ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
JOSÉ ESMERALDO DA SILVA
OUTRO ASPECTO DA PARÓQUIA DE SÃO FRANCISCO
CRATO 1993
Rogo com humildade a Musa Pra ter de mim compaixão Colocar em minha mente, Um pouco de inspiração, Pra que o meu verso tenha, Alguma repercução. A Festa de São Francisco, Foi mudada de feição, Não existe mais barracas, Roda Gigante e Leilão, E com isto o resultado Não se faz comparação. E com esta grande mudança, Outro aspecto se criou, E seu sucesso foi grande, Surpresa a gente causou, Este ato do Vigário, Deus, por certo, abençuou.
O ano passado a gente Saía toda manhã, Em procissão pelas ruas, Andanças de que sou fã, E todo povo rezando, Demonstrando fé cristã. Toda madrugada a gente Alegremente a rezar, Saía com São Francisco, Às vezes té a cantar, E todos bem satisfeitos Até a Matriz chegar. Logo depois que chegava Na Matriz a procissão, O pessoal reunido Tomava café com pão, Fazemos assim, com o Padre, A primeira refeição.
E que houve ali milagre, Eu sou capaz de jurar, Esta multidão enorme, Comia até se fartar, E na mesa, minha gente, Vi muita coisa sobrar. Eu acho tão parecida, Com outra multiplicação, Quando Jesus andava Entre grande multidão, Fartando todo este povo, Com restos de peixe e pão. E tudo que o Padre achava Que era melhor se mudar, Todo mundo combinava Não vi ninguém resmungar, Mesmo aquele seu conselho Bom era a gente aceitar.
Ele andava em toda rua, Fazendo reuniões, Com os seus, pelas calçadas, Verdadeira pregações Nas quais seus paroquianos, Se sentiam com emoções. E na hora da alvorada, Quando do dia ao raiar, O Padre com sua gente Saíam sempre a cantar, Por outra rua voltando, Pra ninguém participar. E logo após as novenas, Não se falava em Leilão, Se falava era em balão Que foi do Padre invenção, Para ter também o pobre Igual participação.
O padre vive pensando No que pretende fazer, E tudo, tudo pra o povo Ele gosta de dizer Tudo dele é planejado, Só vendo pra puder crer. Do ano passado pra este, Foi grande a transformação, O Padre achou que devia Ter mais comunicação, Com os seus paroquianos Que longe daqui estão. São, pois, todos os devotos Que não residem aqui, Moram lá pelas chapadas, Um tanto longe daqui, Ficando difícil deles Se deslocarem pra aqui.
E Padre Elias por isto Tomou esta decisão, De andar pelas capelas De sua circulação, E aos outros paroquianos, Dá um pouco mais de atenção. A abertura da Festa, Este ano foi Campal, Gente de Juazeiro e Crato, Formaram um festival, E todo mundo contente, No meio daquele vai. A festa teve este ano Uma nova animação, A presença do folclore, Chamou o povo atenção O povo que, lá na sala Fez sua concentração.
Brincou Casimiro Coco No meio da multidão, E também o Capoero Fez sua apresentação, Com prosistas e verseiros Ficou completo o salão. Houve também cantoria, De poeta glozador, Daquele que faz repente, Que é improvisador, E que, tão fácil transforma Os seus espinhos em flor. Jamais quer o Padre Elias Em sua declaração Receber dos da Paróquia, Nenhuma contribuição De casório e batizado Ele não quer um tostão.
Foi criada uma Entidade, Pra o que nela arrecadar, Ser para os gastos da Igreja, Nela não quer nem pagar, É, pois, a comunidade, Que tudo vai manobrar. No dia de São Francisco, Houve a concelebração, A Igreja como sempre Em festa de encerração, Estava superlotada Desde a calçada ao Salão. Dos festejos deste ano Quero agora comentar, De todo canto, meu povo, Eu via gente chegar, E a nossa Igreja estava, Sem ninguém puder entrar.
Que cortejo tão sublime! Que rica aglomeração! Todo mundo ali cantando, Em meio da multidão, Vejo, rindo, Jesus Cristo, Pra gente acenando a mão. Nas mudanças todo dia Era grande a animação, Do pessoal que, cantando, Ia fazendo Estação, Em lugar determinado, Pra tomar café com pão. Oh! que momento tão lindo! Que bonita agitação, Quase quinze mil pessoas Cada, de bandeira em mão, Vezes até tremulando, Chamando o povo atenção.
E a gente sempre notando O movimento aumentar, A rua de gente enchendo, Mal se podia passar, Uns cantando, outros rezando, E outros a conversar. Tudo que o Padre promete Com assaz destreza faz, Já começou as visitas, Pois pra tanto ele é capaz, E o bom caminho ele ensina A velho, moço e rapaz. E com todo este cuidado Que o Padre Elias tem, Valoriza todo mundo, O rico e o pobre também, Mas pra servir a pobreza Mais ele se sente bem.
Já vou tão adiantado, Sem noutra festa falar, Pois a do ano passado Não há quem possa cantar, Por isso a deixo de lado Vou outro rumo tomar. E ao meio dia se ouvia, Do sino o seu repicar, De todo canto os fogos Soltavam seu pipocar, Com a procissão encerrada Fui pra casa repousar.
FIM