Matota o matador de crianças

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


RODOLFO COELHO CALVACANTE

MATOTA O MATADOR DE CRIANÇAS

SALVADOR-BAHIA



O povo ainda é o mesmo Do século passado Segue Antonio Conselheiro Ou qualquer pastor errado, Surgiu a pouco um idiota Apelidado MATOTA Com seu credo excomungado. Não adianta a Escritura Chamar ao povo atenção Desses falsos pregadores Que iludem a multidão Dizendo serem enviados Praticando seus pecados Fundando Religião. Nos lados do Mundo Novo Apareceu um idiota Rasgando titulo do povo Pelo nome de MOTOTA, Arrebanhou muita gente, Se dizendo ser um crente No fim se deu a derrota.


Motota com a mulher Iam no sertão pregando Uma nova religião Ao povo todo enganando Conversava até com Cristo Se tornando um Anti-Cristo Das outras crenças zombando. Quem seguia o pregador Tinha que se desfazer Todos os bens que possuia E a ele oferecer, O seu Título rasgava Pois daí não mais votava Segundo seu parecer. A criança que chorasse Ou fizesse a reinação Essa era do Diabo Ou filha da maldição Por isso seria morta E nessa doutrina torta Ia espalhando ao sertão.


Ao depois de praticarem Horrores no interior Sem a policia saber Veio para Salvador Matota com os fanáticos Uns verdadeiros lunáticos Distanciados do amor. “Marata” ─ Sacerdotisa Vidente não sei que mais Transmitia pra “MATOTA” As ordens de satanás Que dizia ser de Deus Faz pena, leitores meus, Esses crimes tão brutais. Quando uma criança chorava Matota sem coração Dava surra de urtiga Sem menor contemplação Quando a pobre mão chorava Matota lhe doutrinava Dizendo que era do Cão.


Lá na praia de Pitanga Bem perto de Salvador Os fanáticos ficaram Ouvindo a voz do “Pastor”, Comendo sem fazer nada E preparando a cilada Para o seu crime de horror. Oito crianças, coitadas, Foram mortas num só dia Jogadas dentro do mar Na pior selvagaria, As próprias mães entregavam Ao “Pastor”, presenciavam O crime que ele fazia. Dizia Matota às mães Que as ciranças afogadas Se fossem vivas seriam Amanhã umas condenadas, Não teriam salvação Por essa “justa” razão Não podiam ser criadas.


Quando os cadáveres boiaram Nenhuma mãe apareceu Nisto a polícia baiana Por certo compreendeu Que qualquer mistério havia E daí daquele dia A procura se extendeu. Bravos Investigadores Percorreram procurando Em toda a parte as famílias Das crianças que boiando Na praia apareceram E assim depois prenderam “Matota” com todo Bando. Cada seguidor trocava O seu nome de batismo Para seguir tal credo No pior do fanatismo Nem Antonio Conselheiro No Nordeste brasileiro Cometeu tanto histerismo.


Matar uma pobre criança Com o nome de Jesus Só concebe gente louca Sem alma, sem Deus, sem luz, Se tem culpa o tal “Pastor” Muito mais o seguidor Desse credo tão lapuz. Prossegue a nossa polícia No sertão investigando Todos crimes de MATOTA No lugar que foi pregando, Crime esse nunca visto Matando com nome de Cristo Nosso povo envergonhando. Meus irmãos do interior Zelem pelos filhos seus Não ouçam que aparecer Falando em nome de Deus Com seita desconhecida, Tenham cuidado na vida Que ouçam os conselhos meus.


Quem for Católico que siga A sua Religião Não dando crença a fanático Que aparecer no sertão Quando não é explorador É um doente, um impostor, Sem alma, sem coração. Nunca se viu neste mundo Surgir tantos pregadores, Fazendo “milagres” dizem Ser de Deus salvadores, Tudo isso é panaceia De gente sem ter idéia Se tornando exploradores. Quase todos que seguiam O MATOTA agora estão Arrependidos dos crimes Que fizeram sem noção, Todos eles enganados Por Matota tapiados Para terem salvação.


Salvação jamais se compra É algo Espiritual, Só quem pode dá-la é Deus!... O homem material Que pratica só o bem Esse Jesus no Além É quem lhe julga afinal. Religião só ensina Todo ato de bondade, Porém quando entra dinheiro Ou qualquer tipo de perversidade Isso é mistificação Contrário a Religião Que faz bem a humanidade. Rasgar título de Eleitor Não é coisa de direito, Surrar e matar criança É uma falta de respeito, É crime dos mais brutais Só o próprio Satanás É quem ensina desse jeito.


Cuidado, muito cuidado, Com os falsos pregadores, Esses que vivem curando No centro, nos arredores Necessita vigilança E muita desconfiança Se são de Deus portadores. Vê-se hoje “Cametôta” Com sua Bíblia na mão Curando o povo nas ruas Por meio da sugestão, Já fazem disso um ofício E a noite no meretrício Terminam sem um tostão. Tem sujeito que abandona Seu emprego pra pregar Ao povo com a Bíblia E sai no mundo a curar Se dizendo Missionário, Não passa de salafrário Só com o fito de roubar.


A Polícia diáriamente Prende esses charlatães E o povo inda dá ouvido Essas Doutrinas malsães, Que ninguém seja enganado Aceitando credo errado Filhos, pais, avós e mães. “Matota” hoje esta prêso Para os seus crimes pagar Porém tem muitos “Matotas” Que ainda vão se acertar, Breve teremos notícia Que a nossa honrosa Polícia Outros terá que pegar. Não pode continuar Essa falta de respeito Ao sentimento do povo Contrariando o direito Que rege a sociedade Com essa calamidade, Sem ninguém poder dar jeito.


Cartomantes, Quiromantes, Astrólogos improvisados Andam percorrendo o mundo Se dizendo assim Formados. Esse truque não é novo Quem sofre isto é o povo, Os pobres são explorados. Tive pena das crianças E de “Matota” o vidente, De “Marota” e as pobres mães A maioria inocente, Disso já sofri bastante Que perdoem o CAVALCANTE Se não versou fielmente.

FIM



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