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PATRIMÔNIO E MEMÓRIA: UM DIRETO DE TODOS. CANÁPOLIS E MONTE ALEGRE DE MINAS


Realização Fundação Araporã Grupo de Estudos e Pesquisas em Arqueologia, Etnologia e História Indígena – GEPAEHI/INCIS/UFU Coordenação Executiva Dr. Robson Rodrigues - Arqueólogo Ma. Gabriela Junqueira -Antropóloga e Educadora Ma. Daniella Alves - Antropóloga e Educadora Corpo Técnico Me. Renan Rasteiro – Arqueólogo Me. Daniel Fidalgo – Arqueólogo Me. Robert Mori – Historiador Cleso Mendes Jr. – Cientista Social e Técnico em Arqueologia Gabriel Zissi Asnis – Historiador Natália Carvalho – Cientista Social Débora Simões - Cientista Social Maria Laura Scarpa– Apoio Administrativo Arte Final e Diagramação IMO Design Parceiros Institucionais Fazendas Bartira Departamento de Cultura da Prefeitura Municipal de Canápolis Departamento de Patrimônio Histórico da Prefeitura Municipal de Monte Alegre de Minas

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PATRIMÔNIO E MEMÓRIA: UM DIRETO DE TODOS CANÁPOLIS E MONTE ALEGRE DE MINAS


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Municípios de Canápolis e Monte Alegre de Minas: Contextualizando Histórias


Monte Alegre de Minas surgiu no primeiro quartel do século XIX, quando, no já comentado Caminho dos Goiases, uma família que se deslocava para Goiás, cujo patriarca era Martins Pereira, teve um dos seus membros acometido por uma doença. Os demais familiares, esperando a convalescença do doente, permanecerem no local onde hoje está situada a cidade de Monte Alegre, naquela época um sertão habitado pelos indígenas e que paulatinamente era ocupado também pelos geralistas1. Devotos de São Francisco de Chagas, os familiares fizeram uma promessa de doar um lote de terras para a construção de uma igreja em invocação ao santo, o que aconteceu com a cura do doente e o auxílio das famílias Gonçalves da Costa e Martins de Sá2. Com a construção da igreja e a ocupação de seu entorno a partir da construção de casas, em um processo bastante comum de constituição das cidades triangulinas, formou-se um arraial que foi batizado de Monte Alegre, uma vez que estava localizado em um monte que permitia uma vista excelente de seu entorno3. Com o afluxo de pessoas para o florescente arraial e seu crescimento, em 20/07/1843 ele foi elevado à categoria de distrito pela Lei Provincial nº 247; em 16/09/1870, pela Lei Provincial nº 1664, foi elevado à categoria de município, com a instituição da Câmara Municipal, sendo desmembrado do município do Prata; e pela Lei Provincial nº 2556, datada de 03/01/1880, ganhou foros de cidade4.

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Vista frontal da Igreja Matriz São Francisco das Chagas/1912 Fonte: Dossiê de Tombamento da Capela de Nossa Senhora da Abadia

A história de Canápolis encontra-se bastante interligada com a de Monte Alegre, uma vez que foi a partir desta cidade que aquela surgiu, na então fazenda Córrego do Cerrado, de propriedade de José de Paula Gouveia. Na década de 1930 esta fazenda contava com uma serraria e um engenho - que utilizava a força da água da Cachoeira do Cerrado - e que congregava, em seu entorno, inúmeros moradores. 6


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Convém salientar que atualmente esta queda d’água é um importante ponto turístico do município de Canápolis. Foi então que José de Paula Gouveia doou cinco hectares de terra para a prefeitura de Monte Alegre para a criação de um núcleo populacional5. A coordenação da ocupação desse núcleo ficou a cargo de José Gouveia, por meio de uma procuração concedida pela prefeitura de Monte Alegre, cuja ata de criação foi assinada embaixo de uma árvore que estava localizada na atual Praça 14 de Julho6. O fazendeiro repartiu a área e passou a vender lotes aos interessados, uma vez que a fertilidade do solo e a topografia do terreno foram fatores que despertaram interesse de inúmeras pessoas7. O topônimo escolhido foi Canápolis (cana + polis – cidade em grego), ou seja, cidade da cana, em virtude da principal atividade econômica da fazenda Córrego do Cerrado e da região localizada em seu entorno8 . A construção da igreja teve início no mesmo ano da criação do distrito. Era um período de seca bastante severo e para que as chuvas voltassem, foram realizadas novenas em honra de Senhora Santana e São Sebastião e, no primeiro dia de rezas, caiu a chuva esperada9. Em 1936, a igreja Matriz, cujos padroeiros são Nossa Senhora de Fátima e São Sebastião, foi inaugurada10. Em fins da década de 1930, o núcleo populacional contava com alguns serviços como a presença de farmacêutico e do transporte intermunicipal, realizado por uma jardineira até a cidade de Uberlândia; a primeira escola foi inaugurada em 1933 e tinha o nome de Escola Municipal Cudungo, posteriormente chamada Escola Canápolis e em seguida 7


Canápolis entre as décadas de 1930 e 1940 Canápolis – Fonte: Casa de Cultura de Canápolis

batizada como Escola Felizardo Fontoura11. Em 17/12/1938, Canápolis foi elevado à categoria de distrito pelo Decreto Estadual nº 148, de 17 de dezembro de 1938, pertencendo ao Município de Monte Alegre. Com seu crescimento contínuo, a ocupação do solo foi regulada, tendo ruas e quarteirões demarcados com o mesmo tamanho e, no ano de 1939, o distrito já contava com cartório civil12. 8


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Essa constante expansão do distrito fez surgir em seu entorno olarias que empregavam os moradores de Canápolis; a economia do distrito girava em torno do comércio que contava com lojas de secos e molhados, de material de construção, de tecidos, além de um posto dos Correios e de hotéis. A energia elétrica chegou ao distrito em 1940 e foi gerada em uma usina na Cachoeira do Cerrado, sendo em 1954 oferecida pela empresa Força e Luz de Canápolis, somente até às 22 horas13. 9


Em 27/12/1948, Canápolis foi elevado à categoria de município pela Lei nº 33614, sendo a Câmara Municipal instituída em de março de 1949, tendo como intendente Claudemiro Pena Fernandes15. Nesse período, ao contrário da época da fundação, a economia de Canápolis estava baseada na agricultura, possuindo lavouras de arroz, feijão, milho e algodão16 . José de Paula Gouveia Fonte: Casa de Cultura de Canápolis

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Fonte Bibliográfica

1. Fonte: http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=314280&search=minasgerais|monte-alegre-de-minas|infograficos:-historico – Acessado em 16/07/2017 às 20:34 horas. 2. Fonte: http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=314280&search=minasgerais|monte-alegre-de-minas|infograficos:-historico – Acessado em 16/07/2017 às 20:39 horas. 3. Fonte: http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=314280&search=minasgerais|monte-alegre-de-minas|infograficos:-historico – Acessado em 16/07/2017 às 20:42 horas. 4. Fonte: http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=314280&search=minasgerais|monte-alegre-de-minas|infograficos:-historico – Acessado em 16/07/2017 às 20:49 horas. 5. http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=311180&search=minasgerais|canapolis – Acessado em 17/07/2017 às 18:30 horas. 6. Catálogo “Divulgação dos bens inventariados no município de Canápolis – MG. Departamento de Cultura da Prefeitura de Canápolis. Canápolis: 2016. 7. http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=311180&search=minasgerais|canapolis – Acessado em 17/07/2017 às 18:44 horas. 8. Catálogo “Divulgação dos bens inventariados no município de Canápolis – MG. Departamento de Cultura da Prefeitura de Canápolis. Canápolis: 2016. 9. Catálogo “Divulgação dos bens inventariados no município de Canápolis – MG. Departamento de Cultura da Prefeitura de Canápolis. Canápolis: 2016. 10. Catálogo “Divulgação dos bens inventariados no município de Canápolis – MG. Departamento de Cultura da Prefeitura de Canápolis. Canápolis: 2016. 11. Catálogo “Divulgação dos bens inventariados no município de Canápolis – MG. Departamento de Cultura da Prefeitura de Canápolis. Canápolis: 2016. 12. Catálogo “Divulgação dos bens inventariados no município de Canápolis – MG. Departamento de Cultura da Prefeitura de Canápolis. Canápolis: 2016. 13. Catálogo “Divulgação dos bens inventariados no município de Canápolis – MG. Departamento de Cultura da Prefeitura de Canápolis. Canápolis: 2016. 14. http://cidades.ibge.gov.br/painel/historico.php?lang=&codmun=311180&search=minasgerais|canapolis – Acessado em 17/07/2017 às 1938 horas. 15. Catálogo “Divulgação dos bens inventariados no município de Canápolis – MG. Departamento de Cultura da Prefeitura de Canápolis. Canápolis: 2016. 16. Catálogo “Divulgação dos bens inventariados no município de Canápolis – MG. Departamento de Cultura da Prefeitura de Canápolis. Canápolis: 2016.

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História Indígena da Região


História Indígena da região

Situada entre dois grandes Rios - o Paranaíba ao norte e o Grande ao sul - formadores do Rio Paraná, a atual região do Triângulo Mineiro até meados do século XVIII serviu como ponto de passagem para as bandeiras, expedições que buscavam o aprisionamento de índios para o trabalho compulsório ou a descoberta de minas de ouro e diamantes. As primeiras expedições a desbravar essa região, a fizeram no sentido sul – norte, chegando até os atuais estados de Goiás e Tocantins ainda no século XVII, sendo a mais famosa delas a de Bartolomeu Bueno da Silva, o primeiro Anhanguera, na década de 1680. Localizado em uma área que estava em contraposição ao mar, portanto, localizada no interior, a região em questão era conhecida como sertão. No mapa confeccionado pelo italiano Francisco Tosi Colombina, um dos primeiros que retratava os limites da antiga capitania de Goiás, é possível ver a identificação do “Sertão do Gentio Cayapó”, que engloba além da região estudada, parte do atual Alto Paranaíba (Minas Gerais), o norte de São Paulo, Camapuã (atual Mato Grosso do Sul) e os atuais sul e o sudoeste goiano. Posteriormente, outros nomes batizaram o Triângulo Mineiro nos séculos XVIII e XIX: Sertão do Rio das Velhas, Sertão do Novo Sul, Sertão dos Novos Descobertos do Paranaíba e, por fim, Sertão da Farinha Podre (PONTES, 1978). Para a escrita da história do Triângulo Mineiro é importante compreender as constantes divisões geopolíticas durante o período da Colônia e do Império, uma vez que as decisões no âmbito das capitanias/ províncias, assim como das deliberações tomadas em Portugal e, posteriormente no Brasil durante o período imperial, foram determi13


nantes para a análise dos processos históricos da região. Assim, até o ano de 1748, o Triângulo Mineiro e parte do Alto Paranaíba estavam sob jurisdição da capitania de São Paulo. Com a descoberta das minas auríferas e a considerável produção do metal precioso tanto em Cuiabá – descobertas por Pascoal Moreira Cabral em 1719 -, quanto nas minas goianas – descobertas pelo filho do Anhanguera I, cujo nome era o mesmo de seu pai – a Coroa portuguesa decidiu pela criação de duas novas capitanias com o fito de facilitar a repartição das lavras, o recebimento do quinto e combater o extravio de ouro. Em 1748 o território de São Paulo é novamente desmembrado – em 1720 já havia sido criada a capitania de Minas do Ouro – surgindo então, as capitanias de Goiás e Mato Grosso. O Triângulo Mineiro e parte do Alto Paranaíba, atualmente pertencentes à Minas Gerais, correspondiam à região sul goiana. Goiás surgiu oficialmente como capitania quando ocorreu a posse de seu primeiro governador e capitão-general, Dom Marcos de Noronha, o Conde dos Arcos, em 1749 (ALENCASTRE, 1979). A denominação da região conhecida como “Sertão do Gentio Cayapó” se deu em virtude do grupo indígena que a habitava, os Kayapó do sul, ou ainda, Jê meridionais17. É necessário mencionar que o “Sertão da Farinha Podre”, parte integrante do Sertão do Gentio Cayapó, era compreendido somente pela atual região do Triângulo Mineiro e por parte do Alto Paranaíba, sendo aquela denominação a mais corrente a partir do início do século XIX.

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História Indígena da região

Ressalta-se que era bastante comum na América portuguesa a denominação dos sertões a partir da existência de determinados grupos indígenas, seja em contato amistoso ou hostil. A exononimia Kayapó é oriundo da língua geral - língua constituída a partir de forte influência das línguas de origem Tupi e que só foi proibida na América portuguesa com o advento do Diretório Pombalino -, segundo o antropólogo Terence Turner (1992), significa “como macaco” (semelhante a macaco). Este termo foi utilizado primeiramente para nomear os Kayapó do sul ou Jê meridionais que habitavam a região entre Cuiabá e as cabeceiras do Rio Xingu (TURNER, 1992). Assim, convém ressaltar que há outro grupo denominado Kayapó do norte ou setentrionais, constituído por inúmeras etnias que habitam atualmente regiões do Mato Grosso e do Pará. A primeira descrição conhecida até então sobre os Jê meridionais foi realizada pelo coronel e sertanista paulista Antônio Pires de Campos em sua “Breve Notícia”, datada de 1723. Descendo o curso do Rio Tietê, subindo o Rio Paraná, o sertanista chegou ao atual sul goiano, divisa com o Triângulo Mineiro, próximo ao Rio Paranaíba, afirmando que nesta região habitava “o gentio chamado Caiapó. Este gentio é de aldeias, e povoa muita terra por ser muita gente, cada aldeia com seu cacique” (CAMPOS, 1976, p. 181). O sertanista também indicou as regiões do Rio pardo e de Camapuã como possuidoras de grande número de aldeias Jê meridionais. As armas utilizadas por estes indígenas eram grandes arcos e flechas, além de “um páu de quatro ou cinco palmos com uma grande cabeça bem 15


feita, e tirada, com os quais fazem um tiro em grande distância, e tão certo que nunca erram a cabeça” (CAMPOS, 1976, p. 182). Este objeto descrito eram as conhecidas bordunas que levaram o historiador John Monteiro (1994) a aventar a hipótese de que os ibirabaquiyara aldeados em São Paulo em 1585, possivelmente era um dos grupos associados aos Jê meridionais. Também levando em consideração o uso da borduna, Mário Neme (1969) aventou a hipótese de que os indígenas conhecidos como bilreiros – cujo nome deriva da semelhança de seu tacape com os bilros das rendeiras – também fosse um dos grupos associados aos Jê meridionais17. A área de ocupação dos Jê meridionais era bastante ampla, conforme apontam os documentos históricos do século XVIII. O historiador e antropólogo Odair Giraldin (1997, p. 57) afirma ainda que esta área “era formada pelo sul e sudoeste do atual estado de Goiás, o atual Triângulo Mineiro, parte do norte de São Paulo, o leste do atual estado do Mato Grosso e leste e sudeste do atual Mato Grosso do Sul”.

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História Indígena da região

Fonte Bibliográfica

17. Importante destacar, que esses grupos foram descritos nas narrativas das documentações oficiais, como cartas, crônicas, relatos de viajantes etc., como “gentio Caiapó”, porém a nomenclatura Kayapó, pouco nos diz acerca de etnia, por essa razão acredito ser mais apropriada a utilização da denominação de Jê meridionais, já que sabemos que este grupo pertencia de fato à família linguística Jê, derivada do tronco Macro-Jê, e suas características, bem como falar língua diversa da geral – tupi, habitar aldeias circulares, bem como várias práticas rituais, derivam daí. Por isso irei me referir a este “gentio Caiapó” como grupo Jê meridionais, para ser mais fiel às nomenclaturas e na tentativa de não falhar com denominações étnicas, já que provavelmente o termo “Caiapó” utilizados nos documentos podia englobar outros grupos, que não necessariamente poderiam ser Kayapó, mas que ao olhar do nãoíndio, estes grupos deveriam compartilhar algumas características comuns para serem retratados pelo mesmo termo (JUNQUEIRA, 2017).

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Arqueologia


História Indígena da região

O que é Arqueologia? A arqueologia é a ciência que se preocupa em caracterizar e descrever antigas sociedades humanas e as suas heranças culturais, focando-se nas evidências materiais que estas deixaram para trás. Os arqueólogos procuram estudar todas as configurações de ocupação humana, desde as pequenas comunidades ágrafas e nômades de caçadorescoletores até às repercussões dos processos colonialistas levados a cabo pelos movimentos coloniais em terras brasileiras. Outro dos papeis de destaque da arqueologia é a capacidade de dar voz às minorias do passado que não possuíam, por qualquer motivo, a capacidade de deixar a sua marca nos registros da história. As informações nas quais a arqueologia se baseia podem, neste sentido, dar luz às novas interpretações que dialogam com as narrativas dos documentos históricos. Infelizmente para os arqueólogos, muitos dos materiais usados pelos seres humanos são perecíveis, e gradualmente se dissipam no solo. Assim, frequentemente o que chega nas mãos destes especialistas são apenas os elementos cuja matéria era mais resistente. Elementos produzidos com argila (cerâmica) e rochas (ferramentas líticas) estão, assim, entre os artefatos mais estudados pelos especialistas, pois oferecem uma grande resistência às intempéries do tempo. Porém, estes não são os únicos. Remanescentes ósseos, conchas, carvões e fragmentos de madeira também resistem temporariamente ao desgaste, e dependendo do seu estado de preservação podem ser também objeto de análise desta ciência. Estes elementos, comumente denominados pela arqueologia de “cultura material”, podem assumir um vasto conjunto 19


de formas: desde estruturas monumentais até negativos de buracos de esteios das antigas habitações; de contas de colar a machados de pedra polida; de urnas funerárias a cerâmicas utilitárias; de esqueletos humanos até antigos restos de animais consumidos por estas comunidades. O cruzamento dos estudos de dispersão ao longo de uma paisagem com as informações provenientes de fontes escritas (quando existentes) é o que permite aos arqueólogos avaliar a presença ou ausência de ocupações humanas numa determinada região. Pelo seu amplo escopo de materiais e contextos de análise, a arqueologia é atualmente uma área que se destaca pela sua interdisciplinaridade com várias áreas acadêmicas como a antropologia, a história, a geografia e também com geologia, biologia, a física e a química. No entanto, é sempre importante destacar o papel social e humano das narrativas arqueológicas. Nesse sentido, o discurso e as interpretações arqueológicas estão associadas no ramo das ciências humanas, bebendo da mesma fonte que todas as ciências sociais. Por fim, é importante lembrar que a arqueologia apesar de procurar se basear em dados empíricos, não procura nenhuma “verdade absoluta” nos seus resultados, mas sim promover narrativas de pensamento crítico e mais prováveis do que suposições frequentemente baseadas no desconhecimento e falta de informação de algumas outras narrativas e preconceitos mais comuns.

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A r qu e o l o g i a

Arqueologia em Minas Gerais Há cerca de 12 mil anos, grupos humanos nômades chegaram ao território hoje conhecido como o estado de Minas Gerais. Formados por pequenos núcleos familiares esses grupos viviam da coleta de frutas, sementes e raízes, da caça e da pesca. Por conta dessas atividades são conhecidos pelos arqueólogos como Caçadores-Coletores. O conhecimento destes indivíduos sobre a área onde habitavam era muito importante para a sobrevivência de suas famílias. Dessa maneira os recursos eram explorados com extrema eficácia ao longo do ano, exigindo desses grupos longos deslocamentos conforme a época, além, é claro, da compreensão de fenômenos naturais tais como a piracema (subida dos peixes pelo rio para reprodução) e períodos de frutificação de variados vegetais, além do conhecimento de fontes de matéria prima para confecção de instrumentos. Sua principal tecnologia de confecção de ferramentas era o lascamento de rochas. Ao redor de 7 mil anos esses indivíduos começaram a utilizar a técnica de polimento de pedras e com isso criaram seus primeiros machados. Por volta de 5 mil anos atrás começaram as primeiras experiências com agricultura, através do cultivo de vegetais como milho e mandioca. Apesar de não abandonarem a caça e a coleta, esses indivíduos começam a se dedicar cada vez mais a tal prática o que exigiu hábitos mais sedentários. Surgem então as primeiras aldeias. Os arqueólogos chamam esses povos de Horticultores.

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Um dos grandes problemas do sedentarismo está relacionado ao ato de estocar alimentos para preservá-los e é nesse momento que surge a cerâmica como uma solução para tal problema, a partir de adoção de uma nova fonte de matéria prima: a argila. Ela começou a ser fabricada a cerca de 5 mil anos atrás, e com cerâmica se tornou possível armazenar água e grãos em grandes quantidades, além de cozinhar melhor os alimentos em geral. No século XI já existiam aldeias enormes com milhares de habitantes ocupando vastas extensões do território. Acredita-se que havia cerca de 5 milhões de indígenas no Brasil no ano de 1500. Com a chegada do conquistador europeu, apesar do número de indígenas ter decaído pelos constantes conflitos que ainda hoje vem ocorrendo, estes ainda se encontram em luta por reconhecimento de suas identidades e territórios por todo o país. Um bom exemplo desse processo corresponde ao grupo indígena Araxá, ou Catú-Awá-Arachá, no Triângulo Mineiro.

Os primeiros habitantes do Triângulo Mineiro A região do Triângulo Mineiro ainda é pouco conhecida do ponto de vista arqueológico. As pesquisas que vem se desenvolvendo na área e que têm por intuito registrar e estudar os vestígios dos antigos habitantes busca aumentar o conhecimento sobre os padrões culturais e o modo de vida desses indivíduos e grupos sociais.

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A r qu e o l o g i a

A datação mais antiga para o Triângulo Mineiro é 7.300 anos antes do presente. Nas áreas pesquisadas, até o momento, foram identificados inúmeros sítios arqueológicos associados aos grupos de caçadorescoletores. A maioria destes sítios corresponde aos locais onde esses indivíduos fabricavam as suas ferramentas. No verão esses grupos, provavelmente, buscavam moradia nos chapadões do cerrado, por serem locais com diversidade de vegetação e, portanto, mais frutos para coleta. Nas outras épocas do ano se deslocavam para locais próximos aos grandes rios onde havia mais pesca e caça. Os instrumentos mais comuns que esses indivíduos produziram eram os raspadores plano-convexos, também conhecidos pela denominação de “lesmas”. Além destes raspadores, os produtores de ferramentas lascadas confeccionavam centenas de outras ferramentas com as mais variadas funções, tais como cortar, furar, desossar, raspar e talhar. Para tal utilizavam diversos tipos de matérias primas como osso, madeira, e as rochas como arenito silicificado, sílex, quartzo, dentre outras.

Os povos ceramistas Os potes e vasilhas cerâmicos encontrados, geralmente fragmentados nos sítios arqueológicos, podem fornecer uma série de informações e hábitos dos antigos habitantes da região. É possível saber a maneira que preparavam e armazenavam seus alimentos, fiavam suas roupas e enterravam seus mortos. 23


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1 – Raspador em arenito silicificado verde, Sítio da Pedra Verde, Monte Alegre de Minas (2007). 2 – Artefato retocado em arenito silicificado verde, Sítio Meandro, Monte Alegre de Minas (2007). 3 – Raspador Plano-Convexo (Lesma) em arenito silicificado vermelho, Sítio Mata Velha 2, Canápolis (FUNDAÇÃO ARAPORÃ, 2017) 4 – Conjunto de Lascas em arenito, Sítio TELPI 28, Ituiutaba (MILDER, 2014). 5 – Coleção de raspadores Plano-Convexos (Lesmas) em arenito silicificado vermelho, identificados durante o salvamento arqueológico da PCH Piedade, município de Monte Alegre de Minas-MG (2005).


A r qu e o l o g i a

A região do Triângulo Mineiro, entre os vales do rio Grande e Alto Paranaíba, era habitada por grupos indígenas que ocupavam vastas áreas do cerrado, incluindo partes dos atuais estados de São Paulo, Goiás, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul e parte do Nordeste. Esses grupos ganharam a alcunha histórica de Kayapó Meridionais e os arqueólogos mais antigos os associavam a denominada Tradição Aratu.

5 - Aldeia Kayapó do Brasil Central (fonte: http://www.terrabrasileira.com. br/indigena/cotidiano/411aldeia.html) arqueológico da PCH Piedade, município de Monte Alegre de Minas-MG (2005).

Segundo esses arqueólogos os povos associados à Tradição Aratu, teriam começado a fabricar esse tipo diferenciado de cerâmica por volta de 2 mil anos atrás, e teriam chegado a região mineira por volta do século IX. Do total de sítios ceramistas identificados até o momento, observa-se claramente um domínio da cultura material desses povos.

A maioria de suas aldeias estavam localizadas em matas próximas ao cerrado, junto a determinados córregos e afluentes dos rios principais. A instalação da aldeia próxima aos afluentes está relacionada a facilidade em obtenção de água limpa para a população. Por conta disso a aldeia dificilmente se localizava a mais de 500 metros do rio. As aldeias, geral25


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Figuras 6 e 7 – Pote duplo e Urna Funerária Aratu – Acervo pertencente ao Museu de História Natural e Jardim Botânico. MHNJB/UFMG (2012).

mente, tinham forma circular como as que ainda hoje se encontram no Brasil Central. Esses indivíduos possuíam diversas aldeias sazonais, mudando constantemente de tempos em tempos. Por meio da análise das cerâmicas encontradas em sítios arqueológicos e relacionadas a esses povos, foi possível deduzir que o principal alimento cultivado por esses indivíduos era o milho. Além do milho também plantavam batata-doce, amendoim, cará e eventualmente mandioca. A roça também devia conter algodão, tabaco e cabaça que possuíam funções não alimentares. 26


A r qu e o l o g i a

Hoje os arqueólogos já sabem que a cerâmica indígena era produzida essencialmente por mulheres. A cerâmica da Tradição arqueológica Aratu dificilmente era pintada, porém possuíam formas e acabamentos diferenciados de outros grupos indígenas, como por exemplo, os potes duplos e o formato piriforme. As vasilhas podiam ter formas variadas como as tigelas rasas, grandes vasos em forma cônica e piriforme, isto é, que se assemelha ao formato de uma pera, além de ser semiesféricas. Quando alguma pessoa importante da aldeia morria, esses vasos cerâmicos eram usados como urnas funerárias. Dentro dessas urnas podem ser encontrados objetos cerimoniais e que eram de uso cotidiano do falecido. Estes povos utilizavam técnicas aprimoradas de lascamento e polimento das rochas. Seus machados, eram utilizados para abrirem a área de roça e o local de instalação da aldeia, além é claro dos pilões utilizados para moer os grãos colhidos na lavoura. O lascamento de rochas também foi mantido por esses povos, que continuaram a criar facas, raspadores, talhadores e furadores para as diversas tarefas do dia a dia.

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Patrimônio, memória e educação patrimonial


P a t r i m ô n i o , m e m ó r i a e e du c a ç ã o p a t r i m o n i a l

A Educação Patrimonial é um instrumento de “alfabetização cultural” que possibilita ao indivíduo fazer a leitura do mundo que o rodeia, levando-o à compreensão do universo sociocultural e da trajetória histórico-temporal, em que está inserido. Este processo leva o reforço da auto-estima dos indivíduos e comunidades e à valorização da cultura brasileira, compreendida como múltipla e cultural. (HORTA, 1999, p. 6) O patrimônio cultural é o conjunto de manifestações, realizações e representações de um povo, estando presente em todas as atividades, ele faz parte do cotidiano e estabelece as identidades que determinam os nossos valores. Já a educação patrimonial, pode ser compreendida como a operacionalização didática do patrimônio, isto é, um mecanismo de alfabetização que salienta a seu público a importância de conhecer os bens simbólicos e materiais de uma dada cultura. É por meio dessa ferramenta educacional, cujo conteúdo promove o respeito a diversidade, que podemos obstruir pensamentos e ideias que veiculam o etnocentrismo e a depreciação de outras culturas. Isso porque, se considerarmos as premissas básicas da educação patrimonial vemos que o ato de apresentar e relativizar a pluralidade da vida humana, a partir dos conhecimentos históricos, arqueológicos e da antropologia, construímos comunidades e indivíduos mais adeptos a preservação e valorização de sua cultura. No Brasil, a educação patrimonial tem uma importância essencial, isso pois, nossa cultura foi forjada pelo encontro e (des) encontros do histórico choque cultural entre índios, negros e brancos18 .

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Durante séculos, a suposta elevação dos hábitos e costumes europeus, acabaram por marginalizar ou negligenciar a importância sócio-histórica da cultura negra e indígena. O espelho narcisista de países centrais da Europa arou um terreno cujas sementes e plantas expressariam, apenas, o produto cultural de alguns povos. As consequências de tais atos registram-se no emudecimento e/ou desconhecimento da complexa origem de nossa cultura. Tal negligenciamento pode ser visto nas escolas - âmbito essencial na construção de um cidadão - uma vez que só recentemente que promulgou-se leis (10.639/03 e 11.645/08) que estabelece nas diretrizes e bases da educação nacional, a inclusão na rede de ensino a obrigatoriedade da temática História e cultura afro-brasileira e indígena. 30


P a t r i m ô n i o , m e m ó r i a e e du c a ç ã o p a t r i m o n i a l

Oficina de Educação Patrimonial: Reflexões e diálogos sobre a história indígena da região realizada na Escola Municipal Márcia Caetano Alves, na cidade de Monte Alegre de Minas, MG

Nesse sentido, a educação patrimonial se torna uma ferramenta imprescindível para corroborar no efetivo conhecimento e relativização da diversidade cultural de um pais como o nosso. Manter viva a memória de um povo, região ou grupo bem como sua história e importância é fundamental para incentivar nos alunos a real construção da identidade brasileira, o que casa com a realização das oficinas nas escolas dos municípios de Canápolis e Monte Alegre de Minas, que propuseram dar visibilidade a alguns patrimônios da região, difundindo o conhecimento a respeito do patrimônio cultural e fortalecendo assim as narrativas e a produção cultural local, desenvolvendo com alunos e 31


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professores parte da história dos povos indígenas Pataxós e algumas de suas características culturais, como a pintura indígena, por exemplo, que está repleta de significados e simbolismos fundamentais para seu povo. A relevância das oficinas realizadas ainda assenta-se no reconhecimento do patrimônio cultural vindo tanto dos nossos antepassados quanto os que se produzem no presente como expressão de cada geração. E é com todo esse patrimônio, material, imaterial, consagrado e não consagrado19 que podemos trabalhar num processo constante de conhecimento e descoberta (GRUNBERG, 2007). Tal herança cultural adquirida pode fornecer informações significativas acerca da história de um país e do passado da sociedade, e por isso acabam por contribuir na formação da identidade, nas categorias sociais e no resgate a memória, desencadeando assim uma ligação entre o cidadão e suas raízes, e como afirma Rocha (2012) sua preservação torna-se fundamental no que diz respeito ao desenvolvimento cultural de um povo, já que é o reflexo de sua formação sociocultural. Nesse sentido, a Educação Patrimonial pretende proporcionar à comunidade um contato maior e mais estreito com o patrimônio cultural da sua região, levando-os a um processo de conhecimento, valorização e preservação consciente do patrimônio em geral, que corrobora na identidade de todos nós enquanto cidadãos. Além disso, pode contribuir com a formação dos docentes, haja vista que trata-se de formar mediadores entre o conteúdo inerente ao patrimônio e os alunos, que se colocam momentaneamente no papel de educandos do processo de Educação Patrimonial. 33


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Assim sendo, o saber e a localização do patrimônio material ou imaterial destes municípios despertou e continua a despertar nos alunos e educadores um aprendizado na prática do que venha a ser a história a qual eles mesmo pertencem por meio das memórias, cultura e herança, e isso permitirá que estes ajam como agentes transformadores por meio das suas próprias curiosidades e percepções. Nesse sentido, a Educação Patrimonial permite que a comunidade valorizesuaidentidadeecultura,entendidascomomúltiplasedinâmicas, pois é essa relação de pertencimento que faz com que o indivíduo se reconheça como parte de determinada cultura e identidade construída de forma involuntária no seu dia-a-dia, o que culmina no conhecimento, apropriação e valorização de sua herança cultural, capacitando-os para um melhor usufruto destes bens, e propiciando a geração e a produção de novos conhecimentos, num processo contínuo de criação cultural.

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Oficina de Educação Patrimonial: Reflexões e diálogos sobre a história indígena da região realizada na Escola Estadual São Francisco de Assis, na cidade de Canápolis, MG.


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Fonte Bibliográfica

18. Os termos índio, negro e branco não se traduzem em uma suposta pureza étnica e nem resumem a real diversidade cultural e societária do Brasil. Todavia, mesmo ciente de suas imprecisões têm a vantagem de indicar a posição diferenciada que esses coletivos tem e tiveram no contexto sociopolítico, econômico e cultural do Brasil. 19.Segundo Grunberg (2007) os bens culturais são divididos entre consagrados e não consagrados. Os primeiros são aqueles objetos reconhecidos pela sociedade e protegidos por legislações e leis. O segundo, por sua vez, fazem parte do nosso dia a dia evidenciando, paulatinamente, as nuances e múltiplos aspectos que a cultura viva de uma comunidade pode apresentar.

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Bens Tombados de Canápolis

Atual prédio Antigo Fórum/Prefeitura Sede da Casa de Cultura de Canápolis-MG. Fonte: Casa de Cultura de Canápolis

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Cachoeira Córrego do Cerrado Fonte: Casa de Cultura de Canápolis

Quadro do fundador de Canápolis Cel. José de Paula Gouveia. Fonte: Casa de Cultura de Canápolis

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Bens Tombados de Monte Alegre De Minas 20

Casarão da Família Villela Parreira Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural – Monte Alegre de Minas

20. Os bens tombados do município de Monte Alegre de Minas se totalizam em 14 bens, porém aqui, como a cartilha é um recurso didático e voltada para uma orientação prática, optamos por mostrar somente alguns deles, ressaltando, contudo, a importância de todos para o município.

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Sede do Patrimônio Histórico Banda Victal Reis “Antigo Fórum” Fonte: Dossiê de Tombamento da Sede da Secretaria Municipal de Educação “Antigo Fórum”

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Sede da Biblioteca Pública Municipal “Rui Barbosa” “Antiga Caixa D’água” Fonte: Inventário de Proteção do Acervo Cultural – Monte Alegre de Minas

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Bibliografia Consultada:

índios e bandeirantes nas origens de São Paulo. São Paulo: Companhia das Letras, 1994.

ALENCASTRE, José Martins Pereira de. Anais da Província de Goiás: 1863. Brasília: Sudeco, Editora Gráfica Ipiranga; Governo de Goiás, 1979.

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a civilização no Brasil Central. Uberaba: Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1978. Revista do Arquivo Público Mineiro.

ANTRÓPICA Consultoria Científica. Projeto de Salvamento Arqueológico e Educação Patrimonial na Área Abrangida pela Linha de Transmissão em 500 Kv Ribeirãozinho – Rio Verde Norte - Marimbondo II (MT/GO/MG). 2014.

Projeto de Arqueologia Preventiva Diagnóstico de Bens Culturais na Área do Empreendimento Mozart Mendes de Freitas LTDA ME, Sete Lagoas/MG. Relatório das Atividades de Campo. Belo Horizonte. 2012.

CAMPOS, Antonio Pires de. Breve notícia do gentio bárbaro que há na derrota das minas de Cuiabá e seu recôncavo [...] In: TAUNAY, Afonso d’E. (org.). Relatos sertanistas. São Paulo: Livraria Martins Editora, 1976, p. 181 – 200.

PONTES, Hildebrando. História de Uberaba e a civilização no Brasil Central. Uberaba: Academia de Letras do Triângulo Mineiro, 1978. Revista do Arquivo Público Mineiro.

GIRALDIN, Odair. Cayapó e Panará: luta e sobrevivência de um povo Jê no Brasil Central. Campinas: Editora da UNICAMP, 1997.

ROCHA, Thaíse Sá Freire. Refletindo sobre memória, identidade e patrimônio: as contribuições do programa de Educação Patrimonial do MAEA-UFJF. XVIII Encontro Regional ANPUH, 2012.

GRUNBERG, Evelina. Manual de atividades práticas de educação patrimonial. Brasília, DF: IPHAN, 2007 HORTA, Maria de Lourdes Parreiras; GRUNBERG, Evelina, MONTEIRO, Adriane Queiroz. GUIA BÁSICO DA EDUCAÇÃO PATRIMONIAL. Brasília, Museu Imperial/ IPHAN//MinC, 1999.

TURNER, Terence. Os Mebengokre Kayapó: história e mudança social, de comunidades autônomas para a coexistência interétnica. In: CUNHA, Manuela Carneiro da (org.). História dos índios no Brasil. São Paulo: Companhia das Letras: Secretaria Municipal de Cultura: FAPESP, 1992.

JUNQUEIRA, Gabriela Gonçalves. O visível e o invisível nas relações de contato dos grupos Jê Meridionais: uma análise da caça, guerra e dos rituais funerários como relações de predação, produção e controle dos poderes latentes da alteridade. Dissertação (mestrado), Universidade Federal de Uberlândia (UFU), MG, 2017.

ZANETTINI Arqueologia. Programa de diagnóstico e prospecções arqueológicas nas Pequenas Centrais Hidrelétricas Cruz Velha e Cutia Alto, municípios de Monte Alegre de Minas e Prata, Estado de Minas Gerais. Diagnóstico Interventivo. Relatório Final. São Paulo. Julho de 2011.

MC CONSULTORIA. Resgate arqueológico da área diretamente afetada pela implantação da PCH Piedade em Monte Alegre de Minas (MG). Relatório final. Belo Horizonte. 2005.

Sites Consultados:

MC CONSULTORIA. Levantamento Arqueológico Na Área Diretamente Afetada pela PCH Piedade: Estudos Complementares, Monte Alegre De Minas/MG. Belo Horizonte. 2007.

http://www.terrabrasileira.com.br/indigena/ cotidiano/411aldeia.html. Acesso em 23 de julho de 2017. .

MONTEIRO, John Manuel. Negros da terra: 43


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