NOVO Projeto Gráfico Experimentus

Page 1

Edição 08 Dezembro 2013



Universidade Comunitária da Região de Chapecó Reitor Odilon Luiz Poli Vice-Reitoria de Ensino, Pesquisa e Extensão Maria Aparecida Lucca Caovilla Vice-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Claudio Alcides Jacoski Vice-Reitor de Administração Antonio Zanin Diretor da Área de Ciências Sociais Aplicadas James Antonio Antonin

Comuncação Social - Jornalismo Coordenadora do Curso Ilka Margot Goldshimidt Professor Responsável Hilário Junior dos Santos Matéria Projeto Gráfico

ACIN Jornalismo

Professora Responsável Mariângela Torrescasana Coordenadora Acin Jornalismo Aline Dilkin Projeto Gráfico e Diagramação Matheus Graboski

Redação Abraão Prudente Alessandra Lara Ana Fragoso Bárbara Michailoff Camila Silveira Camila Arruda Carlos Benedetti Carlos Pereira Cleberson Cagol Cristiano Pinto Cristina Gresele Dalvana Treméa Daniel Paulus Diandra Luetdke Eleandro Machado Emily Machado Gabriel Kreutz Ires Placotnik Janaína Chagas Janete Thies Jhulia Dhamer Juliana Matielo Lidiane Pagliosa Liziane Vicenzi Lucas Gaspar Marina Folle Maristela dos Santos Matheus Graboski Pâmela Weber Priscila Sander Ricardo Souza Samara Grando Simone Pereira Stefani Specth Susana Zuffo Vanessa Presotto


Editorial

Professor HIlario Junior dos Santos Experimental. Segundo o dicionário, refere-se a “experiência ou a ela relativo”, “fundado na experiência” ou que “pertence à vanguarda e desafia convenções e métodos”. Esta edição da revista Experimentus leva esses significados ao pé da letra quando, por um lado, “bebe” da experiência obtida com edições anteriores em tudo que deu (ou não) certo no que se refere a um produto midiático acadêmico de mídia impressa. Por outro, desafia-se a, em tempos de convergência, “chocar” mídias tradicionais com novas digitais para encontrar o seu formato na paisagem da comunicação social atual. Longe de dizer que a mídia revista pode ou não desaparecer ou ser por demais afetada com os impactos do digital, a Experimentus deste ano procura “tatear” esse novo campo já no início da graduação de futuros jornalistas para compreender que de novas formas comunicólogos podem se expressar e comunicar. Desta forma, sem a presunção de “desafiar convenções e métodos”, uma vez que não há o que inventar aqui, esta edição da Experimentus serviu na disciplina de Projeto Gráfico para refletir onde as mídias chocam e que novos produtos deste contato podem surgir. Neste caso, uma revista, sim digital, mas com cara e roupagem de tradicional. Sem entrar no debate apocalíptico versus integrado, há de se reconhecer e estudar (e, por que não, experimentar) novos formatos viáveis a uma mídia em processo de reestruturação. Não se pode negar que esta edição permitiu uma participação maior de estudantes que as edições anteriores e mesmo mais liberdade criativa para dar forma ao conteúdo devido ao fato de que a versão digital é economicamente mais viável. Por si só, isso já oportuniza o processo de ensino-aprendizagem baseado na tentativa e erro. Enquanto professor, perceber isso já no primeiro ano de uma formação superior e ver os resultados que excedem expectativas é um grande diagnóstico de que novas tecnologias estão aí para serem experimentadas e compreendidas. Se elas vão perdurar ou serão percebidas dentro da paisagem midiática atual é outro assunto. O certo é que a graduação é o espaço perfeito para experimentos, independente do significado que estes tenham, convencionais ou não, vanguardistas ou não. Só experimentos.


Sumário

Na linha do tempo Página 06 Novo jornalismo Página 10 A herança levada na guaica Página 14 15 Anos jornalismo Unochapecó Página 18 Vida após a morte Página 24 Gente da vida Página 28 Cultura oestina Página 32 Filhos do futuro Página 36 Ascensão do verdão Página 40

Experimentus

05


Nas linhas do tempo As profissões encobertas pelo pó do passado A realização pessoal é uma busca constante de todas as pessoas. Uma das atividades que mais traz esta conquista pessoal é o trabalho. Na era da velocidade da informação, das tecnologias, do salto para o novo e do ritmo frenético, alguns trabalhos do passado são esquecidos. Porém, singulares indivíduos persistem em tecer artes muito valorizadas no passado. Eles continuam a tecer o futuro nas linhas do tempo. Conheça nessa edição da Revista Experimentus, algumas das profissões que marcaram época e que são admiradas nos dias atuais.

Balseiro Sapateiro Moinheiro Datilógrafo

Textos

Liziane Nathália Vicenzi Cristiano Pinto Jhulia Dhamer Cleberson Cagol Gabriel Kreutz


Acervo pessoal Liziane Vicenzi

Balseiros navegando pelas águas do Rio Uruguai

Balseiro

U

ma profissão antiga, mas que resiste até os dias de hoje, não tão comum quanto antigamente, mas ainda não é considerada ultrapassada. A profissão de balseiro foi muito desvalorizada por não se investir neste setor de transporte de produtos, que é altamente econômico comparado ao transporte terrestre. Em algumas cidades demarcadas pelo rio Uruguai, pessoas ainda exercem a profissão, que é cheia de histórias, e reflete um passado desconhecido por muitos. A balsa, como é conhecida, é o instrumento de trabalho dos balseiros, uma embarcação de fundo chato e de pouca profundidade, para que possa navegar em águas rasas. As balsas utilizadas pelos balseiros chapecoenses, eram construídas por profissionais especializados, que realizavam um trabalho que exigia um cuidado todo especial, que depois de prontas, navegavam quatro dias enfrentando obstáculos pelas águas do Rio Uruguai. Os balseiros estão registrados na história

“Oba, viva veio a enchente o Uruguai transbordou vai dar serviço prá gente. Vou soltar minha balsa no rio, vou rever maravilhas que ninguém descobriu.” de Chapecó, desde meados dos anos 80. Esses trabalhadores contribuíram muito para o progresso local, e foram responsáveis pelo transporte de uma das principais bases da economia do município, a madeira. De Chapecó saiam mais de 10 mil volumes de madeira, que gerava um montante de dois milhões de cruzeiros por ano, trabalho este controlado pelo Instituto Nacional do Pinho (INP). Na época precisava-se que a água do Rio Uruguai aumentasse 16 palmos acima do normal, para que largassem as balsas. As maiores eram transportadas com lanchas a motor e as menores a remo. Balseiros esperavam pela primeira enchente do Rio Uruguai, para que as bordas das balsas, carregadas de madeira retiradas de terras chapecoenses, seguissem rio abaixo até seus destinos. Cenair Maicá transcreve em versos quando a enchente ocorria e como era o dia a dia desses trabalhadores, na música “Balseiros do Rio Uruguai”:

Experimentus

07


Moinheiro

Sapateiro

A

arte de fabricar e consertar calçados ultrapassa gerações. A profissão de sapateiro é uma das mais antigas que se tem notícia. Uma prova de que o trabalho permanece é Alcides José Bufon, xaxinense de 71 anos, sapateiro e autêntico apaixonado pela profissão que exerce há mais de 55 anos. O Dia do Sapateiro é comemorado no dia 25 de outubro. Bufon, um dos raros seguidores dessa profissão, foi ensinado a desenvolver esta arte quando tinha apenas 17 anos – e não parou mais. O brilho nos olhos e a disposição com que executa o seu trabalho é uma prova de que é fascinado pelo que faz. Há 49 anos em Xaxim, Bufon relata que ser sapateiro é gostar do que faz. Com todo esse afeto, abriu seu próprio negócio: a Sapataria Bufon. O seu trabalho no dia a dia é pegar o couro, cortar, lixar e costurar - a produção do calçado é completa. Ele 08

Experimentus

de uma cooperativa. “O milho da colônia às vezes mofava e vinha com impurezas”, relata o moedeiro. Seu Flávio garante que o moinho é uma boa fonte de renda. “Não posso me queixar do que faço, pois a renda que tiro mensalmente vale à pena. Só em novembro, o movimento bruto passou de R$ 5 mil”, conta satisfeito. O aposentado ainda diz que tem clientes garantidos em toda a região oeste, e conta o segredo de seu sucesso: “tenho o produto à pronta entrega, e o cliente não precisa aguardar o milho ser moído para preparar a farinha. Pode não parecer, mas isso faz a diferença”, finaliza.

produz botas masculinas e vende também apenas o cano. Entre as características marcantes para exercer com qualidade a profissão, Bufon destaca que é preciso ter honestidade, atender bem o cliente, e trabalhar com capricho. “Desde o começo faço como se fosse o primeiro trabalho, eu gosto mesmo, se eu ficar três dias sem vir aqui trabalhar, eu sinto falta”. Ele diz que pretende continuar na profissão que é sua realização todos os dias: “Desde o começo até agora tenho a mesma alegria. Vou trabalhar até quando Deus quiser”, finaliza Bufon. Crédito: Liziane Vicenzi

O

s avanços tecnológicos nem sempre invadem todos os espaços. Profissões antigas, como moinheiro, ainda resistem ao tempo. “Eu nunca pensei em mudar de profissão. Gosto do que faço.” Este é o relato de Flávio Drescher, que dedicou 24 dos seus 65 anos de vida trabalhando em um moinho, no município de Palmitos, extremo oeste de Santa Catarina. Para produzir quirela e farinha, ele usa um quebrador e um moinho de pedra. No começo, seu Flávio comprava milho diretamente do produtor, mas ao longo do tempo, passou a adquirir milho

Alcides José Bufon, sapateiro há mais de 55 anos


Datilógrafo substituindo a máquina de escrever. Em alguns locais, como laboratórios, escritórios e rodoviárias, ainda permaneceram por algum tempo, mas a tecnologia substituiu-as naturalmente. Aos poucos, o interesse pela computação, o crescimento da cidade, fez com que a procura pelo curso diminuísse, levando ele a fechar a escolinha. Conforme Leo, ele usa o computador apenas para o essêncial, optanto por atividades sociais no tempo livre . Leo Schinaider é casado, tem 07 filhos, aposentado, e sempre teve em seu princípio que o conhecimento é uma das bases para o bom cidadão. “O curso de datilografia beneficiou muitas pessoas que começaram a fazer o curso de computação e tiveram mais facilidade de manuseio”, destaca. Também teve alunos que saíram do curso de datilógrafia e já conseguiram o emprego por ter o conhecimento. Leo Schineider ainda guarda algumas máquinas de escrever e conta as histórias para os amigos e filhos.

Crédito: Liziane Vicenzi

S

eus dias não são mais iguais, em suas horas de lazer assiste televisão, manuseia o computador, lê seus jornais, convive com a família, é uma pessoa atuante na sociedade. Viveu na época que aconteceram momentos marcantes para o país. Desde a infância valorizou os costumes familiares. Quando ingressou na vida profissional trabalhou em diversas funçõess, como comerciante, assistente de farmacêutico, de projetos para engenheiros, entre outras atividades. Na década de 1990 essa rotina era dividida com aulas de datilografia para alunos que buscavam no curso uma opção a mais de conhecimento e oportunidades de emprego. Luiz Leo Schinaider foi professor de Datilográfia no periodo entre os anos de 1991 até o ano 2000. Ele conta que começou a dar aulas para seus filhos, que são 07 e todos fizeram o curso. Pessoas conhecidas e amigos tiveram conhecimento e começaram a se interessar pela datilográfia, que era um dos requisitos de formação. No município de Nonoai ainda não era comum ter computadores na cidade. Leo montou a escolinha em uma peça de sua casa, com algumas máquinas de escrever e a boa vontade. Alguns, no início, tinham dificuldades de manuseio, mas aos poucos pegavam a prática e dominaram a técnica. Guardado em uma gaveta de seu escritório, juntamente com alguns livros de sua preferencia, o professor Leo ainda possui o caderninho com as anotações do início das aulas, com todos os nomes dos alunos. Foram 494 pessoas que iniciaram o curso, mas nesse período alguns desistiram ou se mudaram para outro município. Com o passar dos anos, a tecnologia evoluiu e foram surgindo computadores, cada vez mais potentes e dinâmicos,

Luiz Leo Schinaider ainda guarda sua máquina de escrever

Experimentus

09


Novo Jornalismo A revolução tecnológica iniciada nos anos finais do século XX está mudando cada vez mais o mundo, e o Jornalismo não fica fora desse movimento. A popularização da internet deu ao público maior acesso a diferentes conteúdos midiáticos e à possibilidade de escolher como se quer receber as informações. Isso trouxe novas dúvidas para o Jornalismo. Qual a melhor a maneira de se transmitir notícias nos novos meios de comunicação? Os velhos meios irão desaparecer?

A

revolução tecnológica iniciada nos anos finais do século XX está mudando cada vez mais o mundo, e o Jornalismo não fica fora desse movimento. A popularização da internet deu ao público maior acesso a diferentes conteúdos midiáticos e à possibilidade de escolher como se quer receber as informações. Isso trouxe novas dúvidas para o Jornalismo. Qual a melhor a maneira de se transmitir notícias nos novos meios de comunicação? Os velhos meios irão desaparecer? O cineasta Charles Chaplin atentava em Tempos Modernos, filme de 1936, que o avanço da industrialização e das tecnologias estava tornando o homem dependente delas. Atualmente isso é uma realidade: a sociedade hoje em dia é dependente das tecnologias, e isso influencia também o Jornalismo. Hoje qualquer pessoa com acesso à internet tem uma grande gama de portais de notícias, sites com conteúdo segmentado e transmitido de diferentes formas, com vídeos e infográficos. Os velhos meios (Jornal, Rádio e TV) se adaptam a essas novas tecnologias ao mesmo tempo em que enfrentam cada vez mais a concorrência de novos transmissores de informação. A Internet se popularizou no Brasil no início do

século XXI e, aos poucos, as empresas jornalísticas notaram que a tendência do novo milênio era a produção de conteúdo multimídia . A adaptação começou com a transposição de jornais impressos para os meios online. As notícias eram postadas instantaneamente e, aos poucos, as redações começaram a produzir conteúdo específico para a web, matérias que não iam para a publicação impressa. Depois, a convergência entre texto, foto e vídeo ganhou espaço entre as produções online. As grandes redes começaram a disponibilizar programas de TV em seus portais, assim como produzir programas exclusivamente para a web. O Jornalismo online também foi influenciado pelo crescimento dos podcasts, programas de áudio disponibilizados online. Os podcasts são de fácil acesso, variam de duração de acordo com o que o usuário desejar e oferecem conteúdos muito variados, que vão de notícias gerais a debates sobre esporte e música. A perda de público das rádios para os programas online fez com que elas disponibilizassem seus conteúdos para audição na internet, em forma de streaming. Segundo pesquisa realizada nos EUA, o uso de WebRádios subiu de 17% para 23% de 2012 para 2013 por ouvintes de até 35 anos.


Para a professora de Jornalismo Valéria Marcondes, as mudanças tecnológicas estão acontecendo rapidamente, e o Jornalismo ainda está se adaptando a elas. “Não havia uma preparação dos cursos de graduação para esse mercado. Ainda falta muito para o jornalista não só dominar as técnicas, mas entender as diferenças entre os meios e as possibilidades da linguagem da web”, completa. Segundo Valéria, o Jornalismo produzido longe dos grandes centros é o que mais sofre com esse atraso: “Enquanto nós estamos, teoricamente, entrando na quarta fase do Webjornalismo, que seria a Websemântica, alguns portais do interior ainda estão na primeira fase, que é a transposição do impresso para o online”

Novas formas de jornalismo

C

om a facilidade de se criar conteúdo na internet, um fenômeno que vem aumentando é a hiperlocalização dos conteúdos produzidos. Muitos jornalistas sem espaço nos grandes meios têm se voltado para o jornalismo local, que dá a informação que o receptor realmente precisa. A hiperlocalização vai de encontro a um dos problemas crônicos do jornalismo: o “paradoxo do buraco de rua”, segundo o qual, o jornal nunca vai produzir as notícias mais importantes para o leitor – por exemplo, que o buraco da sua rua foi tapado. A produção online permite que esse tipo de fato seja noticiado, atraindo ainda mais o público que não tem tempo para ler notícias que não influenciam diretamente em sua vida. Outro fator que está mudando a produção jornalística na internet são os sites com conteúdo segmentado. Portais que trazem notícias, artigos, crônicas e reportagens apenas sobre música, cinema, viagens ou política fazem sucesso entre os consumidores de informação online e são os grandes concorrentes dos grandes portais.

Assim como as produções hiperlocalizadas, eles oferecem apenas aquilo que o leitor está interessado em receber. Alguns desses sites também oferecem a possibilidade do leitor publicar seu próprio texto no portal. Para o editor do portal Ric Mais Santa Catarina, Gabriel Spenassatto, a arma dos grandes sites é investir num jornalismo de caráter mais informativo. “Sites segmentados tendem a produzir jornalismo mais interpretativo e opinativo, enquanto os grandes portais priorizam transmitir as informações com a maior velocidade possível”, afirma. Segundo Gabriel, esses dois meios podem se completar, com os grandes portais transmitindo as notícias e os sites segmentados interpretando e opinando sobre elas. As redes sociais também trouxeram mudanças fundamentais na produção jornalística. Hoje qualquer pessoa com um celular pode postar no seu facebook que está acontecendo um engarrafamento, que ocorreu um acidente ou publicar uma foto de algo interessante que aconteceu na cidade. As redes sociais também têm possibilitado a interação dos receptores com os canais de comunicação, o que tem levado a maiores questionamentos por parte do público sobre o conteúdo produzido. Segundo a coordenadora do curso de Jornalismo da Unochapecó, professora Ilka Goldschmidt, a interação das redes sociais contribuem muito para o Jornalismo, desde que seja feito bom uso: “Elas contribuem para a democracia, para o livre acesso às informações, então devem contribuir para o Jornalismo também”.

Rádio O que há de novo: Podcasts, WebRádios Como funcionam: Os Podcasts são programas de áudio disponibilizados na rede, variando de conteúdo e tempo de duração de acordo com o que o usuário desejar. As WebRádios são rádios que são transmitidas apenas de forma online, que variam sua programação entre música e notícias, geralmente de entretenimento.

Experimentus

11


Pagar ou não pagar? Eis a questão

A

s diferentes formas com que a sociedade hoje em dia tem para obter informações tem posto em cheque o futuro do jornalismo: será mesmo necessário pagar por conteúdo jornalístico? Segundo o jornalista Cleyton Torres, isso obriga os jornalistas a buscarem se aperfeiçoar na produção de notícias. “As pessoas pagam por conteúdos de qualidade, bem produzidos e apurados”, afirma. Para a professora da Unochapecó Aline Dilkin, os jornalistas que querem atrair público devem saber para quem irão escrever e entender o que as pessoas querem ler. “A melhor maneira de conseguir atenção é seguindo o manual da empresa em que trabalha para saber qual é o público-alvo”, afirma. Alguns teóricos acham inevitável que se cobre pelo conteúdo online, desde que seja de qualidade. O maior exemplo de que isso pode dar certo é o grupo de mídia alemão Axel Springer. Nos últimos 12 anos, o saldo do grupo passou de uma dívida de 200 milhões de euros para 600

milhões de euros positivos. Dois terços do lucro do grupo são provenientes da cobrança pelo conteúdo digital. Para o CEO do grupo, Mathias Döpfner, pagar pelo conteúdo digital é apenas uma questão de adaptação: “o conteúdo é criado por jornalistas que devem trabalhar e vender seu produto. Atualmente, tudo é pago: aplicativos, ligações, pacotes de dados para e-mail, então o conteúdo jornalístico também deve ser pago.” Já para o jornalista Gabriel Spenassatto, cobrar pelo conteúdo da internet é desnecessário, já que os portais podem se manter apenas com publicidade. Com o crescente aumento de concorrência no jornalismo online, inovar e se reinventar tem se tornado ainda mais necessário. Buscar alternativas para fugir do comum sempre foi um papel importante do Jornalismo e as novas tecnologias abrem ainda mais o leque de possibilidades. Agora é função dos jornalistas saber como utilizá-las para que o Jornalismo sobreviva e continue sendo o maior fator agente para uma boa democracia.

Mudanças no Jornalismo da Unochapecó O Jornalismo está mudando, e quem entra no mercado de trabalho hoje já deve estar capacitado para lidar com as novas tecnologias e possibilidades. Para preparar melhor os acadêmicos para a prática jornalística, os cursos de Jornalismo estão passando por mudanças. As novas diretrizes nacionais, aprovadas pelo MEC e que entrarão em vigor em 2016, prevêem mais disciplinas humanas e de conteúdo multimídia durante a graduação. O curso de Jornalismo da Unochapecó aproveitará as mudanças pedagógicas constitucionais da universidade e se adaptará às novas diretrizes já em 2014. A partir do próximo semestre, o curso terá disciplinas como Produção Hipermídia, Jornalismo em Base de Dados e Jornalismo, Investigação e Interpretação. Segundo a coordenadora do curso, Ilka Goldschmidt, é importante que a graduação ofereça uma formação que valorize a qualidade do jornalista em entender 12

Experimentus

o que se passa na sociedade, para que possa produzir conteúdo de maior qualidade: “Nós vamos começar a trabalhar essa questão mais reflexiva, de crítica, porque o jornalista tem que cada dia mais ter um diferencial maior, já que qualquer pessoa pode postar a informação.” A Unochapecó também oferece a pós-graduação de Jornalismo e Convergência Midiática. O curso conta com disciplinas como Narrativas Audiovisuais, Reportagem para Web e Produção em Mídias Digitais. Segundo a coordenadora da pós-graduação, Valéria Marcondes, a principal proposta do curso é formar um jornalista que entenda o contexto social em que se inserem as novas ferramentas. “Encontrar diferentes formas de contar uma história vai permitir que você sensibilize o seu público, e hoje para se destacar na internet você precisa ter um conteúdo muito bom, que chame a atenção”, afirma a coordenadora.


Televisão O que há de novo: YouTube, Streaming, WebTV Como funcionam: No YouTube, são oferecidos documentários, programas de TV e vídeos opinativos, tudo postado pelos usuários e às vezes até pela própria geradora de conteúdo, como o Observatório da Imprensa, que disponibiliza o programa Roda Viva na íntegra. Os serviços de Streaming oferecem a possibilidade de qualquer pessoa com uma câmera e acesso à internet disponibilizar na rede a transmissão ao vivo de um evento e até mesmo de programas de TV. As WebTVs são TVs que produzem conteúdo específico para a internet. Algumas, como a UOLTV, ficam 24H por dia no ar, já outras, como a TVFolha, apenas postam os programas na rede.

Midia Ninja

O

crescimento do Jornalismo online possibilitou o crescimento de vários projetos e movimentos de mídia alternativa. Um projeto que tem tido destaque nos últimos tempos é a Mídia Ninja, que se baseia na transmissão ao vivo de grandes eventos, como manifestações, pela web. A mídia ninja ganhou destaque em junho, ao transmitir pela internet as manifestações pelo passe livre que aconteceram em todo o Brasil. Os ninjas usam o sistema de streaming, que é a transmissão instantânea de conteúdo multimídia. Esse modelo se popularizou nos últimos tempos na internet e tem servido como meio não só para a mídia ninja, mas para milhares de pessoas ao redor do mundo que querem transmitir um evento ou até programação de TV. Durante debate na ESPM-Sul, o representante da Mídia Ninja no Rio Grande do Sul, Ney Hugo, afirmou que a missão dos ninjas é trazer pautas diferentes das abordadas pelo Jornalismo tradicional. Segundo Hugo, a Internet mudou a forma como as informações são transmitidas. “A mídia alternativa já existia nos movimentos sociais, não foi o Ninja que iniciou isso. No começo da década de 2000 a internet começou a se popularizar. Não é mais necessário um intermediário para ter acesso à informação”, afirma.

Em entrevista ao Portal DW, a professora da Universidade Federal Fluminense Sylvia Moretzsohn, afirmou que grupos alternativos de comunicação como a Mídia Ninja podem servir para oxigenar a produção de informação do jornalismo tradicional. “Eu acho que a Mídia Ninja vem preencher uma lacuna, porque recupera essa reportagem de rua, que é algo que a mídia tradicional não esta fazendo. Isso tudo é importante porque é uma forma de documentar a realidade. A mídia tradicional fica refém das fontes oficiais e das assessorias de imprensa, exatamente porque não está na rua como deveria estar” afirma Sylvia. A cobertura da Midia Ninja tambem levantou questoes sobre o uso de gadgets no registro de acontecimentos. As reportagens dos ninjas são feitas exclusivamente com smartphones, e outros recursos já são usados para cobrir eventos ao redor do mundo. O Google Glass, um óculos que, entre outros recursos, grava videos e mostra mapas, já foi aliado de alguns jornalistas, como Tim Pool, da revista americana Vice. Tim usou o Google Glass para cobrir os protestos acontecidos na Turquia este ano e, além de registrar tudo apenas com os óculos, ele usou o recurso de tradução instantânea do aparelho para conseguir uma máscara de gás. Experimentus

13


herança guaiaca

A levada na

Os mais tradicionalistas, lembrados pelo lenço no pescoço, bombacha, vestido de prenda, bota e chapéu ou até mesmo os que somente preferem um churrasco com um bom chimarrão, passam às novas gerações um legado com imensa cultura. Isso mesmo, estamos falando do povo gaúcho, daqueles que carregam com muito orgulho a bandeira e os costumes que lhe foram ensinados. Ser gaúcho é levar no peito os valores lhe atribuídos, é levantar “cedito”, ouvir o canto do quero-quero, preparar um bom mate, pegar seu “bagual” e ir fazer a lida do campo. É amar suas raízes, “é ter o brilho no olhar ao pegar uma cuia e uma bomba na mão e ensinar ao filho qual é o ponto certo da água do chimarrão”. Liberdade, amor e humildade, seguido de respeito: simples detalhes que fazem do povo gaúcho, um povo diferente. Com um dialeto especial, e gírias que quando pronunciadas a população já lembra do Sul, trazem consigo uma trajetória desde os tempos das guerrilhas, movimentos, conquistas e mortes, e deixam nomes que foram exemplos no passado, presente e abrangem a futura geração.

Textos Diandra Luedtke Emily Machado Ires Placotnik Pâmela Weber Susana Zuffo


Créditos: Diandra Luetdke

Divulgação Internet

U

m dos gaúchos que deixou um legado brilhante para a cultura brasileira foi Érico Veríssimo (1905-1975). Érico nasceu em Cruz Alta, no Rio Grande do Sul, no dia 17 de dezembro de 1905. Seus livros contam histórias do Rio Grande, mas todos os brasileiros gostaram de suas obras. Érico levou o nome do estado para o mundo inteiro. Atualmente a sociedade busca um panorama para viver, e por mais que seja complicado conservar as tradições neste mundo moderno, ainda existem jovens que carregam consigo a vontade seguir e dar continuidade à sua tradição, e tomam o rumo de um Centro de Tradições Gaúchas (CTG), por exemplo. E, embora haja aqueles que preferem ser gaúchos apenas na Semana Farroupilha, há os que “são gaúchos o ano inteiro”, e sentimentalizam sua origem e história. O lenço é de extrema importância para a vestimenta do gaúcho. No início era usado na cabeça e depois passou a ser usado no pescoço. Os gaúchos utilizavam o lenço com cores diferentes para determinar as suas características, seus partidos; e atualmente, as cores que predominam são o branco e o vermelho. O lenço vermelho era como os maragatos eram identificados e a cor verde dos partidários que apoiavam o Império, chamados de pica-paus. Depois, quando assumiu o Governo, Marechal Flores da Cunha usou o lenço branco, que representa os chimangos. Das cores, ainda pode-se destacar o lenço preto que representa o luto.

São símbolos como o lenço que permitem a cada jovem que este não esqueça os valores herdados de pai e mãe gaúchos. E já dizem: gaúcho que é gaúcho não deixa sequer seu lenço de lado. Com certeza há maiores possibilidades de ter em CTG’s pessoas um tanto quanto “mais experientes”. Estas são mais fanáticas e não trocam a tradição por qualquer moda. Isso é o caso de três senhores que moram em Mondaí: Antônio Sachetti com 50 anos de idade, Rui Léo Marquardt da Rocha de 52 anos e Juvenil José de Souza de 48. Apesar de terem histórias diferentes, todos possuem o mesmo sentimento pelas tradições gaúchas e começaram desde novos a frequentar esses centros. Em conversa com Antônio, este relata que nos CTG’s os costumes de antigamente são preservados, há mais respeito e o comportamento das pessoas é diferente. “Talvez esse seja o atrativo principal, eu me sentir atraído pelo movimento gaúcho”. Defende a ideia de que é importante estimular o filho a participar do CTG, porque lá ele está num lugar mais seguro e não corre tantos perigos que existem no mundo. “Então, eu acho que se todos os pais tivessem o conhecimento e incentivassem os filhos a participar, muitas coisas que acontecem hoje na juventude poderiam ser evitadas”, comenta Antônio.

Ser gaúcho é ter orgulho da sua terra

Experimentus

15


R

ui Léo com apenas oito anos de idade aprendeu a tocar violão e por isso, começou a participar de festivais de músicas nativistas no Rio Grande do Sul, com um grupo chamado “Nativo Barrancas”, que existia na época. E afirma: “sempre separo o Nativismo do Tradiciona- lismo”. As letras das músicas que compunham o repertório falavam de rios da nossa região e uma das que mais se destacou até hoje foi: “UM PITO”, que há três décadas foi a mais executada no Rio Grande do Sul. Orgulho é pouco, Juvenil conta que trouxe de berço a tradição, e com nove anos já montava a cavalo, sem importar-se se este era manso ou xucro. Seu pai, o grande incentivador de tudo, sempre o apoiou, pois queria que o filho transmitisse histórias e ensinamentos para as futuras gerações, e devido ao tamanho apoio, Juvenil foi fundador do “Clube do Cavalo” em Mondaí. Para que os “futuros gaúchos” sigam os ensinamentos deixados pelos mais velhos, os “gaudérios” devem ensinar seus “gurizinhos e prendinhas” desde cedo. É o caso de Eduardo Dal Ri, habitante de Mondaí, de 17 anos de idade, que participa de rodeios e festas desde pequeno por influência de seus pais, estes sempre o levaram em todas as programações gauchescas.

16

Experimentus

Créditos: Emily Machado

Créditos: Diandra Luetdke

Rui Léo era participante do extinto grupo “Nativos Barranca”

Mesmo com o crescimento da população, a grande maioria dos jovens desconhece o verdadeiro significado das vestimentas gaúchas, danças tradicionais, algumas datas e até mesmo gírias. Segundo Nedio Vani, que é proprietário da mais antiga loja de tradicionalismo gaúcho, para não se perder a cultura gaúcha, os antigos precisam educar seus filhos na tradição, para que eles tenham “gosto” na mesma. Ainda que os jovens gostem de esportes, é necessário que conservem a mesma cultura que o pai teve, ou melhor, participar de rodeios, ouvir músicas nativistas e não esquecer o churrasco. Essa cultura está sendo conservada desde os tempos antigos pelo povo do interior do Rio Grande do Sul e Mato Grosso, principalmente por pessoas de baixa renda: “os filhos começaram a sair para a cidade grande e começaram conservar a tradição que o pai e que o avô tinham. Com isso, os jovens que entraram nessa tradição gaúcha começaram a entrar dentro de CTG’s e começaram criar mais Centros de Tradições Gaúchas e nesses Centros de Tradições Gaúchas começou a entrar mais adeptos à cultura, gostando da dança, do churrasco, das comidas típicas, da vestimenta, dos rodeios. Enfim, esse povo começou a se integrar junto com os gaúchos que começaram a construir CTG’s e a cultura era familiar para o final de semana, é muito importante”, comenta Vani.

Gaúcho que é gaúcho vive isto todo dia, é amor, é orgulho é vida


Créditos: Emily Machado

Os pais é que são os responsáveis para fazer com que o filho prossiga com seus valores. Porém, é preciso que os jovens tenham consciência de que depois dos dezoito anos, quando entrarem em alguma faculdade, continuem frequentando lugares gauchescos, entre eles o CTG. “Ao ver o orgulho no peito’’ de cada um que do seu modo expressou o sentimento pelas raízes que levam consigo desde “piazotes’’, se tem a certeza de que mesmo em um mundo tecnológico e globalizado, ainda há espaço para que costumes tão fortes como esses sejam cultivados e perpetuados.

Canto Alegretense Neto Fagundes Não me perguntes onde fica o alegrete Segue o rumo do teu próprio coração Cruzarás pela estrada algum ginete E ouvirás toque de gaita e de violão Pra quem chega de rosário ao fim da tarde Ou quem vem de uruguaiana de manhã Tem o sol como uma brasa que ainda arde Mergulhado no rio Ibirapuitã

Créditos: Emily Machado

Créditos: Emily Machado

Ouve o canto gauchesco e brasileiro Desta terra que eu amei desde guri Flor de tuna, camoatim de mel campeiro Pedra moura das quebradas do Inhanduí E na hora derradeira que eu mereça Ver o sol alegretense entardecer Como os potros vou virar minha cabeça Para os pagos no momento de morrer E nos olhos vou levar o encantamento Desta terra que eu amei com devoção Cada verso que eu componho é um pagamento De uma dívida de amor e gratidão Ouve o canto gauchesco e brasileiro Desta terra que eu amei desde guri Flor de tuna, camoatim de mel campeiro Pedra moura das quebradas do Inhanduí Composição: Bagre Fagundes

O vestido de prenda é parte fundamental da vestimenta gaúchesca

Experimentus

17


Textos Juliana Matielo Lidiane Pagliosa Matheus Graboski Priscila Sander Simone Pereira


O curso de Jornalismo da Unochapecó completou 15 anos em setembro de 2013. Não poderíamos deixar essa data tão especial passar em branco. Então, com a ajuda dos jornalistas que se formaram aqui e que hoje atuam na região, resgatamos histórias, fotos, detalhes e momentos marcantes para podermos viajar no tempo e descobrir como o curso funcionava nos seus primórdios. A fase de planejamento do curso até alcançar sua estreia, em 1998, durou cerca de seis anos. Todos os detalhes foram pensados, organizados e refletidos para que o curso fosse capaz de nascer e suprir a necessidade dos futuros acadêmicos. A professora e atual coordenadora do curso Ilka Goldschmidt, em depoimento a Experimentus, relatou as dificuldades e alegrias durante o percurso e projeto de implantação do curso. Buscamos desenhar a trajetória dos 15 anos do curso através de depoimentos de egressos. Histórias, viagens e fatos que marcaram cada turma que se formou. Além disso, nossos entrevistados deixam dicas e contam o que foi mais importante para cada um. Você confere também fotos incríveis do acervo pessoal das turmas. Com certeza você sentirá ainda mais vontade de fazer parte dessa história. Experimentus

19


HISTÓRIA

Da necessidade à realidade D

Alunos e o professor Marques de Mello na pós-graduação em Ensino e Metodologia do Ensino Superior em Comunicação Social

evido a falta de profissionais graduados para trabalhar na área, no Oeste Catarinense, em 1992, a instituição de ensino mantida pela Fundeste, Universidade do Oeste de Santa Cataria, a pedido dos veículos de comunicação da região, incluiu em seu plano de expansão, o processo de implantação o Curso de Comunicação Social – Habilitação em Jornalismo. Existiam apenas três universidades no estado que ofereciam a graduação. O oeste necessitava de profissionais formados na área em constante crescimento. A jornalista formada pela Universidade Federal de Santa Catarina Ilka Margot Goldschmidt, Coordenadora de Telejornalismo da RBS TV, foi convidada a dar início neste processo. Em 1993, desempenhando duas funções, Ilka deu o primeiro passo para elaborar a CARTA CONSULTA, um documento que reunia as informações para a criação de um novo curso. Foram noites de muito trabalho, conciliada com sua função na RBS. Ilka relata como foi complicado. “Na época não tínhamos internet, tudo era elaborado durante a noite, a maior dificuldade eram os contatos telefônicos, e devido a essas complicações optei apenas em permanecer com o trabalho na tv”. A partir deste momento o processo de implantação do curso, ficou estagnado. No ano de 1995 Ilka retornou a instituição, desta vez para dedicar-se integralmente a implantação do curso e assessoria de imprensa da universidade. Iniciou-se uma pesquisa de mercado, 20

Experimentus

para encontrar um curso de pós-graduação para capacitar profissionais, deixando-os aptos a ministrar aulas no novo curso. Nesta capacitação o professor Marques de Mello, primeiro doutor em jornalismo titulado pela Universidade Brasileira, foi Coordenador Responsável da pós-graduação em Ensino e Metodologia do Ensino Superior em Comunicação Social que foi oferecida em Chapecó. Exatamente um ano e meio depois a universidade pós-graduou profissionais para que pudessem atuar como professores, formando assim o primeiro corpo docente do curso. A Carta consulta foi aprovada, e chegava a hora de providenciar a matriz curricular do curso de comunicação social – Habilitação em Jornalismo. O Professor Paulo Tarso Record, prestou assessoria, porém, o curso era muito caro, faltava infra-estrutura e equipamentos para os laboratórios. Em 1997 o curso oferecia vagas no vestibular, e 1998 recebeu a primeira turma. A cada matéria que necessitava de prática os laboratórios foram montados e equipados de acordo com as demandas de cada área. Hoje 15 anos depois se somam acontecimentos marcantes pelos professores e os mais de 200 alunos formados. O que nos permite lembrar que cada profissional que por aqui passou fez parte desta história, deixando seu legado de participação no curso de Jornalismo da Unochapecó. Exercendo suas funções de jornalistas para com a maravilhosa história do Oeste Catarinense.


MOMENTOS

15 Anos, um curso, uma história em várias memórias

Aprender a ver o mundo com outros olhos. Usar a antropologia, a história, para conseguir compreender verdadeiramentea essência do ser humano. Somente quanto compreendermos o poder desta visão de mundo, é que poderemos dizer, somos jornalistas, e não estaremos fadados a sermos profissionais medíocres.

O

curso foi marcado por muitos momentos. Fases de embates, discussões e acalorados debates, até encontrar o equilíbrio e a maturidade enquanto graduação. Como em toda sociedade, há conflitos. O curso de jornalismo também passou por ocasiões de enfrentamento. Uma etapa, foi a acirrada disputa para a coordenação do curso entre as professoras Ilka Goldschmidt e Eliane Fistarol. A eleição contou com o debate organizado pelos próprios acadêmicos, que naquela época “vestiram juntos a camisa”. Relembra este fato, a egressa jornalista Lílian Simioni, da Universidade Federal Fronteira Sul (UFFS), a grande tensão vivida na época. “Houve arrecadação de dinheiro para as campanhas. Os alunos andavam pela universidade com adesivos. Nós éramos a terceira turma do curso e ver toda essa competitividade entre três períodos pela eleição de um coordenador foi muito marcante”. O espírito de luta, foi além das eleições para coordenação. O próprio valor da mensalidade foi motivo de protesto de alguns alunos. Mas a paixão pela graduação e a união das turmas, lhes fez viver fatos inesquecíveis, seja na representação dos acadêmicos no DCE, do Consul ou exclusivamente o encontro dos corredores. Todos tiveram a oportunidade de participar

de produtos midiáticos desenvolvidos durante a graduação como rádio ao vivo, produções do Passe a Folha, Diferente, Almofada, Preto no Branco, livro de fotos. Fatos e vivencias que ensinaram muitos a se tornarem profissionais de sucesso. Para o crescimento e aprendizado, foram muitas viagens de estudo e eventos importantes, o professor da Unochapecó e egresso do curso Ricardo Sékula ressaltou, “A vivência entre as diferenças dos próprios colegas serviu como experiência. O que mais importa pode não ser a estrutura física do curso, laboratórios, equipamentos. O acadêmico que conseguir abrir a mente diante das situações que vive na universidade, já sai ganhando”. Eventos que deixaram sua marca na história do curso como o REGIOCOM- Colóquio Internacional de Comunicação, em agosto de 2005 realizado nas dependências da universidade, com a presença de conferencistas nacionais e internacionais. O professor Dirceu Hermes comenta, “Foi um marco na história do curso, o envolvimento era de todos, desde os professores até os estudantes”. Contar todos os acontecimentos que marcaram o curso durante 15 anos, é como reviver de forma intensa, uma história de muitos anos, deixando marcado com nossas próprias pegadas. Experimentus

21


DEPOIMENTOS Ilka Goldschmidt

Aline Dilkin Técnica Acin Jornalismo Unochapecó - 9º turma (2006-2010)

“Fui amadurecendo dentro da universidade, a graduação é uma fase de convívio com conteúdos diferentes, conteúdo de disciplina e de vida mesmo. O curso me oportunizou momentos diferentes. Fiz parte de muita coisa, já fui estagiária e voluntária. Hoje sou responsável pela agência de jornalismo do curso.”

Acervo Pessoal

Lilian Simioni

Jornalista na UFFS - 2º turma (1999-2003)

Acervo Pessoal

“Um momento marcante foi a primeira turma, o primeiro ano. Era uma turma muito ativa e o curso estava começando. Participamos de um evento do curso de Letras, uma semana cultural. O tema da semana cultural era o Tropicalismo, que naquela época completava 30 anos. Os alunos foram desafiados a resgatar isso e eles fizeram uma rádio ao vivo! A gente não tinha nada, nem rádio e nem laboratório de rádio. Com um microfone, aqueles alunos que estavam começando, 1º período, não tinham noção de quase nada fizeram a programação de rádio ao vivo no centro da cidade. Foi algo que marcou, pois a turma já marcava a presença do curso. Me marca muito também a época em que o curso era vespertino e tínhamos muitas atividades a noite. Por exemplo, uma atividade que se chamava Observatório da Imprensa. A gente gravava o programa do Observatório que existe até hoje, no Canal Brasil, e antes passava na TV Cultura, e a cada 15 dias nós nos reuníamos numa noite para assistir e debater sobre a mídia, o que ela estava cobrindo e como estava cobrindo e os alunos vinham e lotavam. A gente não precisava insistir muito pra eles virem. Havia muito esse interesse, essa vontade de viver a universidade, então esse projeto é algo que me marca muito. ”

Acervo Pessoal

Professora na Unochapecó - Atual Coordenadora do curso

“É importante ressaltar que o estudante deve buscar o conhecimento, aproveitar os professores, pois acho que o jornalista precisa ter um além. O tempo que eu passei no curso de jornalismo da Unochapecó foi muito bom. Vale reforçar a importância de cada acadêmico em buscar, lutar, querer crescer primeiro como pessoa e então como um jornalista profissional, que faz a veracidade e leva o caráter em primeiro lugar”.

Jeanine Guedes

Thiago Freitas Acervo Pessoal

Apresentador de TV na RIC Record - 5º turma (2002-2006)

“O curso de Jornalismo da Unochapecó mudou a minha vida, profissional e pessoal. Fez com que adquirisse muito mais do que conhecimentos técnicos e científicos para que colocar em prática a minha profissão. Mas fez com que eu conhecesse um novo mundo e me tornar uma pessoa melhor."

Flávia Durgante Acervo Pessoal

Assessora de Imprensa na UFFS - 5º turma (2002-2006)

22

“Minha dica para os acadêmicos atuais é para que eles aproveitem tudo o que a universidade tem a oferecer, suguem dos professores, das matérias, do curso, do que for proporcionado. Por que essa é a diferença aqui fora no mercado, tudo que a gente passa na universidade vai com certeza utilizar na vida profissional futuramente.”

Experimentus

Acervo Pessoal

Ex-Coordenadora do curso (2004-2006)

“O curso de Jornalismo da Unochapecó faz parte da minha história. Foi ali que vi surgirem grandes profissionais da imprensa regional que honram as contribuições técnicas, teóricas e éticas que o curso sempre fez questão de imprimir com excelência em seus egressos. Nesses quinze anos, o mercado midiático regional transformou-se, profissionalizou-se e destacou Chapecó e a região oeste catarinense em termos de comunicação, e muito disso deve-se ao Jornalismo da Unochapecó. Acima de tudo, porém, ficam os aprendizados que tive com as 12 turmas de acadêmicos e com o excepcional grupo de professores e técnicos administrativos com os quais convivi, ensinei, concordei, discordei, ri, chorei, sofri e comemorei. Amei e me orgulho de cada momento. Hoje, no entanto, assistindo de fora, mas acompanhando de perto, vejo o quanto o curso cresceu e se consolidou. Mesmo com a infame queda da necessidade do diploma, que desencadeou para nós, professores e coordenação do curso, uma das piores crises por que passamos, os conteúdos, os professores, a força dos alunos e a qualidade do que é realizado ali se sobressaíram e provaram que esse é um curso que veio para ficar e para formar, acima de todas as qualificações profissionais, seres humanos no sentido mais amplo do termo: amigos.”


DEPOIMENTOS

Audrey Basso Acervo Pessoal

Colunista Politico no Diário do Iguaçu - 5º turma (2002-2006)

“Vou carregar pela vida inteira as oportunidades que eu tive em participar das coordenações. O curso me oportunizou participar dessa construção política, da construção do curso, do que precisava ser mudado, sempre tive interesse e o curso sempre me ajudou. E hoje reflete no meu trabalho, pois sempre estive ligado no mundo político que existia na universidade."

Mariângela Torrescasana Acervo Pessoal

Professora na Unochapecó e Ex-Coordernadora

Eu tive duas grandes felicidades no curso, que foi quando no Enade de 2009 ficamos com uma das notas mais altas. O que prova a qualidade do que é oferecido aqui. Outro momento de alegria foi quando vi os números dos vestibulares. Depois da matrícula, mas de 60 alunos em sala de aula, realmente uma turma lotada e isso foi muito bom, influenciou de certa forma o curso. Foram duas alegrias que me marcaram muito no curso. Falar do curso é falar da minha vida. Eu me emociono, não gosto muito de falar por que eu choro. Mas falar do jornalismo em si é falar da minha essência, da minha alma. O curso de jornalismo, seja aqui na Unochapecó ou em outros lugares onde também trabalhei, representa minha história e tem um espaço especial na minha vida. A minha história nunca pode estar separada dos cursos de jornalismo que eu já vivi. E aqui é um dos que eu mais permaneci, é parte de minha história, é a minha vida.

“Duas coisas bem importantes do nosso curso, logo bem de início, foram a criação do Passe a Folha e a Semana Acadêmica. O jornal surgiu de uma brincadeira. A professora Ilka estava de licença maternidade e nós resolvemos mandar uma cartinha da turma para ela. Então cada um ia escrevendo e um cutucava o outro e dizia “passe a folha... passe a folha” e virou o jornal do curso. E até hoje quando vimos as novas edições por aí nos lembramos do surgimento dele. E a Semana Acadêmica, que foi a Tropicalia. Teve um show muito legal com o Tom Zé, teve a Rádio Tropicalia, todo mundo se envolveu, a gente passou manhã, tarde e noite na universidade fazendo a rádio. Foram dois momentos bem interessantes.”

Acervo Pessoal

Revisora de texto na DMC Unochapecó - Aluna da primeira turma em 1998

Marciane Páz Mendes Assessora de imprensa na MB Comunicações - 6º turma (2003-2006)

"A graduação de jornalismo foi a realização de um sonho. Na metade da graduação eu engravidei. Em vários momentos a turma se uniu pra me ajudar. Os professores e alunos faziam “vaquinha” pra comprar coisas pro meu filho. Foi muito emocionante. E isso me fez amadurecer e ver a graduação de uma forma diferente. Agarrei aquilo como se fosse um presente de Deus pra mim.”

Acervo Pessoal

Acervo Pessoal

"Algo que marcou muito pra mim na faculdade foi o meu PEX (Projeto Experimental), que foi um momento de muita dedicação, sobre um assunto que me chamava muita atenção e realmente foi algo que a gente precisou superar. Tivemos que fazer viagens, conhecer lugares e culturas diferentes, buscar nossas fontes, pra depois poder construir nosso trabalho.”

Fernanda Conte

Ricardo Sékula Professor na Unochapecó - 3º turma (2000-2004)

“Pra mim o que mais marcou no curso foi a visão de mundo que ele me trouxe. A sensibilidade pra olhar pro mundo lá fora de uma maneira muito mais profunda, pra buscar muito mais informações, pra não ficar na superficialidade das coisas. Essa curiosidade, relacionar as coisas, ver por um outro ângulo, de transformar o meu pensamento e a partir disso me transformar também.”

Experimentus

Acervo Pessoal

Janaína Mônego Comunicadora na Rádio Atlântida Chapecó - 9º turma (2006-2010)

23


VIDA

APÓS

A

MORTE

Um assunto que mexe o imaginário de muitas pessoas. E que em vários momentos surgem novas questionamentos e novas respostas. E o que pensam o CATOLICISMO, o EVANGELHO e o ESPIRISTIMO da região Oeste Catarinense sobre vida após a morte? E os jovens” Antes de Cristo já acreditava-se que pessoas falecidas vão para um reino. E que lá, a alma reencarna em um novo corpo físico e retorna à Terra. Durante milhares de anos o se questinou e diversas ferramentas foram desenvolvidas para tentar comprovar esse mito/crença. Entretanto, as patentes religiosas ainda sÃo as mais disseminadas entre o mundo todo. Com a finalidade de aproximar as diferentes verdades do mundo bíblico e espiritual das pessoas, o estudo da vida após a morte, atualmente atrai olhares de muitas pessoas e também muitos jovens. E os academicos da Unochapecó, expoe sua opiniao sobre as diferentes vertentes crenças e religioes.

Textos Abraão Prudente Bárbara Michailoff Dalvana Treméa Samara Grando


Vida eterna

D

e acordo com a Bíblia Sagrada, Hebreus, capítulo 9, versículo 27: “E, como aos homens está ordenado morrerem uma vez, vindo depois disso o juízo”, não há vida após a morte, pois todos os sentidos e órgãos vitais estão inativos. “Que mediante a fé estais guardados na virtude de Deus para a salvação, já prestes para se revelar no último tempo,” (I Pedro capítulo 1, versículo 5), a salvação será a ressureição, (João 5:28, 29) “de acordo com o propósito que Deus tinha no início, os ressuscitados para a vida na Terra viverão num paraíso”. Segundo o pároco da Igreja Matriz Santo Antônio de Chapecó, Igor Damo, os católicos, que acreditam em Jesus têm como vida eterna a ressureição, que ideologicamente permeia antes mesmo de Cristo e que se consolidou após a morte de Jesus. “A ressureição é a concepção de vida eterna. Disseminada por meio da Igreja, através do processo de oração, reflexão e compreensão. Há vida depois da morte, mas o que determina para onde iremos, será feito enquanto caminhamos por este mundo vivo. Por isso falamos na aceitação de Cristo, pois esse é o passaporte para a vida eterna, do bem, da peregrinação, do contrário será morte eterna,” destaca o Frei. Passar por Jesus é viver sob a caridade, justiça e fraternidade, práticas que levam a vida eterna e que o próprio Jesus estabelece por meio destes sinais. “Ao passo de que a ressureição se dá em gestos concretos como a partilha do pão, não compreendemos o que há após a morte, mas que se deve a crença e a Fé,” explana Frei Igor.

“A ressureição é a concepção da vida eterna” Igor Damo

Juízo final “O homem que seguir Jesus e suas profecias estará no paraíso, perto de Deus” Pastor Josué Santos Brandã Segundo Hebreus capitulo 9, versículo 27, “cremos que o homem é constituído de parte material e parte espiritual a qual é eterna. Depois da morte o homem tem dois destinos eternos possíveis, eternidade com Deus, ou sofrimento eterno longe da presença de Deus”, escritos da Bíblia Sagrada. O Pastor Josué Santos Brandão, da Igreja Batista Independente de Faxinal dos Guedes, o tempo de decidir o futuro eterno é chamado hoje. “Se o homem, decidir encontrar o caminho de luz, por meio de Cristo, ele encontrará a vida eterna. Através dessa decisão ele partirá para perto de Deus e viverá eternamente. Caso viver em pecado, viverá de sofrimento e dor e não atingirá a vida eterna” relata o envagélico. Josué diz que quando o homem peca, somente o sangue de Jesus pode perdoar pecado e qualificar para a vida eterna. (I Joao 1. 7 segunda parte diz: O sangue de Jesus o Filho nos purifica de todo pecado). “Quando cremos no purgatório, anulamos o sofrimento de Jesus na Cruz e assim cremos em outra possibilidade de salvação além de Jesus, sem o juízo final”, destaca. O Pastor salienta que o envagélio cre em vida única, e deste mundo vivo o ser humano não passa para outro após a morte. Portanto a reencarnação não existe e passa da criação do imaginarium das pessoas.

Experimentus

25


Reencarnação segundo o espiritismo

26

Experimentus

religiosas, com a finalidade de compreender as energias que envolvem o ser humano e os por quês da vida. Visando assim, a morte como um recomeço e não um fim. E que para isso é necessário retornar a Terra, em uma nova forma, um novo corpo e uma nova família, que muitas vezes é a mesma das outras vidas, mas com diferentes desafios e missões. “A reencarnação busca a qualificação da espécie, acompanhando a evolução do homem e o auge do entendimento humano e purificação da alma”, conclui Celson Antonio Dal Piva. Créditos: Bárbara Michailoff

O trecho do livro ‘O que é o Espiritismo – Preâmbulo’, do escritor espírita, Allan Kardec, o Espiritismo é uma ciência que trata da natureza, origem e destino dos espíritos, como também as suas relações com o mundo corporal. Promovendo um estudo de revelar o que somos, de onde viemos, para onde vamos, qual o objetivo da existência terrena e qual a razão da dor e do sofrimento. De acordo com os princípios doutrinários de Kardec, quando um ser morre, sua alma e seu perispírito, o corpo que reveste a alma, se libertam e seguem rumo à reencarnação. ‘‘Os espíritos reencarnam tantas vezes quantas forem necessárias ao seu próprio aprimoramento’’, trecho retirado dos Princípios Doutrinários de Allan Kardec. O presidente da Casa Espirita Bezerra de Menezes de Chapecó, Celson Antônio Dal Piva, ressalta que diante da visão espirita não há morte. “A morte é uma expressão muito forte sobre a passagem espirita e que todo ser deve passar. Chamamos a ‘morte’ de desencarnação, onde a alma se separa de carne (corpo) e rumam a vida espiritual”, frisa. Celson também comenta que a morte vista pelo senso comum, é tenebrosa e que é relacionada a energias negativas. Ele ressalta que esta concepção dificulta o entendimento do estudo espirita e o próprio conhecimento geral sobre o que é o Espiritismo. “Quando chegada a hora da morte, em quaisquer que sejam as circunstâncias, acreditamos que há explicações teológicas para isso. E que devido as crença, dos nossos antepassados à convicção é de que os estudos são ligados a magias”. Para ele o espiritismo trata de várias vertentes

Celson Antônio Dal Piva, é espirita há vário anos, e acredita que o sofrimento e a dor são relacionados ao amadurecimento do ser e que a morte é vinda como a abertura para um recomeço.


Entrevista A acadêmica do 5º período de Psicologia, Maiélica Staczack, católica, diz que acredita em vida pós a morte e acredita em reencarnação devido a crença e os ensinamentos de seus pais. “O que vivemos aqui hoje, é apenas uma passagem da vida terrena para a espiritual. No passado tivemos uma vida, e tenho certeza que se hoje sofremos, pode parecer sem merecer, mas isso com certeza tem ligação com o que foi praticado na outra vida”, Maiélica também diz que crê em alma e que segundo ela a pessoa antes de morrer deve pedir perdão, contar seus segredos e manifestar suas vontades. “Se a pessoa não consegue falar ou manifestar os seus desejos, a alma quando desencarnada, fica perturbada e perambulando entre os vivos, para que que um dia alguém note sua presença e o compreenda. E muitas vezes, pode-ser que demore muito até que a pessoa seja encaminhada para o outro paralelo e descanse. E ela pode incomodar muita gente, atrapalhar familiares ou vigar-se de pessoas que o fizeram mau”, conclui a

Josiane de Mello, acadêmica do curso de Ciências Contábeis, diz que não crê em vida após. “Se existisse vida pós a morte porquê os nossos entes queridos que já partiram daqui, não se manifestam entre as pessoas, animais ou objetos e passam a fazer parte das nossas vidas novamente? Nunca ouvi ninguém falar que algum falecido, voltou a fazer parte da família que ficou na Terra, ou encarnou em outra pessoa”, destaca ela. A estudante conclui que a vida é somente única e que deve ser aproveitada ao máximo, para que quando a morte chegar não haja arrependimentos ou desejos ainda não realizados

Créditos: Internet

Créditos: Internet

Depois de morrermos, a vida continua?

Entrevista

Outra dimensão nos espera após a morte?

Experimentus

27


Gente

vida

da

Se vai tentar, vá em frente. Não há outro sentimento como este Ficará sozinho com os Deuses

E as noites serão quentes Levará a vida com um sorriso perfeito É a única coisa que vale a pena.

Charles Bukowski

Textos Camila Arruda Vanessa Presotto


Com o intuito de juntar música, poesia e video o Grupo Vertigem desenvolveu seu novo espetáculo. “Poesias para Gente da Vida” tem como tema o amor de de rua, a rua, o amor. Créditos: Bruna Deitos | José Boita

“É preciso estar sempre embriagado. Aí está: eis a única questão. Para não sentirem o fardo horrível do Tempo que verga e inclina para a terra, é preciso que se embriaguem sem descanso. Com quê? Com vinho, poesia ou virtude, a escolher. Mas embriaguem-se.” Já dizia Charles Baudelaire. Do amor à poesia e em busca do embriagar-se pela arte nasceu o Cuspindo Verso, um grupo de três ex-alunos do curso de Filosofia da Unochapecó, na época Unoesc, no ano de 2000. O desejo do grupo era levar poesia a lugares entendidos, pelo senso comum, como nãΩo apropriado para realização de ações culturais. Com o tempo alguma pessoas saíram do grupo, outras entraram, assim passaram a se chamar Poesia Vertigem, em referência ao poeta francês Arthur Rimbaud. Procurando caminhos diferentes o Poesia Vertigem incorpora novos membros, com interesses e práticas em diversas áreas artisticas se torna agora Grupo Vertigem de Ações Poeticas. Participam do grupo Diógenes Gluzezak, Herman Silvani, Liza Bueno, Tatiana Zawadzki, Valdemir de Oliveira, José Boita, Inajá Neckel, Fabiane Biazus e Jakson Kreus. Compartilhando de uma abordagem sobre a poesia com base em Octávio Paz, “Há poesia sem poemas: paisagens, pessoas e fatos poder ser poéticos: são poesia sem ser poemas”, o grupo se mantem. “Acredito que se não estivéssemos ligados por um impulso como esse, não teríamos resistido ao processo, afinal, foram cinco meses de ensaio, de intensidade em decisões, discussões e até discordâncias”, afirma Inajá Neckel, integrante do grupo.

Que é o amor? A necessidade de sair de si. O homem é um animal adorador Adorar é sacrificar-se e prostituir-se Assim, todo amor é prostituição. Charles Baudelaire Experimentus

29


Quando uma vai outra vem pior do que sua antecessora. Vejo tantos homens com garotas calmas e limpas em vestidos de algodão garotas com rostos que não são de predadoras ou de feras. nunca traga uma puta junto com você, eu digo para meus poucos amigos, eu me apaixonarei por ela. Charles Bukowski 30

Experimentus

Circulo com o meu carro Espiando suas pernas Satisfeito por saber que jamais farei Parte nem de seus paraísos nem de Seus infernos. Mas os batons Escarlates naquelas tristes bocas Que esperam! Seria delicioso Beijar cada uma delas, uma vez que fosse, por completo, E então devolvê-las. Charles Bukowski Créditos: Bruna Deitos | José Boita

Poesia música e video interagem e se completam. As poesias escolhidas não contam uma história, trazem relatos sobre amores da rua, mulheres da vida, cafetões, malandros, amores da rua. O espetáculo tem tido grande repercussão “Temos um amor e um prazer de fazer este espetáculo, e é gratificante saber que estão curtindo!”, comenta Fabiane Biazus. As apresentações acontecem em diversos lugares, provocando reações diferentes do público. “As vezes temos reações entusiasmadas, outras, mais contidas, acredito que algumas pessoas possam se incomodar com algumas poesias, outras não” fala Inajá. “Tenho uma preocupação que é levar algo que não seja o velho lugar comum, aceito e bem-visto como “atividade cultural”, em nossa cidade é preciso rever alguns conceitos, talvez até entendê-los melhor, de maneira a não estarmos determinados enquanto artistas. Além de produzir, tenho a tendência de pensar sobre o que faço, e nisso, tenho autocrítica”, completa.


Galeria Créditos: Bruna Deitos | José Boita

Quem incentiva a cultura Chapecoense?

Créditos: Bruna Deitos | José Boita

As pessoas que fazem, aquelas que suam, as que correm atrás, que não se contentam, que ensaiam, que reescrevem, que varrem os espaços em que vão se apresentar porque têm o privilégio de receber seus espectadores. São os que afinam cordas de violinos, que repetem as lições incessantemente, até atingir um nível de qualidade que lhes satisfaz...São aquelas que escutam, que de um modo ou outro favorecem e impulsionam produções e fazem com que mais pessoas se mobilizem... são gente da vida. Essas pessoas provocam isso. Eu poderia falar de equipamento cultural, de política cultural de sistema nacional de cultura, mas existem muitos especialistas melhores que eu para responder nestes termos. A minha, é lida braçal, e por isso não posso esquecer dessa gente da vida.

Inajá Neckel

Créditos: Bruna Deitos | José Boita

O espetáculo tem sua potência, é eficaz e nos faz alegres naquele momento, por enquanto é isso que está valendo. Inajá Neckel Experimentus

31


Cultura

oestina

O Rio Grande do Sul destaca-se muito mais que outros estados do Brasil quando o assunto é cultura. É a região do país que mais preserva suas tradições, e suas disseminações entre as pessoas. Só ficam atrás, quando o quesito é religião. Há muitos anos povos acabaram aderindo aos costumes gaúchos, e introduziram suas tradições em suas próprias culturas, como é o caso do Oeste Catarinense .

Textos Eleandro Machado Janaína Chagas Janete Thies Maristela Eli dos Santos


As influências da cultura gaúcha na cultura Catarinense catarinenses como ”barriga verde“. Foi algo criado para definir quem eram os catarinense, mas isso ficou mais forte no Litoral, no Oeste não influenciou tanto assim, esse termo é usado até os dias atuais. Para o filósofo e historiador Alceu Antonio Werlang, do ponto de vista político é importante se criar uma identidade, mas, quando se tem uma cultura imposta, não é muito positivo, pois, as diferenças existentes entre as culturas são, muito importante. Quando uma cultura se torna mais forte que as demais acaba ocorrendo uma mistura entre elas, e algumas perdem um pouco da sua identidade pelo caminho. O que prevalece são costumes das culturas predominantes. Créditos: Janete Thies

Os grandes fazendeiros possuíam muitos gados e eles sobreviviam desses animais. Nessa época não havia um governo que defendesse os grandes latifúndios dos furtos desses rebanhos. Então os fazendeiros contavam com os caboclos, mestiços de índios, que eram contratados para proteger suas fazendas. O Oeste de Santa Catarina consolidou-se como território em 1838, quando os fazendeiros do Rio Grande do Sul vieram ocupá-los. Com essa mudança de região os gaúchos trouxeram os caboclos para ajudá-los a cuidarem de suas terras e, mais tarde vieram os alemães e italianos. Nessa época os fazendeiros eram as pessoas que obteriam o maior poder econômico, e por esse motivo impuseram a tradição gaúcha, e foi a partir dessa inclusão cultural que ainda hoje há essa ligação tão forte do Oeste Catarinense com o Rio Grande do Sul. Todos esses povos europeus que trouxeram consigo suas diferentes culturais, antes de chegar ao Oeste Catarinense, passaram pelo estado gaúcho, trazendo em suas bagagens características desse estado. Mas afinal, qual é a cultura catarinense? Santa Catarina tem uma cultura própria ou não? Na verdade a cultura catarinense foi formada por pessoas que moravam no Rio Grande do Sul, ou pessoas que passaram por lá. Por isso, essa identificação tão forte. O termo “barriga verde” vem da primeira gerra contra o Uruguai, onde os policiais catarinenses participaram do conflito, pois não se tinha soldados estruturados na época. Os mesmos usavam fardas verdes, surge então, o termo que classificaria os

Professor Alceu Welang, filósofo e historiador.

Experimentus

33


34

Experimentus

O governo coloca o estado como multicultural, pelo fato de termos índegenas, caboclos e alemães, isso não forma uma identidade, mas se torna importante pela diversidade de culturas que formaram o estado, e que hoje continuam presentes, nas misturas desses povos. Acervo Pessoal Antônio Figueiró

O estado de Santa Catarina culturalmente se divide em duas partes quando o assunto é identidade. No Oeste de Santa Catarina é visível a identificação das pessoas com o Rio Grande do Sul, pois, as pessoas vivenciam mais com a agricultura e com os serviços braçais, já no Litoral a cultura se difere do Oeste, pois, as pessoas convivem mais com a pesca e trabalhos artesanais. Como se fossem dois Estados dentro de um só. As pessoas que viviam no Oeste Catarinense tinham um contato mais próximo com os gaúchos, grandes fazendeiros que possuíam latifúndios, viviam da venda do gado, e acabaram criando laços com pessoas que viviam nesta região de Santa Catarina. A ligação era muito forte, as pessoas recebiam informações vindas do Rio Grande do Sul, já o litoral recebia informações vindas de São Paulo e Rio de Janeiro, pelos portos. Tudo isso impedia de certa forma, que Santa Catarina tivesse a sua própria identidade. Essa forte ligação do Oeste Catarinense com os gaúchos mudou, depois que a RBS foi instalada no estado, nesse período as informações do litoral e oeste eram as mesmas para todo o estado. O Oeste deixou de receber algumas informações vindas do Rio Grande do Sul através, de jornais impressos como, o Zero Hora , e passa a ter conhecimento do que ocorria no território catarinense. Cria-se então, um vínculo entre Oeste e Litoral. Hove tentativas de criação de referências da cultura, que não deram certo, pois as pessoas achavam que isso não os caracterizava. Um exemplo é a imagem criada do homem do Contestado, o caboclo, que mostrava um trabalhador que lutou por seu espaço. Tentativa que não progrediu. A mídia deveria ter trabalhado mais em relação a esse fato, por mais tempo. Também eram necessárias criações de símbolos, pelos quais as pessoas se identificassem como diz, o historiador Alceu Werlang. A mudança da cultura é algo que demanda tempo, uma ou duas gerações, e para dar certo precisa da aceitação das pessoas.

Marilda e Antônio Figueira são nativistas e preservam a tradição do Rio Grande do Sul.

A cultura gaúcha é muito forte pelo fato de ter sido positivada. Os grandes fazendeiros tinham uma boa relação com seus peões, que eram gaúchos, vistos, como fortões, eram pobres, e analfabetos. Viviam em harmônia, defendiam o patrão e seu latifúndio, mesmo assim, a cultura deixa bem claro, tinham que se por no seu “lugar”. A superioridade do patrão diante de seus subordinados era algo bem visível. Outro fato da cultura que chama a atenção é o papel da prenda, mulher submissa ao homem, revela nesse ponto o machismo, ao mostrar o papel de mulher, executar seus afazeres domésticos, cuidar da casa, dos filhos e do marido.


Não foi somente o Oeste de Santa Catarina que acabou incorporando a cultura gaúcha Os alemães e italianos ao chegarem ao estado, começaram a aderir práticas usadas pelos gaúchos, como é o caso da criação de gado. A cultura riograndense acaba atingindo vários lugares do Brasil, a culinária se espalha por todo o país, no caso o churrasco. O chimarrão que vem da cultura indígena, passou pelo gaúcho, e através dele foi adotado pelos estados mais próximos e junto com os imigrantes foi adicionada a gastronomia alemã e italiana. E com toda essa mistura cultural, a cultura gaucha foi acrescentada, se tornando cada vez mais rica. Alguns autores defendem que, somente a religião tem essa disseminação maior do que o tradicionalismo do Rio Grande do Sul, que é considerado uma das culturas de maior influência no mundo já existente. Isso ocorre porque muitas pessoas adotaram a tradição a sua própria cultura. As criações de CTGs pelo país mostram como é essa cultura, as pessoas passam a gostar e frequentar, e isso ganha cada vez mais força. Os latifúndios foram espalhados pelo país, acrescentados em alguns estados do Brasil os mais destacados foram Paraná, Bahia, Mato Grosso do Sul e Rondônia, esses estados, também reforçam essa cultura. Podese dizer que o oeste catarinense foi colonizado pelos gaúchos. A diferença entre as duas culturas é que, Santa Catarina é uma mistura de culturas onde, à que ainda prevalece é a do Rio Grande do Sul, já no estado gaúcho sua cultura permanece forte e ainda busca se infiltrar nas demais culturas existentes no país. “É importante valorizar às diferentes culturas, e não tornar uma cultura superior a outra, para que não aconteça como o sofrimento dos caboclos, sofreram com muitos preconceitos por um longo período, eles tinham vergonha de sua cultura, por acharem que a cultura do branco era a única certa.

Os reflexos deste momento vivido pelo caboclo é algo presente até hoje”, relata o professor de história, Alceu Werlang. Esse valimento entre as culturas é importante, mas, o essencial é que todas tenham seu espaço dentro da sociedade. O prestigio dos gaúchos sobre os catarinenses do oeste, é tão forte que influencia até mesmo no futebol, incluindo o Grêmio e Internacional. Há uma grande quantidade de pessoas no oeste catarinense que são torcedores aptos a esses times de futebol e muitos se tornam até mesmo fanáticos, mas essa tendência está mudando, pois com o bom desempenho da Chapecoense no campeonato Catarinense, hoje os pais estão incentivando seus filhos desde pequenos a torcer pelo time da cidade onde nasceram. Porém, o gosto pelos times do Rio Grande do Sul, acabam influenciando na fase adulta e novamente imperando a cultura gaúcha na nossa região.E assim a cultura catarinense e gaúcha andam juntas e convictas de que são uma cultura única e tradicional.

Enquete Por que os Catarinenses se identificam tanto com a cultura Gaúcha? Ao realizarmos uma enquete, percebemos que todas as pessoas entrevistadas se identificam mais com a cultura gaúcha, sendo que 90% delas por influências familiares e 10% por gostar das tradições e acharem bonito suas vestimentas. Percebemos também que independente de classe social ou profissão, todos os entrevistados, se identificam mais com as tradições gaúchas que suas próprias tradições Catarinenses. E ao entrevistarmos quase todos faziam a mesma pergunta:Que tradições Catarinenses? Podemos concluir que os Catarinenses se identificam mais com a cultura gaúcha também por não conhecerem ao certo suas próprias tradições.

Experimentus

35


Filhos do Futuro Textos Ana Carolini Fragoso Cristina Gresele Camila Silveira Daniel Paulus Marina Folle


Como a nova geração interage com a tecnologia Criada no interior, há 50 anos atrás, a menina Irene Baudin cresceu com os pés no chão. Não que ela fosse realista ou pouco sonhadora. Assim como qualquer criança, ela brincava, tinha contato com a terra, sabia se divertir com as coisas simples. O único contato que Irene tinha com a tecnologia era o rádio. Aos 10 anos a chegada da televisão à sua casa a marcou como um fato importante em sua história. Hoje, já bem crescida, compara o momento à emoção de ganhar um smartphone ou tablet de última geração. A história dessa menina é bem diferente da realidade de muitas crianças de hoje, que crescem ligadas à tomada através de celulares, tablets, computadores, videogames e tantos outros aparelhos. A tecnologia dominou tantos espaços que nem mesmo a menina que cresceu longe de tudo isso ficou imune. Hoje, Irene, aos 50 anos, dona de um jornal impresso, rendeu-se às tecnologias e não consegue mais viver sem elas. A transição de outras gerações para a atual, de crianças tecnológicas, aconteceu de forma gradual e

veloz. Uma tarefa que pode ser difícil e exigir muito empenho de quem teve que lidar com crianças de diferentes épocas. Essa experiência é vivida pela dona de casa Donotilha Folle dos Santos, 72 anos, que criou seus filhos sem muito acesso à tecnologia e hoje ajuda a educar seus netos, os quais invadiram sua casa com videogames e outros eletrônicos. Donotilha é relata que na infância de seus filhos não tinham acesso à tecnologias, só depois de crescidos puderam comprar uma televisão. Segundo ela, as crianças brincavam nas imediações da casa, viviam correndo, obedeciam aos pais, pois eram eles quem sabiam e compreendiam as coisas. Hoje, na educação de seus netos, percebe grande diferença, gostam de videogames e jogos eletrônicos, questionam mais antes de obedecer, querem saber o das coisas e buscam as respostas de outras formas, muitas vezes a surpreendendo com perguntas complicadas. “Eles sabem tudo. É mais difícil lidar hoje, os meus filhos aceitavam quando se dizia não. Os netos querem saber o porquê, às vezes acham que eles têm a razão, exigem mais dos pais”, afirma. Experimentus

37


Psicologia Tecnológica Segundo a psicóloga mestre em Psicologia da Infância e Juventude, especialista em Terapia Cognitivo Comportamental e professora da Unochapecó, Tatyana Elisan Bonamigo, as tecnologias têm muito a acrescentar ao desenvolvimento de crianças e jovens. Ela não pode ser classificada como boa ou ruim, já que essa classificação dependerá da forma com que a tecnologia será incrementada ao cotidiano das crianças e de sua forma de dosagem. Para algumas mães, criar os filhos em meio a tanta tecnologia pode não ser tarefa fácil, Rosangela Krauspenhar, 39 anos, conhece bem os desafios do dia a dia. Mãe de três filhos em idade adolescente, afirma que a dificuldade é maior quando são crianças, sobretudo porque “atualmente a infância é recheada de iPhones, tablets e celulares”, destaca. Também compara a velocidade das mudanças, explícitas na criação de seus filhos “A infância da Bruna, hoje com 15n anos, foi marcada com muitas leituras, brincadeiras fora de casa, brincadeira de boneca, de escolinha, de acreditar no papai Noel e no coelhinho da páscoa, ela teve uma infância fora da multimídia. Já o Felipe, que está com 10m anos tem acesso à internet, joguinhos, Xbox, celular e ao tablet. ‘’ Rosângela salienta que a tecnologia influencia no orçamento familiar e na relação interpessoal das crianças, ela afirma que “a tecnologia tem sim seus pontos positivos e negativos, ela acaba influenciando financeiramente, pois eles querem sempre estar atualizados. E na individualidade, pois às vezes estão se comunicando pela internet, o bate papo entre os amigos se tornou um vício e eles preferem manter essa amizade virtual”. Para a mãe o diálogo é essencial para desenvolver nos filhos a consciência dos limites no uso das tecnologias. 38

Experimentus

Tecnologia e Redes Sociais O fato “posto, logo existo” existente hoje, também é muito usado com crianças e intervém em suas vidas. Filmagens e fotos de crianças fazendo arte ou simplesmente brincando, circulam pela internet. A exposição tem crescido gradualmente. O ato de postar fotos é extremamente saudável, mas, para Tatyana, não pode interromper o momento, seja ele da criança, jovem, ou mesmo do adulto. A exposição extrema da criança, além de quebrar a barreira de privacidade, pode levar a outros aspectos, como pedofilia e até mesmo sequestro. Não deve-se mostrar toda a rotina da criança, locais que frequenta e interações. Já em jovens, o uso frequente de redes sociais muitas vezes substituem o contato social. Segundo Tatyana, um jovem já propício a transtorno de ansiedade pode aumentar seu quadro ao se relacionar apenas por redes sociais. A tecnologia para os cuidadores pode ser uma forma de descanso. Porém este aspecto pode trazer prejuízos às crianças. Deve haver momentos para tecnologia, mas também momentos de relação social, com a família, amigos e todo o mundo externo a tecnologia vivida. Mal ministrada, a tecnologia pode prejudicar o desenvolvimento e outros fatores da vida da criança. É a falta de limites que faz com que as tecnologias não sejam saudáveis. Assim, dosada e sem excessos, o meio tecnológico tem muito a contribuir para as crianças e seu desenvolvimento.


Tecnologia Gamer

Tecnologia e Crianças

Os jogos podem influenciar na personalidade como toda forma de tecnologia: positiva e negativamente. Para Tatyana, jogos violentos e sanguinários não devem estar ao alcance de crianças muito jovens. A grande questão é se jogos influenciam ou não em atitudes.Tatyana explica que há vários outros aspectos que devem ser analisados: regulação de emoção, moral, costumes e dosagem do tempo de jogo. Aspectos que vão além do jogo explicam a tomada de algumas atitudes, mas o jogo não muda a personalidade do jovem. Segundo a psicóloga Tatyana, por mais que o sistema de ensino mude com muita lentidão, a implantação de tecnologias nas escolas também terá de ser dosada e ministrada pelos cuidadores e educadores. A tecnologia possibilita pouco ou quase nada a capacidade de lidar com a emoção, imprevistos, insegurança e relacionamento interpessoal. Assim, ela deve andar lado a lado com a educação, como um meio de informações exteriores mas não substituindo a leitura de livros, explicações pedagógicas.

Tatyana explica que a tecnologia oferece muito ao desenvolvimento das crianças, já que existem jogos educativos que estimulam a coordenação, o raciocínio lógico, diferenciação de cores, letras, números, e tudo que uma criança necessita para se desenvolver. Entretanto a psicóloga ressalta: “Tudo deve ser muito bem dosado. Quanto mais nova a criança, menos tempo ela deve passar junto a tecnologias”. A psicóloga destaca que nenhuma tecnologia deve substituir o contato social e interação, que são de extrema necessidade para o bom aprendizado da criança em desenvolvimento. Priscila Sander, 29 anos, está no 5º mês de gestação e é mãe de Gabriela Sander Fortes, de 11 anos. Segundo Priscila, sua filha passou a ter contato com computador na escola e quando completou quatro anos de idade compraram um computador. Hoje, Gabriela utiliza diariamente computador, tablet e celular. Sobre o filho que nascerá, Priscila pontua que certamente estará mais exposto à tecnologia .“Tecnologia não deve ser coisa para criança. Criança tem que brincar, ir para a rua, brincar na terra”, destaca Priscila. Para Priscila, quando se trata de educação, as tecnologias quando bem administradas podem ser favoráveis por responder dúvidas e contribuir para novas descobertas: “Eles são muito curiosos, a internet ajuda a aprender muitas coisas”.Para encontrar o equilíbrio entre tecnologia educação, Priscila garante que os pais são determinantes. Priscila conta que, embora tenha medo, há pouco tempo permitiu que a filha participasse de redes sociais, pois segundo ela, torna-se necessário até por uma questão de inclusão. No entanto, a mãe procura acompanhar a filha e suas interações, afim de manter sua segurança. Priscila conta que tem usuário e senha da filha e mesmo que não procure invadir a privacidade dela, mantém-se atenta ao que acontece no mundo virtual que a cerca.

Tecnologia e Educação Escolar Professor de química, Élio Maldaner, 62 anos, atua como docente há 42 anos, conta que no início de sua trajetória o acesso à informação era muito difícil e que “o professor era praticamente a única fonte de informação”. Para ele, o limitado acesso à informação despertava interesse nos alunos: “O aluno vinha para a aula com mais interesse, porque ele sabia que o professor era a grande fonte de informações”. Hoje, o acesso à informação foi facilitado através de tecnologias. Para Elio, elas auxiliam na explicação em sala de aula pois ele já traz certo conhecimento. Porém o professor destaca --“os alunos, algumas vezes perdem muito tempo com a parte social, algo mais trivial. Mas se bem utilizada ela vem contribuir para que tenham conhecimentos mais significativos e mais aprofundados, só depende de cada aluno”.

Experimentus

39



Ascens達o do

Verd達o Textos Alessandra Lara Stefani Specth Rafael Bressan

Experimentus

41


10 de maio de 1973. Data em que desportistas da cidade de Chapecó fundaram a Associação Chapecoense de Futebol. Sua origem é resultado da fusão de antigos clubes da cidade, porém, na época, o futebol amador estava adormecido no município. Desde a sua origem, o clube pôde contar com o apoio de empresários da região e figuras importantes de Chapecó. No mesmo ano de fundação do clube, formouse já a primeira diretoria que ficou constituída pelos seguintes dirigentes: Lotário Immich presidente; Gomercindo L. Putti - vice-presidente; Jair Antunes de Silva - secretário; Altair Zanela - segundo secretário; Alvadir Pelisser - tesoureiro; Paulo Spagnolo - segundo tesoureiro; Vicente Delai - diretor esportivo; e contou ainda com a participação de Jorge Ribeiro (Lili) e Moacir Fredo. Na época, a renda da Chapecoense era baixa e muitos jogadores jogavam somente por amor à camisa. O primeiro jogo do Verdão foi contra o São José de Porto Alegre, no campo do Colégio São Francisco. O time catarinense saiu vitorioso por 1 a 0. Em 1977, a Chapecoense conquistou o primeiro título. Venceu a final do Campeonato Catarinense contra o Avaí por 1 a 0. Com isso, o clube disputou a série A do Campeonato Brasileiro nos anos 1978 e 1979, ficando em 51ª e 93ª colocações, respectivamente. Na época, o campeonato acontecia de forma diferente como atualmente. 42

Experimentus

Aguante Comunicacao/Chapecoense

40 ANOS: Com bravura, muita raça e fervor O time passou anos sem grande campanha. No ano 1996, a Chape voltou a conquistar título. Consagrou-se Bicampeã catarinense vencendo o Joinvile. Porém, após o feito, mais uma crise de títulos. No Campeonato Catarinense de 2001, a equipe ficou na lanterna. Em 2002, disputou uma seletiva contra o time Kindermann, de Caçador, para voltar a elite do futebol de Santa Catarina. A disputa que ficou no empate de 1 a 1 no tempo normal, como também, na prorrogação, favoreceu o time de Chapecó. Em 2003, o clube chapecoense se viu com dívidas irredimíveis. Firmou parceria com o Kindermann. O nome da Associação Chapecoense de Futebol mudou. Passou a ser Associação Chapecoense Kindermann/Mastervet. As dívidas foram quitadas. O clube de Chapecó se reergueu e voltou ao cenário estadual em 2004. No segundo semestre de 2006, o Verdão conquistou a Copa Santa Catarina. A fase não era das melhores, vivendo um novo momento de crise intensa, mesmo desacreditado, conquistou em 2007 o Tri-Campeonato Catarinense vencendo o Criciúma. Já em 2009, a equipe perdeu o título para um time da capital, o Avaí. Em 2010, a Chapecoense disputou a Série D do Campeonato Brasileiro. Na primeira fase, ficou na primeira colocação. Já na segunda, conquistou o terceiro lugar, contudo, ainda conseguiu subir de Série.


Ainda em 2010, o clube de Chapecó foi rebaixado da primeira divisão do campeonato estadual. Porém, o Atlético de Ibirama pediu licenciamento do futebol profissional. Com isso, a Chapecoense permaneceu na primeira divisão. O quarto título estadual veio em 2011 mas, tratando-se de campeonato brasileiro, não fez boa campanha e permaneceu na Série C. A trajetória no estadual de 2012 foi de altos e baixos. Findou o campeonato como terceira colocada. Na Série C do Brasileirão, o Verdão do Oeste superou o ano anterior e conquistou vaga entre os 40 melhores times brasileiros. Neste mesmo ano, participou da Copa do Brasil, assim como já havia participado em 2008. Este ano, disputando a Série B, a equipe comandada pelo técnico Gilmar Dal Pozzo, teve em seu elenco principal o goleiro Nivaldo; os zagueiros Alemão, Dão, Rafael Lima, Fabiano, André Paulino, Tiago Saletti e Breno; laterais Fabinho Gaúcho, Radar e Murilo; volantes Diego Felipe, Glaydson, Augusto, Paulinho Dias e Wanderson; meias Athos, Neném, Dieguinho e Danilinho; atacantes Potita, Soares, Rodrigo Gral, Tiago Luis, Fabinho Alves, Caion e Bruno Rangel. Conquistou um marco histórico entre os 40 anos de sua existência. Chegou à elite do futebol brasileiro. Da Série D, para a C, a B e a A. Associação Chapecoense de Futebol, um clube que fez história no futebol nacional.

Surpreendeu, encantou...SUBIU

Crédito: Gol da Chape

O

s torcedores chapecoenses jamais esquecerão o ano de 2013. Foi neste ano que a Associação Chapecoense de Futebol, ACF, se apresentou para o Brasil e realizou o maior feito dentre seus 40 anos de vida, o acesso à série A do Campeonato Brasileiro. Acesso esse que veio através de uma campanha memorável, apenas por uma rodada não figurou entre os dois primeiros colocados do campeonato e confirmou a subida de série com duas rodadas de antecedência. Aí não teve jeito, a Indiarada enlouqueceu. No início da série B, a desconfiança com o aonde o time poderia chegar, pairava sobre o céu chapecoense. Nem o mais fervoroso e apaixonado torcedor imaginava um final como este. Mas o comandante Gilmar Dal Pozzo, ah o comandante, profetizou. Logo após a perda do titulo catarinense, em casa, para o Criciúma, o treinador deu a seguinte declaração: “Final do ano estaremos aqui chorando, mas de felicidade, porque Deus nos reserva algo ainda. Este grupo merece muito e vamos comemorar”! E assim aconteceu. O caminho foi árduo, mas com partidas que serão lembradas para sempre. Como esquecer a estreia na competição em Varginha – MG, 1.200 km longe de casa. Dia em que os mineiros não viram Etes, mas sim, 11 índios guerreiros sedentos pela vitória, que aplicaram um belo 4 a 1 em cima do BOA Esporte. Ou a dramática virada por 2 a 1, aos 47 do segundo tempo, sobre o Sport, na imponente Ilha do Retiro – PE. Fechando o primeiro turno com um empate diante do Palmeiras, em São Paulo, somando brilhantes 40 pontos. E o que falar da acachapante vitória por 6 a 2 diante do São Caetano. Experimentus

43


O Índio Condá, agora mais conhecido como Arena Condá, pulsou e viu o campeão e, um dia, melhor do mundo, Rivaldo Vítor Borba Ferreira desfilar pelo seu gramado, ainda que por poucos minutos. Mesmo após um grande primeiro turno, o discurso e objetivo dos jogadores e comissão técnica, continuava o mesmo, a busca pelos 45 pontos que livrariam o Verdão do rebaixamento. Muitas cornetas ainda soavam em Chapecó, na maioria das vezes, por pessoas que nem acompanhavam o time. A meta foi alcançada na goleada sobre o São Caetano. A partir daí, o objetivo passou a ser a série A. Os jogos memoráveis, para serem guardados em DVDs, não haviam chegado ao fim. Teve a vitória suada diante do Joinville. Virada de 2 a 1 dentro do alçapão verde e branco, com golaço marcado por Bruno Rangel, aos 43 do segundo tempo. O descontrole foi geral na Arena. Falando de Clássicos e grandes partidas, ainda teve o 2 a 1 contra o Avaí, dentro da Ressacada, em Floripa, que foi uma das melhores partidas do Furacão do Oeste na competição. Como era esperado, o rendimento do segundo turno caiu. No momento decisivo do Brasileirão, a Chapecoense chegou a empilhar seis empates consecutivos. Alguns por peças que o esporte prega e outros por um péssimo futebol apresentado. Mesmo com a vantagem na tabela, a tensão nas arquibancadas era impressionante e passava para dentro de campo. Após o sexto empate consecutivo, dessa vez contra o América de Natal, em Chapecó, parte da torcida não resistiu e vaiou. Vaiou o time de segunda melhor campanha e a poucos pontos do acesso. A sina dos empates teve fim na partida seguinte, contra o Paraná, fora de casa. Uma parada duríssima, pois a equipe paranaense ainda lutava por uma vaga entre os quatro melhores times da série B e com mais um gol decisivo do Rangel, a Chapecoense ficou a um ponto do tão sonhado acesso. Assim como 2013, 16 de novembro também será inesquecível. Chapecó amanheceu nublada, a ansiedade da massa chapecoense parecia afetar 44

Experimentus

até mesmo o clima. O jogo foi morno, tanto a Chapecoense quanto o Bragantino estavam satisfeitos com o empate de 1 a 1. Já nos momentos finais da partida, ao contrario do que se esperava, a torcida estava silenciosa, apenas observando o toque de bola dos zagueiros, que vestiam verde. Pareciam não acreditar no que estavam vivendo, a ficha teimava em não cair. Até que, despertados pela comemoração antecipada do banco de reservas e o foguetório atrás da casa mata, os torcedores do Verdão desentalaram o grito da garganta de, “UH É SÉRIE A, UH É SÉRIE A”. Bastou soar o apito de Antônio Denival de Morais, pela última vez naquela tarde em Chapecó, para que a emoção e alegria tomassem conta das quase 10 mil pessoas presentes na Arena e outras tantas espalhadas pela cidade. A Avenida Getulio Vargas, tornou-se um mar verde e branco, uma festa nunca antes vista, com direito a desfile em caminhão do Corpo de Bombeiros e tudo mais o que tinham direito. É claro que todo o elenco foi importante, mas tem personagens que merecem destaque. Como não exaltar o matador Bruno Rangel que se tornou o maior artilheiro de uma única edição do Brasileirão Série B, com 31 tentos. Nivaldo, goleiro que desde 2006, quando a Chapecoense era um clube sem divisão, defende e honra essa camisa. Athos com suas assistências magistrais e alguns golaços. Rafael Lima, com sua calma e explosão ao mesmo tempo, técnica e garra de um verdadeiro capitão e o Gilmar Dal Pozo, grande maestro dessa orquestra. O futuro de muitos é incerto, mas o lugar no coração de um povo e de uma cidade, já é garantido.

os torcedores do Verdão desentalaram o grito da garganta, “UH É SÉRIE A, UH É SÉRIE A”


ENGRENAGENS DA PATROLA VERDE E BRANCA À

sombra do ônibus verde e branco, de 1982, José Nivaldo Martins Constante e Eduardo Luiz Preuss dão uma pausa nos trabalhos do feriado para um bate-papo descontraído. O primeiro está no clube desde 2006. Chegou a Chapecó quando a Associação Chapecoense de Futebol estava à beira da falência. Prestes a mudar de nome, perder a identidade e, na pior das hipóteses, fechar as portas. “Tava muito feio, feio mesmo. Tanto é que eu cheguei aqui e no outro dia me deu vontade de pegar as malas e voltar pra casa”, admite Nivaldo. Mas o goleiro de todos os acessos estava predestinado a presenciar a reestruturação e a volta por cima do clube. Do título da Copa Santa Catarina, conquistado no segundo semestre do mesmo ano da sua chegada ao time, ao surreal acesso à Série A do Campeonato Brasileiro, confirmado no jogo do dia 16 de Novembro, São Niva ocupou o lugar abaixo do arco e, junto de outros grandes nomes, liderou o Verdão rumo ao inimaginável. O segundo é protagonista de uma peça pregada pelo acaso. Cadu Gaúcho, como é conhecido pela torcida, chegou ao clube em 2008. Fez parte do time que conquistou o segundo lugar do Campeonato Catarinense, em 2009, e em 2010 carregava no braço, sobre o uniforme verde, uma braçadeira amarela. Era o auge da carreira e, naturalmente, havia a esperança de mais alguns anos promissores pela frente. O sonho deu lugar à cautela quando o então capitão do time sofreu uma grave lesão no quadril, que o levou a pendurar as chuteiras. Mas Gaúcho, à época com apenas 29 anos, não queria se afastar dos gramados e, tornando concreta a afirmativa de que, às vezes, algumas coisas dão errado para que outras melhores aconteçam, recebeu do clube um convite para se tornar gerente de futebol. “Fiquei feliz porque continuaria dentro do vestiário,

acompanhando os jogos, participando de todas as viagens”, conta Cadu. A relação entre os dois parece distante, mas ambos foram peças chaves para que um time sem divisão e sem série chegasse à elite do futebol nacional. A receita? Humildade, comprometimento e seriedade. Nivaldo tinha como principal objetivo na carreira levar o clube a disputar a série B. Acabou conseguindo “mais do que a encomenda”. Se entrar em campo no próximo ano com a Chape, para disputar a divisão principal do campeonato nacional, vai ser o único jogador brasileiro a ter participado de todos os acessos do brasileirão pelo mesmo clube. Cadu, que assumiu o seu posto atual “da noite para o dia” concorre com os diretores de clube do Atlético Mineiro, Atlético Paranaense, Cruzeiro e Botafogo na disputa que premia o melhor gerente de futebol do Brasil em 2013. Tudo reflexo de trabalho bem feito. Nivaldo e Cadu foram dois dos muitos que ousaram rir da cara do impossível. Autores indispensáveis dessa história magistral. Fizeram da Arena Condá a sua segunda casa. Da camisa verde e branca a armadura forte e imponente a ser usada em qualquer peleia. Cada uma das críticas e dos momentos ruins foram combustíveis para tamanho sucesso. Deixaram de lado, em vários momentos, a frígida aritmética do futebol e se moveram, unicamente, pelo amor ao escudo que carregavam no peito. Pelo compromisso de honrá-lo à morte. Travaram, em todos os novos 90 minutos, uma batalha entre o heroísmo e o medo. Colocaram o coração “na ponta da chuteira”. Desafiaram e derrubaram a lógica. No tour entre o inferno e o céu, resolveram prolongar a estadia no alto. Passaram de desacreditados a gladiadores. Apresentaram, ao Brasil, esse time bravo e aguerrido: A CHAPECOENSE. A, de série A! Experimentus

45



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.