Passe a Folha - Edição 55 - 12 de novembro de 2019

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Jornal Laboratório do Curso de Jornalismo da Unochapecó . Terça-feira, 12 de novembro de 2019 . ANO 18 . N. 55

Foto: Divulgação

O FRUTO MADURO DA EVOLUÇÃO. Pág. 2 Foto: Divulgação

RELAÇÃO ENTRE SAÚDE MENTAL E O AMBIENTE UNIVERSITÁRIO. Pág. 5

Foto: Gabriela Busatta

Foto: Divulgação

BRASIL POSSUI GRANDE NÍVEL DE OBESIDADE INFANTIL. Pág. 7

PERIODICIDADE DOS JORNAIS IMPRESSOS CATARINENSES POSSUI ALTERAÇÃO Pág. 6

Foto: Rangel Agnolin

EQUIPE FORMADA POR HAITIANOS CONQUISTA TÍTULO MUNICIPAL. Pág 8


CULTURA

O FRUTO MADURO DA EVOLUÇÃO Tayvon Bet

As cores cinzentas das cidades podem dar espaço para vibrantes tonalidades do artistas e seus grafites. Créditos: Tayvon Bet

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ultura é tudo aquilo que dá identidade a um povo e que media nossas relações, é tudo aquilo que constrói nossos ensinamentos, costumes, tradições, formas de falar, cozinhar, musicar, dançar, até nossa fé resulta de uma construção cultural. Essas mediações vão constituindo nossas relações sociais, desde o modo de conversar com nossos familiares e amigos, até o assunto em pauta no momento dessas conversas. Chapecó completou 102 anos de existência em 2019, nesse longos anos fomos mesclando tradições, criando as nossas próprias e conhecendo a de outros tantos que por essas terras migraram. Transformou-se à arquitetura, à política, à saúde e à educação, quando tocamos nessas transformações sociais é necessário lembrar do desenvolvimento dos espaços artísticos também, que foram e são parte fundamental na construção de nossas identidades culturais. Quando pensamos em arte, lembramos dos grandes teatros, espetáculos de dança, quadros expostos, pintores famosos e bandas aclamadas. Nossos primeiros pensamentos sobre o espaço da arte fogem da nossa cidade e muitas vezes, até mesmo, do nosso país. Por que? Pois por muito tempo a arte era exclusividade dentro dos já citados teatros, galerias e museus. Hoje, ela corre livre pelas ruas de diferentes cidades, por palcos giratórios, pela boca de poetas nômades e em tantos outros lugares. Chapecó possui cerca de 220.367 habitantes, uma cidade relativamente pequena comparada a grandes capitais, ou uma cidade relativamente grande, se comparada às outras da região. Além dos moradores fixos da cidade, Chapecó recebe outros tantos que estão de passagem, como os artistas de rua. Esses são caracterizados por ocupar espaços públicos ao ar livre, praticando contorcionismos, acrobacias, truque com animais e cartas, ventriloquismo, danças, recitais de poesias apresentações de música, estátuas vivas, palhaços entre outra coisas. É comum se deparar com alguns destes artistas trabalhando nas sinaleiras, fazendo suas apresentações e pedindo uma contribuição pelo serviço de entretenimento prestado. Isso acabou por gerar

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um certo incômodo ao vereador Valmor Scolari (PSD), que publicou no dia 27 de agosto um vídeo em suas redes sociais onde questiona a identidade destes artistas. Na publicação Valmor ainda pontua “vocês já devem ter passado pelo incômodo de serem abordados em sinaleiras de nosso município, por pessoas pedindo dinheiro ou até mesmo por artistas de rua!” , em seguida, o vereador diz que vai pedir informações a Secretária de Assistência Social para saber “quem são essas pessoas, o que estão fazendo e por quanto tempo ficarão em nossa cidade”. O político termina sua declaração com: “vou exigir do poder público uma explicação, para acabar com esse inconveniente que nos assombra todos os dias”. Esse caso, gera uma nova pergunta. Por que a arte só é valorizada quando firmada dentro de um espaço formal? Kairo Moraes, Artista Drag de Chapecó responde essa pergunta. “A arte de rua nem sempre é reconhecida como arte, justamente porque ela não está dentro do “cult”, que seriam as galerias e casas de shows por exemplo. Por fugir disso, a arte de rua não invoca o “status de arte refinada”, o que gera uma grande desvalorização.” .” Kairo ainda diz que percebe que muitas pessoas não frequentam museus e galerias, por não sentirem-se pertencentes dos espaços, fruto da elitização da arte. A arte de rua muitas vezes é o único meio de consumo cultural de parte da população da cidade, que não frequentam outros espaços além de meio onlines. Os artistas que trabalham na rua são fomentadores culturais, que utilizando da ocupação de espaços públicos para democratizar o consumo artístico cultural.

dida, após a publicação de uma revista, que estampava na capa a atriz prestes a ser queimada como uma bruxa em uma fogueira de livros. O Ministro da Cidadania Ormas Terra, declarou que o cinema de arte brasileiro “não lotam as salas de cinema” e que por isso não mereceriam investimento. Produções com temática LGBTQIA+ estão sendo censuradas, como filmes, livros e peças de teatro. Outro exemplo, é o filme “Marichella”, dirigido por Wagner Moura, que teve seu lançamento adiado indefinidamente no Brasil. Em nota a produtora 02 filmes informou que o cancelamento ocorreu porque os realizadores não conseguiram cumprir os trâmites exigidos pela ancine. A lei rouanet que visa incentivar à cultura com projetos culturais em todo o Brasil, como exposições, shows, espetáculos, livros, museus, galerias e várias outras expressões artísticas, agora se chama “Lei federal de incentivo à cultura” em comunicados oficiais do governo. Além disso houve redução no valor máximo por projeto, de 60 milhões para 1 milhão. Por mais que a Secretária de Cultura de Chapecó e os artistas da cidade estejam contribuindo com a fomentação artística cultural, ainda sofremos os reflexos da desvalorização nacional. Viver de arte ainda é um “perrengue”, desconstruir os estereótipos e preconceitos com a classe artística é indispensável. A cultura é o fruto maduro para a evolução social de uma população ou nação, desvalorizar nossa própria plantação é atrasar o progresso, cultura enche a cabeça, e uma cabeça cheia de cultura pode mudar o mundo.

Expediente Jornal Laboratório do curso de Jornalismo da Unochapecó Elaborado no componente curricular de Planejamento Gráfico em Jornalismo Professor responsável: Alexsandro Stumpf Editor: Angélica Lüersen A desvalorização das linguagens artísti- Redação: Cristian Alflen, Eduarda cas é algo corriqueiro no país todo. Só neste Boettcher, Gabriela Busatta e Tayvon Bet. ano o diretor do Centro de Artes Cênicas Diagramação: Cristian Alflen, Eduarda da Funarte, Roberto Alvim, atacou a atriz Boettcher, Gabriela Busatta e Tayvon Bet. Fernanda Montenegro chamando-a de sór-

Em nível nacional

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COLUNA RUMO AO CRESCIMENTO Abrir o próprio negócio e/ou empresa pode ser a meta de muitos cidadãos que almejam ter e oferecer para a sua família uma vida melhor. Porém, acaba não sendo cumprida, e muitas vezes, a culpa é da burocracia que existe ao abrir uma empresa. Pensando nisso, no início deste mês (08/10), a prefeitura municipal de Chapecó apresentou à Câmara Municipal de Vereadores um projeto chamado de Lei da Liberdade Econômica que, em suma, traz como objetivo a desburocratização e aceleração do processo legal dos documentos à entrada de novas empresas no município. O empreendedor terá até 180 dias para apresentar todos os documentos e fazer as adequações exigidas legalmente. Com certeza, é uma iniciativa que deposita confiança aos cidadãos. O que se espera, no mínimo, é visualizar resultados positivos, como uma nova fase de crescimento profissional e aumento na renda de muitos chapecoenses, visto que, dentre os benefícios do projeto está a geração de empregos.

EDUCAÇÃO SEM DISCUSSÃO

DIA DA SAÚDE MENTAL

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2019 não trará questões ideológicas, segundo o ministro da Educação Abraham Weintraub. Essa decisão partiu de uma indagação realizada pelo atual presidente Jair Messias Bolsonaro em relação a uma questão da última prova do Enem. Para o ministro Weintraub, a intenção dessa prova não é gerar polêmica, mas ensinar os estudantes e avançar na educação. Além disso, o ministro aproveitou para dizer que essa edição “marca o fim de uma grande era”, pois a partir de 2020, as provas serão no formato digital para os alunos realizar.

Acabamos de sair do mês que teve a campanha contra o suicídio e prevenção de doenças psicológicas, e o que vemos ainda é um cenário drástico sobre a saúde mental no Brasil. Neste dia 10, dia da Saúde Mental, o site Notícias R7 publicou uma matéria onde aborda que o nosso país é o que possui a maior taxa de pessoas depressivas da América Latina e a segunda maior das Américas, segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS). Além de, ser um dos países mais ansiosos do mundo e com a terceira maior causa de mortes, o suicídio. O alerta maior que fica é que a prevenção não deve ser limitada, mas planejada e executada ao longo do ano.

QUEIMADAS NA AMAZÔNIA

E-COMMERCE NO BRASIL

Para muitos, 2019 é o ínicio de uma nova era na política presidencial. Para outros, é o ínicio da destruição. Mas a verdade é que 2019 ficou marcado pelas incontroláveis queimadas na Amazônia. Recentemente, o Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia (Ipam) divulgou uma análise que mostra que 33% das queimadas na Amazônia foram localizadas em propriedades privadas. No Brasil, pode haver o desmatamento e queimadas em propriedades privadas, desde que seja autorizado legalmente pelos órgãos competentes do governo.

O e-commerce ainda é um tema pouco abordado pelas empresas físicas do Brasil, mas a novidade é que agora a tecnologia e as vendas podem andar juntas. O e-commerce surgiu com o objetivo de expandir as vendas dos empresários e empreendedores que possui apenas a loja física, mas querem ampliar as vendas através da loja online. O e-commerce chegou no Brasil em meados dos anos 2000 e no primeiro semestre de 2019 teve crescimento de 12%, segundo 40º Webshoppers. Para quem não quer ficar para trás, a tecnologia virou aliada.

O AMOR ESTÁ PRESO EM UMA CAMISA DE VÊNUS Tayvon Bet

- Você já namorou? - Eu não. Acho um título muito forte, você não acha? - Acho! Mas nunca sentiu vontade? - Já senti vontade de comer chocolate, mas nunca de namorar, não me parece uma vontade. - Então o que te parece? - Uma consequência. A consequência do amor é o firmamento de uma relação? Amar realmente é possuir com exclusividade? Só se pode amar um único? Tirando de vista e questão os que namoram pelo status ou carência, cada qual com suas necessidades, o namoro é algo muito debatido nas novas gerações, e há quem diga que esquecido também. Mas sempre de forma amorosa, ele volta à pauta. Nos últimos tempos repensamos muito sobre as formas de nos relacionarmos afetivamente, o poliamor e os trisais andam criando polêmica por aí, como o sexo fora do casamento um dia criou. Os que dizem que namorar a três é balela ou promiscuidade, tão pouco provaram da oportunidade que a relação disponibiliza, e olha que não estou me referindo aos aspectos mais prazerosos do envolvimento. Ou estou, me diga você. O fato é que hoje não se faz mais relacionamentos como antigamente, o que é algo bom, levando em conta as questões de desigualdade de gênero e a violência que “comiam soltas” por aí, e que até hoje ainda comem, infelizmente. Repensar nossa maneiras de amar e relacionar é de consequência um ato

político, desconstruir nossos velhos hábitos e repensar fora dos parâmetros instituídos socialmente é necessário. O amor pode ser prisão para quem não pensa, de forma como o amor de Deus pode aprisionar, o amor pelo seu companheiro (a) também pode. Quando se adentra nas complexas emoções, questionamentos e prazeres que uma relação pode causar, independente de ser com uma ou mais pessoas, é necessário sim, pensar bem. Mas não quero ser interpretado como “cabeça e não coração”, quando digo “pensar bem” é parar e reanalizar o que se entende como namoro, para não cair em uma cilada com papéis de gênero pré-definidos e pequenas e grandes opressões. É preciso deixar o amor correr solto, assim como é preciso deixar que seu companheiro corra solto também, nas paisagens alucinantes da paixão. Não romantizar ciúmes, ocultar ou menosprezar desejos, oprimir ideias, insistir para que o outro o acompanhe em eventos que não causam conforto, isso tudo pode ser repensado e discutido. Como dizem os jovens contemporâneos, “mil tretas tio” e como dizem os mais velhos “complexo”. Agora, mesmo não me sentindo no dever, quero responder minhas questões iniciais. A consequência do amor não é o namoro, é o pleno gozo da felicidade, dor e não solidão. Amar não é possuir com exclusividade, isso é capitalismo, amar é não temer a liberdade do outro e nem a própria. E não, não só se ama um único, se ama no mínimo dois, você mesmo e o outro. Como dizia Vinicius de Moraes, “Tende piedade senhor, da simples emoção do amor piedoso”.

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CAPA

GRUPO NSC ANUNCIA MUDANCAS NO JORNAL IMPRESSO Da Redação

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o último dia 16 de outubro os jornais catarinenses do grupo NSC “Diário Catarinense”, “A Notícia” e o “Jornal de Santa Catarina”, comunicaram algumas mudanças em suas editorias. Seguindo o caminho de outros impressos brasileiros como a “Gazeta de Alagoas” e “Jornal da Paraíba”, a circulação diária destes passam a ser semanal. Além disso o “Hora de Santa Catarina” deixará de circular permanentemente. Os jornais vão chegar aos sábados nas casa dos leitores, com formato de tablóide e papel especial. A meta agora é distribuir um conteúdo mais aprofundado e não apenas um resumão da semana. Os parques gráficos que antes eram usados diariamente foram desativados, e a impressão do material em ambos os jorais passa a ser terceirizada. Segundo Bruno Watte, diretor de Produto e Operações da NSC, o motivo da mudança vem como consequência dos novos hábitos dos leitores na hora de consumir informação. “O nosso leitor, que até pouco anos atrás estava acostumado a acordar, abrir a porta de casa e pegar o jornal, agora pega o celular na cabeceira da cama para se informar”, explicou Bruno. Nem um dos grupos informou ao certo o número de demissões dos jornais, apenas pontuaram que as redações não foram afetadas gravementes. Café Lindenber, diretor-geral da Rede Gazeta, diz que as mudanças já eram previstas para daqui dois ou três anos. Porém com a situação econômica do país, as adaptações foram antecipadas. O diretor contou também que a audiência digital do jornal já tinha se tornado maior que o impresso.

Impacto do fechamento de jornais impressos Por muitos anos os formados em Jornalismo se viam trabalhando na rádio, TV e também em jornais impressos. Esse era um ciclo normal, até que as inovações tecnológicas surgissem. Por isso hoje vivenciamos o fechamento e a migração de vários jornais impressos para o online com muita frequência nos últimos meses aqui no Brasil. Mas afinal, por que isso está acontecendo? Chegou o momento de analisarmos todos os pontos cabíveis e formar uma opinião perante os fatos. A evolução do século XXI trouxe inúmeros desafios digitais para as pessoas, inclusive para os jornalistas. Pois a rapidez e a praticidade da internet possibilita que as informações e notícias chegue até as pessoas com muito mais facilidade. Diante disso, se fez necessário novas adaptações para continuar “ativo” no mercado. A presidenta do Sindicato dos Jornalistas (Sindjor), Samira de Castro, disse que “as redações de impresso acabaram

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se tornando redações híbridas. Elas têm mudado para a produção de conteúdo informativo no meio digital”, explicou ao JornalismoNic. Ao mesmo tempo que isso traz benefícios, como a fácil veiculação dos textos, o uso das mídias como uma nova forma de relacionamento com o leitor e o custo-benefício da produção - já que não é usado em grande quantidade a tinta, papel e impressão -, por outro lado, apresenta novos desafios, como reduzir o número de funcionários, buscar o constante aperfeiçoamento na área digital e enfrentar a concorrência com os demais jornais onlines e as fake news. Tudo isso reflete em uma única frase: será que depois de tudo isso o jornal impresso vai continuar existindo? Essa dúvida paira por muitos âmbitos universitários e é a insegurança de profissionais amantes de jornais impressos.

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“As redações de impresso acabaram se tornando redações híbridas. Elas têm mudado para a produção de conteúdo informativo no meio digital.” Samira de Castro


SAÚDE

A RELAÇÃO ENTRE SAÚDE MENTAL E O AMBIENTE UNIVERSITÁRIO Gabriela Busatta

Um problema contemporâneo: universidades tornam-se ambiente propício para problemas psicológicos em estudantes. Foto: Gabriela Busatta

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ansiedade não pode ser evitada. Ela está inserida em vários momentos da nossa vida. Seja em uma entrevista de trabalho, no pedido de casamento, como também ao entrar em uma universidade. E não tem nada de errado nisso, pelo contrário, é normal que o ser humano passe por esse processo. Porém, quando nos referimos à ansiedade como um dos fatores da saúde mental no âmbito das universidades, a conversa é outra… A euforia de pensar em morar em outra cidade e finalmente começar o tão esperado ensino superior é a realidade vivenciada por inúmeros acadêmicos. E não foi diferente para a jovem Indiamara Paliano, de 20 anos, ao sair de um município extremamente pequeno para um cidade com mais de 200 mil habitantes e iniciar o curso em Engenharia Ambiental na Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS). Durante um ano, Indiamara cursou Engenharia Ambiental. Mas durante os semestres percebeu que não era um curso que sentia prazer em estudar. Logo, começou a optar por outras disciplinas. Atualmente, pediu transferência de curso e iniciou em Letras. Mas essa troca não foi o suficiente para impedir que sua saúde mental fosse afetada. Além da distância e saudade da família, Indiamara relatou que a carga horária do curso, a pressão por notas boas e um futuro qualificado, as dificuldades financeiras encontradas na moradia, alimentação e transporte, os comentários e olhares preconceituosos por ser de uma cultura indígena acarretam em um acúmulo psicológico que acaba, muitas vezes, atrapalhando a sua rotina, saúde e estudos. Mas isso está longe de ser uma realidade somente da jovem Indiamara. Diariamente, centenas de estudantes passam por entraves na vida acadêmica como esses. E em muitos casos, é dessa forma que começam

os problemas psicológicos na vida de um as provas. Muitas vezes isso é oriundo da dificuldade em administrar o tempo entre jovem dentro da universidade. a rotina de trabalho e academia, já que é a realidade de muitos, segundo a professora. Consequentemente, isso leva ao sentimento de angústia profunda por ter pouco tempo para realizar as atividades, concluiu Creici. Por isso, a professora recomenda que os Os autores Kenny e Holaham (2008) alunos comecem a cuidar mais de sua saúde defendem que a saúde de um acadêmico mental. Isso pode ser feito através da procura pode sim ser afetada devido os desafios da por ajuda profissional, já que existem adaptação e do controle de sentimentos especializações para atender e acompanhar negativos perante situações rotineiras que essa dificuldade, como a psicoterapia. esse período exige dentro da universidade. Conforme divulgação da Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS Brasil), “as condições de saúde mental são responsáveis Apesar de ser um tema pouco abordado por 16% da carga global de doenças e lesões em pessoas com idade entre 10 e 19 anos”. e cientificamente pouco estudado, falar Já segundo o Censo da Educação Superior sobre as dificuldades psicológicas dos do Inep, em 2017 haviam 4,2 milhões de jovens na vida acadêmica carrega uma jovens entre 18 e 24 anos na universidade, grande importância, já que se trata da totalizando 18% do total de jovens complexidade da saúde mental de um ser humano. brasileiros. Além de englobar vários fatores e Isto é, muito jovens passam pela transição do ensino médio para o superior e sinais que variam conforme a patologia se confrontam diante de uma realidade que que cada um apresentar, a professora e segundo os dados podem “desequilibrar” a psicóloga Creci explicou que é necessário o acompanhamento profissional da área para sua saúde mental. A professora de Psicologia e mestre em obter-se um tratamento específico e haver Psicologia Organizacional e do Trabalho da uma reversão no quadro. Hoje, várias universidades apresentam Unoesc Chapecó, Creici Lamonato, explicou que quando o jovem adquire problemas um núcleo de atendimento psicológico ao psicológicos dentro da universidade deve- estudante, como é caso do NAPI (Núcleo se levar em conta vários fatores, como: de Apoio Psicopedagógico Institucional) vida familiar, a rotina do trabalho, vida da Unochapecó, que é um espaço de amorosa, etc. Ou seja, existe um conjunto acolhimento para promover ações de de comportamentos e fatores que podem intervenção psicológica no contexto estar associados com a acentuação de um universitário. A professora Creici aconselha que problema psicológico durante o período da quando um familiar ou professor perceber graduação, mestrado ou doutorado. Além disso, Creici explicou que o acadêmico está passando por que entre os sinais que os acadêmicos distúrbios psicológicos encaminhe-o para apresentam em sala de aula está a ansiedade, os centros de acolhimento ou então para principalmente no final de semestre, que um profissional do mercado, visto que, é quando tende a aumentar o volume de existe sim a possibilidade de obter ajuda trabalhos para entregar e/ou apresentar e profissional e mudar o quadro instável.

Como explicar esse cenário?

Como contribuir para amenizar o problema?

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SAÚDE VOCÊ ESTÁ PREPARADO? DEPRESSÃO O “MAL DO SÉCULO”

BRASIL É UM DOS 10 PAÍSES COM MAIOR ÍNDICE DE OBESIDADE INFANTIL Gabriela Busatta

U Os sinais da depressão na vida de alguém não são explicítos, mas podem sim ser identificados. Foto: Eduarda Boettcher Eduarda Boettcher

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ma alimentação correta desde a infância é a melhor escolha para ter uma vida saudável ao longo dos anos. A nutricionista funcional, Camila Laranja, da clínica Camila Laranja de São Paulo, explicou que é de suma importância que os pais atentem-se para o que consomem e ao que permitem os filhos comer. Pois essa é a fase que vai, muita das vezes, definir a saúde ou possíveis doenças que o filho terá em sua vida adulta. Infelizmente, o cenário mundial de hoje mostra que pelo menos 41 milhões de crianças com menos de 5 anos estão acima do peso, conforme dados da Organização Mundial da Saúde. Vários fatores colaboram para esse malefício, como hábitos alimentares inadequados, falta de exercícios, genética, distúrbios psicológicos e várias outras coisas, segundo nutricionista Camila. Mas um fator atual e bem significativo para esse aumento é o conforto que a vida moderna oferece. Muitas crianças possuem livre acesso a videogames, televisão, celulares, tablets e, na maioria das vezes, consomem junto alimentos industrializados, principalmente aqueles de fácil acesso e preparo. Isto é, existe um conjunto de fatores que influenciam e contribuem para que crianças e adolescentes sejam propícios a ficarem acima do peso. Estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), mostram que 5% das crianças e 8% dos adolescentes brasileiros sofrem com a obesidade. Desses, 8 em cada 10 adolescentes continuam obesos na fase adulta. O Ministério da Saúde explica que as consequências desse descuido na fase da infância e adolescência pode acarretar em doenças graves no futuro, como: diabetes e hipertensão. Por isso, ressaltam que é importante as mães darem somente leite materno nos primeiros meses. Além disso, o ministro Luiz Henrique Mandetta, enfatiza que as políticas de estímulo ao hábito saudável devem estar aliadas com a alimentação e a atividade física. No II Encontro Regional sobre Ações de Prevenção da Obesidade Infantil no âmbito da Década de Ação das Nações Unidas para Nutrição, que deu início no dia 03 de junho de 2019, o tema em discussão foi sobre essa “epidemia” global. Durante o evento, foi apresentado que quatro países das Américas, incluindo o Brasil, estão entre os 10 maiores no ranking que retrata a obesidade no mundo. Portanto, à vista disso, é importante que as pessoas, principalmente os pais, conscientizem-se, pois essa é a base principal para contribuir que o cenário mude. Tenha mais atenção ao que o seu filho come, incentive e faça exercícios junto com ele. Pouco a pouco, o hábito se tornará melhor e você irá ajudá-lo a não ter problemas maiores na sua fase adulta.

número de pessoas que tiram sua própria vida infelizmente continua a crescer em todo o mundo. O suicídio já virou um problema mundial, onde todas as nações devem estar preparadas para lidar com esse impasse que cada vez mais vem atingindo pessoas, independente de idade, raça, gênero e até mesmo classe econômica. A depressão é uma doença psiquiátrica, que atinge diversas partes do corpo, não apenas o lado emocional, mas pode causar danos na saúde física de quem sofre com isso. Segundo o Ministério Mundial da Saúde, a depressão foi considerada o “mal do século”. Embora seja difícil de lidar com esse incômodo, existe tratamento sim, para evitar chegar no grau extremo, o suicídio. O Centro de Valorização da Vida, assim como diversos outros programas, faz um trabalho disponível 24 horas por dia. Com parceria do SUS, ele se torna gratuito, para que pessoas possam conversar com os atendentes e ter um suporte que muitas vezes não encontram em casa. Esse atendimento é feito pelo telefone, sob total sigilo. O número é 188, e também está disponível na versão online pelo link www.cvv.org.br. Segundo dados do Ministério da Saúde, a cada 40 segundos um suicídio é registrado no mundo. Enquanto você leu esse texto, alguém tirou a própria vida. Mesmo com todos os programas de apoio contra a depressão, o número de mortes causados pela doença continua a crescer. Essa doença não é uma novidade no mundo. Vem atingindo pessoas há muito tempo, mas desde início dos anos 2000, grandes famosos cometeram suicídio, esse assunto está sempre em pauta e a discussão sempre é muito presente. Mas será que isso é suficiente? Todos os debates e as mobilizações contra o suicídio? Até onde essas campanhas conseguem fazer a diferença na vida de quem lida com essa doença? Muitas vezes o problema não está apenas na pessoa que sofre com isso, mas no seu convívio, pois quem é depressivo não deixa de sorrir, não deixa de cantar, ou levar um vida “normal”. Porém existem sinais onde eles demonstram essas fraquezas, vai de que quem está próximo perceber que essa pessoa teve um comportamento estranho. Os programas contra o suicídio focam muito em pessoas depressivas, que tem dificuldade de lidar com a doença. Mas e as pessoas que passam o dia a dia ao lado de quem sofre com isso, existe algum treinamento que ensina a tomar as decisões corretas, para não deixar as pessoas ainda mais abaladas? Como você agiria se o seu colega de trabalho tivesse algum surto, você sabe lidar com essa situação? A nossa sociedade não está preparada para reagir em casos de emergências. Nem sempre vamos ter um psicólogo ao lado para orientar em casos de desespero. Precisamos aprender a ver o lado do outro e ser o mais empático o possível. Isso pode salvar a vida Segundo o Ministério da Saúde, este ano o cenário da obesidade de alguém. aumentou no mundo e no Brasil. Foto: divulgação.

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CULTURA

AGENDA CULTURAL 13 nov Aniversário do Museu de História e Arte de Chapecó. Local: Museu de História Arte de Chapecó - MHAC e Museu Antonio Selistre de Campos - MASC, as 08:30

15 nov Virada Cultural até sábado (16/11/2019). Local: Mercado Público de Chapecó, as 16:00

17 nov Mostra de processos cênicos dos alunos do Centro de Eventos do Programa Arte Cidadã. Local: Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, as 16:00.

18 nov Mostra de processos cênicos dos alunos do Centro de Eventos e do Ceu das Artes do Programa Arte Cid até quarta-feira (20/11/2019). Local: Centro de Artes e Esportes Unificados, as 19:30.

19 nov Aniversário da Biblioteca 79 anos da Biblioteca Pública. Local: Biblioteca Pública Municipal Neiva Maria Andreatta Costella, as 19:30.

21 nov Espetáculo de Ballet, Jazz e Contemporâneo até quarta-feira. Local: Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, as 20:00.

21 nov Clube dos Autores de Quinta. Local: Biblioteca Pública Municipal Neiva Maria Andreatta Costella, as 19:00.

21 nov Espetáculo de ballet, jazz e contemporâneo da escola de artes, até quinta-feira (07/11/2019), Local: Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, as 19:00.

21 nov Recital de Violino e Violão dos alunos do Céu das Artes do Programa Arte Cidadã. Local: Centro de Artes e Esportes Unificados, as 19:30.

22 nov Semana do Doador de Sangue no Hemosc, até domingo (24/11/2019), 19:00. Local: Hemosc.

22 nov Recital didático. Local: Escola de Artes de Chapecó

22 nov Espetáculo de circo e dança com grupo tholl e os gaudérios. Local: Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, as 20:00.

27 nov Mostra de Teatro do Coletivo de Investigação Cênica do Programa Arte Cidadã. Local: Centro de Cultura e Eventos Plínio Arlindo de Nes, as 19:30.

30 nov Abertura da Exposição “Narrativas (dis)corridas”, da arista visual Mari Baldissera, até domingo (01/03/2020). Local: Galeria Municipal de Arte Dalme Marie Grando Rauen, as 00:00.

30 nov Clube de Leitura Mulheres na Literatura Obra: O corpo em que nasci. Escritora: Guadalupe Nettel. Local: Biblioteca Pública Municipal Neiva Maria Andreatta Costella, as 00:00.

30 nov Concerto da Orquestra Sinfônica e Coro de Chapecó no Natal. Local: Praça Coronel Bertaso, as 20:00.

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ESPORTE

EQUIPE FEMININA APOIADA PELA UNOCHAPECÓ CONQUISTA O MOLEQUE BOM DE BOLA

Atletas da Adell representam a EEB Lourdes Lago, a Chapecoense e o Município de Chapecó em competiçoes de futsal e futebol de campo. Foto: Divulgação

A Adell, projeto de Futebol e Futsal Feminino de base, apoiado pela Unochapecó, conquistou mais uma vez o título do Moleque Bom de Bola, disputado entre os dias 30 de outubro e 3 de novembro. A equipe representou a EEB Lourdes Lago e viajou até a cidade de Antônio Carlos, localizada na região da Grande Florianópolis, para a competição.

O Moleque Bom de Bola é o maior campeonato escolar de futebol de campo feminino e masculino de Santa Catarina, e na fase final de sua 28ª edição reuniu mais de 600 meninas e meninos com idade entre 12 e 14 anos. Ao todo, foram 32 equipes, 16 masculinas e 16 femininas. As meninas do Lurdão estrearam na quarta-feira (30/10), contra a EEB Frei Manoel Phillippi, e venceram pelo placar de 6 a 1. No segunda jogo da chave, realizado na quinta-feira (31), a EEB Lourdes Lago venceu por 3 a 0 a EEB Pe. Antonio Vieira, de Anita Garibaldi. Após o último jogo da fase classificatória, na sexta-feira (1), as meninas avançaram em primeiro lugar da chave, com vitória por 7 a 0 contra a EBM Nações, de Concórdia. Nas quartas de final, as meninas venceram a EEB Hélio Wasun por 2 a 0. Na semifinal, a EEB Lourdes Lago se classificou para a final após vencer a EEB São João Batista por 4 a 0. As meninas conquistaram o título no domingo (03/11) contra a EEB Vidal Ramos Junior, em uma final equilibrada. As equipes empataram em 0 a 0 no tempo normal, e a decisão foi para os pênaltis, sendo decidida somente depois da 8ª cobrança. Um dos destaques da EEB Lourdes Lago foi a goleira Leilane, que ajudou Chapecó a se consagrar campeão. Esse é o segundo título da escola. O primeiro foi em 2016, e desde então, foram dois terceiros lugares.

HAITIANOS FESTEJAM EM CHAPECÓ Na noite da terça-feira, 22 de setembro, foi realizada a final do Campeonato Municipal de Futebol de Campo Série A de Chapecó, Taça Sandro Pallaoro, ex-presidente da Chapecoense, falecido na tragédia de 2016. Em campo, enfrentavam se a equipe da Ass Jardim do Lago/Efapi Bouls e o Internacional/Dobra Perfil/Mad Cortina/PR Peças que representa a comunidade de Colônia Bacia. Em partida equilibrada, o time do Efapi Bouls sagrou-se campeão. Nos acréscimos

do segundo tempo, Moussa Faye marcou e definiu o placar de 1x0 e os haitianos festejaram no gramado da Arena Condá. No final do jogo, o técnico da equipe do Efapi, Steevenson André, parabenizou sua equipe. “Este time é pra dar alegria ao povo haitiano que vive em Chapecó”, destacou André. A liga chapecoense de futebol, organizadora do certame, agradece a todos que fizeram dessa a maior edição do campeonato em

Chapecó e parabeniza não só os finalistas, mas a todos que engradeceram esse evento. O Municipal foi dividido em três categorias e as disputas iniciaram no dia 16 de junho. Participaram da competição 48 equipes, foram 198 jogos, com a participação de mais de 1500 jogadores. Na série B, a equipe campeã foi o Núcleo “B” / Amigos do Gordo e o vice-campeão foi Assistech Celulares. Já na série C o campeão foi o time do Internacional “B” e o vice ARBB Esplanada.

Jogadores e comissão técnica comemoram o título no gramado da Arena Condá. Foto: Rangel Agnolin/Clic RDC

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Terça-feira, 12 de novembro de 2019 . ANO 18 . N. 55


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