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Papo de Cabine | Bill Lavender
PAPO DE CABINE
Bill Lavender bill@agairupdate.com
O Congresso do Sindag e Nossas Viagens
Retardamos a impressão da edição de agosto de AgAir Update Brasil para podermos incluir fotos do recente Congresso da Aviação Agrícola do Brasil, realizado pelo Sindag em julho. Meu filho Graham e eu acabamos de retornar do congresso, ele logo após o encerramento e eu ainda continuei viajando para visitar quatro diferentes empresas depois, para escrever artigos.
O congresso foi excelente, com uma boa multidão de participantes e cerca de 170 empresas expositoras. O salão de exibições incluiu uma área especial com cerca de 20 estandes especificamente voltados para drones. Um dos expositores de drones, ao demonstrar o desvio de obstáculos no campo, acidentou o drone ao colidir com o obstáculo.
Um membro da direção do Sindag me disse que o congresso do ano que vem será no mesmo local do deste ano, Sertãozinho, em São Paulo. Ele também me disse que os planos para 2024 ainda não estavam definidos.
No caminho entre o Aeroporto de Guarulhos, na cidade de São Paulo, e Sertãozinho, parei para visitar a AgSur Brasil durante a grande inauguração de seu novo escritório, a apenas alguns minutos de carro de Guarulhos. O prédio, extremamente bom, abriga os escritórios da AgSur Brasil, uma área de recepção, uma grande sala de aula para alunos e um novo simulador de Air Tractor. Este novo complexo de escritórios irá complementar as vendas de Air Tractor da AgSur Brasil, em parceria com a AgSul sediada na Argentina. AgAir Update irá publicar um artigo sobre esta nova sede na edição do mês que vem.
Após o congresso, viajei com a sócia de AgAir Update Brasil, Gina Hickmann, e seu assistente Artur Rossetto para visitar quatro empresas aeroagrícolas. Duas delas ficavam no caminho entre Sertãozinho e São Paulo. Porém, as duas últimas ficavam bem mais ao norte, no estado do Tocantins. Fizemos o voo de duas horas entre Guarulhos a Palmas, Tocantins no domingo, chegando prontos para os dois dias de visitas seguintes. Nossas visitas foram ainda mais ao norte, para a Lagoa da Confusão, onde visitamos duas empresas lá. É uma cidade muito interessante, com nossa estadia na noite de segunda-feira em uma pousada muito boa. Em 28 anos de viagens pelo Brasil, e outros mais pela América Latina, eu nunca tinha ficado em uma pousada. Tenho que admitir que foi uma experiência muito prazerosa.
Bem, eu tenho sete artigos para publicar, a partir das anotações de minhas viagens no Brasil mês passado e em abril. Meus planos são trazer um ou dois para vocês a cada mês. Assim, fiquem de olho em suas próximas edições de AgAir Update Brasil!
Equipe da AgAir Update no Congresso da Aviação Agrícola do Brasil em 2022. Da esquerda para a direita : Loana Mendes, Bill Lavender, Gina Hickmann, Graham Lavender, Josiele Marques e Artur Rossetto.
Até o mês que vem, Keep Turning…
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Sana Agro Aérea, 45 Anos de Mudanças, Adaptação e Inovação
por Bruno Vasconcelos
A ORIGEM LUSO-AFRO-BRASILEIRA
A Sana foi fundada em 1977 pelo Sr. Rui Vasconcelos, piloto português formado na Força Aérea Portuguesa durante a Guerra Colonial Portuguesa (1961 a 1974) em Angola e Moçambique. Durante suas folgas, o Sr. Rui fazia pulverização aérea em fazendas de cana-deaçúcar na África – seu primeiro contato com a aviação agrícola. Com o fim da guerra, o Sr. Rui imigrou para o Brasil em 1974. Trouxe sua experiência agro-militar para as lavouras de São Paulo, onde trabalhou na empresa Aero Agrícola Caiçara por duas safras para então fundar a Sana (cujas iniciais correspondem à: “Serviço Aéreo Na Agricultura”). Foi uma bem-sucedida sociedade com um usineiro da região. Uma parceria que durou até 2004 com o falecimento deste sócio, homônimo e amigo, Sr. Rui de Souza Queiroz. ➤
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A experiência militar do Sr. Rui trouxe qualidade e disciplina da manutenção das aeronaves. Uma característica de força aérea e que se mantém até hoje na oficina homologada da Sana (COM 8306-04) que atende a frota própria.
A empresa cresceu rápido. Nos primeiros anos, um Ipanema novo por ano. Os serviços, de início, se resumiam à adubação em cana-de-açúcar e, posteriormente, herbicidas sobre a lavoura.
A PRIMEIRA CRISE (DE MUITAS)
A frota crescia para sua 6ª aeronave, quando as usinas mudaram o método de adubação realizado de forma aérea para um novo produto líquido injetado no solo, dispensando as aeronaves.
Na primeira crise, a empresa viu 80% do serviço desaparecer naquele ano em São Paulo. Para enfrentar essa situação, em 1982, o Sr. Rui cria uma filial da Sana em Tapes, e em 1985, outra em Camaquã, ambas cidades do Rio Grande do Sul, tradicional pelas suas lavouras de arroz e uso de aeronaves. Entretanto, poucos anos depois, o Plano Cruzado (1986) do Presidente Sarney, ao tentar conter os preços de alimentos, libera a importação de arroz vindo da Índia e faz o preço colapsar, o que quebra uma série de agricultores. Nova crise e, novamente, foi preciso mudar.
O CENTRO OESTE E NOVOS HORIZONTES
Na mesma época, muitos gaúchos estavam abandonando as lavouras do Rio Grande do Sul para desbravar o Mato Grosso – com imenso potencial, áreas enormes e ótimo relevo. O Sr. Rui percebeu o movimento e, em 1993, fez uma filial em Primavera do Leste/MT, onde construiu o primeiro hangar do aeroporto municipal, um terreno descampado onde hoje se encontra um dos centros mais vibrantes do agronegócio brasileiro e do setor aeroagrícola. Até uma aeronave Trush radial fez parte da frota naquela empreitada.
Uma tecnologia americana, aprimorada na Guerra do Golfo (1990-1991), o sistema DGPS chega ao Brasil em 1995, e a Sana foi das primeiras a instalar o equipamento nas aeronaves. Era o início, lento e gradual da adoção de alta tecnologia no campo.
Foi quando, após algumas safras de bonança no Mato Grosso, o preço da soja caiu 50% entre 1997 e 1999. Suficiente para quebrar muitos dos clientes da Sana, que ficou sem receber milhares de hectares. É bem verdade que aqueles agricultores que conseguiram superar este momento, surfaram o ciclo de commodities da década de 2000 e se transformaram em grandes fazendas do agro brasileiro. Já a Sana, encerrou a sua participação no Mato Grosso e voltou, mais uma vez, o foco para São Paulo. As usinas de açúcar e álcool desenvolviam novas modalidades de tratos pela crescente mecanização da colheita e redução das queimadas, o que agravou a presença de pragas. Maturadores, inseticidas químicos e biológicos, e adubos foliares trouxeram um novo rol de negócios.
UMA NOVA GERAÇÃO E DESAFIOS
Uma nova geração aparece a partir de 2005, ano em que o engenheiro agrônomo, Max Zenker, ingressa na empresa e começa a desenvolver serviços numa nova frente: nas indústrias siderúrgicas, madeireiras e de carvão que expandiam florestas de eucalipto em Minas Gerais, Mato Grosso do Sul, Paraná e Bahia, período em que a Sana instala uma filial em Martinho Campos (MG).
Em 2006 a Sana participou de uma operação curiosa. A pulverização de larvicida sobre as margens do Rio Pinheiros, no combate do “mosquito da dengue” (Aedes Aegypti). A pulverização ganhou a mídia, parou o trânsito das marginais em São Paulo e foi acompanhada de perto por todos os órgãos públicos ligados ao trânsito, à saúde pública e à aviação civil. Uma verdadeira operação de guerra. Entre os desafios esteve o isolamento acústico da cabine do Ipanema para permitir a fonia com a torre de controle e conseguir decolar do Campo de Marte. Se era inegável a capacidade empreendera do Sr. Rui – sempre arrojado nas suas decisões nos negócios – faltava-lhe um executivo por trás para organizar os processos de gestão. E foi assim que em fins de 2006 o filho do Sr. Rui, Bruno Vasconcelos, atual sócio e diretor executivo da empresa, se junta à equipe. Diplomado em administração na FGV-EAESP, o jovem recebe como primeira missão desenvolver e implantar um sistema de gestão da qualidade.
Em 2008, depois de dois anos consolidando os processos, a empresa foi a primeira aeroagrícola do Brasil a obter o certificado ISO 9001. A padronização passou a ser a forma de trabalho da empresa que se preparava para atender grandes clientes, cada vez mais exigentes.
O Sr. Rui se viu empolgado com os novos tempos. Observava o potencial das florestas de eucalipto pelas mãos do agrônomo Max Zenker, e uma intensa organização da gestão conduzida pelo filho, Bruno. ➤
Foi quando o Sr. Rui decidiu dobrar a frota de 5 aeronaves (duas ainda financiadas), para 10 (!) tomando 5 em empréstimos entre BNDES e EMBRAER. Em setembro de 2008, a Sana recebeu a 10ª aeronave, e o Banco Lehman Brothers quebrou nos Estados Unidos. Um evento que ficou conhecido como “A Grande Crise de 2008”. Serviços dados como certos desapareceram. A expectativa de dobrar o faturamento virou um decréscimo de 10% em 2009 – e jogou a Sana, endividada, numa dura crise.
É quando o Sr. Rui descobre um câncer em fase avançada, afasta-se tempestivamente em setembro de 2009 para fazer o tratamento, e vem a falecer em fevereiro de 2010, altura em que o filho Bruno assume integralmente a gestão em meio a uma crise financeira sem precedentes.
A VOLTA POR CIMA
Um trabalho rigoroso sobre a parte financeira manteve as operações nos trilhos. A Sana viu uma virada em 2010 com a volta dos investimentos no agro e, em particular, no Brasil – que superou a Crise de 2008 mais rapidamente que o resto do mundo. Naquele momento, a Sana tinha uma grande capacidade produtiva, processos estáveis e conseguiu um crescimento de 100% entre 2009 e 2012, fato que constou no “Ranking das 250 Pequenas e Médias Empresas que mais crescem no Brasil”, publicado pela revista Exame PME em agosto de 2013. Em rápido crescimento, a Sana, que já adquiria aeronaves a etanol desde 2008, aprofundou a padronização da frota e converteu para etanol as outras 5 a gasolina de aviação. Uma boa decisão financeira: mais rentável e também mais sustentável ambientalmente – por ser um combustível renovável. No ano seguinte, em 2014, a empresa obtém a Certificação Aeroagrícola Sustentável (CAS) organizada por três universidades federais, e, em 2016, o Sr. Max se torna sócio da Sana, um merecido reconhecimento do sucesso dos trabalhos técnicos e comerciais desenvolvidos nos 10 anos anteriores. ➤
PADRÃO OPERACIONAL E DOUTRINAÇÃO
Em 2017, um novo marco para a gestão. A criação de um Padrão Operacional (PO) aeroagrícola. Um documento produzido em colaboração entre os pilotos, e utilizado nos treinamentos - algo comum em empresas da aviação civil de maior porte, mas raramente visto na aviação agrícola.
A doutrinação sobre o Padrão Operacional (PO) fica a cargo do piloto-chefe e sócio de serviço, Leonardo Ongarato, que foi credenciado examinador de habilitação pela ANAC em 2018 e utiliza o documento para revalidar as carteiras dos colegas comandantes. O PO trata desde planejamento dos voos, avaliação das pistas, comunicação com o cliente, operação da aeronave, mitigação de deriva, até procedimentos de emergência e combate à incêndios. Ainda em 2018, a sustentabilidade das operações mudou de patamar com a adoção de um sistema automatizado de abertura e fechamento do sistema de pulverização, realizado por meio do DGPS Travicar conectado ao freio da bomba eólica. O piloto finalmente faria aplicações somente voando a aeronave, deixando o sistema automático garantir as aplicações dentro dos polígonos planejados.
Em 2019 a empresa passou por outra modernização. Uma nova sede operacional, instalada no aeroporto de Leme (SDLL), e idealizada num estilo coworking aeronáutico, compartilhando infraestruturas comuns com outras empresas ligadas ao setor. Um passo na direção da economia compartilhada, mais eficiente e sustentável. Naquele ano, a Sana operou 14 aeronaves: 13 Ipanemas e 1 AirTractor 502B – que permaneceu na frota até 2021. ➤
PANDEMIA E TECNOLOGIA DA INFORMAÇÃO
A pandemia do Covid19 em 2020 veio para acelerar mudanças. Formas digitais de comunicação, desde aplicativos de mensagens até teleconferências passaram a fazer parte do cotidiano. Tanto foi que o trabalho remoto passou a ser uma realidade para parte da equipe administrativa.
Enquanto isso, no escritório, as estações de trabalho foram adaptadas com duas telas por pessoa, iniciando a redução no uso de papéis impressos, processo que viu em 2022 o seu ápice ao passar toda a operação aeroagrícola para um sistema ERP baseado em cloud. Um software desenvolvido pela Cavok Aviação - líder no país em soluções tecnológicas para a aviação civil – e adaptado em conjunto com a equipe da Sana para servir o setor aeroagrícola.
Maior símbolo da digitalização aeroagrícola, o Relatório Operacional passou a ser 100% digital desde a sua originação até a aprovação do cliente. O documento traz as informações técnicas e os mapas de aplicação, tudo enviado para o cliente por e-mail ou WhatsApp. A experiência foi transformada para melhor e a aeroagrícola agora é tech.
Atualmente a Sana opera 8 aeronaves Ipanema, todas a etanol, e mantém filiais em Minas Gerais e São Paulo.