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PRATICANDO A TEORIA X TEORIZANDO A PRÁTICA

Entre as concepções do filósofo e educador norte-americano John Dewey (1859-1952), é encontrada a necessidade de valorizar a capacidade de pensar dos estudantes, preparando-os para questionar a realidade, de problematizar e, especificamente, unir a teoria e prática; foi dele a inspiração da Escola Nova no Brasil, liderada pelo educador Anísio Teixeira, o qual colocou a atividade prática e a democracia como importantes ingredientes da educação. É o aprender fazendo. (PATRÍCIO, 1995; FERRARI, 2018). A gestação desta escrita ocorreu mediante pesquisa bibliográfica, pelo método dedutivo, exprimindo por palavras e exemplos aplicados no dia a dia em sala de aula do curso de Ciências Contábeis.

Introdu O

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Oprimeiro elã ao ler o título acima é o ensinamento pela educação, pois, nos quatro ícones, ora definidos pelo lexicográfico Aurélio: “praticando–exprimindo por palavras”, “teoria–conjunto de–princípios fundamentais duma ciência”, “teorizando – fundamentando com teorias”, e “prática –saber provindo da experiência técnica. Aplicação da teoria”.

Influenciado pelo empirismo, Dewey criou uma escola-laboratório ligada à universidade onde lecionava para testar métodos pedagógicos. Ele insistia na necessidade de estreitar a relação entre teoria e prática, pois acreditava somente terem sentido as hipóteses teóricas no dia a dia. Entende-se ser o tema magistral, relativo a mestre, professor ou docente e como nos legou Guimarães Rosa em sua célebre frase “mestre não é quem sempre ensina, mas quem de repente aprende” e, ainda, Leonardo da Vinci ressaltou: “Sempre a prática deve ser edificada sobre a boa teoria.” Portanto evidenciou, já no século XVI: “Aqueles que se enamoram da prática sem a ciência, são como o navegador que entra no navio sem timão ou bússola, que jamais tem certeza de onde se vai” (ECHEVERRIA, 2015).

Os primeiros passos para os neófitos nas Ciências Contábeis, estudantes de hoje e contadores do amanhã se desenvolvem com a aplicabilidade da teoria e da prática da Contabilidade Geral em sala de aula.

Desenvolvimento

A Contabilidade é a ciência dos fenômenos patrimoniais das empresas, pois ela estuda, pratica as funções de orientação, controle e registro dos atos e fatos da administração econômica em entidades com fins lucrativos ou não. A função administrativa da Contabilidade é controlar o patrimônio e a função econômica é apurar o resultado, o qual pode ser lucro ou prejuízo. O Patrimônio é o conjunto de bens, direitos e obrigações de uma Pessoa Física ou Pessoa Jurídica, com fins lucrativos ou não. A divisão patrimonial é o ATIVO –representando a parte positiva do patrimônio – formado pelos bens e direitos, e o PASSIVO – contemplando a parte negativa do patrimônio – com as obrigações para com terceiros (dívidas) e com o proprietário (capital próprio).

Depois dessas explicações e de responder a todos os questionamentos apresentados, os alunos são orientados para elaborar o seu patrimônio pessoal, qualitativa e quantitativamente por seus BENS, quais seriam: dinheiro, saldo bancário, telefone celular, motocicleta, veículo, computador, casa e outros, somando-se os valores; DIREITOS, sendo: salário a receber, consórcio a sortear, dívidas de outrem, com a respectiva soma; apresentando, assim o total do ATIVO; na sequência, as OBRIGAÇÕES: prestações de veículo a pagar, salário a pagar, impostos a pagar, empréstimos bancários, financiamento do imóvel, cartão de crédito e outros, com a soma respectiva; para completar o PASSIVO, neste caso de estudo, representando o total do PATRIMÔNIO LÍQUIDO, teríamos o total do ATIVO (-) menos o PASSIVO, obtendo-se o Capital Próprio ou a Situação Líquida. Caso o valor do PASSIVO ultrapasse o ATIVO, apresentando resultado negativo denomina-se por PASSIVO A DESCOBERTO.

Com essas informações práticas, passam a entender a equação considerada como básica na Contabilidade: (Bens + Direitos) – (Obrigações) = Patrimônio Líquido. O estudo apresentado pode ser transportado para uma Sociedade Empresária ou Empresa Individual, levando-se em conta a necessidade de CAPITAL para iniciar um empreendimento.

Em decorrência, sendo a atividade comercial, têm-se as INSTALAÇÕES, representada por balcões, prateleiras, maquinário e há a aquisição de MERCADORIAS à vista e a prazo, empréstimos bancários e as vendas. Numa equação simples, o custo das mercadorias deduzido do valor das vendas resulta no LUCRO da empresa; há os impostos governamentais também; é óbvia a existência de outras despesas de funcionamento, em especial com empregados registrados na forma da legislação com essas informações, e diante do estudo anterior apresentado de seu patrimônio individual, orienta-se a formação de grupos de até cinco estudantes para elaborarem e apresentarem a si- tuação patrimonial de uma empresa comercial, podendo ser inclusive de uma empresa real de algum membro do grupo de estudo. Todas as pessoas têm seus nomes; na Contabilidade tem-se o Plano de Contas, destinado a registrar os atos e fatos administrativos para obter-se o resultado econômico da sociedade. Há a divisão das CONTAS em PATRIMONIAIS e DE RESULTADO, as primeiras destinadas a apresentar o Balanço Patrimonial e as

Lançamento de Diário nº 1 outras a Demonstração do Resultado do Exercício e, ambas, nas demais Demonstrações Contábeis exigidas por norma do Conselho Federal de Contabilidade, ou seja, a NBC TG 26 (R5) –Apresentação das Demonstrações Contábeis, em especial os itens 54, 81A, 81B e 82. Na oportunidade fazer a apresentação da precitada norma aos estudantes, orientando-os a obter uma cópia do documento para estudos.

Lançamento de Diário nº 2

Lançamento de Diário nº 3

Lançamento de Diário nº 4

Eis a transcrição no Livro Razão (para fins didáticos utiliza-se o RAZONETE EM “T”:

De posse de Demonstrações Contábeis divulgadas na mídia, levar cópias para a sala de aula de várias sociedades empresárias, distribuindo-as para estudos em grupo de até cinco integrantes, evitando a participação daqueles estudantes do grupo anterior para, evidentemente, haver maior entrosamento entre eles. Isto feito, distribuir as cópias para as comparações e registro das diferenças observadas com vistas à apresentação por um dos membros de cada grupo, mediante as explicações das ocorrências e divergências da norma.

A Contabilidade hodierna é realizada com o auxílio de planilhas e desenvolvida por intermédio de softwares em computadores. Não obstante é necessário o entendimento do DÉBITO, do CRÉDITO e do SALDO (DEVEDOR OU CREDOR). As movimentações são realizadas no DIÁRIO, como o próprio nome diz: diariamente; e no RAZÃO, distribuindo os valores monetários pelas contas existentes para a movimentação e preparação das demonstrações contábeis ao final do período necessário (diariamente, semanal, mensal, semestral ou anual). Para saber-se a posição da empresa em dado momento, é feito o Balancete, com todas as contas patrimoniais e de resultado. Assim, sempre temos em cada lançamento contábil pelo menos um débito e um crédito, um débito e dois créditos, dois débitos e um crédito, dois débitos (ou mais) e dois créditos (ou mais); respectivamente, são lançamentos contábeis de primeira fórmula, segunda fórmula, terceira fórmula, quarta fórmula ou fórmula complexa. A COMERCIAL PFALTZGRAFF, sediada em Cuiabá, iniciou suas operações em 02/07/2018, com o Capital de R$50.000,00, integralizado totalmente em dinheiro. Foram compradas Mercadorias para revenda no valor de R$25.000,00, sendo R$5.000,00 à vista e o restante para o pagamento a prazo; adquiriu, para uso da empresa, Móveis e Utensílios diversos pelo total de R$35.000,00, sendo pagos

50% (cinquenta por cento) à vista e o restante a prazo. No dia seguinte, o total da venda de Mercadorias foi de R$10.000,00, cujo custo representava 70% (setenta por cento), sendo pago 40% (quarenta por cento)à vista e o restante a prazo. Proceder no registro das operações e elaborar um Balancete.

COMERCIAL PFALTZGRAFF

Balancete em 03 de julho de 2018

O balancete poderia ser apresentado sem a movimentação, ou seja, tão somente com os saldos devedores e credores das contas, as quais poderiam ser apresentadas sem as denominações do grupo a que pertencem; há vários modelos de balancete. Não foram calculados os impostos governamentais por se tratar de estudo inicial dos lançamentos, suas transcrições e levantamento de saldos para fins didáticos, os quais se entende de melhor interpretação pelos neoestudantes das Ciências Contábeis. Com esta apresentação do Livro Diário, Livro Razão e Balancete, complementa-se o estudo relativo ao exercício proposto.

Refer Ncias

Considera Es

A matéria não se encerra nestas poucas linhas, aliás, elas são fontes para novas pesquisas, para a aplicabilidade em sala de aula, para outras inferências.

A norma sobre a Apresentação das Demonstrações Contábeis, editada pelo Conselho Federal de Contabilidade, citada linhas atrás é riquíssima para os estudos e desenvolvimento dos trabalhos do mestre em sala de aula. Em “PRATICANDO A TEORIA X TEORIZANDO A PRÁTICA”, há de se convir a existência do currículo oculto, com os trabalhos em sala de aula de valores, ética, bons costumes e, ainda, se recebe dos próprios estudantes para socializar com a classe eventuais problemas surgidos voltados à profissão contábil. O tema nos leva a ensinar pelo exemplo, o qual teoricamente trará repercussões mais salutares em lugar de meras palavras.

ECHEVERRIA, Ivan. Contabilidade Geral, Custos & Análise Contábil. Cuiabá: KCM, 2015.

FERRARI, Marcos.Anísio Teixeira, o inventor da escola pública no Brasil.Disponível em: https:// novaescola.org.br, Acessado em 29 jun.2018.

FERREIRA, Aurélio Buarque de Holanda. Novo Dicionário Eletrônico Aurélio: versão 6.0. Anjos, Margarida; Ferreira, Marina Baird (coord. e ed.). Curitiba: Positivo Informática, 2009.

PATRÍCIO, Manuel Ferreira. A questão metodológica à luz da Escola Cultural. In: Novas Metodologias em Educação. Org. Adalberto Dias de Carvalho. Porto: Portugal, 1995.

PFALTZGRAFF, Rogério. Testes Contábeis: Contabilidade Geral, Industrial, Superior e de Análise de Balanço. 3. ed. Rio de Janeiro: Record, s/d.

RIBEIRO, Osni Moura. Contabilidade Básica Fácil. 29. ed. ampl. e atual. São Paulo: Saraiva, 2013.

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