"Gente em Acção" nº 57 - Junho 2011 - Suplemento

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SUPLEMENTO || JUNHO JUNHO 2011 2011 SUPLEMENTO

Cinza e cheiro desagradável por identificar preocupam população

Queixas originam estudo A existência de um abaixoassinado com cerca de 400 assinaturas e as vozes que se fizeram ouvir junto da Assembleia Municipal dão conta do agravamento da poluição atmosférica nos últimos dois a três anos e conseguiram que a Câmara Municipal solicitasse ao Departamento de Ciências e Engenharia do Ambiente da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade Nova de Lisboa um estudo de avaliação da qualidade do ar no município, cujos resultados foram apresentados na Assembleia Municipal

de 29 de Abril. O referido estudo aponta o poluente PM10 como responsável pelos únicos valores excedentes registados em dois locais de Ródão, entre 2 a 8 de Março e 25 de Março a 18 de Abril de 2011. Para os restantes poluentes, monóxido de carbono (CO), ozono (O3), dióxido de azoto (NO2) e dióxido de enxofre (SO2), os valores medidos não ultrapassam os limites estipulados pelo Dec.-Lei nº102/2010. As conclusões deste estudo referem ainda que “as emissões das fontes industriais terão tido uma influência decisiva nos valores medidos”. O mesmo poderá ser confirmado num quadro (ver pág. 2) retirado do relatório técnico do Quadro de Referência Ambiental do Plano Regional de Ordenamento do Território – Centro (2005). Este gráfico reporta-se aos dados de 2003 e identifica Vila Velha de Ródão como “zona de actividade industrial considerável” onde se verificam emissões entre 500 e 600 toneladas/ano do poluente PM10. Maria do Carmo Sequeira, Presidente da Câmara, assegura que “em relação ao estudo, e assim que tiver a

sua versão definitiva, a Câmara pretende encaminhá-lo para o Ministério do Ambiente e para a Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro.” Ainda segundo a mesma responsável, “a Câmara não tem capacidade para intervir, são estas entidades que deverão agir.” Contactado pelo “Gente em Acção”, um dos subscritores do abaixo-assinado, Cristiano São Pedro, refere uma grande preocupação com o agravamento do mau cheiro e com as “partículas sólidas pretas” que, de tempos a tempos, cobrem o chão. O mesmo cidadão refere que o objectivo da iniciativa não é pôr em causa a existência de indústria na vila, mas sim saber se estão a ser cumpridas as normas previstas por lei e se os graus de poluição não ultrapassam os limites a partir dos quais a saúde pública é posta em causa. Um inquérito feito pelos alunos promotores deste projecto, aplicado sob anonimato a 58 habitantes da vila, refere que 93% consideram a qualidade do ar que respiram Má (41%) ou Muito Má (52%). Quando

questionados sobre se o ar traz malefícios para a saúde, 74% responde afirmativamente, enquanto 19% manifesta dúvida. Contactado pelos alunos, o gestor de qualidade da CELTEJO, Manuel Gonçalves, refere que “o facto de uma substância química produzir mau cheiro não significa necessariamente que seja prejudicial à saúde,

Este suplemento resulta de um trabalho de projecto desenvolvido pelos alunos do 8º ano da Escola Básica do 2º e 3º Ciclos de Vila Velha de Ródão. Resulta da consciência de cidadania destes jovens e da sua vontade de contribuir para ajudar a esclarecer as preocupações e dúvidas dos habitantes de Vila Ve l h a d e R ó d ã o relativamente às questões ambientais.

E-Mail: gente_vvr@gmail.com

A qualidade do ambiente está cada vez mais no centro das preocupações das populações. Em Vila Velha de Ródão têm-se ouvido algumas vozes de inquietação com a qualidade do ar que se respira. Alguns cidadãos, em nome individual ou colectivo, manifestaram já as suas dúvidas junto de entidades competentes. A população interroga-se sobre uma cinza preta e gordurosa que, por vezes, cobre o chão e todas as atenções se viram para a indústria presente no concelho. Nas ruas, ouvem-se cidadãos criticar o mau cheiro e o fumo, a existência de unidades fabris que arruínam qualquer hipótese de investimento no turismo e a consequente desertificação da região. Contudo, são também os cidadãos que reconhecem a importância das grandes unidades fabris na economia local, na manutenção de postos de trabalho, na fixação da população residente e na sobrevivência de outras empresas que dependem

e prestam serviços às maiores. A CELTEJO assegura a sua preocupação ambiental através da monitorização contínua das emissões gasosas e controle diário dos efluentes líquidos. A AMS – GOMA CAMPS SA. é vista como uma unidade modelo e que desenvolve um “processo limpo” de produção. A CENTROLIVA – INDÚSTRIA E ENERGIA SA., apesar dos contactos efectuados, optou por não prestar esclarecimentos.

foto: Jorge Gouveia

Ambiente: presente e futuro

GENTE EM ACÇÃO

[SUPLEMENTO | REPORTAGEM]


SUPLEMENTO | JUNHO 2011

[SUPLEMENTO | REPORTAGEM]

sobretudo se as concentrações em que surge são baixas”, dando como exemplo os compostos de enxofre, facilmente perceptíveis pelo olfacto humano, mas inofensivos. Rui Berkemeier, fundador e coordenador do Centro de Informação de Resíduos da QUERCUS, refere, a este propósito, que “o mau cheiro quase permanente é originado pelos processos de tratamento da madeira que libertam compostos de enxofre e mercaptanos”.

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Actividade industrial fiscalizada A Comissão de Coordenação e Desenvolvimento Regional do Centro (CCDR-Centro), a Agência Portuguesa do Ambiente (APA) e o Instituto Nacional da Água (INAG) controlam periodicamente as emissões gasosas e efluentes líquidos, fazendo depender do bom funcionamento das unidades fabris a emissão de licenças ambientais. Contudo, a população não tem acesso aos dados resultantes dos processos de controle da qualidade do ar e da água. Apesar do estudo encomendado pela autarquia, segundo Paulo Santos, responsável pelo serviço de Águas, Saneamento e Ambiente, a Câmara Municipal não verifica regularmente “a qualidade do ar na zona, pois não faz parte das suas competências.” O mesmo responsável camarário refere ainda que a autarquia “ não dispõe dos meios técnicos para proceder a essa verificação.” Paulo Santos sublinha, no entanto, a preocupação da Câmara com a qualidade do ar: “Já temos contactado as empresas da região, no sentido de saber se estão a ser cumpridas as re-

gras relativamente às emissões para a atmosfera.” Hugo Oliveira, responsável pelo sector de segurança e ambiente da AMS – GOMA CAMPS, refere que há “algum controle interno, mas não temos meios técnicos para o fazer com muito rigor”. Por isso, as medições são feitas por laboratórios acreditados, que se deslocam periodicamente à empresa para recolha e análise de amostras. O mesmo responsável afirma que há várias razões para a eficácia da AMS no controle da poluição: “por um lado temos um processo mais limpo, por outro temos equipamentos modernos que são sujeitos a verificações e ajustes periódicos. Estes ajustes permitem controlar a queima e torná-la mais eficiente.” No mesmo sentido da população, que parece ilibar a AMS da poluição visível em Vila Velha de Ródão, Hugo Oliveira alerta: “nas empresas em que o equipamento é mais velho, é mais difícil proceder a esse controle. Por outro lado, há empresas cujos processos não são tão limpos.” Também a CELTEJO apresenta o cuidado com o ambiente como um “ponto de honra”, afirmando ser uma empresa com “certificação ambiental”. Desde o início da laboração que a fábrica “possui instalado equipamento para tratamento dos efluentes líquidos e das emissões gasosas, de modo a minimizar o seu impacto no meio ambiente, quer no rio Tejo, quer no meio envolvente.” Segundo Manuel Gonçalves, a CELTEJO tem feito um esforço no “investimento em tecnologias mais eficazes e complementares” para responder às preocupações ambientais, mas também para aumentar a eficácia energética dentro da própria

O que são PM 10? São partículas inaláveis, em suspensão, que provêm de cinzas, fuligem e outras partículas produzidas por combustão. Os efeitos nocivos na saúde humana poderão manifestar-se ao nível do aparelho respiratório e dependem mais do tamanho e grau de toxicidade das partículas, do que da sua concentração. Considera-se limite legalmente permitido a emissão de 50 microgramas por metro cúbico de ar.

Ambiente: presente e futuro foto: António Pequito

GENTE EM ACÇÃO

II

As nuvens de fumo são uma constante na paisagem

empresa, o que a torna economicamente viável.” Fernando Ferreira, professor da EB2/3 de Vila Velha chama a atenção precisamente para a concorrência: “É preciso não esquecer que estas são empresas que produzem riqueza líquida, quer a nível local quer a nível internacional. Estas empresas acrescentam mais-valias a produtos transaccionáveis internacionalmente, concorrendo no mercado global onde há países com um quadro legislativo sem regras ao nível laboral e ao nível ambien-

tal.” Acrescenta ainda que “esta é uma fileira [fileira do papel] que nós dominamos. Portugal é líder na produção e na tecnologia desde a matéria-prima até ao produto final, tanto em termos de estação fabril como em termos tecnológicos.” “Not in my backyard” Quando analisada a questão do custo/benefício, Fernando Ferreira e Hugo Oliveira (AMS GOMA-CAMPS) estão de acordo: “Não poluir é impossível. Na

verdade, o que o Homem tem que fazer é minimizar, controlar o impacto da sua acção sobre o ambiente e, ao mesmo tempo, fazer com que o sistema ecológico consiga recuperar desses impactos”, afirma o responsável pela segurança e ambiente da AMS. “O progresso tem os seus custos. Estas empresas têm que existir, se não fosse aqui seria noutro lado. As pessoas preocupam-se com a poluição quando é à sua porta. Como dizem os ingleses not in my backyard, isto é, não no meu quintal”.


SUPLEMENTO | JUNHO 2011

Envelhecimento e indústria impedem desenvolvimento porque o Estado não tem recursos humanos suficientes para fazer uma fiscalização eficiente. O argumento utilizado é, que não há dinheiro para pagar aos fiscais, mas a realidade é que a fiscalização, quando bem feita, pode pagar-se a si própria trazendo grandes receitas para o Estado através das multas, mas também através dos impostos pagos pelas empresas que cumprem a legislação e que são afectadas diariamente pela concorrência desleal feita por empresas que actuam ilegalmente. Por outro lado, quando os processos vão para tribunal, muitas vezes os infractores acabam por não ser penalizados porque a nossa justiça, infelizmente, ainda funciona muito mal. Partindo do princípio que conhece o concelho de Vila Velha de Ródão e o estudo em curso sobre a qualidade do ar, gostaríamos de saber a sua opinião sobre algumas questões. 4 - Em termos de desenvolvimento sustentável como classifica este concelho? Porquê? É um concelho com grandes desequilíbrios ambientais e sociais. Em primeiro lugar, porque se verifica um grande envelhecimento da população resultado de um mau modelo de desenvolvimento a nível nacional e local que fez com que as populações do interior abandonassem a agricultura, sem que se tivesse compensado com outras alternativas de emprego para manter as populações. Em segundo lugar, pelo modelo de desenvolvimento industrial assente em empresas poluidoras, como a fábrica de celulose, que impedem o desenvolvimento de projectos de turismo ecológico na envolvente do rio Tejo, que ajudariam a criar postos de trabalho, assim como a promover e preservar as riquezas naturais que ainda existem no concelho de Vila Velha e nos concelhos limítrofes. 5 - Como caracteriza o desempenho ambiental deste concelho, a nível

Rui Berkemeier: especialista em resíduos de: Poluição do solo; R.B. - Não tenho informação sobre este parâmetro. Poluição da água; R.B. - O principal curso de água da região, o rio Tejo, apresenta-se poluído, com surgimento no verão de algas indicadoras de poluição orgânica, com origem na fábrica de celulose, mas também proveniente de outras fontes a montante. As linhas de água afluentes do Tejo também apresentam alguma poluição. Poluição do ar; R.B. - É evidente a poluição do ar resultante da fábrica de celulose, nomeadamente através de um mau cheiro quase permanente que é originado pelos processos de tratamento da madeira que libertam compostos de enxofre e mercaptanos. Para além desse aspecto, que limita drasticamente o desenvolvimento ambiental do concelho, verifica-se ainda que existem concentrações elevadas de partículas inaláveis, o que poderá ter origem na queima de resíduos florestais para produção de energia na unidade de biomassa existente em

V.Velha de Ródão. Biodiversidade; R.B. - Apesar dos muitos problemas ambientais existentes no concelho, tais como o pólo industrial ou a monocultura do eucalipto, verifica-se que ainda existe uma significativa biodiversidade na região, fruto principalmente, da existência de um rio com as características do Tejo, para além da existência de escarpas onde várias aves podem nidificar. Um dos problemas para a biodiversidade ao nível do Tejo e suas margens é a existência de uma praga de lagostim de água doce, espécie invasora que é predadora das espécies autóctones. Energias renováveis; R.B. - É importante a existência de uma central de biomassa no concelho, mas era importante um maior desenvolvimento da energia solar. Resíduos sólidos urbanos; R.B. - O concelho de V.V. de Rodão está agora inserido no sistema de gestão de resíduos urbanos da Valnor, que é um dos que melhor funciona no país, pelo que isso é positivo para o concelho.

Em todo o caso é fundamental uma melhoria do processo de recolha selectiva. 6 - Em relação à qualidade do ar, que medidas podem ser tomadas no sentido de ultrapassar os problemas actuais? R.B. - Em relação à poluição provocada pela celulose e pela central de biomassa julgo que será conveniente uma melhoria dos sistemas de tratamento dos gases. 7 - Como podemos, como cidadãos, contribuir para melhorar a qualidade ambiental? R.B. - Os cidadãos têm um papel fundamental na preservação do ambiente, através da sua atitude enquanto consumidores adquirindo produtos mais amigos do ambiente (feitos em materiais reciclados, provenientes de agricultura biológica, mais duradouros, provenientes de comércio justo, etc), poupando água e energia ou participando na recolha selectiva. 8 - Que papel poderá/ deverá caber às escolas neste esforço de melhoria? R.B. - As escolas devem dotarse de recursos informativos para poderem desenvolver projectos concretos na área do ambiente, de forma a envolver os seus alunos. Esses projectos devem, sempre que possível, tentar envolver também os familiares dos alunos para que essas acções cheguem a um público o mais vasto possível. 9 - Que apelo gostaria de deixar aos jovens e suas famílias sobre o tema em questão? A protecção do ambiente é hoje um imperativo de consciência e de sobrevivência, sem o qual a nossa qualidade de vida pode vir a diminuir significativamente. Precisamos de um ambiente saudável para os nossos tempos de lazer, mas também precisamos de uma boa gestão dos recursos naturais para podermos continuar a criar riqueza e bem estar. É pois, imperioso, que todos participem nesta causa comum que é o ambiente.

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1 - Quais os grandes desafios que se colocam às sociedades modernas em matéria ambiental? R.B. - Os principais desafios prendem-se com a boa gestão dos recursos naturais, tais como as matérias primas, as fontes de energia renovável, a biodiversidade, a água ou o solo. 2 - O que podemos ganhar com uma política ambiental responsável? R.B. - Uma política ambiental responsável significa, em primeiro lugar, que os recursos naturais são utilizados pelo homem de uma forma racional, ou seja optimizada, permitindo tirar deles o maior proveito no presente sem comprometer a sua utilização no futuro. 3 - Portugal é um bom exemplo de cumprimento de regras ambientais? R.B. - Portugal tem aspectos de política do ambiente em que tem vindo a recuperar um grande atraso que tinha em relação a outros países europeus, como é o caso dos resíduos ou o tratamento das águas residuais, mas tem outras áreas ambientais em que continua quase tudo por fazer, como é o caso do ordenamento do território. 3.2 - Se Portugal não for um bom exemplo, como se explica essa situação? R.B. - No caso do ordenamento do território, Portugal continua a ser um país em que o financiamento das câmaras municipais está muito dependente das receitas provenientes das obras que se realizarem no concelho. Esta situação leva a que, muitas vezes, se aprovem projectos que têm um impacte ambiental negativo só para se receber na câmara o dinheiro referente às licenças das obras e outras taxas camarárias. 3.3 - Quais as áreas do ambiente em que esse cumprimento levanta maiores dificuldades. Porquê? R.B. - Para além do ordenamento do território, Portugal continua com um sério problema na fiscalização das infracções ambientais cometidas em diversas áreas. O problema surge, por um lado,

fonte: www.cmjornal.xl.pt

Rui Berkemeier, da QUERCUS, especialista em resíduos analisa a situação ambiental de Vila Velha de Ródão.

GENTE EM ACÇÃO

[SUPLEMENTO | ENTREVISTA]

III


GENTE EM ACÇÃO

IV

SUPLEMENTO | JUNHO 2011

[SUPLEMENTO | INQUÉRITO]

Qualidade do O inquérito “Qualidade do ar em Vila Velha de Ródão” foi elaborado com o objectivo de perceber qual a opinião dos habitantes de Vila Velha relativamente à qualidade do ar que respiram e de que forma esta questão condiciona o seu diaa-dia e/ou o desenvolvimento da região. Foi aplicado a 58 pessoas que habitam em Vila Velha de Ródão. Foram contabilizados e validados 58 inquéritos preenchidos sobre anonimato entre os meses de Fevereiro e Abril.

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Um dos objectivos do inquérito é apurar se as queixas relativas à má qualidade do ar constituem a opinião da maioria das pessoas ou se esta questão só incomoda alguns habitantes. Assim, podemos constatar que nenhum dos inquiridos classifica a qualidade do ar como “boa” ou “muito boa”, sendo que uma clara maioria (93%) a aponta como “má” (41%) ou “muito má” (52%). Apenas 7% dos inquiridos a considera “razoável”. À pergunta “De que forma é que a qualidade do ar condiciona o seu dia-a-dia?”, os habitantes questionados afirmam sentir-se incomodados com o mau cheiro (91%), ter dificuldades em arejar as casas (58%), queixam-se da sujidade e/ou do mau cheiro dos seus carros (72%), das

roupas (66%), das varandas e pátios (72%) e mais de metade afirma sentir dificuldades em respirar ou tosse (57%). Na sequência desta queixa, refira-se que todos os inquiridos consideram a possibilidade desta má qualidade do ar poder trazer malefícios à saúde (74%), ainda que alguns demonstrem algumas dúvidas (19%). Quando questionados sobre se alguma vez reclamaram das características do ar na região, observamos que 59% dos inquiridos responde negativamente e 34% afirma já ter reclamado. Os que reclamaram endereçaram as suas queixas a várias entidades: Câmara Municipal (35%), GNR-SEPNA (30%), Ministério do Ambiente (17%), Linha SOS Ambiente

Qualidade do ar % 2 5

Muito MÁ

41% MÁ

e Território (17%) e Centro de Saúde (9%). Para resolver esta situação, um número significativo dos inquiridos confia no Ministério do Ambiente (85%) e na Câmara Municipal (58%). No entanto, (27%) aponta a GNR-SEPNA e (19%) o Centro de Saúde. Apesar da responsabilidade que reconhecem a estas instituições na resolução do problema, os inquiridos admitem a importância e a necessidade da sua intervenção enquanto cidadãos: para além da organização de abaixo-assinados (70%), apontam-se outras formas de participação como reclamar (69%), ou manifestações públicas do seu desagrado (59%). Quando os inquiridos são confrontados com a possibilidade da má qualidade do ar condicionar o desenvolvimento local, uma grande maioria considera que este problema prejudica o turismo (80%), afecta a fixação da população (70%) e contamina os alimentos produzidos pela população (69%). Ainda assim, há algumas pessoas que são de opinião que este é “um mal necessário” (26%).

INQ

UÉR

ar

ITO

Qualidadedoar éprejudicialà saúde

80

%

Sim

20% Talvez

Não

Qualidadedoar edesenvolvimento local Prejudica o turismo Afecta a fixação de população

Contamina alimentos

É um mal necessário

0%

% 9 6

80

%

70%

26%

foto: Rui Espinho


SUPLEMENTO | JUNHO 2011

75

Respiração mais difícil em VVR

8 5

6

21

Vila Velha Ródão Vila de Rei

5

4

1

Vila Velha de Ródão

Vila de Rei

Ocorrências

Casos por mil habitantes

Ocorrências

Casos por mil habitantes

2

1

0

0

DIFICULDADE RESPIRATÓRIA, DISPNEIA

36

10

4

1

RESPIRAÇÃO RUIDOSA

23

7

1

1

264

75

27

8

ESPIRRO / CONGESTÃO NASAL

54

15

5

1

OUTROS SINAIS / SINTOMAS NASAIS

24

7

2

1

SINAIS / SINTOMAS DOS SEIOS PERINASAIS

15

4

1

1

108

31

4

1

28

8

0

0

EXPECTORAÇÃO / MUCOSIDADE ANORMAL

5

1

0

0

OUTROS SINAIS / SINTOMAS DO APARELHO RESPIRATÓRIO

4

1

0

0

INFECÇÃO AGUDA DO APARELHO RESPIRATÓRIO SUPERIOR

90

26

13

4

SINUSITE CRÓNICA / AGUDA

55

16

9

3

AMIGDALITE AGUDA

71

21

35

10

BRONQUITE / BRONQUIOLITE AGUDA

25

8

14

4

BRONQUITE CRÓNICA

73

21

17

5

151

43

88

26

DOENÇA PULMONAR OBSTRUTIVA CRÓNICA

49

14

20

6

ASMA

83

24

19

6

18 277

5 82

DOR ATRIBUÍDA AO APARELHO RESPIRATÓRIO

TOSSE

SINAIS / SINTOMAS DA GARGANTA SINAIS / SINTOMAS DA VOZ

GRIPE

RINITE ALÉRGICA

TOTAIS

63 18 1223 347

E-Mail: gente_vvr@gmail.com

Considerando a proximidade geográfica e em número de habitantes entre os concelhos de Vila de Rei (3354 hab./INE 2008) e Vila Velha de Ródão (3534 hab./ INE 2008), obtivemos os dados de 2010, provenientes do Sistema de Informação da Administração Regional de Saúde (SIARS) relativos a doenças do aparelho respiratório. Numa primeira observação (ver quadro ao lado), verificamos que, em cada mil habitantes, existem mais pessoas afectadas por variadas ocorrências respiratórias em Ródão do que em Vila de Rei. Destacam-se, por exemplo, situações de tosse, que em Ródão afectou 75 habitantes em mil, enquanto em Vila de Rei se registaram apenas 8 casos. Durante o ano de 2010, 31 em cada 1000 habitantes de Vila Velha registaram sintomas ao nível da garganta, enquanto em Vila de Rei esse número desce para 1 em cada 1000. Quando nos reportamos a doenças crónicas, aparece a asma em destaque com um registo de 23/1000 em Vila Velha contra 6/1000 em Vila de Rei, ou a rinite alérgica com 18/1000 em Ródão e apenas 5/1000 em Vila de Rei.

bronquite crónica

26 infecção aguda do ap. respiratório superior

18

sinais / sintomas da garganta

24 asma

tosse

rinite alérgica

31

GENTE EM ACÇÃO

[SUPLEMENTO | SAÚDE]

V


E-Mail: gente_vvr@gmail.com

GENTE EM ACÇÃO

VI

SUPLEMENTO | JUNHO 2011

[SUPLEMENTO | OPINIÃO]

Biodiversidade

Da palavra à acção Graça Passos Professora

A

ssumir responsabilidades pela nossa sobrevivência Pedro Belo 8º A

O pisco-de-peito-ruivo (Erithacus rubecula) é, de acordo com a informação recolhida na wikipedia, “uma pequena ave que se conhece bem pela mancha alaranjada que lhe ornamenta o peito. É uma das aves portuguesas que mais alegra os dias de Inverno, com o seu canto melodioso e persistente”. Alimenta-se, entre outras coisas, de insectos e caracóis, bichinhos com quem não simpatizamos, dada a sua atracção pelos nossos legumes e que nos empenhamos a exterminar das hortas deitando mão aos pesticidas que o mercado simpaticamente nos oferece . Este pisco que está na foto morava em Vila Velha, mesmo ao pé do Monumento Natural das Portas de Ródão, e resolveu , no dia 3 de Fevereiro, passear no Bosque da Achada onde teve um encontro fatal com um costil. Porque é que o mataram? Interrogaram-se os jovens que o encontraram. Porque fazia muito barulho, não deixando as pessoas dormirem? Porque chupava o sangue às galinhas? Porque comia as couves? Porque era venenoso, peçonhento? Porque urinava para os nossos olhos? Porque era feio e nojento? Porque faz alergias? Estas são, evidentemente, respostas aceitáveis para a maioria de nós. E que os nossos jovens provavelmente poderiam aceitar mesmo que depois de alguma discussão. Mas o problema é que, dada a informação disponível (e ainda por cima na Net….), todas estas respostas são absurdas! A Escola e em particular os professores de Ciências Naturais ficam engasgados! O que responder?

Armadilhas humanas vitimam animais indiscriminadamente

Quanto mais se aprofunda o problema mais inexplicável é a situação! A pergunta inicial desmultiplica-se em infindáveis questões! Para além de ser bonito e simpático o pisco não é útil? Comer os insectos e caracóis não é bom para nós (espécie humana)? Então se ele come os animais que comem os nossos legumes, porque é que o matamos com pesticidas que envenenam e poluem as nossas águas, custam dinheiro e têm efeitos prejudiciais para a saúde, como está provado cientificamente? Parece não haver uma resposta que consiga defender o comportamento dos adultos! Para responder a estas questões, temos de assumir a responsabilidade das nossas acções no futuro destes jovens. Vão herdar um planeta com menos espécies, isto é, com menos biodiversidade, portanto menos probabilidade de sobreviver e de garantir a sobrevivência dos seus filhos! Há 30 anos que falo aos alunos sobre a eminência do esgotamento dos recursos naturais num futuro próximo, mas este ano tive o choque de perceber que afinal o que projectava no futuro é já realidade no nosso país. É também o caso da floresta. Aquilo que é designado “floresta” em Portugal é mais próximo de um aviário de

produtos florestais. O subcoberto vegetal é sistematicamente destruído, expondo o solo à erosão e reduzindo drasticamente a complexidade deste ecossistema precioso para a preservação de muitas espécies. Deixamos aos nossos jovens apenas pequenas bolsas dispersas de floresta espalhadas pelo país. O resto foi consumido pela ganância e má gestão da nossa e das gerações que nos precederam. São as florestas que “fabricam” o solo. Poderemos garantir a nossa sobrevivência sem solo? O nosso concelho ainda é muito rico em património biológico e geológico. Será que temos consciência do seu significado para a nossa sobrevivência? Nunca se falou tanto de sustentabilidade, integra os programas de várias disciplinas e, contudo, nunca os jovens estiveram tão afastados da Natureza e nunca se consumiram tantos recursos - a nossa pegada ecológica é a mais alta de sempre! Portugal tem capacidade para que cada cidadão utilize os recursos de 2,1 hectares e estamos a gastar os recursos de 5,1 hectares. É urgente que mudemos de atitude, que liguemos a palavra à acção - mais do que falar é urgente preservar e dispormo-nos a reduzir , de forma significativa, a nossa pegada ecológica.

Durante este ano lectivo estive envolvido, no âmbito da disciplina de Ciências Naturais, no Projecto “Um Bosque Perto de Si”. Este projecto tem sido uma experiência muito interessante, porque nos aproxima da natureza à qual por vezes não estamos muito atentos. Através deste projecto aprendemos a conhecer melhor um espaço natural da nossa vila, o Bosque da Achada e a olhar para ele de outra maneira. Visitámos este local três vezes, recolhemos amostras de plantas e pedras que foram analisadas na sala de aula. A nossa professora é uma apaixonada pela natureza e tenta transmitir essa paixão aos seus alunos. Para a aula, traz muitas vezes insectos e répteis. Alguns alunos arrepi-

am-se, acham-nos nojentos, mas eu acho que o objectivo é aproximar-nos da natureza, ajudar-nos a perceber como é que ela é e funciona para além dos textos e das imagens do manual. Na minha opinião, o ser humano esquece-se que faz parte de um ecossistema, que somos mais um ser vivo entre as muitas espécies que existem… mas somos também o ser vivo com mais responsabilidades na preservação da natureza. Só quando percebermos e assumirmos verdadeiramente essa responsabilidade é que poderemos assegurar a sobrevivência do nosso planeta.

(...) o ser humano esquece-se que faz parte de um ecossistema, que somos mais um ser vivo entre as muitas espécies que existem… mas somos também o ser vivo com mais responsabilidades na preservação da natureza.

“Um Bosque Perto de Si” projecto desenvolvido na EB 2/3 de VV Ródão, no Bosque da Achada, tendo sido distinguido, a nível nacional, com o primeiro prémio da Agência Ciência Viva.


SUPLEMENTO | JUNHO 2011

Portas de Ródão

Jorge Gouveia Associação de Estudos do Alto Tejo

perpetradas através de intervenções no terreno com maquinaria pesada, sem o acompanhamento especializado; os incêndios florestais, devastadores em áreas de terreno acidentado e de difícil acesso, o desrespeito pela legislação e pelas convenções às quais estamos obrigados, a poluição do ar e dos cursos de água, constituem as principais preocupações que incidem sobre os valores naturais e sobre a paisagem. Mas, igualmente, muitas potencialidades podemos ver associadas à riqueza natural e cultural desta região: desde logo as Portas de Ródão e o seu território envolvente poderão constituir um laboratório vivo com potencial para o desenvolvimento de projectos de investigação e de sensibilização ambiental, em áreas como a biologia, geologia, paleontologia e arqueologia. Estas apresentam um valor didáctico para que as escolas, dos diferentes ciclos de ensino, tirem partido do espaço e dos valores existentes, para leccionar e desenvolver conteúdos programáticos que, em contexto de sala de aula, assumem um carácter menos motivador. Toda a região dispõe de locais com um elevado potencial para o turismo de natureza, permitindo o desenvolvimento de actividades de lazer associadas à observação de aves, pedestrianismo, desportos aquáticos e radicais. Este conjunto de variáveis será concretizado se tivermos a capacidade de nos empenhar na conservação e defesa do ambiente e da qualidade de vida que, no século XXI, constituem os verdadeiros objectivos pelos quais as sociedades modernas deverão pugnar.

[OPINIÃO]

livro ermelho

A classificação de áreas geográficas da Rede Natura esteve na origem do Decreto Regulamentar nº 7/2009, de 20 de Maio, que classifica o Monumento Natural das Portas de Ródão como área protegida. A designação visa assegurar a preservação de um conjunto de habitats de elevado interesse conservacionista. Assim, uma área de 965 hectares foi classificada devido às suas características geológicas onde “sobressai a garganta escavada pelo rio Tejo nas cristas quartzíticas da serra do Perdigão, com um estrangulamento de 45m de largura. Nesta área destacam-se ainda formações vegetais naturais (e.g. comunidades reliquiais de zimbro), manchas de matagal mediterrânico e a ocorrência de espécies de aves nidificantes com elevado estatuto de protecção, tais como a Cegonha Preta, a Águia de Bonelli, o Abutre do Egipto, o Bufo Real, o Chasco Preto e o Grifo.”(in Relatório Ambiental, Avaliação Ambiental Estratégica do Plano Regional de Ordenamento do Território para a Região Centro). O Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal, da responsabilidade do Instituto de Conservação da Natureza e Biodiversidade, classifica estas espécies quanto ao grau de ameaça. Chasco-preto (Oenanthe leucura)

Abutre do Egipto (Neophron percnopterus)

Águia de Bonelli (Hieraaetus fasciatus)

criticamente em perigo em perigo

em perigo

Cágado-de-carapaça-estriada (Emys orbicularis) Cegonha Preta (Ciconia nigra)

em perigo vulnerável

vulnerável

Cobra-lisa-europeia (Coronella austriaca)

Gato-Bravo (Felis silvestris)

vulnerável

vulnerável

Morcego-de-Ferradura (Rhinolophus hipposideros)

Bufo Real (Bubo Bubo) quase ameaçado

Grifo (Gyps Fulvus)

Fonte: ilustrações retiradas do Livro Vermelho dos Vertebrados de Portugal

quase ameaçado

E-Mail: gente_vvr@gmail.com

Quarenta anos a trabalhar em prol do conhecimento, valorização e divulgação do património de Ródão e da Beira Interior Sul, constitui o desígnio da Associação de Estudos do Alto Tejo, ONG (Organização NãoGovernamental) do Ambiente criada e sedeada em Vila Velha de Ródão. Sem a exposição pública e mediática de outras ONG do Ambiente, hoje bastante conhecidas, a AEAT, desde a sua origem que acredita no potencial da região e, por isso, faz dos estudos de caracterização o seu principal eixo de acção, inicialmente com trabalhos de arqueologia e antropologia depois, progressivamente, alargando o seu âmbito de acção às áreas do património natural com estudos realizados sobre a avifauna, flora, geologia e geomorfologia. É neste contexto que assumiu a responsabilidade pelo processo de classificação das Portas de Ródão como Monumento Natural. Promover a riqueza e a biodiversidade da região é, mais do que uma intenção, a manifestação do reconhecimento de um potencial que confere ao território uma extraordinária importância. Este conhecimento alargado e fundamentado permite-nos ter a consciência dos principais problemas associados aos recursos naturais: agressões

fonte: A.E.A.T.

Laboratório vivo

GENTE EM ACÇÃO

v

[SUPLEMENTO | ESPECIAL]

VII


SUPLEMENTO | JUNHO 2011

[SUPLEMENTO | ANÁLISE]

foto: Rui Espinho

O Tejo é um rio internacional e, como tal, cada tentativa de controle e averiguação da origem da poluição torna-se um assunto diplomático. Um dos fenómenos que está a tornar-se cada vez mais recorrente é a presença de “azola”, uma alga infestante. “Este é um problema complexo que se deve à soma de vários factores, como a falta de chuva, o aumento da temperatura e a poluição vinda de Espanha, nomeadamente dos milhares de esgotos e da poluição agrícola lançada às águas”, refere Samuel Infante da QUERCUS. O mesmo responsável refere ainda que “este tapete de algas afecta todos os ecossistemas dos rios e a vida que neles existe. Se forem detectadas cianobactérias, pode haver riscos para a saúde pública.” Assume ainda que “o rio, quando entra em Portugal, já vem muito degradado”. Questionada sobre a qualidade das águas do Tejo, Maria do Carmo Sequeira, Presidente da autarquia, confirma a realização de análises periódicas pelo Serviço de Águas, Saneamento e Ambiente e assegura que “não são encontrados problemas significativos”. Sempre que há notícia de alterações na qualidade da água do Tejo, os cidadãos ponderam a influência da indústria presente no concelho. No entanto, não é possível comprovar a responsabilidade destas unidades no fenó-

meno. A AMS-GOMA CAMPS e a CELTEJO despejam efluentes no Tejo, mas asseguram que controlam o processo de clarificação da água, após utilização industrial, nas suas ETAR’S e que os efluentes líquidos são constantemente monitorizados, quer internamente, quer por entidades externas às empresas. Sabemos ainda que a CENTROLIVA faz descargas de efluentes líquidos num afluente do Tejo, o Açafal, que desagua 500m a montante do cais de Vila Velha. Contudo, não nos foi possível obter qualquer declaração por parte da empresa, no sentido de esclarecer as condições em que as descargas são feitas. A 31 de Dezembro de 2010, o “Jornal de Nisa” noticiava um pedido de esclarecimento ao Ministério do Ambiente, da autoria do Bloco de Esquerda. A razão mais directa prendia-se com uma descarga no Tejo observada alguns dias antes, a 3 de Dezembro, junto a Vila Velha de Ródão. Por essa ocasião, a água apareceu “castanha e com espuma espessa branca, provocando a morte de milhares de lagostins e peixes”, refere a mesma fonte. Hugo Sabino,

8º A:

COORDENAÇÃO DO SUPLEMENTO Prof. Anabela Estrela Prof. Cristina Raimundo Prof. Hélder Rodrigues GRAFISMO E PAGINAÇÃO Prof. Luís Costa

Tejo ameaçado

pescador, referia, nessa altura, ter sido testemunha de outras descargas semelhantes anteriores a 3 de Dezembro. António Bernardo, pescador, entrevistado por nós, confirma, mas diz não se sentir afectado, porque só pesca a montante de Vila Velha, já que “o peixe se desloca para zonas menos poluídas”. As declarações de Paulo Mourato, pescador desportivo, vão no mesmo sentido. Confirma ter presenciado várias descargas no Açafal. Para este pescador, quando alguma descarga ocorre, a “água cheira muito mal, fica escura e leitosa”. Segundo o mesmo, a prova da perda da qualidade da água do Açafal é o decréscimo, de ano para ano, do número de peixes que aí fazem desova. A construção de uma barragem agrícola no Açafal terá também contribuído para este problema. Com menos caudal, a poluição concentra-se e os peixes têm maior dificuldade em subir o rio. No entanto,

REDACÇÃO

Ficha técnica Suplemento

E-Mail: gente_vvr@gmail.com

GENTE EM ACÇÃO

VIII

Adriana Correia, Ana Aparício, Ana Nunes, Ana Belo, Bruno Antunes,Carolina Gonçalves, Gonçalo Prates, João Matos, João Silva, Ophelie Filipe, Patrícia Pereira, Pedro Belo, Ricardo Farinha, Vasco Veríssimo

8º B:

Ana Afonso, Ana Bexiga, André Pequito, Beatriz Simões, Beatriz Rodrigues, Daniela Pires, Joana Martins, João Pinto, Mariana Morgado, Paulo Solipa, Rodrigo Martins, Vanessa Nunes

Azola no Tejo, nas Portas de Ródão, em 10 de Setembro de 2009 (11h 27m)

Paulo Mourato, aponta também outros três contribuintes para o mau estado deste afluente do Tejo: “os resíduos que vêm do destroço do bagaço, que é feito na CENTROLIVA; as queijarias que estão a “esgotar” a céu aberto para dentro do Açafal e as lagoas do lagar de Vila Velha que, ou transbordam ou estão rotas.” Este pescador desportivo refere ainda que esta poluição é muito visível no Açafal, mas que se dilui ao chegar ao Tejo. Na sua opinião, “os maiores focos de poluição do Tejo vêm de Espanha: os esgotos de Madrid,

COLABORADORES: Prof. Ana Margarida Lima António Pequito Prof. Fernanda Pires Prof. Fernando Ferreira Prof. Jorge Gouveia Prof. Graça Passos Rui Espinho IMPRESSÃO: Jornal RECONQUISTA - Castelo Branco E-MAIL - gente_vvr@gmail.com NA INTERNET - www.anossaescola.com/rodao SUPLEMENTO ELABORADO A PARTIR DOS TRABALHOS REALIZADOS PELOS ALUNOS EM ÁREA PROJECTO

as barragens e também, algo de que as pessoas se esquecem, a Central Nuclear de Almaraz” (Cáceres), a cerca de 100 Kms da fronteira com Portugal. Como que a confirmar estas declarações, o “Público” noticiava a 26 de Fevereiro de 2010 uma “espessa espuma branca” que cobrira vários quilómetros de rio a montante de Vila Velha. Na altura, pareceu apurar-se a responsabilidade da barragem de Cedillo (Espanha), enquanto o SEPNA, a unidade de ambiente da GNR, concluia “não [haver] situação que leve ao levantamento de qualquer contra-ordenação, nem [haver] crime ambiental”, referem o “Reconquista” e o “Diário Digital” (26-02-2010). O episódio pareceu não ter responsabilidade criminal, mas Samuel Infante da QUERCUS lança o alerta: “infelizmente há muitas indústrias que aproveitam dias de chuva e descargas de barragens para fazer as suas próprias descargas, a fim de reduzir as hipóteses de serem detectadas.”


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