Governança e Compliance
Danylo Martins
O processo de reestruturação das práticas de governança e compliance exige que se olhe não só para consumidores e stakeholders, mas também para o público interno
Tudo se ilumina Ao longo dos últimos quatro anos, a Operação Lava Jato tem denunciado esquemas de corrupção envolvendo grandes empresas brasileiras, como Odebrecht e Petrobras. Tais acontecimentos colocaram em xeque a imagem das companhias aos olhos não só da imprensa, do mercado e dos consumidores, mas também dos próprios funcionários. A reputação abalada exigiu – e ainda exige – um esforço enorme para a reestruturação de 32 Comunicação Empresarial 102 | Aberje
políticas e práticas de governança corporativa e compliance. Para que as mudanças reverberem, a comunicação precisa ser uma voz ativa. Não basta o discurso protocolar, avalia Paulo Nassar, diretorpresidente da Aberje e professor titular da ECA-USP. “É aquela comunicação ritualizada pelas narrativas da experiência, com exemplos dados pelo comando da empresa. Tudo isso tem como referência as ações realizadas durante a história da organização e percebidas pelos diferentes públicos”, diz. Nesse sentido, a comunicação atua fortemente alinhada com a área de compliance. Sem a integração entre os profissionais, o compliance corre o risco de virar um grande “big brother” na organização, reforça Nassar. “Precisa ser um processo enraizado e associado a uma transformação cultural, que ocorre por meio de diálogos.” Segundo Valéria Café, superintendente de Vocalização e Influência do Instituto Brasileiro de Governança Corporativa (IBGC), o sistema de compliance é mais do que seguir regras – é aplicar efetivamente os valores no dia a dia da companhia. Cabe à comunicação explicar como funciona esse sistema de integridade e, a partir daí, estimular o engajamento dos profissionais, com os líderes da organização como protagonistas das melhores práticas. “É um processo lento e longo de modificação de discurso e atitude, no sentido de garantir a transparência”, aponta.