analyze FIM, FIM cognitive, FIM motor and

construction.

MMSE variance within admission and discharge

Although

different

cutoff

points

had

been

was used the Paired Sample T test (table 1).

considerate in several studies (Rami et al., 2009;

The results show a significant decrease of scores

Siqueira et al., 2004), a score of <24 is the

from admission to discharge in FIM (t=3.78;

generally accepted cutoff indicating the presence

p=0.00), FIM cognitive (t=4.14; p=0.00), FIM

of cognitive impairment (Siqueira et al., 2004).

motor (t=3.24; p=0.041) and in Mini-Mental State Examination (t=5.47; p=0.00). Spearman’s r was used to analyze correlation

Data Analysis

between age and length of stay and the scores

The Statistical Package for the Social Sciences

obtained in both assess moments in all measures

(SPSS) 18.0 version (SPSS, Inc.) was used for all

(table 2).

data

were

Positive correlation was found between age and

obtained for demographic characterization of the

length of stay (r = .397**, p < .01). Negative

participants. The FIM, FIM cognitive, FIM motor

correlation was found between age and FIM at

and MMSE variance were examined using the

admission (r = -.569**, p < .01) and at discharge

Independent T test. Spearman’s r was used to

(r = -.602**, p < .01), FIM cognitive at admission

assess the relationship between age and length

(r = -.491**, p < .01) and at discharge (r = -.541**,

of stay and the FIM, FIM cognitive, FIM motor and

p < .01), FIM motor at admission (r = -.602**, p <

MMSE. Paired Sample T test was used to

.01) and at discharge (r = -.585**, p < .01) and on

analyze the influence of the type of residence on

Mini-Mental State Examination at admission (r = -

the

.618**, p < .01) and at discharge (r = -.603**, p <

analyses.

scores

Descriptive

obtained,

in

statistics

both

assessment

moments, on the FIM, FIM cognitive, FIM motor

.01).

and MMSE.

Negative correlation was also found between length of stay and FIM at admission (r = -.410**p

RESULTS

< .01) and at discharge (r = -.435**, p < .01), FIM

The 51 participants had a mean age of 75.53 (SD

cognitive at admission (r = -.292*, p < .01) and at

7.16). The 53% were women, 45.1% were

discharge (r = -.290*, p < .05), FIM motor at

married or cohabiting and 39.2% widowed and

admission (r = -.411**, p < .01) and at discharge

74.8% lived at home. The mean duration of length

(r = -.432**, p < .01) and on Mini-Mental State

of stay was 14.27 (SD 6.45) days (range 4-42).

Examination at admission (r = -.427**, p < .01)

This patients were admitted to this Internal

and at discharge (r = -.435**, p < .01).

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To analyze differences between mean scores in

(24.03±4.79)

all measures by type of residence of the

institutionalized ones (18.00±6.48).

participants an Independent T test was performed

Spearman’s r was used to analyze correlation

(table 3).

between FIM cognitive and MMSE in both assess

The results show for FIM scores significant

moments (table 4). Positive correlation was found

differences between means at admission (t=

between FIM cognitive and MMSE at admission

2.30; p= 0.039), with better scores obtained by

(r = .654**, p < .01) and between FIM cognitive

the participants living at home (106.85±18.40)

and MMSE at discharge (r = .662**, p < .01).

when

compared

with

institutionalized

when

compared

with

ones

(87.36±26.36). Also at discharge (t= 2.45; p=

DISCUSSION

0.03) participants living at home fared better

The present study aimed to assess functional and

(105.70±18.93)

cognitive decline in elderly patients hospitalized

than

institutionalized

ones

(84.73±26.65).

in an internal medicine unit. There were 51

For FIM cognitive there was no statistical

participants, out of which 53% were women, with

differences (t= 1.76; p= 0.085), despite better

a mean age of 75.53 years, mostly married or

scores obtained by the residents at home

cohabiting and reside in 74.8% of cases in their

(31.48±3.54)

with

own home. Assessment was taken, 24 hours after

institutionalized ones (29.27±4.17). At discharge

admission and 24 hours previous discharge,

the difference between means was significant (t=

using

2.22; p= 0.031); participants living at home fared

understand the variance in scores and thus infer

better (30.93±3.82) than institutionalized ones

the impact of hospitalization on the dimensions

(27.91±4.59).

analyzed.

FIM motor show significant differences between

Regarding

means at admission (t= 2.14; p= 0.007), with

independence, it was found that the elderly

better scores obtained by the participants living at

inpatients showed differences in mean total

home

with

scores between admission and discharge with a

institutionalized ones (58.09±25.49). Also at

statistically significant decrease. The same

discharge (t= 2.92; p= 0.005) participants living at

results were found in several studies with similar

home

populations (Buurman, van Munster, Korevaar,

when

(75.38±15.57)

fared

better

compared

when

compared

(74.78±15.84)

than

the

same

the

instruments

assessment

in

of

order

to

functional

institutionalized ones (56.82±24.85).

de Haan, & de Rooij, 2011; Glenny & Stolee,

Differences between means on Mini-Mental State

2009). Negative correlations were found between

Examination scores are significant at admission

the FIM score, age and length of stay in both

(t= 3.26; p= 0.002); participants living at home

moments, which is consistent with the literature.

fared better (25.45±3.83) when compared with

Significant differences were found at admission

institutionalized ones (20.82±5.31) likewise at

and at discharge, when compared mean scores

discharge (t= 3.42; p= 0.001), with better scores

by type of residence with the elderly who live in

obtained by the participants living at home

their own home with mean scores higher than

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those living in institutions although both groups

(Forrest et al., 2012). In another study was

show a decrease from the first moment to the

demonstrated that patients with good scores in

second. This result is consistent with the findings

mobility and troubleshooting assessed by FIM

that identified the loss of functional capacity as

had a lower risk of falling (Gilewski, Roberts,

the

Hirata, & Riggs, 2007).

main

reason

of

the

decision

for

institutionalization of the elderly (Rosa, Benício,

Cognitive assessment by MMSE allows realizing

Latorre, & Ramos, 2003).

statistically significant decrease on the average

FIM cognitive also showed differences between

score from admission to discharge. Analyzing the

the two time points. The analysis allows realizing

results based on the cutoff point 24, it was found

that the FIM cognitive mean scores were found

that at discharge individuals were below the

statistically significant lower at discharge when

threshold

indicating

compared with admission. Negative correlation

functional

cognitive

for both moments with age and length of stay

correlation was observed between the results of

were also found. Were identified significant

both assessments (admission and discharge)

differences among the elderly living in their own

and age and length of stay allowing to realize that,

home, with mean scores higher than those living

in this sample, older individuals and those who

in institutions, although both groups have

remained more time hospitalized had lower

decreased from the first to the second moment.

scores on the MMSE. These findings are

Identical results were found in the literature

consistent with the results of other studies

(Forrest et al., 2012).

(Cornette et al., 2006; Siqueira et al., 2004).

Statistical significant changes were observed

Also participants living in institutions had lower

when comparing the two moments of evaluation

scores in both time points than those who lived in

of the FIM motor. As equal as with FIM cognitive,

their own home, confirming that also in our study,

negative correlations were found for both

like others (Whitney, Close, Jackson, & Lord,

moments with age and length of stay. The

2012), it seems evident that the cognitive

elderlies living in their homes had higher scores

impairment, even though mild, is one of the

than those living in institutions. These results are

causes of institutionalization of the elderly.

corroborated in several studies (Forrest et al.,

The present study evidences the importance of

2012).

assessment of functional capacities of elderly

FIM results indicate the occurrence of functional

patients. Functional and cognitive decline during

ability and cognitive performance decline during

hospitalization

hospitalization. This is directly related to the risk

consequences on the independent performance

of falling. In a study conducted in Rehabilitation

of activities of daily living are frequently the line

facilities was found an association between 1

between an independent and healthy life and

point increase in total FIM or in any of its

institutionalization.

subscales (motor or cognitive) and the reduction

Rates

between 0.955% and 0.925% of risk of falling

hospitalization found in literature ranged between

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of

is

a progression

towards

impairment.

Negative

often

functional

neglected

decline

and

after

its

acute

25-80% (Asmus-Szepesi et al., 2011; Buurman, VOLUME 5. EDIÇÃO 3


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25-80% (Asmus-Szepesi et al., 2011; Buurman, Hoogerduijn, et al., 2011; Buurman et al., 2012; Courtney et al., 2011; Kawasaki & Diogo, 2005; Vidan Astiz et al., 2008). In this study functional decline was observed in all participants. With this pioneer study in this region of Portugal, it stays clearly demonstrated the need of rehabilitation interventions to minimize and, in some cases, prevent risk factors associated with cognitive and functional decline during hospitalization. REFERENCES Almeida, R. A. R., Abreu, C. d. C. F., & Mendes, A. M. d. O. C. (2010). Quedas em doentes hospitalizados: contributos para uma prática baseada na prevenção. Revista de Enfermagem Referência, III Série(nº2), 163-172. Anpalahan, M., & Gibson, S. J. (2008). Geriatric syndromes as predictors of adverse outcomes of hospitalization. Intern Med J, 38(1), 16-23. doi:IMJ1398 [pii]10.1111/j.14455994.2007.01398.x Asmus-Szepesi, K. J., de Vreede, P. L., Nieboer, A. P., van Wijngaarden, J. D., Bakker, T. J., Steyerberg, E. W., & Mackenbach, J. P. (2011). Evaluation design of a reactivation care program to prevent functional loss in hospitalised elderly: a cohort study including a randomised controlled trial. BMC Geriatr, 11, 36. doi:1471-2318-11-36 [pii] 10.1186/1471-2318-11-36 Boltz, M., Resnick, B., Capezuti, E., Shuluk, J., & Secic, M. (2012). Functional Decline in Hospitalized Older Adults: Can Nursing Make a Difference? Geriatr Nurs. doi:S01974572(12)00067-5 [pii] 10.1016/j.gerinurse.2012.01.008 Buurman, B. M., Hoogerduijn, J. G., de Haan, R. J., Abu-Hanna, A., Lagaay, A. M., Verhaar, H. J., . . . de Rooij, S. E. (2011). Geriatric conditions in acutely hospitalized older patients: prevalence and one-year survival and functional decline. PLoS One, 6(11), e26951. doi:PONE-D-1114031 [pii] 10.1371/journal.pone.0026951 Buurman, B. M., Hoogerduijn, J. G., van Gemert, E. A., de Haan, R. J., Schuurmans, M. J., & de Rooij, S. E. (2012). Clinical characteristics and JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

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Carreira, J. et al (2016) The impact of the treatment method on intradialytic intercurrences and serum levels of hemoglobin, calcium and albumin of the person with chronic kidney disease, Journal of Aging & Innovation, 5 (3): 22 - 33 ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

DEZEMBRO 2016

O impacto do método de tratamento nas intercorrências intradialíticas e níveis séricos de hemoglobina, cálcio e albumina da pessoa com doença renal crónica

The impact of the treatment method on intradialytic intercurrences and serum levels of hemoglobin, calcium and albumin of the person with chronic kidney disease El impacto del método del tratamiento en las intercurrencias durante la diálisis y niveles en sangre de hemoglobina, calcio, y albumina de persona com enfermedad renal crónica

Autores JOAQUIM CARREIRA1, DORA MONTEIRO2 , NÁDIA SANTOS3 , PEDRO CARRAPATO4, EDGAR ALMEIDA5 , PEDRO CORREIA6 1

Mestre em Enfermagem Médico-Cirúrgica (vertente de Enfermagem Nefrológica) pela Escola Superior de Enfermagem de Lisboa;

Enfermeiro na Unidade de Diálise Hospital Beatriz Ângelo, Portugal, 2 Licenciada em Enfermagem pela Escola Superior de Saúde Jean Piaget; Enfermeira Especialista em Reabilitação; Enfermeira na Unidade de Diálise Hospital Beatriz Ângelo Portugal,3 Licenciada em Enfermagem pela Escola Superior de Enfermagem Calouste Gulbenkian; Enfermeira na Unidade de Diálise do Hospital Beatriz Ângelo, Portugal,

4

Doutorando em Ciências Sociais na Especialidade em Administração da Saúde; Mestre em Enfermagem Médico-Cirúrgica (Especialidade em Doente Crítico) pela Universidade Católica Portuguesa; Enfermeiro Responsável pela Unidade de Diálise do Hospital Beatriz Ângelo, Portugal,5 Doutorado em Medicina pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa; Médico Nefrologista, Diretor da Unidade de Diálise do Hospital Beatriz Ângelo, Portugal,

6

Doutorado em Ciências Sociais na Especialidade de Administração Pública pelo Instituto Superior de

Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa; Professor de Administração Pública no Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas da Universidade de Lisboa

Corresponding Author: quimlipe@gmail.com RESUMO: Introdução: A elevada prevalência da doença renal crónica conduziu ao desenvolvimento das técnicas de substituição da função renal como forma de tratamento dos indivíduos portadores da doença. A hemodiálise (HD) é o método mais utilizado para tratamento dos portadores da doença. Ainda que tenha evoluído grandemente, as intercorrências intradialíticas continuam a ser uma realidade. A literatura não é consensual quando relaciona as modalidades de tratamento e os benefícios e malefícios que lhes estão associados. Se por um lado surgem evidencias de que a hemodiafiltração (HDF) tem menos implicações para os doentes quando comparada com a hemodiálise, outras não mostram diferenças significativas quando se comparam as duas modalidades de tratamento. Métodos: Foi desenvolvido durante um período de 8 meses um estudo quasi-experimental prospetivo, comparativo, com o objetivo perceber se existem diferenças no número de intercorrências e níveis séricos de cálcio, albumina e hemoglobina observadas em cada modalidade de tratamento, HD versus HDF. Resultados e discussão: Os valores obtidos mostram que não existem diferenças estatisticamente significativas no número de intercorrências e níveis séricos de cálcio, albumina e hemoglobina observadas em cada modalidade de tratamento. Conclusões: Não foi possível determinar qual das modalidades de tratamento está associada a maiores/menores intercorrências intradialíticas nem aos níveis séricos de hemoglobina, cálcio e albumina. Palavras-chave: Hemodiafiltração, hemodiálise, intercorrências.

ABSTRACT: Introdution: The high prevalence of chronic kidney disease has led to the development of renal function replacement techniques as a treatment for individuals with the disease. Hemodialysis (HD) is the most commonly used method for the treatment of patients with the disease. Even if it has improved a lot, the intercurrences during dialysis continue to be a reality. The literature is not consensual when it relates the modalities of treatment and the benefits and harms associated with them. If on the one hand there is evidence that hemodiafiltration (HDF) has fewer implications for patients than hemodialysis, others do not show significant differences when comparing the two treatment modalities. Methods: A prospective, comparative, quasi-experimental study was developed over a period of 8 months to determine if there were differences in the number of intercurrences and serum levels of calcium, albumin and hemoglobin observed in each treatment modality, HD versus HDF. Results and discussion: The data obtained show that there are no statistically significant differences in the number of intercurrences and serum levels of calcium, albumin and hemoglobin observed in each treatment modality. Conclusions: It was not possible to determine which of the treatment modalities is associated with major/minor intradialytic intercurrences or serum levels of hemoglobin, calcium and albumin. Key words: Hemodiafiltration, hemodialysis, intercurrences.

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Introdução A doença renal crónica (DRC) pode ser definida como uma lesão da estrutura do rim ou uma perturbação do seu funcionamento que perdura mais do que três meses. Esta definição ganha um impacto maior quando se calcula que cerca de 500 milhões de indivíduos (um em cada 10 indivíduos) no mundo tem algum grau de DRC. Dentro deste grupo de portadores de DRC, 1,75 milhões são caracterizados por terem desenvolvido a forma mais grave de DRC, com necessidade de iniciar uma terapêutica de substituição da função renal, com recurso a técnicas dialíticas e/ou transplantação (Plataforma Informática de Gestão Integrada da Doença, S.d.) Em Portugal estima-se a existência de uma prevalência de 800 mil pessoas com DRC. Número que cresce anualmente, com aproximadamente dois mil novos casos de doentes por ano com falência da função renal. Segundo a Direção Geral de Saúde (DGS), este crescimento anual é superior à média dos países da OCDE, com Portugal a apresentar a maior incidência e prevalência de DRC da Europa. O aumento da esperança de vida, o maior acesso ás técnicas dialíticas e a transplantação de doentes cada vez mais idosos, o agravamento da prevalência de doenças como a diabetes e a hipertensão arterial (principais doenças identificadas como causa da DRC), o aumento da sobrevida associada às doenças cardiovasculares e a ausência de critérios para iniciar ou suspender uma terapêutica de substituição da função renal, são fatores considerados como explicativos deste aumento da incidência e prevalência da DRC (Norma da Direção Geral de Saúde, 2012). Atualmente a evidência mostra que um número significativo de indivíduos com DRC poderá desenvolver complicações cardiovasculares graves, num grau superior ao da população sem DRC. O conjunto de fatores referidos anteriormente, leva a que atualmente a condição clínica dos indivíduos com DRC que iniciam hemodiálise (HD) (como terapia de substituição da função renal) se tenha vindo a degradar na JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

última década (apesar de todo o desenvolvimento a que se assistiu no que diz respeito ás técnicas de substituição da função). O referido justifica ainda a elevada taxa de mortalidade associada aos indivíduos com DRC sob terapêutica da função renal com hemodiálise (15-20%), quando comparada com outras patologias como a diabetes (4,4%) (Norma da Direção Geral de Saúde, 2012). Das três diferentes terapias de substituição da função renal a transplantação renal é aquela que atualmente está associada a uma maior sobrevida e melhores indicadores de qualidade de vida, quando comparada com a sobrevida da população geral da mesma faixa etária considerada saudável. Apesar do acesso limitado à transplantação (pela insuficiente disponibilidade de órgãos de cadáver ou de dador vivo), esta continua a ser a modalidade com a melhor relação custo-eficácia. Ainda que com uma sobrevida média inferior à modalidade anteriormente referida, a hemodiálise continua a ser umas das opções de substituição da função renal mais utilizada (Norma da Direção Geral de Saúde, 2012). Não obstante o grande avanço tecnológico na área da hemodiálise a que se assistiu a partir da década de noventa (desenvolvimento de novos biomateriais aplicados no tratamento dos doentes com necessidade de terapia de substituição da função renal, de que são exemplo os dialisadores de alto fluxo, monitores de hemodiafiltração on-line, avaliação dinâmica do débito do acesso vascular módulos de controle térmico, módulos de controle volumétrico) as intercorrências intradialíticas existem ainda com grande prevalência, pelo que a necessidade de desenvolver e explorar outras modalidades que consigam diminuir as intercorrências durante os tratamentos de hemodialise, continuam a ter grande atenção (Ferreira, 2004; Mora-Bravo et al., 2012; Silva, 2013). Os desenvolvimentos referidos têm levado a uma alteração do papel da hemodiálise, que deixa de ter um papel tão primordial, em

detrimento

da

técnica

de

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hemodiafiltração (HDF). É descrito que a hemodiálise fornece apenas cerca de 10% do poder depurativo dos rins naturais enquanto que a hemodiafiltração se aproxima da função fisiológica da depuração renal, o que pode tornar a hemodiafiltração uma modalidade de eleição. A hemodiafiltração tomou-se uma alternativa à hemodiálise, para doentes com doença renal crónica com necessidade de terapia de substituição da função renal, por melhorar os resultados dos doentes (Canaud, Morena, LerayMoragues, Chalabi & Cristol, 2006). A hemodiafiltração é uma técnica depurativa, que utiliza, para além da ultrafiltração e da difusão, o transporte convectivo, que dá primazia à eliminação de médias e grandes moléculas, traduzindo-se em melhor eficácia dialítica. É uma técnica em que a perda de liquido é substituída por uma solução eletrolítica (dialisante) ultra pura que, para além de possibilitar o aumento do volume convectivo, permite reduzir o custo do tratamento (quando se recorre a monitores que permitem a realização de HDF on-line). Ao mesmo tempo, a hemodiafiltração, é uma modalidade de tratamento mais tolerável e mais confortável (Maduell et al., 2013). O presente artigo tem como objetivo avaliar se existem diferenças (suficientes para serem consideradas estatisticamente significativas) no número de intercorrências e níveis séricos de cálcio, albumina e hemoglobina observadas em cada modalidade de tratamento, HD versus HDF. Por outras palavras, pretende-se perceber se o método de tratamento, HD/HDF tem impacto no número de intercorrências observadas e nos níveis séricos de cálcio, albumina e hemoglobina. Para atingir o objetivo proposto, foi desenvolvido um estudo quasi-experimental prospetivo, comparativo, na Unidade de Diálise do Hospital Beatriz Ângelo. Hemodiálise A incapacidade do rim de desempenhar a sua função vital manifesta-se inicialmente com o surgimento dos primeiros sinais de uremia no

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organismo. É do conhecimento atual que a existência da doença renal é mais antiga do que a capacidade de a tratar. Se, na Idade Média o tratamento da doença renal era constituído por banhos quentes, terapias de sudação e enemas, atualmente o seu tratamento consiste em processos físicos como a osmose e a difusão (Fernandes, Ramos, Ladeira & Gomes, 2011). A partir dos anos 50 consegue alcançar-se uma base cientifica sustentada para o processo que transformou as leis da difusão elaboradas de forma empírica. Esta transformação conferiu precisão termodinâmica ao processo de difusão. A atual designação de hemodiálise parte de um procedimento extracorporal de filtração do sangue para o libertar de substâncias urémicas (Fernandes et al., 2011). Historicamente, a primeira descrição do procedimento descrito foi publicada em 1913, com a diálise de animais, e posteriormente, em 1924 com a primeira descrição de um tratamento de diálise em seres humanos, ainda que com muitas complicações inerentes. O primeiro tratamento de diálise realizado com sucesso aconteceu em 1945 com a utilização do rim de cilindros rotativos de Kolff 1 . O contínuo desenvolvimento do trabalho iniciado por Kolff resultou em equipamentos e componentes cada vez mais desenvolvidos e melhorados, tornando a hemodiálise o tratamento de eleição para a doença renal cronica com necessidade de terapia de substituição da função renal (Fernandes et al., 2011). A hemodiálise, tal como se encontra desenvolvida nos dias de hoje, é um processo terapêutico que consegue corrigir as modificações do organismo, provocadas pela alteração da função do rim, através da circulação do sangue conseguido por um equipamento construído para esse fim. A circulação extracorporal do sangue conduz o sangue até a uma membrana semipermeável, que constantemente banhada por uma solução eletrolítica apropriada (dialisante), permite a remoção das impurezas e da água em excesso

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do sangue (através de mecanismos de difusão e convecção) (Souza Terra, Costa, Figueiredo, Morais, Costa & Costa, 2010). Ainda que a evolução da técnica de hemodiálise ao longo do tempo tenha permitido todo este desenvolvimento, com o objetivo de realizar sessões de hemodiálise mais eficazes e com uma tolerância hemodinâmica maior por parte dos doentes, continuam presentes complicações/intercorrências durante o tratamento de hemodiálise. Salgueiro, Santos, Alves, Matos e Encarnação (2011) enumeram, por ordem decrescente em termos de frequência, a hipotensão arterial, cãibras e náuseas e vómitos como as três intercorrências mais frequentes. Na revisão da literatura elaborada por Nascimento e Marques (2005) já foi possível constatar o referido. A hipotensão arterial foi considerada a complicação mais frequente durante o tratamento. Acontece como reflexo da quantidade de líquidos removida do volume plasmático durante a sessão de hemodiálise. A água acumulada no organismo entre os tratamentos é removida pelo mecanismo ultrafiltração1. Quando a taxa de ultrafiltração é superior à capacidade de preenchimento vascular, ocorre hipovolemia e hipotensão arterial. As cãibras musculares surgiram também em segundo lugar. Normalmente acontecem durante os tratamentos de hemodiálise quando os líquidos e eletrólitos deixam rapidamente o espaço extracelular. Os fatores predisponentes mais importantes são: hipovolemia e hipotensão. Geralmente as cãibras ocorrem juntamente com a hipotensão, embora possam persistir após o restabelecimento da pressão arterial (Nascimento & Marques, 2005).

A terceira complicação identificada no trabalho de Nascimento e Marques (2005), as náuseas e vómitos, ocorrem por um conjunto de fatores. A maior parte dos episódios desta complicação em doentes estáveis parece estar relacionada com a hipotensão, apesar de também poder ser uma manifestação precoce da síndrome do desequilíbrio1. Mesmo com o desenvolvimento atrás referido e a melhoria dos tratamentos de hemodiálise e a sua tolerância, em 30% das sessões de hemodiálise pode ocorrer algum tipo de intercorrência/complicação. O estudo de Souza Terra et al. (2010) conclui que a ocorrência de algum tipo de complicação durante as sessões de hemodiálise é frequente. O mesmo trabalho refere que é pouco comum encontrar doentes em programa regular de hemodiálise que ainda não tenham dito algum tipo de intercorrência/complicação durante o seu tratamento. São identificadas como as complicações mais frequentes na amostra do estudo, por ordem de frequência, a hipotensão arterial (observada em 62,07%), vómitos (observado em 44,83%) e tonturas (41,38%). A pesquisa referida conclui ainda que, a frequente ocorrência das referidas complicações interfere na qualidade de vida dos doentes com doença renal crónica, com necessidade de terapia de substituição da função renal. Os autores sugerem que a monitorização e avaliação das complicações durante os tratamentos de hemodiálise devem ser contempladas nos programas de controlo de qualidade dos tratamentos (Souza Terra et al., 2010). Com

o

objetivo

identificar

as

intercorrências clínicas e avaliar a perceção de saúde dos doentes renais crónicos em hemodiálise, realizaram

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de

Coitinho um

et

estudo

al.,

(2015)

onde

foram

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hemodiálise, Coitinho et al., (2015) realizaram um estudo onde foram identificadas a fraqueza (55,8%), as cãibras (53,2%), hipotensão arterial (40,3%), dor de cabeça (35,1%) e perda de peso (32,5%), como as intercorrências mais frequentes na amostra do estudo. Salientam que as referidas intercorrências podem interferir na avaliação da saúde no geral e consequentemente na qualidade de vida dos doentes. Concluem que as intercorrências identificadas estão relacionadas com as condições clínicas dos doentes, desequilíbrio hidroeletrolítico e qualidade do tratamento da hemodiálise. Neste sentido, realçam a importância de individualizar os cuidados prestados com o objetivo de prevenir e/ou minimizar as referidas intercorrências e melhorar a qualidade de vida dos doentes. Com base nos resultados, inferem ainda que o método dialítico interfere positivamente na perceção da saúde dos doentes (ainda que as intercorrências estejam presentes de forma frequente nos tratamentos) por reduzir os sintomas relacionados com a doença renal crónica (Coitinho et al., 2015). Recentemente, uma pesquisa elaborada com o objetivo de observar as complicações que ocorrem no decurso dos tratamentos da hemodiálise e de que forma são geridos, identifica como intercorrências/complicações descritas na amostra do estudo as hipotensões, cólicas, calafrios, febre, reação ao dialisador, prurido, náuseas e vómitos. Destas, as três mais observadas foram as hipotensões (37,5%), náuseas e vómitos (17,5%) e cãibras (12,5%). Os autores do estudo realçam que as complicações intradialíticas continuam presentes nos tratamentos de hemodiálise com uma incidência que varia entre os 20% e os 30%. De destacar que a hipotensão (intercorrência mais observada em todos os estudos apresentados no presente trabalho), para além do desconforto causado aos doentes durante a realização do seu tratamento, aumenta a mortalidade dos doentes (Mehmood et al., 2016).A partir da literatura consultada pode concluir-se que apesar do desenvolvimento observado no tratamento de hemodiálise, as intercorrências/complicações durante as sessões JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

de hemodiálise são ainda uma realidade. As complicações observadas mais frequentemente são as hipotensões arteriais, cãibras e náuseas e vómitos. Pelo desconforto causado e também pelas suas implicações, a atuação preventiva parece ser a melhor forma de as evitar, conseguida com uma adequação individual dos tratamentos de hemodialise. Hemodiafiltração Historicamente a remoção de toxinas urémicas através da aplicação de ultrafiltração surge descrita em 1947, com a técnica a ser aplicada em animais. Aqui foi observada uma correlação da pressão transmembranária com a taxa de ultrafiltração. Posteriormente, em 1948, a ultrafiltração foi utilizada através de uma membrana celulósica por pressão negativa, tendo como por objetivo a remoção de excesso de líquidos. A convecção verificada foi pouco significativa, uma vez que não se utilizava solução de reposição (Malinow & Korzon, 1947; Alwall, Norviit & Steins, 1948). A diafiltração surge em 1972, por Henderson e Beans. Os autores descrevem a utilização da ultrafiltração com reposição de volume, relativamente eficaz na remoção de moléculas maiores, contudo, ainda que esta descoberta esteja por detrás do início da hemodiafiltração, a mesma não se demonstrou competente na remoção de solutos. Ainda em 1972 houve um interesse maior em aprofundar conhecimento sobre as membranas com poros de tamanho superior (Babb & Scribner, 1972). Por sua vez, Reiger, Quellhorst, Lowitz, Kong e Scheler (1974), denotaram que a hemodiálise e a hemofiltração eram pouco eficazes na remoção de solutos de médio peso molecular.Neste contexto, um grupo do Hospital de Giessen, Alemanha, começou a utilizar a hemodiafiltração, para remoção de toxinas urémicas. Apenas em 1978, existem alguns artigos (ver por exemplo Roy, 1978), que descrevem o nascimento da hemodiafiltração como novo método de hemodiálise (Leber, 2011; Silva, 2013). Este novo método de hemodiálise consiste na combinação da hemodiálise convencional com a hemofiltração, utilizando-se membranas de alto fluxo. Por conseguinte, a VOLUME 5. EDIÇÃO 3


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a remoção convectiva e difusa, foi evidenciada em vários artigos, como mais eficaz na depuração de pequenas e médias moléculas (Roy, 1978; Leber, 2011). Henderson e Beans (1978) relataram na época, que a HDF era uma técnica pouco difundida, pelos elevados custos financeiros que lhe estavam associados, provocados pelo aumento de volumes de solução de reposição. Esta nova modalidade de tratamento, HDF, foi-se aperfeiçoando ao longo dos anos, com acompanhamento de todo o avanço tecnológico inerente, sendo considerada por alguns autores, uma terapia de substituição renal mais eficaz (Stel, Kramer, Zoccali & Jager 2009; Collins et al., 2011). Na HDF, a remoção de solutos de menor e maior peso molecular é feita em simultâneo, quando se combina a difusão e a convecção. A crescente utilização da HDF como método de tratamento de eleição encontra-se descrita em alguns trabalhos, com a Europa a liderar a sua utilização (Henderson, 2007). A otimização da técnica dialítica tem por base o aumento da capacidade difusa e convectiva dos tratamentos, o que tem implicações a nível do debito do acesso vascular, da velocidade de circulação do sangue, da velocidade de circulação do dialisante e da adequação do anticoagulante (Ferreira, 2004). O transporte por convecção exige ultrafiltração até atingir a perda de peso desejada. O fluido de substituição tem um impacto económico elevado, contudo a qualidade dialítica aumenta na mesma proporção da produção do fluido de substituição (Peter et al., 2009). Desta forma, novos conceitos foram implementados na prática clínica levando a diferentes formas de HDF. A classificação depende fundamentalmente da quantidade de fluido de substituição utilizado (Silva, 2013). A HDF clássica utiliza um volume de substituição médio de 9 litros por sessão e, normalmente, é administrada na forma pós-diluição. Esta técnica foi utilizada durante muitos anos antes do surgimento da modalidade on-line. Em alguns casos, a quantidade de re-infusão foi correspondente a 3 litros por sessão ou superior a 15 litros por sessão, como no caso da HDF de JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

alta eficiência. As dificuldades em relação ao controle da pressão transmembranária, pressão venosa e fluxo de sangue inadequado, podem impedir que tal volume seja atingido (Maduell et al., 2013). Na HDF pré-diluição, onde o fluido de substituição é adicionado ao sangue antes do dialisador, ocorre hemodiluição. Isso garante melhores condições de convecção, mas esta vantagem é dissipada pela diluição da concentração disponível para a difusão, resultando em menor depuração de moléculas pequenas (Maduell et al., 2013). No modo pósdiluição, o fluxo de sangue no filtro está sujeito à hemoconcentração. Portanto, para minimizar o risco de comprometer o circuito por meio de coagulação e hemólise, a taxa total de ultrafiltração (a soma da taxa de substituição fluida e a ultrafiltração) não deve exceder 30% do fluxo de sangue (Maduell et al., 2010). Uma das razões que conduziu ao desenvolvimento da HDF foi a tentativa de minimizar alguns os fatores de morbilidade associados ao tratamento com hemodialise. Diversas pesquisas evidenciaram uma taxa de mortalidade inferior nos doentes em que o método de tratamento é a HDF, quando comparado com HD, com valores de 4% a 7% inferiores quando o método de tratamento é HDF (ver por exemplo Jirka et al., 2005; Vinhas, Vaz, Barreto & Assunção, 2007). No seguimento da mesma evidência, Peter et al., (2009), comparam a hemodiálise de alto fluxo com a de baixo fluxo. Referem que na primeira se verifica um aumento de sobrevivência e redução do risco de doença cérebro vascular. O mesmo estudo realça que no caso de doentes diabéticos, a hemodiálise de alto fluxo tem vantagem em termos de sobrevivência. Segundo, Alteieri et al., (1997), a HDF reduz a mortalidade e os efeitos colaterais, nomeadamente, cãibras, arritmias e cefaleias. Nos doentes que beneficiam de HDF, incluem-se os doentes com instabilidade hemodinâmica,nomeadamente, a hipotensão que é uma das complicações intra dialíticas mais frequentes, descritas na literatura. Evidenciam também que as hipotensões foram consideravelmente mais baixas com o tratamento convectivo do que com a diálise convencional. A HDF melhora a estabilidade hemodinâmica e controlo de pressão arterial, VOLUME 5. EDIÇÃO 3


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justificando-se com a remoção de mediadores potencialmente vasodilatadores (Maduell, et al., 1999). Nos doentes com DRC, as doenças cardiovasculares tornam-se relevantes. A inflamação crónica, leva a um aumento de citoquinas. A hemodiálise de alto fluxo traduz uma ativação dos macrofagos e osteoclastos, prevenindo a aterosclerose inibindo a sua progressão (Ferreira, 2004). Por outro lado, a remoção de moléculas médias (responsáveis pela resistência à eritropoetina) é mais eficaz na HDF, quando comparada com a HD, permitindo uma melhoria nos níveis de hemoglobina (Sciffl, 2007). Lornoy et al. (2000) e Munoz et al. (2006) evidenciam que a HDF melhora a dose de diálise, demonstrando que a eficácia de diálise aumenta em 31%. A remoção de moléculas médias tornase mais eficaz na HDF em comparação com a HD, aferindo-se na HDF uma taxa de depuração mais elevada cerca de 72,7%, enquanto que na HD é de 49,7%. A HDF compreende membranas e técnicas convectivas tendo limitações de utilização, que passam por um tratamento de águas para obter água ultra pura, análises de água mais frequentes, módulos de hemodiafiltração on-line, maior consumo de água e soluções dialisantes e maiores custos de dialisadores (Ferreira, 2004). A preparação das soluções de dialisante, permitiu o desenvolvimento da técnica on-line de HDF, sendo que esta técnica combina a difusão com elevada convecção, no qual o líquido de diálise é utilizado na preparação do fluido de substituição. O desenvolvimento do equipamento foi de encontro às taxas de reposição de ultrafiltração devido à utilização de alta permeabilidade nos filtros. O controle dos sistemas de tratamento da água, concentração e filtração do dialisante de infusão, deve ser regular, para garantir a sua qualidade e segurança microbiológica (Canaud et al., 2006). Metodologia Para responder à questão colocada, que serviu de ponto de partida para esta pesquisa, foi desenvolvido, durante 8 meses, um estudo quasi-

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experimental prospetivo, comparativo, com o objetivo de responder à questão “a hemodiafiltração tem impacto no número de intercorrências intradialíticas, níveis séricos de cálcio, albumina e hemoglobina observadas em cada modalidade de tratamento, HD versus HDF on-line pós-diluição?”. Os critérios de inclusão na amostra definidos foram: 1- Realizar hemodiálise há mais de um mês com três sessões semanais de hemodiálise de quatro horas de duração; 2- Acesso vascular com pelo menos um mês de utilização, sem intervenções durante todo o estudo; 3- Permanência na unidade durante todo o estudo; 4- Ter

conhecimento

do

protocolo

da

pesquisa e consentir participar. Foram selecionados 39 doentes do programa de hemodialise em regime ambulatório da Unidade de Diálise do Hospital Beatriz Ângelo. Destes, 11 foram excluídos durante o estudo por deixaram de ter presentes os critérios de inclusão definidos1. A amostra foi divida, por conveniência, em dois grupos (grupo A e grupo B). O grupo A iniciou HDF on-line pós-diluição e o grupo B manteve HD. Após quatro meses realizou-se crossing over, em que as modalidades de tratamento foram invertidas, o grupo A passou a realizar HD durante os restantes 4 meses e o grupo B HDF on-line pós-diluição. Este crossing over permitiu comparar cada doente com ele próprio, em cada uma das modalidades de tratamento. Os protocolos de tratamento foram elaborados por cada um dos nefrologistas responsáveis pelos doentes da amostra de forma individualizada, com adequação da UF máxima e volume de substituição (quando em HDF). Os dados foram colhidos retrospetivamente do processo clinico e posteriormente tratados com recurso ao SPSS®.

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Discussão e análise dos resultados A amostra foi constituída por 28 doentes do programa de hemodiálise em regime ambulatório da Unidade de Diálise do Hospital Beatriz Ângelo. O doente mais novo presente na amostra tinha 26 anos e o doente mais velho 87 anos, com uma média de idades de 64 anos (Tabela 1).

Dividida a amostra por grupos etários, verificouse que o grupo etário mais expressivo foi o de 5264 anos, seguido de dois grupos com a mesma representatividade, 65-77 anos e 78-90 anos (gráfico 1). Relativamente ao género, da amostra

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da pesquisa, 57% dos doentes eram do género masculino e 43% do género feminino (gráfico 2). Como referido anteriormente, a amostra foi dividida em dois grupos, A e B. Foi estipulado que os doentes que realizavam tratamento às segundas, quartas e sextas-feiras pertenciam ao grupo A. Os doentes a realizar tratamento nas terças, quintas e sábados, formaram o grupo B. Após esta divisão, o grupo A foi constituído por 13 doentes e o grupo B por quinze doentes (gráfico 3). Relativamente às intercorrências observadas, tal como na literatura consultada, verificou-se que as intercorrências com maior representatividade foram as hipotensões, cãibras e as náuseas e vómitos. Pela menor quantidade de observações, as restantes intercorrências (dor precordial, cefaleias, cansaço) foram agrupadas e consideradas de forma única no grupo “outras”. É possível verificar no gráfico 4 as intercorrências verificadas divididas de acordo com o tipo de tratamento.

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De forma a conseguir alcançar o objetivo proposto pela presente pesquisa, a questão de investigação que se coloca é, saber se as diferenças observadas no número de intercorrências são suficientes para serem consideradas estatisticamente significativas ou se, pelo contrário, podem ser atribuídas a flutuações aleatórias nos dados. Para conseguir responder à questão, foi aplicado o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis (Tabela 2). De salientar os p-valor obtidos nas diferentes variáveis. Com o nível de significância previamente estabelecido, de 0,05, constata-se

Por existir literatura que refere a diminuição de intercorrências quando o método de tratamento é HDF (ver por exemplo Altieri et al., 1997; Maduell et al., 1999; Maduell et al., 2013) analisaram-se os dados considerando apenas os dados do 1º e 4º mês, tanto em HD, como em HDF. Assim, após os testes estatísticos descritos atrás (onde foram comparadas as intercorrências dos 4 meses nas duas modalidades) comparam-se os resultados das intercorrências observadas no 1º e 4º mês em que a pesquisa decorreu. Os resultados desta análise estatística encontra-se na Tabela 3. Aplicou-se novamente o teste não paramétrico de Kruskal-Wallis, obtendo-se resultados

que o p-valor é superior ao nível de significância. Tal facto leva à aceitação hipótese nula do teste e à rejeição da hipótese alternativa. Atesta-se assim que não existem diferenças estatisticamente significativas no número de intercorrências observadas de acordo com o método de tratamento, HD/HDF. Por outras palavras, o método de tratamento (HD ou HDF) não tem influência no número de intercorrências observadas durante o tratamento.

idênticos aos anteriores. Com o mesmo nível de significância definido anteriormente, de 0,05, constata-se que o p-valor é superior ao nível de significância, atestando-se que também não existem diferenças estatisticamente significativas no número de intercorrências observadas de acordo com o método de tratamento, HD/HDF, quando são considerados os dados do 1º e 4º mês.

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Para além da pesquisa que relaciona as intercorrências com o método de tratamento, existem estudos que também associam o método de tratamento com alguns parâmetros analíticos. Orasan et al. (2013) desenvolveram um estudo comparativo entre a HD e a HDF pós-diluição relativamente a dados clínicos e laboratoriais. Verificou-se um nível de albumina e proteína C reativa (PCR) mais elevado em HD quando comparado com HDF. O controlo da anemia com o método de tratamento HDF quando comparado com HD é ainda controverso. Se por uma lado pesquisas como Bonforte, Grillo, Zerbi e Surian (2002) demonstraram uma superioridade do método HDF no controlo da anemia, quando comparado com HD, concluindo ainda que o método de tratamento HDF permite uma correção

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considerável da anemia nos doentes sem terapêutica com eritropoetina, e reduz as doses de eritropoetina nos doentes com eritropoetina prescrita.

Conclusões

distintas

podem

ser

observadas em pesquisas em que não foram encontradas diferenças significativas no controlo da

anemia

e

valores

analíticos,

quando

comparados métodos de tratamento HDF com HD (Vilar et al., 2009). No trabalho de Orasan, et al. (2013), também não foram encontradas diferenças entre os valores de hemoglobina quando comparados os métodos de tratamento HDF e HD. Resultados idênticos foram obtidos relativamente aos valores analíticos de cálcio e albumina. Nos dados colhidos no presente estudo, também não foram observadas diferenças estatísticas nos níveis de hemoglobina, albumina e cálcio, quando comparados os dois métodos de tratamento, como é possível verificar na Tabela 4.

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Conclusões

maiores/menores

A literatura não é consensual no que concerne à relação entre o método de tratamento (HD/HDF) e as intercorrências e níveis analíticos observados, quando comparadas as duas modalidades de tratamento. Como referido anteriormente, algumas pesquisas encontraram diferenças consideradas estatisticamente significativas quando comparados os resultados observados em HD e HDF, outras pelo contrário, não evidenciaram diferenças consideradas significativas. Se por um lado existe literatura que reconhece um maior beneficio nos indicadores referidos quando utilizado a modalidade de tratamento HDF, outra contrapõe ao não aferir diferenças consideradas significativas nas duas modalidades de tratamento. Os dados obtidos na presente pesquisa vão de encontro ao observado nas pesquisas onde não foram constatadas diferenças entre os indicadores quando comparados as modalidades de tratamento HD com HDF on-line pós-diluição. Considerando o enquadramento teórico e os resultados estatísticos obtidos (para o contexto específico em análise) é possível resumir os principais contributos deste estudo nos seguintes tópicos:  Não

existem

diferenças

nas

intercorrências consideradas quando comparadas

as

modalidades

de

intercorrências

intradialíticas quando se compara HD com HDF on-line pós-diluição com HD. Como

trabalho

futuro

sugere-se

a

replicação do estudo, durante um período mais alargado de forma a conseguir avaliar alterações a médio e longo prazo. Uma amostra de maior dimensão será também um fator que poderá contribuir com uma maior robustez dos dados obtidos. Numa pesquisa com a mesma metodologia,

pode

ser

pertinente

comparar individualmente cada doente em cada uma das modalidades dialíticas.

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com HD.

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 Não existem diferenças nos níveis séricos

de

cálcio,

albumina

e

hemoglobina quando comparadas as modalidades de tratamento HDF online pós-diluição com HD.  Não

é

possível

modalidade

de

associar tratamento

uma

by examination of solute molecular spectra. ASAIO Journal, 18(1), 98-105. Bonforte, G., Grillo, P., Zerbi, S., & Surian, M. (2002). Improvement of anemia in hemodialysis patients treated by hemodiafiltration with highvolume on-line-prepared substitution fluid. Blood purification, 20(4), 357-363.

a

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Costa, P. et al (2016) Similarities Between the Knowledge Creation and Conversion Model and the Competing Values Framework: An Integrative Approach, Journal of Aging & Innovation, 5 (3): 34 - 46

ARTIGO ORIGINAL/ ORIGINAL ARTICLE

DEZEMBRO 2016

SIMILARITIES BETWEEN THE KNOWLEDGE CREATION AND CONVERSION MODEL AND THE COMPETING VALUES FRAMEWORK: AN INTEGRATIVE APPROACH Similitude entre os modelos de circulação do conhecimento e dos valores contrastantes: uma abordagem integradora para a gestão das organizações Similitud entre los modelos de circulación de conocimientos y valores contrastantes: un enfoque integrado para la gestión de las organizaciones Autores PAULO COSTA1, LISETE MÓNICO2, PEDRO PARREIRA3 , CÉSAR FONSECA4, VÍTOR SANTOS5 1

Escola Superior de Enfermagem de Coimbra,

2

Professora Auxiliar na Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da

Universidade de Coimbra, 3 Professor Adjunto da Escola Superior de Enfermagem de Coimbra,

4

Professor Adjunto Universidade de Évora,5

MsC, RN, Centro Hospitalar do Oeste, Centro Especializado de Tratamento de Feridas São Peregrino Corresponding Author: paulocosta.15@gmail.com RESUMO

Contemporaneamente, e com as sucessivas revoluções paradigmáticas da Gestão desde do século XVIII, testemunha-se um era fortemente marcada pela rUtura estrutural na forma como se concebem as organizações. A globalização dos mercados, cimentada por evoluções tecnológicas céleres associadas a profundas transformações de índole económica, cultural, política e social caracterizam uma realidade onde a incerteza é a única certeza para organizações e gestores. A gestão do conhecimento têm sido interpretada por gestores e académicos enquanto alternativa viável numa lógica de criação e conservação de vantagens competitivas sustentáveis. Todavia, variadas são as barreiras que se opõem à implementação e desenvolvimento de programas de gestão do conhecimento nas organizações, sendo a cultura organizacional uma das mais preponderantes. Neste sentido, e no presente artigo, serão analisados e comparados o Modelo de Circulação do Conhecimento proposto por Nonaka e Takeuchi (1995) e o Modelo de Valores Contrastantes de Quinn and Rohrbaugh (1983), na medida em que ambos apresentam linhas conceptuais convergentes que poderão auxiliar os gestores, nos diversos setores, a orientarem a sua organização numa perspectiva de produtividade, qualidade e competitividade de mercado.

Palavras-chave: Modelo de Circulação do Conhecimento, Nonaka & Takeuchi, Modelo de Valores Contrastantes, Quinn e Rohrbaugh.

ABSTRACT Contemporaneously, and with the successive paradigmatic revolutions inherent to management since the XVII century, we are witnessing a new era marked by the structural rupture in the way organizations are perceived. Market globalization, cemented by quick technological evolutions, associated with economic, cultural, political and social transformations characterize a reality where uncertainty is the only certainty for organizations and managers. Knowledge management has been interpreted by managers and academics as a viable alternative in a logic of creation and conversation of sustainable competitive advantages. However, there are several barriers to the implementation and development of knowledge management programs in organizations, with organizational culture being one of the most preponderant. In this sense, and in this article, we will analyze and compare The Knowledge Creation and Conversion Model proposed by Nonaka and Takeuchi (1995) and Quinn and Rohrbaugh's Competing Values Framework (1983), since both have convergent conceptual lines that can assist managers in different sectors to guide their organization in a perspective of productivity, quality and market competitiveness. Key-words: knowledge creation and conversion model, Nonaka & Takeuchi, Competing Values Framework, Quinn e Rohrbaugh.

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INTRODUÇÃO

Deste modo, com o presente artigo pretende-se analisar e comparar de que forma o Modelo de

É possível testemunhar um período de clara

Circulação Conhecimento proposto por Nonaka e

transformação e profunda rutura estrutural na

Takeuchi se relaciona com o Modelo de Valores

forma de conceber e pensar os conceitos

Contrastantes proposto por Quinn e Rohrbaugh,

organização e de os organizar desde das últimas

dois

duas décadas do século XX. O impacto da

reconhecidos

no

economia

suas

organizacional

relativamente

extensões ideológicas, pressões políticas e

Conhecimento

dinâmicas

uma

respetivamente. Como objectivos, propõe-se a

crescente disseminação das tecnologias de

análise e relevo entre as linhas conceptuais

informação

na

convergentes em ambos os modelos, de forma a

e

realçar eventuais contributos válidos para uma

macro

gestão eficaz do conhecimento nas diferentes

no

mercado

mundial,

expansionistas, e

aliadas

comunicação,

sofisticação

exponencial

da

informática

conduziram

a

as a

assentes eletrónica um

desenvolvimento e sobre(vivência) acelerados e

modelos

amplamente

e

difundidos

meio

a

académico à

Cultura

Gestão

e do

Organizacional,

culturas organizacionais.

globalizados (Monteiro, 2010). Contemporaneamente, vivemos numa sociedade

ENQUADRAMENTO TEÓRICO

do conhecimento onde este é a fonte de

Pode afirmar-se que o conceito de conhecimento

qualidade e poder/domínio. Num mundo onde os

foi e é indissociável da formulação da vida e

mercados, produtos, tecnologias, competidores e

civilizações humanas, constituindo um elemento

até as sociedades se transformam velozmente, a

fundamental

inovação contínua e o conhecimento que permite

actualmente, a urgência e intensidade com que

tal inovação tornaram-se fontes vantajosas para

se estuda e debate o tema prende-se com a

uma competição sustentável (Nonaka, Toyama e

definição, acima de qualquer outro fator, de

Konno, 2000).

oportunidades de sustentabilidade empresarial e

A

Cultura

Organizacional,

enquanto

mapa

ideológico e conceptual partilhado pelos diversos atores

organizacionais,

exibe

uma

visão

à

sua

desenvolvimento

evolução.

sustentável

Contudo,

e

universal

(Monteiro, 2010). Poderá

entender-se

Cultura

Organizacional

hologramática, na medida em que uma parte do

enquanto uma ideologia predominante que

todo

ou

proporciona uma sensação de identidade aos

departamento) contêm características culturais

trabalhadores, munindo-os com um conjunto de

partilhadas pela globalidade da organização.

diretrizes conceptuais sobre como se relacionar

Todavia, a Cultura Organizacional pode impor

dentro, e com, a organização, ampliando a

dificuldades na coordenação e integração de

estabilidade do sistema social global (Cameron e

processos

Quinn, 2006).

(trabalhador,

ou

equipa,

atividades

unidade

organizacionais

(Cameron e Quinn, 2006).

É reconhecida a relação intrínseca e sinérgica entre cultura organizacional e o sucesso das

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 5. EDIÇÃO 3


Página 36

organizações, tendo sido alvo de diversos

dinamismo, por oposto a critérios estabilidade,

estudos e publicações nas últimas décadas.

ordem e controlo. Neste sentido, algumas

Semelhantemente

organizações

a

outros

processos

de

são

entendidas

enquanto

mudança organizacional, também a Gestão do

eficientes se estiverem em constante adaptação

Conhecimento parece não estar isenta do seu

e transformação, enquanto que outras o são

impacto,

organizacional

entendidas se forem consideradas estáveis,

fatores

previsíveis ou mecanicistas. Este continuum

sendo

reconhecida

como

a

cultura um

dos

mais

ponderantes para a aplicação, desenvolvimento

varia

e manutenção de processos de gestão do

organizacional num dos lados do espectro,

conhecimento organizacional (Cruz e Frederico,

contrastando com a durabilidade e estabilidade

2015).

existente

Deste modo, proceder-se-á à análise teórica do Modelo

de

Valores

Contrastantes

(MVC)

proposto por Quinn e Rohrbaugh e o Modelo de Circulação do Conhecimento (SECI) de Nonaka

entre

versatilidade

e

elasticidade

na direcção oposta. A segunda

dimensão diferenciava critérios que realçavam a orientação interna, a integração e união, de critérios

como

a

orientação

externa,

a

diferenciação e a rivalidade. Neste sentido, é possível aludir à existência de um continuum que

e Takeuchi.

varia O Modelo de Valores Contrastantes (MVC)

entre

a

coesão/consonância

interna

organizacional e a separação/independência organizacional.

Em

1974,

John

Campbell

e

colaborares

estudaram aqueles que seriam entendidos como os indicadores major de organizações eficientes. Para este efeito, foram analisadas as respostas a questões como "Quais os critérios principais para determinar se uma organização é eficiente?", "Que fatores-chave definem uma organização eficiente?"

e

"Quando

alguém

considera

determinada organização enquanto eficiente, quais os indicadores a selecionar?". Os trinta e nove indicadores resultantes desta análise foram dissecados por Quinn e Rohrbaugh em 1983, de forma a determinar se poderiam ser identificados padrões, tendo emergido duas dimensões major que organizavam os indicadores em quatro grupos.

A conjugação destas duas dimensões forma quatro quadrantes, os quais representam um conjunto

de

de

eficiência

organizacional distintos. Estes quatro conjuntos representam valores matriciais pelos quais as organizações são definidas enquanto eficientes, ou não, pelos diferentes atores organizacionais. Todavia, e notavelmente, estes quatro conjuntos de

critérios

representam

suposições

contraditórias ou hipóteses competitivas. Os continuus

anteriormente

referenciados

contrastam valores de flexibilidade/estabilidade e foco

interno/externo.

Cada

quadrante

foi

nomeado de acordo com as suas características representativas, sendo atualmente identificadas enquanto

diferentes

A primeira destas dimensões enfatizava critérios

organizacional:

de eficiência como flexibilidade, discrição e

hierarquia.

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

indicadores

clã,

tipos adocracia,

de

cultura

mercado

VOLUME 5. EDIÇÃO 3

e


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A cultura de Clã serviços

é

desenfreada,

identificou-se

a

As organizações que evidenciam uma cultura

emergência

organizacional de clã apresentam um conjunto

organizacional - a Adocracia. Esta tipologia

de valores e objetivos partilhados entre os

estrutural acredita que iniciativas pioneiras e

diferentes agentes organizacionais, promovendo

inovadoras fomentam o sucesso, tendo como

uma sensação de pertença e coesão que

objectivo

fomenta qualidades como a individualidade,

necessidades futuras em termos de serviços e

participação activa e lealdade. Além de uma

bens oferecidos. Neste sentido, é de capital

entidade económica, estas organizações são

importância o fomento de qualidades entre os

tidas como uma família alargada, onde o trabalho

trabalhadores

em equipa e envolvimento dos trabalhadores são

criatividade, e adaptação. A visão organizacional

cruciais.

organizações

prende-se com a necessidade de inovar e ser

promovem sessões de análise e discussão

flexível, de forma a responderem a necessidades

grupal de forma a encorajar os membros a

emergentes

e

vocalizar as suas sugestões. Os líderes e

mercados.

É

gestores são tidos em consideração como

descentralização do poder, sendo que este flui

mentores, ou até figuras parentais, os quais

entre indivíduos de acordo com o projecto, ou

fomentam a necessidade de partilha entre os

problema, que a organização enfrenta. Os

diversos agentes organizacionais.

indivíduos, e principalmente gestores, devem ser

Comummente,

estas

A cultura de Adocracia

de

final

um novo

a

como

tipo

de

preparação

o

novas

cultura

para

as

empreendedorismo,

oportunidades

possível

dos

reconhecer

a

visionários, capazes de inovar e enfrentar

Com a revolução e evolução célere dos

eventuais riscos, dada a incerteza e ambiguidade

mercados e tecnologias, onde a oferta de bens e

inerentes à conquista do um mercado do futuro, temporário e em constante mudança.

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 5. EDIÇÃO 3


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A dimensão das competências de liderança de

A cultura de Mercado

gestores

foi

fortemente

explorada

com

o

Refere-se a uma organização que funcione como

desenvolvimento do MVC. A relação entre as

um mercado, orientada para o exterior da

duas dimensões chave da liderança (flexibilidade

organização, focando-se em entidades como

versus estabilidade e orientação interna versus

clientes,

sindicatos,

externa) configuraram-se em quatro quadrantes,

fornecedores, entre outros. A cultura de mercado

apelidados de modelos (Parreira et al, 2015).

opera primariamente através de mecanismos de

Neste contexto, os modelos das Relações

regulação económicos, com especial enfoque

Humanas e dos Sistemas Abertos representam o

nas transações monetárias de forma a celebrar a

foco flexibilidade, e os modelos dos Objetivos

sua vantagem competitiva. Deste modo, os

Racionais e dos Processo Internos (Hierarquia)

valores matriciais destas organizações prendem-

representam o foco estabilidade. Por sua vez o

se com a competitividade e produtividade,

modelo das Relações Humanas e o modelo da

enfatizando-se

um

Hierarquia representam o foco interno, e o

posicionamento no mercado externo favorável e

modelo dos Objetivos Racionais e o modelo dos

controlo. A visão de que o ambiente externo é

Sistemas Abertos representam o foco externo.

agentes

reguladores,

a

necessidade

de

hostil e os consumidores interessam-se apenas

O modelo das Relações Humanas é

no valor dos produtos/serviços, leva os gestores

representado pelo papel de Mentor e

a adotarem uma postura estratégica agressiva e

Facilitador.

de competição. A organização define sucesso

desenvolvimento das pessoas através de

através da penetração e detenção de controlo de

uma orientação empática, advogando a

mercado, existindo uma preocupação em ser

formação como de capital importância. O

competitivos e atingir metas estabelecidas.

facilitar visa a promoção do esforço

O

mentor

promove

o

coletivo, coesão e espírito grupal. 

A cultura Hierárquica enquanto

estruturados, organizacionais

onde são

lugares os

formais

diversos governados

e

por

preocupações da organização, a longo prazo, prendem-se com a estabilidade, previsibilidade e eficiência. JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Abertos

astuto)

e

Inovador

(sonhador

e

visionário, que facilita os processos de

procedimentos e onde as regras e políticas

enquanto metódicos e bons coordenadores. As

Sistemas

recursos, sendo politicamente persuasivo

atores

geral. Os líderes eficientes são considerados

dos

qual se preocupa com a obtenção de

e

formais que regem o seu bom funcionamento

modelo

caracterizado pelos papéis de Broker (o

Na cultura hierárquica, as organizações são definidas

O

mudança). 

O modelo dos Processos Internos é figurado pelos papéis de Monitor e Coordenador. Do líder Monitor espera-se que o controlo rigoroso, cumprimento de regras e realização de objetivos. Ao Coordenador

é

esperado

que

este

VOLUME 5. EDIÇÃO 3


Página 39

 

imponha

um

fluxo

organizado

e

imitação e da prática. O indivíduo terá de ser

estruturação do trabalho.

capaz de se auto transcender e disponibilizar,

O modelo dos Objetivos Racionais é

uma vez que o próprio necessita de ultrapassar o

representado pelos papéis de Produtor

seu eu, de modo a integrar o conhecimento tácito

(orientado para a tarefa por realizar) e

do outro. Aliada ao conceito de Socialização

Diretor (que planeia e define/clarifica os

encontra-se o "originating ba", o qual privilegia as

objetivos a serem alcançados, avaliando

situações que decorrem face a face, sendo por

o processo de consecução dos mesmos e

isto cruciais para a partilha de conhecimento

eventuais dificuldades associadas).

tácito, e por isto à cultura organizacional. A Exteriorização é o processo que permite a

O Modelo de Circulação do Conhecimento (SECI)

conversão

de

conhecimento

tácito

em

conhecimento explícito. Enquanto processo, De acordo com Nonaka e Takeuchi (1995)

exige a auto transcendência do indivíduo na

citados por Brito (2010), o Modelo de Circulação

medida em que necessita de ultrapassar as

do Conhecimento assenta em processos de

fronteiras interiores e exteriores do eu, de modo

interacção

a poder alcançar o seu conhecimento tácito e

entre o conhecimento tácito e

explícito, com uma natureza dinâmica e contínua

converte-lo

e da qual emergem quatro “modos de conversão”

Exteriorização é passível de ser realizada através

da linguagem (palavras, conceitos, metáforas,

SECI

(Socialização,

Exteriorização,

analogias,

Combinação e Interiorização). Os autores adoptaram o termo "ba" para explicitar o contexto em que é susceptível ocorrer a génese do conhecimento. Este contexto não é unicamente espácio-temporal, podendo remeter para conceitos de espaço físico, virtual ou mental (ou combinação dos mesmos, criando um tempo e espaço únicos). Deste modo, a cada um dos quatro modos de conversão corresponde um determinado "ba", com vista à criação do conhecimento. Cada "ba" foi delimitado por duas dimensões: o tipo de interacção (individual ou colectiva) e os meios de interacção utilizados (presenciais ou virtuais).

através de

conhecimento

narrativas

conhecimentos

ou

pessoais

explícito.

narração em

A

de

fórmulas

entendíveis aos outros). As ideias do sujeito (origem interna), precisam de um outro indivíduo que as ouça e acredite nelas (exteriorização). Após esta etapa, é necessário que se encontre coerência, utilidade e expressividade nesta ideia. Para isto é necessário um "dialoguing ba", espaço onde modelos mentais e as aptidões individuais são partilhados, caracterizado pelas interações coletivas, em situações de face a face (peer to peer) e por um processo reflexivo capaz de transformar os modelos cognitivos e aptidões individuais em conceitos específicos, através de uma linguagem comum.

A Socialização corresponde à criação de novo conhecimento,

em

mecanismos

de

partilha de experiência, da observação, da JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

A Combinação corresponde ao processo de criação de conhecimento explícito, que toma por ponto de partida o conhecimento proveniente do VOLUME 5. EDIÇÃO 3


Página 40

interior ou exterior da própria organização. Este

conhecimento explícito através da promoção da

conhecimento será reunido, combinado, editado

aprendizagem pela prática (learning by doing),

ou processado e transformado, desta forma, em

possibilitando, desta forma, a aprendizagem de

novo conhecimento. Este conhecimento será, por

novos conceitos ou métodos de trabalho. O

fim, disseminado por toda a organização. O

"exercising ba" deve ser entendido como o

"systemizing ba" corresponde a um espaço de

espaço

interacção coletivo virtual. Necessita de ser

conhecimento

partilhada uma visão organizacional sistémica e

comunicado através de meios, que podem ser

é requerida uma cultura orientada para a partilha

virtuais (manuais escritos, relatórios, fórmulas,

e colaboração entre os atores organizacionais.

etc.) e o indivíduo. Este, em situação real de

Sendo, também, fundamental a existência e

trabalho, vai sendo estimulado a selecionar e

utilização de meios virtuais, nomeadamente das

integrar

novas tecnologias de informação e comunicação.

comportamento e pensamento, convertendo-os

A Interiorização é um processo de incorporação de conhecimento explícito sob a forma de conhecimento tácito. Este processo desenrola-se em dois momentos distintos. Numa primeira instância, com a incorporação do conhecimento explícito nos comportamentos e práticas dos indivíduos, sob a forma de modelos mentais partilhados ou conhecimentos técnicos (Knowhow). Num segundo momento, incorpora-se o

onde

decorre

a

incorporação

explícito,

determinados

do

previamente

padrões

de

em conhecimento tácito. Os quatro modelos de conversão supracitados, que envolvem tanto o conhecimento

tácito

e

explícito,

vão-se

sucedendo e desenrolando, de modo contínuo e em espiral (Fig. 2). Esta óptica pressupõe que o sujeito

analise

as

experiências

adquiridas

quando coloca em prática novos conhecimentos mas também que os incorpore nas bases de conhecimento tácito da organização, sob a forma de modelos mentais partilhados ou práticas de trabalho. Além disto, os autores introduzem o conceito de "ativos de conhecimento", os quais descrevem enquanto recursos específicos da organização que são indispensáveis para a criação de valor (Nonaka, Toyama e Konno, 2000).

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trabalho. Além disto, os autores introduzem o

documentos, bilhetes informativos, entre

conceito de "ativos de conhecimento", os quais

outros.

descrevem enquanto recursos específicos da organização que são indispensáveis para a criação de valor (Nonaka, Toyama e Konno, 2000).

ANÁLISE INTEGRATIVA DOS DOIS MODELOS O Modelo de Valores Contrastantes de Quinn e Rohrbaugh (1983) foca-se na estrutura enraizada

Todavia, estes "ativos de conhecimento" são dinâmicos e em constante transformação. O seu mapeamento, numa determinada organização num espaço temporal finito, nunca será suficiente para avaliar e gerir os "ativos de conhecimento" de uma organização de forma eficiente.

de cada cultura organizacional, enquanto que o Modelo de Circulação de Conhecimento (SECI) de Nonaka e Takeuchi (1995) centra-se na criação e transferência de conhecimento numa organização. É possível delinear e analisar paralelos conceptuais comuns a ambos os

Deste modo, são propostas quatro categorias de

modelos anteriormente abordados na medida em

"ativos de conhecimento":

que estes convergem na necessidade de analisar

Ativos de conhecimento experiencial, que consistem na partilha de conhecimento tácito, o qual é criado através da relação entre os atores organizacionais com o meio interno e externo (ex: fornecedores, clientes) da organização.

Ativos de conhecimento emocional, como a

preocupação,

percepção/interpretação

confiança de

e

gestos,

expressões e emoções (ex: entusiasmo ou tensão). 

uma dimensão organizacional específica de forma

a

auxiliar

gestores

e

atores

organizacionais na conquista da eficácia e eficiência. Ainda que em âmbitos diferentes, ambos

os

modelos

afastam-se

da

visão

organizacional estática e passiva dos atores organizacionais,

caminhando

na

consciencialização dos processos dinâmicos associados

às

operações

internas

da

organização e das sucessivas interações entre meios e contextos intra e extraorganizacionais.

Ativos de conhecimento conceptual, que

A necessidade de responder às diferentes

consiste

necessidades, conflitos e imposições que as

em

conhecimento

explícito,

sendo articulado através de imagens,

organizações

enfrentam

símbolos e linguagem. Representam

tentativa

se

formas tangíveis de interpretar e analisar

competitivas, são respondidas em ambos os

a organização.

modelos: o MVC considera que a adopção de

Ativos de conhecimento sistémico, o qual

qualidades paradoxais mune o gestor e atores

se refere ao conhecimento explícito

organizacionais de um leque de competências

sistematizado de forma compacta, como

capazes

poderá

emergentes, enquanto que o Modelo SECI afirma

ser

revisto

em

manuais,

de

de

dar

diariamente,

tornarem

numa

sustentáveis

resposta

aos

e

desafios

que a interação entre realidades dicotómicas JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 5. EDIÇÃO 3


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está na génese da criação e circulação de

permite a partilha de experiências, a qual está na

conhecimento

atores

base da criação do conhecimento, sendo fulcral

organizacionais (caos vs ordem, micro vs macro,

para o desenvolvimento de soluções, problemas

lógica vs emoção, rigidez vs inovação, tácito vs

e desafios organizacionais. O MVC preconiza a

explícito, etc.).

interacção e partilha grupal, suportando a ideia

entre

os

diferentes

Ambos os modelos descrevem quatro dimensões distintas (Fig. 3). Enquanto que o MVC assume que o indivíduo se move entre os quatro quadrantes de acordo com as necessidades sentidas, ainda que esta deva ser equilibrada e harmoniosa, o Modelo SECI revê uma relação contínua entre os quatro processos. Todavia, e

de que o trabalhador demonstrará a sua individualidade, sentindo-se parte do todo. Na mesma óptica, o Modelo SECI descreve o originating ba como as situações "face a face" entre trabalhadores e os "ativos de conhecimento experiencial" como a partilha de conhecimento tácito através da relação entre trabalhadores.

de acordo com Nonaka e Takeuchi, apesar de

Além disto, o MVC defende que a Cultura de

existir uma ordem definida entre os quatros

Adocracia é marcada pela fomentação da

processos, é esperado que o conhecimento seja

criatividade, inovação e empreendedorismo entre

criado mediante a sua interacção simultânea

os

(relação em espiral). A Cultura de Clã partilha

tentativa de conquistar novas oportunidades e

com o processo de Socialização a identificação

estar sempre a par dos mais recentes avanços

das relações humanas enquanto fator de vital

tecnológicos. Os diversos atores organizacionais

importância

partilham

para

as

organizações,

diversos

atores

entre

si

organizacionais,

conceitos,

hipóteses

independentemente das suas infraestruturas. É

responsabilidades.

da interação informal entre indivíduos que se

semelhantes aos defendidos por Nonaka e

JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

Estes

numa

pressupostos

e

são

VOLUME 5. EDIÇÃO 3


Página 43

Takeuchi (1995) quando descrevem o processo

constantes de forma a tornar-se competitiva e

de

indivíduos

sustentável, enquanto que a nível do processo de

interpretam o meio em seu redor de forma

Combinação, o meio externo assume um papel

racional

criar

de fonte de conhecimento (parcerias com outras

conhecimento tácito, o qual deverá transpor o

organizações, universidades, fornecedores, etc.)

indivíduo, difundindo-se por entre os demais

e

atores organizacionais com vista à criação de

(consumidores, por exemplo).

novo

Externalização, e

onde

articulada,

conhecimento

de

os forma

explícito.

a

Para

tal

os

trabalhadores devem ser expressivos e criativos, socorrendo-se

de

metáforas,

analogias,

narrativas e outras fórmulas inovadoras, de forma a transporem a sua ideia e de modo a que os restantes trabalhadores a interiorizem.

recetor

do

conhecimento

organizacional

O quadrante inferior esquerdo do MVC, a Cultura Hierárquica, apresenta claras semelhanças com a última dimensão de Internalização do Modelo SECI. A resolução de dificuldades e desafios organizacionais

assenta

em

processos

rotinizados, com especial atenção importância

A Cultura de Mercado é marcada pela natureza

dada à documentação, estabilidade e processos

competitiva

especial

de controlo de qualidade. De acordo com Nonaka

objectivos,

e Takeuchi (1995), o conhecimento explícito

aumento da eficiência e produtividade. Os atores

transforma-se em conhecimento tácito com a sua

organizacionais seguem direções específicas

aplicação em situações práticas, tornando-se a

para alcançar as metas propostas. O processo de

base de acção dos indivíduos para novas rotinas.

Combinação converge nesta necessidade da

Novamente,

organização em guiar os trabalhadores de forma

conceptuais semelhantes, na medida em que é

eficiente na medida em que operacionaliza os

reconhecida

conceitos partilhados através de mecanismos de

conhecimento

combinação,

do

responsabilidades, avaliando e documentando

conhecimento explícito. Ambos os modelos

as intervenções de cada ator organizacional. O

identificam

sintetizar

Modelo de SECI preceitua a existência de um

informação e disseminar a mesma entre os

"exercising ba" e de ativos de conhecimento

atores organizacionais de forma a rentabilizar

sistémico, os quais defendem a existência de um

recursos e alcançar metas (ou seja, ambos os

meio de comunicação composto por manuais,

modelos identificam uma necessidade de visão

documentos, fórmulas, entre outros, o qual é

sistémica partilhada entre todos os atores

partilhado pelo MVC que estabelece a Cultura de

organizacionais). O MVC e o Modelo SECI

Hierárquica enquanto estruturada e estável,

convergem também na sua abertura para o meio

governada por procedimentos, políticas e regras

externo à organização, enquanto recurso e

bem documentadas. É possível entender que os

finalidade: a Cultura de Mercado atenta às

dois

pressões

organizacional

enfoque

da

na

concretização

edição a

e

organização,

e

com de

transformação

necessidade

oportunidades

de

emergentes

e

identificam-se a

necessidade através

conceitos e

orientações de

da

definição

subjacentes gestão

interiorizar

do

-

de

cultura

conhecimento

organizacional - encontram-se intrinsecamente JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

VOLUME 5. EDIÇÃO 3


Página 44

interligados,

resultando

numa

delicada

e

Gestão,

o

conhecimento

organizacional

sinérgica relação de influências. A criação do

despertou interesse nos gestores e académicos

conhecimento

enquanto

por todo o mundo. Dada a sua abrangência e

processo de transformação de conhecimento

espectro de acção, é impossível assinalar uma

tácito em conhecimento explícito, apresenta

definição consensual ou mesmo uma perspectiva

implicações diretas na construção da própria

única de maior eficiência organizacional. No

imagem organizacional e na definição de papéis

entanto, a Gestão do Conhecimento é meio

de liderança e respectivas responsabilidades

através do qual se utilizam diferentes processos,

(Nonaka,

do

técnicas, ferramentas, de forma a que os

conhecimento a nível organizacional, enquanto

diversos atores de uma organização atuem de

atitude de gestão, é também dependente da

forma coordenada e consistente na consecução

cultura organizacional e dos tipos de líder

de objectivos e metas organizacionais.

organizacional,

1991).

Todavia,

a

gestão

vigentes, podendo estes constituir uma barreira na sua implementação, desenvolvimento e

Actualmente, a Gestão do Conhecimento é

manutenção. Estes entraves de índole cultural

considerada enquanto recurso organizacional

afirmam-se como mais decisivos do que barreiras

inesgotável, na medida em que o conhecimento

de natureza económica, estrutural ou tecnológica

aumenta à medida em que é utilizado. Pode

(Cardoso, 2007).

afirmar-se

Os conceitos de cultura organizacional, liderança e gestão do conhecimento tem sido amplamente estudados nos variados contextos académicos. Relativamente à Gestão em Saúde, Frederico e Cruz (2015) analisaram a relação entre a perceção da cultura organizacional e da gestão do conhecimento em hospitais com diferentes modelos de gestão, numa amostra de 634 colaboradores de seis hospitais com diferentes modelos de gestão. Foram evidenciadas pelas autoras diferenças estatisticamente significativas na gestão do conhecimento em função da cultura organizacional em qualquer um dos modelos de

que

organizacionais

todas são

as

estratégias

estratégias

de

conhecimento, na medida em que resultam de decisões e escolhas, conscientes ou não, baseadas

no

conhecimento

organizacionais,

dos

principalmente

atores

líderes

e

gestores. A importância da implementação de programas de Gestão do Conhecimento nas organizações

reside

no

seu

contributo

inesgotável e inovador, capaz de explorar as transformações do meio interno e externo organizacional, criando novas oportunidades de crescimento objectivos,

e

consecução

reunindo

de

de

forma

metas

e

congruente

recursos ao dispor da organização num mesmo

gestão analisados.

rumo - a produtividade, qualidade, crescimento e satisfação dos stakeholders. Todavia, e apesar

CONCLUSÃO Gradualmente,

e

com

as

reformas

paradigmáticas e metodológicas a nível da JOURNAL OF AGING AND INOVATION (EM LINHA) ISSN: 2182-696X / (IMPRESSO) ISSN: 2182-6951

do enfoque atual em processos de gestão do conhecimento dinâmica

organizacional,

entre

variadas

a

interação

dimensões

das

organizações apresentam-se como uma barreira VOLUME 5. EDIÇÃO 3


Página 45

organizações apresentam-se como uma barreira

imponham. Este tipo de abordagem mobiliza

à sua implementação efetiva. Vários são os

diferentes

autores na literatura que destacam a Cultura

multidimensional, constituindo uma vantagem

Organizacional como uma das dimensões mais

adaptativa para as organizações que sofrem

decisivas

implementação,

pressões constantes, de origem interna e

desenvolvimento e manutenção de programas de

externa, numa tentativa de se afirmarem no

gestão do conhecimento de forma eficaz e

mercado como entidades sustentáveis e de

eficiente.

qualidade.

nos

processos

constructos

de

origem

A análise integrada do Modelo de Valores Contrastantes proposta por Quinn e Rohrbaugh (1983)

e

o

Modelo

de

Circulação

de

Conhecimento de Nonaka e Takeuchi (1995) poderá auxiliar os gestores a entenderem a relação entre os processos de gestão do conhecimento e a cultura de determinada organização. Ambos os modelos afluem numa óptica de que a gestão de uma organização, nas suas variadas complexidades, é um processo dinâmico,

sendo

necessário

aos

gestores

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS BRITO, E. - Gestão do Conhecimento e Qualidade como vectores de competitividade na

administração

pública

(Tese

de

Doutoramento). Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação da Universidade de Coimbra, Coimbra. 2010. [Consult. 06 Maio 2016] Disponível

em

WWW:

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http://hdl.handle.net/10316/18487>

depreender a sinergia existente entre ambos os

CAMERON, K.; Quinn, R. - Diagnosing and

conceitos.

changing organizational culture : based on

A revisão de ambos os conceitos, espelhados pelos modelos supracitados, possibilita aos

the competing values framework. JosseyBass. 2006. ISBN-13 978-0-7879-8283-6

gestores a analisaram quais os tipos de cultura e

CARDOSO, L. - Gestão do conhecimento e

liderança vigente na sua organização, moldando-

competitividade organizacional: um modelo

os de forma a possibilitar e fomentar processos

estrutural. Comportamento Organizacional e

de criação e circulação de conhecimento. Neste

Gestão, vol. 13 - nº2. 2007.

sentido, a adaptação do ambiente organizacional

FREDERICO, M. & CRUZ, S. - Perceção de

é realizada de forma harmoniosa e eficiente,

cultura

numa perspectiva que diverge da concepção

conhecimento em hospitais com diferentes

mecanizada, controlada e burocrática da gestão.

modelos

Deste modo, o gestor poderá, de forma

Referências. Coimbra. 2015. [Consult. 19 Maio

estratégica,

2016]

determinar

comportamentos

organizacionais que assistam os diversos atores

organizacional de

gestão.

Disponível

e [Em

de

gestão

linha] em

do

Revista WWW:

<http://dx.doi.org/10.12707/RIV14065>

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VOLUME 5. EDIÇÃO 3


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Disponível

em

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