ESPELHO MEU EDIÇÃO 1 • ANO 1 • JUNHO - 2017
Autoestima, força e liberdade para todas as mulheres
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Editorial
ulher, um ser independente e que necessita ser notado assim. E é essa temática que a Espelho Meu quer discutir com você. Queremos debater sobre a subjetividade da mulher, refletindo acerca da sua profundidade. A primeira edição da revista Espelho Meu traz como tema principal a valorização da mulher. Logo na matéria de capa, são apresentadas quatro mulheres fortes e que lutam pelo direito de ser livres em suas escolhas: Bruna, Daniele, Bárbara e Sara são representantes do grito entalado na garganta das mulheres, e é se arriscando diariamente que elas desejam que, a cada dia, mais e mais mulheres se arrisquem também. Os leitores terão pautas voltadas para a saúde, o fortalecimento da autoestima e a valorização cultural. Encontrarão também uma discussão acerca do batom vermelho e do machismo, através de crônicas. Finalmente, poderão ler um artigo de opinião que analisa como a mulher é vista na sociedade atual.
EXPEDIENTE Design: AB6 Comunicação 85 3469.5301 Diagramação: Adairton da Costa 85 99430.8318 Orientador (a): Leila Lopes Editor (a): Bruna Rafaela da Costa Revisor: Taturana Comunicação
A Espelho Meu busca incentivar as mulheres a se descobrirem, aceitarem-se e amarem-se da forma que são. Cada mulher é um ser único e individual e, assim como suas belezas, entre elas não devem existir padrões. Esperamos que vocês se identifiquem. Boa leitura!
Tiragem: 04
Bruna Rafaela da Costa Jornalista em formação. Aventureira no mundo do empreendedorismo. Cristã, esposa apaixonada, mãe dos felinos Butters e Stan. Espelho Meu • 3
Sumário
“Você é aquilo que pensa que é” Página - 06
Desconstruindo padrões Página - 17
O que sua alimentação diz sobre você? Página - 28
Benefícios da atividade física Página - 32
4 • Espelho Meu
Editorial
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Autoestima “Você é aquilo que pensa que é”
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Beleza Há beleza em todas nós
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Cabelo Meu cabelo, minhas regras
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Crônica O poder do vermelho
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Artigo de opinião A luta pela liberdade
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Capa Desconstruindo padrões
17
18 20 22 24
• Bruna Forte, morena tropicana • Daniele Rodrigues, princesa da desconstrução • Bárbara Freire, liberdade de ser • Sara Melo, singularidade de cada ser
Crônica Parece que ninguém se importa
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Estilo de vida O que sua alimentação diz sobre você?
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Economia Saúde com economia
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Estilo de vida Benefícios da atividade física
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Autoestima
“Você é aquilo que pensa que é”
A coaching Lu Carvalho incentiva as mulheres a descobrir o amor próprio. Empoderamento, autoestima e segurança são essenciais.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Por Bruna Rafaela da Costa
G
raduada em publicidade e propaganda e design de moda, pós-graduada em marketing de serviços e comunicação de moda, a coaching Luciana (ou Lu Carvalho) tem o sonho de conseguir, através do seu trabalho, empoderar as mulheres, mostrando-as a beleza existente em cada uma. Especializada em mulheres, Lu teve baixa autoestima na adolescência, até que descobriu a mulher que existe dentro de si, conheceu seu amor
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próprio e decidiu que ajudaria outras mulheres a se descobrirem também. Seu trabalho vai além da combinação de roupas e acessórios que melhor se adequem à personalidade. É um exercício interno, psicológico, a partir do qual a mulher entende o seu real valor, aprendendo a enxergar fora dos padrões da sociedade e passando a se ver como ser individual, que possui sua beleza única. A revista Espelho Meu conversou com Luciana. Conheça mais sobre
Autoestima
sua história e como a coaching ajuda as com elas mesmas, independente do peso ou mulheres a se tornarem mais seguras. altura. A gente já é linda do jeitinho que é, só precisamos descobrir isso para brilhar Por que você se tornou coach e consul- muito mais. tora de estilo? O padrão de beleza imposto pela soDescobri que o que me faz feliz é empoderar mulheres e ajudá-las a expressarem a sua personalidade, através de roupas e acessórios, despertando seu brilho interior e estilo único.
ciedade é cruel, pois exclui um grande número de mulheres, que acabam se sentindo inferiores e desvalorizadas. Como fazer com que a mulher enxergue sua beleza?
Quem é a Luciana Carvalho e qual seu A primeira coisa é não aceitar esse padrão que a sociedade impõe e deixar de sermos sonho? tão críticas com nós mesmas. Se cada ser Uma mulher que deseja ver as mulheres humano é único, para que se comparar aos se sentindo mais lindas e empoderadas, outros? Temos que aprender a valorizar a livres de tabus e padrões de beleza pré-es- autenticidade e ser feliz do nosso jeito. Tetabelecidos. Meu sonho é atender, na forma mos que parar de condicionar a felicidade consultoria, coach, cursos ou palestras, de. Não existe “eu vou ser bonita quando mais de mil mulheres até o final de 2017, eu perder x quilos, eu vou me sentir feliz para poder propagar a mensagem de em- quando eu...”. poderamento, de que cada mulher pode ser livre de padrões, ser linda à sua maneira. Por que trabalhar ajudando mulheres? Eu já passei por situações que as mulheres enfrentam no dia a dia. Tive uma adolescência marcada por baixa autoestima, por querer me encaixar em um padrão e achar que eu precisava consumir muito para estar na moda e “ser aceita”. Cheguei a ter dívidas com o cartão. Já estive 12 quilos acima do peso que tenho hoje. Tinha dificuldade de me arrumar, de me sentir bonita. Tinha pensamentos negativos sobre mim o tempo todo. Então, a partir do momento em que fui me conhecendo melhor, que busquei o autoconhecimento e o autoamor, encontrei um novo caminho. Fui percebendo que eu podia fazer diferente e podia ajudar as mulheres ao meu redor a se sentirem bem Espelho Meu • 7
Autoestima
Até que ponto os pensamentos negativos podem afetar a autoestima da mulher e como sair dessa situação? Uma relação negativa consigo mesma é a pior relação que se pode ter, porque ela vai acabar refletindo para outras áreas da vida. Você vai acabar achando que merece ser maltratada por outras pessoas, afinal, você mesma se maltrata. Você passa a acreditar que não merece ser feliz, que não merece o emprego, o aumento, ou o que seja, e passa a se autossabotar. Para sair dessa situação, primeiro você precisa querer, identificar seus padrões negativos de pensamentos e mudar a “trilha sonora mental”, substituindo-a por uma trilha positiva. Estabelecer um novo padrão de pensamentos. De que forma as mulheres podem incentivar umas às outras a serem mais seguras de si? Dizendo palavras carinhosas e amigáveis, em vez de procurar defeitos umas nas outras e se colocarem para baixo. Juntas podemos mais e chegaremos mais longe! A moda, a maquiagem e os acessórios são ferramentas que ajudam as mulheres a descobrir a beleza que muitas pensavam não ter, mas é preciso que elas entendam que, independente do uso desses materiais, elas continuam belas. Como fazê-las acreditar nisso? Com as ferramentas do coaching e substituindo os pensamentos negativos por pensamentos positivos, estabelecendo uma nova relação consigo mesma, que também pode ser através da yoga, da meditação e especialmente do autoconhecimento. Como se conquista o amor próprio? 8 • Espelho Meu
Um dos primeiros passos é o autoconhecimento: quanto mais a gente se conhece, mais a gente se ama e se aceita do jeito que se é. Quais as dicas essenciais para a mulher se sentir poderosa? Se amar, se cuidar, se mimar. Toda mulher merece isso. Se conhecer, pois, quanto mais a gente se conhece, mais a gente se ama e se aceita do jeito que se é. Qual o principal ensinamento que você pode passar para a mulher? Sei que parece clichê, mas o maior ensinamento é: se ame, mesmo e muito! Se trate com o amor que você dedica às pessoas próximas a você e se olhe com a mesma compaixão que você olha para seu pai, sua mãe, sua irmã, sua melhor amiga. Você não diz para sua amiga: “Nossa, como você é feia! ”. Então, por que você deveria dizer ou pensar isso de si mesma?
no meu coração grande e na minha capacidade de amar
Natália Aquino, 25 anos, Pet Sitter & Dog Walker
na minha autoestima e alegria Socorro Nogueira, 45 anos, comerciária
Modelo: Sandy Carvalho
Beleza
Há beleza em todas nós Uma mulher que aos 54 anos já passou por inúmeros obstáculos que serviram para lhe fortalecer.
Por Bruna Rafaela da Costa
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ma mulher que, aos 54 anos, já passou por inúmeros obstáculos, que serviram para lhe for-
talecer.
A modernidade atinge as mulheres de todas as idades. Esqueça a imagem que você tem de uma mulher depois dos 50 anos; a vovó não é mais como antigamente. As mulheres maduras estão cuidando cada vez mais da alimentação, do corpo, do psicológico e, como consequência, ainda estão esbanjando beleza. Maitê Proença, Luiza Brunet, Demi Moore, Madonna e muitas outras famosas que já passaram do 50 mostram que a sensualidade e o poder estão mais forte do que nunca. Mas, no anonimato, existe uma mulher madura que, além de possuir uma beleza encantadora, já passou por muitas dificuldades e superou preconceitos. Liduina Rodrigues, 54 anos, servidora pública municipal, é uma mulher que chama a atenção externamente, mas sua beleza também está no seu interior. Criada 10 • Espelho Meu
pelos avós, pois sua mãe tinha uma saúde debilitada, sofreu paralisia infantil com 1 ano de vida, que deixou seu pé esquerdo curvado e a perna com uma espessura mais fina do que a direita. Aos sete anos, fez sua primeira cirurgia para ter estabilidade ao pisar. E em três anos passou por um total de cinco cirurgias, mas isso não a impediu de ter uma infância cheia de brincadeiras e traquinagens. Adorava brincar em cima das árvores e, aos 10 anos, caiu de uma delas e deslocou o quadril. Foi levada ao hospital, onde permaneceu três meses internada e passou por mais uma cirurgia. Por um erro médico, seu quadril nunca foi colocado no lugar e a cirurgia feita foi diagnosticada como irreversível. Após essa fatalidade, passou um ano acamada, sem andar. Devido a todos esses acontecimentos, sua vida escolar foi interrompida e, somente aos 15 anos, pôde retornar. Por estar bastante
Beleza
atrasada, fez um supletivo da 1ª à 4ª série. Após isso, deu continuidade aos estudos regularmente. Concluiu o ensino médio aos 23 anos.
Sonhadora, Liduina sempre lutou por seus objetivos. Aos 25, fez um curso de auxiliar de enfermagem e iniciou sua vida profissional no Hospital da Polícia. Com 30 anos, decidiu fazer um concurso público para o Hospital Distrital Maria José Barroso de Oliveira, ou, como é popularmente conhecido, Frotinha da Parangaba. Foi aprovada e está lá há 24 anos. Em 2012, foi para o Hospital e Maternidade Dra. Zilda Arns Neumann, ou Hospital da Mulher. Hoje, atua nos dois hospitais. Os obstáculos não pararam por aí. Com 31 anos, teve sua única filha. Foi mãe solteira e, mesmo morando em uma quitinete e com uma carga horária pesada de trabalho, sempre lutou para dar o melhor para ela. Com dificuldade, pagou colégio particular e hoje colhe os frutos, ao vê-la quase formada em jornalismo. “Os contratempos existiram e, a cada momento, virão outros, mas eu não me abato, continuo firme
FOTO: ADAIRTON DA COSTA
Por ter uma deficiência na perna, os comentários maldosos sempre existiram e não apenas de pessoas de fora, mas também na própria família. “As pessoas me chamavam de aleijadinha, perna fina, a mulher que puxa a perna”, conta. Mas isso nunca a incomodou. “Eu tinha coisas mais importantes para pensar, me preocupava com meu futuro”.
e forte. Cursar o nível superior é um sonho que nunca pude realizar, mas consegui realizar o da minha filha”, orgulha-se. Há nove anos, conquistou a esperada casa própria. Engana-se quem pensa que, com todas essas adversidades, Liduina deixou de se cuidar. Sempre vaidosa, não sai de casa sem um batom, perfume, brincos e o cabelo arrumado. Gosta de estar bem vestida e customizar as próprias roupas. Segura de si, sabe que é bonita e não há ninguém que fará com que pense o contrário. Foram tantas as dificuldades, mas o seu sorriso anda sempre estampado, e parece que as rosas também sempret existiram. O tempo passa e a forma bela como vê a vida apenas cresce. Espelho Meu • 11
Cabelo
Meu cabelo, minhas regras Os cabelos cacheados estão em alta. Ao invés de alisar as mulheres querem é valorizar e cuidar dos seus cachos.
Por Bruna Rafaela da Costa
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aceitação da cultura e naturalidade da mulher está em alta. Se há alguns anos a ditadura da beleza evidenciava apenas o cabelo liso, hoje existe espaço para todas as formas, tons e volumes.
empoderamento feminino, que diz que a mulher deve se aceitar como é. “Até que enfim a mídia conseguiu entender que há beleza nos cachos”, fala Mamede.
E a ascensão das divas cacheadas ajudam, pois, muitas A cabeleireimeninas passaram a ra Carol Mamede, ester referências de bepecialista em cabelos leza com um padrão cacheados, conta que, diferente. Beyoncé, atualmente, existe Alicia Keys, Taís AraúA especialistas em cachos Carol Mamede. uma crescente procura jo, Juliana Alves, Shedas mulheres que antigamente alisa- ron Menezes e muitas outras famosas vam seu cabelo e que hoje desejam re- inspiram e fortificam a importância e o tornar ao natural, através da transição orgulho da cultura negra. capilar. Além disso, ela recebe mulheA universitária Dalila Miranda res que não cuidavam do seu cabelo, passou pela transição capilar e conta por não haver variedades de opções de que é uma fase complicada. Desde os cuidados no mercado. 12 anos alisando os cabelos, a vontade Segundo Carol, a mídia sem- de mudar veio porque viu seus fios fipre evidenciou que cabelo bonito é carem cada vez mais fracos, enquanto cabelo liso, e muitas mulheres com ca- ela tinha se tornado escrava do salão, belos cacheados se sujeitavam e ainda gastando R$ 300,00 a cada procedimense sujeitam ao alisamento capilar para to de alisar. “Nos meses em que passei se adequar ao padrão. Felizmente, na pela transição, minha autoestima escontramão, cresce há algum tempo o tava super lá embaixo. Porém, quando 12 • Espelho Meu
Cabelo
cortei toda a parte lisa e notei os meus cachos, fiquei super feliz por ter passado por tudo, e hoje amo meu cabelo do jeito que ele é”, conta. Além da dificuldade do momento da transição e dos olhares negativos, muitas pessoas criticaram a escolha da jovem e a questionaram por que não voltar a alisar. Entretanto, com orgulho, a estudante seguiu firme e não desistiu. “Foi um pouco difícil lidar com os olhares e as opiniões alheias, mas hoje já não ligo para isso”, comenta. E não liga mesmo: a futura comunicóloga se sente mais segura e feliz com seu cabelo natural, e diz que se liber- a sociedade quer. “Liberte-se dessa tou de si própria. sociedade ‘maluca’ que quer te ver do jeitinho que eles acham certo. Busque Dalila deseja contar sua histósua forma de se sentir bem, bonita, seria a outras mulheres, para incentivágura e feliz!” -las a valorizar seus cachos. A jovem sonha em ver as mulheres livres da É, as cacheadas estão se opressão, da obrigação de ser do que redescobrindo e conquistando seu espaço de beleza. “Eu acho simplesmente fantástico!”, alegra-se Carol. É possível cuidar dos cabelos, em vez de enchê-los de química, e um cabelo cacheado bem tratado pode ser tão ou mais bonito e sensual que um liso. Quando os profissionais entenderem isso, muitas cacheadas também serão mais felizes.
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Crônica
O poder do vermelho Por Sara Melo
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hega a noite. Faço meus pés encontrarem meu par de sapatos altos e movimento-os até que se encaixem. Estou quase pronta. Quase.
Ainda é hora de vestir algo. Solto um sorriso quase malicioso enquanto me encaro no espelho, imaginando que não poderia esquecer o que ainda falta. A estrela da noite. Meu batom vermelho! Aquele que, ao passar cuidadosamente em meus lábios, desperta o lado mais vital da minha alma. Com ele, me sinto preparada. Não sei para o quê exatamente, mas em sua companhia sempre tenho a certeza que viverei uma noite inesquecível. Um pequeno objeto que me dá cor e que, ao me colorir, me faz pensar qual a próxima aventura. Me sinto revestida por um escudo, protegida de qualquer um desses amores doloridos e machucados. É como sentir a ausência de medo no meu corpo, a audácia e a coragem de uma leoa passam a se encontrar em mim. Faço dele um amuleto, um remédio para a tristeza, o antídoto da minha infelicidade. Sempre desejei que todas as mulheres do mundo tivessem como viver essa sensação. É como poder, prazer, é como ter asas e apontar para onde quer voar. Quando a tristeza inevitável chega até mim, basta escorregá-lo nos meus lábios que se recolhem as lágrimas e me desmancho em sorriso, leve, solto, despretensioso e vermelho. Que seja um batom, um cabelo jogado para o lado, um sorriso de canto, uma postura ereta ou uma tímida mordida no lábio. Não importa. A mulher se veste, se cobre de seja qual for o artifício e o poder que ele traz, ganhando a segurança como um sentimento fiel. Sinto-me assim, segura. É chegada a hora. Meus lábios se vestem de vermelho e junto com a noite me dizem: - Vem!
na forma como me enxergo Erica Jeani Costa, 19 anos, estudante de Física
no meu coração em Deus que me faz alguém melhor. Adriana Lucas, 25 anos, estudante
Modelo: Raquel Celeste
Artigo de opinião
A luta pela liberdade
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luta feminista voltou com força, as mulheres decidiram entonar suas vozes, arregaçar as mangas e ocupar o seu lugar de direito, ao lado do homem, não maior e muito menos menor, mas igual. Porém, ironicamente o maior obstáculo da mulher é a própria mulher.
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Engana-se quem pensa que os pensamentos e as práticas machistas são exclusividade dos homens, inúmeras mulheres também são machistas e o pior, existe algumas que se orgulham disto. Várias mulheres ou são indiferentes ou discordam da luta por igualdade de gênero e essa falta de unificação, inevitavelmente, enfraquece o movimento feminista. É inegável que dentro da luta existem pessoas com pensamentos extremistas, em todos os grupos da sociedade há seres humanos para atrapalhar, a chamada maça podre. Mas a potencialização que é feito em relação as mulheres que possuem esses ideais extremos é desleal, muitos chegam a pensam que feminismo é o oposto de machismo. É necessário então esclarecer o significado de cada termo, machismo é um comportamento expresso por pessoas que acreditam que deve existir uma superioridade masculina em relação a feminina. Já o feminismo é a luta para que todo ser humano, independente de gênero, seja visto e tratado de forma igualitária na sociedade. Esta igualdade vai muito além do âmbito profissional, é igualdade na liberdade, no direito de ser e agir como bem entender, sem que isso prejudique a sua imagem e a desqualifique como pessoa. Exemplos simples e comuns do dia a dia mostram como essa liberdade é unilateral, pertencente apenas ao homem: Um rapaz que fica com várias mulheres em uma balada é enaltecido, a mulher que pratica o mesmo ato é desmoralizada. Sair sem camisa na rua é visto como algo normal, se praticado por homens, já mulher que usa vestimentas curtas e/ ou decotada é julgada. Através de seus comportamentos a mulher é dividida em dois grupos: as ideais para casar, que são as famosas “belas, recatadas e do lar” e as para ‘pegar’, vistas como muitas vezes como vadias. Solitária, a mulher luta pela sua liberdade, pelo direito de ter seu espaço reconhecido. Sendo julgada e apontada por outras mulheres, mas segue firme, segue forte.
Raquel Gomes, 39, pedagoga 16 • Espelho Meu
Desconstruindo padrões Por Bruna Rafaela da Costa
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sociedade é cercada de padrões. Existem traços, cabelos, corpos, gostos e comportamentos que dividem a mulher em dois grupos: bonita e feia. A Espelho Meu realizou uma pesquisa online nas redes sociais, voltada apenas para o público feminino, com intuito de sondar como está a autoestima feminina. Obtivemos 591 respostas. Dentre estas, 42,2% disseram que precisam ouvir um elogio para se sentirem bem. 79,4% não se sente inserida no padrão de beleza imposto pela sociedade. As que já mudaram algo na aparência para agradar os outros corresponde a 47%. E 61,3% disseram se importar com a opinião das pessoas em relação a sua aparência. Apesar de todo esse molde de seres humanos, existem mulheres que ousam ser diferentes; que acreditam que cada pessoa possui sua beleza individual, do seu jeito, não existe uma única receita; que desconstroem os padrões; que dizem não existir apenas um tipo de cabelo, corpo e cor de pele bonito; que não existe roupa para cada gênero; que tatuagem é, sim, coisa de mulher; que se apropriam do direito de ser elas, sem se preocupar com os julgamentos da sociedade. E elas querem mostrar que todas as mulheres podem ser livres. Conversamos com quatro mulheres que possuem suas particularidades e lutam diariamente para terem o direito de ser quem elas querem. E ainda desejam conquistar mais, querem incentivar o maior número de mulheres que puderem, a se libertarem da padronização da beleza, fazer com que elas se aceitem e se amem da forma que são.
Espelho Meu • 17
FOTO: ADAIRTON DA COSTA
Bruna Forte, morena tropicana
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orça é sua perfeita definição. É forte para lutar pela liberdade de poder ser quem é. É forte para continuar em pé, apesar das dificuldades, e ainda tirar lições disso. É forte para ser uma base firme que segura as emoções das pessoas que ama. A Bruna é forte, não apenas no sobrenome, mas na sua essência de mulher. O sorriso fácil e aberto é sua marca registrada. Talvez, por isso, seja difícil imaginar o que essa menina mulher, de apenas 22 anos, já passou e ainda passa. Perdeu seus dois pais, o biológico e o padrasto, mas jamais deixou a alegria de viver sair de sua presença. Na verdade, parece que os obstáculos a impulsionam a ser mais firme e decidida. Eclética, simples, gosta de estar rodeada da família e dos amigos e, aonde chega, chama a atenção. Discrição não é para ela. Fala alto, ri alto, brinca alto, a baixaria não a agrada. Mulher cheia de personalidade, com temperamento traduzido em seu nome, ela não aceita os moldes que a sociedade impõe. Sempre com um blusão, short jeans, piercing, tatuagem e uma sandália confortável, ela não admite rótulos; explica que a forma como se veste pode mudar de acordo com seu humor. “Eu me visto com o que me sinto à vontade.
Capa
Eu que faço meu estilo”, deixa claro. Com um jeito brincalhão e pouco feminino, segundo o padrão social, ela já escutou diversas críticas desagradáveis, mas, embora o ser humano possua pontos de fragilidade, os comentários maldosos sobre sua forma de se vestir e seu comportamento não afetam a jovem. “Sei muito bem me sobressair desses comentários chulos, pouco me importa, estou muito bem assim”, ressalta. A vontade de viver sua verdade supera qualquer preconceito. Bruna se assemelha a um pássaro, ama voar, sentir-se livre e estar acima dos problemas sociais. Não que esses deixem de existir, mas nada é motivo para tirar o brilho de seus olhos e a felicidade escancarada no seu sorriso. A força da mulher está cada vez mais presente na sociedade atual, mas ainda assim existem muitas mulheres que se moldam de acordo com a opinião do outro. Bruna é magra, estatura baixa, cabelos pretos, longos e lisos. Teria tudo para ser mais uma mulher angelical, a princesa perfeita no padrão social. Entretanto, os contos de fadas não a encantam, pelo contrário, gosta da rua, do natural e da simplicidade. Em diversas questões identifica-se mais com produtos e comportamentos masculinos, e isso é mais um motivo para as pessoas a olharem com indiferença. “Brinco dizendo que sou quase uma mulher (risos). Não sou delicada, falo gírias e palavrões, muitos dizem que eu deveria ser mais feminina. Eu não quero”, declara.
Dentre todas as suas características, a sensualidade é um ponto sólido. Morena tropicana, eternizada na voz de Alceu Valença, é como gosta de se chamar. A praia é sua segunda casa. Não é tão fácil encontrar mulheres que se sintam tão bem vestindo apenas um biquíni, mas ela ama seu corpo e cada detalhe presente nele. Seu poder se encontra aí, é o amor próprio. “Tenho poder de ser quem eu quero, mas venhamos e convenhamos, acho que ser mulher já é um sinônimo de poder”, declara orgulhosa. Bruna acredita que ver o preconceito nos olhos das pessoas é triste, mas pior que isso é saber que há pessoas que mudam apenas para agradar à sociedade. Contudo, ela crê que é possível se livrar disso e também que cada ser oferece o que tem dentro de si. “Se você vive de preconceito, eu vivo de amor, eu dou o que eu tenho”, enfatiza. E para as mulheres, ela tem uma recomendação especial, de espalhar a verdade e o amor: “seja você, se ame”, aconselha.
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FOTO: ADAIRTON DA COSTA
Daniele Rodrigues, princesa da desconstrução
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uem vê Daniele Rodrigues, ou apenas Dani, andando sorridente pelos corredores da faculdade, nas ruas, com seus cabelos ao vento, inspirando outras meninas a valorizarem seu cabelo, não imagina que esta mesma mulher já foi extremamente insegura. “Eu sempre tive muito medo do que as pessoas iam pensar ao meu respeito, tinha medo do que iam falar”, conta Dani. Aos 31 anos, a futura jornalista tem em seu cabelo o principal símbolo de luta e orgulho em relação à sua cultura. Mas nem sempre foi assim. Durante toda sua vida, existiu entre ela e seus cabelos uma briga. Quando criança, sua mãe o cortava bem curto, para protegê-la dos julgamentos, mas, ainda assim, aos cinco anos, o preconceito a atingiu. “Eu estudava em um colégio e quando foram escolher a princesa para a quadrilha junina, uma professora disse que eu era bonita, mas outra disse que meu cabelo não ficaria bom. Isso para uma criança é muito difícil”. Dos 11 aos 15, a ditadura da beleza a pegou, e o uso da chapinha para alisar cabelo era diário. Natural de São Paulo, quando se mudou para o Ceará, devido ao calor, passou a usar seu cabelo preso. “Eu tinha vergonha, a sociedade impõe que o cabelo bonito é liso, ou então o cacho perfeito, hidratado e o meu não é
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assim, para muitas pessoas meu cabelo era feio”. Em 2015, sua postura mudou. Seus cabelos estavam longos e ela resolveu fazer um procedimento que acabou danificando-os. Por essa razão, Dani teve que cortar cerca de dois palmos das madeixas. Nesse momento, ela resolveu que iria assumir seu cabelo natural, e passou a andar com ele solto. “Você não tem noção do quanto isso foi libertador”, orgulha-se. Além do preconceito que enfrenta em relação aos seus traços culturais, ainda existe mais um, o fato de que ela é uma mulher negra. O Brasil é visto internacionalmente como o país do Carnaval, uma festa de exposição de corpos, principalmente os de mulheres negras. A consequência é inevitável: negra é peito e bunda. “Se você andar na Beira Mar, os gringos te olham de outra forma, como prostituta”, indigna-se. O racismo é algo forte no Brasil, e os números de violência contra a mulher negra não escondem isso. Segundo o “Mapa da Violência 2015 Homicídios de Mulheres no Brasil”, o assassinato a mulheres negras aumentou em 54,2% em 10 anos (entre 2003 e 2013), enquanto o de mulheres brancas diminuiu 9,8% no mesmo período. A médica e fundadora da ONG Criola,
Jurema Werneck, afirma que a sociedade naturaliza a subordinação da mulher negra e não encara isso como um problema. Na verdade, entende como se fosse algo que fizesse parte da paisagem natural do país. Ainda nos dias atuais, os traços culturais das negras são vistos de forma negativa e afetam sua convivência social e também profissional. Alzira Rufino, coordenadora da Casa de Cultura da Mulher Negra, enfatiza que a mulher negra é tratada de forma pejorativa. Por mais que tenham diploma universitário ou mestrado, elas não conseguem emprego devido à cor da pele, ao cabelo, à sua maneira de ser. “Elas não conseguem entrar numa loja no shopping ser receber olhares desconfiados”, declara Alzira. Em meio a tanto preconceito, Dani descobriu sua beleza, aprendeu a amar cada detalhe em seu corpo. Hoje, Daniele é uma menina cheia de sonhos, com uma ternura que não se encontra com facilidade. Mas ela quer mais, quer viver em um mundo em que as mulheres se aceitem, que não se sujeitem a ser o que o outro quer que elas sejam. E ela joga na cara da sociedade que não precisa dela para ser feliz, “não preciso dos padrões, do vazio, não preciso ter o corpo perfeito, preciso das pessoas que eu amo e que elas aceitem quem eu sou”. Espelho Meu • 21
FOTO: ADAIRTON DA COSTA
Bárbara Freire, liberdade de ser
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mulher que preenche todos os padrões: loira, branca, alta e magra. No entanto, agradar à sociedade não é uma das suas prioridades. Bárbara Freire, 20 anos, publicitária, ela é uma metamorfose ambulante; ora usa roupas ditas femininas, ora usa roupas ditas masculinas. Os gêneros definidos não a bloqueiam, mas nem sempre foi assim. Quem via a jovem, não imaginaria que hoje ela seria tão liberta. “Usava muito terninho, tinha um pouco de medo do que as pessoas poderiam falar”, comenta. Mas a influência da sua irmã falou mais alto. A jovem começou a pegar blusas do seu pai, cortar as calças para fazer shorts e gostou. Hoje, ela compra suas próprias peças para montar seus looks sem gênero. Bárbara fala que já se achou feia e tentou mudar para agradar às pessoas, mas notou que, enquanto tentava parecer bonita para os outros, perdia sua essência. “Hoje, gosto muito do que vejo no espelho”. A estudante revela que enxergou sua real beleza quando se tornou mais espontânea e deixou de ser preocupar com a opinião alheia. “A liberdade de ser eu me deixou mais leve e bonita. As pessoas me falam isso”, explica. Junto com essa descoberta, foi
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adquirindo mais confiança e descobriu que o poder feminino está em se sentir bem consigo. “E me acho sensual e poderosa sem maquiagem, com o cabelo desarrumado, de camiseta, short e chinelo”, enfatiza. Nos últimos tempos, tem se falado muito da moda sem gênero. E as grandes marcas estão aderindo a essa nova tendência, como a C&A, que lançou a campanha #DiaDosMisturados, no Dia dos Namorados de 2016. Assim, é possível ver a total descaracterização do gênero nas vestimentas. Peças extremamente femininas como o salto alto sendo usado por homens marca fortemente essa nova era da moda. Jaden Smith, filho do ator Will Smith, é um dos famosos que levantam a bandeira contra a padronização social e a favor da liberdade de escolha. Não apenas na moda, a desconstrução dos padrões está em alta em vários setores: cabelo, comportamento, mercado de trabalho e outros. É possível notar uma movimentação social na busca por mudanças, e os jovens estão fortemente inseridos nisso. Já dizia Luís de Camões: “Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades, muda-se o ser. ”
isso, queria estar sempre impecável e achava que se não estivesse seria julgada por isso”, declara a publicitária. De acordo com Bárbara, a essência é o que faz uma pessoa especial. O externo pode chamar a atenção no primeiro momento, mas a beleza verdadeira está na personalidade, isso é o que importa. “Toda mulher deveria olhar no espelho e dizer: eu me amo. Porque só assim as pessoas vão passar a amá-las também”. Acredita também que toda mulher é incrível e deve haver um respeito quanto à liberdade de escolha, e não uma nova padronização do que é o correto. “Acho que o papel da mulher é SER. Ser o que ela quiser, se quiser ser ‘Barbie’ que seja, se não quiser que não seja”. E acrescenta que o amor vem de dentro para fora, é preciso saber que sempre haverá alguém que nos ame como somos. “Seja livre”, esse é o seu recado para a sociedade.
Apesar das mutações que estão ocorrendo, ainda existe uma pressão para que a mulher seja perfeita. “Existe, sim, e acaba trazendo muitos problemas para a autoestima das mulheres! Quando estava na adolescência, eu sofria muito com Espelho Meu • 23
FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Sara Melo, singularidade de cada ser
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os 22 anos, a jornalista Sara Melo já tem seu plano de vida todo traçado! E parece que o “estar bonita” não tem tanto espaço entre suas prioridades. “Eu foco nos objetivos, nas conquistas, no que quero fazer, nas viagens, nos meus planos”, afirma. A beleza é uma variável que sofreu mutações ao longo dos anos. Durante o período colonial, o belo era um corpo que aparentava saúde, mais rechonchudo e cheio de curvas. Na revolução industrial, com a popularização do espartilho, as cinturas finas eram o desejo das mulheres. No fim da segunda guerra mundial, os quadris largos e seios fartos eram admirados. Nos anos de 1950, a elegância estava em alta e o uso de joias era constante. Em 1960 e 1970, a cultura hippie explodiu, e os cabelos black power, com muito volume, tornaram-se a moda. A década de 1980, por sua vez, foi marcada pelo exagero e extravagância.
E a ditadura da magreza, surgiu quando? Entre 1990 e o início dos anos 2000, veio a padronização da beleza no formato de um corpo magro. As modelos, ícones da moda, eram
Capa
mulheres extremamente magras e com faz questão de não absorver e relevar, ossos expostos, o que ainda persiste na “eu digo ‘tá bom’ e fica tudo bem”, coatualidade, na obsessão por um corpo menta. excessivamente magro. A mídia fortifica esse padrão, a sociedade se segmenA jovem comenta que não há ta e novos preconceitos surgem. Em meio a essa situação, estão as mulheres gordinhas, que parecem não ter direito a serem belas por não se encaixarem em um manequim 38. Mas essa inferiorização tem diminuído, e as mulheres gordinhas estão descobrindo sua beleza e fazendo questão de mostrar à sociedade que não irão se adequar a nenhum padrão de corpo, pois existem várias tipificações do que é bonito. Sara é uma dessas mulheres que faz questão de não querer agradar a outras pessoas. “Preciso ser bonita para quem? Vou ser bonita para mim”, declara. A jornalista conta que sua autoestima é normal, não há uma cobrança pela magreza, pois existe uma boa convivência com as diferenças e com o respeito à singularidade de cada ser. Para ela, a beleza é se sentir bem, estar cercada das pessoas que ama. “Não é clichê dizer que é algo que vem de dentro para fora”, conta. A jornalista conta que é uma mulher segura de quem é e, por mais que existam pessoas que estranhem sua segurança, isso não a afeta. “Cresci num ambiente cheio de amor e de respeito, e isso faz com que eu tenha outra forma de ver as coisas”. Os comentários inconvenientes existem e as pessoas nunca serão perfeitas, então Sara
como fugir dos padrões e que eles são difíceis. “É muito cruel você deixar de se sentir bem e ser o que a sociedade quer”. Por mais que ela tenha que conviver com os padrões, não se deixa escravizar por eles, mas enfatiza que não tem como ser 100% livre. Independente disso, a graduanda aconselha que as mulheres se aceitem, se amem. “Não queiram se encaixar numa forma e nem colocar o outro na sua forma”. Deixar as pessoas serem elas mesmas deixa o mundo mais interessante, pois as pessoas são diferentes e, por mais que nem todos entendam essas diferenças, é necessário que haja respeito. Espelho Meu • 25
Crônica
Parece que ninguém se importa
Por Bruna Rafaela da Costa
E
ra sábado, o relógio marcava 22h13. Amaura se preparava para uma noite de diversão. Apesar de ter apenas 22 anos, era uma jovem independente. Trabalhava desde os 16, aos 20 já tinha seu próprio apartamento. Estava no último período do curso de Direito e um futuro promissor lhe aguardava. Nascida em uma família com costumes conservadores, na qual a mulher é criada para servir e não para ser servida, ela quis ser diferente e encontrou resistência. Então percebeu que ali talvez não fosse o lugar onde conseguiria traçar seu próprio destino. Há dois anos namorava Caio, e o rapaz costumava fazer “piadinhas machistas inocentes”, para as quais ela nunca dera importância. Acreditava serem apenas brincadeiras, mas, naquela noite, descobriria que brincadeiras possuem fundos de verdades. Na festa ela dançava, sorria, bebia, estava tudo dentro dos seus planos. Mas ela bebeu além do seu limite e seu namorado, ainda sóbrio, resolveu levá-la para casa. Amaura estava sem seus sentidos, mas seu namorado não levou em consideração o seu estado físico e mental, e decidiu fazer sexo sem seu consentimento. No dia seguinte, mesmo ainda confusa, ela entendeu o que tinha acontecido e se sentiu violada. Tomada pelo ódio, gritava incansavelmente, acusando Caio de tê-la violentado. Ele ficou confuso, não entendeu sua reação, tentou argumentar, mas Amaura não conseguia escutá-lo. O jovem foi embora desolado, pois verdadeiramente não pensava ter feito algo ruim. Amaura decidiu fazer um boletim de ocorrência, e Caio foi indiciado por estupro. Eles nunca mais tiveram contato. Pela primeira vez, os dois entenderam que o machismo não é um defeito que algumas pessoas possuem, mas algo cruel, que fere e traumatiza as vítimas, embora pareça que ninguém se importa. Os dois seguiram com suas vidas; porém, em suas mentes, revivem esse momento todos os dias. O machismo os marcou, mas será que alguém se importa?
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no meu coração Paulyanne Duarte, 22 anos, jornalista
no meu sorriso
Nayane Tomé de Holanda, 26 anos, estagiária de contabilidade
Modelo: Andreza Rodrigues
Estilo de vida
O que sua alimentação diz sobre você? Uma alimentação balanceada faz bem não apenas ao corpo. O cuidado interno reflete no externo.
Por Bruna Rafaela da Costa
A nutricionista Gleyde Cruz diz que uma boa nutrição não é apenas alimentar-se bem, mas é um estilo de vida adotado de livre e espontânea vontade, pensando no bem próprio e conectando o corpo e a alma. Os benefícios de uma alimentação refletem no corpo e na vida, como: mudança na textura da pele, melhora do aspecto do cabelo, unhas fortalecidas, funcionamento intestinal normalizado, melhora de retenção hídrica, diminuição de medidas e peso. E como consequência de tudo isso, melhora de humor e autoestima. Uma boa alimentação deixa a pessoa mais feliz. Por outro lado, dietas radicais trazem consequências 28 • Espelho Meu
ruins ao corpo, como fraqueza, deficiência de nutrientes, desgaste físico e mental, diminuição das taxas hormonais, responsáveis pelo bom funcionamento de nosso organismo, corpos flácidos (quando fazem as dietas da “moda” sem a menor orientação de um profissional capacitado). Não é interessante querer fazer uma dieta, mas sim aderir a um novo estilo de vida. Na vida da mulher, o nutricionista tem um papel fundamental, e pode ajudar na regularização de distúrbios corporais e impactar na sua vida pessoal. “Nós promovemos a saúde, pois, através de uma alimentação correta e personalizada, conseguimos tratar diversas patologias, como Síndrome do Ovário Micropolicístico (SOP), menopausa, constipação, dentre tantas outras”, detalha Gleyde. No que se refere à estética, melhora a autoestima das mulheres, que muitas vezes não se encaixam nos padrões estabelecidos pela sociedade atual, fazendo com que FOTO: ARQUIVO PESSOAL • CRN 15316
A
frase “Você é o que come” fala não apenas em ter uma boa alimentação, mas nos impactos positivos que isso vai trazer à saúde, estética e à autoestima da mulher.
Estilo de vida
se sintam mal com seus corpos. É importante salientar que uma alimentação saudável é questão de saúde. Das doenças mais visíveis e crescentes, a obesidade se torna cada dia mais comum. Uma pesquisa revelada pelo Ministério da Saúde, em 2015, mostra que 52,5% da população brasileira estão acima do peso, sendo que 17,9% são obesos. Se compararmos com países integrantes do Brics – países emergentes considerados subdesenvolvidos, o Brasil fica em terceiro lugar, atrás da África do Sul, com 65,4% e Rússia, com 59,8%. A China possui 25% da população acima do peso e, a Índia, 11%.
que sua alimentação não era preocupação. Mas sempre teve péssimo funcionamento intestinal, chegando a ficar dias constipada. Então, ao começar o curso de nutrição, percebeu que precisava promover a mudança interna. Afinal, como alguém pode prescrever algo para outra pessoa se nem ela mesma vivia aquilo? Então, a nutricionista passou a adotar novos hábitos alimentardes e de vida, como a prática de exercícios físicos, e sua vida mudou 100%.
Gleyde enfatiza que a mudança de vida é essencial para o ser humano, mas não por dever satisfação à sociedade, para se encaixar em um padrão. Primeiramente, é preciso se aceitar. É necessário ter consciência de que um Todos os grupos de nutrientes corpo magro não é sinônimo de saúde. são importantes. Carboidratos são nos- A nutrição é uma aliada e não deve se sa principal fonte energética, proteínas tornar uma neurose. são reconstrutores musculares e gorduras são nossos isolantes térmicos e a 5 Dicas alimentares que pode maior fonte de energia, em caso de inatransformar sua vida: nição. Não menos importantes, há as vitaminas e sais minerais, responsáveis por várias vias do nosso metabolismo. • Beber água, pelo menos 1,5 a 2 Seu déficit pode provocar diversas litros diariamente. doenças ou disfunções, e seu excesso, • Ingerir mais frutas e verduras, intoxicações. Por isso, a dieta deve ser fonte de fibras e vitaminas e minesempre equilibrada e variada. E a água, rais. o solvente universal, é responsável • Diminuir ingestão de gorduras também pelo bom funcionamento do e açúcar refinado. nosso organismo. • Fazer todas as refeições em am“Somos o que comemos, mas é bientes calmos e sem pressa difícil se ter a consciência disso”. Gley• Procurar um profissional capade costuma dar seu próprio exemplo citado para ajustar todos esses ponde vida. Antes da faculdade, a nutriciotos à rotina de cada um, de acordo nista comia de tudo, era daquelas que com os objetivos. comiam e não engordavam, de modo Espelho Meu • 29
Veja duas receitas saudáveis indicadas pela nutricionista Gleyde Cruz
a de banan Sorvete u em pó com caca lada na conge cacau • 1 Bana mesa de e r b o s r e • 1 Colh l ia de me em pó opa méd s e d r e • 1 Colh ador ou liquidific istêno n o d ns Bater tu anhar co dor até g a s s e c o r p rvete. cia de so
Brigad
eiro de
batata
doce c om cac • 1 Ba au tata do ce peq • 1 Co uena lh • 1 Co er chá de m an lher so breme teiga demer sa de a ara çúcar • 1 Co lher so b pó remes a de ca cau em Cozinh ar as b a todos os ing tatas e amas redien sar. Jun rapida tes e tar m Espera ente até hom levar ao fog r o o podem esfriar e faz geneizar tud er boli o. ser cob nh açúcar e demer rtas por caca as, que ara, ca stanha u em pó, s picad as.
Saúde com economia
Economia
Veja alguns alimentos ricos em vitaminas e fibras, que trarão diversos benefícios para a sua saúde, sem pesar no seu bolso.
• Repolho: Contém antocianinas, que é um poderoso antioxidante. • Alface: Rica em fibras auxilia no funcionamento intestinal, além de possuir minerais como fósforo e cálcio. • Couve: Rico em vitamina K, fortalece a composição de ossos pela presença de osteocalcina, uma proteína que fortalece os ossos.
• Ovos: Beneficia os olhos, pois contém luteína e zeaxantina carotenóides responsável por prevenir degeneração ocular. • Leite: Essencial para ossos e dentes saudáveis, devido á presença de cálcio. • Peito de frango: Excelente para perde de peso devido os seus baixos teores de gordura e calorias, quando compradas á outras carnes.
• Batata doce: Regula níveis de glicose no sangue, pois é rica em fibras, e é um carboidrato complexo, liberando glicose mais lentamente. • Arroz: Rico em vitamina A, do complexo B, contribui para formação de glóbulos vermelhos e estimula regeneração celular. • Mel: Bom para o sono, pois estimula a produção de serotonina, neurotransmissor responsável pela sensação de prazer e bem estar.
• Banana: Ricas em fibras, ajuda no funcio-
namento intestinal. • Goiaba: Excelente fonte de antioxidantes, protege contra o câncer. Possui grande quantidade de vitamina C, combatendo radicais livres. • Laranja: Rica em vitamina A e beta-caroteno, ajuda na proteção ocular.
Estilo de vida
Benefícios da atividade física
Conheça os benefícios da prática de atividade física para a mulher. Encontre a que mais te agrada e aproveite Por Bruna Rafaela da Costa
FOTO: ARQUIVO PESSOAL • CREF 007365
A pesquisa constatou que as mulheres preferem se exercitar na academia ou fazer caminhada. Entre os esportes, os preferidos pela classe feminina são: a dança e o ballet (85%); ginástica rítmica e artística (80,5%); caminhada (65,5%) e academias de ginástica (64,4%). A mulher possui mais frequência, com 32,7%, enquanto o homem costuma ter participação semanal de 22,6%.
A
s mulheres estão cada vez mais preocupadas com a saúde e, em razão disso, a procura por práticas de atividades físicas que as agradem tem crescido. O IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística) revelou que 37,9% da população brasileira, entre 15 anos ou mais, praticam alguma atividade física. Os números são de 2015 e mostram que, do total de pessoas nessa faixa etária, 53,9% eram homens e 46,1%, mulheres.
32 • Espelho Meu
O exercício físico proporciona não só uma melhora na qualidade de vida, mas auxilia no bom funcionamento do sistema musculoesquelético e dos órgãos em geral. Além de cuidar da estética, controla o colesterol, reduz a ansiedade, ajuda na depressão, melhora o humor e a autoestima. A geógrafa Simone Teixeira conta que, após sofrer um acidente e fraturar a clavícula, seu médico recomendou que ela praticasse musculação para fortalecer o músculo da região e diminuir as dores ocasionadas na lesão. “As dores melhoraram muito com a prática de exercícios, me sinto forte e ainda estou cuidando da minha saúde”, diz. Hoje, Simone prática jiu jitsu, musculação e atividade funcional.
Estilo de vida
O preparador físico Bruno Terto diz que é importante você se sentir bem com o seu corpo e procurar sempre manter a saúde. “Quando o psicológico daquela pessoa está bem, o fisiológico funciona bem melhor”, afirma. Bruno explica que o bom resultado da atividade está ligado também a uma boa alimentação. E aconselha as pessoas a procurarem um exercício em que existam identificação e prazer ao praticá-lo. Ressalta também que alimentar-se antes da prática é importante, para
que o aluno não passe mal, e que consumir bastante água durante os exercícios é indispensável. O preparador diz que procura trabalhar com a suas alunas sem que elas se preocupem com a balança, pois o ideal é que, quando se inicia uma atividade esportiva, seja adotado em conjunto um novo estilo de vida, mais saudável; não é apenas uma dieta, mas sim uma nova rotina.
Conheça alguns dos benefícios de praticar atividade física: Melhora da qualidade de vida; Diminuição da gordura corporal; Redução da pressão arterial e melhora do funcionamento cardiovascular; Controle da glicemia e melhora do diabetes; Diminuição do colesterol total e aumento do HDL (colesterol bom);
Melhora da massa óssea, contribuindo na prevenção da osteoporose; Ajuda na regularização do ciclo hormonal, reduz cólicas e sintomas da TPM; Contribui para prevenção da endometriose; Diminui os níveis de estresse; Afeta de forma positiva o desempenho intelectual, o raciocínio, a velocidade de reação, o convívio social.
Fonte: Minha Vida (http://www.minhavida.com.br/saude/materias/11847-beneficios-da-atividade-fisica-na-saude-feminina) Espelho Meu • 33
na minha inteligência Mikaela Brasil, 26 anos, analista de mídias sociais
na minha fé
Nathaly Martins, 23 anos, publicitária
Modelo: Angélica Feitosa
Dicas de filmes girl power Coco antes de Chanel
O mundo conhece a famosa grife Chanel. Porém, poucos sabem a história de sua fundadora. Gabrielle Bonheur Chanel viveu em um orfanato dos 12 aos 18 anos. Seu apelido Coco foi dado por oficiais do exercito, por conta da música “Qui qu’a vu Coco dans l’Trocadéro”, que ela interpretava no cabaré em que trabalhava. Por volta de 1909 conheceu, Arthur Capel, que a ajudou a abrir sua primeira loja de chapéus. Coco revolucionou a moda ao criar a primeira calça feminina. Suas roupas passaram a vestir grandes artistas e as peças começaram a ditar estilo no mundo da moda.
What Happened, Miss Simone?
O documentário produzido pelo Netflix, traz gravações inéditas, imagens raras, diários, cartas e entrevistas de amigos e personalidades artísticas da cantora, pianista e ativista pelos direitos civis dos negros, Nina Simone. O filme traz apresenta a lendária história de uma cantora geniosa e forte. Um dos pontos principais retratado é a luta de Nina Simone contra o racismo. Em razão do seu envolvimento na luta pelos negros cantou no enterro de Martin Luther King.
A hora mais escura
O filme conta a história da agente que encontrou o líder da Al Qaeda, Osama Bin Laden. A agente da CIA, Maya (Jessica Chastain) é quem está por trás dos principais esforços em capturar o terrorista que abalou não só os americanos, mas todo o mundo com o ataque as torres gêmeas, em 11 de setembro de 2001. Após descobrir os interlocutores do líder do grupo terrorista, Maya participa da operação que fez com que os militares americanos invadissem o território paquistanês, com o objetivo de capturar e matar Bin Laden.