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abolsamia 131 (mai/jun 2022)
ESPÍRITO VISIONÁRIO ESTÁ-LHES NO SANGUE
História, força, valor e beleza. É o que representa o símbolo dos 4 cavalos da Antonio Carraro, que nasceu em 1910 ainda como Giovanni Carraro, pai e fundador de uma empresa centenária que teve uma história até 1960 e outra a partir do momento em que Antonio Carraro, um dos seis filhos do fundador, tomou as rédeas e lhe ofereceu toda a sua capacidade de visão para a construção de máquinas e evolução da agricultura. Chegou a líder de mercado em 1970 ao atravessar todos os continentes. Em março deste ano, aos 90 anos, Antonio Carraro faleceu, deixando um legado de conquistas e descobertas inovadoras que ajudarão a empresa a manter o seu rumo.
Pádova, 1910. Aos 19 anos e revelando desde logo um génio fora do comum, o jovem Giovanni Carraro concebe uma máquina capaz de lavrar, semear e fazer uma série de outras operações culturais, com uma polivalência invulgar em relação às restantes máquinas da época que se viam no terreno. E o reconhecimento foi imediato: o semeador automotriz foi apresentado na primeira feira industrial realizada em Pádova e recebeu os maiores elogios por parte de vários intervenientes do ramo da agricultura. Giovanni Carraro não se ficou por aqui e avançou para a construção de tratores e motores diesel, fazendo novamente a diferença. A evolução prolongou-se durante meio século até que, em 1960, entra em cena Antonio Carraro, que viria a promover uma refundação da empresa.
(Di)visão para o sucesso
Assim, a empresa ficou dividida em dois ramos: a Antonio Carraro di Giovanni (que mais tarde passaria a ser apenas Antonio Carraro) onde se estabeleceram o pai Giovanni, o filho Antonio e a filha Bianca; e a Carraro SpA (com Oscar, Francesco, Mario e Clara, outros filhos de Giovanni Carraro). Os dois ramos da família Carraro seguiram, cada um, uma visão de negócio diferente: a Antonio Carraro especializou-se, então, em tratores compactos para a agricultura especializada, enquanto a Carraro SpA fê-lo em tratores de grande escala e componentes para automóveis.
Antonio Carraro entra para a empresa no pós-“guerra do Trigo”, período que se seguiu à II Guerra Mundial e veio dar um forte impulso à mecanização da agricultura. Nesta fase (1960), os motores mecânicos substituíram em definitivo os motores de tração animal e, graças ao espírito inovador e visionário herdado do pai, Antonio Carraro levou a empresa para outro patamar, dando início à produção de tratores compactos para a agricultura especializada. A partir daí, um sucesso levou ao outro: em 1970, a marca já era líder de mercado no setor dos tratores compactos, chegando a todos os continentes.
Centro de Estudo e Pesquisa
Em 1973, Antonio Carraro mostrou, mais uma vez, a sua faceta de visionário ao fundar o Centro de Estudo e Pesquisa, um dos primeiros no sector metalomecânico italiano, onde uma equipa de técnicos se dedicou exclusivamente à investigação de veículos inovadores para a agricultura, em colaboração com as universidades de Pádova, Bolonha, Berlim (Alemanha), Humboldt (Estados Unidos da América) e Sidney (Austrália). A evolução na construção de máquinas era uma realidade e, nos anos 90, haveria de nascer ainda a ‘Groundcare’: uma gama de máquinas profissionais para a manutenção de espaços verdes, vias públicas e limpeza de zonas urbanas.
Futuro em marcha
A partir de 2000, a empresa deu passos seguros rumo ao futuro: construiu os novos armazéns em Campodarsego – primeiro plano de expansão da empresa -, reorganizou os departamentos de produção, de acordo com a Porsche Consulting de Estugarda e deu início a um processo de formação que provocou alterações dentro da empresa, encontrando-se hoje esta no topo das empresas agrícolas mecanizadas. Tal situação deveu-se à aposta de Antonio Carraro na introdução da tecnologia aplicada ao seu processo produtivo e à organização de acordo com a filosofia japonesa ‘Kaizen’, que apela a pequenos passos contínuos para a melhoria que o fundador Giovanni Carraro já apregoava nos anos 20 do século passado: “Uma marca em constante evolução ao longo do tempo com o objetivo de trazer frescura e modernidade.”
Evolução do logotipo
Adeus aos 90 anos
Após 62 anos a trabalhar ativamente nos projetos da empresa, Antonio Carraro faleceu no passado dia 11 de Março, sete dias após cumprir 90 anos. “Fácil e generoso por natureza, sempre contribuiu vigorosamente para a vida da empresa, apresentando-se nos documentos institucionais e nos anúncios publicitários até ao fim dos seus dias”, escreveu a empresa num comunicado de imprensa. O legado, esse, fica bem visível para todos aqueles que pretendem continuar a levar a Antonio Carraro ao sucesso
TEXTO: HUGO NEVES