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Edição 52 | Ano 15 | Dezembro de 2013

JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNOCHAPECÓ

DESTAQUE

Desmandos levam ao desalento com os políticos Corrupção, personalidades sem projeto claro para a coletividade e uso da máquina pública na promoção pessoal desmotivam população para o exercício eleitoral

Ensaio fotográfico mostra “a cara” da cidade

Vinicius Alexandre Farfus

Páginas 2, 3, 4 e 5

Agronegócio: o sistema integrado e a dependência que tem o produtor

Página 9

Estatuto resguarda direitos da juventude

Páginas 6 e 7

Plano Diretor: melhoria no trânsito é uma das maiores reivindicações Páginas 10 e 11 Páginas 14 e 15

Mayara Melegari

Num coral sem vozes, o corpo canta e o silêncio encanta o público Paloma Rodrigues

Rugby, um esporte pouco conhecido, é praticado em Chapecó desde 1997

Modalidade exige esforço, persistência, pensamento rápido e atuação coletiva

Página 26

Movimento corporal de grupo cênico toca a sensibilidade nas apresentações

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OPINIÃO

A responsabilidade também é sua Editorial: Eduardo Cauê Florão Final de ano ímpar e as atenções aos poucos começam a se voltar para o pleito eleitoral do ano seguinte. O interesse do brasileiro por política funciona de maneira cíclica, de dois em dois anos. Ou seja, se há eleições os cidadãos vivem política. Com adesivos nos automóveis, outdoors nas ruas e em frente às casas e discursos inflados de melhoria que são emitidos a cada nova discussão sobre política, que surgem com uma frequência quase incalculável. Eis um problema crônico na política brasileira. Ano após ano, os eleitores escolhem seus candidatos e vestem sua camisa. É como se o candidato fosse a Seleção Brasileira em uma Copa do Mundo, e o eleitor é o torcedor. É comum ouvirmos pessoas falarem no “perder o voto” quando o candidato em que votaram não é eleito. “Perder o voto” deveria ser sinônimo de votar em candidato incapaz de representar os desejos da população. Recentemente vimos no Brasil um dos maiores atos democráticos possíveis. Uma parcela da população, a partir de junho, foi às ruas pedir por melhorias na saúde, na educação, na segurança e, principalmente, na política. Sobrou, inclusive, para os partidos políticos. Não se admitia levantar qualquer bandeira que não fosse a dos desejos básicos de todos os brasileiros. O que chama a atenção é o discurso passivo dos protestantes. Esperam a mudança na concepção e atitude política dos governantes e políticos profissionais, mas eximem-se da responsabilidade, acreditando que o eleitor e cidadão não deve participar do processo de mudança de maneira ativa. Com tantos casos de corrupção, é

Desinteresse da população é proporcional ao descaso dos políticos para com as necessidades da população possível entender o porquê de a população estar cada vez mais afastada da política. Contudo, o desinteresse da população é proporcional ao descaso dos políticos para com as necessidades da população.

Manifestantes esperam a mudança na atitude política dos governantes e políticos profissionais, mas eximem-se da responsabilidade, acreditando que o eleitor e cidadão não deve participar do processo de mudança de maneira ativa Enquanto as ações que acontecem nos poderes Legislativo, Executivo e Judiciário forem longínquas para a população, continuaremos nos deparando com projetos que pouco ou nada servem para o interesse coletivo. Esse é o caso da indicação INC 5542/2013, da deputada federal Sandra Rosado, do Partido Socialista Brasileiro (PSB) do Rio Grande do Norte, que solicita a mudança de nomenclatura de “barbearia” para “salão”, para a empresa que presta serviços de corte de cabelo no subsolo do anexo IV da Câmara dos Deputados, em Brasília. Apesar de a deputada justificar que “barbearia” é um termo sexista por atender

homens e mulheres, de nada irá influenciar, por exemplo, para um cabeleireiro do Bairro Efapi, aqui em Chapecó. Esse é um dos exemplos lastimáveis de inutilidades que os parlamentares discutem no Congresso Nacional, enquanto outros mais úteis permanecerem parados, alguns por décadas, com é o caso de regulamentos que ainda não foram feitos a determinações da Constituição Federal de 1988. Está na hora de os eleitores entenderem o período eleitoral, como o que vem aí em 2014, como algo maior do que torcer para que um candidato seja eleito ou desejar não “perder o voto”. O momento é propício para discutir política e, mais do que isso, exigir dos candidatos conduta exemplar na representação dos cidadãos, garantindo com eficácia os direitos básicos de todos. Enquanto a prioridade em uma eleição não for entendida pelos eleitores, continuaremos a sofrer seguidamente com os casos de corrupção que deixam a todos indignados, até com enorme vergonha do que ocorre. É necessário que partam do eleitor as mudanças desejadas. Uma pesquisa feita pelo Ibope/Estado mostra que apenas 7% da população diz conhecer as mudanças propostas pela Reforma Política. Se uma proposta que pretende mudar os rumos da política brasileira é tão pouco popular, o que dizer quando a proposta diz respeito a chamar uma barbearia de salão? Então, é hora do eleitor mudar o conceito da própria importância que tem num pleito eleitoral.

Jornal laboratório do curso de Jornalismo da Unochapecó (opiniões e interpretações em textos assinados não representam a posição do curso ou da universidade)

Reitor Odilon Luiz Poli Vice-Reitoria de Ensino, Pesquisa e Extensão Maria Aparecida Caovilla Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Cláudio Alcides Jacoski Vice-Reitor de Administração Antônio Zanin

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Diretor da Área de Ciências Sociais Aplicadas James Antonini Coordenadora do Curso de Jornalismo Ilka Margot Goldschmidt Av. Senador Attilio Fontana 591-E, Bairro Efapi, Cx. Postal 1.141 Chapecó - SC - CEP 89809-000 Fone (49) 3321-8254 www.unochapeco.edu.br jornalismo@unochapeco.edu.br

Professor/Editor responsável Hugo Paulo Gandolfi de Oliveira (Jornalista/MTE4296RS) Coordenação ACIN Jornalismo Mariangela Torrescasana Aline Dilkin Redação Alisson Volmar Moro, Beatriz Cerino Baffa, Camila Dourani de Arruda, Caroline da Costa Figueiredo, Djoni Vinicios de Moraes, Eduardo Kauê Florão, Elizabeth Luiza Balbinot, Everson Chagas Bianchesi, Gilberto Pace Thomaz, Greici Audibert, Izabel Aparecida Guzzon,

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Jessamine Pereira, Kélliana Braghini, Leticia Aparecida Sechini Cenci, Mayara Adilene Melegari, Mirian Pereira Cruz, Paloma Rodrigues da Silva, Pricila Eduarda Lira, Priscyla Schultz, Scheila Franz, Stéfany Cristina Breda Ozelame, Vinicios Antonio Ranzan e Vinicius Alexandre Farfus. Diagramação Juliana Matielo Impressão Tiragem


POLÍTICA

Promoção ideológica saqueia cofres públicos Artigo: Camila Arruda Nas sociedades contemporâneas, a mídia é uma arena de disputa por espaço e consenso ideológico. Esse cenário referese tanto ao ramo publicitário quanto ao jornalístico. A comunicação ocupa um lugar central nas sociedades, interferindo em diferentes processos e esferas da atividade humana. O pesquisador Venício Lima, em diversos debates, argumenta que esta centralidade tem influência, sobretudo, na esfera política. O conhecimento acerca do poder dos meios de comunicação, de tornar algo público, provoca alterações no comportamento dos próprios atores políticos que planejam discursos e usam estratégias para que o espaço da visibilidade midiática e seu conteúdo sejam favoráveis à sua imagem. Não se planeja mais uma campanha sem ter como um dos principais pilares a comunicação. Infelizmente as campanhas eleitorais tem se tornado um painel de exposição de personalidades sem um projeto político consistente e que fazem uso da máquina pública para promoção pessoal e de interesses meramente eleitoreiros, momentâneos. Assim, como disse Karl Marx, os meios de comunicação são o aparelho ideológico do Estado. Não se refere, portanto, somente aos veículos de comunicação jornalísticos, mas ao uso indevido da publicidade, como prática, para garantir o consenso nas urnas. Em Chapecó, terra que traz em suas raízes formas de organização social desiguais, violentas e, ao mesmo tempo, desenvolvimentistas, a cassação do prefeito e vice em setembro, ainda em deliberação na esfera da Justiça Eleitoral, estampa o quadro de exemplos de mau uso da publicidade oficial. Uma ação de Investigação Judicial Eleitoral contra o prefeito da cidade, José Cláudio Caramori (PSD), e o vice-prefeito Luciano Buligon (PMDB), denunciou que, na véspera do pleito de 2012, a Prefeitura Municipal de Chapecó intensificou os gastos com publicidade, segundo denúncia do Ministério Público Eleitorial, com o objetivo de favorecer a candidatura dos dois. De acordo com o TRE, que julgou e condenou em segunda instância os políticos, eles ultrapassaram os limites previstos no artigo 73, VII, da Lei 9.504/97, na média

semestral. O cálculo do parâmetro legal foi estabelecido a partir do somatório das despesas liquidadas pela municipalidade, ou seja, o limite fixado com base na média semestral das despesas dos três anos anteriores ao pleito. A lei 9.504/97 estabelece regras para o processo eleitoral, e o artigo utilizado como base para a condenação dos políticos discorre sobre a proibição de realizar, em ano de eleição, despesas com publicidade dos órgãos públicos federais, estaduais ou municipais, que excedam a média dos gastos nos três últimos anos que antecedem o pleito ou do último ano imediatamente anterior à eleição. A cobertura midiática do fato também revela algumas características peculiares da organização de poder em Chapecó. As matérias que estamparam a maioria dos jornais e telejornais não aprofundaram a

papel tem desempenhado a publicidade nos órgãos públicos. A Constituição de 1988, Carta Magna que contém o conjunto de normas que teoricamente regem a República brasileira, da qual Chapecó faz parte, diz que “a publicidade dos atos, programas, obras, serviços e campanhas dos órgãos públicos deverá ter caráter educativo, informativo ou de orientação social, dela não podendo constar nomes, símbolos ou imagens que caracterizem promoção pessoal de autoridades ou servidores públicos.” (Cap. VII, seção I, Artigo 37, parágrafo XXII, inciso 1º). Como se vê, o princípio constitucional da publicidade inscreve-a como uma das normas regentes da administração pública, já que preconiza a visibilidade dos atos administrativos para efetivar o exercício pleno do controle por parte da sociedade. Ao mesmo tempo, outros mecanismos legais toleram os exageros. Como herança de governos autoritários dos anos da ditadura, os governos ainda hoje dificultam, para os cidadãos, o acesso a dados e documentos. Em contrapartida, são gastos milhões todos os anos em material publicitário que, de educativo, não tem nada. Uma breve visita ao canal de vídeos You Tube, pesquisando as publicidades do governo Caramori, e a frase de Marx vem à mente: “Aparelho ideológico do Estado”. Não há promoção de uma personalidade política em especial, mas as peças publicitárias, em sua maioria, são carentes de caráter educativo, orientativo ou informativo, em especial aquelas do primeiro semestre de 2012. O que fica claro é uma promoção ideológica para uma forma de governar. O prefeito e o vice de Chapecó, que se somam a muitos outros políticos com condutas parecidas, recorreram à decisão do TRE. Segundo a assessoria jurídica dos dois governantes, tudo está dentro da legalidade, e uma liminar permite que eles sigam na prefeitura até que o processo seja julgado em terceira instância em Brasília. Enquanto isso, a sociedade espera um debate profundo sobre o destino do dinheiro que deveria ser público, mas há tempos, em grande parte, perde-se em interesses meramente eleitoreiros.

Campanhas eleitorais se tornam exposição de personalidades sem projeto consistente, que fazem uso da máquina pública para promoção pessoal e de interesses eleitoreiros

discussão sobre o uso da publicidade oficial. As pautas ficaram restritas se era legal ou não o valor utilizado pela Administração Municipal e sobre a interpretação do período semestral feita pelos juízes do TRE. Contudo, não houve um debate sobre os valores morais que embalaram o governo do município a gastar mais de R$ 5 milhões com publicidade somente no primeiro semestre do ano passado. Conforme o processo, os recursos aplicados em publicidade pela Administração Municipal de Chapecó foram de R$ 4,5 milhões em 2009, de R$ 5,2 milhões em 2010 e de R$ 7,49 milhões em 2011. Já no primeiro semestre de 2012 foram investidos R$ 5,4 milhões, enquanto a média de valores gastos por semestre nos três anos anteriores foi de R$ 2,8 milhões. A grande reflexão a ser feita é sobre qual

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POLÍTICA

Que política é essa? Reportagem: Greici Audibert

Um relatório da organização Transparência Internacional, divulgado um mês após a série de protestos pelo país, mostra que quatro em cada cinco brasileiros consideram corruptas as legendas partidárias. O estudante de Gastronomia Renato Bauermann, de Bagé, é um deles. “A bandeira mais atrapalha do que ajuda a política, devido aos interesses relacionados aos partidos hoje em dia. É como fazer política no meio de alcateias”, analisa. Matheus Graboski, aluno do curso de Jornalismo da Unochapecó, pensa parecido. Para ele, uma melhor politica “é possível sim, desde que o candidato tenha uma ficha limpa”. Assim, independente do partido, “ele fará um bom trabalho”, avalia o estudante. No geral, as pessoas não sabem quais interesses as legendas representam e o problema maior, na opinião do filósofo e mestre em História Alceu Antonio Werlang, professor da Unochapecó, está na fragilidade das siglas, pouco ideológicas. “São partidos criados como negócios, com o intuito de comercializar tempo de televisão, negociar cargo, receber fundos. Partidos com donos e que não correspondem a ninguém.” No entanto, acabar com os partidos sem achar outra forma de representação, segundo Werlang, pode constituir uma ditadura. O mesmo alerta foi feito através de um discurso do ministro da Secretaria-Geral da Presidência da República, Gilberto Carvalho, depois que o PT e outras siglas foram hostilizados por manifestantes durante as mobilizações. “Quando se grita ‘sem partido’, nós vemos aí um grande pedido, e não há democracia sem partido. Não há democracia sem uma forma mínima de instituição. Sem partido, no fundo, é ditadura. Temos de ficar muito atentos a isso”, disse Carvalho. O jornalista Gabriel Spenassatto, de Chapecó, considera, além de perigoso, ingênuo o apartidarismo pregado. “Sair por aí dizendo que nenhum partido presta é o mais fácil, difícil mesmo é escolher um partido, reconhecer seus problemas e tentar página 4

Gabriel Spenassato

Em setembro, o Tribunal Superior Eleitoral autorizou a criação de mais duas legendas no Brasil: o Partido Republicano da Ordem Social (Pros) e o Solidariedade, que elevaram para 32 o número de siglas registradas no país. Um recorde de partidos em tempos de campanhas por uma política melhor, aclamada por muitos durante as manifestações populares de junho, uma das mais amplas e numerosas mobilizações sem lideranças e bandeiras definidas. Mas é possível fazer política sem partidos?

mudá-lo por dentro”, sugere. Também atento aos reflexos das manifestações, o designer gráfico chapecoense Denis Cardoso observa de outro ângulo. “O problema da política apartidária que se instaurou durante os protestos é que ela serve apenas a um lado, a direita. Manifestação sem pauta e de camiseta branca, aos gritos de ‘sem violência’, não contribui em nada com o cenário político atual. Acredito que a maioria dos apartidários precisa de mais informação”, afirma.

de propostas que pode mudar a atual forma de escolha de governantes e parlamentares, o financiamento de campanhas eleitorais, as coligações entre partidos e as propagandas em rádio e televisão. Outro levantamento feito pelo Ibope e divulgado em outubro revela que 69% da população catarinense estão pouco ou nada interessados nas eleições de 2014.

“Política partidária enfrenta crise há alguns anos e os piores sintomas são a falta de interesse pela participação na vida política entre as novas gerações e o desprezo por tudo aquilo que é público, estatal, ou até mesmo coletivo, com o fortalecimento do sentimento individualista.”

“A forma como se faz política no Brasil de hoje é arcaica, porque preserva práticas do Brasil colônia, como patrimonialismo, clientelismo e coronelismo. A política partidária enfrenta uma crise há alguns anos e, em minha opinião, os piores sintomas são a falta de interesse pela participação na vida política do país entre as novas gerações e o desprezo por tudo aquilo que é público, estatal, ou até mesmo coletivo. Ou seja, o fortalecimento do sentimento individualista”, argumenta Gabriel Spenassatto, que mesmo assim acredita em mudanças. “Sei que para muitos os protestos deste ano foram uma escola, um experimento de campo de uma indignação generalizada que se acumulava. Se essa experiência estimular mais o debate sobre política no Brasil, para mim essa já é a grande conquista.” Dênis Cardoso tem esperança. “É tudo que nos resta, não é? Mas minha esperança reside em uma mudança de sistema político, onde realmente tenhamos verdadeira representatividade e voz nas decisões que moldam nosso futuro”, observa.

Independente de posicionamento partidário, Denis e Gabriel fazem parte de uma pequena fatia da população que ainda se interessa pela política. Uma pesquisa feita pelo Ibope/Estado mostra que o brasileiro sabe muito pouco, por exemplo, sobre Reforma Política. Somente 7% dos entrevistados se declararam bem informados sobre o conjunto

Forma arcaica

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POLÍTICA

Sombra da corrupção

se distancia cada vez mais das tomadas de decisões, o que acaba contribuindo para a continuidade do sistema”, explica. Entre os prejuízos provenientes do desinteresse do povo, está o afastamento de pessoas bem intencionadas e que poderiam contribuir com as mudanças necessárias no país. “As pessoas que ocupam cargos públicos vêm da sociedade. Assim, o processo de corrupção nada mais é do que um reflexo do meio onde estamos inseridos. O desinteresse das pessoas, de forma indireta, acaba também elegendo políticos corruptos”, exemplifica Paulinho.

Descrença e mudança O vereador e o deputado, apesar de partidos diferentes, concordam que a mudança deve começar onde a descrença mais se insere: dentro do organismo. Esse também é o foco de pesquisadores como Alceu Werlang. “É preocupante o desinteresse pela política, porque isto revela que a atual forma de fazer não dá mais conta, está em crise, e o novo deve emergir, deve ser construído. E só será possível com o povo participando com conflitos, com democracia e com liberdade”, aponta o professor. Uma reforma profunda, para ele, certamente não será feita pelos atuais políticos, porque interferiria naquilo que os mantém como dinossauros. “Para resgatar a confiança do povo não adianta fazer campanhas

publicitárias. As redes sociais podem ser um meio para facilitar, mas não substituem a política. As atuais práticas são obsoletas e entendo que a mudança deve vir da base, da sociedade organizada. Os jovens podem contribuir na medida em que se organizarem e participarem do novo. Indivíduos isolados não têm força”, assegura o filósofo.

Estudo feito em 107 países mostra que, na percepção de 72% dos brasileiros, depois dos partidos o Congresso Nacional é a instituição mais corrupta que existe O jornalista Gabriel Spenassatto segue a mesma linha de raciocínio. “Tenho um pouco de esperança na formação de um eleitorado mais consciente no Brasil, e talvez isso traga mudanças significativas. A classe política, por si só, não irá promover grandes reformas, a não ser que cresça a pressão social”, complementa. E o designer Denis indica um caminho: “Podemos contribuir estudando, participando de movimentos e organizações sociais, discutindo e buscando outras fontes de informação, além daquelas institucionalizadas, e, claro, lutando”. Gabriel Spenassato

Segundo o estudo Barômetro da Corrupção Global 2013, que envolveu 107 países, na percepção de 72% dos brasileiros, depois dos partidos o Congresso Nacional é a instituição mais corrupta que existe. Um cenário desmoralizado que decompõe a confiança da população e acaba colocando todos no mesmo saco. “Eu não consigo diferenciar, todos de alguma forma acabam me passando para trás. Uma maçã podre contamina as sãs”, acredita o estudante Renato Bauermann. Já Matheus Graboski, embora diga exercer o seu papel de cidadão durante as eleições, admite que não acredita na política por influência da corrupção. “Chego a pensar que voto apenas por obrigação. Meu interesse em saber é zero. Acho que a mídia trata de trazer apenas o ruim, deixando o bom de lado. Então acabamos criando estereótipos negativos sobre Brasília e os políticos, afinal, lá é lugar de corrupto, né?”, indaga o estudante. Quem está lá também deposita na mídia uma parcela de culpa. “As ações boas da política, e são muitas, não se tornam notícia, não vendem. As negativas se multiplicam em uma velocidade inimaginável e vendem. As pessoas acabam ficando com a ideia de que todos fazem tudo errado. Usam pouco o individual e muito o coletivo e rotulam o político como corrupto”, lamenta o deputado federal Valdir Colatto (PMDB/SC). Há mais de 30 anos neste cenário, o parlamentar vê a política como a representação da sociedade, onde existem bons e maus representantes. “Para mim, a corrupção tem uma causa: a impunidade. Quem, por exemplo, é tão cobrado quanto um político? Se a transparência e a responsabilidade fossem exigidas de todos e se cada um fizesse a sua parte, a corrupção seria menor. Não adianta você odiar um político corrupto, mas votar nele se escondendo no voto secreto”, observa Colatto. O vereador de Chapecó Paulinho da Silva (PCdoB) corrobora com a ideia de que a mídia, por vezes, generaliza os políticos, ao mesmo em que avalia como importante o papel da imprensa de informar e contribuir com as denúncias de corrupção. A descrença que existe em torno da política ele relaciona a dois importantes fatos. “Tem muito político mal intencionado e suas ações negativas ganham projeção na sociedade, e o próprio eleitorado desinformado e despolitizado

Em junho, mais de milhão de pessoas foram às ruas protestar JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNOCHAPECÓ

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CIDADANIA

Juventude: um direito garantido Luta garantiu melhoria nos direitos e destaque perante a sociedade www.vidacrista.org.br

Reportagem: Stéfany Breda

Juventude é parte ativa dos movimentos que ocorrem no país em busca de conquistas e reconhecimento A constante busca pelo direito de participação, isto é, o verdadeiro exercício da democracia, é a grande marca refletida pela geração jovem que se faz presente nos inúmeros movimentos sociais objetivando mudanças necessárias, muitas vezes esquecidas pelo poder público. Foi assim que, através de muita luta e organização, seja ela de caráter estudantil ou não, a juventude brasileira conquistou um direito chamado Estatuto da Juventude. Sancionado pela presidente da República, Dilma Rousseff, em 5 de agosto deste ano, o estatuto possui o total de 48 artigos. Devidamente publicado no Diário Oficial da União, passará a valer como lei dentro de 180 dias a partir daí, ou seja, em fevereiro de 2014, sancionado como lei 12.852/2013. Muitas foram as provocações feitas aos jovens, quando através de afirmações, boa parte da população os enxergava como seres apáticos e acomodados. Contudo, neste ano de 2013, a juventude tirou as máscaras e saiu às ruas manifestar-se contra esse preconceito, contra os abusos do governo e pelos seus direitos, esquecidos, e que até então ficaram apenas na promessa. Assim, a busca pelo espaço, reafirmada em nossa Constituição Federal, passou a ganhar forma e sair do papel, na forma de um documento legal. O reconhecimento mundial da juventude página 6

que tinha como objetivo a construção de políticas juvenis. Porém, foi somente a partir da melhor conjuntura política, em Três faixas definem 1985, que o país passou a valorizar essa o jovem-adolescente, fase da sociedade. Na década de 1990 criou-se o Ministério Extraordinário de 15 a 17 anos, Juventude, que visava compreender o jovem-jovem, de 18 a 24 anos, da e qualificar a juventude, com políticas e o jovem-adulto, específicas para essa faixa da população. Este ciclo da juventude é avaliado pela dos 24 aos 29 anos faixa etária, condições sociais, políticas foi estruturado, pela primeira vez, em 1985, e econômicas de cada região. No Brasil, pela Organização das Nações Unidas (ONU), a idade jovem, adotada pelo Estatuto, é dos que estabeleceu o Ano Internacional da 15 aos 29 anos. São três faixas, definidas por Juventude. No Brasil, foi elaborado para um jovem-adolescente de 15 a 17 anos, jovemgrupo da população com características e jovem de 18 a 24 anos e jovem-adulto dos 24 necessidades específicas, pois o olhar mais aos 29 anos. Cada etapa vive em momentos próximo era para a idade de 15 a 18 anos, no diferentes e é analisada como um avanço Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), populacional, de crescimento significativo instituído em 13 de julho de 1990 pela lei e pensante que define o perfil do jovem 8.069, que mesmo sendo importante não brasileiro. representava a complexidade do jovem. Avançando somente por caráter histórico, em 2005 houve a criação da Secretária Movimento nacional Nacional da Juventude, que expôs aos governantes a precisão de se garantir direitos O Brasil já conhecia duas relações efetivos à mocidade. Ainda no ano de 2010 históricas de direitos da juventude, uma no ocorreu a inclusão da palavra juventude à ano de 1938, quando dentro do Ministério Constituição Federal brasileira, pela Emenda do Exército existia a Organização Nacional Constitucional nº 65, medida considerada da Juventude, e outra em 1940, com o então como um grande e significativo passo para a chamado Movimento Nacional de Juventude, criação do Estatuto da Juventude.

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http://saofranciscodoconde.ba.gov.br

CIDADANIA

O Estatuto da Juventude apresenta os direitos, princípios e diretrizes das políticas públicas voltadas para a juventude. No Brasil, segundo dados do IBGE, ainda de 2008, essa geração ultrapassa a marca de 50 milhões de brasileiros. Foi, com o novo código, o avanço de uma geração, que certamente contribui para a construção de um novo país, novos ideais e uma sociedade mais justa e igualitária. Os benefícios decorrem de medidas nos campos da educação, esporte, saúde, trabalho, cultura, território e meio ambiente, que garantem uma participação ativa na sociedade. Reforçam, assim, a igualdade e as diversidades culturais, religiosas, étnicas e sexuais, com segurança e responsabilidade, honrada em ocupar um caráter mais representativo e reconhecido nos métodos políticos sociais. Contudo, os movimentos não param. Afinal, muito se tem a obter dia após dia, e o Estatuto foi apenas um passo conquistado pela juventude. É preciso, ainda, estabelecer e concretizar esses direitos na construção de políticas públicas eficazes e articuladas com toda a sociedade. Mesmo sendo um direito para os jovens, alguns artigos aprovados pelo Congresso Nacional geraram preocupação no que diz respeito a algumas interpretações. Por exemplo, o artigo 23 do Estatuto

aborda a situação do direito assegurado aos jovens até 29 anos, pertencentes a famílias de baixa renda, e aos estudantes o acesso à cultura, esporte e entretenimento, mediante pagamento da metade do preço do ingresso cobrado ao público geral, seja em estabelecimento privado ou público. Porém, no 10º parágrafo do mesmo artigo, encontra-se a concessão do benefício da meiaentrada referida no caput limitada a 40% do total de ingressos disponíveis para cada evento, ou seja, o direito já adquirido pelos jovens estudantes passa a ser maquiado, e abre margem para que, em determinados eventos, o número de ingressos disponibilizados pela organização fique sujeito a uma quantia inferior à previsão legal, e assim o controle de ingressos se torna obscuro e desconhecido pelos jovens. Para a acadêmica de direito da Unochapecó Ana Paula Masetti, essa restrição poderá prejudicar muitos jovens: “Acho que esses 40% vão limitar muitas entradas, em função da maioria da população ser de baixa renda”. Ana Paula

Roberto Stuckert Filho/PR

O Estatuto da Juventude e suas definições

Estatuto da Juventude foi instituído em agosto, em ato no Palácio do Planalto

também faz uma observação quanto aos preços cobrados em promoções realizadas no Centro de Eventos Plínio Arlindo De Nes. “Temos como exemplo o centro de eventos da cidade, onde sempre se cobram valores abusivos nas entradas culturais”, opina ela.

Proteção prevista Outra conjuntura analisada e muito debatida por todos os jovens brasileiros é a situação do transporte público. A presidente Dilma Rousseff vetou um trecho que garantia a meia passagem em transportes interestaduais, propiciando apenas dois lugares de graça por ônibus, para estudantes de baixa renda, e outros dois com meia passagem,

e definiu que as legislações estaduais devem ser capazes de dar conta dessa questão. O nome “estatuto” prevê que o documento assegura a proteção com relação aos beneficiados, como por exemplo nos casos do Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), do Estatuto do Idoso e do Estatuto da Mulher, nos quais a declaração é utilizada para amparar essas classes como “inofensivas”. Porém, o Estatuto da Juventude não tem esse mesmo viés. Ele serve para reforçar o direito e aprimorar as políticas públicas e jamais tratar o jovem como um ser vulnerável. Já o ECA possibilita a proteção de adolescentes de 15 a 18 anos, e dessa forma os jovens dessa faixa etária estão beneficiados por dois estatutos que não conflitam entre si.

Sinajuve Juntamente com o Estatuto, foi aprovado o Sistema Nacional de Juventude (Sinajuve), que tem como competência, conforme artigo o 41, formular e coordenar a execução da Política Nacional da Juventude. Isso deve ocorrer em parceria com os Estados, o Distrito Federal, os municípios e a sociedade, em especial a juventude. Também deverá promover, em

conjunto com o Conselho Nacional de Juventude, as Conferências Nacionais de Juventude, com intervalo de quatro anos. Ou seja, surge para defender e lutar pelos direitos dos jovens tendo voz dentro das esferas de poder, para inserir o jovem na participação das políticas públicas, bem como batalhar pelas assistências financeiras.

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TRABALHO

A polêmica das terceirizações Projeto que regulamenta a terceirização voltou a ser discutido na Câmara dos Deputados e descontenta grande parte da classe sindical Reportagem: Priscyla Schultz

Priscyla Schultz

O projeto de lei (PL) 4.330/2004, de autoria do deputado federal Sandro Mabel (PMDB-GO), objetiva a regulamentação da terceirização no Brasil e gera polêmica em esferas e classes trabalhadoras. De acordo com o autor da proposta, ela serve como um instrumento de proteção ao trabalhador terceirizado. O Passe a Folha conversou com alguns representantes das classes sindicais e de confederações para saber qual a opinião sobre o assunto. O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Chapecó (CDL), Gilberto Badalotti, acredita que a terceirização, em alguns setores das empresas, como limpeza e contabilidade, é importante, pois facilita os serviços e as relações. “No setor público a terceirização se faz necessária também, principalmente para a construção de estradas

e, até mesmo, alguns serviços dos Correios possuem funcionários terceirizados. Quando feito dentro das leis, respeitando os direitos trabalhistas, eu sou a favor.”

Brasil tem cerca de 15 milhões de trabalhadores terceirizados De acordo com Badalotti, no comércio os serviços terceirizados ainda são poucos, mas na prestação de serviços como hotéis, telentregas e limpeza o número de contratações terceirizadas aumenta. Ele ainda ressalta: “Muitos acreditam que podem perder o emprego devido à terceirização, mas eu acredito que seja uma maneira boa de contratar pessoas que tenham cargos sem necessidade de vínculo permanente, como uma servente, por exemplo”.

terceirizados permanecem 2,6 anos a menos no emprego do que os trabalhadores contratados diretamente. Ele ressalta, também, que a jornada semanal terceirizada possui três horas a mais e os trabalhadores recebem 27% a menos e sofrem 80% dos acidentes de trabalho. Alzumir Rossari é diretor do Sindicato dos Bancários de Chapecó e Região. Para ele, a aprovação do projeto de lei 4330 pode significar o fim dos direitos conquistados por décadas pelas categorias profissionais em convenções coletivas de trabalho. “Será um ataque sem precedente aos direitos trabalhistas. O Tribunal Superior do Trabalho (TST) e a própria Associação Nacional dos Magistrados da Justiça do Trabalho já se manifestaram contrários ao referido projeto de lei”, argumenta o sindicalista.

Quando a proposta foi apresentada, em 2004, cerca de 6 milhões de trabalhadores eram terceirizados. Atualmente, esse número atinge 15 milhões. Mesmo com o grande número de trabalhadores contratados de forma terceirizada, grande parte das classes sindicais é contra a terceirização. O presidente da Federação dos Trabalhadores Municipais de Santa Catarina (Fetran-SC), professor Lizeu Mazzioni, tem opinião contrária ao projeto. Para ele, a terceirização da contratação dos trabalhadores é uma estratégia das empresas e dos governantes do setor público para diminuir os custos com o salário dos trabalhadores e as responsabilidades sociais da empresa ou do Estado. “Ao terceirizar a contração, a empresa deixa de ter a relação direta com os encargos sociais e com os direitos trabalhistas dos trabalhadores. Para a empresa terceirizada também é um bom negócio, porque gera um negócio novo e uma nova possibilidade de lucro”, relata. Lizeu ainda comenta que um estudo da CUT e do Dieese, realizado em 2011, demonstrou que os trabalhadores

A construção civil é um dos segmentos com maior número de contratos página 8

www.sescap-pr.com.br

Classes sindicais contra

Entenda a lei O projeto de lei 4330, de 2004, prevê a contratação de serviços terceirizados para qualquer atividade de determinada empresa, sem estabelecer limites ao tipo de serviço que pode ser alvo de terceirização. Atualmente, a Súmula 331 do Tribunal Superior do Trabalho (TST), que rege a terceirização no Brasil, proíbe a contratação para atividades-fim das empresas, mas não define o que pode ser considerado fim ou meio. De acordo com o novo projeto, a empresa contratante é responsável subsidiariamente pelas obrigações trabalhistas referentes ao período em que ocorrer a prestação de serviços.

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RURAL

Exploração da agricultura familiar Sistema de parceria se aproveita da estrutura e mão de obra dos produtores e garante lucro às empresas

Em diversas bibliografias pesquisadas, provavelmente haverá a descrição de Chapecó como sendo considerada a “Capital Brasileira da Agroindústria”. Alguns trechos de avenidas ou rodovias de extrema importância para a cidade e região até possuem o nome de figuras ligadas ao agronegócio, setor que garantiu a expansão da cidade e região após o período madeireiro. Além de empresários e políticos que defendem a bandeira da avicultura e do agronegócio, um elemento importante na cadeia produtiva é o produtor, na região Oeste caracterizado pela maioria de agricultores familiares, com pequenas e médias propriedades. No decorrer dos anos, consolidou-se no Oeste Catarinense o sistema de produção integrada, ou sistema de parceria. Contudo, para o presidente do Sindicato dos Trabalhadores Rurais (STR), de Chapecó, Anderson Giacomelli, o sistema integrado, que as empresas costumam chamar de “parceria”, na verdade, apresenta característica de exploração. Além disso, ele considera o agricultor como "alienado" nesse sistema. “O agricultor é quem fica com o maior gasto da produção. Ele coloca sua estrutura à disposição, aviário, luz, mão de obra, máquinas e equipamentos, enquanto a contrapartida da agroindústria é dar a ração, tanto no caso de suínos quanto de aves.”

Problema estadual Em conflito semelhante, envolvendo avicultores e suinocultores e as empresas parceiras, o Sul do Estado também passa por uma fase de discussão sobre a relação das agroindústrias com os integrados. Os produtores reclamam que os custos de produção aumentaram e o valor pago pelas indústrias está defasado. Atualmente eles recebem entre R$ 0,38 e R$ 0,42 por ave com cerca de três quilos. De acordo com os avicultores, o valor ideal seria no mínimo de R$ 0,80. O problema naquela região se agrava, pois as empresas têm encerrado os contratos com os avicultores, dizendo enfrentar

Vinicios Ranzan

Reportagem: Vinicios Antonio Ranzan

Um aviário custa, no mínimo, em torno de R$ 120 mil. O movimento do STR reclama que o valor pago ao produtor é muito baixo, com relação ao investimento necessário pelo produtor problemas de logística e falta de investimento por parte dos produtores na modernização dos aviários. Suas prioridades são a negociação com frigoríficos pelo reajuste da remuneração e o refinanciamento das dívidas com bancos, situações diretamente ligadas ao sistema de produção integrada, seja como resultado da produção ou como pré-requisito. O presidente do STR de Chapecó questiona que o agricultor recebe pouco menos de R$ 0,50 por unidade de frango e a maioria dos agricultores assumem financiamentos para investir na garantia de que sua propriedade possa receber os lotes. “Um aviário simples custa em torno de R$ 120 mil”, explica Giacomelli. Mesmo não ocorrendo desligamentos de integrados, como no Sul, o sindicato tenta lutar por melhores condições aos produtores.

de organizar a categoria e buscar melhores condições, o presidente afirma que o STR tem tentado promover algumas ações, mas esbarra na pressão que as indústrias exercem sobre os agricultores. “Outras categorias conseguem parar para reivindicar, nós não”, ressalta Anderson Giacomelli. No Sul, a busca pela resolução desse impasse avança mais. A Comissão de Agricultura da Assembleia Legislativa tem fomentado a discussão entre os produtores e indústrias, principalmente após a empresa JBS comprar o frigorífico da Marfrig. “Estamos diante de um processo de monopólio, de compra de grifes que já conhecemos, e a vítima é o avicultor, o elo mais fraco”, salienta o deputado federal Décio Lima (PT). Segundo o presidente da Comissão da Assembleia, deputado Moacir Sopelsa (PMDB), o sistema de produção integrado está consolidado em todo o Estado e não Mobilização por melhoria existe como o produtor viver sem a indústria e a indústria sobreviver sem o produtor. “Os A situação na região Oeste não atinge o produtores precisam de sustentabilidade mesmo nível de descontentamento que os e a empresa se desenvolver”, reitera o avicultores da região Sul, ou pelo menos esse parlamentar, explicando a dificuldade em desconforto não vem à tona. Como tentativa intermediar as discussões do setor.

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CIDADE

Plano Diretor, para progredir Ações para revisão foram realizadas e os chapecoenses tiveram oportunidade para contribuir com o futuro do município Reportagem: Alisson Moro O Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó, normalmente reformulado a cada 10 anos, define diretrizes para a organização do município nos âmbitos urbano e territorial. Em questões práticas, o documento especifica uma série de o e prioridades que devem, ou deveriam, ser seguidas pelo poder público e pela iniciativa privada durante a efetivação de qualquer tipo de ação, projeto ou obra no município. Revisado nas duas últimas vezes em 2004 e em 2007, o atual projeto em vigência passou por outras modificações. Essa versão está disponível para acesso no site da Prefeitura Municipal de Chapecó (www.chapeco. sc.gov.br). Trata-se de um documento complexo, extenso e que possui 128 páginas. Para a revisão atual do Plano Diretor, foram realizadas diversas etapas, que visaram debater ideias e estratégias de melhorias para o município. Em quase todas as fases os chapecoenses puderam participar, opinar e sugerir ações.

dois e-mails específicos disponibilizados pela prefeitura. Os interessados também poderiam ir até a Diretoria de Planejamento Urbano do município e protocolar o documento pessoalmente, se preferissem.

Plano Diretor de Desenvolvimento de Chapecó define diretrizes para a organização da cidade nos âmbitos

www.belasantacatarina.com.br

Conforme dados da prefeitura de Chapecó, 144 pessoas e instituições enviaram 127 propostas. Além disso, foram recebidas inúmeras reivindicações, que foram encaminhadas aos setores competentes, por serem consideradas “não vinculadas diretamente à legislação do Plano Diretor”. As entidades que Propostas para o desenvolvimento mais participaram estão ligadas ao Durante 40 dias, os cidadãos tiveram setor mobiliário e à construção a oportunidade de enviar sugestões para civil. Além disso, sindicatos, ONGs,

universidades e associações de moradores também aproveitaram a oportunidade para contribuir. Após sistematizar e organizar as sugestões e outros temas ligados ao plano, foram realizadas sete oficinas temáticas. Abertas à população, elas ocorreram ao longo do mês de julho de forma gratuita. Durante essa etapa, os participantes dos encontros tiveram acesso ao material elaborado previamente, que foi discutido, complementado e, se necessário, alterado. O mesmo processo ocorreu durante os encontros da Conferência de Sistematização, Deliberação e Validação da minuta do Plano Diretor. Nessa etapa, após outra organização do que foi alinhado nas oficinas, os participantes puderam, mais uma vez, discutir, analisar e sugerir mudanças. Apesar de quase estabelecido, o projeto de lei somente pode ser analisado pela Câmara de Vereadores. Dessa forma, o material escrito, revisado e discutido diversas vezes, foi encaminhado ao Poder Legislativo de Chapecó, que tem a responsabilidade de analisar e votar o que poderá ser estabelecido no município.

Desenvolvimento urbanístico é um dos principais focos das discussões do novo Plano Diretor para Chapecó página 10

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CIDADE

As medidas de urgência Alisson Moro

O trânsito de Chapecó é, para a estudante de Arquitetura e Urbanismo Priscila Klaus, um dos pontos que mais deve demandar a atenção do Poder Público Municipal. Por isso, é importante participar do processo, já que, segundo Priscila, as mudanças no Plano Diretor causam impactos em toda a sociedade. “Se as pessoas querem que sua cidade se desenvolva da melhor maneira, elas precisam participar dessas discussões”, avalia.

Horário das linhas de ônibus urbanos seriamente comprometido devido ao grande fluxo de veículos A situação do trânsito também foi o tema de uma das sugestões enviadas pelo professor Glauco Paludo Gazoni para a Administração Municipal de Chapecó. O professor ressalta o crescimento acelerado de Chapecó. Para ele, a infraestrutura da cidade, no que tange às vias urbanas, está saturada em função do elevado número de veículos. Outro ponto que torna a situação ainda mais crítica é o estado de conservação das ruas. “Buracos, desníveis na pista, falta de sinalização, falta de calçada e meio-fio, etc”, exemplifica Glauco. Sobre essa questão, a professora e mestre em Planejamento Urbano e Regional, Ana Laura Vianna Villela, cita o exemplo da cidade de Paris, na França, onde uma medida drástica teve que ser implantada. A poluição dos carros na capital francesa era tão séria que o governo reduziu drasticamente o número de estacionamentos na zona central e, até mesmo, chegou a implantar pedágios para acessar o centro da cidade. Antes de concretizar as mudanças, de acordo com Ana Laura, o poder público francês fez altos investimentos em melhorias para os transportes público e alternativo. “Foi preciso incentivar o uso de bicicletas, o pedestre, o transporte público e até os trens intraurbanos e intramunicipais”, exemplifica a professora.

O Plano Diretor revisado, que deve entrar em vigor no próximo ano, trará impactos para o dia a dia de todos os cidadãos chapecoenses do veículo se a manutenção for adequada. mais rápido com o transporte coletivo, Porém, o tempo de uso pode comprometer que ele atende a necessidade, que ele me pega e me solta num raio de dois ou três a segurança e o bem-estar dos usuários. quarteirões, ele começa a ser vantajoso”, explica Ana Laura.

Trânsito de Chapecó é um dos pontos que maisdeve demandar a atenção do Poder Público Municipal

Além disso, o horário das linhas de ônibus urbanos é seriamente comprometido devido ao grande fluxo de veículos. Conforme Ana Laura, uma das Situação diferente causas são os engarrafamentos, situação que pode ser melhorada com o corredor No Brasil, e em nível local, a situação exclusivo para o transporte coletivo. é bem diferente da capital francesa. A “Isso possibilita mais segurança no professora afirma que a vida média das frotas cumprimento do horário, pois o ônibus de veículos chega a 10 anos de uso, número está sempre em circulação, levando mais que não é tão expressivo na conservação pessoas. No momento em que eu chego

Benefício Uma das propostas discutidas, durante a revisão do Plano Diretor de Desenvolvimento Territorial de Chapecó, é a criação de um cadastro de pessoas que possuem os pré-requisitos para serem beneficiadas com programas do governo federal, como o “Minha Casa, Minha Vida”. Até agora não existe controle se as áreas de habitação, financiadas pelos programas do governo federal, são realmente destinadas a pessoas de baixa renda. Apesar de acreditar que será necessária a fiscalização, a professora Ana Laura Villela aprovou a proposta. “Isso é uma postura de gestão, já que o poder público poderá ter certeza de que está atendendo quem precisa”, enfatiza a mestre em Planejamento Urbano e Regional.

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EDUCAÇÃO

Publicação que vale ouro Artigos científicos mostram resultados da investigação em busca do conhecimento

A corrida em busca pelo conhecimento, nos últimos anos, tornou quase que impossível o ensino tradicional baseado exclusivamente na transmissão de informação de forma oral. Em muitas disciplinas já não é possível, dentro das cargas horárias, transmitir todo o conteúdo fundamental. Mais importante, ainda, o conhecimento não é acabado, e muito do que o estudante precisará saber em sua vida profissional ainda está por ser descoberto. O desafio das instituições de ensino, hoje, é formar pessoas capazes de buscar conhecimento e saber utilizá-los. Antigamente, o importante era dominar o conhecimento. Hoje, é essencial que se domine muito além dele, pois diante de um questionamento para o qual não se tem uma resposta pronta, os profissionais devem saber buscar o conhecimento sobre o assunto em discussão, principalmente pela pesquisa. Para isso, as atividades curriculares ou extracurriculares, voltadas para o conhecimento da realidade, e principalmente para a pesquisa, são instrumentos de grande importância para a formação dos estudantes. Os artigos científicos estão entre essas atividades. No Brasil, entre 2008 e 2010, mais de 90 mil artigos foram publicados, ultrapassando países como Venezuela, México e Chile, segundo dados do sistema Web of Science. Assuntos relacionados

Arquivo Pessoal

Reportagem: Elizabeth Luiza Balbinot e Mayara Melegari

Professora Elaine Maria Gonsales, doutora em Ecologia, e a pesquisadora Veluma De Bastiani

à veterinária, enfermagem e que também é de interesse da odontologia estão entre as áreas sociedade: “A publicação de que mais publicam artigos. dados e descobertas é parte do processo de construção de conhecimentos”. Argumenta Na Unochapecó que “a publicação de artigos Na Universidade Comunitária científicos visa compartilhar dissemináda Região de Chapecó conhecimentos, (Unochapecó), os cursos com los, divulgá-los à sociedade maior tradição em pesquisa estão científica e à comunidade, e nas áreas de Ciências Exatas não retê-los em laboratórios, e relatórios de e Ambientais, da Saúde e em TCCs Humanas e Jurídicas. Isso é o que pesquisa”. A professora Valéria informa a diretora de Pesquisa e considera ser excelente a Pós-graduação Stricto Sensu da publicação dos artigos de Unochapecó, professora Valéria forma online. “Penso ser excelente a disponibilização Marcondes. Segundo Valéria, a online, pois facilita o acesso publicação de artigos é de às informações, descobertas, extrema importância, uma vez conhecimentos e inovações.” Veluma Molinari De Bastiani é graduada em Atividades voltadas para o conhecimento Ciências Biológicas e mestre em Ciências Ambientais, pela da realidade e, principalmente, própria Unochapecó, e teve dois para a pesquisa, são instrumentos artigos científicos publicados na internet. O primeiro foi em uma para a formação dos estudantes revista online que trata sobre

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assuntos da área de estudo. O segundo foi publicado na revista online Biota Neotropica. Em 2012, Veluma submeteu um de seus artigos ao edital do II Prêmio de Valorização da Biodiversidade de Santa Catarina, lançado pela Fundação de Amparo à Pesquisa e Inovação do Estado de Santa Catarina (Fapesc). Ela recebeu, como premiação, medalha, certificado, R$ 13 mil e viagem ao Rio de Janeiro para visitar o sítio Roberto Burle Marx e o Jardim Botânico. Para a egressa da Unochapecó, a sensação de receber um prêmio através da publicação de um trabalho é muito boa. “O prêmio foi uma forma de reconhecimento pelo trabalho realizado com esforço e dedicação e serviu como incentivo para continuar fazendo pesquisa em busca de novos conhecimentos”, afirma a pesquisadora.


EDUCAÇÃO

A prática e seus resultados na academia Valorização da pesquisa desde a graduação

Para o jornalista Julherme José Pires, a importância da iniciação científica, desenvolvida ainda na graduação, é um fato imensurável. Segundo seu entendimento, “a pesquisa é o que mais gera conhecimento e creio que não existe prática acadêmica de maior relevância”. Julherme tem 23 anos e estava no sétimo período do curso de Jornalismo da Unochapecó quando, juntamente com colegas, realizaram uma pesquisa na disciplina de Comunicação Comparada. “A pesquisa teve um resultado muito interessante e, por isso, consideramos a publicação relevante para estudos em comunicação no âmbito nacional e regional, na América Latina”, destaca ele.

Brasil subiu da 17ª posição para a 13ª, entre 2001 e 2011, em quantidade de artigos científicos publicados, mas qualidade dos trabalhos caiu O trabalho foi publicado no Congresso de Ciências da Comunicação da Região Sul – Intercom Sul, na sessão Intercom Jr. Outro estudante, o bolsista Cristian Cipriani, está cursando mestrado na Unochapecó e destaca que é muito importante a iniciação científica desde o início da graduação. “A pesquisa enriquece o currículo acadêmico. O mercado de trabalho, hoje, exige um diferencial na

formação e acredito que esse diferencial possa estar na pesquisa”, justifica o estudante do mestrado. O mestrando acrescenta que “o conhecimento adquirido durante o processo da iniciação ajuda, e muito, no momento de escrever a monografia”. Além disso, os artigos científicos servem de base para muitas coisas. Para quem quer seguir a vida acadêmica, por exemplo, e cursar um mestrado, a banca avaliadora leva em consideração se o postulante à uma vaga já pesquisou, se tem artigos publicados ou se participou de grupos de pesquisa, acrescenta Cristian.

Resultado compensador Izabel Guzzon é estudante do curso de Jornalismo da Unochapecó e vai publicar seu primeiro artigo em breve. “O resultado é compensador e gratificante, por me possibilitar publicar um artigo científico no início da minha carreira na universidade”, diz ela. A acadêmica ressalta a importância dos trabalhos de iniciação científica para projetos profissionais futuros e avalia de forma positiva esse tipo de atividade. “Eles levam o pesquisador a pensar novas formas de abordagem sobre determinados assuntos e motivam à constante busca pelo conhecimento”, explica. O trabalho de Izabel será publicado nos cadernos do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (Ceom), mantido pela Unochapecó. Segundo a base aberta de dados Scimago, que é alimentada pela plataforma Scopus, da editora de revistas científicas Elsevier, o Brasil subiu da 17ª posição para a 13ª, entre 2001 e 2011, na categoria “quantidade de artigos científicos publicados”. Em contrapartida, a qualidade dos trabalhos,

que é medida pela quantidade de vezes que são citados por outros pesquisadores, caiu. O Brasil passou da 31ª posição para a 40ª nessa classificação.

Parte do processo De acordo com Julherme Pires, a pesquisa é a parte mais importante do processo de formação universitária. “Acredito que se a pesquisa foi feita com dedicação, depois há resultados que podem contribuir com a área acadêmica ou externa.”

Não há regra para um bom artigo, desde que a pesquisa seja coerente, alicerçada por bons teóricos e apresente resultados que colaborem com o cotidiano da sociedade Cristian Cipriani acredita que não existe uma regra para criar um bom artigo. “O que existe é a necessidade de uma pesquisa coerente, que seja alicerçada por bons teóricos, que apresente resultados verdadeiros e que venha colaborar com o cotidiano da sociedade”, avalia o mestrando. No entanto, para existir um bom artigo é necessário um bom pesquisador, engajado com a sua pesquisa, com o seu tema e com a relevância do assunto para a sociedade, finaliza ele.

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ENSAIO FOTOGRÁFICO

Imagens de Chapecó Uma cidade como Chapecó apresenta uma infinidade de imagens, nem sempre percebidas com maior acuidade. São pessoas, seus atos, seus lares, o abandono, os equipamentos de lazer, as mostras do tempo, as obras, o esporte e o cotidiano que faz a vida urbana. Fotos: Leticia Sechini Cenci

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ENSAIO FOTOGRÁFICO

De Chapecó, outras imagens Locais, construções, ambientes, a igreja, a fé, o monumento, o aeroporto, o estádio, as luzes da cidade. À noite, a cidade de Chapecó é a mesma, mas as imagens são diversas, em sua visão noturna, iluminada. Fotos: Vinicius Alexandre Farfus

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SAÚDE

Fome de quê? Especialistas indicam sugestões para evitar a compulsão alimentar que atinge grande parte da população Reportagem: Izabel A. Guzzon

“Eles me observavam. Minha atenção era totalmente deles, que pareciam dizer: estou aqui esperando você. Um a um eles eram devorados com uma rapidez inimaginável, precisava comer o mais rápido que pudesse, como se eles fossem sumir. Então, em poucos minutos, a bacia cheia de pão de queijo estava quase vazia, mas era preciso comer todos, não deixar nenhum para contar história, mesmo que já sentisse uma leve dor no estômago, considerando a rapidez e a quantidade que comi. O resultado, além da bacia vazia e da sensação de bem estar que durou poucos minutos, se transformava em um pesadelo, a culpa e a sensação de impotência por não ter controle tomavam conta de mim, os sentimentos se confundiam entre raiva, ódio e incapacidade de controlar a situação. Me sentia a pior pessoa do mundo, com vergonha e tristeza.”

Mais da metade dos brasileiros estão acima do peso, o que atinge 54% dos homens e 48% das mulheres

personalidade de excessos, como acontece, por exemplo, com compras. Ele acrescenta que os episódios de “ataque” são mais frequentes no fim da tarde e à noite, quando a pessoa chega a consumir até 50% das calorias totais do dia. Halpern destaca que entre os sintomas que identificam esse transtorno estão perder o controle sobre o que é consumido, comer escondido, sem vontade ou até passar mal, mastigar e engolir rápido e sentir culpa depois. Entre as indicações para o tratamento, Esse é o relato de Margarida (nome apontadas por especialistas, estão estabelecer fictício para preservar a identidade da fonte) hábitos saudáveis de alimentação e ajudar o sobre os problemas alimentares que vem paciente a evitar a compulsão alimentar. enfrentando. Junto dela estão dezenas de pessoas que sofrem com o transtorno da Dieta balanceada compulsão alimentar periódica (TCAP) e excesso de peso, resultados de uma má Também, segundo a nutricionista Thais alimentação e, em alguns casos, de problemas Carneiro, é indicado o acompanhamento psicológicos. Dados do Ministério da Saúde médico, nutricional e psicológico, para que o revelam que mais da metade dos brasileiros paciente desenvolva hábitos de alimentação estão acima do peso, o que atinge 54% dos saudável através de uma dieta balanceada. Ela homens e 48% das mulheres. diz que é normal consumir em algum dia da Sedentarismo, maus hábitos alimentares semana uma quantidade maior de alimentos, e a falta do consumo de frutas, legumes mas no restante da semana é importante e verduras são alguns dos “hábitos” que continuar a reeducação alimentar. “Vale causam o aumento de peso. lembrar que o metabolismo vai melhorando Para o médico endocrinologista, Alfredo cada vez mais e os resultados serão cada Halpern, e consultor do programa Bem vez melhores com o passar do tempo; é um Estar, apresentado diariamente pela Rede processo gradual”, explica. Globo, a compulsão alimentar pode estar Entre as dicas para evitar o problema, associada a um transtorno bipolar e a uma apontadas pela psicóloga Sandra Cristina página 16

Guzzon, corresponde em mentalizar o objetivo desejado. “Se o objetivo é entrar em um vestido de festa, são grandes as chances de recuperar os quilos perdidos assim que a festa passar. O segredo é mentalizar, ‘vou emagrecer e manter meu peso’, não importa quanto tempo vai demorar.” Para contribuir com o tratamento, Sandra acrescenta que “a terapia cognitivo comportamental é extensamente utilizada nestes casos e sua eficácia foi avaliada por diversos estudos”. Margarida diz que está trabalhando o problema com o atendimento conjunto entre psicólogo e nutricionista. “É necessária uma mudança na forma de pensar e ver a alimentação não mais como um problema e sim uma necessidade; as mudanças não são fáceis, é um processo diário que requer força de vontade, persistência e disciplina” aponta.

Sedentarismo, mau hábito alimentar e falta do consumo de frutas, legumes e verduras são algumas das causas do aumento de peso

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SAÚDE

Uma luta contra o tempo Câncer, confiança e incerteza Reportagem: Beatriz Cerino e Caroline Figueiredo (Provim), da Rede Feminina de Combate ao Câncer de Chapecó. Todas as quintas-feiras, Andréia se reúne com mulheres que passam ou já passaram pelo tratamento de câncer feminino (mama ou colo do útero). São cerca de 30 mulheres que pintam, bordam, conversam e encaram unidas o problema. Ali é onde encontram um pouco do conforto e da força de que necessitam. Em Chapecó, não há um número exato de quantas mulheres passam pelo tratamento, já que o Hospital Regional da cidade não atende apenas chapecoenses. No grupo, Andréia demonstra liderança. É a responsável pelo contato com a diretoria da Rede Feminina, função que desempenha com maestria e responsabilidade. Mas, nos últimos meses a participação tem diminuído. No meio deste ano, ela descobriu novos tumores pelo corpo. O principal está na cabeça, onde a cirurgia para a retirada não está entre as possibilidades.

Fé em dias melhores Mãe de dois filhos, a preocupação de Andréia já não é mais com seu futuro, mas sim com o de suas crianças, já que não tem a certeza de quanto tempo ainda terá para

Quimioterapia, remédios controlados e terapia, fase mais assustadora acompanhá-los. O médico, em uma das últimas consultas, não deu um diagnóstico positivo. A quimioterapia e a radioterapia não têm dado muitos resultados. Foi então que resolveu iniciar um novo tratamento com base em remédios de teste. A mudança gerou reação: Andréia raramente consegue dormir bem à noite, e vários problemas no estômago começaram a surgir. “Fico cansada e não consigo caminhar muito tempo. Como não tenho carro, fico mais em casa, mas toda quinta levo como obrigação ir à Rede Feminina”, afirma. Há mais de um ano Andréia trava uma luta contra o tempo. Na mente, a esperança de ficar tudo bem e poder voltar a trabalhar e desenvolver suas atividades rotineiramente, frequentar festas e estar em companhia de seus familiares e amigos. “Sinto falta de sair nas sextas e voltar nos sábados com disposição”, declara a jovem, que carrega no olhar o peso de uma luta diária acompanhado pela fé em dias melhores. Divulgação

É enquanto se olha no espelho que Andréia Paz relembra tudo o que já passou. Tratando de câncer pela segunda vez, a moça de 32 anos não se sente abalada. O cansaço físico e a pele morena com marcas deixadas pelo cansaço de quem enfrenta uma batalha diária não apagam o brilho do olhar de quem ainda tem esperanças. A ausência dos cabelos não desestimula. Mesmo sem as madeixas para pentear, o batom e o lápis de olho não faltam na produção. Poucas vezes o lenço na cabeça acompanha o figurino, e a peruca que ganhou das amigas fica guardada. “Coça muito”, ela brinca bem humorada. Mas para a entrevista, cobriu a cabeça com um chapéu, porque “fica mais charmoso”, como ela mesma classifica. Quando descobriu a doença, seu primeiro grande medo foi perder o cabelo. “Mas depois que começa o tratamento, o cabelo perde a importância. Você faz de tudo para se curar, mesmo careca”, relata ela ao relembrar. Na primeira vez que enfrentou a doença, com o câncer de mama, Andréia encontrou nódulos e iniciava, então, a saga da busca pela cura. Quimioterapia, remédios controlados, terapia e dedicação. Assim passou pela crise mais assustadora. Com toda a bagagem e conscientização do tratamento, resolveu se inscrever no Grupo Programa Viver Melhor

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SAÚDE

A cura através do tratamento espírita

Espiritismo é a grande procura quando a medicina não resolve pelos tratamentos convencionais Reportagem: Scheila Franz A auxiliar de expedição Janete Rohr, da cidade de São Carlos-SC, conta que fez um tratamento espiritual devido a dores muito fortes que sentia na cabeça. Ela já tentou vários tratamentos com profissionais especializados da medicina, porém em nenhum deles obteve êxito. Na angústia pela cura ela procurou pelo tratamento espiritual, fez em torno de seis sessões de tratamento e hoje em dia não sente mais dores profundas.

mais, além do tratamento convencional, ou seja, sem o espiritual”. Segundo Neves, ele foi submetido a uma consulta com os ‘guias’, para mencionar o que estava lhe incomodando. “Depois de duas semanas fiz à cirurgia, depois repousei por três dias, conforme é estabelecido pelos guias, para que a cirurgia possa obter sucesso”, afirma. Conforme ele, no dia da cirurgia não sentiu nenhum tipo de dor. “Eles não usam nenhum objeto. Senti um cheiro forte de éter, mas verifiquei que no local não havia nenhum produto químico. Perguntei para um dos assistentes se era normal sentir cheiro de éter durante a cirurgia, e ele disse que sim”, conta. Eduardo fez o tratamento devido a fortes dores que sentia na coluna, e hoje diz que não sente dor alguma. Ele comenta que o Consulta com guias mais importante é lembrar que a pessoa O técnico em informática e administrador que procura esse tipo de tratamento precisa Eduardo Neves, de São Simão-SP, é uma ter fé que vai dar certo. É importante que a das pessoas que também já fez tratamento: pessoa siga todos os passos antes da cirurgia e “Procurei o tratamento como um auxílio há durante o repouso.

Angústia pela cura leva à busca por tratamento espiritual

Scheila Franz

Aos poucos vem crescendo no mundo a união da medicina convencional com tratamentos alternativos, entre eles os espirituais. Muitas pessoas recorrem à doutrina espírita em busca de resultado para doenças que desafiam a própria medicina. O que isso influencia na vida das pessoas? Todos os tratamentos possuem cura? O tratamento é pago? Os casos de cura estão presentes nas mais diversas regiões do país. Temos como exemplo a situação do ator Reynaldo Gianecchini, que através de um tratamento associativo entre a medicina e o espiritismo conseguiu a cura de um linfoma, um tipo de câncer que atinge os gânglios linfáticos. Com o objetivo de auxiliar os encarnados (alma ou espírito que ocupa temporariamente um corpo humano que posteriormente irá desencarnar, e talvez, reencarnará novamente) e desencarnados (espírito que vaga), que de alguma forma estejam sendo dominados por influências negativas, o procedimento é um tratamento espiritual. O que será feito durante o tratamento vai depender da necessidade do paciente junto da orientação dos mentores.

Crença e estudos são fatores fundamentais na doutrina espírita página 18

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SAÚDE

Harmonia no tratamento espiritual A agente de saúde Elaine Scarparo, de São Carlos, define que a finalidade do tratamento espiritual é de harmonizar a pessoa através da mudança do pensamento nocivo, mudança das atitudes negativas, leituras, bioenergia e orações, entre outros. “Somente a modificação de atitudes negativas para atitudes positivas já ajuda muito no tratamento, impedindo que o espírito em sofrimento prejudique o encarnado”, esclarece Elaine. Para o espiritismo tudo é energia. Modificar a frequência de uma forma positiva em sintonia com os mentores de luz facilita o trabalho de auxílio e socorro aos desencarnados. Elaine iniciou seus trabalhos no centro espírita em razão de achar ‘normal’ sentir a presença de espíritos. Em contrapartida, sua família achava que ela estava enlouquecendo. Ela sofreu muito até descobrir o centro espírita e aceitar sua missão. No mesmo pensamento de Eduardo, Elaine também destaca a importância da fé. “Primeiro lugar, a pessoa precisa acreditar, ter fé, pois é trabalhado só com energia. Explicamos para as pessoas o que é o espiritismo, o porquê de certos acontecimentos com ele, lei da ação e reação; o poder da nossa mente é muito importante, o poder das palavras também”, assinala ela. Depois disto, explica a agente, é repassado um passe espiritual, quando é orientado para que a pessoa faça a limpeza espiritual. “Depende muito da pessoa, por exemplo, eu posso tirar um encosto da pessoa, fazer

Filosofia espírita promove visão positiva sobre acontecimentos toda a limpeza espiritual, mas se ela não elevar seus pensamentos e sair da zona de baixa frequência, ela sai do centro e logo arruma outro encosto. Isso acontece porque atraímos espíritos com a mesma frequência que a nossa”, comenta, ao falar do chamado espírito ruim.

O tratamento Conforme estudos de Allan Kardec, considerado pai do espiritismo, antes de iniciar um tratamento os guias tentam descobrir a causa do problema, se é de saúde, se tem a ver com extravagâncias que a pessoa cometeu em outras vidas e que agora está colhendo. Assim, eles direcionam se é necessário procurar um médico ou se somente o tratamento espiritual. Nesta perspectiva, Elaine exemplifica: “Se for um espírito que estiver acompanhando a pessoa, temos que descobrir o porquê se aproximou, se é resgate de outras vidas, se é algum familiar que não aceitou a passagem ou se simplesmente se aproximou pela mesma frequência de pensamentos. Quando estamos tristes, com raiva, atraímos espíritos chorosos, rancorosos, se estamos felizes atraímos espíritos de luz que nos ajudam e nos orientam na caminhada da vida”, ressalta. Muito se questiona a questão de ser cobrado ou não o tratamento, e se é confiável, pois há lugares que não cobram e outros sim. Segundo a guia Elaine, o livro Evangelho Segundo o Espiritismo diz que não se

deve cobrar nada pela ajuda espiritual. Ela comenta, ainda, que as pessoas devem tomar cuidado com os centros que cobram, pois geralmente trabalham com os dois lados, o bem e o mal. A guia aponta que ao conhecer o espiritismo as pessoas passam a entender certas coisas que antes não entendiam. Começam a ver a vida de outra maneira. “Quando conhecem o espiritismo, as pessoas passam a agradecer os obstáculos, pois sabem que são eles que nos fazem melhorar e evoluir espiritualmente. Já vi casos de pessoas que chegaram carregadas no centro e saíram andando”, enfatiza Elaine.

Allan Kardec, considerado o pai do espiritismo, indicou que antes de iniciar um tratamento, os guias tentam descobrir a causa do problema

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TECNOLOGIA

O universo das redes

Mídias sociais deixaram de ser lazer, passando a ferramenta de divulgação e de busca de capacitação

Reportagem: Pricila Lira As redes sociais podem ser consideradas um fenômeno do mundo moderno, e elas chegaram para ficar. O termo redes sociais, na internet, refere-se a teias de relacionamentos entre pessoas, empresas e os próprios veículos de comunicação. Elas proporcionam aos seus usuários, como são chamados quem faz uso das redes sociais, criar aldeias, através do interesse de pessoas com um assunto em comum, como família, gosto por músicas a busca por informação. É cada vez maior o número de usuários nas redes sociais, e elas têm influenciado as novas gerações na maneira como se relacionam com outras pessoas, marcas e instituições. O tempo que cada um dedica às redes sociais também vem aumentado, bem como os recursos de cada uma. Elas deixaram de ser apenas

um local de interação com os amigos, para ser um espaço de lazer, e muitas vezes se tornam um currículo. Cada usuário tem seu perfil, bem como as empresas e veículos de comunicação. Ali, cada um pode divulgar seu local de trabalho, interesses pessoais, postar fotos e opinião, por isso hoje é comum antes de uma pessoa ser contratada em um novo emprego as empresas visitarem os perfis de seus futuros empregados. Segundo o site comScore, 97% dos brasileiros acessam o Twitter e o Facebook.

para interagir com seus leitores, ouvintes e telespectadores, e para divulgar o seu conteúdo. A dona de casa Marilde Lira, de 39 anos, é um exemplo. Ela se utiliza do seu perfil no Facebook para buscar informações. “Uma vez eu só tinha acesso às noticias através da televisão, hoje eu leio as noticias de vários portais de noticias dos jornais aqui da cidade”, explica Marilde. Ela ainda conta que procura curtir as páginas dos jornais da cidade, e das emissoras de televisão e rádio. Segundo ela, a síntese da informação publicada na rede social chama a sua atenção para procurar a noticia Jornalismo e internet na integra. “Quando a noticia é Não são somente as pessoas do meu interesse, eu costumo que vêm buscando as redes sociais. curtir e compartilhar com meus Os veículos de comunicação amigos”, diz a dona de casa. O avanço do jornalismo usam cada vez mais esses espaços online é visível, e para capacitar

Aumento de usuários das redes sociais e do uso de internet deve chegar aos 90% da população até 2017 20 página

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os futuros jornalistas para atuar nessa área, os cursos de Jornalismo estão dedicando matérias específicas para este tema. A estudante de Jornalismo Tatiane Defiltro, do quarto período do curso na Unochapecó, está na matéria de Jornalismo Online e diz que acha de extrema importância ter em sua grade curricular essa matéria. “A internet é tendência, e para o jornalista é importante manter-se sempre atualizado e capacitado”, afirma a estudante. A internet e as redes sociais estão em constante avanço, tanto para os profissionais do jornalismo como para os estudantes é de extrema importância estudar esta área para acompanhar as evoluções. “É preciso estar capacitado para oferecer o que o público espera, então a matéria é de extrema importância para a minha formação”, salientou a estudante. Para a acadêmica Emanuelle Jung, o Jornalismo Online representa uma nova ferramenta que ela utiliza para o lazer e para a procura de uma notícia, e futuramente como criadores desta. “Nós, futuros jornalistas, devemos aproveitar o máximo das novas tecnologias. A internet e as redes sociais são um meio de comunicação que se torna mais visível”, disse a estudante. Para ela, o cuidado com as publicações nas redes sociais e portais de notícia deve ser o mesmo que se tem no impresso, mesmo que a modificação de texto seja mais fácil e possível nas mídias sociais. “A veracidade, e a importância da informação, bem como a credibilidade da fonte, também devem ser levadas em conta mesmo sendo na internet”, conclui a estudante do curso de Jornalismo da Unochapecó.


TECNOLOGIA

Da internet para as ruas Nos meses de maio e junho de 2013 milhões de pessoas invadiram as ruas para reivindicar. Essas reivindicações foram as mais variadas. Do ponta-pé inicial, que era a tarifa de ônibus, foram até os pedidos de um mundo mais justo e sem corrupção e à não descriminação aos homossexuais. A presidente da União Municipal dos Estudantes Secundaristas de Chapecó (Umes), Talia Leite, participa há três anos de movimentos estudantis. Ela considera importantes as redes sociais como ferramenta para divulgar os movimentos estudantis. Explica que as mídias sociais são usadas para atingir um público maior, em uma quantidade menor de tempo. “As redes sociais são nosso principal canal de comunicação, já que não conseguiríamos espaço na televisão e rádio”, explica Talia para o uso das redes sociais. “Nos somos a juventude do século XXI, uma juventude desenvolvida e tecnológica, que entende que precisa estar nas redes e nas ruas”, diz a presidente da Umes. Ela acha que as redes sociais têm um espaço para todo mundo expor a sua opinião, que vai além do que a mídia de massa aborda, bem “como desmistificar algumas informações, Brasil é o quarto país que mais utiliza o Facebook no mundo, conforme a comScore

Debates, também

Utilização de redes sociais entre homens e mulheres é equilibrada no Brasil

O estudante Dérique Hohn, que participa ativamente de movimentos estudantis, diz que “as redes sociais são o tempero que a gente precisava para os nossos movimentos sociais e estudantis”. Por outro lado, ele salienta que não é somente criar um evento no Facebook o que leva as pessoas para as ruas. Por isso, indica que é preciso fazer debates e gerar discussão. Além disso, ele avalia o debate como importante, pois é necessário que essas pessoas que vão para as ruas levantar os cartazes tenham argumento e saibam pelo quê estão lutando. “Mas somente as redes sociais não dão conta de uma mobilização, é preciso aproveitar o momento, como o vivido e difundir nas redes sociais”, explica Dérique.

Apesar dos homens usarem mais as redes sociais, Ibope indica que as mulheres atualizam mais os seus perfis

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CULTURA

De volta às raízes Projeto busca identificar e resgatar a cultura cabocla da região

Imagens apresentam aspectos da memória têm um papel fundamental no resgate e preservação da cultura cabocla. “Com certeza, se não houvesse o envolvimento das instituições de ensino, muitos dos elementos dessa cultura seriam esquecidos ou perdidos e outros nem seriam conhecidos”, argumenta ele.

mais comuns, está a prática de produzir remédios caseiros e chás, a polenta, que hoje é símbolo da cultura alemã, e um dos mais tradicionais costumes da região, o chimarrão. Conforme a responsável pelo Setor Educativo e Museológico do Ceom/Unochapecó, Denise Argenta, essa “apropriação” dos costumes ocorre devido ao contato entre as culturas. “Não Culturas predominantes tem como separar uma cultura da outra. Atualmente muitos dos elementos O contato dos grupos, não apenas através que compõem a cultura cabocla fazem do casamento, mas também do próprio parte de outras culturas predominantes convívio entre os indivíduos faz com que da região Oeste Catarinense. Entre os as culturas se ‘misturem’”, aponta Denise. Djoni Moraes

Quando se fala em cultura cabocla, pouco se imagina como esta cultura está presente em nosso cotidiano. Através dos anos, com a chegada de outros povos, que vieram colonizar a região Oeste de Santa Catarina, muitos dos costumes típicos dos caboclos passaram a fazer parte dessas culturas. Em Chapecó um projeto desenvolvido pelo Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (Ceom), que é mantido através da Unochapecó, pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Ipham) e pelo Museu Histórico de Pinhalzinho busca identificar e preservar essa cultura na região Oeste. O projeto pretende, através do desenvolvimento de pesquisa, identificar e resgatar os elementos da cultura cabocla nos municípios de Chapecó, Pinhalzinho, Campo Erê, Saudades, Modelo e Saltinho. A partir do projeto iniciado em 2011, foi produzida uma cartilha chamada “Onde nasce a nossa identidade”, juntamente com um documentário. Foram realizadas, também, oficinas educativas e uma exposição histórica itinerante que apresenta a prática e a vivência da cultura cabocla na região. Entre alguns dos elementos que caracterizam a cultura, estão os bailes e modas de viola, a casa de madeira e de chão batido, além das comidas típicas como a canjica e o pão de milho. Segundo o sociólogo e professor da Unochapecó Roberto Deitos, as instituições de ensino

Djoni Moraes

Notícia: Djoni Moraes

Iniciativa do Centro de Memória do Oeste de Santa Catarina (Ceom), Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Ipham) e Museu Histórico de Pinhalzinho pretende identificar e preservar cultura cabocla

Peças mostram práticas da cultura cabocla página 22

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CULTURA

Quando o corpo canta Um coral, que se apresenta sem vozes Reportagem: Mayara Melegari e Jessamine Pereira

Quando você pensa em um coral, o que imagina? São várias vozes, sons e timbres diferentes cantando uma só música em total sintonia. Esse é um coral que você costuma ver e ouvir. Agora, imagine um coral que não precisa emitir uma nota sequer para tocar a sensibilidade do público, cuja mensagem não é transmitida pelo som e, sim, pelo silêncio. Um coral que “canta” com as mãos e com a “voz do coração”.

Eles não ouvem e não falam, mas integram um coro juvenil. Com o corpo, sentem e expressam o ritmo da música

O próximo passo é montar a coreografia. Todos os integrantes têm em comum a paixão pela dança, mas nenhum possui formação profissional na área. As danças partem do próprio emocional, e como os dançarinos dizem, “as coreografias saem da alma para os palcos”. A coordenadora acrescenta: “Por isso acredito que se torna tão prazeroso de assistir, mesmo que ali você não veja a técnica, que é própria dos profissionais de dança”.

Mayara Melegari

Sensibilização e emoção

Mayara Melegari

É assim que o Coral Cênico de Mãos Angels faz suas apresentações na região Oeste e em todo o Estado. Eles não ouvem e não falam, mas isso não os impede de integrar um coro juvenil. É com o corpo que sentem o ritmo da música. Implantado em Xanxerê, o coral que “canta com as mãos” foi criado pela figurinista, coreógrafa e coordenadora Sônia Adriana de Oliveira, há seis anos. Por mais complexa que possa parecer a ligação entre a pessoa surda e a música, acoordenadora conta que para unir essas duas realidades, primeiro elas trabalham a compreensão da letra a ser interpretada, tendo em vista que se tratam de línguas diferentes, já que a musica é feita em Português, necessitando assim de adaptação para o mundo de Libras, a Língua Brasileira de Sinais. “Visto que a cabeça de nossas crianças está poluída o suficiente com as músicas que a mídia faz questão de propagar, procuramos pontuar o bom gosto musical, entendendo que nosso trabalho é para todas as idades e é apresentado principalmente em escolas”, conta Sônia.

Mãos que cantam, sem a voz Sônia conta que a ideia de criar o grupo surgiu após conhecer uma garota surda quando cursava Artes Visuais. A dificuldade de se comunicar com a colega fez com que ela criasse algo que despertasse a atenção das pessoas para a linguagem Libras, então decidiu juntar a arte da dança e do movimento cênico à língua. Desde então faz com que os mais diversos públicos sintam-se sensibilizados e emocionados com o Coral Angels. “Um projeto que fugisse da mesmice que há entre os corais com apenas roupas pretas e luvas brancas”, explica a criadora. Entre os 40 jovens, com idade entre 12 e 18 anos, que fazem parte do Coral Cênico, há apenas um aluno surdo. É a inclusão às avessas, como é definida pela coordenadora. Para ela, eles transportam “para o mundo daqueles que não ouvem ou possuem deficiência auditiva a nossa relação com os surdos atualmente, de eternos aprendizes. Cada vez mais os grupos de surdos apoiam a causa e nos ensinam a cada dia para que consigamos melhorar nossas expressões dentro da Libras. Todas as críticas, positivas ou negativas, vindo deles, são sempre bem vindas”, comenta. Atualmente o grupo se mantém através de um patrocínio da Federação Nacional das AABB’S (Fenabb), que custeia o transporte, e da Associação Atlética do Banco do Brasil de Xanxerê (AABB), que cede o local para os ensaios. Figurinos e cenários são conseguidos com a ajuda de terceiros e o trabalho dos professores e maquiadores é voluntários.

Expressividade, sem o som

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CULTURA

O banco da praça da cidade mais bonita Paisagens de Chapecó têm beleza paradisíaca aos olhos e lentes de Anílde

Reportagem: Kélliana Braghini representam as façanhas do pôr do sol chapecoense, pelo qual sente profunda admiração. Para ela, a vida não fora sempre doce. Quando criança precisou trabalhar desde cedo. Com apenas 16 anos e pouco estudo, já havia se tornado professora em Quilombo, cidade na qual sua família foi uma das pioneiras. Exerceu essa função com amor e dedicação, por nove anos. Porém, o casamento mal sucedido lhe obrigou a largar a profissão. O marido era alcoólatra e violento. Além de maltratá-la e aos filhos, física e verbalmente, os colocava para trabalhar de sol a sol na lavoura, sem descanso, para ter comida na mesa e ainda sustentar seu vício. Quando bebia, em seus acessos de raiva, ateava fogo nos cadernos de alunos, que a mulher levava para casa com a intenção de revisar as lições. A situação fez com que Anílde largasse a escola, mas ela não deixou de alfabetizar os cinco filhos, um a um.

onde ir, após 13 anos de casada, fugiu de casa com os filhos. Voltou para sua cidade natal, e lá passou a trabalhar com a venda de enxovais, além de costurar para fora no tempo que lhe restava. Andava, todos os dias, cerca de 15 quilômetros batendo de porta em porta, para oferecer seus produtos. Trabalhava até o anoitecer e chegou a passar noites ao relento, abrigandose em cemitérios, para poder continuar sua luta logo que nascesse o sol. Assim, mal via seus pequenos, que precisaram, como a mãe, aprender a se virar sozinhos. Contava, no caminho, com a ajuda de pessoas bondosas, que mesmo sem conhecê-la lhe ofereciam de comer e beber. Em meados de 1982 a trabalhadora viu em Chapecó uma oportunidade de mudança. Viajou até a cidade de ônibus, com a família, e ao chegar no município, com a ajuda de uma sobrinha, como sempre foi habilidosa com as mãos, Anílde conseguiu um bom trabalho Mudança necessária como costureira. O namorado Com o tempo, as agressões da sobrinha era professor de foram se tornando cada vez uma escola de samba e lhe piores, e mesmo sem ter para ofereceu a oportunidade de Kélliana Braghini

Uma câmera na mão, daquelas amadoras mesmo, e no peito a vontade de registrar as belezas do lugar que escolheu para viver. A tristeza e a saudade dos dois filhos, que perdeu inesperadamente em menos de um ano, ambos em acidentes de trânsito, levaram Anílde a vasculhar por lembranças pelos armários e gavetas. Buscava fotografias, traços e sorrisos eternizados, capazes de mostrar que os meninos, mesmo partindo tão cedo, foram felizes e aproveitaram ao máximo o tempo em que estiveram neste plano. Todos os móveis com as portas escancaradas, papéis espalhados pela casa, e nada, nenhum vestígio. A imagem de seus anjos ficara guardada apenas na memória. Embora desapontada, não se lamentou. Decidiu que isso não lhe aconteceria novamente e assim passou a fotografar tudo aquilo que lhe agradava os olhos e à alma. Hoje aos 68 anos, Anílde Tereza Wobetto possui estabilidade financeira e um acervo de mais de 20 mil fotos. Dessas, cerca de 3 mil

Uma das imagens do pôr do sol chapecoense, aos olhos de Anílde página 24

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confeccionar as fantasias para o carnaval chapecoense. Com uma máquina de costura emprestada, desenvolveu 130 peças em 18 dias. Porém, no auge de seus 30 e poucos anos, não ficou apenas nos bastidores do espetáculo. Foi também para a pista e desfilou com uma das fantasias de luxo costuradas com muita dedicação por suas próprias mãos. Das três escolas de samba existentes na época, a sua foi a grande vencedora e Anílde se orgulha de ter “seu dedo” nessa vitória. Assim, entre vendas e costuras, ela se manteve por um bom tempo vivendo em um porão e dormindo sobre espumas como colchão. Sempre contou com a ajuda dos filhos nas atividades que lhes rendiam o sustento, que permearam entre vendas, costura, agricultura, artesanato e docência. Eles sempre foram muito cobrados nas tarefas domésticas. A mãe não dava trégua, queria disciplina e dedicação, tanto nos estudos quanto nas obrigações que lhes depositava. Afinal, cada um ganhava comissão pelo trabalho realizado. Os meninos usavam esse dinheiro para comprar o que lhes faltava, aprendendo desde criança a administrar suas finanças. Educada religiosamente e com instinto natural para liderar, Anílde foi catequista nos locais por onde passou, mas em Chapecó foi diferente. Se deparou com uma realidade conservadora e preconceituosa de parte da igreja. O padre não lhe aceitou para catequizar as crianças e tão pouco permitiu a entrada de seus filhos, por ser uma mulher divorciada. No entanto, não se deu por vencida. Reuniu um grupo de aproximadamente 15 mães do bairro onde residia para trazer seus filhos e catequizá-los em casa mesmo.


Kélliana Braghini

CULTURA

Retorno merecido Com o tempo, muito suor e esforço, dona Anílde foi construindo um patrimônio. Conseguiu comprar um carro a prazo, o que ajudaria no seu trabalho. Sofreu para aprender as manhas da direção, mas quando conseguiu não perdeu tempo. Levou um dos filhos, a sobrinha e a mercadoria para a primeira viagem fora da cidade. Se aproximava do Natal e a mãe estava confiante que nesse ano, pela primeira vez, conseguiria presentear seus filhos com o resultado das vendas, mas um infeliz contratempo atrapalhou suas expectativas. Antes mesmo de sair de Chapecó, o pneu do carro furou. Um homem bem encorpado estacionou ao lado e se aproximou. Um suspiro de esperança surgiu em Anílde, crente de que o rapaz lhe ajudaria a consertar o estrago. As primeiras palavras do rapaz, ao chegar mais perto foram: “Eu sou fiscal. A senhora tem nota desta mercadoria?”, questionou. Não havia nota e mais um Natal passou sem presentes. Lhe restou apenas uma multa que levou mais de um ano para pagar. Nesse mesmo período outro fato marcou a memória e o coração de Anílde. O filho mais novo, a quem chamava carinhosamente de Kiko, sem saber o que era ganhar um presente de Natal, não conseguiu escrever a redação exigida na escola. A professora,

Anílde Wobetto mostra sua predileção por fotografar a cidade sensibilizada com a situação do garoto, comprou um carrinho e entregou para que Anílde o presenteasse. Depois de anos lutando, dia após dia, pelo sustento da família, Anílde, já estabilizada e com casa própria, abriu uma empresa de bancos para locais públicos, com a ajuda dos filhos. Nesse período passou desenvolver um trabalho com objetivo de deixar as ruas de Chapecó mais bonitas. Atividade que lhe levou a vencer o prêmio Talentos Empreendedores na época. Fazia canteiros, jardins, em forma de pracinha com os bancos fabricados na sua empresa. Perguntava aos moradores e empresários se eles gostariam de adotar o canteiro localizado em frente aos edifícios, assim cada banco ganhava o nome do “padrinho”. Toda a decoração era feita gratuitamente e Anílde lucrava apenas com a venda dos bancos. Casais, famílias e grupos de amigos se reuniam naqueles locais nos finais de tarde para “jogar conversa fora”. “Sempre busquei mostrar que a cidade é bonita, mas acho que todo mundo pode contribuir para que fique ainda mais”, diz. Conforme ela, a ideia era

fazer locais para que as pessoas pudessem se encontrar, para tomar chimarrão e bater papo. Porém, o trabalho, não agradou a todos e gerou polêmica. Os arquitetos começaram a protestar contra as praças de encontro, alegando serem mal projetadas. “Eu concordo com eles que não estava fazendo algo perfeito e maravilhoso, mas peguei o que eu tinha em mãos no momento e tentei jogar uma semente para melhorar o ambiente”, explica ela.

Artesanato, fotografias e paisagismo Atualmente Anílde, cujos filhos já estão formados e com família constituída, permanece mostrando as suas habilidades através do artesanato, das fotografias e do paisagismo. “A nossa cidade é bonita e maravilhosa, é isso que procuro mostrar para as pessoas através das minhas fotografias. Elas não precisam necessariamente viajar a procura de belas paisagens, já moramos em um paraíso”, exclama. Anílde é associada da Casa do Artesão, onde são expostos alguns de seus trabalhos. São miniaturas de fontes e

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grutas, nas quais usa como estrutura materiais recicláveis, e que são revestidas por pedras brilhantes. Ela contabiliza que deve ter desenvolvido, até hoje, aproximadamente 450 obras desse gênero. Dentre seus projetos futuros, pretende lançar uma biografia, contando sua história de vida com o objetivo de inspirar as pessoas. Mudou-se há pouco tempo para um novo apartamento, construído com o dinheiro da família, onde pretende reservar um espaço para o seu trabalho. O ateliê vai abrigar suas fotografias, além de ser um local para se concentrar em seus projetos e obras de paisagismo que tem para finalizar. Porém, um de seus maiores sonhos é repassar o conhecimento que adquiriu com a vida a outras pessoas. Quer tornar sua história e sabedoria conhecidas, não somente com o livro, mas também através de palestras em escolas e locais públicos por todo o país. “Gosto de mostrar as coisas boas da vida, quero que as pessoas saibam que nem a maior dificuldade é motivo suficiente para desistir, sempre há uma chance de melhoria quando se tem vontade e determinação.” página 25


ESPORTE

Rugby: além do que os olhos veem “Não importa o quão estreito seja o portão e quão repleta de castigos seja a sentença. Eu sou o senhor de meu destino. Eu sou o capitão de minha alma.” Invictus, William Ernest Henley

Paloma Rodrigues

As travas cortavam a grama frágil, que por conta do calor não tinha a mesma cor viva de antes. O suor escorria pela face cansada e a respiração ofegante desejava água. O esforço ultrapassava os limites do corpo já dolorido. Com união, a bola passava de mão em mão deslizando pelos dedos até chegar ao objetivo, marcar pontos e conquistar a vitória. Assim o treino de rugby se caracterizava. Contato, esforço, persistência, união, coletivo, pensamento rápido, um esporte pouco conhecido no Brasil, mas que pode ser definido nessas palavras. O rugby, ou chamado anteriormente de “futebol-rugby”, surgiu, segundo uma historia bem divulgada, de uma jogada irregular do futebol, e no Brasil a maioria a conhece: um jogador do colégio de Rugby (situado na cidade inglesa do mesmo nome, em Warwickshire, Reino Unido), teria pegado a bola do jogo com as mãos e seguido com ela até a linha de fundo adversária, no ano de 1823. Com o passar do tempo surgiram diferentes formas para a prática do esporte. Existe o rugby de quinze (em inglês: rugby union), o rugby league (com 13 atletas) e o rugby sete (com sete jogadores em cada time e dois tempos de sete minutos cada). Além dessas variações, ainda há o rugby de praia e o subaquático. O esporte vem ganhado adeptos no Brasil, onde várias

Paloma Rodrigues

Reportagem: Paloma Rodrigues

União nos treinos é prática essencial para uma boa equipe atuar Muitas pessoas confundem esse esporte de contato com algo violento, tirando conclusões apenas com o olhar. É isso que o professor de Educação Física e técnico do time de rugby de Chapecó quer desmistificar. André Tessaro diz que o contato não tem nenhuma relação com um esporte violento. No rugby, o contato é previsível, pois toda a ação de jogo é prevista, todos os formatos de defesa e ataque preveem uma técnica. O rugby, para ele, é uma atividade bem disciplinadora e sempre deve haver o respeito. “A gente não tolera nenhum tipo de desordem; se um jovem vem até aqui para praticar o esporte e está com problemas na escola, ele terá que mudar lá para depois poder jogar.”

Desde 1997 André conta que nos anos de 1997, 1998 e 1999 Chapecó já contava com times dessa modalidade, mas que por alguns motivos Jogadas são treinadas para obter tiveram que encerrar as atividades. Somente melhor execução em campeonatos no ano de 2009, com uma nova diretoria e novos membros, eles trouxeram o rugby de cidades, como Chapecó, estão montando volta para a cidade. Além do time masculino, seus times para competir em nível nacional Chapecó conta hoje com um time juvenil e e buscar reconhecimento. A exemplo disso, outro feminino. A estudante de Educação Física Adriana o time da cidade de Chapecó já participou de Cheski, de 20 anos, diz que conheceu o campeonatos estaduais e neste ano busca a rugby através de uma aula na faculdade. “Me classificação para o campeonato nacional. página 26

encantei por esse esporte, porque ele exige trabalho em equipe, onde todos defendem e todos atacam; é um esporte que traz muitos benefícios, pretendo seguir no rugby e falo com todo orgulhou quando pessoas me perguntam que esporte eu pratico. Eu pratico rugby!.” Adriana ainda indica um filme a respeito do esporte: “Invictus”, do diretor Clint Eastwood, lançado no ano de 2009. Outra atleta que adora o que faz é Yara Pires Dias, 25 anos. Ela conta que conheceu o esporte através de alguns amigos que jogavam no Rio Grande do Sul, mostraram do que se tratava, e como diz Yara, “mataram o mito de se tratar de uma completa selvageria, como ainda pensam alguns”. Para ela, a sensação de não aguentar mais e mesmo assim seguir correndo traz satisfação e realização. “Pretendo jogar até o corpo aguentar. Encontrei boas amizades e o rugby é um jogo muito mais de técnica e pensamento rápido, de coordenação motora, do que de trogloditagem, e claro, é preciso ter um bom fôlego”, explica ela. O técnico André diz que quem deseja participar deve assistir a um treino: “Tem lugar pra todo mundo, crianças, adolescentes, mulheres, mas é preciso saber que você terá que cumprir algumas ordens e sempre terá que haver respeito um com o outro”. Os treinos acontecem nos sábados e domingos à tarde no Complexo Esportivo Verdão.

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ESPORTE

O clube da concentração e da paciência Equipe de xadrez de Chapecó reúne adeptos da modalidade desde 1984 Notícia: Gilberto Pace Thomaz Normalmente quando se fala em xadrez, logo nos remetemos a uma modalidade de esporte que exige tempo e inteligência. Rei, dama, bispos, cavalos, torres e peões, são as peças que englobam o místico esporte no qual uma partida pode durar 10 segundos ou, muitas vezes, horas. Em Chapecó, mas precisamente no ano de 1984, foi fundado o clube de xadrez da cidade. Empresários da região, na época se juntaram para jogar xadrez. Elias Baldissera, Lédio Andrade, Roque Silvestrin e Roque Sander, entre outros, ajudaram e deram o pontapé inicial para a formação do Clube de Xadrez de Chapecó. O xadrez em Chapecó sofre com a concorrência, nas competições por equipes, com cidades do litoral, que possuem poder maior de investimento. Nas competições pela modalidade individual, a rivalidade de Chapecó é com as cidades de Concórdia e de Fraiburgo. Segundo o professor Marco Barbosa, um dos coordenadores

incorporado à equipe, já começa a viajar, e tudo ainda continua informal neste aspecto”, afirma Barbosa.

(Jesc). Segundo o jogador, que participou de diversas competições em níveis local, regional, estadual, nacional e internacional, o xadrez auxilia em alguns aspectos em termos de preparo individual. “O xadrez auxilia muito na parte de concentração, na parte de estudo e também na parte logística”, afirma Dalvan. Auxílio no estudo Para os interessados em Um dos frequentadores do conhecer um pouco mais da clube de xadrez chapecoense é modalidade, o Clube de Xadrez Dalvan José Francisquini, de 27 de Chapecó se reúne toda anos. O enxadrista participa de terça-feira, das 20h às 23h, na Anualmente, o clube de competições desde os 14 anos, lanchonete Baita Cão, no centro xadrez envolve, em competições, quando foi campeão dos Jogos da cidade, para jogar e congregar cerca de 110 participantes. Os Estudantis de Santa Catarina os adeptos do esporte.

Equipes participam de torneios e dos Jogos Abertos de Santa Catarina

enxadristas são divididos nas competições por faixa etária e sexo. Participam de torneio oficial que classifica para etapas de competições nacionais e até para a principal competição catarinense do esporte amador, que são os Jogos Abertos de Santa Catarina.

Clube de xadrez envolve 110 competidores, divididos por faixa etária e sexo do xadrez em Chapecó, quem se interessa e quer frequentar o clube acaba sendo incorporado à equipe. “O pessoal que frequenta o clube, os treinos, fica

Clube de Xadrez de Chapecó incentiva participação em torneios oficiais JORNAL LABORATÓRIO DO CURSO DE JORNALISMO DA UNOCHAPECÓ

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CULTURA

Desenganos da geração MP3 Crônica: Everson Chagas Bianchesi

trabalhos, estimulando a formação de bandas, duplas ou solos instantâneos, mas da mesma forma que aparecem na mídia, também somem, pra ficar eternamente na geladeira. O freezer vai ficando lotado de novos cantores, medíocres e limitados.

Não adianta ficar a esperar a invenção da máquina do tempo, para retornar a era de ouro da música. O jeito é se adaptar a qualidade inferior das canções ou se deleitar em antiguidades, mesmo que os velhos discos estejam cheirando a pó, que o tempo jamais vai apagar da nossa memória. Everson Chagas Bianchesi

“Triiiiiiim.” O som intermitente do telefone acusa: tem alguém do outro lado esperando. A sala é apertada e quente, cercada por décadas de clássicos dispostos em dispositivos quase arcaicos, para os atuais padrões, conhecidos como discos de vinil, fitas cassetes e CDs. É imprescindível que pare o barulho infernal que permeia os estúdios para que o trabalho siga normalmente. Embalado pelo marasmo da profissão, o famigerado comunicador atende, já ciente de que é um pedido musical, mas sua expressão logo se abre com um sorriso amarelo. Não era um pedido musical, era outra coisa, era mais surpreendente: “Alô, é da pizzaria?”. É o “baque” que faltava para o inevitável. Estamos em novos tempos.

Apesar da diferença gritante dos tempos, a música não perdeu o seu valor, de ser atemporal, universal, inesquecível, memorável

O episódio, que parece esquete de humor, não está longe da realidade. O produto música já não é encarado da mesma forma que já foi um dia. O tradicional ritual de pedir música no rádio mudou para cliques do mouse e playlists, as famosas seleções musicais. As canções de hoje não se conquistam mais, nem se compram, seguram, presenteiam. Música transformou-se em arquivos, apenas, dispostos em discos rígidos e pastas num computador. Apesar da diferença gritante dos tempos, a música não perdeu o seu valor, de ser atemporal, universal, inesquecível, memorável. Quem nunca se lembrou de alguém, ou alguma situação, ao ouvir uma canção? Difícil dizer não. Música é a imperfeição, a destruição do marasmo cotidiano que nos envolve, além de instrumento de desabafo. O que no passado foi considerado a geração MPB, hoje a letra “B”, de “brasileira”, é substituída, sem acanhamento, pelo número “3”. Sim, estamos em tempos de MP3, não há como fugir. Assim como o produto, quem desenvolve já não tem o mesmo talento e criatividade. O mercado oferece a facilidade de distribuição e gravação de

Sucesso e talento parecem não combinar na geração MP3

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