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Um olhar que se fecha

No dia 23 de abril faleceu em São Paulo o arquiteto, designer, crítico e professor Claudio Ferlauto. Nascido em Porto Alegre, em 1944, Ferlauto se formou em Arquitetura pela UFRGS e fez mestrado em Arquitetura e Urbanismo pela FAU-USP. Sua paixão pelas artes gráficas e sua incansável busca por expressão levaram-no a fundar o jornal alternativo Pato Macho no período da ditadura militar. Essa publicação corajosa desafiou a censura vigente e, ao lado de Luis Fernando Verissimo e Coi Lopes de Almeida, marcou época na imprensa gaúcha, sendo comparada por chargistas renomados a O Pasquim do Sul.

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Além de seu engajamento no jornalismo crítico e na luta pela liberdade de expressão, Ferlauto destacou-se como um profissional versátil. Ele foi um dos criadores do escritório de design gráfico Signovo em Porto Alegre, ao lado de Pedro Mohr e Antonio Aiello, que explorava o desenho industrial e a programação visual.

Em São Paulo, onde morava desde 1972, criou a Qu4tro Design, em 1981, ao lado da esposa, Cristina Burger, e dois amigos, João Batista Novelli e Mauro Munhoz. O estúdio, além de desenvolver projetos de arquitetura, tornou-se conhecido e consagrado na área do design gráfico e ilustração. Ferlauto lecionou na FAU-USP, Belas Artes, Fundação Armando Álvares Penteado e na Universidade Anhembi Morumbi e também foi autor das obras O livro da gráfica, O tipo da gráfica, B de Bodoni e A fôrma e forma, que são referências para estudantes e profissionais da área.

Além disso, ele participou de várias edições do Prêmio Salão Design como jurado e responsável pelas peças gráficas das campanhas. Seu trabalho foi reconhecido nacional e internacionalmente, com portfólios publicados em países como Japão, Alemanha e Estados Unidos.

Por quase 27 anos, Claudio Ferlauto colaborou com a Revista Abigraf. No final de 1990, a publicação decidiu criar uma seção com o objetivo de divulgar o trabalho de novos designers gráficos e convidou Ferlauto para ser o responsável e articulista do novo espaço. Título escolhido por ele, a seção Olhar Gráfico perdurou até o início de 2017. Foram 158 edições, nas quais ele transmitia seu profundo conhecimento de design e artes gráficas, selecionando e apresentando trabalhos inovadores, novas tendências e linguagens. O projeto continuou no issuu. com/olhargrafico na página Olhar Gráfico, do Facebook, como “um espaço para o debate, para trocas e para o fomento. Um olhar plural para o mundo do design sob a ótica do designer Claudio Ferlauto”.

Ferlauto deixa a esposa Cris Burger, os filhos Sauê, Maialu e Suiá. Que a memória de Claudio Ferlauto permaneça viva como uma inspiração para as gerações futuras, impulsionando a busca pela criatividade, ousadia e transformação.

Por: Tânia Galluzzi

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