Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo

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REALIZAÇÃO

CATÁLOGO DE FILMES: 81 anos de cinema no Espírito Santo

PATROCÍNIO

C.UFES

Secretaria de Cultura

APOIO

CATÁLOGO DE FILMES: 81 anos de cinema no Espírito Santo



Catálogo de Filmes:

81 anos de cinema no Espírito Santo Carla Osório (org.) Bernadette Lyra Cleber Carminati João Barreto Luiz Cláudio Ribeiro Milson Henriques Nenna Patrícia Bravin

Vitória • 2007


Ficha técnica Coordenação de pesquisa e organização Carla Osório Concepção do projeto Ursula Dart Equipe de pesquisa Joanicy Leandra Pereira Ricardo Sá Thiago Moulin Revisão Erly Vieira Jr Linda Kogure Ricardo Sá Pesquisa de imagens Lizandro Nunes Ricardo Sá Thiago Moulin Design gráfico Anaise Perrone Produção executiva Saskia Sá Realização ABD&C/ES C357 Catálogo de filmes : 81 anos de cinema no Espírito Santo / organização Carla Osório; realização ABD&C/ES. Vitória: [s.n.], 2007. 194 p.

1. Cinema - História - Espírito Santo (Estado). I. Osório, Carla (Org.). II. ABD&C/ES. CDU 79


Agradecimentos Aos realizadores • Alexandre Serafini • Ana Cristina Murta • Silvana Vicentini Malu Perota • Carlos Henrique Gobbi • Luiz Tadeu Texeira • João Barreto Cloves Mendes • Orlando Bomfim • Ramon Alvarado • Júlio Monjardim Rômulo Mussielo • Iamara Torre • Jeanne Bilich • Eduardo Torre • Nenna Juçara Brittes • Sandra Daniel • Attilio Provedel • Rogério Medeiros A família de Amylton de Almeida • Rosana Paste • Margarete Taqueti Marco Antonio Neffa • Ernandes Zanon • Renato Carniatto Bernadette Lyra • Patrícia Bravin • Luiz Cláudio Ribeiro • Cleber Carminati Milson Henriques • Rogério Medeiros Cinemateca Brasileira • Cinemateca do MAM • Arquivo Público Estadual • Museu de Arte do Espírito Santo



APRESENTAÇÃO

O Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo faz parte do projeto A Vida é Curta, tema que inspira a programação e os debates da terceira edição da Mostra “PRODUÇÃO INDEPENDENTE”, realizada pela ABD&C/ES – Associação Brasileira de Documentaristas e Curtas Metragistas do Espírito Santo. Como tema, A Vida é Curta se materializou em quatro projetos: • Catálogo com o levantamento histórico da produção cinematográfica capixaba desde a década de 20 do século passado até os dias de hoje; • Mostra “Obras Raras” que conseguiu reunir raridades da filmografia capixaba; • Mostra Competitiva de produções audiovisuais atuais • Coleção de DVDs com os filmes e vídeos selecionados para a Mostra Competitiva. Com o projeto A Vida é Curta, procuramos trabalhar com a idéia da historicidade das narrativas do cinema capixaba e das suas lutas por acesso a uma visibilidade que sempre foi parcial. Poucos sabem, mas já se passaram mais de 80 anos desde que foram feitas as primeiras imagens cinematográficas no Estado. Na realização deste levantamento histórico da cinematografia capixaba nos deparamos com graves entraves a um desenvolvimento pleno de nossa produção e difusão audiovisual: não temos força de penetração no mercado nacional, não temos escolas de cinema, nem meios de produção, tecnologia, ou verbas destinadas especificamente à área, muito menos uma história organizada do cinema no Espírito Santo. Através da publicação do Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo procuramos romper com o silêncio em relação à invisibilidade que cerca a produção cinematográfica local e pretendemos trazer para o centro dos debates, questões como o restauro e facilitação do acesso às cópias de obras históricas, a criação de um acervo e a distribuição dos produtos audiovisuais capixabas. A vida é curta e urgente. E o bom da vida é fazer e ver filmes&vídeos com muito prazer e intensidade, pois quem trafega no limite, em uma relação de resistência estética, acredita que a produção do conhecimento só funcionará se for tecida na própria trama da vida, na sua perene instantaneidade. E para tanto existiu o movimento cinematográfico político-existencial no desbunde dos pesados anos sessenta e setenta na então aprazível província capixaba.


E para isso existiu também o Balão Mágico, lançando uma verdadeira bomba de caos videográfico na Universidade modorrenta dos anos oitenta, preenchendo a lacuna das produções cinematográficas em película com as cores e sons da então nascente pós-modernidade capixaba. E ainda assim aprendemos a fazer nossos projetos e a enfrentar a concorrência das leis de incentivo nos anos noventa. Descobrimos o dezesseis milímetros em produções quase profissionais e reaprendemos a trabalhar com a película. Hoje nos encontramos nesse projeto que tenta puxar os fios de tempo que se romperam em tantos momentos. Nos encontramos na busca das peças materiais que possam comprovar as incríveis histórias desses incríveis cineastas e videomakers capixabas, que vêm desde o século passado enfrentando a guerra do esquecimento. E são tantos os guerreiros dessa história cinematográfica que agora se encontram com os novos guerreiros do digital, os novos meninos e meninas que só querem uma câmera e uma ilha de edição em um encontro temporal das histórias do passado com as tramas do futuro que irão desaguar em uma espiral sem fim. Para isso nossas certezas têm que cair pois a vida é curta e o cinema e o vídeo podem se unir nas novas tecnologias. E um celular pode filmar e difundir imagens e sons pela Internet, mas nós ainda queremos a lei do curta e nossos produtos exibidos nas grandes telas do país e do mundo em um redemoinho eterno de imagens e sons. Por isto dizemos que a vida é curta e se não mantivermos nossos olhos bem abertos, nossas escolhas, que são irreversíveis, nos levarão para espaços intangíveis, imateriais, virtuais, onde toda arte é perecível e se transforma em poeira nos cascos do tempo insensível. E com este Catálogo, descobrimos que nessa história rompida, sempre interrompida e sempre retomada é preciso aprender a enxergar o outro nessa eterna brincadeira coletiva de contar histórias com imagens e sons. A ABD&C/ES é uma associação de realizadores de cinema e vídeo do Espírito Santo e é co-irmã de outras vinte e seis ABDs presentes em todos os estados brasileiros. As ABDs estaduais são também coligadas à coordenação da ABD nacional. Juntas são responsáveis por uma rede de ações integradas para o fomento ao audiovisual nacional e valorização das cinematografias regionais, envolvendo para isso, as áreas de produção, difusão, educação e comunicação. Saskia Sá

Presidente da ABD&C/ES


Sumário

TEXTOS Introdução.................................................................................................................................................................................................................................................... 13 O Apparelho Guarany e o primeiro cinema no Espírito Santo.......................................................................................................................22 Patrícia Bravin Os cinejornais de Júlio Monjardim......................................................................................................................................................................................... 42 Luiz Cláudio Ribeiro Geração 60 e o movimento do cinema amador. ........................................................................................................................................................ 56 Milson Henriques Cine Vento Sul, uma viagem aos 70s.................................................................................................................................................................................... 78 Nenna Rumo ao audiovisual: os anos 80 entre o cinema e o vídeo.........................................................................................................................108 Cleber Carminati A “década perdida” dos historiadores foi um período de euforia e perspectiva para os cineastas capixabas. ....... 122 João Barreto Cinema capixaba: 00 - a década que não acabou.................................................................................................................................................154 Bernadette Lyra

FILMES Anos 20 Bang bang.................................................................................................................................................................................................................................................35 Cenas de família. ...............................................................................................................................................................................................................................36 Anos 30 Vitória 1938.............................................................................................................................................................................................................................................39 Anos 50 Flagrantes Capixabas: Inauguração da Superintendência do Porto de Vitória .......................................... 48 Flagrantes Capixabas: Plano de Valorização do Espírito Santo. ...................................................................................... 49 Flagrantes Capixabas: Obras de aterro em Bento Ferreira. .................................................................................................... 50 Flagrantes Capixabas: Comemorações do 1º ano de Governo de Jones Santos Neves. .............................. 51 Flagrantes Capixabas: Obras do Governo Jones Santos Neves..............................................................................................52 Flagrantes Capixabas: Vitória em Marcha........................................................................................................................................................53


Anos 60 Indecisão....................................................................................................................................................................................................................................................62 O Cristo e o Cristo. ........................................................................................................................................................................................................................63 Primeira revolta.............................................................................................................................................................................................................................. 64 No meio do caminho.................................................................................................................................................................................................................... 65 Palladium................................................................................................................................................................................................................................................. 66 A queda.........................................................................................................................................................................................................................................................67 Automobilismo................................................................................................................................................................................................................................... 68 Cirurgia do coração no Espírito Santo............................................................................................................................................................. 69 Alto a la agression...................................................................................................................................................................................................................... 70 Boa sorte, palhaço........................................................................................................................................................................................................................ 71 O pêndulo. ............................................................................................................................................................................................................................................... 70 Kaput...............................................................................................................................................................................................................................................................73 Veia partida. .......................................................................................................................................................................................................................................... 74 Ponto e vírgula................................................................................................................................................................................................................................75 Anos 70 O vale do Canaã.................................................................................................................................................................................................................................. 81 Variações para um tema de Maiakovski. ............................................................................................................................................................... 82 A vida de Jesus Cristo ............................................................................................................................................................................................................... 83 O mastro de Bino Santo.......................................................................................................................................................................................................... 84 Sagarana: o duelo ....................................................................................................................................................................................................................... 85 Obsessão. ................................................................................................................................................................................................................................................... 86 O sonho e a máquina. ................................................................................................................................................................................................................. 87 Nós, os canalhas ............................................................................................................................................................................................................................ 88 Quando as Mulheres querem provas..................................................................................................................................................................... 89 Tutti, tutti, buona gente, propriamente buona. ................................................................................................................................... 90 São Sebastião dos boêmios.................................................................................................................................................................................................. 91 Os pomeranos.......................................................................................................................................................................................................................................92 O roubo do filme.............................................................................................................................................................................................................................93 Brincadeira dos velhos tempos?................................................................................................................................................................................. 94 Caso Ruschi............................................................................................................................................................................................................................................. 95 Paraíso no inferno. ..................................................................................................................................................................................................................... 96 E agora, Alfredo?........................................................................................................................................................................................................................... 98 Mestre Pedro de Aurora - para ficar menos custoso....................................................................................................................... 99 Castelo: Corpus Christi.........................................................................................................................................................................................................100 Ticumbi - canto para a liberdade ........................................................................................................................................................................... 101 Augusto Ruschi Guainumbi...............................................................................................................................................................................................102 Itaúnas desastre ecológico............................................................................................................................................................................................102 Caieiras Velhas.................................................................................................................................................................................................................................104 Anos 80 Santa Maria Julião....................................................................................................................................................................................................................... 113


Sinais de fascismo. ....................................................................................................................................................................................................................... 114 Os votos de Frei Palácios. .................................................................................................................................................................................................. 115 As paneleiras do barro ....................................................................................................................................................................................................... 116 Dos Reis Magos dos tupiniquim. ................................................................................................................................................................................. 117 Receita artesanal......................................................................................................................................................................................................................... 118 Anos 90 A miragem das fontes..............................................................................................................................................................................................................128 Sacramento. ......................................................................................................................................................................................................................................... 129 vagas para moças de fino trato.................................................................................................................................................................................130 Lamarca..................................................................................................................................................................................................................................................... 132 A lenda de Proitner..................................................................................................................................................................................................................134 Gringa Miranda............................................................................................................................................................................................................................... 135 Passo a passo com as estrelas ..................................................................................................................................................................................... 136 O fantasma da mulher algodão.................................................................................................................................................................................. 137 Rito de passagem...........................................................................................................................................................................................................................138 Flora ........................................................................................................................................................................................................................................................... 139 Fica comigo...........................................................................................................................................................................................................................................140 O GuaRANI .............................................................................................................................................................................................................................................. 141 Labirintos móveis........................................................................................................................................................................................................................142 Solidão vadia ...................................................................................................................................................................................................................................143 O amor está no ar........................................................................................................................................................................................................................144 Eu sou Buck Jones........................................................................................................................................................................................................................146 O enforcado........................................................................................................................................................................................................................................ 147 O amor e o humor na música brasileira dos séculos XVIII e XIX........................................................................................148 Bem-vindos ao paraíso...........................................................................................................................................................................................................150 De amor e bactérias................................................................................................................................................................................................................... 151 Anos 2000 Macabéia...................................................................................................................................................................................................................................................158 O ciclo da paixão...........................................................................................................................................................................................................................160 Manoela .................................................................................................................................................................................................................................................. 161 A morte da mulata. ................................................................................................................................................................162 Olhos mortos.................................................................................................................................................................................................................................... 163 Baseado em estórias reais ...............................................................................................................................................................................................164 Mangue e tal .....................................................................................................................................................................................................................................166 Mundo cão.............................................................................................................................................................................................................................................168 Vampsida .................................................................................................................................................................................................................................................169 Céu de anil............................................................................................................................................................................................................................................ 170 A sabotagem da moqueca real .................................................................................................................................................................................... 171 Portinholas........................................................................................................................................................................................................................................ 172 Escolhas................................................................................................................................................................................................................................................... 174 Pour Elise. ............................................................................................................................................................................................................................................. 175


Zen ou não zen? Eis a questão...................................................................................................................................................................................... 176 Barbara..................................................................................................................................................................................................................................................... 178 Manada....................................................................................................................................................................................................................................................... 179 Vitória pra mim................................................................................................................................................................................................................................180 No princípio era o verbo....................................................................................................................................................................................................182 Como se fosse ontem ...............................................................................................................................................................................................................184 Lita . ...............................................................................................................................................................................................................................................................185 Saudosa.....................................................................................................................................................................................................................................................186 Observador.......................................................................................................................................................................................................................................... 187 Vitória de Darley ........................................................................................................................................................................................................................188 Chamas na Ilha ................................................................................................................................................................................................................................189 A passageira.........................................................................................................................................................................................................................................190 Enquanto houver fantasia... ........................................................................................................................................................................................ 191 Lally e Lalí .......................................................................................................................................................................................................................................... 192 Albertinho............................................................................................................................................................................................................................................ 193 Graçanaã. ................................................................................................................................................................................................................................................194 O evangelho segundo seu João..................................................................................................................................................................................195 Nunca mais vi Erica ...................................................................................................................................................................................................................196 A fuga.......................................................................................................................................................................................................................................................... 197

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INTRODUÇÃO

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evantar informações sobre o cinema produzido no Espírito Santo pode inicialmente parecer uma tarefa simples, mas a produção deste catálogo exigiu um trabalho de fôlego. As obras que poderiam figurar entre as raras do nosso cinema estão literalmente em extinção, muito pouco restou. Os nossos cineastas pioneiros realizadores, que desbravaram o caminho para tantos outros, guardam apenas na memória registros pálidos de suas criações que um dia encantaram platéias e críticos de cinema. Assim nas próximas páginas deste catálogo segue um registro, ainda primário, do que foi produzido e ou realizado no Espírito Santo de 1926, quando Ludovico Percisi rodou seu filme de ficção Bang bang, na cidade de Conceição do Castelo até A fuga, curta-metragem dirigido por Saskia Sá, finalizado em julho de 2007. Neste percurso cinematográfico de 81 anos, o Espírito Santo foi palco de muitas produções. Revelou cineastas para o Brasil, recebeu prêmios importantes, realizou festivais, fomentou a produção cinematográfica através de incentivos governamentais. Neste catálogo vamos encontrar o registro de 102 filmes , com informações obtidas de fontes variadas sempre registradas nos pés das páginas. É importante destacar que ainda muito pouco foi escrito sobre esta produção. Foram encontrados registros em algumas publicações, que valem a pena serem citadas como: A história do cinema capixaba (1988), o importante livro de Fernando Tatagiba e Cine Vídeo (2002), publicação que compõe a série Escritos de Vitória e reúne artigos de Luiz Tadeu Teixeira, Bernadette Lyra, Margarete Taqueti, Erly Vieira Jr, entre outros. Por fim, algumas produções mais recentes vindas de trabalhos acadêmicos, como por exemplo, a monografia de Patrícia Bravin (2005), sobre Ludovico Percisi, a dissertação de Jeanne Bilich (2005), sobre Amylton de Almeida, já publicada. A reduzida bibliografia sobre o cinema capixaba também se reflete nas informações disponíveis na internet. À exceção do site da Cinemateca Brasileira e do Museu de Arte do Espírito Santo (Maes), não encontramos Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 13


mais registros substanciais sobre o cinema do Espírito Santo. Ao recorrer aos filmes, outra fonte importante de pesquisa, nos deparamos com mais um grave problema: o acervo de filmes está se perdendo. Dos filmes de Ludovico Persici, que seriam as nossas obras mais antigas e por isso as mais raras, ainda nos resta apenas um, graças ao esforço de um grupo de pessoas. Conhecido como Cenas de Família (1926 a 1929), nome dado pelo laboratório que revelou o filme, foi descoberto pelo pesquisador José Eugênio Vieira na Bahia, e se encontra hoje aos cuidados da Cinemateca Brasileira. Do outro filme de Ludovico Bang bang (1926) restam apenas fragmentos dos negativos, que foram incorporados ao documentário O sonho e a máquina, produzido por Ney Modenesi na década de 70, que trata da vida e da obra do cineasta. Os filmes do cineasta Ramon Alvarado, produzidos no Espírito Santo nas décadas de 60 e 70 foram totalmente perdidos, com exceção de O mastro de Bino Santo (1971). Dos filmes de Júlio Monjardim, resultado de 30 anos de uma intensa produção, resta muito pouco e em péssimas condições. Descobrimos no decorrer da pesquisa que esta cena se repete com várias outras obras. Esse é o retrato da nossa memória, que está se apagando. Os filmes que estão em condições de serem exibidos ou são produções recentes ou foram conservados pelos realizadores ou recuperados através do esforço conjunto de pessoas que não deixaram os filmes serem destruídos por fungos e pela falta de atenção daqueles que deveriam preservar a nossa memória cultural. Na pesquisa realizada para produção deste catálogo utilizamos vários métodos para o levantamento de dados sobre os filmes produzidos ou realizados no Espírito Santo. O ponto de partida para a pesquisa de campo, que durou cerca de dois meses, foi a elaboração de um questionário para ser respondido pelos diretores, via online ou impresso. As outras fontes utilizadas para o levantamento de dados foram os sites na internet e a bibliografia disponível sobre o cinema capixaba. Em alguns casos foram realizadas entrevistas abertas, como por exemplo, no caso dos cineastas Júlio Monjardim e Ramon Alvarado, numa tentativa de recolher o máximo de informação. A produção cinematográfica de Ramon Alvarado não existe mais e os poucos filmes, que ainda restam de Júlio Monjardim, são pouco representativos para 14 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


avaliar a sua produção. É importante dizer, que muitas vezes as informações relativas a um determinado filme não coincidiam, quando eram checadas em fontes diferentes. Nomes e datas, por exemplo, apresentam dependendo das fontes, informações diferenciadas. Para tentar solucionar este tipo de problema foi utilizada, como primeira alternativa, uma consulta direta aos cineastas. Nos casos em que, este contato não foi possível, recorremos às fontes bibliográficas, aos sites ou ainda às pessoas que participaram da produção dos filmes. Nos filmes produzidos nas décadas de 60 e 70, o pioneiro livro A história do cinema capixaba, de Fernando Tatagiba, nos forneceu informações e pistas importantes para a pesquisa deste catálogo. No caso dos filmes produzidos no Espírito Santo, a partir da década de 80 podemos contar com uma fonte valiosa de informação, o cineasta Ricardo Sá que participou de várias filmagens e traz na memória informações, que não encontramos registradas em outras fontes. Já os filmes que não tivemos acesso aos realizadores nem à obra, optamos em publicar as informações encontradas no site da Cinemateca Brasileira. As fotografias do catálogo foram fornecidas pelos diretores ou cedidas a partir dos acervos de família, de pesquisadores e fotógrafos. Em alguns casos foram utilizados frames dos filmes para ilustrar a produção. A catalogação se deu por décadas com objetivo de visualizar a produção de cada época. Sendo assim, nas próximas páginas vamos encontrar os filmes divididos a partir da década de 20, quando surge a primeira obra cinematográfica no Estado, o nosso pré-cinema. Escolhemos alguns pesquisadores e/ou pessoas que vivenciaram de forma direta o movimento cinematográfico de cada época para prefaciarem a relação das fichas técnicas dos filmes realizados nas respectivas décadas. Assim, na década de 20 a jornalista Patrícia Bravin escreve sobre Ludovico Percisi, fazendo um relato emocionante de como um descendente de imigrante italiano de Castelo, no interior do Estado, realizou o sonho de construir uma máquina que produzisse e projetasse imagens em movimento. Sobre a década de 30, o texto traz um breve histórico do espanhol Luiz Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 15


Gonzáles Batan, que registrou imagens da cidade de Vitória (1938). Luiz Gonzáles Batan nos deixou de herança, além de suas belas imagens da cidade presépio, seu filho o cineasta Ramon Alvarado, que contribuiu de forma expressiva para o cinema capixaba nas décadas de 60 e 70. Sem registros da produção cinematográfica na década de 40 (será que nada existiu mesmo?) damos um salto para a década de 50 com a produção cinematográfica dos cinejornais, de Júlio Monjardim. Neste capítulo o historiador Luiz Cláudio Ribeiro, a partir de uma entrevista exclusiva com o realizador, traça a trajetória de Júlio Monjardim como um privilegiado observador da cena política do Espírito Santo. Dos períodos dos governos estaduais de Jones dos Santos Neves (1951 a 1954) a Carlos Lindenberg (1959 a 1962), passando pela gestão de Adelpho Poli Monjardim (1955 a 1957), primo de Júlio, à frente da Prefeitura de Vitória, foram registradas centenas de obras, inaugurações e visitas de presidentes da República ao Estado. Infelizmente a catalogação dos filmes de Júlio Monjardim é muito precária devido aos poucos filmes a que tivemos acesso. O material que existe produzido para o cinejornal, e que se encontra no Arquivo Público Estadual/ES não está em condição de ser manipulado devido ao processo degenerativo dos filmes. A outra parte de sua produção, se ainda existe, está espalhada nas mãos dos clientes que contrataram os serviços de Júlio Monjardim, que também trabalhava por encomenda. Na década de 60, a produção ganha um novo fôlego, e o catálogo também. Ramon Alvarado, Luiz Tadeu Teixeira, Antonio Carlos Neves, Paulo Torre são alguns nomes que despontam na produção cinematográfica capixaba. Para escrever sobre esta geração de cineastas, convidamos Milson Henriques. Jornalista, ator de teatro e cinema, Milson organizou em 1967, no extinto Cine Jandaia, o I Festival de Cinema Amador Capixaba, que foi palco para esta produção. Com um texto escrito na primeira pessoa Milson Henriques se transforma em personagem da sua própria história contando sobre o movimento cultural da época. O desbunde cinematográfico da geração dos anos 70 é relatado por Nenna. Os filmes de longas-metragens: Sagarana: o duelo (1973), de Paulo Thiago; Obsessão (1973), de Jece Valadão; Paraíso no inferno (1977), de Joel Barcellos; A vida de Jesus Cristo (1971) de José Regattieri e William Cobbett, não só movimentam a cultura no Estado como também colocam as terras capixabas nas telas de cinemas do país. 16 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Parte desta intensa produção, destacamos ainda os documentários de Orlando Bomfim: Augusto Ruschi Guainumbi (1979), Ticumbi – canto para a liberdade (1978), Mestre Pedro de Aurora - para ficar menos custoso (1978), Tutti, tutti, buona gente, propriamente buona (1976); de Ramon Alvarado: O mastro de Bino Santo (1971), e o documentário de Tereza Trautman, Augusto Ruschi (1977). Trabalhos produzidos no Estado, que revelam aspectos da diversidade cultural do povo capixaba. Alguns destes filmes percorreram festivais importantes, como o Festival de Cinema de Brasília. Destaque também para os documentários de Amylton de Almeida, rodados em 16 mm, São Sebastião dos boêmios (1976) e Os pomeranos (1977), este último premiado no I Festival de Verão da Rede Globo. Nos anos 80, marcados pela chegada das câmeras de vídeo portáteis, começa a ocorrer uma transição nos formatos dos filmes. Se nos anos 80, este fator tecnológico marca por um lado uma relativa baixa do volume de produção cinematográfica no Estado, por outro abre uma nova possibilidade de produção, mais acessível tanto aos veteranos como aos novos realizadores, e quem ganha é o audiovisual. O artigo de Cleber Carminati sobre a década de 80 vem preencher uma lacuna importante deste catálogo. Inicialmente pretendíamos catalogar a totalidade das obras audiovisuais, tanto em vídeo como em película, produzidas ou realizadas no Estado, quando nos demos conta que não teríamos fôlego suficiente para isso. Enquanto discutíamos essa possibilidade metodológica um vídeo em algum lugar do Espírito Santo poderia estar sendo postado no You Tube. Essa é a velocidade do mundo digital. Sendo assim, Cleber Carminati vem mostrando como se deu esta transição da película para as fitas magnéticas na década de 80, no Espírito Santo. Um olhar privilegiado, de quem participou ativamente do movimento cultural promovido pelo Balão Mágico, que reunia principalmente alunos dos cursos de Artes Plásticas, Comunicação Social e Arquitetura da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes). Na época Cleber era aluno do Curso de Comunicação Social, onde hoje é professor, e participou do processo de criação em vídeo do Balão Mágico, como por exemplo, da produção do cineasta Sergio de Medeiros. O cineasta, que já vinha realizando filmes em película desde a década de 70, dirige Refluxo (1986), o primeiro vídeo de ficção rodado Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 17


no Estado, resultado de uma criação coletiva. Nos anos 90 surgem nomes importantes que vão dar continuidade à produção cinematográfica nos anos posteriores, como Luiza Lubiana A lenda de Proitner (1995) e Manada (2005), Ricardo Sá Solidão vadia (1997),  A sabotagem da moqueca real (2003),  Enquanto houver fantasia... (2006) e Saskia Sá Mundo cão (2002) e  A fuga (2007). Fruto desta transição vídeo-cinema-vídeo Ricardo Sá e Luiza Lubiana realizam Sacramento (1992), curta-metragem rodado em super 8 e finalizado em U-matic, que marca o início de suas carreiras no cinema. Na década de 90, o incentivo ao cinema através da Lei Rubem Braga, voltada para os realizadores de Vitória, e a tentativa de se formar um pólo cinematográfico no Estado, através de financiamentos do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) deram um novo impulso à produção, criando novas oportunidades a realizadores de todas as épocas e lugares. O jornalista João Barreto é quem traça o panorama cinematográfico dos anos 90, contextualizando o Espírito Santo num momento privilegiado, enquanto o cinema brasileiro amargava na Era Collor o fechamento da Embrafilme. Naquele momento o Espírito Santo volta à cena nas telas de cinema com os longas-metragens Vagas para moças de fino trato (1993), de Paulo Thiago, Lamarca (1994), de Sérgio Resende, O amor está no ar (1997), de Amylton de Almeida, Fica comigo (1998), de Tizuka Yamasaki. A produção de curtas-metragens também se destaca. O Vitória Cine Vídeo, festival nacional de cinema e vídeo realizado anualmente em Vitória, exibe para o público nos anos 90 uma parte representativa de filmes produzidos em território capixaba, como: Eu sou Buck Jones (1997), de Glecy Coutinho; Solidão vadia (1997), de Ricardo Sá; Gringa Miranda (1995) e Labirintos móveis (1997), filmes-escola coordenados por Valentina Krupnova; O amor e o humor na música brasileira dos séculos XVIII e XIX (1998), de Sergio de Medeiros; Bem-vindos ao paraíso (1999), de Marcos Figueiredo.  Destaque ainda, para Passo a passo com as estrelas (1995), de Marcel Cordeiro, premiado como melhor curta-metragem nos Festivais de Belária, na Itália e Locarno, na Suiça. Em 1996, Marcel Cordeiro lança Flora, curta-metragem que recebeu o prêmio de melhor atriz pela atuação de Regina Braga no Cine Rio, e que foi exibido nas TVs da 18 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Espanha, Itália e Portugal. Nos anos 2000, a escritora capixaba Bernadette Lyra lança seu olhar de pesquisadora de cinema sobre a década inacabada. Portadora de uma generosidade intelectual e afetiva, Bernadette destaca a bravura dos realizadores capixabas, que apesar das dificuldades relacionadas à produção cinematográfica, conseguiram obter com seus trabalhos reconhecimento dentro e fora do Espírito Santo. Os anos 2000 nos revelam novos nomes como os de Virgínia Jorge, Gui Castor, Fabrício Coradello, Ana Cristina Murta, Alexandre Serafini e João Moraes, talentos que vêm se destacando no cenário cinematográfico com a realização dos seus primeiros filmes em película. E ainda, dentro desta nova geração, alguns veteranos, se é que podemos chamá-los assim, que com o incentivo e reconhecimento do público e prêmios em festivais estão partindo para a realização do seu terceiro ou quarto filmes, como Erly Vieira Jr., Gustavo Moraes e Lizandro Nunes. É importante dizer que o Espírito Santo ainda guarda uma nova geração de realizadores do audiovisual, que apesar de não ter sido citada neste catálogo de filmes, vem produzindo incessantemente em outros suportes. É Bernadette Lyra quem nos lembra em seu texto a frieza que a catalogação de obras traz em sua gênese. Sendo assim, entregamos ao público interessado este trabalho, esperando que ele cumpra o objetivo de reunir as obras cinematográficas do Espírito Santo realizadas até aqui, num só lugar. Se acertamos ou erramos, só o tempo dirá... Vitória, 1º de agosto de 2007. Carla Osório

Mestre em Comunicação pela Unip/SP

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Patrícia Bravin

O Apparelho Guarany e o primeiro cinema no Espírito Santo

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udovico Persici entra para a história do cinema capixaba como o primeiro a produzir imagens em movimento no Estado. Mas ele fez mais do que registrar cenas do cotidiano da década de 20. Produziu um filme de ficção Bang bang, que pode ser o pioneiro do gênero faroeste no país, segundo Alex Viany, um dos maiores historiadores e críticos de cinema no Brasil. Tudo isso, usando uma câmera que ele mesmo inventou, utilizando peças de gramofone e de relógios velhos. O cineasta capixaba nasceu em 1898, apenas três anos após a primeira exibição do Cinematógrafo dos irmãos Lumiére, em Paris. Em 1895, o mundo assistia A chegada do trem na estação, um marco do cinema mundial. No interior do Espírito Santo, Ludovico repetiu a cena, filmando locomotivas, passageiros e estações de trem na década de 20. A partir de 1907 as salas de cinema multiplicam-se com extraordinária rapidez, instalando-se às dezenas, de início no Rio e em São Paulo, pouco mais tarde em outras capitais e em cidades de interior. O Espírito Santo conheceu o cinema também naquela mesma época. Fernando Tatagiba em História do cinema capixaba (1998) explica que o Éden Cinema foi palco das primeiras exibições. Foi inaugurado em 13 de janeiro de 1907 e pertencia à empresa Camões & Mayo. Flávia Cesarino Costa, em O primeiro cinema (1995), explica que o cinema apareceu misturado a outras formas populares de diversão, como feiras de atrações, circo, espetáculos de magia e de aberrações. No cenário internacional, os primeiros filmes eram exibidos em meio a teatros de ilusionismo, parques de diversões e cafés. Esses locais eram chamados de vaudevilles, geralmente ligados aos ´salões de variedades`. No Espírito Santo, o Éden Cinema pode ser considerado um autêntico vaudeville. O cinema era todo de madeira, coberto de folhas de zinco e comportava 150 pessoas. Ficava no Éden Park que reunia jardim, bar e bilhar. 22 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Na época do Éden Park, Ludovico ainda era adolescente. Ele foi primogênito dos 18 filhos do casal Maria Giro e Erasmo Persici. A família aportou no Brasil em 1883, fixando-se na cidade de Alfredo Chaves, atraída pela promessa de prosperidade. Em vez da agricultura, Erasmo dedicou-se ao trabalho de ourives e relojoeiro, um conhecimento que trazia da Europa. Todos da casa trabalhavam na Relojoaria Persici, que era famosa na região. Ludovico era o que mais se destacava. Fazia coisas pouco comuns para a idade dele. Já deixava claro que seria um homem à frente de seu tempo Seus talentos mecânicos começaram a despontar durante a construção da Estrada de Ferro Vitória-Cachoeiro. Ludovico era capaz de construir réplicas em miniatura, com túneis, dormentes e maquinários da obra. A historiadora Almerinda Silva Lopes em Memória aprisionada: a visualidade fotográfica capixaba (2004) escreveu que, desde criança, Ludovico “manuseia ferramentas, desmonta e monta aparelhos apenas para procurar entender como funcionavam. Apesar de sua pouca idade, era admirado pelos vizinhos e amigos pela facilidade com a qual lidava com os mais complexos maquinários”. (LOPES, 2004 p.240) Na escola, Ludovico estudou apenas até o terceiro ano primário, mas sempre buscou o conhecimento e atividades que promoveram o seu desenvolvimento intelectual. O jornalista capixaba Rogério Medeiros, que pesquisou a vida do cineasta, conta que Ludovico lia muito. Além dos livros técnicos de mecânica, ele gostava de romances de Julio Verne, pioneiro na literatura de ficção científica. A impressão que temos, depois de mais de um ano pesquisando a vida do cineasta para um trabalho monográfico da Universidade Federal do Espírito Santo, é que a escola era pouco atrativa para uma criança que desde cedo, apresentava sinais de que seria um homem à frente de seu tempo. Queria inventar o mundo. Facilitava a vida da família criando engenhocas domésticas. Fez uma bicicleta de ginástica, montou uma caneta esferográfica que escrevia mais tempo, entre outras invenções. Enquanto nosso cineasta começava a entender a mecânica das máquinas, o cinema engatinhava em plena vigência de uma cultura racionalista com a revolução científico-tecnológica. O mundo tinha a crença nas vantagens da modernidade e esperava que a ciência desse conta de resolver todas as coisas. Assim funcionava o pensamento positivista. Mesmo no Brasil, onde o atraso tecnológico retardava o desenvolvimento industrial, fazer filmes era uma atividade relativamente simples para os artesãos imigrantes Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 23


que passaram a se ocupar dela. O primeiro a produzir imagens no Brasil foi Affonso Segreto, que filmou a Baía de Guanabara- Rio de Janeiro, em 1896. Assim como Ludovico, ele tinha descendência italiana. Mas enquanto Segreto usou uma câmera comprada em Paris, Ludovico fez questão de montar seu próprio equipamento. A idéia de construir a máquina foi um sonho que Ludovico começou a cultivar ainda criança. O irmão mais novo dele - Arlindo Persici, hoje com 96 anos, conta que, por volta de 1908, um alemão percorria o Sul do Estado fazendo exibições cinematográficas. O estrangeiro era um exibidor ambulante, coisa muito comum nos primórdios da sétima arte. Não há registros da identidade deste estrangeiro. O que se sabe é que o município de Alfredo Chaves estava na rota do exibidor. Ele apresentava cenas de um árabe puxando um camelo pelo deserto, carregado de mercadorias. É provável que este filme tenha sido produzido pelos cinegrafistas que os Irmãos Lumiére enviaram para colher imagens(vistas) de todo o mundo. Foi neste momento que a imaginação do menino inventor criou asas. Maria Eugênia Fabris Moscon, do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo (Revista 27- p.81), chegou a conversar com um primo e amigo de infância do cineasta. Trata-se de Valeriano Giro que já é falecido. Ele contou que Ludovico ficou impressionado com a demonstração feita pelo alemão e o cercou para pedir explicações sobre o funcionamento da máquina. Ele também pediu ao alemão que lhe desse um pedaço de filme. E conseguiu. Em vez de prestar atenção às imagens que estavam em exibição, ele preferia analisar, minuciosamente, o funcionamento do aparelho cinematográfico. Ludovico não tinha nem 10 anos de idade. Aquele pedaço de filme foi a matéria-prima para Ludovico que a partir de então, passa a pensar no projeto de construção de sua máquina de filmar, que a exemplo do Cinematógrafo dos Irmãos Lumiére, seria ao mesmo tempo, câmera e projetor. Para exibir o pedaço de filme que ganhou do alemão, Ludovico improvisou seu primeiro projetor, “usando latas e pedaços de vários tipos de peça. Ele também construiu a lente que usou neste primeiro projetor”, explica Maria Eugênia. A sétima arte parecia mesmo o destino daquele menino curioso. Entre 1908 e 1911, o Rio de Janeiro vivia a época de ouro do cinema brasileiro, a ´Bela Época’, com mais de 650 filmes produzidos. Todas as novidades do mundo chegavam primeiro na Cidade Maravilhosa. E foi justamente lá que 24 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Ludovico foi viver em 1910. Por ordem do pai Erasmo, ele foi aprender sobre o trabalho de ourivesaria e relojoaria em uma conceituada loja de propriedade de Manuel Palmerio, imigrante espanhol. Para Arlindo Persici, não há dúvidas. Ele relata que embora Ludovico cumprisse os compromissos de aprendiz, não era a ourivesaria que enchia os olhos e o coração dele, mas outra arte. No Rio de Janeiro, ele se torna freqüentador assíduo dos cinemas, a ponto de ver várias vezes o mesmo filme. Ludovico assiste, inclusive, à ascensão de Hollywood devido ao recesso do cinema europeu, com o início das guerras mundiais. Surgiam então os primeiros grandes estúdios norte-americanos Keystone Company, Famous Players (futura Paramount) e Fox Films Corporation. Nesta época, Antônio Leal, imigrante italiano, realiza Os estranguladores, o primeiro filme de enredo brasileiro. A construção da máquina de filmar ainda era um sonho para Ludovico. No Rio de Janeiro, Ludovico permaneceu por quase três anos. Diante das habilidades que ele apresentava no aprendizado, o dono da relojoaria, pensou em levá-lo para a Espanha e colocá-lo em contato com o desenvolvimento tecnológico que a Europa experimentava desde a Revolução Industrial. O pai Erasmo teria logo tomado conhecimento das intenções da família Palmerio e impediu a viagem. Levou o filho de volta para o interior capixaba. Na década de 70, quando conheceu a história de Ludovico, o crítico Alex Viany destacou esta passagem como o grande erro da vida do cineasta: não ter ido para a Europa. Na volta para casa, Ludovico trouxe livros técnicos. Não se tem dados de quais e quantas eram as publicações. Sabe-se que, com eles e com o pedaço de filme que ganhou do alemão ambulante, Ludovico retomou o projeto de construção de sua máquina. Estava ainda em Alfredo Chaves e logo se mudaria para o distrito de Castelo (Cachoeiro de Itapemirim), seguindo um fluxo migratório que apontava para as terras férteis da região. A mudança para Castelo permite o reencontro de Ludovico com o cinema, como tinha no Rio de Janeiro. Ele passa a trabalhar como operador de projeção do “cinema do Seu Rangel”, o único que a cidade possuía. Algum tempo depois, o local mudou o nome para “American-Cine”, propriedade da família de Anthero de Castro Rodrigues. Naquele exato momento Ludovico faz o esboço, desenha o projeto da máquina. Em 1919, Ludovico segue sozinho para Afonso Cláudio onde monta sua própria loja. O projeto de construção da máquina de filmar segue com ele. Há informações não confirmadas, de que ele dedicava-se ao cinema em Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 25


segredo. Quem entenderia tamanha dedicação a uma engenhoca que ninguém tinha noção de como funcionava? Em 1923, já casado com Eliza Fernandes D’ Ávila, o inventor dependia do trabalho da relojoaria para a sobrevivência dele e da mulher. Por isso, a invenção era atividade secundária. Como conta o irmão Arlindo Persici, Ludovico costumava trabalhar na criação da máquina depois do jantar e seguia até a madrugada. Em 1924, o inventor faz nova mudança. Vai para Conceição de Castelo. Usando um velho projetor, Ludovico monta a primeira sala de cinema do local. Ele saía vestido de palhaço, tocando piston pelas ruas da cidade, chamando o povo para o início das sessões. Eram os clientes que levavam as próprias cadeiras, fato comum naquela época nos cinemas do interior. A cidade de Castelo não demoraria a receber o inquieto Ludovico de volta. Em 1926, ele retorna ao trabalho no American-cine. Chega com algo a mais na bagagem: a máquina de filmar. Nos ciclos regionais de cinema no Brasil, de acordo com as pesquisas do Ciclo de Cinema Brasileiro (1987), há sempre um artesão habilidoso e aventureiro, em geral de origem humilde, que improvisa equipamento, adapta ou inventa máquinas, imagina enredos e diferentes expedientes pouco convencionais para angariar recursos de produção. Assim era Ludovico, embora seu trabalho não faça parte de nenhum dos ciclos historiografados no Brasil, ele conseguiu construir sua máquina, mesmo com todas as previsões pessimistas do meio em que vivia. A máquina recebeu o nome de Apparelho Guarany. Trazia centenas de engrenagens. As caixas por onde passavam as fitas de filme, foram desenvolvidas com antigas latas de manteiga. O equipamento reunia quatro funções: filmar, projetar, copiar e medir o filme. Todas as ações podiam ser executadas com um único mecanismo motor, acionado manualmente ou por força motriz. O inventor obteve a patente, que, à época chamava-se “privilégio de invenção”. Ludovico viajou ao Rio de Janeiro em fevereiro de 1927 para requerer o registro que foi oficializado em 20 de dezembro do mesmo ano, na Secção de Patentes de Invenção, Directoria Geral da Propriedade Industrial, Ministério da Agricultura, Indústria e Comércio. A patente teve o número 16476. Arlindo Persici transcreveu as palavras de Ludovico no momento em que retornou da viagem ao Rio de Janeiro com a patente em mãos: “a funcionária que nos dava assistência perguntou em que indústria mecânica tinha 26 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


se dado o invento. Quando soube, por mim que fora tão somente em minha oficina de ourives e relojoeiro, ela ficou perplexa e admirada. Depois, levantou-se e dirigiu-se às mesas dos colegas e foi passando a minha informação. Todos os colegas se levantaram e se dirigiram a meu encontro e crivaram-me de admiradas perguntas. Confesso que foi um dos momentos mais gratificantes da minha vida”. O pedido de patente foi como “privilégio” de aperfeiçoamento em aparelho cinematográfico e não de invenção. Ludovico tinha consciência de não ter inventado o cinematógrafo. Ele buscou aperfeiçoar os comandos disponíveis para o equipamento de filmar. Destacava que sua máquina era forte, durável e fácil de manejar. Dizia ainda que ela oferecia a vantagem de ser portátil e pesar menos do que as máquinas fotográficas do mercado. Ele chegou a defender que o equipamento detinha o mecanismo mais perfeito que até então se conhecia. Em vários trechos, o registro cita as máquinas do mercado de então como referência para explicar o funcionamento mecânico do equipamento de Ludovico. O registro deixa evidente que não há novidade em sua criação, no que diz respeito às operações de filmar e projetar. O que ele justifica como diferencial é o fato do aparelho medir e copiar o filme, além de avisar, por meio de uma campainha, o término da sessão. O escritor Domingos Ubaldo Lopes Ribeiro em Município de Cachoeiro de Itapemirim – Suas terras, suas leis, seu progresso, sua gente (1928) traz o texto original do registro de patente, explicando, item a item, cada uma de suas engrenagens. O cineasta Luiz Tadeu Teixeira explica que a máquina trazia uma mecânica à frente de seu tempo e funcionava de forma semelhante ao sistema Polaroid, “uma revolução da fotografia que seria industrializada mais ou menos 50 anos depois”. Teixeira destaca ainda que “O Espírito Santo perdeu uma grande oportunidade de abrir caminho para a instalação de uma indústria do cinema, que teria sido importante para seu desenvolvimento econômico”. A notícia da invenção logo se espalhou pelo Espírito Santo. Ao final de 1926, o ano em que a máquina ficou pronta, a Revista Vida Capixaba (1926) muito conceituada na época, trouxe uma matéria, assinada pelo jornalista José Cola, que era morador de Castelo, com o título Um novo invento. O texto apresenta Ludovico totalmente orgulhoso e seguro de um futuro promissor. Ele conta envaidecido que a sua invenção devia-se ao “seu persistente estudo auto-didático, mantido, sem tréguas, durante um longo período de annos”. Segundo afirmação do jornalista, a perfeição do aparelho de Ludovico iria Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 27


“revolucionar por completo a arte cinematográphica”. Ele conta que o equipamento teria ainda outra qualidade: “o fato de se livrar de certos incidentes, de que ainda não conseguiram se libertar os apparelhos ordinários, particularmente, de incêndios”. José Cola incluiria, nesta referência sobre o incêndio, até mesmo o cinematógrafo dos irmãos Lumiére que, no ano em que foi criado, assombrou o mundo com um incêndio no Bazar da Caridade de Paris, com a morte de 125 pessoas. O jornalista José Cola também questiona Ludovico sobre o desejo de fazer negócio com a máquina. E ele responde: “Como se sabe, o meu apparelho é útil à cinematographia sob todos os pontos de vista (...) é o machinismo mais perfeito, que até hoje se inventou. Pretendo fazer qualquer negócio com elle, é claro, por que não disponho de capital sufficiente para iniciar a fabricação do mesmo”. A matéria revela ainda que Ludovico criou expectativas de receber apoio governamental para a industrialização da máquina. “Preferia fazer um contracto com o nosso governo do que com qualquer companhia. Por enquanto, as propostas várias que tenho recebido, sem que eu as pedisse, não têm sido satisfactorias”. Ludovico chegou a desabafar seus medos: “Espero que o governo brasileiro não faça commigo o mesmo que o governo italiano fez com Marconi, caso eu lhe ofereça alguma proposta”. Ludovico refere-se a Guglielmo Marconi, o ´Pai da Radiodifusão’, que sofreu para ter reconhecimento de suas pesquisas por parte das autoridades italianas. Além da matéria “Um novo invento”, de 1926, a Revista Vida Capixaba, no início de 1927, publicou outra notícia sobre Ludovico, desta vez com o título “Um benemérito da arte muda”. A publicação traz uma foto em que Ludovico está rodeado de representantes de diversos jornais e revistas, que, mesmo com as dificuldades de transporte e comunicação, estiveram em Castelo para noticiar sobre o “Apparelho Guarany”. Os jornalistas foram identificados como: Aristides Paulino (Revista Vida Doméstica), Alfredo Marcos (A Manhã), Cyro Vieira da Cunha (Folha do Povo e O Cachoeirano), Anysio Novaes (O Jornal), José Cola (Vida Capixaba e O Progresso), Horácio Azevedo (A Defesa), Esperidião de Moura (O Castelo), Accácio Barrados (A Noite). Seguindo a evidência de que todos os jornalistas que estiveram em Castelo produziram textos e fotos sobre Ludovico, é possível deduzir que a imprensa capixaba deu apoio ao inventor. Dos jornais citados, alguns exemplares de O Cachoeirano e O Progresso, sobreviveram ao tempo, porém os arquivos não são completos, o que dificulta o levantamento da divulgação 28 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


feita no Espírito Santo na época. Entre os jornalistas da foto está Cyro Vieira da Cunha, um influente intelectual da época, médico e professor, articulista dos jornais A Hora, Folha do Povo, Revista Vida Capixaba, O Cachoeirano, Correio do Sul, Diário da Manhã e, mais tarde, A Gazeta e A Tribuna. Foi membro da Academia Espírito-Santense de Letras, assessor de ministro e até interventor federal no Espírito Santo. Ele foi um grande amigo e incentivador de Ludovico. Arlindo conta que se lembra perfeitamente de um trecho do artigo escrito por Cyro, logo que Ludovico conseguiu patentear seu invento. “Ele escreveu: a paixão e a luta de Ludovico pelo cinema eram imensas. Por isso, todos o chamavam de louco, mas o seu regresso a Castelo, com o registro da máquina nas mãos, era como se gritasse: Vitória! Vitória!”. Mesmo com a parceria do influente Cyro Vieira da Cunha que tinha muitos contatos fora do Estado, não há indícios de que a invenção de Ludovico tenha ganhado fama além das fronteiras capixabas, considerando o fato de que a máquina, aos poucos, foi caindo no esquecimento e nenhum contrato com o governo ou iniciativa privada foi registrado para sua comercialização. A precariedade do fluxo de informações numa região de péssimas estradas e escassos meios de comunicação deve ter colaborado para o insucesso de Ludovico. “Ele imaginava que o governo do Estado ou o governo Federal acenasse com apoio financeiro. Como nada disso aconteceu, aos poucos, o invento caiu no esquecimento. Era o sonho que se desvanecia”, conta o irmão. Por volta de 1930, as expectativas de comercializar o “Apparelho Guarany” se renovam. Ludovico teria recebido a visita de um viajante mineiro. Não há informações sobre a identidade do visitante. O que se sabe é que ele influenciou o inventor a seguir para Minas Gerais, onde a indústria cinematográfica estava no auge, reconhecida até como parte dos ciclos regionais do cinema brasileiro. Conta Arlindo Persici: “Filmar roteiros completos de uma produção cinematográfica, ver seu nome projetado por todo o país. Era simplesmente justo para quem tanto trabalhou na construção do seu genial invento”. De Minas, Ludovico teria enviado cartas animadas para a família, contando até da possibilidade de fazer cinema sonoro. Mas a máquina criada para o cinema mudo, dificilmente conseguiria espaço num ambiente em que os filmes estrangeiros, já na fase do cinema sonoro, dominavam por completo, trazendo produções de qualidade, com as quais o Brasil não tinha condições de concorrer. “O único sucesso que parece ter tido por lá foi a Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 29


participação, como pistonista, da banda de música do Consulado Italiano”, recorda o irmão Arlindo. O destino da máquina de Ludovico, depois de sua ida para Belo Horizonte, passa a ser incerto. A família nunca mais soube dela. “Esse tal cidadão, na verdade, não passou de um aventureiro. Nas cartas que nos enviou, Ludovico nunca fez menção a ele, nenhuma referência sequer. Na capital mineira, o inventor ficou abandonado à própria sorte, culminando no desaparecimento para sempre da genial máquina de filmar”, lamenta Arlindo Persici. Ludovico era dependente de álcool. Para a família, a doença, além da falta de apoio governamental, pode ter sido um dos principais obstáculos ao seu sucesso. Nos registros de Arlindo, ele se refere ao alcoolismo como “malfadada dependência” e desabafa: “Fica até difícil imaginar qual teria sido o incidente a produzir o desaparecimento da tão preciosa invenção. Em Belo Horizonte, morriam os sonhos e, praticamente, a história da invenção de uma máquina de filmar em solo capixaba. Se lhe perguntavam: e a máquina, Ludovico? Onde está? Vendeu? Emprestou? O irmão respondia, envergonhado, com evasivas palavras, que nada explicavam.” Em 1935, com a morte do pai, ele volta ao Espírito Santo desiludido com a falta de apoio. Ele evitava falar na máquina, sinal de frustração. Em Belo Horizonte teria negociado o seu invento. Não há registros sobre o Apparelho Guarany no Arquivo Nacional ou nos museus da Imagem e do Som espalhados pelo país, a não ser que tenha recebido outro nome. Também é possível que esteja em poder de algum colecionador de peças antigas. Filme de ficção marca pioneirismo de Ludovico Logo que concluiu a máquina, Persici tratou de colocá-la em funcionamento. Fez várias produções no interior capixaba. Na década de 20, época em que ele começa a entrar em cena, com sua câmera portátil, o cinema brasileiro já se encontra à margem dos interesses do mercado e quase ignorado pelo público. A produção nacional sobrevive apenas, com alguma continuidade, no único campo em que o filme estrangeiro não lhe oferece concorrência: o das atualidades locais. Era a crônica do cotidiano brasileiro que o cinema começava a tecer, mostrando aspectos da vida social. A obra de Ludovico encaixa-se nesta característica do local, com a produção de Cenas de Castelo, As melindrosas castelenses passeando pelas ruas da cidade, Cenas de família, A baratinha (primeiro carro da cidade), além de 30 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


imagens de fazendas, festas, paisagens e outras. Enquanto o norte-americano David W. Griffith, desde 1916, com Intolerance, já aperfeiçoava o processo de linearização narrativa e as técnicas de montagem paralela, Ludovico ainda iniciava a idéia de criar um filme de enredo. Rogério Medeiros conta (na revista 37 do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo), que Ludovico percorria as cidades vizinhas com sua máquina, registrando casamentos, festas familiares e mesmo municipais, fotografando e filmando. Com os recursos que obtinha, ele se programava para filmar um Bang-bang nos moldes do faroeste americano (western), gênero que estava no gosto popular. Ele era fã de Tom Mix, o maior cawboy de todos os tempos. E tentou imitá-lo, sendo o próprio cawboy do filme que produziu. A produção foi rodada em Conceição de Castelo com películas importadas da Europa, que não se sabe como ele conseguia. O crítico de cinema Alex Viany, teria afirmado, como escreveu Maria Eugênia Moscon, na revista nº 37 do Instituto Histórico e Geográfico do Espírito Santo, que esta produção, possivelmente, tenha sido a primeira do gênero do país. “Ao contrário das cenas da “Baratinha” (o primeiro automóvel de Castelo), que mostra uma câmera indecisa e um pouco trêmula, as poucas cenas do Bang-bang são de uma segurança notável, destacando-se as de uma cavalgada e de uma briga”. (MOSCON, p.81) Em Castelo, Ludovico apresentava seus filmes antes das sessões principais do American-Cine, o local onde trabalhava. Assim, o público castelense via seu cotidiano representado na tela grande. Como diz Salles Gomes, “no Brasil, em geral, era essa curiosidade local e a benevolência de um ou outro exibidor da região que faziam das primeiras experiências do cinema brasileiro, sempre precárias, um razoável sucesso; “mas logo depois, a realidade dos fatos se impõe de modo inelutável: tais filmes não têm a menor condição de enfrentar a produção estrangeira, e fora da região de origem não conseguem exibição”. Ele aproveitou a curiosidade do público para angariar uns recursos extras. A exemplo do que fez na cidade de Conceição de Castelo, improvisou um galpão nos fundos da casa da família e transformou em sala de cinema, onde projetava seus filmes, nunca com menos de 20 pagantes. Em matéria publicada no jornal A Gazeta, em 7 de outubro de 1973, o crítico de cinema capixaba Amylton de Almeida entrevistou a mãe de Ludovico, Maria Giro. Ela contou: “os espectadores eram exigentes, queriam ver várias vezes os filmes, principalmente as brigas, só para verificar se os socos eram Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 31


de verdade”. Assim como sua máquina, a maior parte da produção de Ludovico se perdeu no tempo e, quando já se esgotavam quase todas as expectativas de encontrar fontes materiais para o resgate da memória do cineasta, aparece, em Salvador (BA), o filme Cenas de Família de quase 20 minutos. Quem intermediou os contatos foi o historiador José Eugênio Vieira, quando fazia pesquisas para o livro Castello – Origem, Emancipação e Desenvolvimento (2005). Não se sabe o título original que Persici deu ao filme restaurado. A película traz um apanhado de cenas em locações bastante variadas: passa por várias estações de trem de Castelo até Cachoeiro do Itapemirim, por fazendas, ruas e vilas. Mostra também banhistas divertindo-se em Marataízes, sul do ES, e obras de construção de uma rodovia que, acredita-se ser aquela que liga Castelo a Muniz Freire. Há inclusive cenas que, pela movimentação de automóveis e de bondes elétricos, indicam ser do Parque Moscoso, em Vitória. A confirmação desta informação depende de estudo comparativo com fotografias da arquitetura da época. Havendo confirmação, Ludovico desbanca o espanhol Luiz Gonzales Batan do posto de realizador das primeiras imagens de Vitória. Ludovico morreu com tuberculose em 1944. Desde sua morte, até os anos 70, ficou esquecido pela imprensa capixaba e pela historiografia. O jornalista Ronald Mansur foi quem ressuscitou a memória do cineasta, quando teve acesso às páginas do livro de Domingos Ubaldo Lopes Ribeiro, de 1928, que falava da patente da máquina de filmar. “Eu costumo dizer que estava na hora certa e no lugar certo, quando aquele material caiu em minhas mãos. Não cheguei a escrever nada sobre ele, preferi passar a pauta para o Rogério Medeiros que era correspondente do Jornal do Brasil”, explica Mansur. Foi, então, o início de um processo que levou à produção do filme O sonho e a máquina, assinada pelo crítico de renome nacional, Alex Viany. Muitos curiosos, historiadores e jornalistas já tentaram resgatar a história de Ludovico Persici. Mas todo o esforço ainda não deu conta de explicar sua vida e suas dificuldades. Conseguimos vencer alguns obstáculos, mas o resultado foi bem menor do que esperávamos. Ainda resta meia centena de itens na lista de fontes a pesquisar. Os intermináveis jornais antigos ainda estão perdidos em arquivos particulares e bibliotecas deste Estado afora. A família perdeu o arquivo de recortes 32 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


de jornais, fotos e cartas em uma enchente do Rio Castelo. Vejo que nem a sociedade, nem o próprio Ludovico tinham noção do que aquilo tudo representava para a história. Se hoje, na era da informação, o país não valoriza a pesquisa e a ciência, imagine naquela época. Num país que aceitava (e ainda aceita) com a maior cordialidade a entrada de produtos estrangeiros em todas as áreas de sua estrutura econômica, ninguém sequer pensava na possibilidade de fortalecer e salvar o cinema capixaba. A culpa é macro, é do sistema e não da família humilde que trabalhava com honestidade para sobreviver num país que havia lhe prometido a glória e a riqueza. Além de alguns sobrinhos, encontramos em Cachoeiro do Itapemirim o irmão Arlindo e a cunhada Hermelinda, ambos com mais de 90 anos. Está certo que a memória não ajudava muito, mas Arlindo, em muito contribuiu para este resgate de Ludovico. Na década de 90 ele escreveu várias crônicas sobre sua família. Os filhos digitaram e encadernaram todo o material, que eu tive o privilégio de conseguir cópias dos originais. Hoje, acometido pelo Mal de Alzheimer, Arlindo precisa da ajuda da mulher e do filho Mateus para lembrar do passado. E a pergunta que respondemos é: qual é o lugar de Ludovico na história do cinema nacional? Ele teve o mérito de possivelmente ter sido um dos primeiros a aperfeiçoar a invenção de uma máquina de filmar no Brasil. Mais ainda foi ter produzido tal equipamento numa região onde não havia a menor noção de cinema, nem de engenharia. Também devem ser creditados a Ludovico outros feitos como o de ter produzido um filme de enredo considerado pioneiro no gênero. Sem contar que, à época da produção, o cinema brasileiro passava por completa apatia, com raras produções nacionais. Com tudo que enfrentou – a descrença, o preconceito, a resistência e a solidão –, Ludovico merece espaço na história, como um homem que acreditou no cinema brasileiro, mesmo quando o mundo inteiro já dizia “amém” a Hollywood. Registros cinematográficos capixabas nos Anos 30 Luiz Gonzáles Batan nasceu na Espanha, em 1896. Veio para o Brasil na década de 20, onde se instalou inicialmente em Porto Alegre. Mudou-se para Vitória pela primeira vez em 1935, onde trabalhava como representante de uma empresa alemã, Casa Lohner, que vendia equipamentos médicos hospitalares. Foi desta empresa que recebeu uma câmera de cinema 16 mm para ser colocada à venda para médicos interessados. Com o equipaCatálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 33


mento registrou as imagens da cidade de Vitória e de uma mãe, sua mulher segurando um bebê. As passagens mostram locais pitorescos de Vitória em 1938: o Parque Moscoso, o Porto de Vitória, crianças brincando na Praça Costa Pereira e até o campo de futebol do Clube Vitória. Mais tarde um de seus filhos, o caçula da família – Ramon Alvarado – seguiu a carreira de cineasta em Vitória e Rio de Janeiro. Com as imagens produzidas pelo pai em 16 mm reversível, Ramon realizou uma exibição no Festival de Cinema Amador Capixaba (1967), com o título de Vitória 1938. Em 1995, Ramon Alvarado telecinou e sonorizou as imagens produzidas pelo pai, realizando um segundo trabalho: Um belo dia. Patrícia Bravin é jornalista

Referências: Bravin, Patrícia. Ludovico Persici e a origem do cinema no Espírito Santo. Monografia de conclusão do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo, 2006. COSTA, Flávia Cesarino. O primeiro cinema: espetáculo, narração, domesticação. São Paulo: Scritta, 1995. LOPES, Almerinda Silva. Memória aprisionada: a visualidade fotográfica capixaba 1850/1950. Vitória: Edufes, 2004. MOSCON, Maria Eugênia. Ludovico Percisi: um lugar para o Espírito Santo no cinema. Revista da Instituto Histórico e Geográfico, nº 37. Vitória: IHGES, 1986. VIEIRA, José Eugênio. Castello: origem, emancipação e desenvolvimento. Vitória: Traço certo, 2004.

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Bang bang •1926• Preto e branco Som: mudo Categoria: ficção Gênero: faroeste Local de produção: Conceição de Castelo - ES (1926) Roteiro, direção, produção e fotografia: Ludovico Persici Personagens: Ludovico e amigos dele, produtores rurais e comerciantes de Conceição de Castelo. Informações complementares: o original se perdeu, assim como a maioria dos filmes de Ludovico. Algumas cenas de Bang bang estão no filme O sonho e a máquina, dirigido na década de 70, por Alex Viany, sobre a vida e obra do cineasta capixaba. Sinopse e referências: no livro Memórias de um médico da roça, Cyro Vieira da Cunha conta que era Ludovico quem fazia tudo: escrevia o roteiro, filmava e ensinava como cair sobre as mesas, dar socos e pontapés. Um domador de cavalos, conhecido na cidade, fazia o papel de xerife, enquanto o amigo citado como Osório, representava o bandido que saía pelas ruas tentando se safar da perseguição do xerife – que atirava com balas de verdade – para dar mais realismo à cena. Fonte: Ludovico Persici e a origem do cinema no Espírito Santo (2006). Monografia de conclusão do Curso de Comunicação Social da Universidade Federal do Espírito Santo, de autoria de Patrícia Bravin.

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Cenas de família •1926 a 1929• Curta-metragem 19 minutos - Preto e branco Som: mudo Categoria: registro Local de produção: Castelo e Cachoeiro do Itapemirim - ES (1926/1929) Direção, produção e fotografia: Ludovico

Persici

Informações complementares: o original foi encontrado em Salvador (BA). Quem intermediou os contatos com a pesquisa foi José Eugênio Vieira, quando trabalhava em seu livro Castelo: origem, emancipação e desenvolvimento. O autor revela que soube do filme quando entrevistava o castelense José Mussi Neto, cujo avô foi companheiro de Ludovico em trabalhos de fotografia. “Mussi me disse que uma irmã dele, que morava na Bahia, guardava um filme antigo de Castelo. Até hoje não consegui saber como o material foi parar lá. O filme foi tirado da lata apropriada e colocado em um saco plástico. Por causa disso, perdemos três minutos do filme devido aos mofos e fungos”. Sinopse e referências: o filme reúne cenas em locações bastante diferentes: passa por estações de trem de Castelo a Cachoeiro do Itapemirim, municípios do sul do Espírito Santo, mostrando fazendas, ruas e vilas. Há também cenas de banhistas divertindo-se na praia de Marataízes e de obras de construção de uma rodovia, possivelmente a que liga os municípios de Castelo a Muniz Freire. Há, inclusive, cenas que, pela movimentação de automóveis e de bondes elétricos, indicam ser as do Parque Moscoso, em Vitória. Se esta constatação for confirmada, Ludovico desbanca o espanhol Luiz Gonzáles Batan do posto de pioneiro na produção de imagens de Vitória, já que os registros apontam os anos 30 como o período das primeiras imagens realizadas da 36 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


capital. Porém, as cenas de Persici foram produzidas na década de 20. Um fato curioso nesta obra de Persici são as cenas de locomotivas e de passageiros nas estações. Talvez uma forma de prestigiar ou de mostrar que o seu equipamento tinha condições de fazer as mesmas imagens de A chegada do trem na estação, que fizeram dos irmãos Lumiére os pioneiros do cinema mundial. Nas imagens, Ludovico demonstra segurança em longas panorâmicas que revelam ruas e vilas, rios e montanhas. Também trabalha com o travelling invertido, com a câmera parada filmando objetos em movimento. Também sai do plano geral para retratos bem íntimos, mostrando seus personagens brincalhões e sorridentes. Persici usa ainda o trem em movimento para produzir os efeitos do travelling. Com isso, faz tomadas de filas de passageiros nas estações e de diferentes paisagens. Os personagens filmados por Ludovico se comportam como se estivessem posando para uma fotografia. Alguns arriscam brincadeiras afetadas e exageradas e se aproximam da câmera para chamar a atenção com risos e até beijos. Mas, no geral, famílias inteiras se postam diante daquele equipamento misterioso e desconhecido e formam filas nas escadarias ou sacadas das casas, esperando quase inertes que a imagem paralise o momento, como faz a fotografia. Há uma passagem em que a mãe repreende o filho para que ele permaneça na frente da câmera. Há ainda tomadas em que a câmera fica parada e as pessoas, em uma festa, dançam em frente da lente, entrando e saindo do quadro. Fonte: Ludovico Persici e a Origem do cinema no Espírito Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 37


anos

30 38 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Vitória 1938 •1938• Captação: 16 mm reversível Curta-metragem 10 minutos - Preto e branco Som: mudo Categoria: Registro Local de produção: Vitória - ES (1938) Direção, produção e fotografia:

Luiz Gonzalez Batan

Informação complementar: Ramon Alvarado, filho de Luiz Gonzalez Batan, fez uma doação do original em 16 mm reversível à Cinemateca do MAM, que produziu um master negativo em 16 mm do material original deste filme. Ramon recebeu uma cópia, a partir da qual telecinou e montou o filme Um belo dia, já no final da década de 90. Sinopse: registros cinematográficos do espanhol Luiz Gonzales Batan de cenas familiares e imagens da cidade de Vitória que mostram locais pitorescos como o Parque Moscoso, o Porto de Vitória, crianças brincando na Praça Costa Pereira e o campo de futebol do Vitória.

Prêmios/ carreira: Participou do I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Fontes: História do cinema capixaba (1988), livro de Fernando Tatagiba e entrevista com Ramon Alvarado Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 39


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anos

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Luiz Cláudio Ribeiro

Os cinejornais de Júlio Monjardim

O

período após a Segunda Guerra Mundial legou mais do que um mundo dividido entre o capitalismo e o socialismo expresso na corrida bélica dos Estados Unidos da América contra a União Soviética. No rastro dos conflitos, uma nova racionalidade industrial transformou as economias periféricas do sistema mundial dentro de um processo de substituição de importações. Isso ocorreu num momento em que a elevada crença de que o planejamento econômico de governos em países como o Brasil, nos anos 40 e 50, serviria - em tese - para remover os gargalos ao desenvolvimento econômico. Ao mesmo tempo, debatia-se como os países agrícolas poderiam desenvolver importantes setores das atividades industriais nos seus territórios. Aos poucos, a sociedade urbano-industrial – resultante do processo desenvolvimentista – ganhava forma nas plantas industriais da CVRD e da Companhia Siderúrgica Nacional na formação do eixo Rio-São Paulo, na criação dos pólos metalúrgicos do ABC paulista, nas grandes barragens hidrelétricas, obras de modelação de um Brasil conformado para abrigar grandes unidades de produção industrial. Nesse novo cenário urbano, construiu-se e até hoje se constrói um espaço sócio-econômico reinventado sob novas e antigas referências dos quadros partidários que se aglutinaram para apoiar a ditadura Vargas (1937-1945) e para permanecer no poder após a sua morte. O êxito desse projeto foi conferir, tão logo Vargas se retirava da cena política, o sentido dos modern times às massas urbanas que o genial Carlitos já idealizara diante da imagem muda. A restauração da Europa e dos Estados Unidos, batizada como welfare state, feita sob ideário anticomunista e adotada para ajustar relações trabalhocapital no hemisfério norte, produziu também uma cultura de massas com características próprias nos países sul-americanos. No seu próprio circuito, as salas de cinema e a produção de filmes tiveram de abrir cada vez mais espaço para o mercado dos EUA e, inseparavelmente, para o contato das classes médias urbanas brasileiras com o american way of life.

42 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


No Espírito Santo, da confluência da técnica mais avançada de filmar – associando o som à imagem projetada numa tela com a política – brotaria um núcleo de rapazes interessados na arte fotográfica e cinematográfica, freqüentadores dos diversos cinemas da cidade, que debatiam as idéias e o modo de viver das sociedades industriais na França, Inglaterra e Estados Unidos. No Brasil, a morte de Vargas, em 1954, demarcava a derrota de uma concepção nacionalista de desenvolvimento econômico para outro modelo que preconizava vínculos econômicos e culturais com os mercados estrangeiros, com interesses em recursos naturais. Liderando essa concepção, o PSD, de Carlos Lindenberg e Jones dos Santos Neves soube mobilizar bandeiras populares amplas como a industrialização e o desenvolvimento econômico do Espírito Santo, que eram admitidos à esquerda e à direita por partidos como a UDN, PTB, PSP, PDC, PTB etc. Tratava-se, no campo político, de preservar o campo para os arranjos partidários, herança maior do getulismo. No campo técnico, o interesse que a fotografia e o cinema despertavam nos jovens da classe média representava o “novo” e foi logo percebido e aproveitado nas estratégias de conquista e permanência no poder. O cineasta Júlio César Monjardim, a quem coube documentar as realizações da nova configuração desenvolvimentista, entendeu muito cedo o papel do cinema e a missão que lhe fora delegada no processo político capixaba. Em meados da década de 1940, o cineasta já se destacava na “ala moça” do PSD, uma escola de formação política de promissoras lideranças com atuação e influência nos governos estaduais de Jones dos Santos Neves (1943-1945 e 1951-1955) e Carlos Lindenberg (1947-1951 e 19591962). No segundo governo de Jones, por exemplo, membros dessa ala compuseram o próprio staff de gabinete, como o jovem Christiano Dias Lopes Filho, futuro governador do regime cívico-militar. Eram tempos de projetos e obras que prometiam imprimir viés industrializante à capital e ao interior tais como: construção de estradas e pontes, idealização das usinas hidrelétricas de Rio Bonito e Suíça no Rio Santa Maria para o suprimento de energia, dos aterros na capital e da Avenida BeiraMar, entre outros projetos. Júlio César Monjardim, neto do barão de Monjardim, era filho do advogado José Francisco Monjardim. Nascido em meados de 1929, cursou o ginasial e o secundário no Rio de Janeiro, onde morava sua família. Ao retornar a Vitória, com cerca de 14 anos, interessou-se pela política e assimilou o Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 43


ideário desenvolvimentista na “ala moça” para onde entrou por obra de sua irmã, secretária do PSD. Praticante da fotografia, Monjardim foi membro do Foto Clube de Vitória quando o hábito de fotografar o cotidiano familiar e da cidade fazia o gosto da juventude. Depois experimentou o cinema e dele não mais se separou. De espectador dos documentários e reportagens de H. Botelho, Jean Mazzon e Luís Severiano Ribeiro, que passavam antes dos longas-metragens nos cinemas da cidade, Júlio Monjardim comprou uma câmera profissional Paillard Bollex, de 16 mm, e partiu para dirigir suas produções. Documentava sem roteiro definido, seguindo a linguagem dos documentários que assistia, em especial o Jornal da tela, produzido pela Atlântida. Desinteressado pelos convites para as disputas eleitorais do PSD, o adolescente Júlio Monjardim despertou o interesse do governador Carlos Lindenberg que o contratou para filmar os atos oficiais e realizações do governo. Logo o governo do Espírito Santo contava com sua própria equipe de cinema, que registrava as obras de engenharia, as reuniões e eventos partidários, as festas e comemorações para exibição nas salas de cinemas e comprovava os gastos orçamentários. O primeiro trabalho profissional de Júlio César Monjardim foi um documentário sobre as obras do porto de exportação de minério de ferro de Capuaba. Pouco depois, filmou as obras de construção da Avenida Marechal Mascarenhas de Morais, a Beira-mar, e do bairro Bento Ferreira, símbolos do planejamento das coligações de governos pessedistas. Eram registros feitos em película cinematográfica de 16 mm, em P&B. Monjardim criou a empresa Espírito Santo Filmes, através da qual filmou a maior parte das obras constantes do Plano de Valorização Econômica do Espírito Santo, entre 1951 e 1954, envolvendo estradas e pontes, postos médicos e hospitais, a construção do bairro Íbes e da Avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha, os aterros de Vitória, além dos eventos oficiais e as cenas do cotidiano capixaba do interesse do governo e do partido, tais como as movimentações populares, sindicais e partidárias na luta pela nacionalização do petróleo e criação da Petrobras, e o movimento contra as tarifas de energia elétrica praticadas pela Companhia Central Brasileira de Força e Energia na Grande Vitória e em Cachoeiro de Itapemirim. Anos depois, as câmeras de Monjardim registravam a retirada dos trilhos desta Companhia do centro de Vitória e Vila Velha, marcando o fim da “cidadepresépio” associada à imagem da capital do Espírito Santo. 44 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Após o governo Jones, Júlio César Monjardim foi contratado pela Prefeitura da Capital, à época governada por seu tio, o prefeito Adelpho Poli Monjardim (dez/1955 a jun/1957) para documentar as obras de ampliação e asfaltamento do acesso das 5 Pontes e da Ilha do Príncipe ao mercado da Vila Rubim e a ampliação da Av. Princesa Isabel, em Vitória. Autodidata, Monjardim atuava como produtor, diretor, redator e editor. A equipe que o acompanhava era formada pelo cinegrafista Manoel Pires Barreiros, pelo redator Antenor de Carvalho e pelo locutor José Américo Vidigal, radialista da Rádio Espírito Santo. Porém, como não havia laboratórios especializados em cinema na cidade, Júlio Monjardim finalizava os filmes no Laboratório Líder, no Rio de Janeiro, trabalho que acompanhava pessoalmente. Ao retornar ao governo do Estado em 1959, Carlos Lindenberg (PSD/PSP) fez de Júlio Monjardim diretor do serviço de cinema do governo. Nesta condição, o cineasta passou a produzir seus documentários-reportagem para o Jornal da tela, produção da Atlântida feita em 35mm, com quinze minutos de duração, apresentando um noticiário panorâmico do Brasil. Em sua programação, que se renovava a cada semana ou quinzenalmente, um minuto era dedicado aos aspectos políticos, esportivos, empresariais e à vida social do Espírito Santo. Assim, pelas lentes de Monjardim, o Estado era visto em cinemas do Brasil inteiro e, principalmente, nos 11 cinemas da Grande Vitória e nos do interior capixaba, que exibiam o noticiário do governo na programação de entretenimento e diversão das classes médias e populares. Ao deixar o governo do Estado, acompanhando a saída de Lindenberg, em 1962, Júlio Monjardim permaneceu produzindo para o Jornal da tela até 1965 e foi dedicar-se a outros trabalhos, já que se tornara referência no circuito de produção de documentários cinematográficos no Espírito Santo. Novamente os ventos que sacudiram a política nacional o favoreceram através da chegada de Christiano Dias Lopes Filho – seu antigo companheiro da “ala moça” – ao governo do Estado, nomeado pelo regime de 1964. Antes dessa tomada do poder, a fatídica e derradeira vinda do então presidente Jânio Quadros para inaugurar as obras de Capuaba e a fábrica de tecidos Braspérola, em Viana, foi inteiramente filmada por Júlio Monjardim. Horas depois, naquele mesmo dia, o presidente da República entregou sua polêmica carta-renúncia. A partir daí, toda movimentação pró e contra o governo João Goulart – e até mesmo as visitas não-oficiais de Dona Maria Teresa Goulart para descanso –foi documentada por Júlio César Monjardim. Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 45


Sucesso na capital, sucesso no interior: Júlio Monjardim seria levado por Jean Mazzon para filmar cenas do Espírito Santo para o Sesi nacional e continuou trabalhando para o governo do Estado e para as prefeituras municipais. É praticamente impossível nomear todos os trabalhos que realizou no interior. Sabe-se no entanto, que documentou eventos em Colatina, e até um show do humorista Chacrinha foi filmado por suas lentes naquela cidade. Filmou em Guarapari, Muqui, Linhares, São Gabriel da Palha; filmou as primeiras instalações para extração de petróleo em Conceição da Barra e em São Mateus. Nada escapou ao seu registro cinematográfico. Em 1969, seu documentário produzido em 35 mm, em cores, sobre a igreja e a cidade de Barra de São Francisco foi enviado pela Igreja para a Itália. No mesmo período, sua equipe era comumente encontrada nos centros cirúrgicos de Vitória, auxiliando as equipes médicas com filmagens de operações cardíacas que eram vistas em congressos nacionais e internacionais de medicina. Sendo os olhos e ouvidos dos governos no Espírito Santo desde o final dos anos 40 - passando tanto por governos pessedistas quanto qualificandose pelo seu trabalho eficiente aos governos de composição oposicionista (PSP, UDN, PTB etc) ao PSD - as lentes do cineasta Júlio Monjardim não deixaram de registrar a construção dos grandes projetos do Espírito Santo, nas décadas de 1970, e até a construção da Companhia Siderúrgica de Tubarão, no princípio dos anos 1980, cujo contrato de sua empresa Imagem e Comunicação com a Kawasaki Steel gerou imagens fotográficas e cinematográficas, aéreas e terrestres de todas as etapas da obra. Nos anos 70, seguindo a antiga aliança com a família Lindenberg, Júlio César Monjardim recebeu de Carlos Lindenberg Filho a missão de organizar a área técnica de produção de imagens para a TV Gazeta. Lá, produziu fotografias e filmes, reportagens e propagandas em película de 16mm, em P&B, que eram revelados nos estúdios que montou na própria emissora. Também filmava em 16mm “reversível”, que após revelado seguia direto para exibição, uma antecipação do uso do vídeo. No fim da década de 70 e nos anos 80, Júlio Monjardim ainda seguiu produzindo documentários sob encomenda de empresas e governos, como fez em Belém na festa do Círio de Nazaré, em 1979. Anos depois, o cineasta fixaria residência em Brasília, retirando-se do cenário capixaba do cinema e da política. Para muitos, Monjardim montou “a maior e mais duradoura produtora profissional do Espírito Santo” (Ramos e Miranda, 2000. p. 218). Na ver46 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


dade, o diretor foi ainda mais longe e fez do uso profissional da câmera e da linguagem cinematográfica um instrumento de mobilização de opiniões e de consenso pelo ideário desenvolvimentista no Espírito Santo. O conjunto dos documentários-reportagem que produziu em mais de três décadas, constitui inesgotável fonte das transformações da sociedade capixaba, da construção de suas cidades e indústrias, das alterações no meio rural e do processo político que se seguiu na passagem de uma economia comercial agrário-exportadora para o modelo industrial construído sob a iniciativa do Estado, a partir dos anos 50. A obra que resta está dispersa em posse de clientes, muitos governamentais, em conservação inadequada. Pelo muito que representa para a História recente do Espírito Santo, em especial como elemento de memória do cinema neste Estado, a obra de Júlio Monjardim merece ser reunida em seu conjunto mais representativo. Ela foi um instrumento de expressão da política e dos governos para o povo do Espírito Santo, remetendo ambos a um destino fadado às realizações da sociedade industrial conduzida pela mão forte do Estado. Hoje, envoltos nos dilemas e incertezas da pós-modernidade, é ainda por suas lentes que aprenderemos a nos ver. Luiz Cláudio Ribeiro é doutor em historiador pelo Instituto de Ciências Humanas e Filosofia da UFF. Professor do Departamento de História da UFES.

Referências: RAMOS, Fernão P. e MIRANDA, Felipe A. (orgs). Enciclopédia do cinema brasileiro. SP: Ed. Senac, 2000. TATAGIBA, Fernando. História do cinema capixaba. Vitória: PMV, 1988. RIBEIRO, Luiz Cláudio M. O casamento das elétricas capixabas. 2003. Tese (doutorado em História). Instituto de Ciências Humanas e Filosofia/UFF. Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 47


Flagrantes Capixabas •1951 a 1955• Inauguração da Superintendência do Porto de Vitória

Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 5 minutos - Preto e branco Sonoro Categoria: Documentário Gênero: Reportagem Local de produção: Vitória - ES (1951/1955) Produção: Jamil Merjane Redação: Antenor de Carvalho Narração: José Américo Direção: Júlio

Monjardim

Informação complementar: este filme faz parte dos cinejornais exibidos nos cinemas do Espírito Santo. Sinopse: o filme traz imagens do governador Jones dos Santos Neves visitando o Porto de Vitória com a presença de outras autoridades oficiais.

Fonte: * Esta catalogação é correspondente ao trecho de 5 minutos do filme telecinado sem som e entrevista com Júlio Monjardim 48 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Flagrantes Capixabas •1951 a 1955• Plano de Valorização do Espírito Santo Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 9 minutos* - Preto e branco Sonoro Categoria: Documentário Gênero: Reportagem Local de produção: Vitória - ES (1951 a 1955) Redação: Antenor de Carvalho Narração: José Américo Direção: Júlio

Monjardim

Informação complementar: este filme faz parte dos cinejornais exibidos nos cinemas do Espírito Santo. A cartela inicial do filme traz a seguinte informação: este filme faz parte de uma série de reportagens cinematográficas sobre o esplêndido Plano de Valorização do Espírito Santo, idealizado pelo governador Jones dos Santos Neves. Sinopse: o filme traz cenas de operários trabalhando com máquinas britadeiras quebrando pedras no Porto de Capuaba, que serão utilizadas na obra de aterro para a construção da Avenida Beira Mar, em Vitória. Na seqüência o filme mostra a atuação do governo de Jones dos Santos Neves no Porto de Vitória, como por exemplo, a produção de novas embarcações no estaleiro. Fonte: * Esta catalogação é correspondente ao trecho de 9 minutos do filme telecinado sem som e entrevista com Júlio Monjardim Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 49


Flagrantes Capixabas •1951 a 1955• Obras de aterro em Bento Ferreira Captação: 16 mm Finalização:16 mm Curta-metragem 3 minutos * - Preto e branco Sonoro Categoria: Documentário Gênero: Reportagem Local de produção: Vitória - ES (1951) Produção: Jamil Merjane Redação: Antenor de Carvalho Narração: José Américo Direção: Júlio

Monjardim

Informação complementar: este filme faz parte dos cinejornais exibidos nos cinemas do Espírito Santo. O fim do filme apresenta a seguinte cartela: Vitória vai crescendo dia a dia e seu espaço disponível se tornou pequeno para conter a expansão excepcional que se prevê em futuro próximo. A visão dos homens de governo antecipou-se ao progresso. Sinopse: o filme traz imagens das obras de aterro do Bairro Bento Ferreira.

Fonte: * Esta catalogação é correspondente ao trecho de 3 minutos do filme telecinado sem som e entrevista com Júlio Monjardim 50 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Flagrantes Capixabas •1951 a 1955• Comemorações do 1º ano de Governo de Jones dos Santos Neves Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 11 minutos* - Preto e branco Som: Mono Categoria: Documentário Gênero: Reportagem Local de produção: Vitória - ES (1952) Redação: Antenor de Carvalho Narração: José Américo Direção: Júlio

Monjardim

Informação complementar: este filme faz parte dos cinejornais exibidos nos cinemas do Espírito Santo. Sinopse: o filme começa com cenas da missa em ação de graças realizada na Catedral Metropolitana de Vitória, para marcar o 1º ano de Governo de Jones dos Santos Neves à frente do executivo estadual. O Governador acompanhado da primeira dama segue para a inauguração da Escola Politécnica. Depois de uma solenidade as autoridades presentes assistem a uma exposição fotográfica com imagens das obras realizadas pelo governo. Na seqüência o governador segue com a sua comitiva para o Porto de Vitória, onde tomam um café da manhã.

Fonte:* Esta catalogação é correspondente ao trecho de 11 minutos do filme telecinado com som e entrevista com Júlio Monjardim Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 51


Flagrantes Capixabas •1951 a 1955• Obras do Governo Jones dos Santos Neves Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 21 minutos * Preto e branco Sonoro Categoria: Documentário Gênero: Reportagem Local de produção: Vitória, Regência, Santa Leopoldina, ES (1951) Redação: Antenor de Carvalho Narração: José Américo Direção:

Júlio Monjardim Informação complementar: este filme faz parte dos cinejornais exibidos nos cinemas do Espírito Santo. O filme apresenta a seguinte cartela:como na Holanda, extinguimos os mangues e suplantamos o mar. É tarefa ciclópica que, por si se consagrará uma administração. Sinopse: este filme traz diversas obras realizadas no período do Governo Jones Santos Neves no Espírito Santo, dentre elas: a construção da Usina Hidrelétrica de Rio Bonito e a reforma da igreja, a construção da ponte do rio da Prata, em Santa Leopoldina. A construção da Ponte Florentino Ávidos, em Vitória. A construção do Farol de Regência, em Linhares. Além das obras e inaugurações, o filme traz também imagens das avenidas Capixaba e Jerônimo Monteiro, da Praça Costa Pereira e do Cine Glória, localizados no centro de Vitória. Algumas imagens foram produzidas de dentro de um barco que dá uma visão privilegiada da Baía de Vitória.

Fonte: * Esta catalogação é correspondente ao trecho de 21 minutos do filme telecinado sem som e entrevista com Júlio Monjardim 52 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Flagrantes Capixabas •1951 a 1955• Vitória em Marcha Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 11 minutos - Preto e branco Som: Mono Categoria: Documentário Gênero: Reportagem Local de produção: Vitória - ES (1953) Redação: Antenor de Carvalho Narração: José Américo Direção: Júlio

Monjardim

Informação complementar: este filme faz parte dos cinejornais exibidos nos cinemas do Espírito Santo. Sinopse: o filme começa com o desfile de sete de setembro de 1953. A reportagem trata do plano urbanístico para a cidade de Vitória do governo de Jones Santos Neves, que inclui investimentos no setor naval do Porto de Vitória, Departamento de Estrada e Rodagens, no interior e na capital. O filme mostra ainda a construção das duas pistas da avenida Vitória e o asfaltamento da avenida Carlos Lindenberg, em Vila Velha.

Fonte: Filme Vitória em Marcha, telecinado com som; Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 53


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Milson Henriques

Geração 60 e o movimento do cinema amador

1964

Minha vida estava tão ou mais perturbada que a vida política do Brasil. Estava com 26 anos, havia fugido da casa paterna aos 14, depois de uma infância sem televisão, e isso significa que tinha a vivência de um atual menino de nove anos. Apesar da pouca idade, já era ateu (uma das causas da fuga) e perturbado. Vivi péssima e lindamente a juventude em Copacabana, quando o Rio era uma cidade maravilhosa. Aos 22 anos, dei uma de filho pródigo para os pais que nem sabiam se eu ainda existia. Não agüentei o “lar”. Fui para Salvador, depois para Belo Horizonte, Brasília, Salvador novamente. Pintou a revolução militar... vou fugir para o Uruguai, vou descendo de ônibus até o Rio Grande do Sul, mas a grana só deu para chegar até Vitória. O jeito é trabalhar um pouco para conseguir o dinheiro da passagem e prosseguir. E estou aqui até hoje. Todo esse intróito – ainda se usa essa palavra? – sobre a minha vida é para mostrar o caminho percorrido, sempre pela esquerda, como ia a minha cabeça e minha vivência ao chegar a essa Ilha, na época muito mais provinciana. Já era uma puta velha vivida em grandes metrópoles, sofrida, fodida, mal paga, em busca do que não sei até hoje. Triste, mas feliz. Logicamente atraído por tudo que é gauche, me enturmei logo com a esquerda: universitários, jornalistas, artistas, intelectuais, bebuns, viciados em tudo, principalmente em cultura. Fui muito bem recebido e me senti em casa, mais feliz que um pintinho ciscando num monte de lixo – no bom sentido. O primeiro que conheci foi Osvaldo Oleari, que me apresentou a Xerxes Gusmão Neto, que me apresentou a Darly Santos (hoje rodovia), que me apresentou a Antonio Carlos Neves, que me apresentou a Cláudio Lachini, que me apresentou a Zélia Stein. E, assim, fui conhecendo aqueles jovens maravilhosos que bebiam a vida com sofreguidão, que eram respeitados intelectualmente pela cidade, mas rejeitados pelas “mães de família”. Aquela velha história – “são pessoas muito inteligentes, “et pour cause” são perigosas, “não quero meu filho andando com eles”. Logicamente passei orgulhosamente a fazer parte da “corja comunista de maconheiros, ateus, 56 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


hippies, cabeludos, pederastas e etcéteras”, como éramos conhecidos pelos hilários censores da Polícia Federal... Toninho Neves, este meu pequeno grande herói, estava com dificuldades de encontrar atores para montar uma peça que havia escrito. Teatro, naquela época, era coisa de viado. Lógico que me ofereci e fui aprovado por um Toninho meio desconfiado já que, ao mesmo tempo, eu era barítono do coral da catedral de Vitória (??? sic). Começaram os ensaios, a peça foi proibida. Outra tentativa, outra proibição... Escolha de novo texto. Proibido outra vez... Enquanto não se resolvia o impasse teatral, Toninho tentava também filmar alguns curtas. Ele e os colegas da época que me desculpem, mas nunca imaginei um dia escrever sobre aqueles acontecimentos. Por isso, na memória deste ancião que vos escreve, aparecem flashes confusos, imprecisos, sem data certa, principalmente por conta da “marvada pinga”, da “cannabis”, além da embriagues da própria arte. Lembro que o primeiro filme que tentamos, Toninho dirigindo e eu como ator, a primeira cena seria um close no meu rosto, deitado na cama dando uma tragada e jogando fumaça direto na câmera que lentamente se afastava. Só que nunca soube fumar cigarro normal, essa droga lícita e, toda vez que tentava, era um tremendo acesso de tosse. A tentativa de filmagem foi num casarão lindo, ao lado da Igreja do Rosário. Não lembro mais nada. Nem o nome do filme. Só sei que nunca foi terminado. Outro flashe: fomos filmar Boa sorte, palhaço! Tinha uma cena em que eu descia a Rua Sete (na época, a mais badalada e chic da cidade), andando com um pé no meio fio e outro na rua, e me encontrava com a linda Zélia Stein para um abraço e beijo. Assim que começamos a montar os equipamentos, começou a juntar gente. Na hora do ensaio já existia umas 100 pessoas de olhos pregados naqueles seres estranhos, com roupas estranhas obedecendo a ordens de um garoto que gritava: “Repete! Chega mais perto dela! Volta! Devagar! Alguém retoca a maquiagem no rosto da Zélia que está brilhando! No Milson também. Ele está suando... Limpa! Vamos! Ação! Espere, uma nuvem cobriu o sol! Milson, na hora do beijo você fica com os dois pés na rua, a Zélia na calçada! Repete! Vira menos a cabeça! Agora! Espere, passou um carro! Silêncio, vamos gravar! Olha a brincadeira, alguém jogou um pedaço de papel! Peraí, assim não dá. Vamos colaborar gente!”. Mas não adiantou. Começaram a gritar piadinhas, os meninos de rua a rir e a fazer bagunça, agitação... Jogaram um pedaço de papelão na minha cabeça, até que Toninho se estressou: “Não dá para continuar assim. Vamos parar e esperar o pessoal sair”. Mas quem disse que o povo arredou o pé? Não lembro se foi também por causa da censuCatálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 57


ra, ou outro imprevisto, mas o palhaço não teve boa sorte. Mas o Toninho nunca desistia. Outra tentativa... Se não me engano, o nome profético do filme era No meio do caminho. Fomos filmar no meio da escadaria da igreja de Campinho de Santa Isabel, aquela cidadezinha pacata antes de Domingos Martins. Eu fazia um jagunço que, de rifle em punho, dava um tiro no padre, papel representado por Cláudio Lachini que, ferido, caía e rolava pela escadaria. Uma tomada difícil, porque teria de cair de maneira que não machucasse, e de forma estética. Mais uma vez, cercado de curiosos, os habitantes da cidade – quase todos ali vendo aquela loucura – sem entender direito, embora Toninho tenha tentado explicar. Vamos ao primeiro ensaio: Lachini caiu, de maneira ridícula, com medo. Além disso, a batina veio parar nas coxas. Vamos repetir... Outra queda, Lachini machucou o joelho e gritou. Pausa. Repetindo... Na queda seguinte, com medo, ele amparou o corpo com as duas mãos. Repete. Já com as mãos e joelhos ralados, caiu legal, mas um sapato saiu do pé, ficou cômico. Começamos a rir. Lachini já puto da vida, caiu outra vez, a batina veio parar literalmente na cabeça. A risada redobrou, menos a de Toninho que estava nervoso, quase explodindo, principalmente porque o rolo do filme, que era caríssimo, estava acabando. Mais uma: Lachini cai e diz um palavrão. Mais risos... Toninho uma pilha: “Agora, vamos, saia como sair! Agora vai dar certo!” Foi quando apareceu uma senhora, beatíssima gritando histericamente: “Chega de zombar de nossa igreja! Isso é uma blasfêmia! Um bando de moleques. Vieram de Vitória para fazer bagunça aqui, para rir da gente! Chega dessa palhaçada! Para despertar meu Jesus Cristinho só passando por cima do meu cadáver!” E começou a insuflar a população contra a nossa equipe apavorada. Resumindo: reunimos rapidamente tudo na Kombi, entramos de qualquer maneira e saímos em desabalada, já ouvindo o som de pedras batendo na lataria. E fomos em busca de outra cidadezinha com outra igreja, mas acabou ficando tudo no meio do caminho mesmo. Dos filmes que fiz como ator com Toninho, finalmente conseguimos terminar Alto a la agression!. Eu fazia o papel de um estudante logicamente engajado na esquerda e tinha como namorada Silvia Renata Cohen. O Caderno B do Jornal do Brasil fazia anualmente um Festival Nacional de Curtas e, para nossa alegria e recompensa de tantos esforços, fomos semifinalistas. O movimento dos curtas-metragens aumentava cada vez mais com muitos jovens “cabeças” envolvidos. Lembro de Luis Lages, Rubens Azeredo, Ewerton Guimarães, o mais que presente Ramón Alvarado e, 58 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


principalmente, Paulo Eduardo Torre (Luiz Tadeu Teixeira era muito jovem. Apareceu depois). Na época do auge da Rádio Nacional existia uma “rivalidade” entre Marlene e Emilinha Borba. Entre nossos cineastas, a rivalidade era entre Toninho e Paulo. Mas uma rivalidade sadia em que um colaborava quando o outro precisasse. Tanto que a cena do filme em que eu era torturado no “pau de arara” e levava uma porrada na cara, filmado na casa de Toninho, a mão que me batia era a de Paulo. Assim como Toninho tinha Zélia Stein, musa loura que participava da maioria de seus filmes, o Paulo tinha uma namorada também loura e magra, a bela Marlene Simonetti. Para o jovem de hoje, parece um pouco estranho o teor dos filmes daquela época, em sua maioria de protesto e muito inspirados nos filmes noir franceses, da nouvelle vague ou do neo-realismo italiano. Nunca! Nada que lembrasse o cinema americano. Era também uma forma de protesto, seja na música, no teatro, em qualquer manifestação artística. Vivíamos em plena ditadura militar e filme era coisa muito cara. O sujeito tinha que ser muito pirado, muito louco para se meter nessa que, além de ser perigosa, politicamente era uma empreitada sem futuro, sem recompensa financeira, apenas o prazer da realização que, afinal, é o que importa na vida. Se bem que, hoje reconheço, a ditadura tinha seu lado digamos “bom”, que era obrigar a juventude a sair da alienação, pensar e reagir. Desde 1967 eu tinha uma página inteira dominical de humor no jornal A Tribuna. Era mais deboche e provocação ao pessoal da ditadura. Tanto que fui em cana 12 vezes por causa de notas e alguns artigos. Antes de mais nada tinha a preocupação de apoiar qualquer manifestação de arte. Foi assim que, no dia 3 de dezembro de 1967, às 10 horas da manhã, competindo com o sol e a praia, consegui colocar no cinema Jandaia, cedido por Marcelo Abaurre, mais de 200 pessoas ao realizar o “I Festival de Cinema Amador Capixaba” (depois, por meio da mesma página, que se chamava Jornaleco, realizei um Festival de Teatro Amador Capixaba e cinco festivais de música). Dos nove filmes exibidos, sete tiveram a participação de Ramón Alvarado e outro era um documentário feito pelo pai dele, Luiz Gonzáles Batan, com imagens da cidade de Vitória de 1938. Outra curiosidade foi um documentário científico, a cores, mostrando a primeira operação de coração feita no Espírito Santo. O mais importante é que a moça operada estava presente e viu o filme pela primeira vez. No final, quando chamei Ramón ao palco para lhe entregar um troféu – que desejei fosse o primeiro dos muitos que viriam – ele foi aplaudido de pé. Vejam a lista dos nove filmes apresentados: Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 59


Indecisão: direção de Ramón Alvarado e fotografia de Rubens Freitas Rocha. Intérpretes: Cláudio Lachini, Miriam Calmon, Luís Manoel, Nalim, Zélia Stein (1966). O Cristo e o Cristo: documentário de Ramón Alvarado sobre a Festa da Penha (1966). Palladium: direção de Luiz Eduardo Lages e fotografia de Ramón Alvarado. Intérpretes: Elizabeth Galdino e Luiz Eduardo Lages (1966). Automobilismo: documentário colorido de Rubens Freitas Rocha (1966). Kaput: direção de Paulo Eduardo Torre e fotografia de Ramón Alvarado. Intérpretes: Rubens Azevedo, Marlene Simonetti e Ewerton Guimarães (1967). Cirurgia do Coração no Espírito Santo: documentário científico colorido, de Ramón Alvarado (1967). O pêndulo: direção e fotografia de Ramón Alvarado. Intérpretes: Zélia Stein e Carlos Chenier (1967). Alto a la agression!: direção de Antônio Carlos Neves e fotografia de Ramón Alvarado. Intérpretes: Sílvia Renata Cohen, Milson Henriques, Alberto Cristóvão e Raimundo Oliveira (1967). Vitória 1938: Documentário de Luiz Gonzáles Batan (pai de Ramón) mostrando aspectos da vitória no ano do título (1938). Além desses nove, ainda fazem parte do I Ciclo Cinematográfico Capixaba (1965-69), a chamada “época de ouro” do nosso cinema amador, filmes de 16 mm, preto e branco, em celulose realizados de forma quase artesanal. São os seguintes: A queda: direção de Paulo Eduardo Torre e fotografia de Ramón Alvarado. Intérpretes: Marlene Simonetti (aqui estou em dúvida se foi com Ewerton Guimarães ou Rubens Azevedo). (1966) Boa sorte, palhaço!: direção de Antônio Carlos Neves e fotografia de Ramón Alvarado. Alguém me disse que o filme foi finalmente terminado, mas nunca perguntei a Toninho. Por isso, não sei os atores (1967) Veia partida: direção de Antônio Carlos Neves e fotografia de Ramón Alvarado (prêmio de melhor fotografia no festival de Cinema do Jornal do Brasil/Mesbla, de 1968). Intérprete: Rubens Azevedo.

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Primeira revolta: direção de Luiz Eduardo Lages. Não sei mais nada sobre esse filme. Quem me falou com entusiasmo sobre ele foi Paulo Eduardo Torre, mas nunca assisti nem sei o elenco. Ponto e vírgula: direção de Luiz Tadeu Teixeira. Intérpretes: Luiz Tadeu Teixeira e Milson Henriques (1969). Variações para um tema de Maiakovski: direção de Luiz Tadeu Teixeira. Também não assisti e desconheço a ficha técnica (1971). São 15 filmes, em sua maioria, realizados por jovens entusiastas, num tempo em que a censura era cruel, numa cidade que não tem o vício da cultura (até hoje), motivados pela famosa frase de Glauber Rocha: “Fazer cinema é uma câmera na mão e uma (boa) idéia na cabeça”, e procurando desmistificar o cinema como uma indústria de diversão alienante. No começo dos anos 70 Toninho Neves foi complementar seus estudos sobre cinema na União Soviética (ele havia completado um curso de cinema em Brasília), Paulo Torre Ramón e Rubens Azeredo (que nunca mais vi) foram para o Rio de Janeiro, e o ainda garoto Luiz Tadeu Teixeira virou editor do segundo caderno de A Gazeta, embora fosse o provável sucessor dos que foram embora, porque começou a filmar e a fazer teatro. Só que fizemos juntos peça Mordaça e ganhamos como prêmio, oferecido pela Fundação Cultural do Espírito Santo, cursos de teatro no Rio de Janeiro. Tadeu largou tudo e foi para o Rio, só voltando anos depois. Luiz Lages, não sei para onde foi. Da turma “antiga” só eu fiquei por aqui. Aí, chegaram os anos 70. Como dinheiro é coisa que nunca tive, nem faço questão, nunca ousei dirigir filmes. Preferi fazer shows, peças de teatro com universitários, menos complicado e dispendioso. Continuei a cantar em coral, escrever e desenhar em jornal e visitar periodicamente – como convidado ou intimado – a Polícia Federal. Apesar dessa última parte, que saudade daquele tempo!... Milson Henriques é jornalista, desenhista, ator e poeta.

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Indecisão •1966• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 12 minutos - Colorido e preto e branco Som: mudo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1966) Lançamento: Clube do Estudante Universitário, Vitória, ES (1966)

Informações complementares: primeiro filme de ficção feito em Vitória.

Sinopse: uma universitária de classe média dividida entre dois amores - um empresário burguês e um proletário. O filme versa sobre esse triângulo amoroso e as crises entre seus personagens e o mundo. Prêmios/carreira: II Festival JB/Mesbla, Rio de Janeiro - RJ (1966) I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Argumento e roteiro: Ramon Alvarado Direção: Ramon Alvarado Produção: Rubens Freitas Rocha Direção de produção: Paulo Roberto da Costa Direção de fotografia: Rubens Freitas Rocha Montagem: Ramon Alvarado Elenco: Cláudio Antonio Lachini (operário); Míriam Calmon (universitária); Luiz Manoel Nalim (empresário burguês); Zélia Stein (amiga da universitária) e Paulo Roberto da Costa (professor) Fontes: Jornaleco nº 24 (jornal A Tribuna, 03/12/1967) e entrevista com Ramon Alvarado.

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O Cristo e o Cristo •1966• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 5 minutos - Preto e branco Som: mudo Categoria: documentário Local de produção: Vila Velha - ES (1966) Lançamento: Cine Jandaia, I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Sinopse: documentário que mostra aspectos e contrastes da tradicional Festa da Penha - em homenagem à padroeira do Espírito Santo, que acontece anualmente durante oito dias em Vila Velha. Prêmios/carreira: I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Direção: Ramon Alvarado Direção de fotografia e produção: Ramon Alvarado

Fontes: Jornaleco n. 24 (jornal A Tribuna, 03/12/1967) e entrevista com Ramon Alvarado.

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Primeira revolta •1966• Captação: 16 mm Inacabado - Preto e branco Som: mudo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1966)

Sinopse: garoto encontra um velocípede velho no lixo e, com ajuda de amigos, reforma o brinquedo. Entretanto, sua mãe não permite que ele fique com o velocípede por achar que foi roubado pelo menino.

Roteiro: Antonio Carlos Neves História: Baseada em conto homônimo de Antonio Carlos Neves Direção: Antonio Carlos Neves Direção de produção: Antonio Carlos Neves Direção de fotografia: Ramon Alvarado Direção de arte: Antonio Carlos Neves Elenco: Zélia Stein (mãe do menino)

Fonte: Antonio Carlos Neves

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No meio do caminho •1966• Captação: 16 mm Inacabado - Preto e branco Som: mudo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Santa Isabel - ES (1966)

Informações complementares: filme inacabado. Durante as filmagens em Santa Isabel, a equipe foi expulsa do local pela comunidade.

Sinopse: triângulo amoroso entre um homem, uma mulher e um padre.

Roteiro e direção: Antonio Carlos Neves Produção: Museu de Arte Moderna do Espírito Santo Direção de fotografia: Ramon Alvarado Som direto: João Alves Silva Elenco: Cláudio Lachini (homem apaixonado); Alcides Vasconcellos Filho (padre); Zélia Stein e Milson Henriques (jagunço)

Fontes: História do cinema capixaba (1988), livro de Fernando Tatagiba, e entrevistas com Antonio Carlos Neves e Milson Henriques Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 65


Palladium •1966• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 10 minutos - Preto e branco Som: mudo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1966) Lançamento: Cine Jandaia, I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória- ES (1967)

Sinopse: um romance entre um casal de jovens de diferentes classes sociais.

Prêmios/carreira: I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Direção: Luiz Eduardo Lages Direção de fotografia: Ramon Alvarado Montagem: Ramon Alvarado Elenco: Luiz Eduardo Lages e Elizabeth Galdino

Fontes: Jornaleco n. 24 (jornal A Tribuna, 03/12/1967) e entrevista com Ramon Alvarado

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A queda •1966• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 15 minutos - Preto e branco Som: mudo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1966) Sinopse: uma apologia da liberdade do ser, sentir e pensar e, ao mesmo tempo, uma recusa à sociedade capitalista e à mercantilização das pessoas. Segundo Paulo Torre, “o filme representa um esforço sincero para se lutar contra a mediocridade reinante em nossa cidade e expõe uma problemática pequeno-burguesa: uma moça comum sente um conflito entre as aspirações mais puras e autênticas de sua personalidade e a sociedade de convenções e preconceitos em que vive. Não é um filme pessimista, mas apenas um ensaio mostrando a falência do amor numa sociedade mercantil que esmaga, com a maior facilidade, as pessoas que se rebelam contra ela”. Prêmios/carreira: II Festival de Cinema Amador JB/Mesbla, Rio de Janeiro - RJ (1966)

Roteiro e direção: Paulo Torre Produção: Paulo Torre, Ramon Alvarado e Rubens Freitas Rocha Direção de fotografia: Ramon Alvarado Montagem: Paulo Torre e Ramon Alvarado Elenco: Luiz Eduardo Lages, Marlene Simonetti, Rubens Azeredo e Aracati Correia de Mendonça Fontes: entrevistas com Iamara Torre e Ramon Alvarado, Jornaleco nº 24 (jornal A Tribuna, 03/12/1967), Jornal A Gazeta - 29/01/1967, Jornal do Brasil - 12/07/1967 Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 67


Automobilismo •1966• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: mudo Categoria: documentário Local de produção: Vitória - ES (1966)

Sinopse: documentário em cores de Rubens Freitas Rocha. Mostra as performances de carros de corrida na estrada que liga dois bairros de Vitória: Praia do Suá a Jucutuquara.

Prêmios/carreira: I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Direção: Rubens Freitas Rocha Direção de fotografia: Rubens Freitas Rocha

Fontes: História do cinema capixaba (1988), livro de Fernando Tatagiba, Jornaleco n.24 (jornal A Tribuna, 03/12/1967) e entrevista com Ramon Alvarado 68 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Cirurgia do coração no Espírito Santo •1967• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 5 minutos - Colorido Som: mudo Categoria: documentário Gênero: científico Local de produção: Vitória - ES (1967) Lançamento: Cine Jandaia, I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Sinopse: documentário científico que registra a primeira cirurgia de coração realizada no Espírito Santo. “É um filme para médicos, feito a pedido do meu irmão Luís (médico cardiologista, hoje falecido). Nele, só se vê a cirurgia e, no final, os cirurgiões chefiados por Adib Jatene”, explica Alvarado. Prêmios/carreira: I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Direção: Ramon Alvarado Direção de fotografia: Ramon Alvarado

Fontes: Jornaleco nº 24 (jornal A Tribuna, 03/12/1967) e entrevista com Ramon Alvarado

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Alto a la agression •1967• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 15 minutos - Preto e branco Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1967) Lançamento: Vitória - ES (1967)

Sinopse: história de um estudante que é preso e torturado pela polícia durante a ditadura militar. ”O filme não conta a vida do rapaz ou da moça, fixa um instante, como um fotograma parado. Escolhemos aquele que fixava alguns pontos característicos dos personagens: ela preocupava-se com o que possa acontecer ao companheiro – é apenas uma mulher que ama e tem medo; ele um militante, sua consciência dos problemas de seu tempo, o orientam em um outro sentido pensa no Vietname, na Venezuela, nos movimentos estudantis, em seu país” (Jornal do Brasil, 6 de novembro de 1967) Prêmios/carreira: Representante do Espírito Santo no III Festival Nacional de Cinema Amador JB/Mesbla, Rio de Janeiro - RJ (1967) I Festival do Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Roteiro e direção: Antonio Carlos Neves Produção: Museu de Arte Moderna do Espírito Santo Direção de fotografia: Ramon Alvarado Som direto: João Alves Silva Montagem: Antonio Carlos Neves Elenco: Milson Henriques; Alberto Cristóvão; Raimundo Oliveira; Justino de Abreu e Silvia Renata Cohen Fontes: História do cinema capixaba (1988), livro de Fernando Tatagiba, Jornaleco n. 24 (jornal A Tribuna, 03/12/1967), Jornal do Brasil (06/11/1967) e entrevistas com Antonio Carlos Neves e Milson Henriques 70 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Boa sorte, palhaço •1967• Captação: 16 mm Inacabado - Preto e banco Som: mudo Categoria: ficção Gênero: comédia Local de produção: Vitória - ES (1967)

Sinopse: rapaz mantém amor não correspondido por uma moça, o que o leva a rever alguns conceitos de sua vida. Roteiro e direção: Antonio Carlos Neves Direção de fotografia: Ramon Alvarado Elenco: Milson Henriques e Zélia Stein

Fontes: História do cinema capixaba (1988), livro de Fernando Tatagiba, e entrevista com Antonio Carlos Neves.

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O pêndulo •1967• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 7 minutos - Preto e branco Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1967) Lançamento: Auditório da Aliança Francesa, Vitória - ES (1967)

Sinopse: baseado em trechos de poesias de Carlos Chenier, o filme relata o cotidiano de um jovem poeta pequeno-burguês que alterna momentos de euforia (quando se encontra com os intelectuais à noite nos bares de Vitória) com a depressão do dia seguinte (quando, escrevendo um poema, vê todos os seus sonhos se desmancharem diante da dura realidade social do país). Prêmios/carreira: I Festival do Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Argumento e roteiro: Ramon Alvarado História: Baseada em poemas de Carlos Chenier Direção e produção: Ramon Alvarado Direção de fotografia: Ramon Alvarado Montagem e edição de som: Ramon Alvarado Elenco: Carlos Chenier (interpretando o poeta e narrando seus próprios poemas) e Zélia Stein

Fontes: Jornaleco nº 24 (jornal A Tribuna, 03/12/1967) e entrevista com Ramon Alvarado

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Kaput •1967• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 12 minutos - Preto e branco Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1967) Lançamento: Cine Jandaia, I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967) Informações complementares: em 1991, por iniciativa de Nenna e Marcos Valério, o filme foi recuperado, com cópia em vídeo.

Sinopse: Kaput mostra a história de um jovem que, para fugir da realidade que o oprime, fuma maconha. Entretanto, com a descoberta do amor, percebe que a fuga não é a solução mas, sim, a luta. Segundo o diretor, o filme – antes de qualquer coisa – pretendia ser “o testemunho de uma época, verdadeira missão do artista, sua maior responsabilidade”. Prêmios/carreira: I Festival de Cinema Amador Capixaba, Vitória - ES (1967)

Roteiro, direção e produção:

Paulo Torre

Direção de fotografia: Ramon Alvarado Montagem: Ramon Alvarado e Paulo Torre Elenco: Rubens Azeredo, Marlene Simonetti e Ewerton Guimarães

Fontes: o filme Kaput, Jornaleco nº 24 (jornal A Tribuna, 03/12/1967) e entrevista com Ramon Alvarado Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 73


Veia partida •1968• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 25 minutos - Preto e branco Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Rio de Janeiro - RJ (1968) Lançamento: Rio de Janeiro - RJ (1968)

Sinopse: relacionamento amargo entre pai e filho, nos últimos momentos de vida do pai. Prêmios/carreira: Prêmio de fotografia para Ramon Alvarado no IV Festival de Cinema Amador JB/Mesbla, Rio de Janeiro - RJ (1968) Exibido na Mostra do Cinema Brasileiro em Kiev - Rússia (1968)

Roteiro: Antonio Carlos Neves História: Baseada em conto homônimo de Amylton de Almeida Direção: Antonio Carlos Neves Produção: Tuca Rio (Teatro da Universidade Católica do Rio de Janeiro) Produção executiva: Dema (Waldemar) Direção de produção: Antonio Carlos Neves Direção de fotografia: Ramon Alvarado Direção de arte: Antonio Carlos Neves Trilha sonora: Carmina Burana (cantata de Carl Orff) Elenco: Dema (Waldemar), representando o filho

Fontes: História do cinema capixaba (1988), livro de Fernando Tatagiba e entrevista com Antonio Carlos Neves

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Ponto e vírgula •1969• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 1 min. e 30 seg. Preto e branco Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: experimental Local de produção: Vitória - ES (1969) Lançamento: Auditório da Aliança Francesa, Vitória - ES (1969) Informação complementar: em 1979 foi feita uma nova versão do filme, com 6 minutos e 20 segundos, utilizando trechos de Variações para um tema de Maiakovski, filme de 1971 (inacabado), do mesmo autor. Em 1990, esta segunda versão do filme foi telecinada, sonorizada e finalizada em vídeo.

Sinopse: definido pelo diretor como um “clipe paranóico”, o filme passeia entre duas histórias paralelas: um homem tortura uma barata e um cidadão que tenta, em vão, transpor “portas que se fecham para ele”. Prêmios/carreira: V Festival de Cinema Amador JB/Mesbla, Rio de Janeiro - RJ (1969)

Roteiro e direção: Luiz Tadeu Teixeira Produção: Luiz Tadeu Teixeira, Júlio Cesar Monjardim e Souza Jr. Direção de fotografia: Paulo Torre e Luiz Tadeu Teixeira Montagem e edição de som: Luiz Tadeu Teixeira Trilha sonora: músicas de Pierre Boulez, Phillip Glass e Karlheinz Stockhausen Elenco: Milson Henriques (homem que tenta transpor as portas) e Luiz Tadeu Teixeira (torturador das baratas)

Fontes: História do cinema capixaba (1988), livro de Fernando Tatagiba e entrevista com Luiz Tadeu Teixeira

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anos

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Nenna

Cine Vento Sul, uma viagem aos 70s

Para Paulo Eduardo Torre

A

província, vivendo o cotidiano da ditadura militar em conflito com as novidades dos eventos internacionais pós-68 e a explosão psicodélica dos hippies, inicia a década com a produção cinematográfica local zerada, em contraste com o recente período de agregação e produção que tinha frutificado na década anterior, de onde saiu o clássico de Paulo Torre, Kaput, que assisti numa sala improvisada e me provou que era possível fazer cinema no Estado.

No momento em que o único ‘ciclo’ cinematográfico registrado no Espírito Santo - construído em 16mm, em preto e branco - chega ao fim, se inicia um novo e disperso diálogo com produtores de fora e capixabas com experiência no eixo Rio-Sampa. Em abril de 70, o cachoeirense Jece Valadão inicia as filmagens de O Vale do Canaã, baseado em Graça Aranha. Em agosto, Fernanda Montenegro chega para filmar a epopéia de José Regatieri, A Vida de Jesus Cristo, em São Roque. Também por essa época, chega a Vitória o culto jornalista e crítico Cláudio Bueno Rocha que, com ajuda do médico e cinéfilo Vitor Santos Neves, insistia na Cinemateca do Espírito Santo, enquanto os cinemas Trianon e Capixaba fechavam suas portas em 1971. Intelectual de primeira, CBR como era conhecido – era respeitado por cineastas como Glauber Rocha, e seu nome batizou o cineclube da Ufes e a primeira sala de exibição do Metrópolis. Hoje, Cláudio está esquecido... Ainda no início da década, o crítico de cinema e historiador Alex Viany, amigo do CBR, inicia a filmagem do documentário O sonho e a máquina sobre o genial Ludovido Persici, nosso pioneiro cineasta e inventor. Baseado em pesquisas de Rogério Medeiros, com produção do capixaba Ney Modenesi, na época trabalhando no Rio. O filme continua inédito e com conflitos jurídicos persistentes. Atualmente é tema de trabalho de conclusão de cur78 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


so na Ufes, da estudante Patrícia Bravin. Em 73, o diretor capixaba Paulo Thiago realiza no Espírito Santo talvez o melhor filme de sua já extensa filmografia: Sagarana: o duelo. Nesta produção, a paisagem e a iconografia capixaba são mostradas em imagens preciosas do craque Mario Carneiro, mito do cinema novo. Teve ajuda de elenco primoroso, com destaque para Joel Barcellos, além de música de Caymmi e Tom Jobim. E, claro, Guimarães Rosa. Nessa época, chegam às vitrines da Mesbla, os primeiros equipamentos de vídeo ‘portáteis’ (com alguns quilos, tinha uma câmera e uma bolsa enorme para carregar o gravador de video...), mas a insipiente produção independente era em 8 mm. No início da década, eu mesmo e o fotógrafo Sagrilo realizamos algumas produções, com um pé nas artes plásticas. Com o início da implantação dos grandes projetos industriais e o primeiro impacto cosmopolita, com a chegada de muitos migrantes de todos os níveis intelectuais, a província se transforma. E novos olhares se manifestam. Dentre esses novos interessados se destaca o já na época experiente cineasta Orlando Bomfim, de família de origem capixaba e que aqui realiza o premiadíssimo documentário Tutti-tutti buona gente, de 1976, com foco no centenário da imigração italiana. Depois, realiza um conjunto de documentários, fotografados por Douglas Lynch sobre folclore e ecologia riquíssimos. Depois, o documentário sobre o naturalista Augusto Ruschi, realizado já no final da década. Ainda em 1976, Amylton de Almeida, crítico de A Gazeta, dirige para a emissora – em parceria com Wladimir Godoy - o documentário São Sebastião dos boêmios, maior zona de prostituição da América Latina. No ano seguinte, Os pomeranos é premiado no I Festival de Verão da Rede Globo. Todos os dois captados em 16 mm e editados em vídeo. Em 77 também é produzido o Caso Ruschi, de Tereza Trautman, registrando a ‘guerra’ entre o cientista e o governo do Estado sobre o destino da Reserva de Santa Lúcia. Naquele mesmo ano é rodado o clássico Paraíso no inferno, de Joel Barcellos. Filme enigmático, pré-punk, de que sou fã ardoroso. Ali se registrou em celulose a energia que a cidade esboçava ao som de Aprígio Lyrio e os Mamíferos, além da boemia do Britz, com o mesmo Cláudio Bueno Rocha ao piano no velho antro de jornalistas e intelectuais ‘de esquerda’. Buraco da resistência e deboche. Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 79


Já, a partir de 77, aparece o cineasta Sergio de Medeiros com uma produção que inclui diversas realizações em 8 mm, 16 e 35, com temáticas diversas e quase sempre politizadas. Também Tadeu Teixeira, último realizador do ciclo dos anos 60, realiza em 8 mm o documentário Castelo: Corpus Christi, posteriormente editado por Antonio Americano em vídeo.  Vivendo numa pequena província em transformação, acabei envolvido com todos estes acontecimentos, alguns mais, outros... correndo léguas para não me envolver. (a precariedade do final dos sessenta -em que som significa apenas música e alguns ruídos, até o final da década em que o vídeo já começa a ser respeitado no métier e a cor invade as telas). Toda essa precariedade de produção – que a tecnologia atual solucionou – funcionou como uma espécie de desafio para um desejo maior daqueles intelectuais de esquerda: ‘mudar o mundo’. Foi o que assisti. No Cine Vento Sul... ao lado de Fernando Tatagiba, nosso cinéfilo maior, que é quem deveria estar aqui rememorando aqueles tempos. Salve Tatagiba ! Nenna é artista multimídia

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O vale do Canaã •1970• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem 94 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: aventura Local de produção: Santa Leopoldina - ES (1970) Lançamento: Cine Odeon, Rio de Janeiro - RJ (1970) Sinopse: Espírito Santo, começo do século. Carlos, um italiano, chega ao Vale do Canaã em busca de paz. Hermann Gunter, colono alemão que domina a região, submete a população a seu comércio espoliativo. Carlos almeja uma gleba de terra, que é distribuída gratuitamente, mas não consegue seu intento. Juntamente com um casal de imigrantes, propõe negócio ao colono Otto Lander, outra vítima de Gunter. Com as economias que trouxe da Europa, Carlos estimula o progresso da colônia de Lander que, aos poucos, torna-se uma ameaça à tirania racista de Gunter. Prêmios/carreira: Melhor diretor e melhor atriz no Festival de Santos - SP (1970) Exibido em circuito comercial brasileiro

Argumento e roteiro: Jece Valadão, Carlos Alberto de Souza Barros e Ney Modenesi História: baseada na novela Canaã, de Graça Aranha Direção: Jece Valadão Produção: Magnus Filmes Ltda Produção executiva: José Oliosi Direção de fotografia: Hélio Silva Som direto: Joaquim Fonseca Montagem: Raimundo Higino Trilha sonora: Antônio Adolfo e Almir Chediak Elenco: Milton Rodrigues; Elizângela Vergueiro; Dary Reis; Angelito Melo; Wilson Grey; Jorge Cherques; Leilany Chediak; Carlos Alberto de Souza Barros; Mário Petraglia; Joaquim Theodoro; Bob Nelson; Fernando José; J. Barroso; Ana Vitória; Banzo; Cristina Donay; Carlos Poyares e a população de Santa Leopoldina Fonte: www.cinemateca.com.br

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 81


Variações para um tema de Maiakovski •1971• Captação: 16mm reversível Filme não finalizado Curta-metragem - Preto e branco Categoria: ficção Gênero: experimental Local de produção: Vitória - ES - Brasil (1971) Informação complementar: trechos do filme foram utilizados na montagem final de Ponto e vírgula (1979), filme do mesmo diretor.

Sinopse: cenas de rua da cidade de Vitória são acrescidas de uma encenação em pantomima de um haraquiri, inspirada num poema de Maiakovski. Roteiro: Luiz Tadeu Teixeira História baseada em: A plenos pulmões, poema de Vladimir Maiakovski Direção:

Luiz Tadeu Teixeira

Direção de produção: Luiz Tadeu Teixeira Direção de fotografia: Luiz Tadeu Teixeira Elenco: Luiz Tadeu Teixeira (homem que encena o haraquiri)

Fonte: Luiz Tadeu Teixeira 82 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


A vida de Jesus Cristo •1971• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem 105 minutos - Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: São Roque, ES (1970 e 1971) Sinopse: encenação do nascimento, vida, paixão e morte de Jesus Cristo, realizada por moradores da comunidade de São Roque, incluindo o próprio diretor. Roteiro: José Regattieri e William Cobbett História: baseada no Auto da paixão de Cristo Direção: William Cobbett Companhia produtora: William Cobbett Produções Cinematográficas Produção executiva: Eliana Cobbett Direção de fotografia: Vitalino Muratori Direção de arte: Jan Koudela Montagem: Eduardo Leone Edição de som: José Tavares; Nestor Almeida; Victor Raposeiro; Geraldo José; Walter Goulart e Antonio César. Trilha sonora: Beethoven, Chopin, Mozart; Handel e Bach Elenco: Hermir Valvassori (Jesus Cristo); Fernanda Montenegro (Samaritana); Angelito Melo (Pôncio Pilatos e Profeta Simeão); Maria Sales (Maria); Pedro Regattieri (Judas Iscariotes); Jan Koudela (João Batista); Anaiza Grazziotti (Maria Madalena); João Arrogori (Pedro); Alice Vago (Verônica); V. Bosi (José); José Regattieri (Lázaro); Donizetti Vago (Jesus aos 12 anos), e Paulo Olivier (Herodes). Fonte: www.cinemateca.com.br Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 83


O mastro de Bino Santo •1971• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 10 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Vitória - ES (1971) Informações complementares: Participou do Festival de Brasília de 1973 com cópia em 16mm, por ter sido vetado pelo INC (Instituto Nacional de Cinema). Por isso, foi impedido de concorrer em seu formato original (35 mm).

Sinopse: documentário sobre a festa da puxada e fincada do mastro de São Benedito, que é realizada anualmente na cidade da Serra. Prêmios/carreira: Participou do Festival de Brasília - DF (1973)

Argumento e direção:

Ramon Alvarado

Produção: RA Produções Cinematográficas, Roland Henze Produções Cinematográficas e Cliton Vilela Direção de fotografia: Ramon Alvarado Som direto: João Alves Silva Montagem: Neldy Mellinger, Ramon Alvarado e Severino Dadá Edição de som: Cliton Vilela Trilha sonora: toadas de congo Locução: Amaury Alves Fontes: História do cinema capixaba (1988), livro de Fernando Tatagiba e entrevista com Ramon Alvarado 84 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Sagarana: o duelo •1973• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem 98 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1973) Lançamento: Cine Guaçuí - ES (1973) Sinopse: no sertão brasileiro, após participar de uma emboscada, um matador de aluguel volta para casa e encontra sua mulher envolvida com um pistoleiro. Começa, então, o duelo entre dois homens, acostumados a matar, pelo amor dessa mulher. Prêmios/carreira: Melhor fotografia e melhor ator coadjuvante para Wilson Grey, com o prêmio Coruja de Ouro da Embrafilme (1973) Melhor filme da Embrafilme baseado em obra literária (1973) Paulo Thiago foi indicado por sua direção ao Urso de Ouro no Festival de Berlim (1974)

Roteiro: Paulo Thiago Adaptação do conto “O duelo” do livro Sagarana, de João Guimarães Rosa Direção: Paulo Thiago Empresa produtora: Paulo Thiago Produções Artísticas Produção executiva: Cláudia Menezes Direção de produção: Carlos Alberto Diniz Direção de fotografia: Mario Carneiro Direção de arte e cenografia: Carmélio Cruz Som direto: José Tavares Montagem: Mário Carneiro Efeitos especiais de som: Geraldo José Trilha sonora não original: Tom Jobim e Dorival Caymmi Elenco: Joel Barcellos; Milton Moraes; Ítala Nandi; Átila Iório; Sady Cabral; Paulo Villaça; Jofre Soares; Paulo César Pereio; Rodolfo Arena; Zózimo Bulbul; Luiz Linhares; Wilson Grey; Ana Maria Magalhães; Rui Polanah; Waldyr Onofre; Emanuel Cavalcanti; Milton Villar; Vinícius Salvatori; Rei Napoleão; Roberto Ferreira; José Marinho; Néri Victor; Erley José e Antônio Carnera Fonte: www.cinemateca.com.br Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 85


Obsessão •1973• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem 100 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Castelo - ES (1973) Lançamento: Cine Jandaia, Vitória - ES (1973) Sinopse: na pequena cidade de Castelo é inaugurada, numa praça pública, uma estátua de Neuza Rangel, ex-noiva do prefeito Bernardo Graça. A moça foi morta a tiros em circunstâncias não desvendadas pela polícia. Bernardo, ressentido pela morte da noiva que esperava um bebê, resolve investigar o caso. Prêmio/carreira: Melhor filme no Festival de Santos (SP) Exibido em circuito comercial no Brasil

Argumento: Janete Clair Roteiro: Luiz Antônio Piá Direção e produção: Jece Valadão Produção executiva: Gelson Valadão Direção de produção: Older Costa Direção de fotografia: Edson Batista Direção de arte: Jotta Barroso Som guia: José Tavares Montagem: João Ramiro Mello Trilha sonora: Guilherme Dias Gomes Elenco: Jece Valadão; Rossana Ghessa; Vera Gimenez; Edson França; Felipe Carone; Dionísio Azevedo; Neuza Amaral; Monah; Macedo Neto; Yara Cortes; Mário Petraglia; Jotta Barroso; Lícia Magna; Flora Geny; Daniel Carvalho; Newton Martins; Zenaider Rios; Ivone Gomes; Jorge Perlingeiro; e Maria Luiza Imperial Fonte: www.cinemateca.com.br 86 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


O sonho e a máquina •1974• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Som: Mono Curta-metragem 20 minutos - Preto e branco e colorido Local de produção: Castelo e Cachoeiro de Itapemirim - ES (1973/1974) Informação complementar: existe o negativo da obra no acervo do CTAV-Funarte em nome do filho do produtor da obra, Jean Calmon Modenesi.

Sinopse: documentário sobre o cineasta Ludovico Persici. Mostra desde sua família, sua trajetória de vida até sua criação: a máquina de filmar, revelar e projetar filmes. O sonho e a máquina resgata imagens dos filmes de Ludovico Persici, entre eles Bang bang e Cenas de família. Direção: Alex Viany Direção de Fotografia: Hélio Silva Produção: Ney Modenesi Montagem: Maria Elisia Eletricista: Roque Araújo Pesquisa: Rogério Medeiros

Fontes: Filme O Sonho e a Máquina, História do Cinema Capixaba (1988), livro de Fernando Tatagiba e entrevistas com Rogério Medeiros, Jean Calmon Modenesi Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 87


Nós, os canalhas •1975• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem 103 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: aventura Local de produção: Rio de Janeiro e Vitória (1975) Lançamento: Cine Odeon, Rio de Janeiro - RJ (1975)

Sinopse: os gêmeos José Cláudio e Cláudio José, nascidos no interior do Espírito Santo, separam-se pela primeira vez. Cláudio José parte para o Rio em busca de fortuna. Algum tempo depois, José Cláudio e a esposa Maria Helena, grávida de sete meses, também vão para o Rio, onde são vítimas de bandidos.

Argumento, roteiro direção: Jece Valadão Companhia produtora: Magnus Filmes Ltda Produção executiva: Gelson Valadão Direção de produção: Roberto Soares Direção de fotografia: Edison Baptista Direção de arte: Benedito Corsi Edição de som: José Tavares Montagem: Waldemar Noya Mixagem: José Tavares Trilha sonora não original: Beto Strada Elenco: Jece Valadão; Celso Faria; Vera Gimenez; Zélia Hoffman; Benedito Corsi; Newton Martins; Rubens de Falco; Zora Costallati; Hamilton Sbarra; Nilton Couto; Gilberto L. Barbato; Paulo L. Brandão e Leilany Fernandes.

Fonte: www.cinemateca.com.br 88 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Quando as Mulheres Querem Provas •1975• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem, 90 minutos – Colorido Som: Estéreo Categoria: Ficção Gênero: Comédia erótica Local de produção: Rio de Janeiro, Vitória e Vila Velha Lançamento: Rio de Janeiro (março de 1975) Informação complementar: Segundo levantamento feito pela Ancine, este filme obteve oficialmente 772.692 espectadores, configurando-se na décima-primeira maior bilheteria dentre os filmes brasileiros lançados comercialmente em 1975. Lançado em DVD pela Diamond Records (2006).

Sinopse:”Bira, paquerador jovem de boa-pinta, vai passar as férias em Vitória, onde se apaixona por Verônica, psicanalista casada e fiel. Perseguindo-a em seu carro, Bira pensa ter visto Verônica dar um beijo no motorista e, ao tentar demonstrar o fato a um amigo, é surpreendido por uma arrumadeira do hotel em que mora. Esta espalha o boato de que ele estava beijando um homem. A fama de duvidosa masculinidade atrai a atenção da até então distante psicanalista e das jovens da cidade, que exigem provas às quais Bira se submete com prazer. Mas a verdade é descoberta, provocando a ira dos rapazes da cidade despeitados com prestígio do paquerador entre as mulheres. Bira foge para o Rio e tenta repetir a experiência. Mas se dá mal porque quem exige provas, dessa vez, é um grupo de homossexuais”. (Guia de Filmes, 55/56/57).

Roteiro e direção: Cláudio MacDowell Produção: Carlo Mossy Companhias produtoras: Vidya Produções Cinematográficas S.A.; Atlântida Empresa Cinematográfica do Brasil S.A. Direção de produção: Maurício Nabuco Produção executiva: Bernardo Godszal Assistência de produção: Cristina Fernandes Roteiro: Talita Gutierrez Valle Direção de fotografia: José Rosa Direção de som: Onélio Motta, Aloísio Viana Montagem: Nazareth Ohana Elenco: Carlo Mossy, Rossana Ghessa, Sérgio Guterrez, Henriquieta Brieba, Rodolfo Arena, Iara Stein, Pedro de Lara, Yara Stein, Sérgio Gutervall, Stan Cooper e Hugo Bidet. Fontes: www.cinemateca.com.br Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 89


Tutti, tutti, buona gente, propriamente buona •1976• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Média-metragem 28 minutos  - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Santa Teresa - ES (1976) Lançamento: Santa Teresa - ES (1976) Sinopse: a colonização italiana no Espírito Santo é abordada do ponto de vista dos habitantes de Santa Teresa, o mais forte e representativo núcleo de imigração do Estado. No filme é feita uma reconstituição da chegada dos primeiros imigrantes atraídos por falsas promessas de um eldorado inexistente, os traumas do desengano e a luta pela sobrevivência numa região desconhecida. Também é mostrada a realidade atual: hábitos, costumes, etnia, cultura e religião, além da relação dos moradores com a cidade que, em 1975, completou seu centenário. Prêmios/carreira: Prêmio Coruja de Ouro, Troféu Humberto Mauro da Embrafilme, São Paulo - SP (1976) Festival de Cinema de Manheim - Alemanha (1976) Jornada Nacional de Curta-Metragem, Salvador - BA (1977)

Roteiro e direção: Orlando Bomfim Netto Produção: Circus Produções Cinematográficas Direção de produção: Orlando Bomfim Netto Direção de fotografia: Douglas Lynch Direção de arte: Vera Roitman Som direto: Sonia Machado Montagem: Manfredo Caldas Mixagem: Carlos de Lariva Trilha sonora: Orlando Bomfim Netto Elenco: Serafim Derenzi; Augusto Ruschi (cientista); Belmiro Perini (viceprefeito); Bringhentti; Orlando Bomfim Netto (narração) e imigrantes italianos Fontes: www.cinemateca.com.br e Orlando Bomfim Netto 90 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


São Sebastião dos boêmios •1976• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Som: mono Média-metragem 39 minutos - Colorido Categoria: documentário Gênero: etnográfico Local de produção: Serra - ES (1976) Lançamento: Auditório da Rede Gazeta - Vitória, ES (1976)

Sinopse: São Sebastião foi durante os anos 70 a maior zona de prostituição da América Latina. O documentário descreve personagens que habitam e freqüentam o local, numa narrativa que intercala momentos de alegria e tristeza, próprios dos boêmios.

Roteiro: Victor Martins Direção: Amylton

de Almeida e Wladmir Godoy

Produção: TV Gazeta Direção de produção: Rubens Gomes Som direto: Osmário Wanderley Montagem: Diva Santos e Edson Cardoso

Fonte: Jeanne Bilich Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 91


Os pomeranos •1977• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Média-metragem 40 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Santa Maria de Jetibá - ES (1977) Lançamento: TV Gazeta, Vitória - ES (1977)

Sinopse: retrata uma comunidade de imigrantes nórdicos que se isolou e manteve costumes e tradições em Santa Maria de Jetibá.

Prêmios/carreira: Vencedor do I Festival de Verão da Rede Globo (1977)

Roteiro e Direção:

Amylton de Almeida Produção: TV Gazeta Direção de produção: Klewer Wagner Direção de fotografia: Flávio Alexin Direção de arte: Gilson Lourenço Som direto: Augusto Barbosa Montagem: Valdir Barreto

Fonte: Jeanne Bilich 92 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


O roubo do filme •1977• Captação: super 8 Finalização: super 8 Curta-metragem 20 minutos Colorido  Som: mono Categoria: ficção  Gênero: drama  Local de produção: Vitória - ES (1971)  Lançamento: Canaã Cinema Clube, Vitória - ES (1977)

Sinopse: em plena ditadura militar um grupo se reúne para produzir um filme. Alguns acontecimentos estranhos desencadeiam clima de desconfiança e medo. A suspeita é de que algum agente do regime militar esteja infiltrado na equipe. A paranóia reina quando o material filmado desaparece do laboratório de revelação. E a tensão se instala. Argumento: criação coletiva Roteiro e direção: Sergio de Medeiros Produção: Canaã Cinema Clube Produção executiva: Jorge Britto Direção de produção: Carlos Noell Direção de fotografia: Amador Francisco Direção de arte: Cézar Pardal Som direto: Marcão Montagem: Sergio de Medeiros Edição de som: Osmar Luiz Dalmaschio Mixagem: Osmar Luiz Dalmaschio Elenco: Cláudia Figueiredo (produtora); Luiz Roberto Teixeira (ator); Cristina Almeida (atriz); Sergio de Medeiros (diretor); Cézar Pardal (laboratorista) e Peninha (câmera)

Fonte: Sergio de Medeiros Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 93


Brincadeira dos velhos tempos? •1977• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 11 minutos - Colorido   Som: mono Categoria: documentário  Local de produção: Rio de Janeiro - RJ (1977)  Lançamento: Cinemateca do MAM, Rio de Janeiro - RJ (1977)

Sinopse: através de uma visão histórica, o filme fala sobre a pipa (brinquedo popular) como fator de resistência cultural à massificação. Prêmios/carreira: Selecionado para o Festival de Gramado - RS (1978)

Roteiro e direção: Ramon Alvarado Produção: RA Produções Cinematográficas / Co-produção: Rosana Ghessa Produções cinematográficas / Produtores associados: Wilson Cardoso, Marcelo de Mendonça Pinto e André Vasconcellos Direção de produção: Rubem Azeredo Direção de fotografia: Ramon Alvarado e Antonio Segatti Montagem: Ramon Alvarado Edição de som: Jorge Madureira Trilha sonora: O papagaio moleque (Heitor Villa-Lobos), Pandorga, Papagaio, e Pipa (Armando Cavalcanti) Narração: Cida Azeredo

Fonte: Ramon Alvarado 94 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Caso Ruschi •1977•

Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 23 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Santa Teresa - ES (1977) Sinopse: aborda a disputa pela Reserva Biológica de Santa Lúcia entre o cientista Augusto Ruschi e o governo do Estado do Espírito Santo, que tenta vender a área a uma multinacional. Ruschi dedicou sua vida pela preservação da natureza. Prêmios/carreira: Prêmio no Festival Brasileiro do Curta-metragem, Rio de Janeiro - RJ (1977) Prêmio especial do júri no Festival de Brasília - DF (1978)

Roteiro e direção: Tereza Trautman Produção: Thor Filmes Produção executiva: Herbert Bijunio Direção de fotografia: Fernando Duarte Som direto: Jorge Saldanha Montagem: Ricardo Miranda Fonte: www.cinemateca.com.br Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 95


Paraíso no inferno •1977• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem 72 minutos - Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1977) Lançamento: Cine Linhares, Linhares - ES (1978)

Sinopse: um empresário quer firmar contrato de exclusividade com Edu para que ele e Brasa montem um conjunto de rock e ganhem muito dinheiro. O rapaz, que é poeta, reluta porque quer preservar sua liberdade. Riza, a amante de Brasa, tenta convencê-lo. Ele aceita, desde que a moça fuja com ele. No dia do show, Edu abandona o teatro e vai trabalhar como operário numa mineradora. Mas Brasa muda o rumo da trama.

Prêmio/carreira: Exibido no circuito comercial brasileiro

Argumento: Joel Barcellos; Cláudio Bueno Rocha; Francisco Rudge; Luiz Roberto Nascimento Silva e Luís Rosemberg Filho

Fonte: www.cinemateca.com.br e Joel Barcellos 96 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Roteiro e direção: Joel Barcellos Produção: Rosário Produções Cinematográficas Ltda Produção executiva: Albertino Fonseca Direção de produção: Angela Cozetti Direção de fotografia: José Antônio Ventura e Nonato Estrela Direção de arte: Ana Maria do Nascimento e Silva e Dona Mariazinha de Jacaraípe, Som direto: Roberto Mello Montagem: Gilberto Loureiro; Nazareth Ohana; Carlos Henrique Batista; Fernanda Borges e Helena Sanches. Edição de som: Nazareth Ohana Trilha sonora: Afonso Abreu; Arlindo Castro; Joel Barcellos; Aprígio Lírio; Cláudio Savaget; Joça Moraes; Marco Antonio Grijó; Mário Rui Brandão; Paulinho Sauer; Paulo César Jontinelli; Rubem Geraldo Matos e Sérgio Benevenuto. Elenco: Joel Barcellos (Brasa); Ana Maria Nascimento Silva (Riza); Ney Sant’ Ana (Edu); Manfredo Colasanti; Joelson Fernandes; Alcione Dias; Rogério Medeiros; Joelson Fernandes; Carlito Medeiros; Dona Ana; Elias Engraxate; João Sanches Barcellos; Jorge Pescador; Mister X; Murilo Bueno Rocha; Salvador Pescador; Sérgio Otero e Alexandre Cezenande

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 97


E agora, Alfredo? •1978• Captação: super 8 Finalização: super 8 Curta-metragem 15 minutos Colorido   Som: mono Categoria: ficção  Gênero: comédia Local de produção: Vitória - ES (1978) Lançamento: Canaã Cinema Clube, Vitória - ES (1978)

Sinopse: Alfredo é um jovem bem apessoado que vive em dificuldade financeira. Resolve tramar um plano para conquistar uma mulher feia e rica. Após o casamento, o tão esperado golpe do baú transforma-se num pesadelo para o infeliz rapaz que tenta, de todas as maneiras, se livrar da esposa. Argumento e roteiro: Sergio de Medeiros História baseada em: roteiro original Direção: Sergio de Medeiros Produção: Canaã Cinema Clube Produção executiva: Luiz Roberto Teixeira Direção de produção: Carlos Noell Direção de fotografia: Sergio de Medeiros Direção de arte: Cézar Pardal Som direto: Marcão Montagem: Sergio de Medeiros Edição de som: Osmar Luiz Dalmaschio Mixagem: Osmar Luiz Dalmaschio Elenco: Jurady Souza (Alfredo) e Ana Maria Bahiana (esposa)

Fonte:Sergio de Medeiros

98 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Mestre Pedro de Aurora - para ficar menos custoso •1978• Captação: 35 mm e 16 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 10 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Conceição da Barra, ES (1978) Lançamento: Vila de Santana, Conceição da Barra - ES (1978)

Sinopse: documentário sobre o último tirador de jongo de raiz, líder dos cantadores e festeiros da região de Vila de Santana, em Conceição da Barra, Espírito Santo. Foto: Rogério Medeiros

Roteiro e direção: Orlando Bomfim Netto Produção: Circus Produções Cinematográficas Produção executiva: Maria de Fátima Direção de produção: Orlando Bomfim Netto Direção de fotografia: Douglas Lynch Direção de arte e locução: Alberto de Lerue Som direto: Flávio Holanda Montagem: Alexandre Alencar Mixagem: Carlos de Lariva Trilha sonora: Mestre Pedro de Aurora

Fontes: www.cinemateca.com.br e Orlando Bomfim Netto Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 99


Castelo: Corpus Christi •1978• Captação: super 8 Finalização: super 8 Curta-metragem 12 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: documentário Local de produção: Castelo - ES (1978)

Sinopse: registro da festa de Corpus Christi em Castelo: preparação para a festa e procissão.

Roteiro, direção e produção: Luiz Tadeu Teixeira Direção de fotografia: Luiz Tadeu Teixeira Som direto: Luiz Tadeu Teixeira Edição de som: Luiz Tadeu Teixeira Reeditado em vídeo por Antonio Mendes Americano

Fonte:Luiz Tadeu Teixeira 100 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Ticumbi – canto para a liberdade •1978• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 20 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Conceição da Barra - ES (1978) Lançamento: Conceição da Barra - ES (1978)

Sinopse: documentário sobre o Ticumbi, seus intérpretes e a relação realidade versus misticismo e fantasia versus herança cultural. Prêmios/carreira: Convidado especial na Mostra Paralela 35 mm do Festival de Brasília - DF (1979)

Roteiro e direção: Orlando

Bomfim Netto

Produção: Circus Produções Cinematográficas Produção executiva: Maria de Fátima Direção de produção: Orlando Bomfim Netto Direção de fotografia: Douglas Lynch Som direto: Flávio Holanda Montagem: Alexandre Alencar Mixagem: Carlos de Lariva Trilha sonora: mestres do Ticumbi

Fontes: www.cinemateca.com.br e Orlando Bomfim Netto Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 101


Augusto Ruschi Guainumbi •1979•

Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 11 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Santa Teresa - ES (1979) Lançamento: Brasília - DF (1979)

Informação complementar: é o único filme feito em película 35 mm sobre o trabalho do naturalista Augusto Ruschi.

Sinopse: o documentário enfoca estudos científicos do pesquisador Augusto Ruschi na preservação da natureza, incluindo os beija-flores e orquídeas.

Prêmios/carreira: Convidado especial do Festival de Brasília - DF (1979) Jornada Brasileira de Curta-Metragem em Salvador - BA (1980)

Argumento, roteiro e direção: Orlando Bomfim Produção: Circus Produções Cinematográficas Direção de produção: Orlando Bomfim Netto Direção de fotografia: Douglas Lynch Direção de arte: Augusto Bomfim Som direto: Sonia Machado Montagem: Alexandre Alencar Mixagem: Carlos de Lariva Trilha sonora: Jaceguay Lins

Fontes: www.cinemateca.com.br e Orlando Bomfim Netto 102 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo

Netto


Itaúnas - desastre ecológico •1979• Captação: 35 mm Finalização: 35mm Curta-metragem 8 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Conceição da Barra - ES (1979)

Sinopse: o desmatamento irracional de Itaúnas, no norte do Espírito Santo provoca o deslocamento das areias que invadem a antiga vila. O desmatamento ocorre em 1948. Em menos de 29 anos, a região torna-se inabitável, produzindo um exemplo vivo de desastre ecológico. Prêmio/carreira: Melhor Curta-Metragem no Festival de Brasília - DF (1979)

Roteiro e direção: Orlando Bomfim Netto Produção: Circus Produções Cinematográficas Ltda Produção: Orlando Bomfim Netto Produção executiva: Maria de Fátima Direção de produção: Orlando Bomfim Netto Direção de fotografia: Douglas Lynch Som direto: Flávio Holanda Montagem: Alexandre Alencar Mixagem: Carlos de Lariva Trilha sonora: Orlando Bomfim

Fonte: www.cinemateca.com.br e Orlando Bomfim Netto

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Caieiras Velhas •1979• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 10 minutos - Colorido Categoria: documentário Local de produção: Aracruz - ES (1979)

Sinopse: os índios tupiniquins do litoral do Espírito Santo têm suas terras reduzidas ao limite da aldeia e extraem sua subsistência do mangue.

Roteiro: Rogério Medeiros e Ângela Cozetti Direção: Ângela Cozetti; Ney Sant’Anna e Nonato Estrela Produção: Rosário Produções Cinematográficas Ltda. Direção de fotografia: Nonato Estrela Som direto e montagem: Ângela Cozetti, Ney Sant’Anna e Nonato Estrela

Fonte: www.cinemateca.com.br

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anos

80

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Cleber Carminati

Rumo ao audiovisual: os anos 80 entre o cinema e o vídeo

V

itória, julho de 2007. Numa ensolarada manhã de domingo, no alto de São Benedito, terminando o café com a família me chega Rodrigo com o celular.

- Olha, tio, olha o filme que fiz! Pego o aparelho e assisto no pequeno visor uma cena de luta entre dois meninos. São Guilherme e Glauber, primos menores de Rodrigo que tentam reproduzir os golpes que tanto vêem nos desenhos animados e similares. Para além da preocupação inicial – os movimentos desencontrados da “luta” que poderiam acabar machucando os pequenos e a forte influência da tevê no imaginário infantil, constatei nas mãos de uma criança de 11 anos a concretização de uma utopia que mobilizou muita gente nos anos 80: o vídeo ao alcance de todos. Os anos 80 foram marcados como um momento de grandes transformações na produção audiovisual em terras capixabas. Podemos dizer mesmo que o ano de 85 foi uma espécie de divisor de águas neste campo. Foi quando o curso de Comunicação Social da UFES adquire, após uma greve de estudantes, uma câmera cancorder da Sony. Gravando em Betamax – formato que desapareceu com a entrada no mercado do VHS – essa máquina caiu nas mãos de um grupo que vinha provocando muita polêmica no campus por suas atividades político-culturais: o Balão Mágico. Rapidamente a Beta se transformou numa espécie de dispositivo de captura da realidade. Com a mobilidade e a facilidade de manuseio que essa câmera trazia buscávamos registrar tudo ao nosso redor. E exibíamos tudo a todos. Impossível não se lembrar das infindáveis horas de registro da fauna e flora da matinha da UFES, do sol se pondo lentamente em tons de laranja gravados na caixa d’água... Enfim, capturávamos o tempo. O nosso tempo. E tínhamos todo o tempo do mundo. Assim, o vídeo entrou na nossa cotidianidade. Cada manifestação, cada protesto, cada grafite, cada performance era agora presenciada infinitas vezes, 108 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


multiplicada nos olhos de quem assistia. O vídeo se tornara vídeo-ação, numa extensão do nosso corpo, do nosso olhar, do nosso movimento. Quando nos demos conta, esse movimento já trazia para si uma demanda de projetos que não encontravam nos já tradicionais meios audiovisuais – cinema e televisão – condições de realização. Tanto o cinema quanto a tevê possuíam (e ainda possuem) um modo de operar pouco acessível a jovens realizadores como nós, distantes dos cargos de poder e dos mecanismos de financiamento. Foi a tecnologia eletrônica do vídeo que nos permitiu ingressar efetivamente no universo audiovisual dos bens simbólicos e estabelecer um modo de produção que alguns vão chamar de independente, outros de alternativo, outros ainda de amador. Prefiro imaginar uma filosofia mais próxima do movimento punk que explodiu no final dos anos 70 e início dos 80, o do you it yourself. O “faça você mesmo” sua banda, suas músicas, apontava para uma experiência radical no âmbito da produção artístico-cultural. E o Movimento Vídeo aqui traduziu bem o espírito da época. Vivíamos, no início da década de 80, um período de transição entre a ditadura militar e a retomada da democracia. A sociedade civil experimentava ares de mudança, de liberdade, contaminando a todos com um sentimento de união, de coletividade. O movimento pela anistia fez com os exilados retornassem e a Política voltava às praças com força e com vontade. Em 84 o movimento das diretas já ganhava as ruas do país, para ser barrado pelo conservadorismo do Congresso Nacional que preferiu eleger Tancredo Neves presidente da república. Mas quem tomou posse mesmo foi o vice José Sarney, fiel escudeiro do regime anterior, que praticamente encerrou a década no poder. Se as mudanças que tanto sonhávamos para a implementação de uma nação livre e democrática apareciam aos nossos olhos como numa cena em câmera lenta, no micro universo ao nosso redor as transformações ocorriam de forma acelerada. Tudo que era sólido se desmanchava no ar. E o vídeo era a nossa testemunha. Com a instantaneidade da imagem eletrônica podíamos prescindir de toda espera mística da revelação. Gravávamos, assistíamos, não ficava bom, então voltávamos a fita e fazíamos de novo. Esse tipo de procedimento vigorava muito na época, pois as ilhas de edição se achavam restritas às tevês e a algumas poucas produtoras independentes, além do Laboratório de Audiovisual da Ufes – Laufes, no antigo centro pedagógico. Assim, às dificuldades decorrentes da precariedade tecnológica contrapúCatálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 109


nhamos a imaginação criativa que, potencializada pelo trabalho coletivo, materializava-se em soluções práticas, mas também conceituais. Isso fez com que desenvolvêssemos alguns percursos que merecem registro, principalmente no entendimento do vídeo mais como processo do que como produto. É o caso do projeto Vídeo-Comunitário em São Pedro (86-87). Essa localidade ganhara fama na cidade por abrigar um grande depósito de lixo a céu aberto, o “lixão”. Várias pessoas tiravam dele o seu sustento, o que foi retratado em cores naturalistas no documentário em vídeo Lugar de toda Pobreza (1983). Dirigido pelo crítico e cineasta Amylton de Almeida e produzido pela Rede Gazeta de Comunicações, sua exibição no cineclube Metrópolis da Ufes provocou uma comoção generalizada entre jovens universitários pouco familiarizados com a nossa realidade. Apesar de apresentar uma situação de vida indigna e calamitosa naquelas condições, algumas lideranças locais entendiam que o vídeo reforçava o preconceito contra a região, pois não só lixo existia ali. Fruto de ocupações nos anos 70, a comunidade organizada lutava por melhorias em várias frentes; e para seus integrantes a imagem de lugar de toda pobreza não ajudava muito. Polêmica à parte, surgiu a oportunidade de realizar, em parceria com o movimento social dali, um trabalho que consistia basicamente em vídeos-reportagens sobre o local, conduzidas pelos próprios moradores. Estas eram depois mostradas e discutidas por todos nas reuniões da associação de bairro. Era o vídeo em sua dimensão política de TV comunitária. E não éramos os únicos. Dentro desta perspectiva de democratização do acesso aos meios de comunicação, outras experiências semelhantes se desenvolviam pelo país afora. Era o movimento do vídeo popular que ganhava força enquanto dispositivo de resistência. Malgrado o estigma imposto em decorrência de sua “imagem precária”, “aquém” da “qualidade técnica” exigida pelas emissoras de tv e pouco dada à “impressão de realidade” tão cara à imagem cinematográfica, o Movimento Vídeo na UFES conseguiu realizar alguns experimentos que entraram para a história do audiovisual no Espírito Santo. Isto dentro da proposta do vídeo como obra acabada, nos moldes do cinema e da televisão. É o caso de Refluxo (1986), tido como o primeiro vídeo de ficção do estado. Com argumento e direção de Sergio de Medeiros, pode ser considerado como uma típica produção coletiva do vídeo dos anos 80, onde os limites e as funções de cada participante não eram definidos claramente. Imperava a máxima do fazer aprendendo e do aprender fazendo; e todos colaboravam de alguma forma. 110 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Com este mesmo princípio foi realizado, em 1987, o documentário O Resgate, que tem como tema a retomada do patrimônio dos estudantes capixabas, confiscado durante a ditadura. Outra produção que mobilizou a Turma do Balão nesse período foi Rendam-se Terráqueos. Este vídeo era parte do projeto de graduação Cidade Utópica, do então estudante de arquitetura Antônio Chalhub, e ainda permanece para mim um mistério por não ter tido a oportunidade de vê-lo finalizado. Podemos destacar outras produções que marcaram época na universidade e que não estavam ligadas diretamente ao Balão Mágico. Formólia (1986), de Ricardo Nespoli e Paulo Sérgio Socó, nos jogava dentro de um ferrovelho para então revelar a beleza dos seus recantos e ruínas. O vídeo ampliava a plasticidade dos escombros a ponto de tocar a poesia. Também de Ricardo Nespoli, agora em parceria com Renzo Pretti, veio Janelas (1987) com uma visão antropofágica do universo das relações pessoais. O projeto de caráter performático Aedes aegyptis (1986-87), dos jovens artistas Mac, Rosana Paste e Celso Adolfo, usava o vídeo para registrar as suntuosas encenações desenvolvidas a partir de uma surreal recriação do mundo dos faraós. Daí para o teatro foi um passo. Com o grupo Éden Dionisíaco do Brasil o vídeo subiu ao palco como personagem. Na montagem dos Quadros Bíblicos (1989) a cabeça de João Batista foi entregue numa tevê e a visão do Inferno ganhou projeção eletrônica para finalizar o espetáculo. Vale destacar também uma outra aproximação entre vídeo e televisão, responsável por um momento de grande riqueza criativa na esfera da artemídia local. Produzido pela TV Educativa, concebido e dirigido pelo artista plástico Ronaldo Barbosa em parceria com Ricardo Néspoli, Graúna Barroca (1989-90) evidenciava o belo e o trágico dos encontros, entre mar e areia, entre fogo e água e, principalmente, entre homem e natureza. Sem dúvida uma obra de rara beleza visual. Fechando a década, o vídeo virou objeto, tema e produto dos dois primeiros trabalhos de conclusão de curso da comunicação social da Ufes: a minha meta-reflexão sobre O vídeo como aparelho eletrodoméstico e Ricardo Néspoli com sua vivência de Graúna Barroca. Para não dizer que não falei das flores, o cinema transitou entre os dois campos mais conhecidos do seu fazer: o da ficção e o da documentação. O primeiro pólo é representado pelo cinema de Sergio de Medeiros com os seus Sinais de Fascismo e Santa Maria Julião. Ambos de 1980, foram roCatálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 111


teirizados, respectivamente, um a partir de notícias de jornal sobre policiais civis acusados de torturar e vender crianças, e outro adaptado de conto homônimo do escritor e músico capixaba Gustavo Haddad. No campo do documentário destacaram-se Os votos de Frei Palácios (1980) de Ramon Alvarado, As Paneleiras do Barro (1983) e Dos Reis Magos dos Tupiniquim (1985), de Orlando Bonfim Netto e Receita artesanal (1988), de Douglas Lynch. Aqui, a forte presença de temas ligados às tradições folclóricas e culturais características do estado evidenciava o caráter instrumental do cinema na construção e fixação de uma possível identidade capixaba. E é o documentário que melhor tirou proveito das inovações que o vídeo trouxe. Nas décadas seguintes, principalmente com advento e barateamento das tecnologias digitais na entrada do novo milênio, houve uma explosão no modo de fazer documental, colocando por terra várias concepções clássicas de documentar. Multiplicaram-se os olhares, diversificaram-se os temas, misturaram-se os formatos e gêneros, intensificaram-se a circulação e distribuição das obras. Saímos do anzol e caímos na rede. Sob a égide da Lei Rubem Braga de incentivo à produção cultural e dos Festivais de Cinema de Vitória, nos anos noventa o vídeo passaria a ser institucionalmente um sistema “menor” no universo das produções simbólicas. No eterno retorno do mesmo, predominaria o culto fetichista à imagem fotoquímica. Mas esta não é mais a mesma, já está contaminada e irremediavelmente condenada a se integrar ao audiovisual, a despeito de toda e qualquer forma de hierarquização e controle. O menino Rodrigo com o celular nas mãos parecia querer me mostrar isso. E o vídeo? Bem...Acho que o vídeo continuará a reinar de maneira criativa e irreverente, mas não menos transformadora. Às vezes fazendo-se claro e ruidoso, outras, oculto entre as mais variadas formas do ver. Pois Video é o ato mesmo do olhar. p.s.: o olhar lançado nessa apresentação, com certeza está cheio de lacunas, pois é fruto de uma apropriação muito particular daqueles momentos. Demandam-se assim ajustes que, para fazer jus à riqueza do período, deverão ser feitos a partir de pesquisas mais criteriosas, tanto em termos históricos quanto em análises formais das obras. É esperar para melhor ver. Cleber Carminati é mestre em Comunicação e Semiótica pela PUC/SP. Professor do Curso de Comunicação Social da UFES. Coordenador do Programa Conexões de Saberes da UFES. 112 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Santa Maria Julião •1980•  Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 8 minutos - Preto e branco Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1980) Lançamento: Sala de projeção da Telefilme Produções, Vitória - ES (1980) Sinopse: Antenor, um senhor de idade que vive solitário, encontra-se em avançado estado de decadência física e psicológica. Ele ocupa seu tempo entre relembrar uma musa do passado e perseguir um rato que há anos lhe inferniza a vida. Mas sempre deixa o roedor escapar, já que é o seu único companheiro. A história é narrada do ponto de vista do rato que se chama Santa Maria Julião. Argumento e roteiro: Sergio de Medeiros História baseada: no conto homônimo do escritor capixaba Gustavo Haddad Direção: Sergio de Medeiros Produção: Telefilme Produções Cinematográficas Produção executiva: Luiz Roberto Teixeira Direção de produção: Carlos Noell Direção de fotografia: Jorge Britto Direção de arte: Siloé Avilis Som direto: Marcão Montagem: Jorge Britto Edição de som: Jorge Britto Mixagem: Jorge Britto Elenco: Cristina Almeida (musa de Antenor) e José Galdino de Araújo (Antenor)

Fonte: Sergio de Medeiros

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Sinais de fascismo •1980• Captação: super 8 Finalização: super 8 Longa-metragem 70 minutos - Colorido   Som: mono Categoria: ficção  Gênero: drama  Local de produção: Vitória - ES (1979) Lançamento: Cineclube da Ufes, Vitória - ES (1980) Informação complementar: no último dia de exibição do filme, um grupo de policiais do DOPS (Departamento de Organização Política e Social) invadiu a cabine de projeção do cineclube e apreendeu parte do filme, alegando falta do certificado de censura, documento obrigatório na época. Foi uma operação ilegal, pois a Sub-Reitora Comunitária havia autorizado a exibição no campus da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), em nome da autonomia universitária. Foi apreendida parte do filme que denunciava alguns policiais envolvidos em crimes abordados na obra.

Sinopse: história real de um menor preso na delegacia de Argolas, em Vila Velha. O fato desperta a curiosidade da imprensa, que passa a investigar o caso. É descoberto um esquema em que policiais civis são acusados de torturar e vender crianças presas para exploração sexual. Argumento: Sergio de Medeiros Roteiro: Sergio de Medeiros e Luiz Roberto Teixeira História: baseada em fatos reais, relatados na reportagem “Campo de concentração para menores no ES”, do Jornal A Gazeta (1978) Direção: Sergio de Medeiros Produção: Canaã Cinema Clube Produção executiva: Jorge Britto e Sergio de Medeiros. Direção de produção: Carlos Noell Direção de fotografia: Sergio de Medeiros Direção de arte: Cézar Pardal Som direto: Luiz Roberto Teixeira Montagem: Sergio de Medeiros Edição de som e mixagem: Osmar Luiz Dalmaschio Trilha sonora não original: Chico Buarque de Holanda Elenco: Cláudia Figueiredo (Moça Assaltada); José Galdino de Araújo (Delegado); Jovino Intra (Criança Presa); Flávio Sales (Empresário); Jurady Souza (Assaltante); Sergio Schena (Repórter); Marcos Suaid (Pai da Moça Assaltada); Joelson Souza (Padeiro). Fonte:Sergio de Medeiros 114 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Os votos de Frei Palácios •1980• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 8 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Vitória e Vila Velha - ES (1980) Sinopse: documentário sobre a vida do Frei Pedro Palácios, a partir da memória arquitetônica, pictórica e iconográfica. Roteiro e direção: Ramon Alvarado Produção: RA Produções Cinematográficas Co-produção: Rubem Azeredo Produção executiva: Vitor Lustosa Direção de fotografia e montagem: Ramon Alvarado Trilha sonora: Ronaldo Tapajós Narração: Cida Azeredo

Fontes: www.cinemateca.com.br e Ramon Alvarado

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As paneleiras do barro •1983•

Captação: 35 mm e vídeo Finalização: 16 mm Média-metragem 55 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Vitória, ES (1982); Rio de Janeiro - RJ (1983) Lançamento: TVE, Rio de Janeiro - RJ (1983)

Sinopse: história da confecção da panela de barro capixaba no momento em que houve risco de extinção de sua produção, por causa da urbanização e da falta de reconhecimento de sua importância para a cultura do Espírito Santo. Roteiro: Orlando Bomfim Netto Texto: Rubinho Gomes Direção: Orlando Bomfim Netto Direção de produção: Orlando Bomfim Netto Direção de fotografia: Douglas Lynch Montagem: Alexandre Alencar Mixagem: TVE Rio de Janeiro Trilha sonora: Orlando Bomfim Netto

Fontes: www.cinemateca.com.br e Orlando Bomfim Netto

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Dos Reis Magos dos tupiniquim •1985•

Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 10 minutos - Colorido Som: mono Categoria: documentário Local de produção: Serra - ES (1981-1985) Lançamento: Nova Almeida - ES (1985) Sinopse: os movimentos culturais na Vila de Nova Almeida e a restauração do altar da Igreja dos Reis Magos são panos de fundo para uma síntese da História do Brasil. Argumento, roteiro e direção: Orlando Bomfim Netto Produção: Circus Produções Cinematográficas Produção executiva: Maria de Fátima Direção de produção: Orlando Bomfim Netto Direção de fotografia: Douglas Lynch Direção de arte: Augusto Bomfim (letreiros) Som direto: Flávio Holanda Montagem: Alexandre Alencar Mixagem: Carlos de Lariva Trilha sonora: Orlando Bomfim Netto Fontes: www.cinemateca.com.br e Orlando Bomfim Netto Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 117


Receita artesanal •1988• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: mono  Categoria: documentário Local de produção: Litoral capixaba - ES (1988) Lançamento: Centro Cultural Carmélia M. de Souza, Vitória, ES (1988)

Sinopse: o filme faz um panorama da situação dos pescadores do litoral do Espírito Santo e revela os segredos da receita da moqueca capixaba. Prêmios/ carreira: Roteiro vencedor do Concurso Ludovico Persici promovido pelo Departamento Estadual de Cultura - Vitória - ES (1986). Prêmio Especial do Júri no IV Rio/Cine Festival Rio de Janeiro -RJ (1989)

Roteiro: Adilson Vilaça e Helô Dias História baseada: poema de Adilson Vilaça Direção: Douglas Lynch Produção: Cena Filmes e Departamento Estadual de Cultura /ES Produção executiva: Douglas Lynch Direção de produção: Sonia Machado Direção de fotografia: Douglas Lynch Som direto e montagem: Jaceguay Lins Edição de som e mixagem: Walter Goulart Trilha sonora: Achiles Siqueira, Banda de Congo Amores da Lua Locução: Luiz Tadeu Teixeira e Geisa Ramos Fonte: www.cinemateca.com.br e jornais A Gazeta e A Tribuna 118 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


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anos

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João Barreto

A “década perdida” dos historiadores foi um período de euforia e perspectiva para os cineastas capixabas

O

s cientistas sociais mais apocalípticos consideram os anos 90 uma década abaixo de qualquer expectativa. A arte, cansada da busca por grandes temas, volta-se para o banal. As tecnologias digitais, principalmente a Internet, mudam o paradigma de transmissão e descentralizam a emissão de informação. A solenidade das realizações artísticas, abalada desde o início da modernidade, sofre o seu mais duro golpe. A descartabilidade se torna estética. No Brasil, os anos 90 começam muito mal. O país é comandado por Fernando Collor, que vem embalado em uma trilha sertaneja que, por sua vez, abre o caminho para a Axé Music. Para se vingar da classe artística, que não o apoiou nas eleições presidenciais, Collor extingue a controversa Embrafilme, gesto considerado por uns a salvação do filme brasileiro e por outros a derrocada do cinema nacional. O período seguinte à extinção da entidade é nebuloso. Somente as comédias de Xuxa, Os Trapalhões e até de Fausto Silva, na linha das comédias infanto-juvenis caça-níqueis, tiveram faturamento. Para completar o quadro sombrio, em todo país, grandes cinemas, vestígios de um passado de glamour e imponência, são transformados em igrejas evangélicas. Criada a lei de incentivo à cultura pelo Ministério da Cultura do governo Fernando Henrique Cardoso, as produções começam a aparecer. Entre elas A Ostra e o Vento, de Nelson Pereira dos Santos, e Carlota Joaquina, primeiro trabalho da atriz Carla Camurati como diretora, que adotou em seus discursos uma postura militante, servindo de referência para busca de fomento para a atividade cinematográfica em vários pontos do Brasil. As produções internacionais vão buscar inspirações em “lugares longínquos”. Nos anos 90, destacaram-se o remake no cinema e o pastiche, a referência, a citação, as homenagens nas artes de maneira geral. Os pessimistas anunciavam o fim dos tempos. No terreno brasileiro, o que apare-

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cia, de maneira isolada, na obra de alguns anunciadores se transforma num sistema: artistas buscam inspiração no que há de mais particular, de pessoal e também de primitivo. As forças ancestrais são evocadas em trabalhos, por exemplo, de Carlinhos Brown, que transforma o candomblé na Timbalada; de Chico Science e Nação Zumbi, que se alimentam da seiva do maracatu, do frevo, da embolada e do coco, e de Manimal, que mostra a face poprock do congo, que, aos poucos, vai aparecendo na televisão, no vídeo, na fotografia e no cinema, proposto, às vezes, de maneira ufanista, como salvação dos problemas de identidade do Espírito Santo. Ao mesmo tempo em que sofre a pressão de um contexto determinante, o Espírito Santo vive uma cena à parte, marcada ao mesmo tempo pelo desejo de integração com outros pólos produtores e um certo orgulho do isolamento. Desafiando os cientistas sociais mais pessimistas, o Estado parece romper as previsões negativas traçadas para os anos 90. Criada em 1991, a Lei Rubem Braga, do município de Vitória, consagra-se como marco nacional na questão de incentivo à cultura e passa a inspirar outros municípios. Da lei, apesar do debate sobre sua fiscalização, saem projetos que vão mudar a aparência cultural do Estado. O período também se conjuga com as primeiras mostras de cinema, organizadas por Orlando Bomfim, Ernandes Zanon e Amylton de Almeida, que preparam o espírito para os anos seguintes, ao criarem um certo hábito de debater a produção audiovisual. Em 1997, a quarta edição do Vitória Cine Vídeo apresenta sua primeira mostra competitiva. Comandado por Lucia Caos e Beatriz Lindenberg, o festival adquire uma organização sólida e projeção nacional, fazendo parte definitivamente do calendário da cidade e participando também do ritmo da realização local. Além de uma vitrine privilegiada, o Vitória Cine Vídeo passou a investir na formação de nossos profissionais de cinema e também viabilizou produções. O ano de 1992 também é testemunha da megalomania e da criatividade de Amylton de Almeida, quando o jornalista cria o curso O Corpo e a Imagem, inspirado na bioenergética de Alexander Lowen, com o propósito de formar platéias imageticamente conscientes. O jornalista já havia montado outros cursos e gostava de reunir pequenos grupos para analisar obras cinematográficas. O curso O Corpo e a Imagem relacionou o cinema com muitas áreas do conhecimento e foi o embrião do único longa-metragem dirigido por um capixaba durante o Pólo Capixaba de Cinema: O amor está no ar, dirigido pelo próprio Amylton de Almeida.

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A promessa da formação de um pólo de cinema acirrou ânimos. Quem investia contra a iniciativa argumentava que se não houvesse uma transferência de tecnologia dos grandes centros, com formação de mão-de-obra, o Espírito Santo seria uma mera fonte de recursos para cineastas de outros estados. Mesclando atores globais e capixabas, o primeiro filme do pólo, Vagas para moças de fino trato, foi lançado em 1993, sob forte polêmica capitaneada pelo crítico de cinema Amylton de Almeida, que no Caderno Dois do jornal A Gazeta, emitiu as mais duras críticas em relação à qualidade da obra. O diretor Paulo Thiago respondeu à altura e estava lançado o debate sobre a realização cinematográfica em terras capixabas. A realização cinematográfica, por se tratar de um produto caro, conferiu um certo orgulho à classe artística local. Os artistas sentiam orgulho de se reconhecerem na tela e de ter o trabalho valorizado. Bem antes do início de uma produção, diretores de outros estados passaram a visitar o Estado para checar as condições de produção. Atores, diretores e técnicos davam entrevistas. O cinema estava sempre em evidência nos jornais. Em 1994, Sérgio Rezende inicia as filmagens de Lamarca, com locações no Espírito Santo, no Rio de Janeiro e na Bahia. Com o mesmo esquema do anterior, a obra traz atores de projeção nacional contracenando com atores capixabas. E, como não poderia deixar de ser, o filme rendeu muita polêmica e muitas páginas de jornal. As condições de financiamento do Bandes (Banco de Desenvolvimento do Estado do Espírito Santo) também trouxeram ao Estado em 1996 a cineasta Tizuka Yamasaki, que chegou a montar oficinas de formação em cinema, na tentativa de gerar um clima de boa vontade para sua atividade. Fica Comigo, o longa de Tizuka - totalmente rodado em Guarapari, teve pré-lançamento em São Paulo, em 1998. O último filme do pólo, O amor está no ar, foi dirigido e roteirizado por Amylton de Almeida que também trabalhou com uma receita consagrada pela simpatia: elenco matizado de atores globais e locais.Como os anteriores, a temática existencial predomina. O filme teve sérios problemas de produção e, mais tarde, de distribuição, tornando-se obra pouco conhecida dos brasileiros e, em especial, dos capixabas. Iniciado em 1994, O amor está no ar foi concluído em 1997, sob o comando da produtora Luciana Vellozo. Morto em 1995, Amylton não viu o seu filme finalizado e não participou de sua montagem. 124 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Enquanto na produção de longa-metragem, a participação dos realizadores locais é limitada e de certa forma mapeada, é no curta-metragem que são ressaltadas as características estilísticas de cada autor e o traço do que poderíamos chamar de identidade. Sacramento, de 1992, marca o trabalho autoral de Luiza Lubiana, que divide a direção com Ricardo Sá. . O trabalho conta com a belíssima música de Jaceguay Lins, que poderia ser ouvida à parte. O filme é completamente Luiza, como afirma o próprio Ricardo , e inaugura um trabalho autoral completado por A Lenda de Proitner (1995) e Manada ( 2005). Luiza investe em trabalhos de forte evocação arquetípica apelando para o onírico e o simbólico. Em todos os trabalhos, a fé e os ritos civilizatórios não aliviam o peso da constatação de que a violência é constituinte da condição humana A miragem das fontes (1990) é um filme feito para ver. Gelson Santana trabalha com um sentido de narrativa mínima. Sendo assim, o que resta em cena é para ser visualizado. Completamente alegórico, o filme funciona muito mais como um estudo das condições de filmagem, dos resultados da imagem e das reflexões relativas à linguagem cinematografia. Caso curioso é do cineasta Marcel Cordeiro que, mesmo morando na Itália, sempre dá um jeito de dirigir algum trabalho no Espírito Santo. Dessa forma, garante à carreira de suas produções uma visibilidade mais ampla, como é o caso de Flora (1996) que também foi exibido em TVs na Espanha, em Portugal e na Itália. Flora apresenta uma história melancólica, nostálgica, cheia de lirismo. No trabalho anterior, Passo a Passo com as estrelas (1995), Marcel Cordeiro partira para a crítica social, utilizando da ficção-científica para narrar problemas do cotidiano. Também em 1995, Margarete Taqueti aborda uma lenda tipicamente capixaba. O título do filme, O fantasma da mulher algodão, é suficiente para tocar de lembranças gerações inteiras. O filme de Taqueti investiga como o universo imaginário pode estar a serviço de regimes disciplinares e como a sexualidade tende a incorporar situações consideradas intratáveis. Gringa Miranda (1995) brinca em seu roteiro com os contratempos e a necessidade de se reinventar o cotidiano a partir do que a vida coloca em xeque. O filme é resultado de um curso de realização cinematográfica promovido pelo antigo Departamento Estadual de Cultura, o DEC, e foi coordenado e protagonizado por Valentina Krupnova. Numa segunda edição do curso surge Labirintos Móveis (1997), formando uma leva de realizadores que viriam a atuar na produção cinematográfica capixaba a partir da virada da década. Valentina também atuou em outra frente, a da crítica, Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 125


ajudando a manter aceso o debate sobre cinema no Estado. Rito de Passagem (1996), de Sergio de Medeiros, funciona no limiar da linguagem entre o vídeo e o cinema, dispensando a solenidade da atividade cinematográfica, em busca do há de mais bestial, a notar pelo tema e pela estética trash. É também de autoria de Medeiros O amor e o humor na música brasileira dos séculos XVIII e XIX (1998), no qual se faz um estudo musical muito pouco ortodoxo, aproveitando-se de antigas composições dos séculos XVIII e XIX. Solidão Vadia (1997), de Ricardo Sá, completamente alegórico, traz um desfile de imagens de impacto em fotografia sofisticada. O diretor trabalha com temas que aparecerão, de outra forma, em filmes futuros, como a condição humana diante do ambiente, sempre com uma visão irônica, mas mantendo uma militância elegante. Eu sou Buck Jones (1997), de Glecy Coutinho, mostra como a indústria cultural é apropriada em locais periféricos. Aqui, no caso, uma história de western, de uma “cultura dominante”, é entendida de maneira singular, pois antes de demonstrar dominação representa linhas de fuga do pensamento hegemônico. Um formidável exercício de metalinguagem, baseado em fatos reais, já apontando um sintoma do debate contemporâneo: a dificuldade de se traçar fronteiras entre real e imaginário, documentário e ficção. Novos ares na cena cinematográfica com Virginia Jorge e o seu De amor e bactérias (1999), um exercício de descongestionamento da visão e criação de múltiplos pontos de vista. Completamente lírico. Os trabalhos dessa época parecem sugerir que a produção de curtas locais vai perder um pouco de sua aura, a partir de produções mais despojadas em seus roteiros e menos solenes, como é o caso de O Enforcado (1998) que, mesmo em sua pequenina metragem, dá conta de oferecer alternativas narrativas para a questão da duração de um filme. Bem-Vindos ao Paraíso (1998), com roteiro do autor de telenovelas João Emanuel Carneiro e o diretor da obra Marcos Figueiredo, traz o choque entre o mundo da natureza e da cultura, no sentido antropológico, e extrai a força a partir da ruptura do que se convencionou chamar de civilização. Os filmes realizados em curta-metragem no Estado parecem sugerir, por um lado, uma investida na força que habita o minúsculo, o que passou despercebido, gerando o movimento de localizar a produção. Num viés contrário, numa tendência completamente contemporânea, apresenta um 126 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


humor marcadamente ácido, como quem ri de si mesmo tanto num sentido completamente autodestrutivo, como numa despreocupação lúdica. Essa ausência de solenidade, acentuada pela desistência da busca de grandes ideais e temas nobres, soa como uma constatação da participação do Estado no bolo nacional. Já que não dá para participar, dá pelo menos para avacalhar. A partir daí, embora toda generalização seja injusta, se criou um modo de fazer as histórias e as imagens funcionarem como forma de pensamento e traduzir, de maneira ampla e possível, a condição de ter uma identidade tão etérea. João Barreto é jornalista, mestre em Estudos Literários da Ufes e doutorando em Comunicação Social da UFRJ.

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 127


A miragem das fontes •1990• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 12 minutos - Colorido Categoria: ficção Local de produção: Niterói - RJ (1990) Informação complementar: filme produzido com recursos do Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes).

Sinopse: retrata a ânsia humana em sua busca pela identidade. A percepção da resposta contida em si, no próprio interior. Prêmios/carreira: Selecionado para o Festival de Brasília (1990)

Roteiro e direção: Gelson Santana Companhia produtora: UFF (Universidade Federal Fluminense) Produção executiva: Gelson Santana Direção de fotografia: Jô Name Direção de arte e cenografia: Everaldo Rocha Som direto: Sérgio Botelho Montagem: Gustavo Cascon Elenco: Marco Marinho, Mário Cézar Mendes e Lina do Carmo

Fonte: www.cinemateca.com.br

128 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Sacramento •1992• Captação: super 8 Finalização: vídeo U-matic Curta-metragem 8 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Local de produção: Matilde - ES (1990-1992) Lançamento: Auditório da Rede Gazeta, Vitória - ES (1992) Informação complementar: filme finalizado com recursos da Lei Rubem Braga.

Sinopse: volta ao mito de São Sebastião. Uma sacerdotisa retira-o da árvore e lava suas chagas nas águas límpidas de um rio. Prêmios/carreira: Melhor fotografia e Melhor trilha sonora original no II Festival Nacional de Vídeo de Vitória - Fenavi (1992).

Argumento: Luiza Lubiana Roteiro: Luiza Lubiana, Carlos Guimarães e Ricardo Nespoli Direção: Luiza Lubiana e Ricardo Sá Produtores associados: Luiza Lubiana, Ricardo Sá, Suely Carvalho Soares e TV Capixaba Produção executiva: Luiza Lubiana, Ricardo Sá e Suely Carvalho Soares Direção de produção: Luiza Lubiana, Ricardo Sá e Suely Carvalho Soares Direção de fotografia: Ricardo Sá Direção de arte: Luiza Lubiana Montagem: Jaceguay Lins e Marcos Athayde Edição de som e mixagem: Jaceguay Lins Trilha sonora original: Jaceguay Lins / intérpretes: Jorge Pombo, Renato Pablo e Jaceguay Lins Elenco: Lobo Pasolini, Mônica De Ávila e Paulo Fernandes

Fontes:Luiza Lubiana e Ricardo Sá

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 129


Vagas para moças de fino trato •1993• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem 95 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1992) Lançamento: Cine Palácio 1, Rio de Janeiro - RJ (1993)

Sinopse: três mulheres vivem em um mesmo apartamento e dividem seus dramas e conflitos. Norma (Norma Bengell) é uma professora de piano desquitada. Ela aluga vagas em seu apartamento para uma enfermeira que costuma sair à noite (Maria Zilda) e para uma moça totalmente instável que quase não sai de casa (Lucélia Santos). Situações patéticas, cômicas, ridículas e tensas se sucedem. 130 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Informação complementar: filme financiado pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes)

Prêmios/carreira: Melhor cenografia para Clovis Bueno Melhor atriz para Norma Bengell, Maria Zilda e Lucélia Santos no Festival de Brasília - DF (1993)

Roteiro: Paulo Thiago e Alcione Araújo História: baseada na peça Há vagas para moças de fino trato, de Alcione Araújo Direção: Paulo Thiago Empresa produtora: Vitória Produções Cinematográficas Ltda. e Encontro Produções Cinematográficas Produção executiva: Gláucia Camargos Direção de produção: Andréa Queiroga Direção de fotografia: Antonio Penido Direção de arte: Clovis Bueno Som direto: Jorge Saldanha Montagem: Marco Antonio Cury Edição de som: Túlio Mourão Trilha sonora original: Túlio Mouräo Elenco: Norma Bengell; Lucélia Santos; Maria Zilda; Paulo César Peréio; Marcos Frota; Paulo Gorgulho; Luis Tadeu Teixeira; Alvarito Mendes Filho e José Augusto Loureiro

Fontes: www.cinemateca.com.br e entrevista com Ricardo Sá

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 131


Lamarca •1994• Captação: 35 mm Longa-metragem 130 minutos - Colorido Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Espírito Santo, Rio de Janeiro e Bahia (1994) Lançamento: Cine Carmélia M. Souza, Vitória, ES (1994)

Informação complementar: filme financiado pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes)

Sinopse: baseado na vida de um dos mais importantes e perseguidos líderes da luta armada no Brasil, o capitão do Exército – Carlos Lamarca – morto aos 33 anos, em 1971, pelos órgãos de segurança do regime militar.

Roteiro: Sérgio Rezende e Alfredo Oroz História: baseada no livro Lamarca, o capitão da guerrilha, de Emiliano José e Oldack Miranda. Direção: Sérgio Rezende Produção: Morena Filmes e Cinema Filmes Produção executiva: José Joffily Direção de produção: Andréa Queiroga Direção de fotografia: Antonio Luiz Mendes Direção de arte: Clóvis Bueno Som direto: Jorge Saldanha Montagem: Isabelle Rathery Mixagem: Roberto Leite - CTAV Funarte Trilha sonora: Ana Lúcia Leuzinger e David Tygel Elenco: Paulo Betti (Carlos Lamarca); Carla Camuratti(Iara); Eliezer de Almeida (Zequinha); José de Abreu(Major); Ernani Morais (Flores); Roberto Bomtempo (Fio); Orlando Vieira (Zé Barreto); Nelson Dantas (Pai de Lamarca); Selton Mello (Ivan); Déborah Evelyn(Marina); Carlos Zara(General) e Patrícia Perrone (Maria). 132 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Elenco de apoio: Alvarito Mendes Fillho; Agnaldo Lopes; Clovis Bueno; Ed Anderson; Glaifferson Farias; Gerusa Conti; Ignácia Freitas; José Augusto Loureiro; Lenita Ribeiro; Luiz Tadeu Teixeira; Manfredo Bahia; Marcos Konká; Marlon Christie; Rafael Salgado; Rogério Matos; Zezão Pereira; Julia Rezende; Priscila Nascimento; Alberta Ferreira; Adolfo Lopes; Ana Lúcia Junqueira; Angela Barbosa; Armando Nehemas; Bob DePaula; Carlos Sangulia; Cezar Sartorio Pereira; Cristiane Rodrigues; Dudu Guimarães; Eleazar Pessoa; Geisa Ramos; Galycon Pinto da Foneca; Hudson Braga; Joaquim Caiado; Jorge Barcellos; José Rodrigues Laureth; Letícia Braga; Luís Claudio Gobbi; Marcelo Murilo; Anna Cotrim; Camilo Bevilacqua; Kike Diaz; Marcelo Escorel; Nelson Dantas; Jurandir Oliveira; Luis Maçãs; Olderico Barreto; Márcia Gáudio; Márcio Neiva; Margareth Galvão; Mauro Pinheiro; Milson Henriques; Paulinho Cruz; Paulo DePaula; Ramon Roberto Ribeiro; Regis Fernando; Renato Rocha; Ricardo Sá; Romulo Mussielo; Roberto Claudino; Sergio Lara; Tiago Rezende; Tião Carneiro; Willian Oliveira e Zenaider Rios Fonte: www.cinemateca.com.br

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 133


A lenda de Proitner •1995• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 21 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Rio Bonito - ES - Brasil (1995) Lançamento: Cine Metrópolis, Vitória - ES (1995) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga.

Sinopse: menino vive acorrentado pela perna em uma choupana às margens de uma lagoa. Ele observa o mundo por uma fresta, absorvendo o comportamento do casal de velhos bizarros, que são os seus algozes. Quando cresce, se liberta do cativeiro e tende a repetir o comportamento aprendido na infância. Prêmios/carreira: Troféu Coxiponé - Filme revelação - Cuiabá - MT (1996) Selecionado para o Festival de Gramado - RS (1995) Selecionado para o Festival Internacional de Curtas de São Paulo - SP (1997) Selecionado para o Festival L ‘Entrange 1990 - Paris/França Adquirido pelo Instituto de Psicanálise de São Paulo para um projeto contra a violência no lar. Selecionado para a Mostra Cinema de Horror, durante o Festival Internacional de São Paulo - SP (2003)

Roteiro e direção: Luiza Lubiana Produção executiva: Beatriz Lindenberg e Luiza Lubiana Direção de produção: Beatriz Lindenberg e Luiza Lubiana Direção de fotografia: Alex Krusemark Direção de arte: Rosana Paste Som direto e montagem: Jaceguay Lins Edição de som: Carlos Cox Mixagem: Carlos de La Riva Trilha sonora original: Jaceguay Lins Elenco: Marcia Gáudio; Tião Fonseca; Lobo Pasolini; Cleber Carminati e Marcelo Brandt Fonte:Luiza Lubiana 134 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Gringa Miranda •1995• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 12 minutos Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: comédia Local de produção: Vitória - ES (1994/1995) Lançamento: Cine Metrópolis, Vitória - ES (1997) Informação complementar: o filme é o resultado do curso de realização cinematográfica produzido pelo Departamento Estadual de Cultura do ES, sob a coordenação de Valentina Krupnova.

Sinopse: uma estrangeira chega ao Brasil e, deslumbrada com a tropicalidade, torce a perna ao tentar imitar Carmen Miranda. No hospital, conhece uma enfermeira que a leva para um pai-de-santo, onde baixa o espírito de sua musa. Tudo termina numa escola de samba com a gringa fantasiada de Carmen Miranda, em ritmo de happy end, mas com um pequeno imprevisto. Prêmios/carreira: Selecionado para o IV Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (1997)

Argumento: Ricardo Sá e Valentina Krupnova Roteiro: Ricardo Sá, Luiz Tadeu Teixeira e Valentina Krupnova (com a colaboração de Gabriela Egito) Direção: coletiva Produção: DEC/Secretaria de Educação, Geres/Bandes, CTAv/Funarte Produção executiva: Valentina Krupnova Direção de produção: Valentina Krupnova, Angelo Zurlo e Otávio Carvalho Direção de fotografia: Cesar Elias Direção de arte: Valentina Krupnova Som direto: Edwaldo Mayrink Montagem: Vera Freire Edição de som: Gilson Rodrigues e Julio Damasceno Mixagem: Roberto Leite Trilha sonora: André Sachs, Bruno Brandão e músicas de Carmen Miranda Elenco: Valentina Krupnova (dona Gringa): Luiz Tadeu Teixeira (comandante, homem do boteco e psicólogo): Débora Santos Siqueira (enfermeira): Markus Konká (pai de santo): Gabriela Egito (balconista): José Augusto Loureiro (doleiro): Alcione Dias (mulher do boteco); Renato Santos (mendigo); Marcos Figueiredo (caixa do banco) Fonte:Valentina Krupnova Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 135


Passo a passo com as estrelas •1995• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 19 minutos Preto e branco Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: fantástico Local de produção: Vitória - ES (1995) Lançamento: Bellaria Cine Festival, Itália (1995)

Sinopse: o sonho de chegar às estrelas leva Alan a percorrer estradas e países até chegar a Bricks, no ano 2079. Numa favela pós-apocalíptica, conta-se a história deste personagem. Prêmios/carreira: Melhor curta no Festival de Anteprima - Itália (1996) Melhor filme no Bellaria Cine Festival - Itália (1995)

Roteiro e direção: Marcel Cordeiro Empresa produtora: CDI (Cinema Distribuição Independente) Produção executiva: Franco Menna Direção de produção: Isa Castro Direção de fotografia: Marcelo Sponberg Direção de arte: Franco Menna Som direto: Marcio Jacovani Montagem: Davide Azzigana e Alberto Cavalli. Trilha sonora não original: Jorge Pombo Elenco: Paulo DePaula; Branca Santos Neves; José Augusto Loureio; Alvarito Mendes Filho; Celso Nunes e Sany Souza

Fonte: Marcel Cordeiro

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O fantasma da mulher algodão •1995• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Média-metragem 35 minutos Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1994-1995) Lançamento: Cineclube da Ufes (1995) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e finalizado com recursos da Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: livre associação do “fantasma” – que aparecia nos banheiros escolares na década de 70 – com os tormentos de uma geração de adolescentes, diante da transformação biológica do corpo. Argumento: Margarete Taqueti Roteiro: Margarete Taqueti e Tião Sá Direção: Margarete Taqueti Produtores associados: Verve Produções, Sky Light Cinema Foto Arte e CTAV-Funarte Produção executiva e direção de produção: Claudino de Jesus Direção de fotografia: Tião Fonseca Direção de arte: Antonio Chalhub Som direto: José Moreau Louzeiro Montagem: José Moreau Louzeiro Edição de som e mixagem: José Moreau Louzeiro Trilha sonora: Laszlo Boglar Jr. e Jaceguay Lins Elenco: Alcione Dias (Dona Leda); André Azevedo (Marx); Paulo Fernandes; Geisa Ramos; Marcia Mendes; Vera Rocha; Analice Lima; Carolina Mercandelli e Rosangela Domingues. Participações especiais: Branca Santos Neves e Luiz Tadeu Teixeira

Fonte: Margarete Taqueti

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 137


Rito de passagem •1996• Captação: 35 mm Finalização: vídeo U-Matic Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: trash Local de produção: Vitória - ES (1996) Lançamento: Auditório da Rede Gazeta, Vitória - ES (1996) Sinopse: a proposta do filme é um exercício de metalinguagem que integra elementos da linguagem cinematográfica com denúncias em torno do desaparecimento de crianças no Brasil. Quantas serão sacrificadas em rituais de magia negra? Roteiro e direção: Sergio de Medeiros Empresa produtora: Travelling Cinematográfica Produção executiva: Giovanni Rodigheri; Mauro Paste e Cícero Moraes Direção de fotografia: Carlos A. B. Lins Direção de produção: Mauro Paste Direção de arte: Edmar Chacal Som direto: Marlécio Matos Montagem: e edição de som: B. M. Rosemberg. Mixagem: P & A Produções - Áudio Studio Trilha sonora: original, composta e executada por Karen Frans Van Den Bergen. Elenco: Renato Coutinho (Governador); Jane Ferreguetti (Mulher do Assassino); Paulo DePaula (Bruxo); Berenice Felsky (Vítima I); Fernanda Portela (Vítima II); Marisleide Gonçalves (Vítima III); Carlos Roberto Claudino (Diabo); Alvarito Mendes Filho (Assassino I); Alex Pandini (Assassino II)

Fonte: Sergio de Medeiros 138 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Flora •1996• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Domingos Martins - ES (1996) Lançamento: Festival de Bellaria Itália (1996) Sinopse: anos 40. Flora vive a ilusão do retorno do marido, sumido há sete anos. Remo chega à cidade e quer informações sobre a saída de trens. As duas vidas se entrelaçam. O rapaz se envolve com os delírios de Flora. Prêmios/carreira: Melhor atriz - Regina Braga, Rio Cine Festival, Rio de Janeiro - RJ (1996) Selecionado para o Festival de Cinema de Bra, Itália (1997) Selecionado para os festivais nacionais de Curitiba - PR e Recife - PE (1996) Transmitido em pay-tv para Espanha, Itália e Portugal

Roteiro e direção: Marcel Cordeiro Empresa produtora: Galpão Produções Produção executiva: Ursula Groska Direção de produção: Franco Menna, Lucia Caus; Beatriz Lindenberg Direção de fotografia: Marcelo Sponberg Direção de arte: Franco Menna Som direto: Márcio de Sousa Montagem: Davide Azzigana Mixagem: Moreno Grossi Pometti Trilha sonora: Mirano Schuller Elenco: Regina Braga; Selton Mello; José Augusto Loureiro; Margareth Galvão e Celso Nunes Fontes: www.cinemateca.com.br e Marcel Cordeiro

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 139


Fica comigo •1996• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem 98 minutos - Colorido Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Guarapari - ES (1996) Lançamento: Museu da Imagem e do Som, São Paulo - SP (1998) Informação complementar: filme financiado pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes)

Sinopse: a desordem afetiva do mundo de uma adolescente é discutida pela relação de amor ente Bel e seu pai. Prêmios/carreira: Melhor atriz para Luciana Rigueira no Festival de Gramado (1996)

Argumento: Tizuka Yamasaki; Carlos Diniz e Heraldo Born Roteiro: Jorge Duran Direção: Tizuka Yamasaki Produção: Villa Vitória Cinematográfica Produção executiva: Carlos Diniz Direção de produção: Tininho Fonseca Direção de fotografia: Flávio Ferreira Direção de arte: Yurika Yamasaki Som direto: José Moreau Louzeiro Montagem: Vera Freire Elenco: Antonio Fagundes (CH); Luciana Rigueira (Bel); Vitor Hugo (Wan); Lúcia Alves (Marly); Tereza Seiblitz; Francisco Solano; Sérgio Maia; Tadeu Teixeira; Eliezer de Almeida; Bruno Sobral; Wanderson Miranda; Wagner Barbosa; Liz Borges; Wesley Machado; Kauê Gofman; Rosane Gofman; Adriana Zanyelo; Adriana Menezes; Bianca Vidal; Dud Guimarães; José Augusto; Beth Casek; Thelmo Fernandes; Leide Queiroz; (Double de Bel); Marcos Vinícius; Luly Ramalho; Clecy Coutinho; Julia Duarte; Ignácia Freitas; Alesandro Alabrim; Sheu Yin Min; Kazuo Amim; Dalva Ferraz e Rafael Ximenez. Participação especial: Luiz Tadeu Teixeira (delegado) Trilha Sonora original: Ary Sperling Fonte: www.cinemateca.com.br 140 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


O guarani •1996• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem, 91 minutos – Colorido Som: Estéreo Categoria: Ficção Gênero: Drama Local de produção: Rio de Janeiro Lançamento: Espaço Unibanco, Rio de Janeiro (maio de 1996) Informação complementar: O filme teve cenas filmadas no Convento da Penha.

Sinopse: Adaptação do famoso livro de José de Alencar, ambientado no início da colonização portuguesa no Brasil. Quando uma índia aimoré é morta acidentalmente pelo filho de dom Antônio de Mariz, o fidalgo e sua família passam a correr perigo. Só que a filha de Mariz, Ceci, é apaixonada pelo índio Peri, que recebe a missão de levar a bela jovem até o Rio de Janeiro para protegê-la do ataque de índios revoltados. Direção: Norma Bengell Produção: Norma Bengell, Jaime A. Schwartz Empresa Produtora: NB Produções Roteiro: José Joffily Filho, baseado em romance de José de Alencar Fotografia: Antonio Luiz Mendes Trilha Sonora: Wagner Tiso Distribuição: Riofilme Elenco: Márcio Garcia, Tatiana Issa, Glória Pires, Herson Capri, José de Abreu, Marco Ricca, Imara Reis, Cláudio Mamberti, Tonico Pereira, Tamur Aimara

Fonte: Site da Cinemateca Brasileira

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 141


Labirintos móveis •1997• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 12 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: comédia Local de produção: Vitória - ES (1997) Lançamento: Cine Glória - V Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (1998) Informação complementar: o filme é o resultado do curso de realização cinematográfica produzido pelo Departamento Estadual de Cultura do Espírito Santo, sob a coordenação de Valentina Krupnova.

Sinopse: um grupo de amigos se reúne para comemorar o noivado de Fred e Soraya. Alguém sugere o registro em foto, mas a câmera está sem filme. Todos concordam em escrever um poema, passando de mão em mão. Na medida em que cada um escreve – surgem episódios reveladores que aconteceram no réveillon do ano anterior – e são lembrados com humor e tristeza. Afinal, os “labirintos” das relações humanas podem ser traiçoeiros. Prêmios/carreira: Selecionado para o Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (1998)

Roteiro: Erly Vieira Jr., Lizandro Nunes, Luciana Gama e Thaiz Sabbagh Direção: coletiva, com supervisão de Paulo Halm Produção: Dep. Estadual de Cultura/ES, Ministério da Cultura - Decine - CTAv/Funarte Produção executiva: Valentina Krupnova Direção de produção: Valentina Krupnova e Renato Carniato Direção de fotografia: Jorge Monclar Direção de arte: Ursula Dart e Tatiana Martinelli Som direto: Elizabeth Broetto Montagem: Vera Freire e Eliane Lima Edição de som: Vera Freire, Eliane Lima Mixagem: Roberto Leite e Edwaldo Mayrinck Trilha sonora original: Marcos Moraes Elenco: Thaiz Sabbagh (Soraya); Gustavo Feu (Fred); Cláudio Depes (Fernando); Ursula Dart (Raquel); Vanessa Frisso (Aline); Adson Lima (Tarcisio) e Lene Costa (D. Rita) Fonte:Valentina Krupnova 142 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Solidão vadia •1997• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 17 minutos - Preto e branco Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Carapebus - Serra - ES (1996/1997) Lançamento: Vitória Cine Vídeo - Vitória - ES (1997) Informação complementar: produção realizada de forma independente com recursos de finalização da Secretaria Estadual de Cultura do Espírito Santo.

Sinopse: naquela vila esquecida pelo tempo, a chegada de uma visitante faz aflorar sentimentos adormecidos na mente de um pescador atormentado pela solidão. Prêmios/carreira: Festival Internacional de Curtas de São Paulo - SP (1999) Festival Nacional de Cinema de Curitiba - PR (1999) Festival Nacional de Cinema de Gramado - RS (1999) Festival Nacional de Cinema de Salvador - BA (1999) Festival Nacional de Cinema de Brasília - DF (1998) IV Vitória Cine Vídeo - ES (1997)

Argumento: Ricardo Sá e Marcos Veronezi Roteiro: Ricardo Sá e Marcos Veronezi Direção: Ricardo Sá Produção: Cooperativa Capixaba de Cinema, CTAV-Funarte e Niac-Ufes Produção executiva: Ricardo Sá, Marcos Veronezi, Regina Mainardi, Laruska Lima e Márcia Coradine. Direção de produção: Laruska Lima Direção de fotografia: Fernando A. T. de Souza Direção de arte: coletiva Som direto: Ekkehar Grotte Montagem e edição de som: André Sampaio Mixagem: Fernando Fonseca - Rob Filmes Trilha sonora: Márcia Coradine, Jacaré, Armando Sinkovitz e Banda de Congo Mestre Alcides. Elenco: Regina Mainardi (mulher da praia); Roberto Claudino (pescador); Maria Lúcia Calmon (Rúcula Medéia da Justiça); Paulo DePaula (dono do bar); Bob DePaula (homem do rádio) e Bárbara da Cruz (mulher grávida) Fonte:Ricardo Sá Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 143


O amor está no ar •1997• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Longa-metragem 82 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1994/1997) Lançamento: Cine Vitória I, Vitória (1997) Informação complementar: filme financiado pelo Banco de Desenvolvimento do Espírito Santo (Bandes) Sinopse: Lora Berg é uma mulher de 40 anos, de origem germânica, culta, solitária, sofisticada, que apresenta um programa de encontros amorosos numa rádio AM de Vitória. Ela se envolve com Carlos Henrique, um jovem de 22 anos, desempregado e semi-analfabeto, que deixou o interior de Minas Gerais com a mãe para morar num barraco na periferia de Vitória. Após certo tempo, o romance revela imensas dificuldades provocadas pela diferença de idade, cultura e posição social dos protagonistas.

Prêmios/carreira: Prêmio de melhor atriz para Eliane Giardini no Festival de Gramado - RS (1997) 144 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Argumento e direção: Amylton de Almeida Roteiro: Amylton de Almeida Co-roteiristas: Fabiano Gonçalves e Marcelo Siqueira História: Inspirado na ópera Tannhauser (o cavaleiro da rosa), de Wagner e no programa da Rádio Espírito Santo O amor está no ar Empresa produtora: LCA Produções Informação complementar: filme produzido com recursos do Bandes-ES (Pólo Estadual de Cinema), Lei Rubem Braga, Lei do Audiovisual e CST (Companhia Siderúrgica de Tubarão). Produção executiva: Julio Calasso Junior e Heraldo Born Direção de produção: Fabrício Mamberti Direção de fotografia: Walter Carvalho Direção de arte: Billy Castilho Som direto: Romeu Quinto Junior Montagem: Ana Maria Diniz Edição de som: Simone Petrillo Mixagem: Roberto Carvalho Trilha sonora: ópera Tannhauser (o cavaleiro da rosa), de Wagner e músicas de Roberto Carlos Elenco: Eliane Giardini (Lora Berg); Marcos Palmeira (Carlos Henrique); Jacyra Silva (Jussara); Margareth Galvão (Ana Ceci); Paulo Betti (Bigode); Rosi Campos (Verônica de Jesus); Ênio Gonçalves (Inácio); Collete Dantas (Madalena Paz); Ernani Moraes (Silveira); Markus Konká (Noivo); Mariângela Pellerano (Noiva); Vanessa Barum (Katrin); Majô de Castro (Elisabeth); Marlon Christi (Irmão de Carlos); André Barros (Walter); Erlon Pascoal (Delegado); Hermes Vago Jr (Médico); Christiane Rodrigues (Cunhada de Carlos); Tião Carneiro (Escrivão do cartório); Alcino Rodrigues (Vendedor da casa); Amarildo Louback (Marido de Katrim). Participação especial: Suzana Faini (Valquíria) e Rita Elvira (Mulher da boate)

Fonte:www.cinemateca.com.br

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 145


Eu sou Buck Jones •1997• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 20 minutos Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: faroeste Local de produção: Domingos Martins - ES (1996/1997) Lançamento: Cine Glória - IV Vitória Cine Vídeo - Vitória - ES (1997) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e finalizado com o apoio financeiro da Secretaria Estadual de Cultura/ES

Sinopse: baseado num fato real ocorrido em 1943, no interior do Espírito Santo, o filme narra a fascinação de um garoto pelo cinema, fato que o leva às últimas conseqüências para assistir ao último capítulo de seriado que tem o maior ídolo do faroeste americano daquele tempo: Buck Jones. Prêmios/carreira: Melhor ator do IV Vitória Cine Vídeo para João Vitor Marangoni, Vitória - ES (1997)

Roteiro e direção: Glecy Coutinho Produção: Ecran Filmes; CTAv/Funarte; Produção executiva e direção de produção: Margarete Taqueti Direção de fotografia: Tião Fonseca Direção de arte: Carlos Profeta e Saskia Sá Som direto: Joaquim Santana Montagem e edição de som: Vera Freire Mixagem: Roby Filmes Trilha sonora: Augusto Licks Elenco: João Vitor Marangoni; Luiz Tadeu Teixeira; Márcia Mendes; Alcione Dias; Paulo DePaula; Sebastião Carneiro; Sergio Zanolli; Alessandra Rodrigues; Branca Santos Neves; Alaerson Nonô Coelho; Alvarito Mendes; Diomeides Berger e Katia Bóbbio Fonte: Filme Eu sou Buck Jones e entrevista com Glecy Coutinho 146 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


O enforcado •1998• Captação: super 8 Finalização: super 8 Curta-metragem 3 minutos Colorido Categoria: ficção Local de produção: Vitória - ES (1998)

Informação complementar: O enforcado é resultado de um curso de super 8 ministrado por Danilo Solferini (fotógrafo) e Willian Hinestrosa (produtor). Janaina Serra e Vanessa Frisso (que na ficha técnica constam como produtoras executivas), em verdade, foram as produtoras do curso e, indiretamente, também do filme. Segundo Janaina, “tirando roteiro, direção e produção, acho que todo mundo fez um pouco de tudo!”

Sinopse : após uma consulta de tarô, Walbério e o tarólogo charlatão descobrem que é impossível enganar o destino. Roteiro: Vanessa Frisso Colaboração no roteiro: Willian Hinestrosa Direção: Virgínia

Jorge, Ana Cristina Murta, Alexandre Serafini e Alexandre Vassena

Fotografia: Danilo Solferini Produção executiva: Janaína Serra e Vanessa Frisso Produção: Aracely Cometi e Luciana Gama Realização: Alexandre Vassena; Ana Cristina Murta; Alexandre Serafini; Aracely Cometi; Claudia Rangel; Gustavo Feu; Larissa Machado; Leandro Queiroz; Luciana Gama e Virgínia Jorge. Elenco: Herbert Pablo e Everaldo Nascimento

Fontes:Janaina Serra e Vanessa Frisso

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 147


O amor e o humor na música brasileira dos séculos XVIII e XIX •1998• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: musical Local de produção: Vitória - ES (1998) Lançamento: Cine Vitória 1, Shopping Vitória - ES (1998) Informação complementar: o filme resgata as músicas populares brasileiras mais antigas (séculos XVIII e XIX) que podem ser executadas na atualidade da mesma forma como foram compostas. A trilha sonora é um registro das antigas composições com partituras e letras originais, interpretadas com instrumentos da época, e gravadas na Igreja Reis Magos, construção do século XVI, em Nova Almeida, Serra, local que permitiu recompor a reverberação original das obras.

Sinopse: o filme retrata o encontro de quatro personagens em uma taberna de beira de estrada – entre a Corte do Rio de Janeiro e Vila Rica do Ouro Preto – em uma noite de 1801. Enquanto bebem vinho e aguardam o amanhecer para seguir viagem, eles contam causos e cantam belas e curiosas canções da época.

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Prêmios/carreira: Roteiro vencedor do I Concurso de Projetos Audiovisuais de Curta-Metragem de Produção Brasileira Independente, promovido pelo Ministério da Cultura (1998). Exibido a convite no V Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (1998)

Roteiro e direção: Sergio de Medeiros História: baseada no espetáculo No caminho de Vila Rica – O amor e o humor na música brasileira dos séculos XVIII e XIX, do maestro carioca Sérgio Dias Empresa produtora: Travelling Cinematográfica Produção executiva: Mauro Paste Direção de fotografia: Hélio Silva Direção de arte: Érika de Sá e Teles; Patrícia Salume e Pat Moore Som direto: Frank Acker Montagem: Ney Fernandes Edição de som: Ney Fernandes Mixagem: Armando Sinkovitz Trilha sonora: Grupo Ensemble cum Sanctu Spiritu, sob a regência do maestro Sérgio Dias Elenco: Flávia Mendonça (Senhorinha Violante Mônica); Paulo DePaula (Herr Helmut Singer); Alex Pandini (Sr. Gualberto Vesparini); Everaldo Nascimento (Izidro); Kelli Rosa (Iaiá) e Bob DePaula (Taberneiro) Fonte: Sergio de Medeiros Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 149


Bem-vindos ao paraíso •1998• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 9 minutos - Preto e branco Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Santa Leopoldina - ES (1998) Lançamento: Cine Glória, VI Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (1999) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e finalizado com recursos da Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: três irmãos órfãos vivem isolados numa região montanhosa do interior do Espírito Santo, habitada por colonos de origem germânica. A trama se constrói com relação incestuosa e crime passional.

Prêmios/carreira: Festival do Rio, Rio de Janeiro - RJ (1999) Festival de Brasília - DF (1999) Festival de cinema da Cidade do Cairo, Egito (2000)

Argumento: Marcos Figueiredo Roteiro: João Emanuel Carneiro e Marcos Figueiredo Direção: Marcos Figueiredo Companhia produtora: JME Filmes. Produção executiva: Marcos Figueiredo Direção de fotografia: Márcio Menezes e Batman Zavarezzi Direção de arte: Alexandre Muricci Som direto e edição de som: Beto Santana Montagem: Tuco Trilha sonora original: Eduardo Queiroz Elenco: Silvia Buarque, Marcelo Serrado, Patrick de Oliveira e Camilo Thomas

Fonte: Catálogo do Vitória Cine Vídeo 150 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


De amor e bactérias •1999• Captação: super 8 Finalização: vídeo Curta-metragem 12 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Local de produção: Vitória - ES (1999) Lançamento: Cine Garoto, Vila Velha (1999)

Informação complementar: filme finalizado com recursos da Lei Rubem Braga.

Sinopse: qual é a semelhança entre uma senhora em uma cadeira de rodas e um barquinho na superfície seca de uma mesa? Qual a relação entre um moinho de milho e as bactérias no interior de uma vaca? Estas e outras respostas você pode procurar e, talvez, até encontrar neste pequeno filme que quer olhar onde ninguém quer ver. Prêmios/carreira: Premiado no Festival de Vídeos Universitário Vide Vídeo da UFRJ, como melhor vídeo universitário, Rio de Janeiro - RJ Premiado no Festival de Cinema e Vídeo do Maranhão como melhor filme na categoria super 8 mm, São Luiz - MA

Roteiro e direção: Virgínia Jorge Produção: Janaína Serra, Gustavo Feu e Aracelli Cometi, Produção executiva: Janaína Serra e Virgínia Jorge Direção de produção: Janaína Serra Direção de fotografia: Danilo Solferini Direção de arte: Erly Vieira Jr. e Fabrício Coradello Locução: Alexandre Serafini Montagem e edição de som: Armando Hilel Mixagem: Armando Hilel Trilha sonora: Marcel Dadalto Elenco: Flavio Pimentel; Edna Zampieri; Ana Cristina Murta; Rosana Paste, Celsão Rodrigues e Clarisse Rodrigues

Fonte: Virgínia Jorge

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anos

2000

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Bernadette Lyra

Cinema capixaba: 00 - a década que não acabou

E

screver para um catálogo é sempre uma temeridade. Um catálogo tem por fim um rol de objetos. E, manda a razão que esses objetos sejam friamente arrolados de maneira impessoal, seja qual for a linha mestra da organização. Porém, eu comecei a vivenciar paradoxos, assim que aceitei a incumbência de apresentar a década 2000 para este catálogo de cinema feito no Espírito Santo. Primeiro, porque nada que vem do Espírito Santo me é estranho. Meu envolvimento com as coisas e os fatos capixabas se dá de modo orgânico; isso acontece tão profundamente que chego a pensar que o Estado faz parte de meu sangue, carne, alma e nervos, por alguma estranha anomalia. Assim, tudo que eu fale sobre o Espírito Santo tem a carga do afeto, o que não é comum a este tipo de publicação. Segundo, porque estou ligada por laços de amizade e de carinho a muitos desses bravos profissionais que, valentemente, fazem cinema em terras capixabas e, mesmo àqueles que eu não conheço, dedico o respeito que é devido a quem vai à luta, mesmo sabendo que o campo de batalha é difícil e estraçalhador. Não é novidade dizer que o cinema é a mais cara e mais complicada das práticas culturais. Não se faz um filme como se pinta um quadro, como se escreve um livro ou como se modela uma estátua.As condições de realização do cinema dependem de ações pragmáticas que, muitas vezes, independem da vontade de criar dos realizadores e se esbatem em uma série de barreiras econômicas, políticas, burocráticas e outras impossibilidades externas. Não é à toa que Deleuze comenta que a história do cinema é o terreno de uma longa “martiriologia”. Mas, quem disse que os que querem fazer cinema esmorecem? Perto ou longe dos grandes centros produtores e exibidores, conseguindo ou não vencer totalmente os obstáculos materiais e financeiros, haverá

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sempre um realizador a postos, com suas idéias na cabeça e câmeras na mão. Prova disso é a presente lista de filmes capixabas produzidos nos últimos anos, a partir de 2000. Muitos já conseguiram destaque e prêmios, em várias mostras e festivais, do Brasil e do mundo. Alguns resultaram de concursos de roteiros em que saíram vencedores: Macabéia (2000), de Erly Vieira Júnior, Lizandro Nunes e Virgínia Jorge; Mundo cão (2002), de Saskia Sá; Manoela (2002), de Fabrício Coradello; Baseado em estórias reais (2002), de Gustavo Moraes; A passageira (2006), de Glecy Coutinho e Margarete Taqueti. Alguns entre esses e ainda mais outros tiveram o mérito apoiado pela Lei Rubem Braga: Macabéia (2000); O ciclo da paixão (2000), de Luiz Tadeu Teixeira; A morte da mulata (2002), de Marcel Cordeiro; Olhos mortos (2002), de Carlos Augusto de Oliveira; Vampsida (2002), de Cloves Mendes; Mundo cão (2002), de Sáskia Sá; Baseado em estórias reais (2002), de Gustavo Moraes; Céu de anil (2003), de Lizandro Nunes; A sabotagem da moqueca real (2003), de Ricardo Sá; Pour Elise (2004), de Erly Vieira Júnior; Observador (2005), de Alexandre Serafini; Manada (2005), de Luiza Lubiana; Saudosa (2005), de Erly Vieira Júnior e Fabrício Coradello; No princípio era o verbo (2005), de Virgínia Jorge; Chamas na ilha (2006), de Marcos Veronezi; Enquanto houver fantasia (2006), de Ricardo Sá; Lally e Lalí (2006), de Sergio de Medeiros; Graçanaã (2006), de Luiz Tadeu Teixeira; Vitória de Darley (2006), de Renato Rosati; Nunca mais vi Erica (2007), de Lizandro Nunes; A fuga (2007), de Saskia Sá. O grande número de realizações apoiadas respalda o valor da nossa lei de incentivo fiscal, que é bastante útil, principalmente, para instrumentar e possibilitar um tipo de produção onerosa, difícil e complexa, sendo que alguns dos filmes acima citados, em sua finalização, tiveram a ajuda de outras instituições, em convênio como aquele da Associação Brasileira de Documentaristas/ES e Secretaria Estadual de Cultura, que ainda finalizou, por exemplo, Como se fosse ontem (2005), de Gustavo Moraes e Roberto Seba e O evangelho segundo seu João (2006), de João Moraes e Eduardo Souza Lima. Constam, também, deste catálogo, certos filmes que são devidos a esforços variados de seus próprios realizadores e de suas equipes como Lita (2005), de Gui Castor; e a série que resultou da direção coletiva de 150 alunos da rede municipal de Vitória: Mangue e tal (2002); Portinholas (2003); Zen ou não zen?eis a questão (2004); Vitória pra mim (2005); Albertinho (2006). Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 155


Curiosamente, há um filme, Barbara (2005), realizado por Bernardo Leitão, em super 8, quando a grande maioria, ainda que captado em outras bitolas, foi finalizado em 35 mm, a exceção de Macabéia (16 mm). Observa-se, ao longo dos anos 00, uma intensa e crescente produção fílmica que em tudo conflui para a quase totalidade da realização de curtas-metragens, tanto por vias das dificuldades financeiras apresentadas pela indústria do cinema, quanto pelo caráter experimental ou pela necessidade de aproveitamento rápido dos parcos (embora preciosos) recursos conseguidos pelos realizadores, atuando mesmo outras causas de escolhas pessoais e institucionais. De fato, os curtas-metragens – território valioso da experimentação e do treinamento de cineastas - constituem a imensa maioria de nossa produção cinematográfica. Exceções ficam por conta de um longa: A morte da Mulata, e de um média Enquanto houver fantasia. Os temas vãos de episódios nos quais estão envolvidas situações românticas ou fábulas líricas até adaptações literárias e peças com algum teor filosófico, passando por pequenos poemas audiovisuais, por reflexões sobre a cidade e os personagens que a habitam e por algumas narrativas de fôlego, com mistérios, entremeios e resoluções. Destacam-se alguns filmes que, através da imagem, do movimento e do som, tratam nossos costumes, nossas histórias e nossa gente com fino senso de humor, com conhecimento dos gêneros cinematográficos e com técnica adequada à experiência dos espectadores do cinema de entretenimento. Contudo, os anos 00 ainda não terminaram. Portanto, muito resta ainda a esperar dessa filmografia que, ao fim desta década, possa estar se cumprindo. Até lá, posso dizer que nós, capixabas, temos o vício de sermos ironicamente críticos em relação a nossas produções culturais. Mas, não creio que isso seja um estigma de inferioridade. Trata-se, antes, de uma auto-avaliação que, consciente ou inconscientemente, exclui o ufanismo e o pessimismo, a um só tempo, e traz à montante o desejo cristalino de realizar. Assim, sem pecado e sem juízo, posso dizer que se os filmes capixabas relacionados neste catálogo não são esplendorosos a ponto de deslumbrar o mercado, eles são necessários e relevantes, merecendo registro, atenção e receptividade, pois todos têm a nossa cara, têm nossos defeitos e nossas qualidades. Enfim, têm as marcas que estamos deixando gravadas na pele 156 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


de nossa cultura, a partir deste abençoado e formoso pedaço de terra que herdamos de Vasco Fernandes Coutinho. Bernadette Lyra – é doutora em Cinema pela Escola de Comunicações e Artes da USP. Sócia fundadora da SOCINE. Coordenadora do Mestrado em Comunicação Contemporânea da Universidade Anhembi Morumbi, São Paulo. É autora dos livros Cinema de Bordas e A Nave Extraviada; o cinema de Júlio Bressane. Tem textos sobre o campo da comunicação audiovisual e sobre filmes e cinema publicados em antologias, revistas e jornais do país e do exterior.

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Macabéia •2000• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 19 minutos - Colorido Som: mono Categoria: ficção Local de produção: Vitória - ES (1999) Lançamento: Cine Glória, VII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2000) Informação complementar: roteiro vencedor do I Concurso de Roteiros Capixabas, do Vitória Cine Vídeo (1998). Filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga.

Sinopse: imagine a Macabéa. Aquela mesma do livro da Clarice Lispector. Sem graça, parada na vida... Como seria a vida dela nos dias de hoje? Esta é a estória de Marluce que pensa, age, sente e sonha como uma Macabéa do final dos anos 90. Prêmios/carreira: Prêmios de melhor roteiro, atriz e curta-metragem 16mm no Festival de Gramado - RS (2001) Menção honrosa do XXXIV Festival de Brasília - DF (2001) Prêmio de contribuição artística do 6º Festival de Cinema Universitário, UFF (2001) Prêmio Especial do Júri do VII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2000) Selecionado para os festivais de cinema: Recife - PE, São Luis - MA, UFF - RJ , Gramado- RS Goiânia - GO, Brasília - DF, Curta-Cinema - RJ XII Festival Internacional de Curta-Metragens - SP IX Jornada Nacional de Literatura de Passo Fundo - RS Exibido em Tiradentes - MG , Aracaju - SE , Mostra Coisa de Cinema - BA e Taguatinga - DF (2002). Festival Internacional de Cinema de Drama, Grécia (2003) Lançado em VHS pela Funarte, na série O Brasil em curtas (vol.19) - Curtas capixabas Exibido nos programas Curta Brasil (TVE) e Zoom (TV Cultura), em rede nacional (2001)

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Roteiro: Erly Vieira Jr Direção: Erly Vieira Jr, Lizandro Nunes,Virgínia Jorge Produtores associados: Ladart Cinema, Galpão Produções e CTAV-Funarte Produção executiva: Ursula Dart e Ivana Esteves Direção de produção: Ursula Dart Direção de fotografia: Fernando Miceli Direção de arte: Fabrício Coradello Som direto: Luís Eduardo Carmo Montagem: Armando Hilel Edição de som e mixagem: Fernando Ariani Trilha sonora original: Armando Lobo Neto Elenco: Janine Corrêa (Marluce); Gecimar Lima (Olímpio); Marlene Cosate (Tia) e Cristiano Amigo Vidal (Ladrão) Fontes: Catálogo do Vitória Cine Vídeo e Erly Vieira Jr

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O ciclo da paixão •2000• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem: 13 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (1999) Lançamento: Cine Metrópolis, Vitória - ES (2000) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga

Sinopse: história de amor em quatro estações (o encontro, a descoberta, a entrega e o desencontro) conduzida por um “caçador de imagens”: ele vagueia pela cidade enquanto a madrugada o atravessa. Prêmios/carreira : Prêmio especial do júri, no VII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2000) Festival Internacional de Curtas de São Paulo (2000) Jornada de Cinema da Bahia (2001) Guarnicê Cine Vídeo - MA (2000), Festival do Livre Olhar - RS (2003) Mostra do Filme Livre - RJ (2004)

Roteiro, produção e direção: Luiz Tadeu Teixeira Produção executiva: Beatriz Lindenberg Direção de produção: Lucia Caus Delbone Direção de fotografia: Ramon Alvarado Direção de arte: Orlando da Rosa Farya Montagem: Vera Freire Edição de som: Eduardo La Cava Trilha sonora: direção musical de Jaceguay Lins. Participam como intérpretes e/ou compositores: Ailton Paulo (saxofonista capixaba conhecido como Colibri, autor e intérprete do tema A entrega, um jazz-balada, seqüência em preto e branco), Manimal (créditos finais), Quarteto JB (O baile) e Cariê Lindenberg (tema de abertura e fio condutor, com arranjos de Jaceguay Lins). Elenco: Andreza Ceglias; Federico Nicolai; Markus Konká; Gabriela Lima; Celso Adolpho e Pepê Apolo Fontes: Instituto Marlin Azul e Luiz Tadeu Teixeira 160 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Manoela •2002• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 10 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: suspense Local de produção: Vitória - ES (2002) Lançamento: Cine Teatro Glória, IX Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2002) Informação complementar: roteiro vencedor do II Concurso de Roteiros Capixabas, do Vitória Cine Vídeo (2001)

Sinopse: Manoela, estudante de Direito mora sozinha e nega esmola a um mendigo que a aborda diariamente. Prêmios/carreira: IX Vitória Cine Vídeo - ES (2002) Festival FAM, Florianópolis - SC (2003) XXVI Cine Guarnicê, São Luis - MA (2003)

Roteiro: Aristeu Carlos Simões Direção: Fabrício Coradello Produção: Galpão Produções/Instituto Marlin Azul Produção executiva: Beatriz Lindenberg Direção de produção: Lucia Caus Delbone Direção de fotografia: Paulo Jacinto Direção de arte: Fabrício Coradello Som direto: Alessandra Toledo e Constantino Buteri Montagem: Natara Ney e Marcos André Edição de som e mixagem: Triálogo Trilha sonora: Constantino Buteri Elenco: Helena Santos, Allan Sieber e Asdrúbal Fonte: Catálogo do Vitória Cine Vídeo Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 161


A morte da mulata •2002• Captação: beta digital Finalização: 35 mm Longa-metragem 104 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (2000/2002) Lançamento: Cine Metrópolis, Vitória - ES (2002) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei do Audiovisual e finalizado com recursos da Lei Rubem Braga.

Sinopse: o escritor Alberto Paiva escreve seu livro Turista no inferno e não se dá conta que os seus personagens têm vida própria. Um dia, Alberto é ferido e, delirando, vivencia a trama do seu livro. Os personagens partem, então, para a chantagem. Prêmios/carreira: Melhor filme em língua estrangeira, melhor diretor, melhor ator e melhor atriz no Festival de Cinema Digital da Flórida - EUA (2002) Festival de Figueira da Foz - Portugal New York Independent Film Festival - EUA Festival de Mumbai - Índia

Roteiro e direção: Marcel Cordeiro Produtores associados: Franco Menna e Verve Produções Produção executiva: Claudino de Jesus e Roberta Fassarella Direção de produção: Saskia Sá Direção de fotografia: Silvano de Souza Direção de arte: Franco Menna Som direto: Rogério Braga Montagem: Davide Azzigana Mixagem: Moreno Grossi Pometti Trilha sonora não original: Gilberto Gil e Capinam; Jaceguay Lins; Maurício de Oliveira; Mirano Schüller; José Cordeiro; Gabriel Fauré e Giacomo Puccini. Elenco: Marcello Picchi; Miwa Yanagizawa; José Augusto Loureiro; Tereza Rachel; Elisa Lucinda; Branca Santos Neves; Ignácia Freitas; Margareth Galvão; Evelyn Cestari; Marcel Cordeiro; Paulo DePaula; Ingrid Mendonça; Marco Zanni; Luís Tadeu Teixeira; Marcos Konká; Igor Neves; Sebastião Messias; Camila Carmen; Liliana Ventorin; Laura Lustosa e Flaviano Avilloni Fontes: entrevistas com Marcel Cordeiro e Antonio Claudino de Jesus

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Olhos mortos •2002• Captação: super 16 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido e preto e branco Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Alfredo Chaves e Vitória - ES (1997/2002) Lançamento: Cine Glória, IX Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2002) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e finalizado com recursos da Secretaria de Estado da Cultura do ES.

Sinopse: garota toma conta de criança que nunca dorme.

Prêmio/carreira: IX Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2002)

Roteiro e direção: Carlos Augusto de Oliveira História: baseada no conto “Olhos mortos de sono”, de Anton Tchekhov Produtores associados: Galpão Produções e Instituto Marlin Azul Produção executiva e direção de produção: Beatriz Lindenberg e Lúcia Caus Direção de fotografia: Márcio Langeani Direção de arte: Orlando Rosa Som direto: Marcio de Oliveira Montagem: Tuco e Natara Ney Edição de som : Trialogo Trilha sonora: J.S. Bach Elenco: Ana Roberta Gualda, Ada Chaseliov, Margarete Galvão, Luiz Tadeu Teixeira, Geisa Ramos e Paulo Otávio.

Fonte: Catálogo do Vitória Cine Vídeo Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 163


Baseado em estórias reais •2002• Captação: super 16 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (2002) Lançamento: Shopping Vitória, Vitória - ES (2002)

Informação complementar: filme vencedor do I Concurso de Roteiros Petrobras Cinema. Beneficiado com recursos da Lei Rubem Braga.

Sinopse: em 1972, em plena ditadura militar, duas histórias se cruzam: na primeira, um jovem, Roberto Schmidt (Daniel Riach), membro de um grupo guerrilheiro, é preso quando tenta assaltar um banco. Sandra (Sônia Fontes), uma jornalista que presencia a cena, decide escrever sobre o fato. Na segunda história que se desenvolve paralelamente, uma mulher (Margareth Galvão) prepara a receita de um bolo. Prêmios/carreira: Melhor filme, Júri Popular Austin Film Festival - Austin - EUA (2003) Prêmio Cacho Pallero - Ibero-Americano do 31º Festival de Cine, Huesca, Espanha Melhor diretor de filmes de curtas-metragens do 2º Festival de Varginha (MG) Diretor do ano do 5º Short Shorts Film Festival, pela Fuji Filmes, Califórnia (EUA) National Board of Review Film Award, Nova York - EUA Kim’s Video Award - Columbia University Film Festival, Nova York - EUA Melhor direção de arte - Columbia University Film Festival, Nova York - EUA (2003) Faculty Honors - Columbia University Film Festival, Nova York - EUA (2003) Hors Concurs - XV Angers Premiers Plans Film Festival, Angers - France Melhor primeiro filme - Prêmio Primeiro Plano, oferecido pelo Consulado da França no Brasil durante a XII Mostra Curta Cinema - VIII Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - RJ Melhor filme, Júri Popular - IX Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES Melhor.ator e menção honrosa no IX Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES Menção honrosa, Curta Mostra Brasil no II Goiânia Mostra Curtas, Goiânia - GO Melhor roteiro, 1º Plano - Festival de Cinema de Juiz de Fora - MG Melhor filme de ficção - III Festival Latino-americano de Campo Grande - MS Mostra Retrata: Cinema & Direitos Humanos, Belo Horizonte - MG 5º Festival TIM Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte - MG Mostra Itinerante Petrobrás 2003 - Rio de Janeiro - RJ , Recife - PE , Santos - SP e Porto Alegre - RS XIV Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo - SP III Curta-se - Festival Luso-Brasileiro de Curtas-Metragens de Sergipe - SE 164 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


I Mostra de Ribeirão Preto - SP I Mostra do Audiovisual Paulista, Osasco - SP II Festival de Varginha - MG VI Mostra de Cinema de Tiradentes - MG XII Mostra Curta Cinema - VIII Festival Internacional de Curtas do Rio de Janeiro - RJ XXXV Festival de Brasília do Cinema Brasileiro - DF IX Vitória Cine Vídeo - Vitória - ES II Goiânia Mostra Curtas - GO Primeiro Plano Festival de Cinema de Juiz de Fora - MG III Festival Latino Americano de Campo Grande - MS XIII Festival Internacional de Curtas Metragens de São Paulo - SP III Tekfestival, Roma - Itália (2004) Muestra de Cine Mexicano e Ibero-americano en Puerto Vallarta - México (2004) Festival de Cine Ibero-americano en Guadalajara - México (2004) Clermont-Ferrand Film Festival 2004, Mercado - França (2004) VIII Siena International Short Film Festival - Itália (2003) V AluCine Toronto Latino Film & Video Festival, Canadá (2003) VIII Tehran International Short Film Festival, Irã (2003) XV Festival International de Cine de Vina del Mar - Chile (2003) VII Rhode Island International Film Festival - EUA (2003) VII Los Angeles Latino Film Festival, Los Angeles - EUA (2003) XXXI Festival de Cine de Huesca, Espanha (2003) World Wide Short Film Festival, Toronto - Canadá (2003) Columbia University Film Festival, Nova York - EUA (2003) V Short Shorts International Film Fest, Japão, EUA, Singapura (2003) XV Angers Premiers Plans Film Festival Hors Concurs, Angers - França (2003) IV Festival Internacional de Cine y Vídeo de Derechos Humanos - DerHumALC Buenos Aires e La Plata - Argentina (2002) V Brasil Plural, Munique e Frankfurt - Alemanha (2002) Indicado para o prêmio ABC de Cinematografia - Indicado para Melhor Direção de Fotografia. Exibições comerciais: participou do Projeto Curta às Seis - exibição de curta-metragens nas salas de cinema do espaço Unibanco, no programa Curtas políticos , exibido em cinco capitais (Rio de Janeiro, Salvador, Aracajú, Brasília e Curitiba). Também foi apresentado no Fórum Social Mundial de Porto Alegre. Participou do Projeto Curta nas telas, em Belém e Porto Alegre, além de ser exibido no Programa Zoom, da TV Cultura.

Roteiro e direção: Gustavo Moraes Empresa produtora: L.C.A. Produções Produção executiva: Ursula Dart Produtora de distribuição: Leandra Moreira Direção de produção: Ana Cristina Murta Direção de fotografia: Mauro Pinheiro Júnior Direção de arte: Erly Vieira Jr. e Rosana Paste Som direto: Alessandra Toledo e Constantino Buteri Montagem: Affonso Gonçalves Edição de som: Dário Ross Dovico e Paulo César Nascimento Mixagem: Nova Arte Trilha sonora original: Marcelo Zarvos Elenco: Sônia Fontes (Sandra Jornalista); Daniel Riach (Roberto Schmidt); José Augusto Loureiro (torturador/censor); Margareth Galvão (Mãe); Jorge Maia (editor); Charles Fricks (Zequinha fotógrafo); Ramiro Candal (assaltante de banco) e Bianca Pimenta (assaltante de banco) Fonte: Leandra Moreira Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 165


Mangue e tal •2002• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 7 minutos - Colorido e preto e branco Som: estéreo Categoria: animação Gênero: infantil Local de produção: Vitória - ES (2002) Lançamento: Cine Glória, IX Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2002) Sinopse: a cidade de Vitória sob diversos pontos de vista. Prêmios/carreira: Prêmio de melhor vídeo amador, no II Festival Latino-Americano de Vídeo Ambiental da Chapada Diamantina - BA (2006) Festival Iberoamericano de Cortos Imagenes Jóvenes em la Diversidad Cultural, Argentina (2006) III Mostra de Vídeo Ambiental MoVA - Caparaó - ES (2006) XI Festival Brasileiro de Cinema Universitário - RJ (2006) Cidades 2006, Feira e Congresso Internacional, Estande TV Antena (2006) Cinepop Brasil - MG/RJ (2006) Onda Cidadã, Itaú Cultural - SP (2006) Radijojo, Alemanha (2006) Circo Cabuwazi, Alemanha (2006) Mostra do Filme Livre - RJ (2005/2006) I Festival Internacional de Cine El Ojo Cojo, Madri - Espanha (2005) IV Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis - SC (2005) II Asolo Cartoon Festival, Itália (2005) Mostra Itinerante de Vídeo Ambiental MoVa Caparaó - ES (2005) III Mostra Amanhã 2004, Itália (2004) Menção Honrosa, no XXVI Festival Internacional do Novo Cinema Latino-Americano de Havana - Cuba (2004) Menção honrosa, I Mostra de Vídeo Ambiental MoVA Caparaó - ES (2004) XXI Encontro com o Cinema da América Latina - França (2004) Cine-PE - Festival do Audiovisual - PE (2003) Menção honrosa, XIII Cine Ceará - CE (2003). XXVI Festival Guarnicê - MA (2003) Festival de Cinema Universitário – RJ (2003) Prêmio melhor curta-metragem em 35mm do Júri Especial / Eletrobrás, no FAM, VII Florianópolis Audiovisual Mercosul - SC (2003) XI Anima Mundi - RJ/SP (2003) XIV Festival Internacional de Curtas-Metragens –SP (2003) XXX Jornada Internacional de Cinema – BA (2003) Festival Tim - MG (2003) Mostra Mapa Piá - PR (2003) XIII Festival Internacional de Curtas - RJ (2003) IX Vitória Cine Vídeo - ES (2002)

166 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Roteiro, animação, fotografia

e direção:

150 alunos da rede municipal de ensino de Vitória Orientação de roteiro: Paulo Halm Orientação de animação e finalização: Ana Rita Nemer Produção: Instituto Marlin Azul Produção executiva: Beatriz Lindenberg Direção de produção: Lucia Caus Delbone Direção de arte: os alunos Montagem: Ana Rita Nemer e Luís Henrique Campos Edição de som e Mixagem: Alexandre Jardim Trilha sonora: Banda de Congo Mirim da Ilha

Fonte: Instituto Marlin Azul

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 167


Mundo cão •2002• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 17 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: comédia Local de produção: Vitória - ES (2001) Lançamento: Cine Glória, IX Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2002) Informação complementar: projeto vencedor do III Concurso de Roteiros Capixabas do Vitória Cine Vídeo. Filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e por meio do convênio de finalização entre a ABD&C/ES e a Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: a história de Jolly, uma cadelinha bem-nascida e de indiscutível pedigree. Herdeira de uma fortuna, ela descobre que nem tudo no mundo é “bom pra cachorro”. Prêmios/carreira: XXX Jornada da Bahia - BA (2003) Festival de Cinema de Recife, Recine - PE (2003) Festival de Brasília - DF (2003) Menção honrosa no Festival de Taguatinga - DF (2003)

Roteiro: César Chaia, Poliana Côgo, Marcelo Martins, Saskia Sá e Paulo Marangoni Direção: Saskia Sá Produção: Verve Produções e Consultoria e Galpão Produções Produção executiva: Poliana Côgo, Marcelo Martins, Saskia Sá, Paulo Marangoni e César Chaia. Direção de produção: Poliana Côgo Direção de fotografia: Luis Abramo Direção de arte: Rogério Dalmonechi e Nina Borges Som direto: Alessandra Toledo e Constantino Buteri Montagem: Célia Freitas Edição de som e mixagem: Estúdio Nova Arte Trilha sonora original: Constantino Buteri e Vanessa Sheideger Elenco: Buza Ferraz; Tamara Taxman; Laura Lustosa; Ignácia Freitas; José Augusto Loureiro; Luis Tadeu Teixeira; Fabio Zamborlini e Fabrício Cerri Fontes: Catálogo do Vitória Cine Vídeo e Saskia Sá 168 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Vampsida •2002• Captação: super 16 mm e vídeo Finalização: 35 mm Curta-metragem 17 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: terror Local de produção: Vitória - ES (1999/2002) Lançamento: Cine Metrópolis, Vitória - ES (2002).

Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga.

Sinopse: Uma história de amor impossível entre o último vampiro e Helena, a última mulher sem o vírus HIV. Prêmio/carreira: IX Vitória Cine Vídeo (2002)

Roteiro e direção: Cloves Mendes Empresa produtora: Botocudo Filmes Produção executiva: Cloves Mendes Direção de produção: Ernandes Zannon Direção de fotografia: Ciro Capellari Direção de arte: Rita Elvira Som direto: Paulo Cesar Montagem: Alessandro Calmon Edição de som: Estúdio Nova Arte Mixagem: Paulo Cesar Trilha sonora original: Jaceguay Lins Elenco: Romulo Mussielo; Dida Padovan; Joelson Fernandes; Alcione Dias e Rubens de Falco (participação especial)

Fonte: Cloves Mendes

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 169


Céu de anil •2003• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 18 minutos - Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: suspense Local de produção: Vitória - ES (2001/2003) Lançamento: Cine Metrópolis, Vitória - ES (2003) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e finalizado com recursos do convênio da ABD&C/ES com a Secretaria Estadual de Cultura/ES

Sinopse: Célio tem seu carro dominado por três assaltantes. Vive uma situação limite em que qualquer ato pode ser determinante no desfecho da trama. Entrelaçando dois possíveis desfechos, o filme mostra como atitudes mínimas podem mudar a trajetória da vida. Prêmios/carreira: Goiânia Mostra Curtas - GO (2004)

Roteiro e direção: Lizandro Nunes Produção: Ursula Dart Produção executiva: Ivana Esteves Direção de produção: Vanessa Frisso Direção de fotografia: Alziro Barbosa Direção de arte: Luciano Cardoso Som direto: Luis Adelmo Montagem: Luiz Guimarães de Castro Edição de som: Aurélio Dias Mixagem: Aurélio Dias Trilha sonora: Leonardo Nunes, Renato Tourco e Alexandre Serafini Elenco: Ronald Vaillant (Célio); Júlio Tigre (Ladrão Doze); Mariana Verly (Ladra); Sérgio Vitória (Ladrão Motorista); Reginaldo Secundo (Amigo de Célio 1); Luciano Cardoso (Amigo de Célio 2) e Priscila Rossi (Morte) Fonte: Lizandro Nunes 170 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


A sabotagem da moqueca real •2003• Captação: 35 mm e super 8 Finalização: 35 mm Curta-metragem 14 minutos - Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: comédia de aventura Local de produção: Cachoeiro de Itapemirim e Vitória - ES (1999/2003) Lançamento: Cine Metrópolis - Vitória - ES (2003) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e finalizado por meio de convênio ABD&C/ES e Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: história de um revolucionário que decide fazer pirataria de TV para mostrar a verdadeira face do imperialismo norte-americano no Brasil. Prêmios/carreira: Melhor Filme - Júri Popular - I Mostra de Cinema de Presidente Kennedy - ES (2009) X Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2003) Internacional de Curtas, São Paulo -SP (2004) Festival do Cinema Brasileiro, Paris - França (2004) Mostra do Filme Livre, Rio de Janeiro - RJ (2005) Festival do Livre Olhar, Porto Alegre - RS (2005) Festival do Filme Fashion, São Paulo - SP (2004) Discovering Latin America, Londres - Inglaterra (2004) Curta às 6 - Petrobras Cultural (2005)

Roteiro e direção: Ricardo Sá Produção: Ricardo Sá, Galpão Produções e CTAV/Funarte Produção executiva: Ricardo Sá Direção de produção: Renato Carniatto Direção de fotografia: Ramon Alvarado Direção de arte: Edmar Galvão Montagem: Nei Fernandes e Márcio Andrade Edição de som: Renato Turco Mixagem: Alexandre Jardim - CTAV Funarte Trilha sonora: Zé Maria, João Schmid, Reginaldo Secundo, Skate na Mente, Carlos Palombini e Leo Nunes Elenco: Reginaldo Secundo (o revolucionário); Elaine Rowena (garota yeyeyê); Paulo DePaula (pai da garota yeyeyê); Suely Simão (a madrasta) Tadeu Teixeira e Celso Adolpho (o namorado da garota yeyeyê) Fonte:Ricardo Sá Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 171


Portinholas •2003• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 7 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: animação Gênero: infantil Local de produção: Vitória - ES (2003) Lançamento: Cine Glória, X Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2003) Sinopse: uma menina descobre um mundo novo por meio da arte.

Prêmios/carreira: Cineminha da Estação, Estação das Docas - PA (2007) Portinari: Trabalho e jogo - Museu de Artes do Espírito Santo - ES (2007) Baixada Animada - RJ (2007) Festival Iberoamericano de Cortos Imagenes Jóvenes em la Diversidad Cultural, Argentina (2006) III Mostra de Vídeo Ambiental MoVA Caparaó - ES (2006) Mostra Itinerante Animarte, PUC - RJ (2006) Semana de Quadrinhos na UFRJ, Mostra Itinerante Animarte - RJ (2006) XI Festival Brasileiro de Cinema Universitário - RJ (2006) Cinepop Brasil - MG/RJ (2006) Onda Cidadã, Itaú Cultural - SP (2006) Cidades 2006, Feira e Congresso Internacional, Estande TV Antena (2006) Radijojo, Alemanha) (2006) 172 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Circo Cabuwazi, Alemanha (2006) Mostra do Filme Livre - RJ (2006) 3º Lugar Júri Profissional/Ensino Médio/Fundamental, no IV Festival Brasileiro Estudantil de Animação, Animarte - RJ (2005) Cinema nos Trilhos - MA/PA (2005) I Festival Internacional de Cine el Ojo Cojo, Madri - Espanha (2005) II Festival de Jovens Realizadores de Audiovisual do Mercosul (CE) - 2005 Sesc - SP (2005) Festival de Vídeo Ambiental de Guararema - SP (2005) III Festival Internacional de Cinema Infantil - RJ/SP/DF/SE/PR/MG (2005) IV Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis - SC (2005) II Asolo Cartoon Festival, Itália (2005) XXIII Festival Internacional de Cinema, Uruguai (2005) Mostra do Filme Livre - RJ (2005) III Mostra Amanhã 2004, Itália (2004) Menção Honrosa, no XXVI Festival do Novo Cinema Latino-Americano de Havana - Cuba (2004) XXI Encontro com o Cinema da América Latina, França (2004) Prêmios de melhor trilha sonora Original e especial do júri/animação, no Cine-PE Festival do Audiovisual - PE (2004) IV Curta-SE - SE (2004) Prêmios de melhor trilha sonora original e melhor animação em curta-metragem de 35mm FAM - VIII Florianópolis Audiovisual Mercosul - SC (2004) Menção honrosa, no XXVII Festival Guarnicê - MA (2004) XII Anima Mundi - RJ/SP (2004) I Festival de Belém do Cinema Brasileiro - PA (2004) XV Festival Internacional de Curtas-metragens - SP (2004) XXXI Jornada Internacional de Cinema - BA (2004) X Vitória Cine Vídeo - ES (2003)

Roteiro, animação, fotografia

e direção:

150 alunos da rede pública municipal de Vitória

História: Inspirada no livro Portinholas, de Ana Maria Machado Produção: Instituto Marlin Azul Produção executiva: Beatriz Lindenberg Direção de produção: Lucia Caus Delbone Direção de arte: os alunos Som direto: Kiko Miranda Montagem: Beatriz Lindenberg e Ana Rita Nemer Edição de som: Kiko Miranda Mixagem: Kiko Miranda Orientação de roteiro: Paulo Halm Orientação de animação e finalização: Ana Rita Nemer Trilha sonora: Banda de Congo Mirim da Ilha e Orquestra Jovem da Academia de Ensino. Fonte: Instituto Marlin Azul Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 173


Escolhas •2003• Captação: 16 mm Finalização: 16 mm Curta-metragem 12 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: comédia Local de produção: Vitória - ES (2001/2003) Lançamento: Cine Glória, X Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2003) Informação complementar: projeto vencedor do III Concurso de Roteiros Capixabas, do Vitória Cine Vídeo. Filme finalizado com recursos do convênio ABD&C/ES e Secretaria de Estado da Cultura/ES.

Sinopse: a história narra um ano da vida de Flávio, um homem que desenvolve obsessão por sua escova de dente. Prêmios/carreira: 10º Vitória Cine Vídeo, Cine Glória - Vitória - ES (2003) 8ª FAM - Florianopolis Audiovisual Mercosul (2004) 27º Festival Guarnice de Cinema do Maranhão (2004) 6ª Mostra Taguatinga (2004) 31ª Jornada da Bahia (2004) 4ª Goiania Mostra Curtas (2004) 3º Festival Primeiro Plano de Juiz de Fora (2004) 10º Curta Video Votarantim (2004)

Roteiro e direção: Ana Cristina Murta Empresa produtora: Galpão Produções Produção executiva: Ursula Dart e Roberto Burura Direção de produção: Vanessa Frisso Direção de fotografia: Roberto Burura Direção de arte: Fabrício Coradello Som direto: Constantino Buteri Montagem: Flávia Celestino Edição de som: Marcos Rivero Trilha sonora: Carlos Bernardo Elenco: Henrique Taxman, Rosana Paste e Rogério Salume Fonte: Ana Cristina Murta 174 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Pour Elise •2004• Captação: super 16 mm e betacam Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Local de produção: Vitória - ES (2003/2004) Lançamento: Cine Glória, XI Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2004) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga

Sinopse: história da jovem Elisa e de sua tia Ana, que vive num asilo. Ou não. Prêmios/carreira: XI Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2004) Cine Guarnicê - MA (2005) Varginha - MG (2005) Festival Internacional de Curtas de Belo Horizonte - MG (2005) Cine Esquema Novo, Porto Alegre - RS (2006) FBCU “Mostra Ex-Alunos”, Niterói - RJ (2006)

Roteiro e direção: Erly Vieira Jr Produção: Ladart Cinema Produção executiva: Ursula Dart e Polyana Cogo Direção de produção: Alana Ribeiro Direção de fotografia: Roberto Burura Direção de arte: Fabrício Coradello e Maruzza Valdetaro Som direto: Constantino Buteri Montagem: Marcelo Pedrazzi Edição de som e mixagem: Fernando Morais e Gian Carlo di Tommaso Trilha sonora não original: Fernando Morais e Erly Vieira Jr Elenco: Glecy Coutinho (Ana) e Ana Cristina Murta (Elisa)

Fontes: Catálogo do Vitória Cine Vídeo e Erly Vieira Jr Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 175


Zen ou não zen? Eis a questão •2004• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 10 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: animação Gênero: infantil Local de produção: Vitória - ES (2004) Lançamento: Cine Glória, XI Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2004) Sinopse: um monge budista imagina como seria sua vida num grande centro urbano.

Prêmios/carreira Festival Iberoamericano de Cortos Imagenes Jóvenes em la Diversidad Cultural, Argentina (2006) Radijojo, Alemanha (2006) XI Festival Brasileiro de Cinema Universitário - RJ (2006) Cidades 2006, Feira e Congresso Internacional, Estande TV Antena (2006) Cinepop Brasil - MG/RJ (2006) Onda Cidadã , Itaú Cultural - SP (2006) Festival Jovem de Mídia de Berlim, Alemanha (2006) Circo Cabuwazi, Alemanha (2006) Centro Cultural Banco do Nordeste - CE (2006) Sesc - SP (2006) 176 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Mostra do Filme Livre - RJ (2006) Mostra Udigrudi - Mundial de Animação - Múmia - MG (2005) IV Festival Brasileiro Estudantil de Animação - Animarte - RJ (2005) Primeiro Plano - Festival de Cinema de Juiz de Fora - MG (2005) XVII Festival Internacional de Cinema de Viña Del Mar - Chile (2005) V Goiânia Mostra Curtas - GO (2005) XIII Gramado Cine Vídeo - RS (2005) XVI Festival Internacional de Curtas-Metragens - SP (2005) VII Festival Internacional de Belo Horizonte - MG (2005) XIII Anima Mundi - RJ/SP (2005) IV Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis - SC (2005) Prêmio de melhor trilha sonora original para curta-metragem em 35 mm, no XXVIII Festival Guarnicê - MA (2005) FAM 2005 - IX Florianópolis Audiovisual Mercosul - SC (2005) Menção Honrosa 35mm/Júri Oficial , no V Curta-SE - SE (2005) II Asolo Cartoon Festival, Itália (2005) Cine-PE - Festival do Audiovisual - PE (2005) XXIII Festival Internacional de Cinema, Uruguai (2005) III Mostra Amanhã 2004, Itália (2004) XI Vitória Cine Vídeo - ES (2004)

Roteiro, direção e animação:

150 alunos da rede municipal de Vitória

Orientação de roteiro: Fernando Coster Produção: Instituto Marlin Azul Produção executiva: Beatriz Lindenberg Direção de produção: Lucia Caus Delbone Orientação de animação e direção de arte: Ana Rita Nemer Som direto: Kiko Miranda e Paulo César Nascimento Montagem: Núcleo Animazul (Marinéia Anatório, Patrick Costa, Renan Ramos, Hugo Fortunato, Marcelo Coutinho, Renato Souza e Guilherme Alomba) Orientadores de finalização: Ana Rita Nemer, Fran de Oliveira e Gabriel Menotti Edição de som: Kiko Miranda e Paulo César Nascimento Mixagem: Kiko Miranda Trilha sonora: Projeto Vale Música: Orquestra Jovem da Academia de Ensino e Banda de Congo Mirim da Ilha

Fonte: Instituto Marlin Azul Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 177


Barbara •2005• Captação: super 8 Finalização: super 8 Curta-metragem 3 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Guaçuí - ES (2005)

Sinopse: o recorte da vida de uma mulher, após a perda de seu marido. Roteiro e direção:

Bernardo F Leitão

Produção: Luciana Roberty Produção executiva: Deyvid Couzi Direção de produção: Moacyr Baptista Direção de fotografia: Bianca Pimenta Montagem: Bernardo F Leitão Edição de som: Eduardo La Cava Trilha sonora: Zeca Baleiro Elenco: Jamile Luppi (Bárbara)

Fonte:Bernardo Leitão 178 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Manada •2005• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 12 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória e Itaúnas - ES (2005) Lançamento: Cine Metrópolis, Vitória - ES (2005) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e pelo edital de finalização da Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: moça acorda desmemoriada em uma praia deserta. Ouve tambores. Corre de encontro ao som e se depara com uma tribo de caçadores de búfalos. Lá também encontra o amor. Prêmios/carreira: Festival Internacional de Curtas de São Paulo SP (2005) Festival Internacional do Rio 2006 e IX Mostra de Tiradentes - MG (2006) III Mostra Produção Independente A vida é curta, Vitória - ES (2007)

Roteiro e direção: Luiza Lubiana História: baseada em conto de Luiza Lubiana Produção: Luiza Lubiana e Vanessa Frisso Produção executiva: Fundação Ceciliano Abel de Almeida Direção de produção: Vanessa Frisso Direção de fotografia: Cristhian Sagaard Direção de arte: Jean R Som direto: Constantino Buteri Montagem: André Francioli Edição de som: Constantino Buteri Mixagem: Estúdios Álamo SP Trilha sonora: Veronica Cerqueira com participação do Jaceguay Lins Elenco: Tatiana Wuo, Tatu Bonela e Markus Konká Fonte:Luiza Lubiana Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 179


Vitória pra mim •2005• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: animação Gênero: infantil Local de produção: Vitória - ES (2005) Lançamento: Cine Glória, XII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2005)

Sinopse: a Vitória de cada um.

180 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Prêmios/carreira: Mosca 3 - Mostra Audiovisual de Cambuquira - MG (2007) Mostra do Filme Livre - RJ (2007) X Mostra de Cinema de Tiradentes - MG (2007) V Festival Brasileiro Estudantil de Animação - Animarte - RJ (2006) Festival Internacional de Cinema Infantil - RJ (2006) Festival Iberoamericano de Cortos Imagenes Jóvenes em la Diversidad Cultural, Argentina (2006) I Granimado - Mostrinha de Animação - RS (2006) III Mostra de Vídeo Ambiental MoVA Caparaó - ES (2006) XI Festival Brasileiro de Cinema Universitário - RJ (2006) VIII Festival Internacional de Curtas-Metragens de Belo Horizonte - Mostra Especial Infantil - MG (2006) I Festival Internacional de Curtas-Metragens,Venezuela (2006) XIV Anima Mundi - RJ/SP (2006) V Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis (SC) - 2006 Prêmio melhor filme infanto-juvenil, FAM 2006 - X Festival Audiovisual Mercosul - SC (2006) XXIX Festival Guarnicê - MA (2006) XII Vitória Cine Vídeo - ES (2005)

Roteiro, desenhos, modelagens e direção:

150 alunos da rede municipal de Vitória

Orientação de roteiro: José Roberto Torero Orientação de animação: Ana Rita Nemer Produção: Instituto Marlin Azul Produção executiva: Beatriz Lindenberg Direção de produção: Lucia Caus Delbone Direção de arte: Ana Rita Nemer Som direto: Kiko Miranda e Paulo César Nascimento Mixagem: Kiko Miranda Trilha sonora: Projeto Vale Música - Orquestra Jovem da Academia de Ensino e Banda de Congo Mirim da Ilha Animação e finalização: alunos do Núcleo Animazul

Fonte: Instituto Marlin Azul Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 181


No princípio era o verbo •2005• Captação: super 16 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 18 minutos - Preto e branco Som: mono Categoria: ficção Local de produção: Vila Velha e Vitória - ES (2003/2005) Lançamento: Cine Glória, XII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2005) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e pelo edital de finalização da Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: fábula composta por três estórias que se fundem num vai e vem lírico e bem-humorado, refletindo sobre o conceito da verdade e sobre a busca por explicações dos fenômenos cotidianos.

182 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Prêmios/carreira: Prêmio de Júri Popular, XII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2005) Prêmios de melhor curta-metragem em 35mm, segundo a crítica e melhores atores brasileiros para Darcy do Espírito Santo e Fábio Matos, no VIII Festival Internacional de Curtametragem de Belo Horizonte - MG (2006) Prêmio especial do júri; melhor roteiro de curta-metragem; prêmio Aquisição Canal Brasil, no XXXIV Festival de Cinema de Gramado - RS (2006) XVII Festival Internacional de Curtas-Metragens de São Paulo - SP (2006) Prêmio Espaço Unibanco de Cinema - SP(2006) Festival de Cinema de Goiânia (2006) Festival Audiovisual de Varginha (2006) Vencedor do 1º AXN Film Festival (2006) Exibido no Curta Cinema (2006) Prêmio de melhor ator para Augusto Madeira, Festival de Atibaia Internacional do Audiovisual (2007) Prêmio de melhor curta-metragem em 35mm e melhor filme, segundo o Júri Popular, no Curta-SE (2007) Prêmios de melhor direção de curta-metragem e melhor filme de curta-metragem, no XI Festival Brasileiro de Cinema de Miami (2007) Guarnicê - MA (2006) Terceiro Melhor Filme de 2006, segundo o Festival de Cinema e Vídeo de Cuiabá III Mostra Produção Independente A vida é curta, Vitória - ES (2007)

Roteiro e direção: Virgínia Jorge Produção: Polyana Cogo, Saskia Sá, Patrick Tristão, Barbara, Jeffinho Pinheiro Finalização: Virgínia Jorge Produção executiva: Virgínia Jorge, Polyana Cogo e Galpão Produções Direção de produção: Saskia Sá Direção de fotografia: Fernando Miceli Direção de arte: Rosana Paste Som direto: Alessandra Toledo Montagem: Célia Freitas Edição de som: Eduardo Nunes Mixagem: José Claudio Castanheira Trilha sonora: original: Marcel Dadalto, Zé Renato. cedida: Chico Buarque de Holanda Elenco: Emiliano Queiroz; Augusto Madeira; Markus Konká; Darcy do Espírito Santo; Fábio Matos; Carlos Roberto Jr. (Dadinho) e Celsão Rodrigues

Fonte:Virgínia Jorge

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 183


Como se fosse ontem •2005• Captação: vídeo Finalização: 35 mm Curta-metragem 6 minutos - Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: comédia romântica Local de produção: Vitória - ES (2005) Lançamento: XXIII Festival de Gramado - RS (2005) Informação complementar: filme finalizado com recursos do edital de finalização da Secretaria Estadual de Cultura/ES

Sinopse: final de um campeonato de futebol infantil de bairro. De um lado, o goleiro invicto. Do outro, a artilheira do campeonato. Nos pés dela, a decisão. Nas mãos dele, muito mais que o titulo de campeão. Prêmios/carreira: O curta capixaba foi o único representante brasileiro em 2005, dentre os 45 filmes selecinados dos mais de 600 trabalhos inscritos de todo o mundo para participar do programa Shoot Goals, Shoot Films do Festival Internacional de Cinema de Berlim. Por sua participação em Berlim, fez parte de uma mostra itinerante para divulgação e promoção da Copa do Mundo de Futebol em 2006, na Alemanha, organizada pelo governo alemão. Participação em festivais: XXXIII Festival de Gramado - RS XXXII Jornada de Cinema da Bahia - BA V Goiânia Mostra Curtas - GO IV Festival de Cinema de Varginha - MG XII Vitória Cine Vídeo - ES I Festival de Campinas Cinema e Vídeo Internacional - SP V Mostra Produção Independente Cinema em Negro e Negro, Vitória - ES (2009)

Direção: Gustavo

Roteiro: Gustavo Moraes

Moraes e Roberto Seba

Empresa produtora: 55 Filmes Produção executiva: Leandra Moreira Direção de produção: Ana Vitorino, Sara Rangel e Marina Maia Direção de fotografia: Marcos Aurélio Albuquerque Direção de arte: Ana Vitorino Som direto: Carolina da Cunha Montagem: Roberto Seba Edição de som: Nova Arte Mixagem: Nova Arte Trilha sonora: Tamy, Maga Bo e Xico Viola Elenco: Márcia Santos (Esposa); Fábio de Medeiros (Marido); Dayanne Josephe (Menina Jogadora) e Vitor Horsts de Medeiros (Menino Goleiro) Fonte: Leandra Moreira 184 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Lita •2005• Captação: vídeo Finalização: 35 mm Curta-metragem 2 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: experimental Local de produção: Vitória - ES (2004) Lançamento: Cine Glória, XII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2005)

Sinopse: senhora utiliza a memória para alimentar seu espírito. Prêmios/carreira: Prêmio Júri Online no XII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2005) Selecionado para a Mostra Universitária de Cuiabá - MT (2005) Selecionado para o Cine-Curupira - AM (2006) Fest-Olhares, Viçosa - MG (2006) XI Festival Brasileiro Universitário - RJ (2006) Mostra Audiovisual de Cambuquira - MG (2006) Prêmio do júri por pesquisa de linguagem e expressão poética no V Primeiro Plano, Festival de Cinema de Juiz de Fora - MG Exibido na TVE (ES), no programa Curta vídeo (2005). Exibido na TV Assembléia, no programa Produção Independente (2005)

Roteiro e direção: Gui Castor Produção executiva: Flávia Moraes Direção de fotografia: Gui Castor Montagem e edição de som: Gui Castor Trilha sonora original: Andrés Segóvia Elenco: Maria Elita de Oliveira Castor

Fontes: Catálogo do Vitória Cine Vídeo e Gui Castor Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 185


Saudosa •2005• Captação: vídeo Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: falso documentário Local de produção: Muniz Freire - ES (2005) Lançamento: Cine Glória, XII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2005) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga.

Sinopse: nem tudo em Saudosa é ficção. Prêmios/carreira: Melhor Ficção no II Tudo Sobre Mulheres - MT (2006) XII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2005) Corta Curtas, São Paulo - SP (2006) Festivais de São Luís - MA, Florianópolis - SC e Teresina - PI (2006) III Mostra de Vídeo Ambiental MoVA Caparaó - ES (2006) IX Festival de Cine Gay y Lésbico, Extremadura - Espanha (2006) Curta-Se, Aracaju - SE (2007) Cine Esquema Novo, Porto Alegre - RS (2007) FBCU “Mostra Ex-alunos”, Niterói - RJ (2007) Festival de Curitiba - PR (2007) I ForRainbow - CE (2007) III Mostra Produção Independente A vida é curta, Vitória - ES (2007)

Roteiro e direção: Erly

Vieira Jr. e Fabrício Coradello

Empresa produtora: Casa do Lago Produção executiva e direção de produção: Fabrício Coradello Direção de fotografia: Ursula Dart Direção de arte: Maruzza Valdetaro, Herbert Pablo e Júlio Schmidt Som direto: Alessandra Toledo Montagem: Lizandro Nunes Edição de som e mixagem: Cristiano Botafogo e Maurício Habert Trilha sonora: Cristiano Botafogo e Maurício Habert Elenco: Beth Santina (Saudosa); Alexandre Almança (Menino) e Edinê Pereira (Mãe) Fontes: Catálogo do Vitória Cine Vídeo e entrevista com Erly Vieira Jr e Fabrício Coradello 186 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Observador •2005• Captação: vídeo Finalização: 35 mm Curta-metragem 12 minutos - Colorido Som: mono Categoria: ficção Gênero: suspense Local de produção: Vitória - ES (2003) Lançamento: XII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2005) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e do edital de finalização da Secretaria de Estado da Cultura/ES.

Sinopse: história de Douglas, um rapaz que meteu o “mouse” onde não devia. Prêmios/carreira: Selecionado no Goiânia Mostra Curtas - GO (2006) IV Festival Primeiro Plano de Juiz de Fora - MG XII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2005)

Roteiro e direção: Alexandre Serafini Produção: Ana Cristina Murta e Roberto Burura Produção executiva: Roberto Burura e Polyana Côgo Direção de produção: Saskia Sá Direção de fotografia: Roberto Burura Direção de arte: Rosana Paste e Thaís Graciotti Som direto: Alessandra Toledo Montagem: Beto Maciel Edição de som: Junior Rabelo Trilha sonora: Marcel Dadalto Elenco: Glauber Vianna (Douglas); Luiz Tadeu Teixeira (Wilson); Markus Konká (Marcos) e Ana Cristina Murta (Jéssica) Fonte: Alexandre Serafini Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 187


Vitória de Darley •2006• Captação: DV cam Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: comédia Local de produção: Vitória - ES (2006) Lançamento: Cine Odeon, Mostra Curta Cinema, Rio de Janeiro - RJ (2006) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga

Sinopse: a rotina de um edifício é abalada quando Darley, um sem-teto, resolve se instalar no corredor do prédio, com disposição para conviver com os moradores. O filme aborda questões como intolerância, racismo e dificuldade de convivência social. Prêmios/carreira: Prêmio Júri Popular do Festival de Curtas-Metragens de Direitos Humanos - Entretodos, São Paulo - SP (2007) Curta Cinema - Festival Internacional de Curtas-Metragens, Rio de Janeiro - RJ (2006) Cine Sul, Rio de Janeiro - RJ (2007) IV Mostra Produção Independente Desconstrução, Vitória - ES (2008)

Argumento: Janine Corrêa Roteiro: Janine Corrêa e Renato Rosati História: baseada em conto do escritor russo Daniil Charms Direção: Renato Rosati Produção: Janine Corrêa Produção executiva e direção de produção: Alice Spitz Direção de fotografia: Othon Castro Direção de arte: Erly Vieira Jr. Som direto: Pedro Moreira Montagem: Caito Mainier Edição de som: Sandro Gomes Mixagem: Damião Lopes Trilha sonora: Tonifiq Modele Elenco: Babu Santana (policial); Fernando Alves Pinto (rapaz); Janine Corrêa (mulher); Markus Konká (Darley); Paulo Goya (velho) e Robert Pacheco (porteiro) Fonte:Janine Corrêa 188 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Chamas na Ilha •2006• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 20 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES - Brasil (2003) Lançamento: Cine Metrópolis - Vitória - ES (2006) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e finalizado por meio de convênio ABD&C/ES e Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: Clara é uma bela jovem, moradora de uma favela da ilha de Vitória. Ela conhece um comandante de um navio estrangeiro e deside partir com ele em busca de uma vida melhor, abandonando sua relação com Teodoro. Roteiro e direção:

Marcos Veronezi

História: baseada em fato real Produção: Sergio de Medeiros Produção executiva: Marcos Veronezi Direção de produção: Sergio de Medeiros Direção de fotografia: Luiz Abramo Direção de arte: Norton Dantas Som direto e montagem: Ney Fernandez Edição de som: Century Midia Pley Mixagem: Century Midia Pley Trilha sonora: Banda de Congo Amores da Lua. Elenco: Alvarito Mendes; André Murta; Kelly Rosa; Sonia Fontes; Ignacia Freitas e Igor Moraes.

Fonte:Marcos Veronezi Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 189


A passageira •2006• Captação: vídeo Finalização: 35 mm Curta-metragem 10 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (2005) Lançamento: Cine Glória, no XIII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2006) Informação complementar: vencedor do V Concurso de Roteiro Capixaba

Sinopse: é quase uma história sobre a vida, o amor e a morte. Prêmios/carreira: Prêmio Júri Popular no XIII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2006)

Argumento: Glecy Coutinho Roteiro e direção: Glecy Coutinho e Margarete Taqueti Supervisão: Dib Lutfi e Ruy Guerra Produção: Galpão Produções Produção executiva: Beatriz Lindenberg e Lucia Caus Delbone Direção de produção: Gustavo Moraes e Leandra Moreira Direção de fotografia: Dib Lufti Direção de arte: Elisa Queiroz Montagem: Fran Oliveira, Wagner Mazzega Edição de som: Paulo César Nascimento Trilha sonora: Gilberto Garcia, Moacyr Barros, Fernando Rueda Elenco: Mariângela Pellerano; Janine Corrêa; Pietra de Lima Cortelletti; José Augusto Loureiro; Cilmar Franceschetto; Willer Vilaças; Gilson Moraes Martins e Nardo de Oliveira

Fonte: Catálogo do Vitória Cine Vídeo

190 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Enquanto houver fantasia... •2006• Captação: mini dv Finalização: 35 mm Média-metragem 30 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: comédia de aventura Local de produção: Vila Velha e Vitória - ES (2004) Lançamento: Cine Metrópolis, Vitória - ES (2006) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga.

Sinopse: paródia da série de TV Ilha da Fantasia, com pitadas de engajamento sócioambiental, em linguagem de cinema de bordas. Prêmios/carreira: III Mostra Produção Independente A vida é curta, Vitória - ES (2007)

Roteiro e direção: Ricardo Sá Empresa produtora: Interferências Produções Produção executiva: Ricardo Sá e Polyana Cogo Direção de produção: Alana Ribeiro Direção de fotografia: Rodolfo Oliveira Direção de arte: Nina Borges Som direto: Alessandra Toledo, Constantino Buteri Montagem: José Augusto Pimentel e Hugo Reis Edição de som: L. X. Mixagem: Damião Lopes Trilha sonora: Zé Maria, Cariê Lindenberg, Verônica Cerqueira e Nós Moscados, Deivison Siqueira e Altair Furlane Elenco: Seu Manoelzinho (anfitrião da Ilha); Marcelo Alves (homem-garça); Deivison Siqueira (rapper); Sandra Mendonça (namorada do rapper) e Reginaldo Secundo (o bruxo da Ilha) Paulo Fernandes (participação especial)

Fonte: Ricardo Sá

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 191


Lally e Lalí •2006• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vila Velha e Vitória - ES (2000/2006) Lançamento: Cine Metrópolis, Vitória - ES (2006) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e finalizado por meio de convênio entre a ABD&C/ES e a Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: a exploração do trabalho infantil é abordada de forma lúdica. O filme mostra um dia na vida de Lalí, uma menina que vende milho à noite. Exposta a tudo, incluindo violência física e assédio sexual, ela experimenta situações que podem alterar seu desenvolvimento físico, intelectual e psicológico. Roteiro e direção: Sergio de Medeiros História: Baseado no conto Lali, de Renato Pacheco Produção: Travelling Cinematográfica Produção executiva: Pat Moore e Hélio Teixeira de Lima Direção de produção: Marlécio Matos Direção de fotografia: Hélio Silva Direção de arte: Nortton Dantas Som direto e montagem: Ney Fernandes Edição de som: Ney Fernandes Mixagem: B. M. Rosemberg Trilha sonora: Músicas: Salve Regina, de Vivaldi; Stabat Mater, de Pergolesi; Standchen, de Schubert. Interpretadas por Cláudio Modesto e pelo Coral da Ufes. Elenco: Aline Goltara (Lalí); Teresa Galimberte (Lally); Luiz Tadeu Teixeira (Bêbado); Verônica Gomes (Mãe de Lalí); Paulo DePaula (Mendigo); Alvarito Mendes Filho (Pedófilo); Vidha Penalva (Prostituta); Banda Lordose pra Leão (participação especial) Fonte: Sergio de Medeiros 192 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


Albertinho •2006• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 12 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: animação Gênero: infantil Local de produção: Vitória - ES (2006) Lançamento: Cine Glória, XIII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2006) Sinopse: a história de um menino que tem um sonho: voar. Uma homenagem a Alberto Santos Dumont e ao centenário do vôo do 14 Bis. Prêmios/carreira: Festival Internacional de Cine El Ojo Cojo, Madri - Espanha (2007) MOSCA 3 - Mostra Audiovisual de Cambuquira - MG (2007) VI Mostra de Cinema Infantil de Florianópolis - SC (2007) FAM 2007 – 11º Festival Audiovisual Mercosul (2007) XV Anima Mundi - RJ/SP (2007) Prêmios: Porta Curtas e Reperiferia, no Festival Audiovisual Visões Periféricas - RJ (2007) XIII Vitória Cine Vídeo - ES (2006)

Roteiro, desenhos, animação

e direção:

150 alunos da rede municipal de Vitória - ES Orientação de Roteiro: Eduardo Valente Orientação de animação: Ana Rita Nemer, Rosária e Marinéia Anatório Produção: Instituto Marlin Azul Produção executiva: Beatriz Lindenberg Direção de produção: Lucia Caus Delbone Direção de arte: os alunos Som direto: Kiko Miranda Montagem: Rosaria e Alessandro Monnerat Edição de som e mixagem: Kiko Miranda Trilha sonora original: Projeto Vale Música - Orquestra Jovem da Academia de Ensino e Banda de Congo Mirim da Ilha

Fonte: Instituto Marlin Azul Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 193


Graçanaã •2006• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 15 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (2006) Lançamento: Cine Ritz Norte-Sul, Vitória - ES (2006) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e do edital de finalização da Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: um retorno imaginário do escritor Graça Aranha às montanhas do Espírito Santo, onde viveu em 1890, durante os primórdios da imigração alemã na região, onde extraiu elementos para escrever sua obra-prima, o romance Canaã. Nessa viagem espiritual, ele faz um acerto de contas com o seu passado. Prêmios/carreira: Exibido Cine Ritz-Norte Sul, Vitória - ES (2007) Exibido Cine Glória, Vila Velha - ES (2007) XIII Vitória CineVídeo, Vitória - ES (2006) Exibido na praça central de Santa Maria de Jetibá (ES) Exibido em escola pública de Vale Encantado, Vila Velha - ES Festival Guarnicê, São Luís - MA Festival Goiamun - RN Selecionado para o CurtaAntes - Banco do Nordeste (CE)

Roteiro, produção e direção:

Luiz Tadeu Teixeira

Produção executiva: Anne Candall Direção de produção: Vanessa Frisso Direção de fotografia: Fernando Miceli Direção de arte: Rosana Paste Som direto: Alessandra Toledo e Constantino Buteri Montagem: Julio Souto Edição de som e mixagem: Fernando Fonseca Trilha sonora: Jaceguay Lins Elenco: Luiz Tadeu Teixeira; Ana Cristina Murta; Jor-El Fernando; Ignácia Freitas; José Augusto Loureiro; Alvim Barbosa; Erlon Paschoal; Margareth Galvão; Ednardo Pinheiro; Jovany Salles Rey e Rogério Leonel (“Pirão”) Fonte: Catálogo do Vitória Cine Vídeo

194 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


O Evangelho segundo Seu João •2006• Captação: vídeo Finalização: 35 mm Curta-metragem 17 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: documentário Gênero: etnográfico Local de produção: Muqui - ES (2006) Lançamento: Cine Glória - XIII Vitória Cine Vídeo - Vitória, ES (2006) Informação complementar: filme beneficiado com recursos do edital de finalização da Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: O Evangelho segundo Seu João não é um filme sobre Folia de Reis. Revela um homem “santo”, de 74 anos, que comanda esta manifestação folclórica há 56 anos. Apesar de ser analfabeto, tem a função de ser um sábio. Não deixa perguntas sem respostas, o que o leva a criar parábolas e abordagens inéditas e peculiares. Prêmios/carreira: Troféu on line de melhor filme e menção especial do júri no XIII Vitória Cine Vídeo, Vitória - ES (2006) Troféu ABD-MA de melhor filme no XXX Guarnicê, São Luiz - MA (2007) Prêmio Revelação - III Mostra Produção Independente A vida é curta, Vitória - ES (2007) Troféu online de melhor filme - Festival Primeiro Plano - MG (2007) Filme Convidado para o Festival Internacional de Curtas - RJ (2007) Menção Especial do Júri - Curta-SE (2007)

Roteiro e direção: João Moraes e Eduardo Souza Lima Produção: Patuléia Filmes, Luca filmes e Hy Brazil Filmes Produção executiva: Penha Garcia e Ylênia Silva Direção de produção: Penha Garcia Direção de fotografia: Leonardo Gomes Direção de arte: Eduardo Souza Lima Som direto: Pedro Monteiro e Aroldo Sampaio Montagem: Leonardo Gomes Edição de som: Kiko Miranda Mixagem: Estúdio Nova Arte Trilha sonora: Folia de Reis Estrela do Mar Fonte: www.patuleia.com Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 195


Nunca mais vi Erica •2007• Captação: 35 mm Finalização: 35 mm Curta-metragem 20 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: suspense Local de produção: Vitória - ES (2005/2007) Lançamento: Cine Jardins - Vitória - ES (2007) Informação complementar: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e pelo edital de finalização da Secretaria Estadual de Cultura/ES.

Sinopse: Erica, após anos longe da capital, reencontra um ex-namorado que desperta lembranças e desejos incontroláveis. Prêmios/carreira: Festival Internacional de Curtas de São Paulo - SP (2007) Festival de Cinema de Maringá - PR (2007) Festival de Cinema de Santa Maria - RS (2007)

Roteiro e direção:

Lizandro Nunes

Produção executiva: Ursula Dart Direção de produção: Alana Ribeiro Direção de fotografia: Alexandre Ramos Direção de arte: Rosana Paste Som direto: Alessandra Toledo Montagem: Lizandro Nunes Edição de som: Lizandro Nunes e Aurélio Dias Mixagem: Aurélio Dias Trilha sonora original: Sandro Letaif Elenco: Andressa Furletti (Erica); Bento Abreu (Miro) e Sandro Costa (Sérgio) Fonte:Lizandro Nunes 196 • Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo


A fuga •2007• Captação: vídeo Finalização: 35 mm Curta-metragem 17 minutos - Colorido Som: estéreo Categoria: ficção Gênero: drama Local de produção: Vitória - ES (2005) Lançamento: Cine Metrópolis, III Mostra Produção Independente A vida é curta, Vitória - ES (2007) Informações complementares: filme produzido com recursos da Lei Rubem Braga e do edital de finalização da Secretaria Estadual de Cultura/ES

Sinopse: um velho e sua vida miúda e invisível. Seus sonhos deixados pelas calçadas suburbanas. Uma foto e uma fuga. Mas tudo pode mudar. Roteiro e direção: Saskia Sá Produção executiva: Polyana Côgo Direção de produção: Alana Ribeiro Direção de fotografia: Patrick Tristão Direção de arte: Rosana Paste Som direto: Alessandra Toledo Montagem: Alex Krusemark e Lizandro Nunes Edição de som e mixagem: Damião Lopes Trilha sonora original: Marcelo Ribeiro Elenco: Sebastião Modesto (Rodolfo Velho); Anderson Café (Rodolfo Jovem); Flávia Morais (Maria); Ignácia Freitas (Noca); Luiz Tadeu Teixeira (Freguês Filósofo); Edna Zampieri (Efigênia); Alcione Dias (Zilda); Fernandinho Margarete Galvão ( Val); Fernandinho (Bisquinha), Fabíola Buzin (Jéssica) e Márcio Rosa (Betinho) Fonte: Saskia Sá

Catálogo de Filmes: 81 anos de cinema no Espírito Santo • 197




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CATÁLOGO DE FILMES: 81 anos de cinema no Espírito Santo

PATROCÍNIO

C.UFES

Secretaria de Cultura

APOIO

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