- Ano Edição 22 015 ro Dezemb /2
Jornal laboratório do sexto período do curso de Jornalismo
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O jornalismo superficial e os efeitos no senso crítico Foto: Suzana Zuffo
Página 3
Assessoria de imprensa é jornalismo? Página 11
Foto: Alessandra Seidel
Mito da Caverna: analogia com quem julga a profissão de jornalista Página 5
Pós-vida do Jornalismo na era digital Página 6
Busca por audiência em rádio transforma processo de produção da informação Páginas 15
Carta do Leitor Crônica: Cristina Gresele Caro jornalista, Escrevo para elogiar seu excelente trabalho. A entrevista com o governador na semana passada foi incrível. Como o senhor mesmo disse durante a entrevista, só mesmo um profissional como você para desenvolver uma conversa tão boa. É visto pelos seus leitores que aquela entrevista nada seria e que as falas do governador não seriam tão eloquentes se não fossem motivadas por suas astutas intervenções. Apoio inclusive seu comportamento no decorrer da semana, sempre lembrando-nos do fato, e memorando suas principais conquistas com a entrevista. A propósito, todas as 64 fotos publicadas em seu perfil do Facebook registrando o fato ficaram muito bonitas. Por falar em Facebook, gostaria também de elogiar seu comportamento de publicar notícias e informações em seu perfil nas redes sociais e não associálas ao veículo em que trabalha, já que o responsável pelo trabalho foi o senhor. Há quem critique suas selfies em acidentes e
desastres, mas um jornalista que se preze vai ao local do fato e prova que lá esteve. Percebo alguns vícios de linguagem quando produz algum vídeo para, é claro, publicar nas redes sociais. Um exemplo é o uso do pronome “eu”. Porém, o senhor não deve se preocupar com isso, pois seu
Obrigado por nos brindar diariamente com informações acerca de seu trabalho. Acredito que não só eu, mas todos os leitores passam o dia ansiosos para saber o que o senhor tem feito.
Papel de jornalista o distingue das fontes, e seus feitos devem ser rememorados. Afinal, o que pesa mais: o seu trabalho ou a informação? O fato a ser noticiado ou quem é o grande jornalista responsável por tornar a notícia acessível?
Cordialmente, Eu, leitor.
Expediente Reitor: prof. Odilon Luiz Poli Vice-reitora de Ensino, Pesquisa e Extensão: profa. Maria Aparecida Caovilla Vice-reitor de Planejamento e Desenvolvimento: prof. Cláudio Alcides Jacoski Vice-reitor de Administração: prof. Antônio Zanin Diretor da Área de Ciências Sociais Aplicadas: prof. James Antônio Antonini Coordenador do curso de Jornalismo: prof. Vagner Dalbosco R. Atílio Fontana 591-E, Bairro Efapi, Cx. Postal 1.141, CEP 89809-000, Fone (49)3321-8254 - Chapecó/SC jornalismonapauta@unochapeco.edu.br/ www.unochapeco.edu.br Disciplina: Jornalismo Impresso IV (conteúdos de Jornalismo Opinativo) Professor responsável: Hugo Paulo Gandolfi de Oliveira (Jornalista/ MTE4296RS)
(Opiniões expressas em textos assinados não representam a posição do curso ou da universidade)
Acadêmicos: Alessandra Lara Zuanazzi Seidel, Cleberson Cagol, Cristina Gresele, Dalvana Tremea, Daniel Paulus, Eleandro de Souza Machado, Emily Midiã Machado, Gabriel Wildner Kreutz, Janaína Aparecida Chagas da Cruz, Janete da Costa Thies, Juliana Regina Matielo, Lidiane Pagliosa, Liziane Nathalia Vicenzi, Lucas Tadeu Lobor, Matheus Graboski Casanova, Ricardo Augusto de Souza e Suzana Patrícia Zuffo. Editoração eletrônica: Acin Jornalismo Coordenação Acin Jornalismo: Mariângela Torrescasana Assistente de editoração: Aline Dilkin Editoração eletrônica: Acin Jornalismo - Josiane Teodoro
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A geração superficial do Jornalismo Artigo: Susana Patricia Zuffo Celulares, tablets, computadores e videogames portáteis, um verdadeiro mundo de equipamentos eletrônicos invadiu, nos últimos anos, a vida cotidiana. Hoje, vivemos a chamada “Era da Informação”. Com as inúmeras plataformas de comunicação, a informação é recebida de todas as formas possíveis. Na carona, surgiam novos termos, expressões e padrões de comportamento. Com a internet, estar online é fazer parte de um mundo virtual no qual a interação é a palavra de ordem. Ainda que o volume de informação disponível seja enorme, e o acesso a ela seja relativamente amplo, isso não significa que esteja havendo construção de conhecimento. Por outro lado, ressaltase que a informação tenha um valor tão alto, que estar bem informado tornouse um fator de inclusão do indivíduo na sociedade atual. A professora de Português e Inglês da Escola de Educação Básica Dom Pedro II, de Caibi, Janice Maria Bison, diz que com as novas tecnologias os alunos chegam até a escola com excesso de informação. “Estamos vivendo uma época de constantes transformações, de trocas rápidas de informação, em que o conhecimento nos chega de forma acelerada. Os alunos chegam à escola com uma imensa quantidade de informações. É uma avalanche de novidades, mas a informação, por si só, não forma e não educa, podendo sim ser prejudicial às crianças e adolescentes se não souberem filtrar as informações.” O jornalismo, assim como as pessoas, está sendo prejudicado. Ele vem perdendo sua verdadeira essência, o que é consequência da era digital apressada que vivenciamos. Navegamos pela internet e somos bombardeados pelo excesso de
notícias, fotos e textos. Ficamos reféns da superficialidade, já que o importante é dar o furo, a informação em primeira mão, e não aprofundar o levantamento dos fatos.
Internet está mudando a forma de fazer jornalismo Nesta sociedade contemporânea, o passado é pouco mais do que um conjunto de espetáculos empoeirados, onde o que importa é o presente, não mais o passado e o futuro. Há uma exaltação da civilização, da cultura da imagem. O que antes era oral e passou a ser escrito, hoje é imagético. Não há mais uma preocupação com o amanhã: é o aqui e agora. As notícias webjornalísticas são voláteis e circunstanciais, desaparecem com facilidade dos portais. Em contrapartida a quantidade de informação que um portal gera é imensa, podendo confundir o leitor, e este muitas vezes acredita que obteve o conhecimento. Entretanto, não chega nem a obter a informação, mas apenas faz a retenção de uma grande quantidade de dados, não somente sobre notícias mas também de publicidade. O pesquisador e professor Carlos Alberto Di Franco diz que “a crise do jornalismo está intimamente relacionada com a perda de qualidade do conteúdo, com o perigoso abandono de sua vocação pública e com sua equivocada transformação em produto mais próprio para consumo privado”.
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O tipo de jornalismo que está sendo praticado na web reflete a perspectiva de um jornalismo de conteúdo informativo e pouco reflexivo, isto é, extremamente superficial, sem nenhuma profundidade. Os conteúdos das notícias webjornalísticas, tanto nas páginas iniciais quanto nas páginas de links, estão sendo minimizados. Isso qual nos remete à tese da “pirâmide invertida”, na qual a notícia caminha do “mais importante” para o “menos importante”. É urgente investir fortemente na formação e qualificação dos profissionais. O jornalismo não é máquina, tecnologia. O valor dele se chama informação de alta qualidade. O mundo perderá muito se as novas gerações não tiverem paciência para se afastar um pouco do ambiente caótico da internet para degustar um estudo mais aprofundado, uma reportagem mais detalhista. O jornalismo precisa recuperar a vibração da vida, o coração e a alma.
Temos acesso quase ilimitado a informações na rede, mas perdemos o senso crítico e nos habituamos a aceitar o que é servido diariamente
Sugestão de pauta
Artigo: Gabriel Wildner Kreutz
jornalismo, o mínimo que se espera dos jornalistas que lá trabalham é que vão atrás das fontes e outros fatos que envolvam uma pauta, para depois escrever um texto que é próprio do jornal. Publicando releases na íntegra, além do jornal perder credibilidade, ele não apura todos os lados do acontecimento. Um texto de assessoria sempre vai falar bem de seu assessorado. Então, se o jornalista não sair da redação para cobrir o assunto, dificilmente vai ter a informação completa. A não ser que o propósito do veículo seja justamente falar bem de algo em questão. Para um leitor atento de jornal impresso, fica evidente quando um texto é produzido por assessoria ou pelo jornal. Quando os jornais utilizam as mesmas informações, nas mesmas palavras e fotos, não sobra dúvidas de que a notícia trata-se de um release. Além de utilizar estes textos, muitos jornais não descrevem de quem é a autoria, tentando deixar entender que o texto é uma produção do jornal. Mas olhando os créditos das fotos, é possível identificar (na maioria das vezes) quem fez a matéria. Publicando somente releases, o
jornal acaba ficando sem uma linguagem própria. O interessante é quando o jornal é reconhecido por sua linha editorial e maneira de escrita, mas quando publica matérias de várias assessorias, o jornal acaba fazendo com que os leitores percam inclusive o interesse, já que os outros jornais publicam a mesma coisa Do ponto de vista jornalístico, a prática de publicar releases na íntegra é totalmente errada, mas nenhum jornal chapecoense atualmente consegue publicar somente textos próprios. Porém, com a publicação deles, os assessores de imprensa conseguem fazer seus serviços serem reconhecidos, e o jornal consegue publicar assuntos que o jornalista não iria cobrir caso não tivesse sido avisado por releases. Não são todos os jornais que publicam somente releases, alguns publicam também textos próprios na mesma edição. Mas se é para publicar a mesma coisa que vamos ver em outro jornal, do mesmo jeito, sem mudar uma vírgula, esses jornais impressos se tornam uma forma de vender propaganda, sem que tragam uma visão mais aprofundada dos fatos. Foto: Gabriel kREUTZ
Jornalista, levante-se da sua cama, dirija-se até a redação, abra sua caixa de e-mail e encontre fontes, ângulos de abordagem, fotografias e outras informações reunidas e organizadas, prontas para serem publicadas como matérias. Infelizmente, é assim que as empresas dejornalismo impresso de Chapecó vem se tornando cada vez mais dependentes dos releases. A acomodação do profissional, que deveria utilizar este recurso como sugestão de pauta é, na verdade, o que vem prejudicando o jornalista e o jornal. Afetadas pela crise financeira, algumas redações se veem sem muitos jornalistas para cobrir pautas rotineiras e especiais. A solução, para manter os negócios, é a utilização de releases. Isso acaba fazendo com que as assessorias de imprensa pautem os jornais impressos, publicando aquilo que é mandado para eles. Sem repórteres para cobrir todos os assuntos, os editores e donos de alguns jornais firmam parcerias para divulgar as informações, sem precisar cobrir elas. Se um jornal impresso quer existir, praticando as premissas básicas do
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Jornalismo: a profissão sem correntes Artigo: Liziane Nathália Vicenzi
Não é tarefa fácil enfrentar a luz do sol, após estar por anos enclausurado em uma caverna. Assim como o prisioneiro que Platão descreve, o jornalista precisa colocar-se a disposição para absorver todos os acontecimentos do dia. Deve voltar constantemente para a caverna, trazer a informação que pode ser interpretada por olhos acostumados a enxergar apenas uma posição. Olhos habituados a moldar tudo com preconceito, com posições deterministas. E diariamente, não dizer a cada instante, aparece o jornalista. Alimenta as pessoas com informações novas, atualiza os cidadãos, contempla uma realidade que não está ao alcance de todos. Entretanto, muitos, fechados em seus próprios universos, não querem ouvir os dois lados de uma informação. Consideram fácil fazer entrevistas, apurar informações, redigir um texto. Avaliam ser totalmente realizável ser um jornalista sem estudo algum, ou com qualquer estudo. Isso não quer dizer que as pessoas devem aceitar todas as informações e absorvê-las com inocência. Porém, é preciso ter vontade de querer saber das coisas, despir-se de preconceitos e julgamentos. E mais, acreditar no trabalho do jornalista. Confiar que é um profissional capacitado para processar as informações de interesse público. Que anos dedicados em uma faculdade não podem ser simplesmente deixados de lado para iniciar a profissão de “faxineiro”. Os jornalistas entram o tempo todo na caverna. Sempre com o objetivo de
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soltar as correntes sociais que prendem as pessoas no hábito de julgar, de crer que nada que quebre seus ideais e concepção de mundo pode ser útil. O jornalista convive com prisioneiros. Relaciona-se com a ignorância de quem não sabe ir além do senso comum. De quem não quer admitir que a verdade do outro pode ser mais consistente que aquela que defende. Uma das únicas profissões que não pode estar presa a correntes é a de jornalista. E é uma honra. As pessoas têm o direito e o dever de fiscalizar o conteúdo noticioso. Têm a missão de colaborar com um jornalismo sério, ético e competente. Apesar disso, podem auxiliar no trabalho do jornalista com críticas construtivas. Podem favorecer todo o tipo de libertação social com a leitura aprofundada dos temas, com o jornalismo colaborativo, com sugestões e ideias de como melhorar. Mas, por favor, sejamos profissionais e um público que não se prende a correntes. Esperamos que o mito da caverna continue apenas como um mito e que não seja mais possível fazer analogias com ele.
Jornalista precisa ser um profissional que quebra correntes e que apresenta a realidade até mesmo para quem quer ficar preso a preconceitos e ideologias
Imagem: Luziane Vicenzi
Um prisioneiro se liberta das correntes que o prenderam a vida toda e conhece o verdadeiro mundo. Descobre que até o momento apenas contemplou sombras da realidade. A nova situação causa alvoroço e vontade de voltar à caverna, lugar onde morava. Ao contar sobre a maravilha de ver o que realmente existe para os outros amigos prisioneiros, logo é taxado de louco. Não consegue convencer aos demais de que há vida além das correntes. O Mito da Caverna, escrito pelo conhecido filósofo grego Platão, nos faz refletir sobre a necessidade de libertação de certas influências sociais e culturais. No caso do Jornalismo, após adquirir o senso crítico e a noção de como a profissão funciona, não é mais possível fingir que se está amarrado a determinadas correntes sociais. Porém, o que muitos pensam é que o Jornalismo é uma profissão fácil, que qualquer um pode exercer. Há alguns dias, uma jornalista, formada há mais de 10 anos contou que foi surpreendida com um conselho nada agradável sobre a profissão. Disseram a ela que se não obtivesse êxito na carreira jornalística, poderia ser faxineira. Uma profissão honrosa como qualquer outra. Porém, o que entristece é ver que os anos dedicados ao estudo da profissão, incluindo graduação e pósgraduação, estágios e empregos difíceis foram resumidos a pó, em apenas um comentário. Não são os jornalistas que estão presos por correntes. Aprisionados são aqueles que julgam a profissão e determinam como querem que ela seja. Os candidatos a serem jornalistas passam anos na graduação para absorver quais são os critérios de noticiabilidade, por exemplo. Precisam aperfeiçoar o texto de maneira que seja atrativo, traga todas as informações e, ainda, que mantenha o leitor sagaz pela leitura do início ao fim. Aprendem, também, sobre ética, sobre valorizar a própria profissão e fazer o melhor em qualquer produção jornalística. Passam anos treinando, reescrevendo, apurando. Tudo para adquirir o “feeling” jornalístico, que é o faro apurado para saber quando determinado acontecimento é uma notícia. É necessária toda uma desconstrução de preconceitos, de julgamentos e estereótipos. Para pensar em ser um jornalista é preciso, literalmente, quebrar todas as correntes.
Jornalismo sabe tudo Artigo: Daniel Paulus eletrônicos como celular, tablet, além de baterias, cartões de memória, gravador e mais uma infinidade de acessórios que se pode assimilar à figura do jornalista. Tudo isso, portado por um único profissional. Para os conservadores, um susto. Para a nova geração de jornalistas sobrecarregados, algo natural. E o caminho de volta de muitos desses “sobrecarregados” não leva à nenhuma grande redação. Qualquer lugar onde haja ao mínimo um pouco de silêncio e uma boa conexão de internet serve para o trabalho, para preparar a
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notícia. Se antes apenas se escrevia, ou se aparecia, ou era necessário usar apenas a voz, agora o trabalho é mais complexo e inclui desde processos operacionais como baixar uma fotografia para o computador até o processo de divulgação da notícia. Essa renovação se deve, principalmente, às potencialidades oferecidadas pela internet, que hoje é uma das maiores fontes de difusão da informação e nos cabe saber explorar o seu potencial e porque não, com informações completas e de qualidade. Temos esse potencial! Foto: Daniel Paulus
Foi-se a época em que estar de posse de um bloquinho de anotações e ter um pouco de conhecimento intelectual sobre “tudo” era o suficiente para ser um bom jornalista de mídia impressa. Foram-se também, os tempos em que um gravador na mão garantia o sucesso do profissional que dissemina a informação através das ondas de uma rádio. Há, ainda, aquele jornalista responsável por apurar informações para a TV, que de posse de apenas um microfone e na frente de uma câmera já teve status de “fodão”. Não tem mais, ou se tem, tudo indica que está limitado a isso. A sensação do momento na profissão é unir todos esses acessórios citados anteriormente e agregar a eles diversas outras habilidades, como a fotografia, a edição e, o que não pode faltar, a tal da criatividade. Ser criativo também é necessário para “sobreviver” nessa profissão, que a cada dia vem exigindo mais competências daqueles que a desempenham. Portanto, ser jornalista exige literalmente, ser um pouco de tudo. Saber um pouco de tudo. Mas é da raça humana adaptar-se, então porque não enfrentar esses desafios? Acontece que muitos dos ditos “jornalistas” não possuem o preparo suficiente para encarrar essa nova realidade. Se perdem seu espaço? Nem todos. Muitos dos defasados informadores conseguem manter-se em seus postos de trabalho, enquanto outros desempenham a função que “lhes é de competência”. Uma competência forçada, mas não se pretende aqui debater sobre a legitimidade desse acumulo de tarefas. A intenção é falar sobre essa nova realidade e o futuro dos jornalistas, que aparecem cada vez em maior número, oriundos de algumas poucas instituições de ensino que ainda mantém o curso em sua grade curricular. Alinhado a essa explosão de profissionais da área jornalística, está o emagrecimento das redações dos diversos veículos de informação. Bloquinho e caneta na mão, gravador no bolso, câmera pendurada no pescoço, microfone na outra mão além de uma bolsa, que carrega
Crônica de uma sobrevida anunciada Crônica: Ricardo de Souza Quando você está andando tranquilo pela internet e alguém te para e grita “a internet está matando a interação social, o jornalismo e a inteligência das pessoas”, sua primeira reação deve ser pensar de onde você conhece aquele louco que está digitando em capslock em plena terçafeira à tarde. Depois de algum tempo, quando você para e realmente pensa naquilo que acabou de ler, vê que talvez, no fundo, a premissa de alguma parte daquela loucura faz sentido. Que o jornalismo está em fase de transição (alguns diriam turbulência), todo mundo já está cansado de ler e ouvir. Deixando de lado o pensamento maníaco-depressivo de que o jornalismo vai acabar e que, no futuro, o diploma somente fará diferença para conseguir uma cela especial quando você for preso por baixar filmes ilegalmente, existe sim uma grande transformação no modo de se fazer e consumir histórias nãoficcionais, causada e sofrida pela internet. Lá no começo, na época do Napster, GeoCities e Chat Uol, as empresas jornalísticas postavam em suas páginas os mesmos textos que saíam nas suas versões impressas – época de ouro no jornalismo digital. Depois da descoberta da possibilidade da cobertura ao vivo e dos blogs, veio a era da imagem na internet: os portais ficaram cheios de fotos gigantes, depois vídeos, depois gifs. No meio disso tudo, parece que o menino jornalismo está ficando de lado. Ledo engano. Claro que aquele jornalismo que nós conhecíamos – engessado, medíocre, que acorda as duas da manhã para cobrir uma apreensão de drogas no subúrbio da cidade – não
é o jornalismo que vemos na internet, e nem é aquele para o qual este aponta no futuro. Se hoje quem tem acesso à internet pode reportar um acidente, significa mais fontes para reportagens, mais tempo para o jornalista fazer uma matéria relevante. Se os portais e as redes sociais estão cheios de gifs e listas, estas são mais formas de se transmitir histórias relevantes para pessoas que não têm tempo de ler uma matéria de 12 páginas na revista Piauí. O melhor de tudo é que não é apenas isso. Se a internet facilitou o acesso a conteúdos mais rápidos e fáceis, nela também surgem maneiras mais elaboradas de se fazer jornalismo em diferentes formatos. É difícil ver uma revista digital que não produza algo em long-formjournalism, uma reportagem longa, elaborada, que tenha gifs, vídeos, áudios e um design gráfico bonito mas que permite o foco no texto. O número de podcasts com teor analítico e jornalístico cresce a cada semana e eles têm ganhado atenção de quem passa o dia inteiro conectado.
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A constante pluralização da informação no meio digital não pode ser parada. A velha guarda da mídia tem que parar de olhar para trás e se voltar para as oportunidades que o futuro lhes reserva. As histórias de hoje são contadas em revistas, podcasts, jornais, vlogs, na TV, no rádio e em textões do facebook. O jornalismo não está morrendo, apenas tem dores de crescimento.
Estudos apontam que ainda existem pessoas que acham que a internet vai acabar com o jornalismo diariamente
Ainda não é o fim Artigo: Juliana Matielo
os mais velhos, o acesso é quase nulo. Além disso, devemos levar em conta a qualidade da internet, que tem no Brasil uma das piores velocidades do mundo. E é muito cara se comparada a países como Estados Unidos. Esses dados servem de exemplo para imaginarmos uma possível extinção dos impressos. Em várias cidades e para várias pessoas, esse meio ainda é muito útil e necessário. Nas cidades de interior, onde o sinal é mais precário e onde a grande mídia não chega para cobrir os fatos, os pequenos jornais impressos são, as vezes, as principais fontes de informações locais, juntamente com as rádios. E, logicamente, as pessoas gostam de se ver representadas em uma mídia. A proximidade geográfica chama a atenção da população. Ou seja, o jornal impresso do interior ganha ainda mais força, pelo menos nas próximas décadas. É o que apontam os estudos de Francisco de Assis e outros estudiosos, no livro “Imprensa de Interior”. Entre outros fatores que colaboram para que o Brasil ainda engatinhe para uma
Imagem: Juliana Matielo
Um dos primeiros meios de comunicação que existiram no mundo foi o jornal impresso, que durante milhares de anos foi a principal forma de levar informação às pessoas. Agora, na chamada “Era Digital”, com a internet e a rapidez na transmissão de informação, especula-se o fim de mídias impressas, a começar pelas cidades menores, onde se tem menos poder financeiro. Supõe-se que, diante da força da tecnologia digital, jornais impressos fecharão as portas. Assim como aconteceu com o rádio quando surgiu a TV, tem muita gente falando e traçando rumos para o impresso, sem ao menos ter noção do cenário midiático brasileiro. Ainda não chegamos ao patamar norte-americano, onde 81% da população tem acesso à internet, conforme divulgou a Organização da Nações Unidas (ONU), em dezembro de 2014. No Brasil, ainda segundo a ONU, cerca de 49% da população tem acesso a web e três a cada 10 brasileiros nunca acessou a rede. Dependendo da idade, esse número aumenta. Entre
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total digitalização, está o custo das tecnologias. Apesar de aparentemente qualquer pessoa poder comprar um smartphone e conectar-se à internet 3G, a qualidade e o custo desse sinal comprometem o acesso. Os estudos de Francisco de Assis apontem para um futuro próspero aos jornais impressos, mas que dependerá muito de algumas decisões dos proprietários. Primeiramente, não se fechar completamente à internet, fazer dela um novo instrumento de trabalho e uma plataforma auxiliar, o que garantirá um público diversificado e um equilíbrio no número de leitores. Além disso, ver a web como uma ameaça é o principal erro. Pelo contrário, é uma grande aliada e pode potencializar as notícias e a venda de anúncios. Basta esquecer os boatos “sem pé nem cabeça”, acreditar na sua mídia e ter criatividade. Web ainda é um mito. A informação na web é uma questão que ainda está sendo estudada, pois não se sabe concretamente, até que ponto a internet colabora com o dia a dia do jornalista. Depois das redes sociais bombarem e praticamente fazerem parte da vida de muitas pessoas, todos são produtores de informação. O vizinho conta a história e a vizinha publica em sua página pessoal o boato. As pessoas começam a curtir e compartilhar, algumas aumentam a história, outras desmentem e ninguém entende nada. Cabe, ainda, ao repórter, a responsabilidade de checar a informação e contá-la da forma correta, com todas as versões verídicas possíveis. Para piorar, tem “repórter” que copia o que o vizinho postou, troca umas palavras e cola. Sem nenhum tipo de checagem. Ainda não se sabe de que forma a internet vai interferir ou auxiliar nessas relações, mas uma coisa é certa: a credibilidade ainda é tudo.
Milagre dentro e fora da TV Artigo: Matheus Graboski
e o conto de fadas encomendado do Mundo da Imaginação se transformou em pesadelo. Desde que estreou, Xuxa foi líder apenas por alguns instantes e o máximo que conseguiu foi um amargo terceiro lugar. Quem comemora de segunda à segunda é o apresentador Ratinho, que garante o segundo lugar isolado durante a semana. Com todo o sucesso da Record, o SBT, que no início do ano tinha uma campanha falando que era a vice líder mais querida do Brasil, tomou gol nos 45 do segundo tempo e saiu perdendo. E se tudo continuar neste ritmo corre sérios riscos de fechar o ano em terceiro lugar na média anual de audiência. A Rede Globo está vendo o castelo de areia desabar.
Mesmo líder na amostragem geral, a emissora está passando por uma má fase. No fim de semana o Fantástico chega a perder para o Programa Sílvio Santos, que está com o mesmo formato de gincana há 50 anos. Parece que o peixe vai morrer pela boca e o império global será afetado pelo tsunami que se formou com a abertura do mar vermelho. Isso porque a Record já garantiu que em março do próximo ano estreia a segunda parte da novela “Os Dez Mandamentos”. Em meio a tanta confusão podemos ter a certeza de que, mesmo desabando, a Rede Globo continuará líder. Já sobre a briga pelo segundo lugar neste imenso jogo comercial, o segundo é o primeiro que perde! Imagem: Matheus Graboski
Depois de muito tentar, definitivamente a Rede Record de Televisão conseguiu ser sucesso de audiência no Brasil inteiro. Em 11 de novembro, pela primeira vez na história da televisão nacional, o Brasil parou para assistir um capítulo de novela. E não, não era na Rede Globo. A cena épica da abertura do mar vermelho de “Os Dez Mandamentos” garantiu à Record a marca histórica de 10 pontos sobre o segundo colocado na medição de audiência de televisão segundo o Instituto Brasileiro de Opinião Pública e Estatística (Ibope). A “emissora do bispo” está com tudo em 2015. A Record não poupou e investiu legal em produções milionárias para guerrear na batalha pelo segundo lugar. Somente no capítulo especial de abertura do mar vermelho a produção custou mais de R$ 1 milhão. Sem contar os realitys shows que a emissora tem no horário nobre, tem até apresentador internacional à frente de uma competição culinária. E o que parece é que na emissora que se diz cristã, santo de casa faz milagre sim! Chris Flores e Roberto Justos tem garantido bons números nos programas que comandam. Após substituir Britto Jr por Roberto Justus, A Fazenda se consolida líder em quatro dos sete dias da semana. A emissora de Silvio Santos não conseguiu o sucesso que almejava em 2015 e garantiu a liderança apenas em alguns programas de fim de semana. Em contrapartida, a contratação milionária da apresentadora Xuxa Meneghel pela Record não surtiu o efeito esperado,
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Os mensageiros Crônica: Cleberson Cagol uma perfeita semelhança e corriam como o vento de primavera que se espalha por todos os lugares. Esse novo mensageiro era imbatível. Quem se aliava a ele, além de propagar suas ações e ideais, começava a lucrar e ganhar dinheiro. O “Senhor Impresso” ficou por muito tempo no auge. Porém, a sua “Era de Ouro” se abalou quando correu a notícia que nascera em solo italiano um novo mensageiro, ainda mais poderoso. Conhecido como Rádio, ele era mais rápido, ágil e mexia com o imaginário das pessoas. Foi a primeira vez que o mensageiro Impresso se deparou com alguém que poderia acabar com sua existência, como muitos acreditavam. Porém, a notícia ainda mais impactante estava por vir, e abalou com o emocional dos dois mensageiros que tentavam até então provar que eram os melhores. Nasceu o mensageiro Televisão. Esse causou tremor e medo dos outros dois. Seria esse o fim, talvez? Esse novo mensageiro era ainda mais poderoso. Ele parecia mágico. Fazia as fotos ficarem em movimento, no que muitos chamaram de vídeo. O som que antes somente o mensageiro Rádio sabia fazer agora o novo desafiador mostrava quem é que estava emitindo as imagens, e em movimento. Era impressionante!
As pessoas ficavam fascinadas com ele. Eis a preocupação agora não somente do primeiro mensageiro, mas também do segundo: será o nosso fim? O fato é que, por séculos, os três mensageiros seguiram disputando espaço e tentando conquistar as pessoas com suas particularidades. A disputa entre eles já estava acirrada e então surge um novo mensageiro: o Online, como ficou conhecido. Ainda é jovem, mas muitos acreditam que ele será responsável pela nova ordem nesse mundo das “mensagens”. O Online, por mais que ainda esteja na flor de sua idade, ou broto se preferir, chegou fazendo um pouquinho de tudo e ainda mais. Humilde, não entrou na disputa logo de cara com os outros três mensageiros para ver quem é melhor. De muitos ele até está sendo aliado. Porém, as “más” línguas já dizem que quando ele crescer o primeiro que ele vai acabar é com o mensageiro Impresso. A verdade é que se os outros três mensageiros “conversarem” com o novo eles podem firmar grandes parcerias. Porém, para isso primeiro eles precisam perder o medo e, segundo, não ignorar a presença do Online que um dia talvez se tornará o “Senhor Online” e, aí, poderá já ser tarde demais para quem não acompanhar o crescimento dele, e com ele interagir. Imagem: Cleberson CagoL
Em meados dos anos 60 antes de Cristo nasceu, na Grécia antiga, um menino que todos acreditavam ser o mensageiro imbatível do império. Ele seria capaz de enfrentar todos os obstáculos possíveis para levar a mensagem de um reinado para o outro. O menino cresceu num império que se expandia e conquistava cada vez mais territórios. Mais do que nunca o imperador precisava da ajuda dele para manter contato com os outros reinados. Batizado de Acta Diurna, ele foi fundamental, pois transmitia como ninguém de uma forma eficiente a mensagem do império em grandes centros e praças públicas. O menino que era promessa, cresceu e se concretizou como grande responsável pela integração dos reinados do imperador. Para muitos ele foi considerado o mensageiro imbatível e único até então. Anos depois, em meados da Idade Média, correu a notícia que nascera mais um mensageiro na Europa. Esse, por sua vez, seria mais eficiente e usava uma nova tecnologia desenvolvida por um tal de Gutenberg. A notícia de um novo mensageiro se espalhou pelos quatro cantos. Conhecido como Impresso, o mensageiro se espalhava e se propagava de uma forma nunca vista. Suas mensagens, que eram escritas em um papel, se multiplicavam em
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Linha tênue: assessoria de imprensa é jornalismo? Artigo: Alessandra Lara Zuanazzi Seidel O conflito de ideias é antigo, isso não se discute. O que se discute – com razão – é a validade do questionamento que se faz sobre assessoria de imprensa/ comunicação ser ou não jornalismo. A pauta é delicada e isso também é incontestável; o pleito se tornou mais sólido quando jornalistas, de fato, passaram a atuar em assessorias de imprensa. Anteriormente, a função era exercida com pouca lisura, técnica e ética. Com essa migração, a questão sindical também foi um fator importante. Para não perder associados, inúmeros assessores de imprensa passaram a figurar entre os filiados aos sindicatos dos jornalistas. O assunto tomou proporções inimagináveis e que se tornaram, nitidamente, uma disputa de interesses e defesa de ego. Tudo bem, há de se admitir que o próprio Código de Ética dos Jornalistas Brasileiros, elaborado pela Federação Nacional dos Jornalistas (Fenaj), é a própria contradição, já que afirma que o jornalista, quando contratado como repórter por algum jornal deve se abster de escrever sobre uma empresa
em, por ventura, seja contratado para atuar como assessor de imprensa. Em contrapartida, o próprio documento da Fenaj dita como legal o jornalista desempenhar, em paralelo, a função de repórter e de assessor. Apesar da discrepância, o que há de mal na “polivalência” do jornalista? Pode não ser coerente atuar em assessoria e em um veículo, mas há que se entender e respeitar o jornalista, independente do caminho profissional que escolher percorrer. Se for na redação, ótimo! Que desempenhe a função com o romantismo e a essência que certamente se mantém firme desde que, na infância ou adolescência, idealizou a vida adulta. Se for em agências de assessoria, tudo bem! Que defenda as técnicas, a qualidade da informação e o afinco em desempenhar o melhor, seja para o interesse público ou do público. É aquela velha máxima de que o direito de um acaba quando começa o do outro. Se a profissão “A” não fere a prática da função “B”, e considerando que não haja conflito de interesses, por que o alarde?
Primeiro: não se pode questionar a formação do profissional - que, sim, independente da Constituição, precisa possuir graduação e diploma em Jornalismo. Segundo: existe algo de mais antiético do que nitidamente desmerecer a profissão de outrem? O assessor de imprensa, se diplomado, não deixa de ser jornalista. Talvez não atue como jornalista e não exerça a função na essência, mas ainda assim, se diplomado, fez por merecer receber a alcunha de jornalista. A luta para excluir a classe dos assessores do Sindicato dos Jornalistas é daquelas que possui um horizonte distante. Cada um é livre para lutar pelos seus ideais e princípios e até aí tudo bem. Nessas lutas é preciso coerência e bom senso, principalmente no que tange à qualidade do que se produz, seja na assessoria de imprensa ou na redação de um veículo de comunicação. Acima de tudo, a consciência de que se tratando de jornalismo, há inúmeros assuntos mais relevantes: obrigatoriedade do diploma, censura implícita, salários que não condizem com o desempenho da função.
A máscara do imparcial
Artigo: Eleandro de Souza Machado Um dos conceitos mais importantes do jornalismo é o que trata da imparcialidade. Ele nos diz que devemos procurar ouvir e mostrar todos os lados que possam existir em um fato. Ter mais do que uma fonte é o mínimo para a produção de uma notícia completa. O mesmo conceito também nos alerta para os vários ângulos de qualquer acontecimento. Para ser um bom profissional, é preciso, segundo o que aprendemos na teoria, atender tais requisitos exigidos. Outra questão fundamental para cumprir com as demandas jornalísticas é buscar a pluralidade. Para tanto, não se pode selecionar levianamente o que será levado ao receptor. Tudo deve ser relevante. Desde o rompimento de um simples encanamento de uma rua, até uma crise hídrica que possa afetar um país inteiro. Dentro do que é considerado um jornalismo feito de verdade, ainda há a história de mudar o mundo através da informação. Como assim? No momento em que o profissional abraça uma causa,
aquela que ninguém dá a mínima, ela passa a ter uma grande importância. O que foi citado antes pode ser um bom exemplo. Porém, o encanto é quebrado quando saímos das cadeiras universitárias e caímos na realidade. O que acompanhamos diariamente é um jornalismo de interesses, normalmente financiado por grandes empresas, no caso de uma região maior, o que torna impraticável o que chamamos de jornalismo sério. E quando não recebe dinheiro de conglomerados empresariais, o jornalismo tem sua manutenção feita, geralmente, por prefeituras (em localidades onde todos se conhecem), o que também inviabiliza uma atividade correta e de interesse público. Segundo o dicionário, a imparcialidade significa: “Equidade; qualidade da pessoa que julga com neutralidade e justiça; característica de quem não toma partido numa situação”. E a definição de pluralidade é: “Diversidade; condição do que existe em grande quantidade; fato de não existir ou ser único, de ser diverso Jornalismo na Pauta - 11
ou diferente: pluralidade racial, cultural. Maioria; o que está em maior quantidade: pluralidade de votos. Natureza da palavra que se encontra no plural; característico do plural”. Então, onde está o mundo sonhado pelo jornalismo? Como é possível afirmar que a profissão atende o que está posto nos conceitos de imparcialidade e pluralidade? O que se vê, na realidade, é cada um defender os seus interesses, o seu pensamento. Infelizmente mais do que uma máscara, o desejo de se fazer um jornalismo ético e limpo é um sonho. Diria mais: é um pesadelo! E será que um dia acordaremos? O profissional faz um trabalho sério e honesto, sem deixar passar nada e fica com seu bolso vazio, ou se vende para algum lado e recebe muito bem por isso. E como buscar a neutralidade sem depender de financiamentos externos? Este é um questionamento que nos acompanhará por muito tempo. Porém, espera-se um dia ter a resposta para tal inquietação.
Foto: Emily Machado
Corta pra mim
Artigo: Emily Midiã Machado Sensacionalismo é uma das palavras certas para definir o programa policial Cidade Alerta, da Rede Record. Iniciou em 1995 e é apresentado pelo jornalista Marcelo Rezende, de segunda a sextafeira no final da tarde. Já nos sábados, tem uma edição especial. Além de nacional, conta com versões de estados como Santa Catarina, Paraná, Bahia, Rio de Janeiro e Rio Grande do Norte. Cidade Alerta traz como foco crimes, utilidade pública e violência. Sua abordagem negativa faz com que as pessoas se choquem com o fato, o público cria empatia com a notícia e há um sentimento pelo próximo. Por isso, o programa toma proveito da situação. Já passou da hora de o Rezende parar com o bordão “sapeca-ia-ia”, pois o excesso de brincadeiras às vezes até perde a graça. E quem nunca ouviu Marcelo dizer o conhecido “corta pra mim”? Isso até vai. Porém, elogios e brincadeiras ao vivo com os próprios repórteres são desnecessários e fazem o programa ser mais de entretenimento do que jornalístico.
Cidade Alerta não traz aprofundamento, apenas há uma repetição de informações, oque chega a cansar o público. É um exagero. Haja paciência para ver o programa até o final. Essas informações se tornam repetitivas, em meio a tanto comercial no começo e aquele suspense pela matéria completa. A ideia é manter a enrolação quando a informação gera ibope ou terminar logo se a TV verificar que o público não gostou. O mesmo funciona para o entrevistado, se está chato e o ibope cai, tem que mandar a pessoa embora, sem que o leigo perceba que tudo gira em torno da audiência. Uma novela: é isso que o programa parece quando começa a reconstituir uma notícia, a exemplo de quando um homem matou sua esposa. É desnecessário, parece que não tem mais o que colocar e então ficam “tapando buraco” com as sobras. As manchetes na tela são alvo de adjetivos e palavras ridículas, como: dentista bonita é morta. Uma notícia assim é apenas para chamar a atenção e mostra que se fosse feia, o
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veículo não teria motivo para divulgar e na geraria tamanha repercussão. Marcelo Rezende, através do seu tom de voz marcante e determinado, quer demonstrar para a população que apesar de todos os crimes e acontecimentos negativos da sociedade, se sente no dever de promover a justiça, com a intenção de punir o culpado. Entretanto, as coisas não são assim. Rezende pode até achar que um indivíduo de uma determinada notícia foi um bruto e merece estar atrás das grades, que a polícia não funciona ou até que é triste o que aconteceu. Porém, o que tenta fazer é somente que o telespectador concorde com ele, com exagero em opinião, que muitas vezes pode nem ser o que ele próprio pensa, porque o veículo é quem pode direcionar como Marcelo deve transmitir a opinião. A televisão conhece muito bem o jeito certo de deixar o telespectador interessado no assunto, e é por esse motivo que o convence, através de imagens chocantes e apresentadores que acham que resolvem todos os problemas
Jornalismo e rádio: é possível, sim! Artigo: Lidiane Pagliosa
Ao longo dos anos o rádio enfrentou altos e baixos, ganhou diferentes formatos, seja na estética ou na grade de programação. Além disso, garantiu inúmeros apaixonados. O rádio, por tempos, foi o principal instrumento de informação de várias pessoas. Quando surgiu a televisão acreditou-se que seria o fim da radiodifusão,
mas isso não ocorreu. No entanto, o rádio, assim como outros meios, precisou se adequar ao avanço tecnológico e da própria sociedade, mas continua presente na vida de muitos brasileiros como um dos principais canais de informação. Apesar disso, precisa e pode melhorar a qualidade dos conteúdos apresentados aos ouvintes. No passado o jornalismo nas rádios era o que pautava os demais veículos de comunicação. No entanto, o que se percebe agora é justamente o contrário: os outros veículos, além de pautar os profissionais do rádio, acabam servindo-os com matérias prontas, sejam de jornais ou portais de notícias. Essa tendência pode mudar, com apuração e seleção dos conteúdos e, ainda, com a produção de matérias que atendam as demandas da sociedade, principalmente da abrangência do veículo, que também pode estar na internet. O rádio possui a tendência de ser extremamente interativo. Possui o dever de apresentar conteúdos de qualidade e pensar realmente no seu público. As informações trabalhadas devem agregar, ou minimamente, contribuir com a vida das pessoas. Quando existe a participação e contribuição da população, com informações e comentários em uma programação, é preciso ter o cuidado com a seleção dos relatos dos ouvintes e filtrar o que é realmente pertinente. O papel fundamental do jornalista é de informar aquilo que é interesse do coletivo e não o que é relevante para um indivíduo, do contrário o programa corre o risco de se tornar uma central de informações, o que ocorre muito hoje. Os apresentadores não filtram as informações que chegam, quase tudo toma proporções maiores do que realmente é. No caso do programa “Som e Café News”, da Oeste Capital, de Chapecó, muitas pessoas o procuram simplesmente em busca de indicações muito práticas, o que não é responsabilidade de um programa jornalístico responder, como números de telefones, endereços e horários de
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atendimento de órgãos públicos. O apresentador e jornalista do “Som e Café News”, Rafael Henzel, afirma que muitas pessoas se tornaram dependentes do programa e que isso é bom. Porém, isto apenas evidencia que a preocupação do apresentador não é deixar o público informado, mas sim manter a audiência. O propósito do jornalismo não é tornar alguém dependente, incapaz de buscar por conta própria informações, mesmo que superficiais, mas sim levantar problemáticas, averiguar acontecimentos, tratar a informação de forma objetiva e imparcial, além de mostrar as possíveis versões de um fato. É possível desenvolver no rádio um jornalismo preocupado com o local. Basta sair das redações, se deslocar até a comunidade, ouvir suas demandas, problemáticas, buscar contextualizá-las e apontar possíveis soluções, além de compreender o motivo de determinado problema. É preciso humanizar e não apenas relatar.
Foto: Lidiane Pagliosa
Pode ser no celular, no computador ou até mesmo no carro. Se preferir pode ser da forma tradicional, naquela caixa com alguns botões que de forma mágica produz sons e vozes. Sim, este meio fascinante é o rádio e a escolha é sua sobre qual modelo vai usar, mas o importante é sintonizar alguma frequência. A história deste veículo é um tanto quanto incerta. Há estudos que apontam que o inventor da radiodifusão foi um inglês, em meados de 1800. Porém, outros indicam como inventor o padre e cientista gaúcho, Roberto Landell de Moura. Aos brasileiros, nada melhor do que acreditar que esta invenção surgiu nos pampas do país do carnaval e do futebol. No Brasil, oficialmente, o rádio chegou em 7 de setembro de 1922. De acordo com estudos, nessa data foi realizada a primeira transmissão em comemoração ao Centenário da Independência do país. Um fato em 1938, nos Estados Unidos, comprova a credibilidade que o veículo exerceu como instrumento de informação. Naquela época tudo que era veiculado no rádio era considerado como verdade pela população. Em tal episódio, a rádio fez uma adaptação do livro “A Guerra dos Dois Mundos”. Antes de iniciar a narrativa foi avisado que se tratava de uma ficção, mas muitos começaram a ouvir no decorrer da história, o que gerou pânico e preocupação a um grande número de ouvintes.
Foto: Janete Costa
Jornalismo e entretenimento
Artigo: Janete Costa Hoje em dia é inacreditável como alguns veículos de comunicação no nosso país apelam por audiência. Os grandes empresários, principalmente os donos de televisão, permitem em seus veículos essa concorrência que acaba fugindo do tradicional, quando o assunto é jornalismo. E até que ponto essa mudança de postura e opinião exposta ao apresentador do telejornal, é aceita pelo telespectador? Para muitos, assistir um programa como o Balanço Geral SP, apresentado por Reinaldo Gottino, que inicia ao meiodia, é bastante agradável. Já para outros esse jornal não tem nenhuma consistência na noticiabilidade. O programa apresenta atrações de entretenimento e informação. Para prender a atenção do telespectador, o formato atende a faixa etária de todas as idades. As crianças se divertem com o fantoche, que é um galo chamado William, e com a Judith, uma cobra de pelúcia que conversa e faz brincadeiras. Além do apresentador, há o momento “Hora da Venenosa”, com a jornalista Fabíola Reipert e o comentarista Renato Lombardi, que contam as fofocas
do mundo artístico com muita polêmica. Esses personagens compõem a atração que muitas vezes parece mais um programa de comédia com piadas e muitas risadas. A linguagem jornalística esta presente na factualidade e na facilidade de compreensão das notícias, que são sucintas, claras e objetivas. A programação também é composta por denúncias, reportagens, prestação de serviço e os problemas da comunidade sobre saúde, segurança e política. Os momentos mais sensacionalistas do programa são aqueles que trazem histórias de vida de pessoas menos favorecidas, o que cria um quê de “piedade”. Isso, para muitos, não causa comoção ou quando surgem polêmicas no quadro Hora da Venenosa, como, a separação de Joelma e Chimbinha, ambos da banda de forró Calypso, que até gerou um novo quadro no programa, chamado “Novela Calypso”, e obteve muita opinião dos apresentadores. Este momento é de muito mistério e cheio de informações sem relevância, o que não interessa à grande maioria
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dos telespectadores, somente ao um determinado grupo de pessoas. E esse seria um dos fatos que por ser um jornal não deveria existir na programação. Os comentários feitos por Lombardi, mais conhecido como “Lombi”, não têm muito efeito, pois ele apenas opina ou faz alguma crítica nas noticias anunciadas. Apesar de todo o humor entre todos os jornais, definitivamente este é o mais animado e o que sai de todo o tradicionalismo e formalidade jornalística. E a Rede Record é uma das poucas dos canais abertos que apresenta este modelo de jornal, cheio de diversidades de assuntos e publicidade. O Balanço Geral SP é um jornal que, para quem não gosta deste formato, nem sequer assiste um pouco. Contudo, não se pode comparar a credibilidade do jornalista com o programa realizado, pois o apresentador apenas representa da forma mais real possível, a pedido de seus superiores, que certamente buscam por audiência, e consequentemente o veículo ganha ótima remuneração, gerada pela propaganda durante o programa.
Informação sem verificação, tudo em nome da audiência Artigo: Janaína Chagas
Outro ponto preocupante é com a divulgação de informações erradas, já que não é feita a verificação na maioria delas. Muitas vezes o ouvinte não acompanha o programa até o final, ou a edição do dia seguinte. Ao receber uma informação ele recebe isso como algo real, que realmente aconteceu, mas nem sempre é verdade.
Busca pela audiência em rádio muda a forma de produção de conteúdo, permitindo maior participação do público. Resultado é um jornalismo cada vez menos preocupado com a qualidade e veracidade da informação Quando uma informação é repassada de maneira errada pode prejudicar e muito a vida do público ou de pessoas, e até que ela seja corrigida pode se espalhar, pelo boca-a-boca. E muitas pessoas que tiveram acesso a ela talvez não tenham acesso à sua correção. Se a informação for sobre prestação de serviço, por exemplo, prejudica e muito a vida da população até que ela seja desmentida. No programa “Som e Café News” as informações são “corrigidas” muitas vezes pelo público mesmo, que manda a informação pelo WhatsApp, para relatar o que realmente aconteceu se era verdade ou não. A presença da opinião quando se repassa a informação também é um ponto que chama atenção: como as apresentadores opinam sobre algo que sequer sabem se é verdade ou não? É algo difícil de responder! O achismo é grande, mas não podemos esquecer que a audiência desse tipo de programa também é. O motivo talvez seja a chamada interação, que dá este espaço para as pessoas, tornando as mesmas importantes na produção do programa. Pode ser pelo quesito novidade, pois tudo que é novo causa curiosidade. A verdade é que não se sabe até quando esse tipo
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de jornalismo, se é que pode-se chamar assim, vai se sustentar. Os critérios de noticiabilidadesão cada vez menos perceptíveis. Talvez o que mais “bomba na rede” sejam os factuais, os que causam mais indignação da população. Ou seja, sem aprofundamento algum! São poucas as informações que trazem algo a mais para o público. São divulgadas conforme são recebidas, sem passar por um processo de seleção para divulgar o que tem mais relevância. Se há uma coisa que é certa em meio a tanta coisa publicada, é que os veículos de comunicação são os menos preocupados com a forma com que as notícias são divulgadas. O “Jornal da Manhã” é a prova disso: foi reformulado para ganhar características do programa “Som e Café News”. Em meio a inovação, o que não tem mudado nada certamente, é como os empresários de comunicação veem tudo isso. Afinal, se tem audiência e gera lucro, está se realizando um bom jornalismo. Imagem:Janaína Chagas
A facilidade para a obtenção de informação proporcionada pela internet, permite que o público, além de receptor, ganhe um papel muito importante no processo de “preparação” da informação: o de produtor de conteúdo.Tudo isso fez com que vários programas se modificassem e inovassem, no rádio, para que o público possa participar, enviando relatos dos fatos que ocorrem na sua cidade, no seu bairro ou na sua rua. Podemos citar como exemplo o programa “Som e Café News” da Rádio Oeste, e o Capital e “Jornal da Manhã” da Rádio Super Condá. Ambos recebem informações pelas redes sociais e, principalmente, pelo WhatsApp, aplicativo que permite uma interação muito grande entre público e comunicadores dos programas. Não há problema algum em ter um espaço para a participação das pessoas. O ponto negativo está em como isso é feito, pois as ferramentas contribuem e muito para a diversidade de pautas. Como o público relata em tempo real o que está acontecendo perto de sua casa para que todos tenham conhecimento, são esquecidos das regras básicas do jornalismo, como a apuração, verificação, objetividade e diversidade de fontes para falar sobre o assunto. Tanto no programa da Rádio Super Condá quanto no programa da Oeste Capital, é visível que a maioria das notícias apresentadas durante o programa são apenas recebidas e repassadas aos ouvintes, sem checagem. Não há uma preocupação em ir a campo,em obedecer os princípios básicos do jornalismo e apurar. Conforme a notícia chega ela é divulgada e não há sequer uma preocupação em saber se o fato é real ou fictício. Percebe-se que ao invés de o profissional utilizar essas ferramentas de aplicativos, ele está, na verdade, sendo utilizado por elas. O papel do jornalista está se modificando com esse tipo de produção, para pior.
Programa Oeste Rural e o cooperativismo catarinense Artigo: Lucas Tadeu Lobor O programa Oeste Rural é produzido pela RB Vídeo Produções e apresentado por Telmo Vieira de Camargo, que também faz a função de produtor e repórter. Vai ao ar todos os domingos, às 9h30, pela RIC TV Record Chapecó, e tem como área de abrangência todo o Oeste Catarinense. Seu principal objetivo é produzir reportagens focadas na agricultura familiar, no agronegócio e nas agroindústriais.
Seus principais apoiadores do programa são cooperativas associadas a Fecoagro, entre elas Aurora Alimentos, Cooperalfa e Cooper Itaipú Talvez esteja aí um dos motivos para que se tenha tanto informativo de cunho publicitário sobre essas organizações. Tudo o que acontece de importante nessas
cooperativas e que influencia na economia regional serve de pauta para o programa. Feiras de agronegócios e eventos agrícolas também possuem o seu espaço. Enfim, o programa dispõe de uma dinâmica de trabalho variada, pois sua linguagem mais regional e bem explicativa faz com o agricultor entenda. Um lado positivo de suas reportagens é que busca um olhar mais técnico dos assuntos abordados. O programa busca também apresentar notícias sobre os eventos que acontecem na região. Rodeios e feiras de agronegócio são o seu principal foco, salvo quando uma de suas cooperativas apoiadoras promove algum evento festivo. O programa, em si, é bem elaborado e suas pautas são bem produzidas, mas deixa a desejar na questão de equipe jornalística. Se houvesse pelo menos mais um repórter para diversificar um pouco, o
programa teria até mais credibilidade. Não que o programa não tenha credibilidade, mas deixar para apenas um único profissional a função de repórter, apresentador e produtor não fica muito agradavel para que assiste. Outra questão interessante que o programa faz é divulgar a agenda de eventos promovidos pelas comunidades do interior da região Oeste. Esse tipo de informação é capaz de atrair ainda mais as pessoas do interior. É com abordagens específicas que o programa tem mais proximidade com o público. Enfim, não são 16 semanas de programação, mas sim 16 anos levando boa informação, técnicas de manuseio e cultivo agrícola, por exemplo, auxiliando e contribuindo para o crescimento da agricultura do oeste de santa Catarina, principalmente dos agricultores familiares.
Foto: Juliana Matielo
Jornalismo está de regime Ensaio: Dalvana Tremea O jornalismo vem passando por um processo de modificação, talvez até uma crise. Em parte é causada pela convergência midiática dos meios tradicionais para os meios digitais, acompanhados pela revolução tecnológica mundial. A crise econômica também é um fator que deve ser levado em consideração, pois afeta o mercado de modo geral. Com valor maior de todos os tipos de serviço, o jeito é encurtar os gastos e quando não há mais saída, a solução é enxugar as redações. Uma pesquisa feita pela Universidade Federal de Minas Gerais apontou que a crise no jornalismo tem causado demissões em massa nas redações. Antes se existiam um fotógrafo, um repórter e um editor, por exemplo, mas agora um jornalista pode ter que realizar todas essas funções, ou seja, ele deve ser um profissional multi-função. Desempenhar apenas uma função é raro nas redações atuais. Longas jornadas de trabalho e inúmeras atividades a serem desenvolvidas, são características básicas de um jornalista da década atual. Se antes o profissional podia realizar o trabalho em um tempo consideravelmente grande, agora ele “se vira nos 30” para produzir uma matéria
longa, ou até mesmo uma matéria rápida. Executar os trabalhos com agilidade e eficiência é fundamental quando há poucos profissionais para realizar tais atividades. Nos surge então o questionamento: estaria esse profissional realizando um trabalho de qualidade, ou apenas cumprindo com a sua meta diária? É preciso considerar o percentual reduzido de funcionários e o grande fluxo de informações diárias. Estas normalmente estão em estado bruto e precisam ser lapidadas. Os profissionais acumulam em seus computadores um número exacerbado de informações, e precisam correr contra o tempo para dar conta de deixá-las prontas para serem consumidas pelos leitores. Neste ritmo frenético diário, o jornalista muitas vezes acaba por por não se aprofundar na notícia, fazê-la apenas por ser sua obrigação e porque precisa correr contra o tempo. O material desenvolvido nem sempre é de qualidade, ou a notícia está confusa, ou faltam informações. Por isso, a importância de uma apuração bem feita e aprofundada, levantando todos os itens necessários para compor uma boa e completa informação.
Os profissionais estão cada vez em menor número dentro dos jornais, revistas, redações de TV e de rádio. A atribuição de um número elevado de funções pode estar prejudicando não somente o material produzido, mas também a saúde física e mental do profissional. Incumbido de diversas atividades diárias, aos poucos o jornalista se desgasta mais e pode se tornar mais decepcionado com a profissão. Cada vez há menos espaço no mercado, pois as redações estão diminuindo de tamanho, escolhendo os profissionais mais capacitados para encarar as várias funções a serem realizadas e também jornadas de trabalho extensas em qualquer horário do dia. O que ainda esperamos é que os chefes de redação possam distribuir melhor as funções e escolher aquilo de mais importante para priorizar. Assim não sobrecarregam os jornalistas, e o resultado será um trabalho bem feito e um jornalista mais disposto.
Jornalismo na Pauta - 16- Curso de Jornalismo/Unochapecó