ABIGAIL NEHAMA DAZCAL ROIZMAN
USOS DA INTERNET COMO RECURSO DIDÁTICO Capacitação de professores do Ensino Fundamental
Pontifícia Universidade Católica São Paulo Novembro de 2008
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ABIGAIL NEHAMA DAZCAL ROIZMAN
USOS DA INTERNET COMO RECURSO DIDÁTICO Capacitação de professores do Ensino Fundamental
Trabalho de Conclusão de curso apresentado como exigência parcial da Habilitação Magistério do Curso de Pedagogia. Orientadora – Profa Regina Helena Zerbini Denigres
Pontifícia Universidade Católica São Paulo Novembro de 2008
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Dedico este trabalho a meu saudoso pai, Daniel Dazcal Z”L, que me ensinou o que significa Educação, Amor e Trabalho.
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ROIZMAN, Abigail Nehama Dazcal. Usos da internet como recurso didático. 2008. Trabalho de Conclusão de Curso
Resumo Este trabalho aborda questões da educação no ciberespaço, priorizando a internet como recurso didático. O objetivo do trabalho era elaborar um curso de capacitação de professores do Ensino Fundamental para o uso de blogs, wikis e do Google Earth como recursos didáticos. Primeiramente levantou-se o marco teórico para, então, partir para a elaboração do curso. O curso foi pautado em uma abordagem sócio-cultural de educação. Espera-se com este curso que os professores do Ensino Fundamental enxerguem, criticamente, a internet como um aliado na prática educativa, bem como procure apoios de ensino em espaços extra escolares. Portanto, este trabalho visa a formação crítica e curiosa destes professores pesquisadores.
Palavras chave: recursos didáticos, educação, internet.
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SUMÁRIO Introdução.........................................................................................................04 Capítulo 1 – A Internet.....................................................................................07 1.1.
Breve histórico..............................................................................07
1.2.
A internet e o ciberespaço............................................................08
1.3.
Comunicação no ciberespaço (das sociedades orais aos ciberespaço).................................................................................10
Capítulo 2 – Recursos didáticos.....................................................................12 2.1. Relação entre recurso de ensino e abordagem do processo...........13 2.1.1. Recursos utilizados prioritariamente em uma abordagem tradicional...........................................................................................................14 2.1.2. Recursos utilizados prioritariamente em uma abordagem comportamentalista............................................................................................14 2.1.3.Recursos utilizados prioritariamente em uma abordagem humanista..........................................................................................................15 2.1.4.Recursos utilizados prioritariamente em uma abordagem cognitivista.........................................................................................................15 2.1.5. Recursos utilizados prioritariamente em uma abordagem sóciocultural...............................................................................................................16 Capítulo 3 - O computador e a educação.....................................................17 3.1. O computador como meio para a construção e representação de conhecimento....................................................................................................17 3.2. O computador para a busca e o acesso à informação....................19 3.3. O computador como facilitador da comunicação.............................20 3.4. O blog...............................................................................................21 3.4.1. Breve histórico...........................................................................23 3.4.2. O blog como recurso didático....................................................23 3.5. O wiki...............................................................................................27
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3.5.1. Características do wiki...............................................................28 3.5.2. Wiki como recurso didático........................................................29 3.6. O Google Earth................................................................................31 3.6.1. O Google Earth como recurso didático......................................32 Capítulo 4 – O curso........................................................................................35 4.1. Planos de aula.................................................................................38 4.1.1. Módulo 1 - O computador como recurso didático......................38 4.1.2. Módulo 2 - Blogs como ferramenta didática..............................42 4.1.3. Módulo 3 - Wiki como ferramenta didática................................47 4.1.4. Módulo 4 - O Google Earth como recurso didático...................49 4.1.5. Módulo 5 - O professor na vanguarda educacional..................54 Considerações finais..................................................................................... 55 Referencial bibliográfico....................................................................................56 Anexos...............................................................................................................58 Anexo 1 – Slides para aula 1..................................................................01 Anexo 2 – “Abordagem Sócio-cultural”...................................................07 Anexo 3 – “Ensinar não é transferir conhecimento”...............................18 Anexo 4 – “O papel do computador no processo de ensino aprendizagem”..30 Anexo 5 – “Blogs e as práticas de escrita sobre si na internet”..............36 Anexo 6 – Formulário – Proposta de criação de blog pedagógico.........39 Anexo 7 – Criando e postando no blog...................................................40 Anexo 8 – Layout do blog........................................................................43 Anexo 9 – “Sobre professores marcantes”..............................................45
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Introdução Uma das mais desafiadoras questões que as escolas estão buscando resolver hoje trata do papel do computador, ou da informática, na escola. A questão surge por conta das inúmeras mudanças que este recurso vem provocando no perfil da sociedade, mais especificamente com relação à internet, que provocou mudanças significativas na comunicação. A linguagem está mudando, o relacionamento interpessoal, as formas de aprendizagem e assim por diante. Hoje, com a internet, novos desafios são lançados para a Educação. Gutierrez (2003) aponta que as tecnologias educacionais informatizadas (TEI), por se tratarem de um fenômeno recente, são vistas com receio por muitos educadores, mas que existe um consenso quanto ao fato de que cada vez mais a tecnologia fará parte do cotidiano da sociedade. Existe na comunidade docente, certa desconfiança com relação ao papel do computador na escola, pois ainda se teme a substituição do professor, ou ainda a anulação do papel do docente. Para Xavier (2007) não há riscos de os professores serem substituídos pelos computadores, mas que aqueles que souberem se utilizar deles, terão mais campo de trabalho. As novas tecnologias trouxeram desafios aos professores, que devem ser conhecidos e compreendidos, como coloca Xavier (Ibidem), que é, por exemplo, a emergência de novos gêneros textuais. Mas não é apenas no ensino da língua que se sentem as influências da tecnologia. As pesquisas escolares, por exemplo, são feitas diretamente pela internet, deixando de lado a literatura, as bibliotecas e assim por diante. Esta realidade aflige muitos professores, que descobrem nas produções de seus alunos informações errôneas, que os alunos as aceitam como verdade por haverem retirado da internet. Além desses desafios citados acima, existe também uma coleção de palavras novas, incorporadas nos diálogos dos alunos, que não significam nada para a maioria dos professores, como homepages, sites, fotologs, blogs, orkut, msn. Xavier (Ibidem) traz a denominação dada por alguns professores da Educação Básica de tsunami digital, que para ele nada mais é que a forma que os professores
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estão vendo toda estas mudanças de linguajar. Comparar as práticas discursivas em ambiente digital a uma catástrofe terrível como a que vimos na TV é, no mínimo, um grito de socorro na rede pública de ensino que ainda desconhece o potencial pedagógico do computador conectado à internet. (2007, p.16).
A internet, se vista como uma aliada do trabalho docente, pode ser de grande valor para os professores. A facilidade de comunicação entre os educadores, a aquisição de artigos pertinentes aos conteúdos escolares, digitação de textos e outros são exemplos de usos dados pelos educadores ao computador. E para além destas possibilidades, este trabalho pretende mostrar que a internet oferece possibilidades simples e interessantes de uso pedagógico, auxiliando no aprimoramento da prática docente. A implantação das novas tecnologias no ambiente escolar parece ter sido unanimemente aceita pelas escolas, porém fica ainda a questão – o que fazer com essas máquinas? Como elas podem auxiliar no processo de ensinoaprendizagem? Qual é o papel do educador frente estas questões? Gutierrez (ibidem) propõe que os educadores se preocupem com a tecnologia da educação, ou seja, o uso da tecnologia que vise “um projeto de sociedade e de educação dirigido pela e para a participação coerente e crítica de todos”, pois do contrário haverá crescente aplicação da tecnologia na educação, que seria a utilização da tecnologia com “objetivação das idéias e do projeto de mundo de uma classe dominante”. Em outras palavras, a diferença está posta na forma como o professor utilizará o computador, podendo haver uma preocupação com a formação de indivíduos críticos, que se utilizarão da tecnologia para auxiliar na transformação de seu entorno, ou não, utilizando a tecnologia como mero recurso alienante, que pouco pode auxiliar na mudança da realidade. É, portanto de suma importância que o educador tenha claro que tipo de formação aspira para seus alunos, que compromisso tem para com esta sociedade na qual está inserido e como estes novos recursos podem contribuir para tal.
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Valente (apud BIANCONCINI, 2005) propõe a analise de três grandes aplicações do computador na educação: Como meio para representar e construir novos conhecimentos. Para buscar e acessar informação. Para comunicação com outras pessoas, ou estabelecer relações de cooperação na resolução de problemas. Com este curso, pretendo mostrar algumas possibilidades do uso do computador, que abrangem estas três possíveis aplicações do computador na educação. É por este motivo que selecionei especificamente duas ferramentas da internet: o blog e o GoogleEarth. Com estas ferramentas posso exemplificar para o professor como ele pode se apropriar do computador de forma fácil e muito eficiente para sua prática docente e para a formação de indivíduos críticos.
Enfim, os alunos já são de uma geração na qual o computador é parte importante de suas vidas, é um meio de comunicação importante para todos, e que apresenta uma realidade bem diferente da que tiveram os atuais educadores.
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1. A Internet 1.1. Breve histórico Em 1945 surgiram os primeiro computadores, de uso exclusivo dos militares americanos e ingleses. Porém, para Lèvy (1999), é somente na década de 1970 que começa a sua relevância social. Com o desenvolvimento e a comercialização do microprocessador, a economia e a sociedade iniciaram um processo de transformação. As linhas de produção passaram a ser robotizadas, o setor de serviços passou a se automatizar e a vida doméstica também. É, porém, na década de 1980 que a informática foi perdendo o status de técnica e de setor industrial para difundir-se com os meios de comunicação. A palavra “ciberespaço”, segundo Lèvy (1999), foi criada em 1984 por William Gibson em seu romance de ficção científica Neuromantes,na qual relaciona redes de computadores à um espaço de informação, que não é geográfico ou físico, mas virtual. Nesta época, o computador ainda não era entendido como meio de comunicação. Trata-se da década dos vídeo-games, quando a inteligência artificial começa a penetrar os lares do mundo todo. A criação da internet surge no final dos anos 80 e início dos anos 90, graças à um “movimento sócio-cultural originado pelos jovens profissionais das grandes metrópoles e dos campi americanos” (LÈVY, p. 32), de forma espontânea. As diferentes redes de computadores que se formaram desde os anos 70, se juntam umas às outras, formando uma grande rede. Cada vez mais computadores se interligavam à essa rede. Com a invenção do computador pessoal deu-se início a um novo curso na história da comunicação e da tecnoeconomia, ligando todos os possuidores de computador com acesso à grande rede. Este conceito de espaço atribuído às redes digitais de comunicação se dá a partir do momento em que o computador (hardware) não é mais o único agente responsável na criação, armazenamento e transmissão de informação e conhecimento. O computador que tem acesso à internet, não tem mais limite de memória, pois utiliza a memória de outros computadores, como explica Lèvy
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(1999, p.44): Um computador é uma montagem particular de unidades de processamento, de transmissão, de memória e de interfaces para entrada e saída de informações. Mas computadores de marcas diferentes podem ser montados a partir de componentes idênticos, e computadores da mesma marca contêm peças de origens muito diferentes. Além disso, os componentes do hardware (sensores, memória, processadores etc.) podem ser encontrados em outros lugares que não os computadores propriamente ditos: cartões inteligentes, terminais de bancos, robôs, motores, eletrodomésticos, automóveis, copiadoras, fax, câmeras de vídeo, telefones, rádios, televisões, até os nós das redes de comunicação... em qualquer lugar onde a informação digital seja processada automaticamente. Por último, e mais importante, um computador conectado ao ciberespaço pode recorrer às capacidades de memória e de cálculo de outros computadores da rede (que, por sua vez, fazem o mesmo), e também a diversos aparelhos distantes de leitura e exibição de informações. Todas as funções da informática são distribuíveis e, cada vez mais, distribuídas. O computador não é mais um centro, e sim um nó, um terminal, um componente da rede universal calculante.
Do ponto de vista histórico temos, portanto, que o ciberespaço surge quando a internet começa a ser difundida, viabilizando a movimentação de informação. 1.2. A Internet e o Ciberespaço Antes de entrar diretamente na definição do conceito de ciberespaço, é fundamental que se compreenda como funciona a internet, sendo esta matriz para a existência do ciberespaço. E para entender como a internet funciona é necessário que compreender o conceito de rede de computadores. Rede de computadores nada mais é que dois ou mais computadores que possuem algum meio de comunicação entre eles (fios de cobre, fibra ótica, ondas de rádio,e outro) que permita a troca de informação entre eles. Para que um outro computador possa acessar essa rede de computadores, ele deve ser capaz de usar o meio de comunicação utilizado por esta rede. Para isto deve ter um protocolo adequado para este meio de comunicação. Para acessar a internet. Este meio de comunicação deve estar conectada à uma “espinha dorsal” (estrutura principal de rede) da Rede Mundial11, ou a uma sub-rede desta 12
espinha dorsal. A mais empregada é a WWW (World Wide Web). Na Internet, o protocolo padrão utilizado pelas máquinas é o TCP/IP, que teve origem na década de 70 e em 1983 tornou-se um padrão de fato, com o surgimento da Internet. O TCP/IP define uma pilha de camadas de comunicação, cada uma com um protocolo próprio. Mas a camada que mais interessa aos usuários é a camada de aplicação, onde milhares de pessoas ao redor do planeta utilizam o protocolo HTTP para navegar em páginas e mais páginas HTML. Um site se constitui do conjunto de várias páginas HTML 12. A comunicação via internet significou uma mudança nos padrões de comunicação pois entre outros aspectos, transporta a informação em pacotes, sendo que estes são códigos binários, seja qual for o conteúdo - imagens, sons ou textos. O ciberespaço é, segundo Novac (apud SANTAELLA, 2004) “o universo paralelo, que tem sua matriz na internet, que abriga megalópolis, ou banco de dados comerciais, e uma infinidade de portais e sites de todas as espécies”. Benedikt complementa a idéia ao colocar que se trata de uma realidade que deriva do funcionamento do mundo natural, físico, mas que se constitui de tráfegos de informação produzidas pelo homem nas mais diferentes área, como artes, ciências, negócios e cultura (SANTAELLA, 2004). Ramal (2002) define rapidamente ciberespaço como “toda a estrutura virtual transnacional de comunicação interativa”. Já Lèvy (1999) conceitua ciberespaço simplesmente como um "espaço de comunicação aberto pela interconexão mundial dos computadores e das memórias dos computadores". Ao fazê-lo, inclui nesta definição o conjunto de sistemas de comunicação eletrônico, que transmitem informações provenientes de fontes digitais ou destinadas à digitalização. Ele não fala de um universo paralelo, mas de um meio de comunicação que se tornará o principal canal e suporte de memória humana.
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1.3. Comunicação no Ciberespaço (das sociedades orais ao ciberespaço) Especificamente
falando
das
características
da
comunicação
no
ciberespaço, convém analisar brevemente de que forma a comunicação entre os homens foi se modificando ao longo da história e como o conhecimento era transmitido, o que Lèvy chama de "ecologia das mídias" (1999). Costa (2005), assim como Lèvy (1999), propõem que para melhor analisar tais mudanças, é importante que se pense nas condições e situações de produção do discurso bem como nos suportes utilizados. Para eles, a primeira grande revolução na comunicação se dá no advento da escrita. Antes disto, a comunicação se dava oralmente, no mesmo tempo e espaço dos emissores e receptores, que o autor chama de sociedades orais. Ambos, emissor e receptor, compartilhavam o contexto na qual o discurso era criado. O advento da escrita abre, segundo o autor, possibilidades temporais e espaciais de comunicação. Textos podem ser lidos a centenas de quilômetros ou a centenas de anos de distância do autor. “Como conseqüência, a humanidade constrói os primeiros grandes hipertextos: as enciclopédias” (COSTA, 2005, p. 21). Em continuação, vieram as mídias de massa (televisivas, radiofônicas, o cinema), nas quais as condições e situações de produção textual não diferem muito da escrita, quando pensadas as características próprias da relação emissor/receptor. O emissor não necessariamente compartilha o tempo e o espaço do receptor. Mas com o invento do telefone, a relação espaço/temporal é mais uma vez modificada, permitindo que os protagonistas da comunicação estejam em um específico momento em contextos distintos, podendo produzir conhecimento. É uma comunicação on-line, onde o espaço não é condição obrigatória na conversação. Porém, para Costa, é a Internet que traz a grande evolução no campo da comunicação. Costa fala de uma "volta" às sociedades orais: "virtualmente, mensagens são construídas/ escritas/ transcritas/ veiculadas/ lidas on-line por pessoas reais em espaços diferentes, cujo contexto é o ciberespaço" (COSTA, 2005, p. 21). Ou seja, na atualidade, o emissor e o receptor estão envolvidos
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pelo mesmo contexto, o do ciberespaço, apesar de fisicamente estarem em diferentes espaços. Lèvy (1999) explica que por permitir a interação do emissor com os receptores, a comunicação no ciberespaço vai sendo constantemente contextualizadas às infinitas realidades dos participantes do ciberespaço. Enquanto que na escrita, o autor deve se preocupar em atualizar seu conteúdo de acordo com as mudanças do contexto histórico, no ciberespaço esta atualização já é prevista e ocorre naturalmente.
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2. Recursos de ensino Em qualquer prática pedagógica, o recurso de ensino aparece como elemento fundamental do processo de ensino-aprendizagem. Em qualquer concepção de educação, o recurso de ensino servirá de suporte para a prática docente e/ou para a aprendizagem, os variantes estarão principalmente nos objetivos de ensino, que serão intencionalmente atingidos a partir de estratégias coerentes com a concepção de educação adotada. Segundo Haidt (2006), há muitos anos que os educadores defendem a utilização de recursos auxiliares do ensino, “com o objetivo de ilustrar a palavra do
professor,
tornando
as lições
mais concretas e
mais ligadas
à
realidade”(p.226). Segundo a autora, os educadores da Antiguidade e da Idade Média dispunham de tábuas que serviam de lousa, material de ensino de cálculo aritmético, documentos cartográficos, globos, cartas murais de astronomia e livros com iluminuras. No séc. XV, Michel de Montaigne propunha uma educação menos verbal, baseada na experiência, que levasse o aluno a observar, comparar e refletir. No séc. XVII, com o movimento denominado realismo pedagógico, as correntes filosóficas da época tiveram grande influência, como o empirismo, representado por Francis Bacon. Defendia que o conhecimento deveria se basear nos sentidos, antes de se basear na razão. É a partir da concepção empirista que surge a pedagogia realista, da qual João Amos Comenius é o principal representante. Segundo Haidt (ibidem), na obra Didática Magna de Comenius, este afirma que deve-se primeiramente exercitar os sentidos, depois a memória, então a inteligência e por fim o juízo. Haidt ainda traz a citação de Comenius (2006, p. 227) “Associe-se sempre o ouvido à vista, a língua à mão; ou seja, não apenas se narre aquilo que se quer fazer aprender, para que chegue aos ouvidos, mas represente-se também graficamente para que se imprima na imaginação por intermédio dos olhos”. No séc. XVIII, Jean Jacques Rousseau defendia a idéia de partir do
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sensível para chegar ao intelectual. Em sua obra Emílio colocava que “não haja outro livro senão a natureza, nem outra instrução senão os fatos” (Ibidem, p.228). Johabb Heinrich Pestalozzi, que viveu no fim do séc. XVIII, início do séc. XIX, propôs e utilizou o método de ensino que fazia da percepção sensorial a base e o ponto de partida para construir o conhecimento “aproveitando vivência de situações concretas, a observação da natureza e a experiência de fatos e fenômenos”(Ibidem, p.228). No séc. XIX, Friedrich Wilhelm Froebel que criou o Kindergarten concebeu uma série de materiais para serem manipulados pelas crianças para o desenvolvimento motor e sensorial. O séc. XX continuou essa onda de estímulo sensorial por parte de recurso de ensino, com Maria Montessori, a Escola Nova de John Dewey, Célestine Freinet. A partir da Segunda Guerra Mundial, segundo Haidt, os recursos áudiovisuais foram integrados ao ensino. Nesse período surgiu a necessidade de preparar, em pouco tempo e de forma eficiente, um grande contigente de jovens para participar das atividades de guerra. Nos países beligerantes, em especial nos Estados Unidos, foi desenvolvido um programa de preparação e treinamento militar dos jovens que tiha como instrumento básico os recursos áudio-visuais. Devido aos resultados alcançados pelo programa, o uso dos recursos áudio-visuais difundiu-se e foi aos poucos se integrando na prática escolar.
2.1 Relação entre recurso de ensino e abordagens do processo Diferentes concepções de ensino, ao decorrer da história, foram se utilizando de diferentes recursos de ensino para melhor abordagem de sua metodologia. Todavia, não existem recursos de ensino específicos para cada abordagem do processo de ensino. O que se pretende neste capítulo é apontar determinadas características de alguns recursos de ensino que propiciam terreno fértil para o desenvolvimento de uma concepção de educação, mas que não exclui outras concepções de ensino de utilizarem esse mesmo recurso para
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uma utilização diferenciada. 2.1.1. Recursos utilizados prioritariamente em uma abordagem tradicional A
metodologia
da
concepção
de
ensino
tradicional
se
baseia
fundamentalmente em aulas expositivas, nas quais ocorre demonstrações do professor para a classe, como palestras, e que a participação do aluno se restringe na observação, execução de exercícios e leitura de livros. Como explica Mizukami (2005), o professor já traz o conteúdo pronto e o aluno se limita a escutá-lo. A autora ainda coloca que nesta concepção de educação, a reprodução automática e sem variações dos conteúdos por parte dos alunos é o suficiente para se atingir os objetivos de ensino. São exemplos deste tipo de recurso: o O quadro negro, lousa ou quadro de giz o Livros clássicos 2.1.2
Recursos
utilizados
prioritariamente
em
uma
abordagem
comportamentalista Nesta concepção de educação, a individualização do ensino surge. Como explica Mizukami (Ibidem), isto decorre de uma coerência teórico-metodológica, pois a individualização implica em especificação de objetivos, envolvimento do aluno, controle de contingência, feedback constante que forneça elementos que especifiquem o domínio de uma determinada habilidade, apresentação do material em pequenos passos e respeito ao ritmo individual de cada aluno. Além desta particularidade, esta metodologia é elaborada a partir do princípios que a disciplina a ser aprendida deve ser dividida em passos, afim de “reforçar todas as respostas e todos os comportamentos operantes emitidos pelo aprendiz” (Mizukami, 2005, p.34). São exemplos deste tipo de recurso: o O computador
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o Apostilas o Telecursos 2.1.3 Recursos utilizados prioritariamente em uma abordagem humanista Nesta concepção de educação, os recursos de ensino são totalmente sem importância. Para os teóricos desta concepção, as crianças aprendem independentemente da presença ou não de recursos de ensino planejadas. Desta forma, os recurso de ensino nada mais que são tudo que existe no local aonde o indivíduo está inserido, seja jornal, natureza, livros, outdoors, e assim por diante.
2.1.4 Recursos utilizados prioritariamente em uma abordagem cognitivista Uma das implicações fundamentais que a teoria do desenvolvimento piagetiana trouxe para a educação foi que a inteligência se constrói a partir da troca do organismo com o meio, por meio das ações do indivíduo. É por esse motivo que para esta abordagem de ensino é fundamental que o ambiente no qual o aluno esteja inserido seja desafiador e estimulador em todos os sentidos. Os recursos de ensino utilizados nesta abordagem devem partir do pressuposto de que serão fundamentalmente utilizados pelos e para os alunos. A participação do professor se concentra no planejamento do ambiente. São exemplos deste tipo de recurso: o
Jogos e brinquedos
o
Objetos tridimensionais
o
Material dourado
o
Flanelógrafo, imanógrafo e quadro de pregas
o
Gravuras e fotografias
o
Cartazes, quadros e mural didático
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2.1.5 Recursos utilizados prioritariamente em uma abordagem sóciocultural Esta abordagem de ensino parte do princípio de que a educação deve sempre partir da realidade do aluno, de seus conhecimentos prévios, de sua leitura de mundo. Tal abordagem defende a idéia de que tanto professor quanto aluno são aprendizes no processo de ensino, ambos devem ser ativos, ambos devem ouvir e falar. Como explica Mizukami (Ibidem), deve existir um iálogo horizontal nesta metodologia de ensino, e a partir deste diálogo que o novo conteúdo programática de educação surgirá. Exemplos de recursos: o Jornal, revista o Outdoor o Bula de remédio Podemos agora compreender que dependendo da abordagem do processo de ensino, o recurso mais adequado será outro. Todavia, todos estes recursos exemplificados podem ser usados em qualquer abordagem de ensino, pois irá depender das estratégias utilizadas pelo professor com este recurso de ensino. A lousa, por exemplo, pode ser utilizada numa abordagem sócio-cultural, se o professor pedir para um dos alunos desenhar sua casa com giz. Ou o jornal pode ser usado numa abordagem tradicional, se o professor pedir que os alunos copiem no caderno uma matéria que fala sobre relevo, em uma aula sobre este tema. Ou ainda o professor pode se utilizar do computador em uma abordagem sócio-cultural, para acessar notícias na internet, criar discussões em grupo, comparar as regiões de mundo desenvolvidos com regiões de pobreza extrema. Este trabalho pretende apresentar propostas de uso do computador (mais especificamente a Internet) como recurso de ensino numa abordagem sóciocultural, que pretende levantar o pensamento crítico nos alunos, apesar de se tratar de um recurso tradicionalmente comportamentalista.
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3. O computador e a educação 3.1 O computador como meio para a construção e representação de conhecimento
Quando se ensina a escrever, um dos objetivos principais é que o aluno aprenda a representar, sob forma de símbolos, seu pensamento. Porém, é importante diferenciar a representação da construção do conhecimento. Para representar um conhecimento tenho que tê-lo pronto ou em desenvolvimento em minha mente. Não se pode desenhar uma mesa, sem antes saber o que é uma mesa. Com o computador ocorre a mesma coisa. Valente (apud BIANCONCINI, 2005) traz o exemplo do uso da linguagem da programação Logo 1 para analisarmos a relação entre representação e construção de conhecimento. Para o
autor,
através
da
programação
pelo
Logo
podemos
representar
conhecimentos de geometria, seja como fazer um círculo, um triangulo e assim por diante. Neste caso o programador já tem em si o conhecimento do que seja um círculo, triângulo e como fazer para representá-lo. No
entanto,
construção
de
conhecimento
implica
em
outros
procedimentos. Se partirmos da teoria vygotskyana (apud Carrara, 2004) de como se dá o processo de aprendizagem, temos que a construção do conhecimento se dá na interação entre objeto de aprendizagem. Zona de desenvolvimento real, que é o conhecimento que o indivíduo já tem assimilado, zona
de
desenvolvimento
proximal,
que
é
a
possibilidade
real
de
desenvolvimento do conhecimento a partir da zona de desenvolvimento real, e um sujeito facilitador do processo, como o educador. Ou seja, para o aluno aprender a amarrar os tênis deve ter o tênis com cadarços (objeto de aprendizagem), deve ter desenvolvido a coordenação motora (zona de desenvolvimento real), ter experimentado várias vezes amarrar os cadarços 1
“O Logo é uma linguagem de programação e como tal serve para que possamos nos comunicar com o computador. Essa linguagem possui como todas, seus aspectos computacionais, e no caso do Logo, o aspecto da metodologia para explorar o processo de aprendizagem” retirado do site http://www.centrorefeducacional.pro.br/linlogo.html (acessado em Novembro de 2007).
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quase a ponto de amarrá-los (zona de desenvolvimento proximal), e um educador que mostre passo a passo como amarrar cadarços. Desta forma, podemos dizer que a mera representação não garante a construção de conhecimento. Porém, para poder reproduzir, deve-se ter o conhecimento formado. Voltando à linguagem Logo, Valente (apud Bianconcini, 2005) coloca que além da representação, ele funciona como agente auxiliar na construção do conhecimento. Como? Suponhamos que sei como programar minha “tartaruguinha” 2 para fazer um quadrado. Mas o professor pede que façamos um polígono de cinco lados. Baseado no meu conhecimento prévio (na zona de desenvolvimento real) usarei os comandos que já conheço para fazer um polígono de quatro lados e nas minhas noções de geometria, e experimentarei as possibilidade de resolução deste problema (zona de desenvolvimento proximal). O computador será nesse caso um facilitador no processo de construção do conhecimento. Valente (ibidem) coloca que cada experiência “frustrada” de programação do polígono de cinco lados será expressa no computador e se tornará a mera representação do raciocínio lógico que foi feito para buscar a solução do problema. No momento em que se resolve o problema e a tartaruguinha desenha o polígono desejado, passa a ser um conhecimento construído, assimilado. O papel do professor é não permitir que o aluno desista de solucionar o problema, ou seja, deve detectar quando o raciocínio está errado e ajudar de forma oportuna a conduzir o raciocínio do aluno para a direção correta. A linguagem Logo é apenas um dos exemplos de como o computador pode contribuir para a representação e construção do conhecimento. Existe uma infinidade de possibilidades de se atingir tais objetivos com o computador, basta o professor estar ciente desta aplicação.
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Elemento do programa Logo que vai “andar” de acordo com o comando dado, e que vai desenhando seu caminho, e assim forma o desenho programado.
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3.2. O computador para a busca e o acesso à informação
Assim como nos livros ou nas clássicas enciclopédias, o computado pode servir como valiosa fonte de informação. Todavia, o computador apresenta alguns diferenciais interessantes quando comparado aos livros. Valente (ibidem) identifica algumas formas de se buscar e acessar informação pelo computador: programas, bancos de dados e Web. Nos programas ou na Web, temos duas formas básicas de acesso às informações, seja através de hipertextos (explicado no item anterior), seja através de tutoriais. “No caso dos tutoriais, a informação é organizada de acordo com uma seqüência pedagógica e o aluno pode seguir essa seqüência, ou pode escolher a informação que deseja” (ibidem, p. 27). Existem tutoriais dispostos na forma de slides, de vídeos e de áudio. Nos bancos de dados, as informações são específicas à um certo contexto social. Como diz no Wikipedia3: Bancos de dados, (ou bases de dados), são conjuntos de dados com uma estrutura regular que organizam informação. Um banco de dados normalmente agrupa informações utilizadas para um mesmo fim. Na web existe a forma corriqueira de pesquisa, através dos sítios de busca. Neste caso existe a combinação de texto, imagem, animação, sons e vídeos que podem auxiliar na compreensão da informação. Valente ainda ressalta que “a ação que o aprendiz realiza é a de escolher entre as opções oferecidas” (apud Bianconcini, 2005, p. 27). Portanto, o aluno que pesquisa na internet acaba fazendo um movimento de escolhas de informações disponíveis, que o satisfaçam. Para isto faz e desfaz escolhas, vai e volta nas informações, ou seja, navega pela internet até conseguir o que deseja. No aspecto de busca e acesso à informação, o computador tem demosntrado ser um caminho de duas vias. Ao mesmo tempo que permite o estimulo de diversas habilidade do internauta, que chama a atenção e contribui 3
http://pt.wikipedia.org/wiki/Banco_de_dados (acessado em Novembro de 2007).
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para a aquisição da informação, mostra-se em muitos casos pouco confiável quanto ao conteúdo e até perigoso ao não filtrar as informação. A confiabilidade da informação é pouco garantida pois é aberta à todos os usuários, que podem postar4 o que bem desejarem, e
o conteúdo perigoso é aquele que é
inapropriado para determinadas idades. É aí que existe a necessidade da orientação do professor, tanto à seus alunos quanto à comunidade. O professor deve indicar sítios apropriados e alertar para os contras desta ferramenta. Vale ressaltar que não se pretende valorizar o computador em detrimento do livro, muito pelo contrário. O que se pretende é mostrar que no mundo contemporâneo disfrutamos de uma infinidade de fontes de informação, e que uma das habilidades que devemos desenvolver é a capacidade de escolher criticamente qual recurso será mais apropriado para cada situação.
3.3. O computador como facilitador da comunicação
Este aspecto é sem dúvida o que diferenciou potencialmente o computador de qualquer outra ferrameta. As possibilidades de comunicação antes e depois do surgimento da internet aumentaram exponencialmente. Se já com o advento do telefone e do fax a comunicação era poderosa, hoje, graças à internet vivemos em um mundo no qual o quarto poder, o dos meios de comunicação, se tornaram talvez o mais forte de todos os poderes. Do ponto de vista de construção de conhecimento, a internet trouxe consigo a possibilidade de criação de espaços de aprendizagem sem fronteiras. Pessoas do mundo todos, que compertem um mesmo interesse, se encontram virtualmente para construir conhecimento. A internet permite que o indivíduo exponha seus pensamentos para uma infinidade de leitores. A escrita, como dito no item anterior, passou a ter outro significado quando postado na internet. A possibilidade de interação, de troca de opiniões é infinita. Chats, blogs, wikis, podcast, e-mail, e outros, são recurso 4
Publicar na internet.
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recentes que vêm transformando a socialização do conhecimento. Partindo do mesmo principio citado anteriormente da aquisição do conhecimento descrito por Vygotsky (apud CARRARA, 2004), é na interação social que o conhecimento se constrói, é através do outro que consigo transformar a zona de desenvolvimetno proximal em zona de desenvolvimento real. Desta forma, é de fudamental relevância para aumentar as situações de aprendizagem que a escola considere a internet como mais um espaço que deve ser explorado. Este trabalho pretende abordar duas destas formas da aplicação do computador na educação – para buscar e acessar informação, com o Google Earth; para comunicação e estabelecimento de relações de cooperação para solução de situações problema, com o blog e o wiki. Paratanto, o próximo capítulo abordará os diferentes usos destas ferramentas da internet na educação.
3.4. O Blog Komesu (apud Marcuschi e Xavier, 2004) acredita que a definição mais ampla e mais atual de blog é oferecida pelo Blogger5: O blog é uma página web atualizada freqüentemente, composta por pequenos parágrafos apresentados de forma cronológica. É como uma página de notícias ou um jornal que segue uma linha de tempo com um fato após o outro. O conteúdo e tema dos blogs abrange uma infinidade de assuntos que vão desde diários, piadas, links, notícias, poesia, idéias, fotografias, enfim, tudo que a imaginação do autor permitir. Portanto, blog não é apenas um diário eletrônico. Encontramos atualmente uma infinidade de finalidades para a criação de blogs, desde multinacionais que pretendem estabelecer uma relação de intimidade com o cliente, até escolas que encontram neste meio um espaço adicional para 5
Site brasileiro destinado à produção de blogs – www.blogger.globo.com.br (acessado em 12/2007)
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explorar situações de aprendizagem. Quanto à sua utilização, Komesu (2004) explica que o blog permite ao usuário a produção de “textos verbais (escritos) e não-verbais (com fotos, desenhos, animações, arquivos de som), a ação de copiar e colar um link e sua publicação na web, de maneira rápida e eficaz, às vezes, praticamente simultânea ao acontecimento que se pretende narrar” (ibidem). Desta forma, o blog vêm se estabelecendo como importante meio de comunicação, uma vez que não existe nenhum pré-requisito para se produzir um blog. Hewitt (2004) coloca que para os meios de comunicação tradicionais, a chegada dos blogs foi avassaladora, pois atende um público que escolhe o que quer ler, no sentido de que existe um público crítico das mídias tradicionais, que já está consciente da produção do simulacro citado por Chauí (2006) e que pretende por si só escolher qual edição de mundo que pretende viver. O autor relata em sua obra eventos da política americana que foram diretamente afetados pelos blogs de comentaristas políticos, mostrando que graças à instantaniedade das publicação que os leitores criticavam os acontecimentos. Assim, Oliveira (apud KOMESU, 2004), que define três tipos de blogs: •
Filtro de notícias – por adicionar, com facilidade, links para notícias devidamente comentadas pelos usuários antes de serem enviadas para o sistema da rede, e que vem revolucionando os meios jornalísticos, como colocou Hewitt (2007).
•
Filtro temático – pois permitem a busca e a reunião de quaisquer temas de interesse pessoal (individual) do usuário, graças ao advento da internet e do hipertexto.
•
Diário on-line - definido, segundo Oliveira, pelo “conteúdo pessoal” e pela “subjetividade individual”.
3.4.1. Breve histórico
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A palavra “blog” deriva da palavra inglêsa weblog. “Log significa diário, como diário de um capitão de navio. Weblog, portanto, é uma espécie de diário mantido na internet por um ou mais autores regulares” (Hewitt, 2007, p. 9). Segundo Komesu (2005), o termo weblog teria sido criado pelo norte-americano Jorn Barger, editor do site robot wisdom weblog, em dezembro de 1997. Segundo a autora, o software Blogger foi criado em 1999, com intuito de popularizar a publicação de textos na internet. Komesu atribui o grande sucesso da difusão desta ferramenta à dois aspectos. O primeiro é justamente à esta facilidade que a ferramenta apresenta, que encorajou muitos internautas à essa aventura. O segundo aspecto, do qual trata sua tese de doutorado, é de que “a emergência dos blogs ocorre na trama da multiplicidade das relações que positivam a visibilidade da intimidade na sociedade atual” (Ibidem 6) e que: A criação de um dispositivo como o Blogger ou ferramentas similares somente pode ser justificada sob as condições históricas nas quais os sujeitos são impelidos a falar de si em âmbito público, com a participação fundamental do leitor interessado em olhar (vigiar) o cotidiano alheio. Seja qual for o motivo principal, o fato é que de um blog em 1999, temos em sete anos, segundo o site do Cyberjornalist 7, mais de 50 milhões de blogs, como mostra o gráfico da Technorati8 abaixo, sendo que mais de dois blogs são criados por segundo todos os dias. 3.4.2. Blogs como recurso didático
Existem uma infinidade de tipos de blogs educativos. Isto se dá por sua flexibilidade quanto às suas finalidades. Dependendo da criatividade do educador blogueiro, o blog atenderá a uma infinidade de demandas. O site australiano Edublogs9, criado para atender exclusivamente blogs 6
Não acompanha página, por ser retirado do site www.ufpe.br/nehte/artigos/blogs.pdf (acessado em 11/2007) 7 http://www.cyberjournalist.net/news/003674.php (acessado em 11/2007). 8 http://www.sifry.com/alerts/archives/000436.html (acessado em 11/2007). 9 www.edublogs.org (acessado em 12/2007)
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educativos, apresenta uma lista com 10 formas de usar o blog como ferramenta de ensino: I. Postar conteúdo de aula e fontes de pesquisa Desta forma o blog tem função semelhante à um livro didático, porém quem determina o conteúdo desta, é o professor II. Hospedar discussões on-line Como recuso que prevê a interatividade do leitor, o blog pode apresentar temas para discussão, na qual o aluno deve se posicionar frente ao tema bem como ler e compreender a posição dos demais alunos. III. Criar publicação da classe Assim como um jornal de classe, o blog pode ser usado para divulgar os acontecimentos da classe, bem como apresentar trabalhos realizados e outras notícias que os alunos da classe entenderem como relevante IV. Substituir a agenda escolar Por ser acessível em qualquer computador ligado à internet, pode ser usado como agenda, para comunicar lição de casa, eventos e qualquer outro tipo de comunicado V. Fazer os alunos “blogarem” Os alunos podem se sentir incentivados a criarem autonomamente seus blogs, para múltiplas finalidades, dentre as quais a comunicação e expressão escrita VI. Compartilhar planos de aula com outros professores Professores podem usar este espaço para traço de planos de aula, projetos, e experiências, abrindo espaço para discussão e reflexão da prática docente VII. Integrar recursos multimídia de todos os tipos Por se tratar de uma ferramenta que comporta deferentes recursos, o professor pode utilizar o blog para vídeos, áudio, textos, imagens e outra infinidade de recursos multimídia, para garantir que aprendizado ocorra através do estímulo de diferentes sentidos. VIII. Organização
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Pode-se criar um blog para organização de eventos, grupos de estudo e assim por diante, pois trata da co-autoria, permitindo que em lugares remotos as pessoas se organizem. IX. Receber uma devolutiva É uma ferramenta interativa, que prevê a participação de outras pessoas. Assim, tudo que for postado, é sujeito à comentários, o que contribui para uma auto-avaliação do blogueiro. X. Criar um site completo e funcional Dependendo do tipo e programa utilizado para criar o blog, este pode vir a ser tão completo quanto um site e, assim, assumir as infinitas utilidades que um site oferecer. Gutierrez (2003) acredita que uma das características mais marcantes do blog está em sua capacidade de criação de novos papéis para os alunos e professores no processo de ensino-aprendizagem, colocando ambos em posição de pesquisadores, aprendizes e educadores, como coloca Gutierrez (200310): Penso que os weblogs, usados em projetos educacionais, podem desencadear entre os participantes o exercício da expressão criadora escrita, artística, hipertextual. Pela sua estrutura, permitem o exercício do diálogo, da autoria e coautoria, inclusive na alteração da própria estrutura. Eles possibilitam, também, o retorno à própria produção, a reflexão crítica, a re-interpretação de conceitos e práticas. Professores e alunos, parceiros de aprendizagem, podem retroagir sobre seu trabalho, revendo etapas e processos, tomando consciência de sua prática. O weblog registra de forma dinâmica todo o processo de construção do conhecimento e abre espaço para a pesquisa. Richardson (2006) também cita algumas formas de uso do blog na sala de aula, que são: portal da classe (sala de aula), arquivamento de trabalhos, eportfolio11 espaço colaborativo, gerenciamento de conhecimento, e até mesmo 10
Não acompanha a página pois trata-se de página da internet http://www.cinted.ufrgs.br/renote/set2003/artigos/projetozaptlogs.pdf (acessada em 12/2007) 11 E-portfolio – similar à portfólio, com o histórico das produções dos alunos, de forma virtual, na internet.
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Website de escolas. Portal da classe: pode ter a função de comunicar informações relativas a essa sala especificamente, e arquivar arquivos das disciplinas cursadas. E do ponto de vista do professor, tratar-se-ia de um espaço de publicação dos conteúdos curriculares, regras da classe, listagem das lições de casa e assim por diante. Uma grande vantagem deste recurso está na transparência de informações que os pais podem ter com relação ao que acontece na classe de seu filho. Outro aspecto positivo está na possibilidade de partilhar o conteúdo desta classe com outro professor que esteja dividindo o curso em diferente período. Arquivamento de trabalhos: se cada aluno criasse seu próprio blog, seria possível que estes publicassem seu trabalhos diretamente na internet, sem gasto de papel, e criando um arquivo pessoal de cada aluno. As vantagens deste uso do blog são várias. A primeira é que dificilmente os alunos perderão seus trabalhoe. Outra vantagem é o próprio aluno, tendo seus trabalhos arquivados em um único lugar podem reler os trabalhos e refletir sobre sua evolução do processo. Além disso, outros alunos poderão acessar o trabalhos dos colegas, podendo fazer comentários. Todavia, deve-se pensar quais casos este uso é conveniente, pois tratando-se de alunos do ensino fundamental I, é interessante que ainda exista muito trabalho encima da escrita de textos com lápis e papel, para garantir uma alfabetização completa. E-portfolio: Seria uma extensão da proposta anterior, sendo que os arquivos de vários anos dos alunos podem ser guardados em um mesmo lugar, e então, ao término do processo, este aluno terá um portfólio on-line, completo, com seu desenvolvimento ao decorrer dos anos. Espaço colaborativo: trata-se do desenvolvimento de uma nova habilidade – a da criação de espaços nos quais os alunos poderão colaborar um com o outro, ou com outras pessoas. Neste caso, Richardson (ibidem) propõe que os alunos postem a respeito de um assunto, sendo que cada aluno irá colaborar com alguma informação, deixando o blog mais completo e o assunto sendo abordado por diferentes pontos de vista. Este uso favorece a leitura e a
30
escrita dos alunos, de forma significativa e crítica, pois os alunos devem comentar o que seus pares publicaram com argumentos convincentes. Gerenciamento de conhecimento: Esta proposta vislumbra o uso do blog por parte dos funcionários da escola, não necessariamente dos alunos. Trata-se de usar o blog para grupos que fazem reuniões com certa regularidade, e querem combinar algo mais, ou querem continuar falando a respeito do que se falou na reunião, arquivar documentos comuns a todos, fotos, vídeos e assim por diante. Website para Escola: diferente de um site, o blog permite a atualização das informações nele contida com muita facilidade, o que pode ser conveniente para pequenas escolas que querem manter sua comunidade em contato e a par dos acontecimentos. 3.5. O Wiki Para Richardson (2006, p. 59), o site mais importante da Internet é o Wikipédia.org. Como o nome sugere, trata-se de uma espécie de enciclopédia da atualidade. Neste site, diariamente são acrescentadas informações sobre os mais diversos assuntos. A palavra wiki vem de uma abreviação da palavra havaiana wiki-wiki, que significa “rápido”. O primeiro wiki foi criado por Ward Cunningham em 1995. Ele procurava um meio de criar uma ferramenta de autoria que fosse de fácil publicação. E para Richardsonm a palavra chave para descrever o wiki é “fácil”, porque podemos dizer que um wiki é um website no qual qualquer um pode editar o que quiser em qualquer momento.
3.5.1. Características do wiki Segundo o próprio site Wikipédia.org 12, o wiki permite que os documentos 12
http://pt.wikipedia.org/wiki/Wiki acessado em 11/2008.
31
sejam editados coletivamente com uma linguagem de marcação muito simples e eficaz, através da utilização de um navegador web. A característica mais marcante desta ferramenta é a possibilidade que dá à qualquer navegador de editar o texto que está publicado, com poucas ou nenhuma restrição. Desta forma, erros que foram publicados podem ser corrigidos ou apagados, informações podem ser acrescentadas, enfim, como diz Richardson (2006, p. 60) “Você tem o poder”. Os textos são escritos em hiperliks e é possível postar imagens e vídeos. Richardson (ibidem) coloca em seu livro que a primeira reação que se escuta ao se explicar sobre esta facilidade de intervenção na autoria, é que o wiki é um suporte fraco quanto sua credibilidade, uma vez que qualquer um pode interferir no que foi escrito. Inclusive relata que de fato muitos problemas surgiram no final de 2005, dando relevância à esta questão. Todavia, a resposta é que existe maioria de editores bem intencionados que os mal intencionados segundo Richardson. Portanto, quando vândalos atacam um wiki para destruí-lo, o grupo de editores aparece com força solucionando o problema, e geralmente com rapidez. Em seu livro, Richardson relata uma experiência feita pela Universidade de Buffalo, que confirmava esta afirmação. Conta também que em Dezembro de 2005, a revista Nature comparou 43 informações da Wikipédia com as mesmas 43 da Enciclopédia Britânica e detectou que a Wikipédia era ligeiramente menos apurada. Lamb13 classifica as seguintes características dos wikis: •
Qualquer um pode mudar qualquer coisa. Wikis são rápidos, pois o
processo de leitura e autoria estão interligados. A assinatura de um wiki é o link no final da página ecrito “edite o texto desta página” ou algo similar. Se você clicar neste lnk, aparecerá o hipertexto com suas características, permitindo revisão instantânea. Programa de autoria, permissão ou senha geralmente não são requisitados. • 13
Marcas de hipertextos simplificadas. Os wikis têm sua própria linguagem, http://weblogs.elearning.ubc.ca/maple/archives/Lamb(final).doc acessado em 11/2008.
32
essencialmente pautada em HTML na sua forma mais simples. Novos usuários devem aprender alguns padrões de formatação, mas poucos. •
Títulos de Páginas de wiki são acoplados. Os títulos da página de Wiki
abstêm-se frequentemente de espaços para permitir a criação rápida de links com outros wikis. Desta forma é comum que os wikis estejam interligados. •
Conteúdos sem “ego”, sem tempo e sem fim. Anonimato não é
obrigatório, mas é muito comum no wiki. Como permite a edição livre de seu conteúdo, pode ter inúmeros colaboradores, alterando o conceito de autoria e propriedade. A cópia de conteúdos do wiki não e considerado plágio, como em outras ferramentas. Diferente de blogs, as páginas do wiki não costumam ser organizados de forma cronológica. Normalmente se organizam por contextos, liks e outras categorias que os autores desejarem. Na sua maioria, os wikis estão sempre em mudanças, esperando que novos colaboradores apurem seu conteúdo. 3.5.2. Wiki como recurso didático Para Richardson (ibidem), a primeira questão que se levanta ao se pensar na possibilidade do uso de wiki na escola, é o fato se ser uma ferramenta pouco controlável, abrindo espaço para vandalismo. O autor responde esta questão da seguinte forma: a classe como um todo deve monitorar o wiki. Esta confiança dada aos aluno, para Richardson, pode dar um sentido de responsabilidade bastante interessante para a sua formação. Além disso, o fato de ser de autoria coletiva desta classe tira um pouco o professor da posição de dono da situação, passando o “controle” para os alunos. Todavia, o autor assume que apesar de ser possível que se desenvolva um projeto de wiki pautado na confiança para com os alunos, é fato que para a escola pode ser muito negativo que ocorra um deslize e um pai, por exemplo, entre no site e o veja. Desta forma, existem alguns navegadores de wikis que
33
permitem a criação de senhas para cada colaborador. Assim o wiki continua sendo bastante permissivo quanto a sua capacidade de edição, mas pode restringir quem pode ou não acessar o site. O uso pedagógico dos wikis pode trazer inúmeras vantagens na formação dos alunos, como coloca Richardson (Ibidem), que por se tratar de um processo democrático de construção de conhecimento, o aluno não estará apenas aprendendo a publicar informação, estará também aprendendo a desenvolver e usar várias habilidades de colaboração, negociação com outros para concordarem com o que julgarem mais correto, significação, relevância, e outros. Em sua essência os alunos estão aprendendo uns com os outros. Professores que impõem o que é certo ou errado, podem acabar minando esta proposta. Quanto aos diferentes usos do wiki na escola, podemos sitar uma infinidade de possibilidades, que na verdade nada mais são do que fruto da criatividade de cada professor. Portanto, o professor deve compreender sua funcionalidade para poder melhor aproveitar esta ferramenta. A seguir alguns exemplos de uso de wikis em educação, para melhor compreensão desta ferramenta. Exemplo de wikis em educação 1.
Site da escola. O wiki pode ser utilizado como página na internet para
escolas que não dispões de recursos financeiros para a criação de um site. É o caso
do
wiki
da
Escola
Municipal
Giuseppe
Iacoviello
(http://oca.idbrasil.org.br/wiki2/index.php/ESCOLA_MUNICIPAL_GIUSEPPE_IA COVIELLO) que foi criado pelos professores da escola, para atender à toda comunidade. 2.
Para desenvolver um projeto de forma colaborativa. O professor pode
propor um tema para pesquisa, na qual cada aluno terá sua própria página no wiki, para postar sua parte da pesquisa. Os demais alunos podem alterar o texto do colega, acrescentar informação e assim por diante, como no wiki “Minha
34
Escola” (http://minhaescolapeadalvorada.pbwiki.com/) na qual o projeto era falar sobre sua escola. 3.
Espaço de reflexão. Neste caso tanto professores como alunos e
comunidade podem participar da elaboração de textos a respeito de temas transversais ou na elaboração de regras de convivência. 3.6. O GoogleEarth Segundo o site da Wikipédia14, Google Earth é “um programa desenvolvido e distribuído pelo Google cuja função é apresentar um modelo tridimensional do globo terrestre, construído a partir de fotografias de satélite obtidas em fontes diversas. Desta forma, o programa pode ser usado simplesmente como um gerador de mapas bidimensionais e fotos de satélite, ou como um simulador das diversas paisagens presentes no Planeta Terra. Com isso, é possível identificar lugares, construções, cidades, paisagens, entre outros elementos. O programa é similar, embora mais complexo, ao serviço também oferecido pelo Google conhecido como Google Maps”. Foi criado pela empresa Keyhole Inc., originalmente denominado Earth Viewer. Em 2004 esta empresa foi comprada pelo Google. O Google Earth tem uma infinidade de recursos, tais: •
Mover o globo terrestre em qualquer direção
•
Localizar diferentes localizações do globo, tais como países, ruas, edificações e outros
14
•
Medir distâncias
•
Determinar longitude e latitude dos locais desejados
•
Ver o por e o nascer do sol
•
Analisar o relevo de diferentes locais
http://pt.wikipedia.org/wiki/Google_earth acessado em 11/2008
35
•
Inserir “camadas15” que podem ser informativas das mais diferentes entidades, tais como Greenpeace, SOS Mata Atlântica, WWF e outros
•
Analisar o Espaço Existem outros recursos que o Google Earth oferece, e a medida em que
são feitas novas versões deste programa, mais recursos são criados. 3.6.1. Google Earth como recurso didático Como foi citado no capítulo anterior, existe uma infinidade de recurso do Google Earth. Estes recursos podem ser de grande valia para a educação nos mais diversos aspectos. Trata-se de concretizar conceitos que dificilmente podem ser explicados abstratamente, que requerem o uso de memória visual. Portanto, ou o aluno já experimentou tal vivência ou terá que visualizar de alguma forma. •
Para aula de Geografia. Conti (2001, p. 9) explica que “geografia é o setor da ciência que estuda a Terra como morada do homem e diz respeito ao espaço terrestre, sua interpretação e seu entendimento”. Com o Google Earth podemos estabelecer de forma concreta a relação entre os três aspectos que envolvem a geografia. Pode-se pedir que se compare regiões diferentes do plante, a ação do homem nestas regiões, por exemplo. Pode-se também pedir que calcule a distância entre duas realidades que podem ser próximas espacialmente falando, mas distantes quanto a suas características sociais. Ou seja, basta conhecer a potencialidade do programa para fazer associações com aulas de geografia.
15
Camada é um recurso do Google Earth que permite que o usuário visualize aspectos que sejam relevantes para ele. Se o usuário quiser visualizar as mudanças do relevo de forma tridimensional, será clicando em “camadas – terreno” que poderá obter essa visualização. Se desejar visualizar lugares do planeta que apresentam animais com perigo de extinção, basta clicar em “camadas – ARKive: espécies em perigo” e ícones da ARK aparecerão no globo terrestre. Ao clicar nestes ícones, aparecerá um imagem e uma explicação sobre a espécie que encontra-se em perigo de extinção.
36
•
Para aulas de História. As mudanças da geografia terrestre traduzem de certa forma movimentos históricos que afetaram as diferentes culturas que habitaram e habitam a Terra. Desta forma, podemos observar características similares em diferentes localidades, que resultaram da influência de povos que por aí passaram. Através do Google Earth pode-se fazer uma “viajem” por Minas Gerais e por Macau, mostrando aspectos comuns, como a arquitetura das igrejas, levantadas pelos portugueses que por ali passaram. Trata-se, assim, de uma forma de concretizar conceitos elaborados em sala de aula, através de imagens.
•
Para aulas de Ciências Existem várias “camadas” no Google Earth que podem ser de grande relevância para a disciplina de ciências, tais como a visualização de espécies em perigo de extinção nas mais variadas localidades terrestres. Ou a camada “Greenpeace” que mostrará lugares no plante que apresentam comprometimento na preservação do meio-ambiente como um todo. A camada “UNICEF: água e saneamento” que mostra lugares do planeta onde a UNICEF tem atuado para auxiliar na melhora da distribuição de água e do saneamento básico. Ou seja, cabe ao professor explorar
as
capacidades
do
Earth
para
auxiliar
no
desenvolvimento de seus projetos.
Vale lembrar que tanto o Google Earth como os blogs e os wikis são produtos de empresas privadas. Desta forma estão imbuídos de valores e interesses destas empresa na sua utilização. Portanto, o professor deve ter claro de que forma deve conscientizar seus alunos e a si mesmo, para não se deixar levar por uma visão ingênua de que o uso destas ferramentas não afetará a visão de mundo destes alunos.
37
4.O Curso
38
Usos da internet em benefício do processo de ensino-aprendizagem, numa concepção sócio-cultural de educação. Público alvo: Professores de Ensino Fundamental Duração: 4 meses (18 aulas) Objetivos gerais: Ao fim deste curso, pretende-se que os educandos sejam capazes de: •
Enxergar, criticamente, a internet como uma ferramenta
relevante para a prática docente •
Desenvolverem planos de aula que vislumbrem o uso da
internet •
Identificar, conhecer e saber como utilizar diferentes
ferramentas educacionais no ciberespaço •
Compreender o conceito de ciberespaço, e sua relevância
na educação contemporânea Justificativa: Frente as mudanças que a sociedade vem sofrendo, especialmente com o desenvolvimento de novas tecnologias de comunicação, é de suma importância que o educador se posicione ativamente neste contexto. Enquanto que nas escolas os professores estão lutando pela atenção de seus alunos, as lans houses estão lotadas de crianças e adolescentes que não saem de frente do computador, acessando sites de relacionamento (Orkut), jogos, chats, e-mail.
39
Os educadores têm questionado o quanto a internet é benéfica ou não nesta população. Pelo que tudo indica, a grande maioria está bastante crítico quanto à influência da intenet, no sentido de prejudicar nos estudos dos alunos, de afastá-los de esportes, lazer ao ar livre e assim por diante. Todavia, não conhecem os benefícios que a internet pode trazer para a educação destes educandos. Neste curso, pretende-se justamente levantar algumas ferramentas disponíveis gratuitamente na internet, que podem contribuir para uma educação mais dinâmica, atual, interessante para os educandos e para os educadores. Vale ressaltar que esta proposta não incentiva o abandono de utros recursos didáticos. Ao contrário, acreditamos que quanto mais diversificados forem os recursos didáticos, sempre que bem planejados pelos educadores, melhor será o aproveitamento por todos os envolvidos no processo de ensino-aprendizado. Metodologia Pautado em uma concepção sócio-cultural de educação, na qual alunos e educandos devem se enxergar como sujeitos sociais e históricos, este curso se dará da seguinte forma: Aulas presenciais, de 1h30 (com intervalo de 15 min), uma vez por semana, em laboratório de informática. Aulas expositivas nos primeiros 30 minutos de aula, e 45min de aula prática, nas quais os alunos deverão desenvolver atividades no computador. Ao fim do curso, os educandos terão criado um portfólio com todos seus trabalhos, disponíveis na internet.
Os módulos serão apresentados da seguinte forma:
40
1. O computador como recurso didático. a. Introdução – Histórico sobre o uso de recursos didáticos b. A concepção sócio-cultural c. Funções do computador na Educação 2. Blogs como ferramenta didática. a. O que são blogs? b. Como podem se usados na Educação? c. Como criar um blog? 3. Wikis como ferramenta didática. a. O que são Wikis? b. Como podem ser usados na Educação? c. Como criar uma wiki? 4. Google Earth como ferramenta didática. a. O que é? b. Como pode ser usado na Educação? 5. O professor na vanguarda educacional. a. Fechamento do curso.
Aula Módulo 1 Módulo 2 Módulo 3 Módulo 4 Módulo 5
1 X
2 X
3 X
4
5
6
7
8
9
X
X
X
X
X
X
10 11 12 13 14 15 16 X
X
X X
X
X X
4.1. Planos de aula 4.1.1. Módulo 1 - O computador como recurso didático
41
Aula 1 – Introdução – Histórico sobre o uso de recursos didáticos Objetivos específicos: •
Compreender como se dará o curso como um todo.
•
Identificar diferentes recursos didáticos, e como estes foram surgindo no decorrer da história, relacionando-os com as concepções de ensino (ver aprofundamento teórico).
•
Caracterizar o computador como recurso didático, enumerando usos do mesmo para a educação.
Recursos: •
Planejamento do curso para cada aluno16.
•
Data show, com slides sobre recursos didáticos e sua história (anexo 1).
•
Computador com acesso à internet e os seguintes programas: Word e Excel.
Estratégia: 1. Apresentação do curso: a. Explicar como se dará o curso como um todos, com entrega do planejamento, colocando que a rotina sempre será com 30 min de aula expositiva, 15 min de intervalo e 45 min de aula prática. 2. Introduzindo o tema – recursos didáticos: a. Com auxílio do Data Show, apresentar a história dos recursos didáticos e suas relações com as diferentes concepções de educação. 3. Levantando usos do computador: a. Levantamento dos conhecimentos prévios e hipóteses: i. Os alunos devem escrever um documento em Word, sobre si, contando em que trabalha, por que procuraram este
16
Refere-se à descrição do curso apresentada no capítulo anterior
42
curso, e o que conhecem sobre o uso do computador como recurso didático. Imprimir e entregar no fim da aula. Avaliação: Com a produção de texto elaborada pelos alunos, pode-se constatar mais precisamente com qual público lida, além de suas expectativas. É possível também descobrir quais alunos requisitarão maio atenção por parte do professor, através de seus conhecimentos prévios de informática. Bibliografia consultada: Haidt, R. C. Curso de didática geral. 7ª edição. São Paulo: Ática. 2006. http://paginas.terra.com.br/educacao/jlourenco/Mesopotamia02.htm
(acessado
em 09/2008) Aula 2 - A concepção sócio-cultural, de educação Objetivos específicos: •
Identificar características da concepção sócio-cultural de educação
•
Refletir sobre os objetivos da educação, nesta concepção
Recursos: •
Texto “Abordagem sócio-cultural” de Mizukami (1986, p. 85)17.
•
Texto do livro “Pedagogia da Autonomia” Cap. 2 -Ensinar não é transferir conhecimento –2.6 Ensinar exige apreensão da realidade; e 2.8 Ensinar exige convicção de que a mudança é possível.18
Estratégias: 17 18
Anexo 2 Anexo 3
43
1. Os alunos devem receber o primeiro texto (de Mizukami) na aula anterior, e lê-lo para esta aula. 2. Trabalho de questionamento de texto a. Preparação ao encontro do texto: i. Explica-se aos alunos que será feita uma atividade de questionamento de texto, contando todos os passos desta. ii. Levantamento de hipóteses e conhecimentos prévios, através da apresentação dos títulos dos textos: "Ensinar exige apreensão da realidade” e “Ensinar exige convicção de que a mudança é possível” b. Construção estruturada do sentido do texto: i. Leitura silenciosa dos textos de Paulo Freire. ii. Construção do sentido do texto 1. pelo
conflito
e
ordenamento
dos
indícios
de
significado 2. e sucessivas recaptulações parciais do sentido construído iii. Síntese sobre o sentido do texto – os alunos devem escrever da maneira que eles quiserem, um registro sobre a discussão realizada (resumo, lista de características, mapa conceitual...) Avaliação: A partir do confronto entre conhecimentos prévios, hipóteses e texto, os alunos poderão perceber se suas concepções de educação se assemelham ou não com as propostas nesta abordagem. Bibliografia utilizada: MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: As abordagens do processo. São Paulo: EPU,
44
1986. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 1996.
Aula 3 – Funções do computador na Educação Objetivos específicos: •
Identificar diferentes usos do computador na Educação
•
Relacionar ferramentas do computador com ações educativas
•
Criar um plano de aula que utilize alguma ferramenta do computador
Recursos: •
Texto – O papel do computador no processo de ensino-aprendizagem, de José Armando Valente.19
•
Computadores com programa Microsoft Office ou similar, e acesso à internet.
Estratégias: •
Na aula anterior os alunos devem receber para leitura em casa do texto 3 (Valente apud Bianconcini)
•
Fazer um mapa conceitual, juntamente com os alunos, sobre o tema do texto (anexo 3), relacionando ações educativas e educação
•
Aula prática: o Em seus computadores, os alunos devem, em duplas, desenvolver um plano de aula que vislumbre o uso de alguma ferramenta que já conhecem (Word, Excel, e-mail, chat...)
Avaliação:
19
Anexo 4
45
•
Através da participação, os alunos devem demonstrar que conseguem relacionar atividades educativas com ferramentas do computador, enxergar o computador como recurso de ensino. O plano de aula refletirá o quanto esta relação é clara ou não para o aluno.
Bibliografia utilizada: Bianconcini, Maria Elizabeth. Integração das tecnologias na educação.(1.3. Pesquisa, comunicação e aprendizagem com o computador. O papel do computador no processo de ensino-aprendizagem)Brasilia: Ministério da Educação, Seed, 2005. 4.1.2. Módulo 2 - Blogs como ferramenta didática Aula 4 – O que são blogs? Objetivos específicos: •
Deduzir o que é um blog, através da dinâmica proposta, e fazer correspondência com algum recurso que já conhece (diário, jornal, revista...)
Recursos: •
Computado com acesso à Internet.
•
Texto da Fabiana Komesu (Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido, organizado por Luiz Antonio Marcuschi e Antonio Carlos Xavier - Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p.110-119) 20
Estratégia: •
Os alunos, antes de tudo, devem entrar no seguinte endereço da Internet: http://capacitacaodeprofessores.blogspot.com/
•
O blog criado para este curso dará uma lista de blogs para que os alunos acessem e procurem características comuns aos diferentes blogs. Essas
20
Anexo 5
46
características dirão muito do que é um blog (organização cronológica, comentários, links, nome do blog...). •
Uma vez feito o registro das características dos blog, será distribuído o texto: “Blogs e as práticas de escrita sobre si na internet”
•
Os alunos farão uma leitura silenciosa do texto, para então fazer o questionamento do texto.
Avaliação: •
Nesta aula, pode-se observar vários aspectos relevantes para a capacitação destes professores: se conseguiram levantar características dos blogs, se estão se sentindo mais confortáveis com o computador e em que medida isto pode prejudicar seu aprendizado.
Bibliografia Komezu at Marcuschi L. A. e Xavier, A. C (org.) Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido, organizado por Luiz Antonio e Antonio Carlos Xavier (Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. p.110-119).
Aula 5 – Como os blogs podem ser usados na educação Objetivos específicos•
Identificar diferentes usos do blog, de acordo com os objetivos de aula.
•
Escolher um objetivo de aula para criar seu blog.
Recursos: •
Computado com acesso à Internet.
•
Ficha para preencher uma proposta de criação de blog pedagógico (anexo 6)
Estratégia: 47
•
É dada aos alunos a seguinte questão: qual é o conteúdo que você tem maior dificuldade em envolver seus alunos?
•
Abre-se então para discussão. A professora deve anotar os temas que vão surgindo. Quando julgar apropriado, é lançada outra questão: como um blog poderia auxiliar seu aluno neste conteúdo específico?
•
Mais uma vez todos devem discutir, dando idéias uns para os outros.
•
A professora deve, então, distribuir uma ficha (anexo 6) para cada alunos, cujo intuito é que cada um, baseado em sua realidade, comece a pensar na criação de seu próprio blog.
Avaliação: •
Pretende-se que os alunos se envolvam com a proposta, trazendo dados de suas realidades, associando-as à criação de um blog.
Aula 6 – como criar um blog? Objetivos específicos: •
Fazer uma primeira postagem
Recursos: •
Computador com acesso à internet
•
anexo 6 preenchido
•
anexo 7
•
Data show
Estratégia:
48
•
Os alunos se sentarão diretamente nos computadores, com o anexo 6 e o anexo 7.
•
Juntamente com a professora, os alunos seguirão todas as instruções do anexo 7 para criarem seus próprios blogs.
Avaliação: Até o fim da aula, pretende-se que cada aluno tenha criado seu próprio blog. Aula 7 – como criar um blog? Continuação 1 Objetivos específicos: •
Incluir imagens em seu blog
•
Incluir vídeos em seu blog
Recursos: •
Computador com acesso à internet
Estratégia: •
Primeiramente os alunos devem acessar um blog recomendado pela professora
para
conhecerem
blogs
com
imagens
e
vídeos.
HTTP://capacitacaodeporfessores.blogspot.com •
Em seguida, os alunos devem acessar seus blogs.
•
Devem clicar em “nova postagem”.
•
Abrirá a tela que já conhecem, para postarem mensagens.
•
Em outra janela, os alunos devem procurar uma imagem, e salvá-la.
•
Novamente na janela anterior, os alunos devem clicar na figura de inserir imagem, e então procurará no browser sua imagem.
•
Clicarão em “publicar postagem” e poderão visualizá-la no blog.
•
O mesmo procedimento podem fazer para inserir um vídeo do Youtube, mas clicando a figura para inserir vídeo.
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Avaliação: Os alunos devem mostrar interesse em desenvolver seu blog. Devem fazer associação entre o que está sendo ensinado e o que precisam para suas realidades. Vale notar que as imagens podem ser fotos do arquivo pessoal do professor, bem como o vídeo. Deve-se ter em mente que o público que acessa o blog é o mais diversificado possível, portanto deve-se tomar as devidas precauções com as imagens e vídeos. Não se recomenda que sejam publicadas imagens das crianças, por questões de segurança. Aula 8 – como criar um blog? Continuação 2 Objetivos específicos: •
Alterar layout do blog
Recursos: •
Computador com acesso à internet
•
Anexo 8
Estratégia: •
Os alunos irão diretamente acessar seus blogs.
•
Clicarão em “layout”. O layout estabelece como é a aparência do blog. Apesar de haver um modelo que foi selecionado na criação do blog, o blogueiro pode personalizar seu blog com imagens e formatos distintos.
•
O anexo 8 dará todas as instruções necessárias. Os alunos devem tentar fazer tudo sozinhos, pedindo quando julgarem necessário auxílio da professora.
Avaliação: Ao final desta aula, o layout do blog de cada aluno deve ter algum diferencial, e 50
deve estar de coerente com a proposta do blog. Aula 9 – Como criar um blog? Finalização. Objetivos específicos: •
Apresentar cada blog para a turma
Estratégia: •
A professora começará a aula fazendo uma retrospectiva de como foram as últimas aulas, o desenvolvimento do blog e o progresso de cada aluno. Nesta aula a professora deve buscar fazer uma ponte entre o que está sendo desenvolvido em sala de aula e a realidade de cada aluno. É fundamental que os alunos compreendam a funcionalidade deste recurso didático dentro de seu dia a dia, como podem atingir seus alunos.
•
Cada aluno irá apresentar seu blog para o grupo, e explicar de que forma este blog pode contribuir em sua prática docente.
Avaliação: •
Mais importante que julgar a qualidade de cada blog, é importante que a professora observe a evolução de cada aluno. Deve verificar se o aluno conseguiu conquistar autonomia com relação ao uso do computador.
4.1.3. Módulo 3 - Wiki como ferramenta didática. Aula 10 – O que são wikis? Objetivos específicos: •
Compreender a funcionalidade do wiki
•
Identificar as diferenças entre wiki e blog
Recursos: •
Computador com acesso à internet
•
Data show 51
Estratégia: •
A professora acessará o blog do curso, e apresentará no datashow o vídeo “o que é wiki?”
•
Após tal apresentação, a professora pede que os alunos acessem os endereços de wikis que estão no site, e procurem características que diferenciem o wiki do blog, e postem como comentário no blog.
Avaliação: Através deste trabalho de comparação, a professora poderá perceber quanto os alunos compreendem sobre blog e se conseguiram ver alguma diferença no wiki. Aula 11 – Como utilizar wiki na escola Objetivos específicos: •
Compreender a funcionalidade do wiki como recurso didático
•
Identificar usos do wiki na realidade da sala de aula do professor
Recursos: •
Computador com acesso à internet
•
Texto “wiki”21
Estratégia: •
Os alunos iniciam a aula lendo o texto.
•
Discussão sobre o texto.
•
Cada aluno deve pensar alguma forma que possa usar o wiki como recurso didático em sua realidade, e escrever uma proposta de uso de wiki no wiki do curso de capacitação.
Avaliação: Pode-se perceber, através das propostas de wiki de cada aluno, se de fato 21
Refere-se ao capitulo “O wiki” deste trabalho
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compreenderam a funcionalidade do wiki na educação ou não. Aula 12 - Criando um wiki Objetivos: •
Criar um wiki teste
•
Desenvolver habilidades de edição de hipertexto
Recursos: •
Computador com acesso à internet
•
Data show
Estratégia: •
No data show, a professora mostrará como criar um wiki
•
Será dado um tema para ser desenvolvido em sala de aula (pensar em tema que seja relevante para este grupo de alunos), como saúde, ou higiene, ou leitura e escrita...
•
Cada aluno deve fazer alterações no texto, acrescentar informações, adicionar imagem e assim por diante.
Avaliação: Durante a dinâmica na sala de aula, pode-se perceber se os alunos compreendem o propósito do wiki, se postar de forma adequada suas anotações e assim por diante. 4.1.4. Módulo 4 - O Google Earth como recurso didático Aula 13 – Google Earth Objetivos específicos: •
Instalar o Google Earth
•
Utilizar o Google Earth para localizar cidades, estados e países. 53
Recursos: •
Computador com acesso à internet, com o Google Earth instalado.
•
Data show
Estratégia: •
O professor deve acessar o site do Google.
•
Uma vez no site, procurar no topo da tela “Ainda mais”, e clicar.
•
Na nova janela, clicar em Earth.
•
Mostrar onde se faz o download (não fará download, pois já deve estar instalado nos computadores).
•
Pedir que os alunos acessem o Google Earth em seus computadores.
•
Devem procurar em “camadas” o ícone de fronteiras, e ativá-lo.
•
Os alunos irão então digitar em “localizar” a palavra “Brasil”.
•
Após encontrar o país, devem digitar no mesmo espaço “Minas Gerais”
•
Depois de encontrarem o estado, devem localizar “Belo Horizonte”.
•
Deixar um tempo para que os alunos mexam livremente no Google Earth.
Avaliação: Verificar se todos os alunos conseguiram localizar o que foi pedido. Aula 14 – Aprendendo a usar o Google Earth e associá-lo à educação Objetivos específicos: •
Utilizar recursos do Google Earth.
•
Fazer associação entre recursos do programa com conteúdos escolares.
Recursos: •
Computador com acesso à internet com Google Earth instalado.
•
Data show
54
Estratégia: •
Localizar mais uma vez Minas Gerais.
•
Explicar: a) Utilização dos controles de navegação 1. Zoom in, zoom out; 2. Inclinar o terreno até 90º 3. Girar a visualização para obter uma nova perspectiva 4. Usar o botão do meio do mouse para movimentação contínua b) Usar as camadas 1. Ruas e rodovias 2. Limites e marcadores 3. Terreno: 1. Localizar primeiramente Santos 2. selecionar o item “terreno” usando camadas 3. Aproximar com o Zoom até a altura de 1 km (aproximadamente) 4. Inclinar o plano até atingir a altitude do ponto de visão para 370m 5. Girar a “rosa dos ventos” para que o Oeste fique “para cima” 6. Com o “botão” do meio da rosa dos ventos percorrer o percurso até ultrapassar a Mata Atlântica.
Avaliação: Espera-se que os alunos consigam realizar todas os comandos descritos na estratégia. Aula 15 – Experimentando o Google Earth na prática docente Objetivos específicos: •
Associar os usos do Google Earth com aulas de geografia
•
Manusear o Google Earth com maior autonomia
55
Recursos: •
Computador com acesso à internet com Google Earth instalado.
•
Data show
Estratégia: 1. Visualização de relevo Primeiro os alunos devem localizar São Paulo. Uma vez feito, devem selecionar em Camadas o recurso Terreno. Devem então fazer zoom in, inclinar a imagem, e “voarem” com o mouse para o leste – para a Serra do Mar. Visualizarão assim as mudanças de relevo até chegar ao litoral. 2. Fronteiras e mapas Pede-se que tirem a seleção de todas as camadas. Agora só deve ficar selecionado – Fronteiras. Pede-se que os alunos façam o zoom out, para mostrar as fronteiras entre os países. Pedimos então para localizarem o Brasil. Depois, devem encontrar a tríplice fronteira
(Brasil,
Paraguai,
Argentina).
Ao
fazer
zoom
in,
progressivamente, devem notar quais são os fatores que delimitam as fronteiras, como rios, estradas, pontes... 3. Oceanos Desta vez será feita uma brincadeira. Serão dadas algumas dicas, para que as pessoas descubram sobre qual mar a professora estará falando. Para isto, pede-se que tirem a seleção de qualquer camada, e deixem selecionado “marcadores”. Quem quiser selecionar posteriormente outra camada, pode fazer por conta própria. As dicas serão os países que são banhados por este Oceano, indicações latitudinais e longitudinais e assim por diante. Ao fim da brincadeira, cada um os “vencedores” devem socializar com a turma como encontrou os mares solicitados. 4. Distâncias
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A primeira tarefa será localizar a escola em que se encontram. Devem chegar bem próximos (altitude – 1 km ) e selecionar o ícone da régua. Usarão a régua para medir a distância entre a escola e algum ponto de referência (farmácia, praça...). A distância dada será em milhas. Pede-se então que mudem para metros. Devem fechar a janela de distância, sendo que a medida continuará na tela. Então deve-se mostrar que fazendo zoom in ou zoom out a distância visualmente parece aumentar ou diminuir, mas numericamente não se altera. Assim mostra-se o que significa escala em um mapa. Pede-se, então, que os alunos se afastem (zoom out) até a altitude de aproximadamente 10000km. Então que coloquem o planeta de tal forma que apareça tanto a América do Sul quanto a Europa. Devem então traçar a distância entre Brasil e Portugal. A distância aparecerá em metros agora, e pede-se que mudem para quilômetro. Assim pode-se ter a noção de que apesar da curvatura da Terra, as distâncias são calculadas linearmente. 5. Longitude e latitude (pólos e trópicos) Na altitude de aproximadamente 10000 km, devem clicar em “visualizar” na barra de ferramentas e então selecionar “grades”. Assim os alunos poderão, sempre nessa mesma altitude, explorar o planeta com as latitudes e longitudes. Pede-se que localizem o Meridiano de Greenwich. Assim verificarão a longitude 0 o. Avaliação: Espera-se que os alunos consigam realizar todos os comandos descritos na estratégia.
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4.1.5. Módulo 5 - O professor na vanguarda educacional Aula 16 – Fechamento do curso Objetivos específicos: •
Perceber-se capacitado à utilizar o blog, o wiki e Google Earth como recursos didáticos.
•
Discutir a respeito das possibilidades que a internet oferece à educação
•
Relacionar os conteúdos do curso com sua realidade
Recursos: •
Texto “Sobre professores marcantes” (anexo 9)
Estratégia: •
Distribuir o texto, pedir para que os alunos façam sua leitura e abrir uma discussão, associando a papel do professor como mediador do conhecimento e de sua “obrigação” como eterno pesquisador, na busca de uma aprendizagem significativa por parte de seus alunos.
Avaliação: Pedir que os alunos façam uma auto avaliação, relatando o que acreditam que foi proveitoso e o que de fato irão aplicar em sua prática docente. Pedir, ainda, uma avaliação do curso, para possível reestruturação do mesmo. Bibliografia utilizada: CASTANHO, S e CASTANHO, M.E. (Orgs) Temas e textos em metodologia do Ensino Superior. Campinas, SP. Papirus, 2001.
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Considerações finais Este trabalho buscou elaborar um curso de capacitação de professores do Ensino Fundamental que mostrasse a possibilidade de associação entre a internet e a educação, através de uma análise crítica da realidade. Para isto, foram planejadas estratégias que levassem em conta o conhecimento prévio dos alunos e suas respectivas realidades. Este curso deve ser flexível, podendo ser adaptado a situações não planejadas, e então sofrer alterações. Acredito, ainda, que outros recursos da internet podem ser estudados como recursos didáticos. Pretendo continuar este trabalho futuramente, em outro projeto.
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Referencia bibliográfica: ROIZMAN, A. N. D. O blog como recurso didático na formação do leitor crítico. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Iniciação Científica, 2008. BRASIL. Ministério da Educação. Secretaria de Educação a Distância. Integração das tecnologias na educação. Brasília: Seed, 2005. 204 p. CARLOS, A. F. A. (org.). Novos caminhos da geografia. São Paulo: Contexto, 2001. CASTANHO, S. e CASTANHO M. E. (orgs). Temas e textos em Metodologia do Ensino Superior. Campinas/SP: Papirus, 2001. FREIRE, P. Pedagogia da Autonomia: saberes necessários à prática educativa. 29ª edição. São Paulo: Paz e Terra, 1996. FREITAS, M. T. & COSTA, S. R. (orgs.). Leitura e escrita de adolescentes na internet e na escola. Belo Horizonte: Autêntica, 2005. HAYDT, R. C. C. Curso de didática geral. 7ª edição. São Paulo: Editora Ática, 2006. HEWITT, H. Blog: entenda a revolução que vai mudar seu mundo. Rio de Janeiro: Thomas Nelson, 2007. LÉVY, P. A inteligência coletiva. Trad. L. P. Rouanet. São Paulo: Loyola, 1998. ______. Cibercultura. Trad. C. I Costa. 2 ed. São Paulo: Editora 34, 2000.
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MARCUSCHI, L. A. e XAVIER, A. C. (orgs.). Hipertexto e gêneros digitais: novas formas de construção do sentido. Rio de Janeiro: Lucerna, 2004. MIZUKAMI, M. G. N. Ensino: As abordagens do processo. São Paulo: EPU, 1986. PESCE, L. M. Rede de papéis: contribuições telemáticas à formação do leitor crítico. São Paulo: Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Dissertação, Mestrado, 1999. RAMAL, A. C. Educação na cibercultura: hipertextualidade, leitura, escrita e aprendizagem. Porto Alegre: Artmed, 2002. SANHOLTZ, J. H et al. Ensinando com tecnologia: criando salas de aula centradas nos alunos. Porto Alegre: ArtMed, 1997. SANTAELLA, L. Navegar no Ciberespaço: o perfil cognitivo do leitor imersivo. São Paulo: Palus, 2004. SILVA, L. E. Reestruturação curricular: novos mapas culturais, novas perspectivas educacionais. Porto Alegre: Sulina, 1996.
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