ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
PRIMEIRA PELテ開A DE INテ,IO DA CATINGUEIRA COM ROMANO DO TEIXEIRA QUANDO PATOS AINDA ERA UMA PEQUENINA VILA
R. Inácio vieste a Patos procurando quem te forre volte pra caso negro aqui ninguem te socorre que caindo em minhas unhas apanha, deserta ou morre I. Seu Romano eu vim a Patos pela fama do senhor que me disseram que era mestre e rei de cantador quando canta num salão discute até com doutor R. Inácio meu pai foi pobre porisso não estudei porem as primeiras letras na escola as decorei e a falta de dinheiro meu negro não me formei
I. Eu bem sei que seu Romano sabe lê, sabe cantar e não é como Inácio que não sabe açuletrar mas, nasci com dote e sina para muito improvisar R. Inácio o meu martelo por bom ferreiro é forjado tanto ele é bom no aço como está bem temperado a forja onde foi feita só bota aço blindado I. Seu Romano eu lhe garanto que resisto seu martelo ao golpe do seu facão ao corte do seu cutelo se não morrer na Pelêja lhe vencerei no duelo
R. Inácio eu quando me zango tenho força de Zebú pra gente da sua cor sou pior que canguçú mato, estrangulo e devoro rasgo negro e como crú I. Seu Romano eu me zangando devoro sem compaixão corto mais do que navalha furo mais do que ferrão queimo como fôgo em brasa é de tremer coração R. Inácio se tu pretendes contra mim me propor guerra verás eu tirar-te a vida deixar-te inerme na terra e jogar em tua cova serra por cima de serra
I. Seu Romano eu tenho visto você dizer sou sabido vem pelejar contra mim quando se acha perdido chora pedindo desculpa dizendo eu vim iludido R. Inácio tua façanhas eu delas não faço conta vindo de encontro a mim dar murro em faca de ponto eu monto no teu cangote e no meu ninguem se monta I. Seu Romano faça a conta e veja como eu desmancho procure se defender que toco fôgo em seu rancho daqui até a Mãe Dágua faço um serviço de gancho
R. Inácio eu estando irado faço estremecer o sul solto bomba envenenada com raio de fogo azul tenho a força de Sansão e a nobreza de Saul I. Se Inácio se zangar baixa o sol e o mar geme se agita atimosfera cai estrela a terra treme pega fôgo o mundo em roda nada disso o negro teme R. Hoje aqui há de se vêr relâmpago de caracol os nevoeiros pararem e eclipsar-se o sol secar a água do mar e pescar baleia de anzol
I. Hoje aqui tem que se ver como o ferreiro trabalha como se caldeia o ferro como o aço se esbandalha como se bloqueia pedra e metralhadora metralha R. Inácio veja que tenho forca e inteligência nunca falta no meu estro a voz da reminicência muitas vêzes tenho dado em cantador na ciência I. Seu Romano eu só garanto é que ciência não tenho mas para desenganar-me cantar contigo hoje venho abra o ôlho e cuide em si pra não perder seu desenho
R. Meu Deus o que tem Inácio que no cantar se atrapalho sustente o ferro na mão que estou na primeira entalha teu ferro está se virando e o meu não mostra falha I. Meu Deus o que tem Romano parece que está doente ou é temendo a desfeita como quem teme a serpente tudo é mêdo de apanhar perante esta boa gente R. Inácio eu tenho cantado com repentista de tino no sul com Manoel Carneiro no sabugi Ugulino como não canto contigo que és fraco e pequenino
I. Abra os olhos seu Romano cuidado com o moreno eu tenho verso sobrando como cobra tem veneno tenho visto é touro grande apanhar de um pequeno R. Inácio a tua fama é somente em Catingueira para o saco de Mãe Dágua você não sobe a ladeira juro com todos dez dedos que tu não vais a Teixeira I. Meu branco não diga isso que o senhor não me conhece veja quando o sol sair como a luz resplandece mexa com os quatro cantos que o negro velho aparece
R. Inácio eu ainda vou la da serra de Teixeira levo meu mano Veríssimo vamos tomar Catingueira dar-te uma surra em martelo quero ver tua carreira I. Meu branco eu dou-lhe 1 conselho se o senhor me atende se for La por brincadeira Inácio não lhe ofende mas, sendo para expulsar-me não vá que arrepende R. Inácio é porque não viu eu e meu mano em serviço somos como dois machados batendo num pau maciço um é raio abrasador outro trovão inteiriço
I. Eu bem sei que Veríssimo é como um rei coroado porem indo a Catingueira leve bem apadrinhado na certeza que apanha o padrinho e o afilhado R. Eu já tenho dado em touro que quando tomba estremece tenho domado Leão amanso e me obedece dei em muitos cantadores nunca achei quem em desse I. Até em Touro e Leão seu Romano já brigou porem hoje aqui em Patos eu hei de mostrar quem sou quero dar no velho mestre que diz que nunca apanhou
R. Meu Deus que tem este negro que no cantar se maltrata agora Romano velho dar nó que ninguem desata quanto mais canta mais sabe e ninguem me desacata I. Eu bem sei que seu Romano é da fama dos anéis canta com um e com dois sete, oito, nove e dez o nó que der com as mãos eu desato com os pés R. Latona, Cibele e Réia Iris, Vulcano e Netuno Menláu, Heleno e Juno Anfitrite e Androquéia Venus, Climene, Amaltéia Plutão, Marcúrio e Tezeu Eolo, Júpter e Perceu Hercules, Apolo e Pandora Inácio desate agora o nó que Romano deu
I. Seu Romano deste jeito eu não posso acompanhá-lo se desse um nó em martelo houveria eu desatá-lo mas, como foi na ciência cante só que eu me calo R. Inácio eu reconheci que és bom martelador agora não podes mais reconheça meu valor porque eu em cantoria não temo nem a doutor
FIM