Meu padim, 150 anos ao lado do romeiro

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


TONY SANTOS

MEU PADIM, 150 ANOS AO LADO DO ROMEIRO

JUAZEIRO DO NORTE-CE



Caro leitor fique atento Para o que eu quero falar A minha vida é a prova Que quero testemunhar Pelos feitos de bondade Exemplo de caridade Um nome eu quero citar Me refiro ao Padre Cicero Sem nenhum constrangimento O Santo de Juazeiro Que alivia o sofrimento Desse Nordeste esquecido Desse pecador fingido Que clama nesse momento Nascido em quarenta e quatro Da era mil oitecentos Meu Padrinho continua Vivo em nossos pensamentos Nesse sesquicentenário Homenageio o vigário Presente em nossos tormentos


A minha fé no bom Padre Já advém dos meus pais Emigrados de Sergipe Pelos feitos divinais Do Padre Cicero querido Virtuoso e convencido Dos ritos sacerdotais Por Jesus foi caçado Por sábio e poderosos Até incompreendido Pelos atos milagrosos Por isso o ano inteiro Me juntarei ao romeiro Pra dar-lhe vivas e fogos Eu agradeço a saúde Que tive acometida Com promessa e muita fé Eu a tive devolvida Vou de preto guarnecido Saudar meu Padim querido Até o final da vida


Em 150 anos Após o seu nascimento Sua imagem continua No meio do firmamento Então, onde quer que eu vá Do meu Padim vou falar Com grande contentamento Foi enviado por Deus Pra tomar conta da gente Do mais rico e soberbo Até o pobre indigente Na oração do romeiro É o Santo Justiceiro Do coração e da mente Por isso vem meu irmão Sobe a estátua do Horto E prova que meu Padim De fato não está morto Permanece noite e dia Na tristeza e alegria Nos trazendo mais conforto


Por isso vem o romeiro De Salgueiro e Mossoró Vem do Norte, vem do Sul Serrita e Cabrobó Pra visitar meu Padrinho Também está no caminho Arco e verde e Caicó A primeira romaria Se deu no século passado Quando o Crato veio ver O milagre consumado Pois na boca de Maria A hóstia em sangue descia Manchando o manto sagrado Por esse acontecimento Veio logo a expulsão Do Padre da Freguesia Chamado de charlatão Um Bispo de pouca fé Malhou logo um pontapé No “Pade Ciço Rumão”


Com a suspensão do Padre O povo se revoltou Mesmo depois que o fato O próprio Padre negou Muita gente acreditava Na igreja se apinhava Para ver o que restou Restou tristeza e dor Para o nosso capelão Quando teve, então, negado Pedido de apelação Tinha mesmo que deixar De pregar e celebrar Na capela e no salão Só querendo resgatar Nesse ano de homenagem Porque de Santo o Padre Não tem somente a imagem Tem vida e adoração Tem guerra e Capitão Além da minha mensagem


No dia vinte o preto É a cor da devoção Um rosário no pescoço No lugar “desse cordão” Deixemos de criticar E vamos canonizar O Pade Ciço Rumão É grande o sentimento Que tenho por essa gente Todo ano a romaria Me deixa muito contente É a prova que a fé Une Maria e José Na Terra no Penitente Valei-me meu Padim Ciço! É a pré da oratória Pois o nosso fundador Faz parte da nossa história Está no Memorial, Na casa feita de pau Coberto de toda glória


Juazeiro é o refúgio Do pobre injustiçado Embora por parecer Um pouco modificado O milagre continua Na minha fé e na sua Na crendice do passado O Romeiro acha aqui A forma de gratidão, De vida em penitência Na luta e oração Juazeiro pode ser O sinal do bem viver No meio dessa missão Na era do Padre Cícero Já dizia o conselheiro O abrigo está aqui Para todos os romeiros Que a fé perpetuar E no caminho trilhar De janeiro a janeiro


Meu Padim está conosco Eu agora posso ver A fé nos dá um sentido Novo em cada amanhecer Hoje com mais de cem anos Juazeiro traça planos Para fé permanecer E nesta gestão de vida Faça parte meu leitor Do desvio da maldade Juazeiro se salvou Escritos em pergaminhos As normas do meu padrinho Fazem homens de valor Facho, pois, meu relato Sem qualquer ostentação O que agora foi dito Falei pelo coração Sempre é tempo de saudar Com louvor glorificar O Pade Ciço Rumão. VALORIZE O ARTISTA DA TERRA, AMÉM FIM



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