Peleja de joão ataíde com leandro gomes de barros

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ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.


INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.

INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.

COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte


JOSÉ BERNARDO DA SILVA

PELEJA DE JOÃO ATAÍDE COM LEANDRO GOMES DE BARROS



Voltando João Athayde De Vitória a Jaboatão Quando chegou em Tapera Que saltou na estação Encontrou Leandro Gomes Entrou em conversação A − Bom dia, senhor Leandro Grande poeta modêlo Fiquei bastante contente Porque desejava vê-lo Não só pela sua fama Como para conhecê-lo L – Eu também da mesma forma Gosto da sociedade Embora que suas frases Não tenham sinceridade Caiu a sopa no mel Pra quem já tinha vontade


A – Seu Leandro, não se altere Veja que lhe tratei bem Primeiro sem ter segundo No mundo não há ninguém Quando o mal persegue o homem Não se sabe de onde vem L – A mim não há quem persiga Eu tenho o corpo fechado Se vem com esta tenção É porque vive enganado Não deixo peru por gosto Nem pato por carregado A – O cão tem fôrça no dente Carneiro tem no cachaço Boi tem fôrça no cangote Cavalo no espinhaço Mulher tem fôrça na lingua Tamanduá pelo braço


L – Faca sem ponta é quicé Verêda aberta é caminho Moço branco é sarará Muito preto é mapinguinho Homem sem barba é caçote Barbado, é boca de ninho A – Preto Limão em Natal Nogueira no Cariri Inácio na Catingueira Gulino no Sabugi Romano lá no Teixeira Zé Duda velho em Zumbi L – No Curato, Pedra Azul N’Aliança João Quirino Na Cachoeira, Cafussu No Paraná, Francelino Em Paulista, Antônio da Cruz E no Azevém Marcelino


A – Falemos de outro assunto Que não atrase a moral Que êste é muito rasteiro Nos é prejudicial Vamos falar dos países Pelo mundo universal L – Vamos para onde quizer Que eu não faço questão Peru, Bolívia, Colúmbia Seguem numa direção Arábia, Indostão e Pérsia Suíça, França e Japão A – Egito, Libéria, Líbia Costa Rica e Argentina Dinamarca, Montenegro Nicarágua e a China Rússia, Bulgária, Tunísia Guatemala e Cochinchina


L – Portugal e Inglaterra Austrália, Holanda, Hungria România, Grécia e Anam Que pertencem a monarquia Cuba, Zanzíbar e Congo Venuzuela e Turquia A – As zonas dominicanas Da Inglaterra pra lá Sião, Sérvia, S. Marinho A Birmânia e Canadá Chile, Brasil, Noruega Salvador e Panamá L – Taiti e Equador A Itália e Alemanha Áustria, Bélgica, Haiti Onde o Pacífico banha Tripoli, Uruguai, Marrocos Paraguai e a Espanha


A – já falamos dos países Até aqui vamos bem Vamos falar das cidades Que o nosso Brasil já tem Soure, Totóia e Bragança Ponta de Pedra e Belém L – Cinta, Mauaná e Chaves Macaúba e Macapá Baião, Alenquer, Vigia Snatarém, Tefé, Gaumá Paritins, Serpa e Caxias Parnaíba e Gurupá A – Manaus, Itaquatiara Fortaleza, Amarração Egas, Marajó, Viana Mecejana e Batalhão Brejo, Carolina e barba S. Luiz no Maranhão


L – Crato, Farol e Jardim Rosário e Turiaçu Humaitá e Alcântara Terezina e Guajeú Codó, Mearim, Viçosa S. José de Midibu A – Jaicó e Aracati Maranguape e Camocim Juàzeiro e Sobral Itapicurumubim Natal, Siridó e Sousa Limoeiro e Bom Jardim L – Icó, Teixeira e Açu Itabaiana, Campina Macau, Areia e Pilar Goiana e Petrolina Recife, Olinda e Escada Nazaré e Jacobina


A – Pau d’Alho, Rio Formoso Timbaúba Iguaraçu Jaboatão e Vitória Maroim e Aracaju Penedo, Triunfo e Campo Bezerros e Caruaru L – Minicoré a Alcobaca Caravelha e Cachoeira S. Salvador e Valença Pôrto Calvo e Laranjeira Maceió Vassoura, Jpu Niterói, Canavieira A – Maragojipe e S. Paulo S. Mateus Lapa e Magé Barra-Mansa e Canta-Galo Cabo-Frio e Macaé Amparo e Ribeirão Preto Santo Amaro e S. José


L – Santos, Parati, Laguna Pombal, Iguapé, Araxá Curitiba e Antonina S. Leopoldo, Corumbá Rio Preto e Mar de Espanha Palmares e Cuiabá A – Umbá e Paracatu Diamantina e Bagé Anchieta, Juiz de Fora Campanha e Taubaté Leopoldina e Rio Nôvo Barbacena e Poconé L – Pôrto Alegre e Taiaí Cananéa e Tubarão Vila Formosa e Bonfim Palma e Vila de S. João Uruguaiana e Catende Ouro Preto e Mazagão


A – Das nações que já falamos Pertencem a geografia Vamos descrever os rios Que o globo terrestre cria Entre Europa, Ásia e África América e Oceânia L –untumá e o Perus Acaile e Amapá Ganges, Tapajós, Madeira Rio Negro e Cuminá Oregon, Coroa e Reno Rio Dôce e Juruá A – Casa Nova e Rio Pardo Jaguarão, Uma e Jari Rio Amarelo e Correntes Jundiatuba e Poti Lena, Piranha e Trombeta Douro, Tefé e Javari


L – Tornea, Neva e Duína Escalda, Mosa e Paru Serinhaém e Danúbio Miarim, Turiaçu Cambia, Ravuna e Tigre Calisu, Volga e Xingu A – Amazonas e S. Francisco Ipojuca e Beberibe Cotinguiba e Martirisa Minho, Içá, Jaguaribe Coari, Parnaíba e Tejo Tocantins, Capibaribe L – Rio Branco e Mucuri Rio Verde e Coquetá Rio Mirando e Salado Vasa, Barris e Pará Rio Vermelho e o Prata S. Lourenço e Paraná


A – Mississipi e rio Azul Nilo, Branco e Tieté Tacim, Cabodge, Arno Guadiana e Mamoré Gurupi, Sena e Tâmisa Chori, Jordão, Canindé L – Jureana e Paraguai Aporema e Jacuí Giquitinhua e Zamzíbar Elba, Chiré, Potengi Valdar, Rio Bravo e Apa Colorado e Jatai A – Uruguai, Loira e Humber Amundá e Surubu Ebro, Snega e Pó Invira, Obece e Urubu Murrai, Ródono e Oder Itoí, Paraguaçu


L – São êstes os rios do mundo Que o mapa nos configura Alguns por seu longo curso Outro por sua largura Vamos tratar de assunto Puxando literatura A – Os eruditos letrados Dos séculos antepassados Em perigos esforçados Abrindo os olhos do povo Na praia pernambucana Passa a miasma romana Prometendo a fôrça humana A volta do mundo nôvo L – Se cale o grego troiano Deixe falar o Trajano Que entre o povo romano Foi constitucional Governou com sapiência De grande benemerência Na sua jurisprudência Pelo mundo universal


A – De um rio cujo império Governando um hemisfério Desabrigo vitupério De um jogo tão temerário Qualquer mandatário interno Como um Juiz do inferno Constitúi um mau govêrno Vitalício e hereditário L – No Olimpo Luminoso Num concílio comatoso Cristalino céu formoso Convocado do tomante Passava o vulto eminente Nas sombras do Oriente Encomiásticamente Gentil do velho Atlante


A – De César tenho a memória Porque me resta uma glória De uma grande vitória De um Joanne tão cavalheiro De Dom Carlos rei de França Também me resta lembrança Seu reino na segurança Não houve no mundo inteiro L – Nos tempos da epopéia Na essência da idéia Mostrando a Teodicéia Parte da filosofia Exercendo admirado Pensamento gigantado Titão que viveu armado Conquistador da Turquia


A – Latona criou Apolo Adormeceu em seu colo No meio daquele solo Na remota antiguidade Gritava a Silenita Lá da mansão que habita Na região infinita Avisando a cristandade L – Jano a quem eu contemplo Deixou em Roma seu templo Onde se vê o exemplo Do futuro e do passado Nesse templo se encerra Todo passado da terra É aberto em tempo de guerra Durante a paz é fechado A – Assunto muito comprido Só dá para enfadar Vamos glosar um pouquinho Para desenfastiar O senhor faça seu mote E podemos principiar


MOTE L – Uma nação reminada Uma morada distante Um pôrto na beira-mar Um homem comerciante GLOSA A – Dez fortalezas salvando Dez homens numa questão Dez vapôres de saída Dez caixeiros num balcão L – Dez fortalezas salvando Nove batalhões formados Oito generais armados Sete cornetas tocando 6 pedras infernais queimando Cinco tinas de gelada Quatro casas de morada Três comandantes de linha Duas cidades vizinha Uma nação reminada


A – Uma nação reinava Duas cidades vizinha Três comandantes de linha Quatro casas de morada Cinco tinas de gelada 6 pedras infernais queimando Sete cornetas tocando Oito generais armados Nove batalhões formados Dez fortalezas salvando L – Dez homens numa questão Nove guilhotinas armadas Oito oficinas fechadas Sete minas de carvão Seis crateras de vulcão Cinco astros de levante Quatro marés na varzante Três estudantes ladinos Dois castelos bizantinos Uma morada distante


A – Uma morada distante Dois castelos bizantinos Três estudantes ladinos Quatro marés na varzante Cinco astros de levante Seis crateras de vulcão Sete minas de carvão Oito oficinas fechadas Nove guilhotinas armadas Dez homens numa questão L− dez vapôres de saída Nove bandeiras içadas Oito escotilhas fechadas Sete trens fazendo partida Seis criaturas sem vida Cinco paisanos a falar Quatro botes a navegar Três vagões cheios de gente Duas colinas de frente Um pôrto á beira-mar


A – Um pôrto á beira-mar Duas colinas de frente Três vagões cheios de gente Quatro botes a navegar Cinco paisanos a falar Seis criaturas sem vida Sete trens fazem partida Oito escotilhas fechadas Nove bandeiras içadas Dez vapores de saída L – Dez caixeiros num balcão Nove fregueses comprando Oito poetas glosando Sete patacas de pão Seis metros de gorgurão Cinco meninas galantes Quatro sujeitos pedantes Três despachantes ligeiros Dois automóveis cargueiros Um homem comerciante


A – Um homem comerciante Dois automóveis cargueiros Três despachantes ligeiros Quatro sujeitos pedantes Cinco morenas galantes Seis metros de gorgurão Sete patacas de pão Oito poetas glosando Nove fregueses comprando Dez caixeiros num balcão

FIM



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