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ACONTECE PORTUGAL Também chamadas de aldeias, as vilas históricas portuguesas são um sonho.

Foto: Francisco Almeida Dias

Largo da Praça em Marialva

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O charme das vilas históricas portuguesas

Apesar de ser um país de dimensões geográficas pequenas, Portugal tem muita história para contar. Fora do eixo mais conhecido Lisboa – Porto – Braga – Coimbra, estão as vilas históricas que contam, e muito, sobre seus antepassados medievais, a vida e costumes lusitanos e suas tradições. Chamadas de “aldeias” pela população local, são localidades muito charmosas que oferecem, em sua grande maioria, infraestrutura organizada, com pousadas, hospedarias e restaurantes para receber turistas de todo o mundo. É um circuito localizado ao centro do país (distância de cerca de 280km de Porto ou Lisboa). Um trajeto de mais de 900 anos de história que vale cada minuto de visita. A seguir, detalhes sobre algumas delas.

Foto: Pedro Sousa

Uma das mais famosas, Monsanto é conhecida como a aldeia “mais portuguesa de Portugal”, título que recebeu em 1938. Com mais de 750 metros de altitude, a aldeia é hoje um museu vivo da história portuguesa, com suas construções e lajes em granito e guardadas por muralhas que protegeram a localidade das invasões mouras e espanholas. Muito há para se conhecer do patrimônio histórico em Monsanto: as ruínas da capela de São João, das quais resta o arco da entrada que parece emoldurar toda a paisagem, a Igreja da Misericórdia, edificação de raiz românica do século XVI, a Torre de Lucano (ou Torre do Relógio), onde figura uma réplica do Galo de Prata (símbolo do título concedido em 1938), a Capela de São Miguel do século XII ou o Castelo Medieval, do mesmo período, com os seus vários recintos, portas e escadarias.

Trancoso

O centro histórico de Trancoso exala história. Foi terra de fronteira, palco de diversas lutas e batalhas marcantes para a formação e independência do reino. A cintura de muralhas que ainda rodeia a antiga vila medieval, bem como o vasto patrimônio arquitetônico civil e religioso, conferem à aldeia uma imagem única. Localizado no topo de um planalto, de onde se avista um vasto território entre a Serra da Estrela e o vale do Douro, Trancoso desenvolveu-se em torno do seu castelo, fundado nos séculos VIII-IX. Símbolos hebraicos gravados nas pedras das casas são uma atração à parte. Uma curiosidade culinária local são as sardinhas doces – embora cause estranheza em um primeiro momento, apenas sua forma é igual à do peixe tão famoso na gastronomia do país, pois se trata

Almeida - Uma das portas da Praça-Forte

Detalhe da arquitetura de Trancoso

Foto: Paulo Magalhães

Panorâmica da Vila de Piodão

de um doce conventual com recheio de amêndoas, açúcar e ovos.

Piodão

A única aldeia do circuito onde não há um castelo medieval para visitação. Mas nem por isso se torna menos bela ou atrativa. A aldeia estende-se pela encosta escondida nos confins da Serra do Açor e, talvez por esta localização, não tenha sido necessário a construção de fortes como se era costume das épocas medievais. A visita à vila implica uma grande caminhada, pois não há outra forma de percorrer estas ruas estreitas, emolduradas pelas casas de xisto. Uma dica valiosa durante este trajeto é apreciar as charmosas e bucólicas portas e janelas azuis muito comuns nas construções locais.

Marialva

A vila foi uma importante praça militar na Idade Média. É um cenário que revela uma das relíquias vivas da ancestralidade portuguesa e transporta o visitante às raízes mais profundas da história do país. É constituída por três núcleos distintos: a Cidadela no interior do Castelo Rodrigo, agora despovoada; o Arrabalde que prolonga a Vila para além da zona amuralhada; e a Devesa, situada a sul da cidadela, que se estende pela planície até à ribeira de Marialva, e assenta sobre a antiga cidade romana. Um dos destaques é a ruína da antiga Câmara Municipal, localizada no Largo da Praça, que representa bem a tipologia arquitetônica utilizada na construção dos paços municipais. Na fachada principal, ainda há um escudo com as Armas de Portugal.

Linhares da Beira

A vila de Linhares da Beira fica localizada na Serra da Estrela. Embora seja uma aldeia medieval do século XII, possui uma diversidade arquitetônica e artística ímpar, fruto do legado de várias épocas. Nesta aldeia, destaca-se o castelo erguido em um planalto com cerca de 820 metros de altitude, ponto de vigia sobre o horizonte. Outro grande destaque é a igreja matriz de origem românica, um templo dedicado a Santa Maria, que guarda três valiosas tábuas atribuídas a Grão Vasco, importante pintor quinhentista.

Almeida

O maior destaque da vila de Almeida é seu forte: as muralhas, vistas de cima, formam uma estrela de doze pontas, que podem ser percorridas de um extremo ao outro. Esta sólida estrutura defensiva foi construída no século XVII, a fim de selar e proteger a fronteira do país. A sua característica como praça-forte marcou também o próprio urbanismo da vila, com quarteirões destinados a alojar os militares, como o caso do antigo quartel de Cavalaria, o Quartel das Esquadras (datados de 1762), e a célebre Casa da Roda - instituição criada por Pina Manique em 1783, para acolhimento de crianças. Uma curiosidade: durante a Guerra dos Sete Anos (1756-1763) Almeida voltou à posse de Espanha e só foi restituída ao domínio Português ao final da batalha.

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