ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
PEDRO BANDEIRA
NASCIMENTO, VIDA E LUTA DO GRANDE OTÁVIO FLORÊNCIO DE SOUSA
Grande Otávio Florêncio Bom filho, pai e irmão Bom esposo, bom amigo Bom colega, bom patrão Alma pura Franciscana A maior figura humana Que nasceu no Maranhão Veio ao mundo em dezoito Onze de dez foi o dia No lugar Espírito Santo Pedreiras a freguesia Foi nascendo e foi vivendo Na hora que foi nascendo Já foi trazendo alegria Francisco Florêncio Sousa E Raimunda Evangelista Eram os pais de Otávio De acordo o que está na lista Nascendo trouxe o letreiro De saber ganhar dinheiro Se rico e ser progressista
Quando Otávio nasceu Regado pela parteira Que disse nasceu um homem Foi a palavra primeira Foi banhado numa cuia Alguem gritou aleluia Pra nossa família inteira Ao nascer mamou logo Noutra mulher conhecida Como sua ama de leite Amiga da mãe querida Já nasceu forte e nutrido Satisfeito e destemido Pra longa estrada da vida Nesse tempo o Maranhão Inda não era cercado Cheio de mata e palmeira Com coco pra todo lado E Otávio por natureza Era senhor da riqueza Dentro de um reino encantado
Otávio ainda era criancinha Já queria trabalhar Juntar coco, quebrar coco Mesmo sem saber juntar Mas já seguia na pista De uma alma progressista Que não podia parar Assim Otávio enfrentou Junto ao João seu irmão Trabalhou, juntou dinheiro Dando uma grande lição Dizia agora se vai Pagar as contas que pai Está devendo ao patrão Três patrões, três grandes contas Otávio ajudou a pagar Dizia a mãe e o mano Nós temos que trabalhar Eu vou pra frente, não fico Ainda quero ser rico Aqui no nosso lugar
Otávio chamou o irmão Começou negociar Com gêneros e compra de couro Viu o progresso chegar Subiu serra, desceu serra Igual o eixo da terra Que não podia parar Procurava terra fértil As melhores do estado Logo em solteiro sabia Que era desassombrado Disse eu luto e como cru Mas faço Mururu O meu próprio povoado Enfrentou todo negócio Tinha mais do um patrão Lojas, fazendas, indústrias Ganhou com disposição Conhecido pelas paradas Como o abridor de estradas Das terras do Maranhão
De Bacabal a Pedreiras Santa Inês e São Luiz De Vitoriano e Codó Otávio viveu feliz Caridoso e destemido Seu nome ficou conhecido Em todo nosso país Católico, amigo dos padres Respeitador da doutrina Farrista e desassombrado Nunca torceu uma esquina Maneiro como um macaco Quando pula de um buraco Pra ir pra madeira fina Farmácia, engenho, usina Tudo Otávio possuia Em todo canto que andava Comprava coisa e vendia Trabalhou sem ter preguiça Nunca perdeu uma missa E nem uma cantoria
A sua primeira esposa Tinha o nome de Andrelina A segunda foi Maria Do Carmo, pessoa fina Nome que ainda lhe encanta E que para ele está santa Na santa Mansão Divina Enviuvou duas vezes A terceira vez casou Com uma mulher desonesta Com pouco tempo a deixou Hoje está com Benedita A quarta mulher bonita Que a mão de Deus lhe mandou Pai de mais de vinte filhos Tem alguns deles formado É amigo dos políticos Pó todos é respeitado É leão quando se assanha Dos que não perde campanha No interior do estado
Quatro vezes vereador Foi também vice-prefeito, Todo governo do estado Era por ele eleito É um homem sem insulto No Mururu é um vulto Merecedor de respeito Diz que foi, é e será Amigo de Zé Sarney Presidente da República Pelos direitos da lei E diz que confia nele Que pra ele ─ o homem é ele E Jesus Cristo é o Rei Gozou, sofreu, trabalhou Teve raiva e alegria Padeceu diversos males Nunca mostrou covardia Sempre gostou de um cigarro Abalroada de um carro Quase lhe acabava um dia
Foi perto de Cristalândia Encostado a Gurupi Que das pancadas do mundo Foi a maior que eu já vi O carro virou um fole Se Otávio fosse mole Tinha se acabado ali Desse acidente escapou Dentro do Rio de Janeiro Com a ajuda do governo De Jesus e do dinheiro Depois sofreu um derrame Que no passar do exame Quase virava o papeiro A sua Santa do Carmo Também lhe fez padecer Porque a viu cancerosa Mais um ano sofrer São Paulo, Rio, Teresina São Luíz cumpriu a sina Até um dia morrer
Tem seiscentos afilhados Só na freguesia Já deu a mais de cem velhos Sua aposentadoria Vive cheio de prazer Nunca deixou de beber Uma cervejinha fria E Otávio o maranhense Que já foi milionário Agora está resolvido A fazer seu inventário Dizendo que vai embora Mas leva o lugar que mora No aro do seu rosário As almas santas benditas E São Raimundo Nonato Padre Cicero e São Francisco Lhe protegeram de fato Todos lhe dão muita fé E sabem que Otávio é Homem pra mais de contrato
Se despediu da cidade Do povo e do povoado Algum que lhe deu desgosto Alguém de tudo culpado “Não posso insistir Parto sem querer partir Só vou porque sou forçado” É grande admirador De Wlisses Guimarães O Presidente da Câmara Otávio é um dos seus fãs Em 88 urgente Será ele presidente Dos céus das nossas manhãs Adeus todos meus amigos Daqui até São Luiz Adeus Mururu querido Da minha infância feliz Em São Paulo no Diadema Vou me valer do esquema Do sul do nosso país
Vou viver no alvoroço Daquela grande cidade Voar como um passarinho Que procura liberdade Quem se fica passe bem Não falo mais em ninguém Pra não morrer de saudade.
FIM