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FORTALEZA - CEARÁ - BRASIL Terça-feira, 2 de outubro de 2012
VERDE
ABC da Caatinga
Vida do Sertanejo da Caatinga Sertanejo conduzindo rebanho
V
ocê sabia que na Caatinga podemos conseguir alimento e água por meios completamente diferentes dos que conhecemos? Essa prática é antiga e foi desenvolvida principalmente pelas primeiras gerações de sertanejos que cuidavam do gado e das plantações. Saiba um pouco mais sobre essa história! Quando precisavam armazenar água, por exemplo, podiam queimar os troncos do umbuzeiro, mas sem tocar em suas raízes. Assim, os tubérculos se enchiam de água, que ficava bem guardada para futuras necessidades. Para driblar a sede na época da seca e evitar a desidratação por conta do sol, tomavam água em pequenas quantidades, molhavam os braços com frequência e punham pequenos pedaços de rapadura na boca.
O Ceará é conhecido por ter iniciado o seu desenvolvimento a partir do interior, com a cultura do gado e com o cultivo do algodão. Entre os séculos XIX e XX, os sertanejos passavam dias em convívio direto com a natureza, ao relento, seja para cuidar dos animais, seja para cuidar das plantações. Nesse contexto, buscando a sobrevivência durante o período seco, eles desenvolveram várias técnicas para retirada de alimento e água.
Xique-xique (Pilosocereus gounellei)
Macambira (Encholirium spectabile)
Na falta de água, outra técnica desenvolvida era colocar pedaços de carne em um buraco cavado na batata da raiz do umbuzeiro, enterrando-a em seguida e fazendo fogo no local até restarem as brasas, que permaneciam transmitindo calor à raiz, moqueando a carne a ser consumida no dia seguinte. Mucunã
Isso mesmo! Após o esvaziamento dos cantis de água e do estoque do alimento, era preciso encontrar outras fontes na natureza que suprissem as suas necessidades. Essa água podia ser encontrada nas folhas do gravatá, nas raízes do umbuzeiro, no cipó da mucunã, nas polpas do xique-xique e da coroa-de-frade.
Mais informações:
www.acaatinga.org.br