ESTE FOLHETO É PARTE INTEGRANTE DO ACERVO DO BEHETÇOHO EM FORMATO DIGITAL, SUA UTILIZAÇÃO É LIMITADA. DIREITOS AUTORAIS PROTEGIDOS.
INFORMAÇÕES SOBRE O PROJETO O Acervo Eletrônico de Cordéis do Behetçoho é uma iniciativa que pretende dar consequências ao conceito de (com)partilhamento dos artefatos artísticos do universo da oralidade, com o qual Behetçoho e Netlli estão profundamente comprometidos.
INFORMAÇÕES SOBRE A EQUIPE A equipe de trabalho que promoveu este primeiro momento de preparação e disponibilização do Acervo foi coordenada por Bilar Gregório e Ruan Kelvin Santos, sob supervisão de Edson Martins.
COMPOSIÇÃO DA EQUIPE Isabelle S. Parente, Fernanda Lima, Poliana Leandro, Joserlândio Costa, Luís André Araújo, Ayanny P. Costa, Manoel Sebastião Filho, Darlan Andrade e Felipe Xenofonte
PROFECIA DE FREI BERRNARDO
Caros apreciadores Prestem atenção com cuidado Este aviso sacrosanto Que veio por Deus enviado Nos mostrando garantia A sagrada profecia Do profeta São Bernardo Nesta profecia santa Vou descrever como é A escritura divina Do mensageiro da fé Que ler esta profecia Terá como luze guia Jesus, Maria, José Frei Bernardo disse assim Todos fiquem avisado Vamos fazer penitência Para sair do pecado Que o mundo perdeu a paz Tempo bom ninguém vê mais Em nosso Brasil amado
O tempo está apertado É dolorosa a aflição A crise e a carestia É de cortar o coração Em toda face da terra Fome, sêde, peste e guerra Vai assolar a nação Frei Bernardo disse assim Nossa hora está chegada Feliz do cristão que crer Na profecia sagrada Vai começar os horrores Chegaram os tempos de dores Do fim da hora falada Jesus entregou-me as ordens Eu tenho elas sobre a lira Para escrever este aviso Que todo mundo admira Ensinando direitinho Ainda tem meu visinho Jurando que é mentira
Vou avisar direitinho Em toda parte se verá As palavras que Jesus Quando ia se retirá Disse a seu apóstolo santo Mundo...até mil e tanto Que dois mil não chegará Daqui para 70 O mundo se ver aflito Sofre o grande e o pequeno Sofre o médio e o perito Sofre o tacanho e o franco Sofre o preto sofre o branco Sofre o feio e o bonito No ano 63 O inverno é mediano Mas a falta de dinheiro Deste para o outro ano O comerciante forte Lamentando sua sorte Sem direção e sem plano
No ano 64 Dinheiro perde o valor Todo mundo tem de ver Homem rico mercador Ficar sem a fregueszia Não vender a mercadoria Por falta de comprador No fim de 65 A crise é de fazer dó Vê-se rico de milhão Imitando um caracó No meio desta triste cena É quando a roda pequena Vai passar pela maior De 66 em diante Até completar 80 A guerra destruidora Em toda parte arrebenta Todos correm não descansa Até a própria criança Suspira, chora e lamenta
No fim de 67 Há tanta barbaridade Há tanto pranto no mundo Que causa calamidade Vê-se cristão pelo mato Comendo calangro e rato Remindo a necessidade O ano 68 Vai ser um tempo apertado Muitos vão morrer de fome Pelo mato desertado Rico deserta também Para comer o que tem Precisa de ser roubado No fim de 69 Um grita, geme e outro chora Foi escrito por Jesus A era chegou agora Todo cristão que for vivo Desta vez vai ser cativo Nem que seja meia hora
Quando chegar esta era O mundo está destruido Três quartos do pessoal Já tem desaparecido Ninguém se julgue feliz Os que escaparem diz Antes eu tivesse morrido Vai progredindo os horrores Aumentando a tirania Neste tempo só existe Fome, peste e epidemia Tristeza, crise e nudez Orfandade e viuvez Aumentando de dia a dia Quando completar 70 A guerra está mais maneira Os pobres morrendo a fome Porque não podem ir a feira Porque a própria farinha É toda engarrafadinha Vendida na prateleira
O pobre vai para a feira Acha tudo de revez Sal por 100 cruzeiros o litro Feijão quinhentos e dez Vê-se em toda bodeguinha A garrafa de farinha Custando 200 mil reis De 80 por diante É quando espero melhora Mas em vez desta chegar Vem uma grande piora Uma grande multidão Do sul, ao norte, ao sertão Bicho berra e gente chora No ano de 80 Vem uma quadra funéria Iludindo o pessoal Para botar na miséria Vem um conduzindo a cruz Dizendo que é Jesus Será este a besta fera
81 faz o laço 82 dar o nó 83 os horrores São de causar pena e dó As árvores nada frutua Vai que nem diz a perua Cada vez pior pior Quando entrar 84 Há poucos cristãos na terra Alguns que tem vai saindo Das grandes furnas de serra Quando se ver dois cristãos Um pergunta ó meu irmão Como escapaste da guerra? Ele lamenta meu mano Foi triste o meu desadouro Me sustentei em calangro Casca de pau e bezouro Lagartixa e formigão Rato, caçote e furão Roendo tacos de couro
Nestas vozes Frei Bernardo Suspirou e disse assim Meus filhos q’ estão presentes Prestem atenção bem a mim Quando vires os horrores É o princípio das dores Mas ainda não é o fim Meus filhos que estão ouvindo Eu peço de coração Que não desprezem o rosário Da Virgem da Conceição Prestem atenção um segundo Os sinais do fim do mundo Eu dou-te a explicação Quando amanhecer o dia Que o vento não ventar As nuvens não se mover E nem o sol clarear As estrelas se mudando Poderais ir se preparando É o primeiro sinal
Quando ver um dia escuro Os astros ficarem parados A terra dar dois gemidos O sol nascer encarnado Já está se aproximando Podeis ir se preparando O mundo está liquidado Mas quem quizer se livrar Desta tremenda aflição Basta rezar todo dia Esta divina oração Que nunca é perseguido No céu, na terra é querido Da Virgem da Conceição “Rezem a força do credo Nas trevas do mundo além” Valei-me os 7 mistérios Da providência também Valei-me o pai soberana Defendei-me do engano Para todo sempre amém
Não deixem de possuir Esta bendita oração Foi a que Jesus valeu-se Sexta-feira da Paixão Quem tiver ela consigo Está livre do perigo Deus lhe dá a salvação.
FIM