ISSN 1679-0189
o jornal batista – domingo, 09/03/14
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Órgão Oficial da Convenção Batista Brasileira
Fundado em 1901
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Ano CXIV Edição 10 Domingo, 09.03.2014 R$ 3,20
Dia de celebrar a sensibilidade feminina
Na comemoração do Dia Internacional da Mulher, O Jornal Batista traz em toda sua edição páginas que contam a trajetória da mulher na história da denominação batista, bem como ressalta sua adorável sensibilidade. Conheçam histórias que marcaram a sociedade.
Ex-muçulmano evangeliza muçulmanos Leia na página 11 os desafios do Pr. Adulai Baldé, que juntamente com sua família e demais irmãos da congregação em Gabu, Guiné-Bissau, louvam a Deus pelas vitórias e oram pelos obstáculos existentes na evangelização de muçulmanos.
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reflexão
EDITORIAL O JORNAL BATISTA Órgão oficial da Convenção Batista Brasileira. Semanário Confessional, doutrinário, inspirativo e noticioso. Fundado em 10.01.1901 INPI: 006335527 | ISSN: 1679-0189 PUBLICAÇÃO DO CONSELHO GERAL DA CBB FUNDADOR W.E. Entzminger PRESIDENTE Luiz Roberto Silvado DIRETOR GERAL Sócrates Oliveira de Souza SECRETÁRIA DE REDAÇÃO Arina Paiva (Reg. Profissional - MTB 30756 - RJ) CONSELHO EDITORIAL Celso Aloisio Santos Barbosa Francisco Bonato Pereira Guilherme Gimenez Othon Avila Sandra Natividade EMAILs Anúncios: jornalbatista@batistas.com Colaborações: editor@batistas.com Assinaturas: assinaturaojb@batistas.com REDAÇÃO E CORRESPONDÊNCIA Caixa Postal 13334 CEP 20270-972 Rio de Janeiro - RJ Tel/Fax: (21) 2157-5557 Fax: (21) 2157-5560 Site: www.ojornalbatista.com.br A direção é responsável, perante a lei, por todos os textos publicados. Perante a denominação batista, as colaborações assinadas são de responsabilidade de seus autores e não representam, necessariamente, a opinião do Jornal. DIRETORES HISTÓRICOS W.E. Entzminger, fundador (1901 a 1919); A.B. Detter (1904 e 1907); S.L. Watson (1920 a 1925); Theodoro Rodrigues Teixeira (1925 a 1940); Moisés Silveira (1940 a 1946); Almir Gonçalves (1946 a 1964); José dos Reis Pereira (1964 a 1988); Nilson Dimarzio (1988 a 1995) e Salovi Bernardo (1995 a 2002) INTERINOS HISTÓRICOS Zacarias Taylor (1904); A.L. Dunstan (1907); Salomão Ginsburg (1913 a 1914); L.T. Hites (1921 a 1922); e A.B. Christie (1923). ARTE: Oliverartelucas IMPRESSÃO: Jornal do Commércio
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essa data lembramos sempre de parabenizar a mulher pela conquista de espaço, de pronto há um retrô ao fatídico 8 de março de 1857, uma história de domínio público sobre as tecelãs da fábrica têxtil lá em Nova York, um holocausto. O tempo passa e numa Conferência na Dinamarca em 1910 ocorreu à decisão de instituir o dia 8 de março como Dia Internacional da Mulher. O tempo segue o seu curso e em 1975 um decreto da Organização das Nações Unidas oficializa a data que entrou na agenda internacional dos executivos e em particular da mulher, como reconhecimento pelo trabalho que o seguimento feminino desenvolve em várias áreas do conhecimento. Em nossa pátria a década de 1930 marcou o calendário, 24 de fevereiro de 1932, data jamais esquecida, a instituição do voto feminino tanto no executivo quanto no legislativo, uma grande conquista abertura inquestionável na política. A mulher faz jus as homenagens que lhe prestam, ela é a maestrina dos instrumentos diários na administração do lar, trabalho secular, escola, filantropia e o que mais aparecer. A mulher tem se destacado na literatura, nas casas legislativas, no executivo e judiciário. Em nossos arraiais ela se destaca nessas áreas e na liderança das organizações, nas missões nacionais, transculturais e no ministério pastoral. Quando me reporto ao trabalho de mulheres
aguerridas não posso deixar de mencionar Zênia Birzniek, nascida na Letônia, missionária do campo sergipano, já de saudosa memória. Recentemente o pastor João Falcão Sobrinho citou Zênia como uma das missionárias heroínas que doou força e talento para que milhares de pecadores pudessem ver a verdade (OJB, 24.11.2013, p.5). Diviso sem muito esforço mulheres da denominação batista no exercício ou fora de cargos de nossas instituições que possibilitaram e fizeram diferença, levando a palavra de Cristo através de ações na área social, contribuindo com a melhoria da cidadania da população mais carente. Entre essas a missionária sergipana Honorina Alves Ribeiro hoje com mais de 90 anos, na juventude essa abnegada chegou a assumir o cargo de diretora do Lar F. F. Soren, cuidando de crianças órfãs, ao sair da instituição levou algumas consigo educando-as com os recursos de seu trabalho como professora, à época o Lar era localizado em Itacajá. Atualmente Honorina vive em Brasília, é membro da PIB do Gama as restrições de locomoção a impossibilita de ir a Igreja, assim a igreja quinzenalmente vai até sua residência realizar culto e preencher-lhe a vida com afeto pelo muito que realizou. E o universo abre o leque e apresenta mulheres com afazeres gigantes a exemplo da paraense Edméia Williams, cidadã do mundo, residiu no Iraque, cursou Liderança Cristã no Instituto Haggai,
em Cingapura, fez Missiologia pelo Celly Oak College, na Inglaterra, voltando a sua pátria, o Brasil, radicou-se no Rio de Janeiro onde faz um trabalho meritório no Morro Dona Marta. Ali onde as políticas públicas são testadas em face das visíveis carências, Edméia formou um coral com crianças da favela - início dos anos 90 fundou a casa Maria e Marta - onde tem aplicado seu tempo, talento e finanças em benefício de crianças que não param de chegar. A carioca Marlene Baltazar da Nóbrega é mais uma mulher valorosa, conhece com profundidade sua denominação onde tem exercido cargos de relevância a exemplo dos 13 mandatos na presidência da União Feminina Missionária Batista Fluminense, 9 mandatos na presidência da União Feminina Missionária Batista do Brasil e em meio aos países que formam a América Latina, Marlene foi eleita em 2008 na cidade de Guayaquil (Equador) presidente da União Feminina Batista da América Latina, cargo que exerceu com excelência até o final do mandato em novembro de 2013. Quanta gente trabalhando nos bastidores, como essa gente corre para que tudo aconteça no momento e tempo apropriado, os homens fazem sim seu trabalho com eficiência, mas o momento é das mulheres, portanto continuo elencando mulheres do passado e do presente que marcaram indelevelmente sua passagem por determinados lugares, a paulista Elza
Seehagen Freitas, atualmente com mais de 80 anos, residente em Araras (SP), cidadã fraterna das cidades onde o trabalho de seu esposo pastor Ivan Freitas, de saudosa memória, lhe possibilitou contribuir; Aracaju foi uma das cidades onde Elza laborou com outras companheiras no departamento feminino e em especial no departamento infantil promovendo na década de 1950, com os recursos existentes, a melhoria da educação infantil nas igrejas sergipanas. Sua contribuição se estendeu até a mídia, colaborando com o jornal local da denominação mantendo a coluna semanal intitulada O Batistinha, informando e orientando, nutrindo valioso feedback nas igrejas da capital e interior. Medito no Velho Testamento e encontro mulheres piedosas, vejo em Ana exercício de fé e ao mesmo tempo contentamento por ter alcançado graça diante de Deus (I Sm 2.1). Citando aqui mulheres valorosas do passado e da contemporaneidade enxergo o exemplo de Ana, no exercício de fé e obediência delas, assim estendo reconhecimento e sinceras homenagens a todas que por fé continuam empreendendo, dando o seu melhor, visando sempre o engrandecimento do reino de Deus seja através das organizações missionárias ou nos campos que o Senhor dos exércitos as colocou. Sandra Natividade Membro do Conselho Editorial de O Jornal Batista
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bilhete de sorocaba Julio Oliveira Sanches
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o formar a mulher Deus dotou-a de sensibilidade não encontrada no homem. Por isso a mulher é especial e completa o que falta no homem. “Não é bom que ele esteja só,” disse o Senhor. Dar-lhe-ei uma companheira que torne seu trabalho mais agradável, que o auxilie a viver e usufruir a sensibilidade do Universo. A mulher é mais romântica. Mais sensível ao belo criado por Deus. Emociona-se ao receber uma flor. Os homens não contemplam flores. Chora ao ouvir o choro do recém-nascido, esquecendo a dor do parto. Algo especial, que levou Jesus a usar tal experiência para explicar aos doze o significado da separação que sua morte geraria em seus corações. A ressurreição traria de volta a alegria eterna da presença de Cristo aos corações dos salvos (Jo 16.20-22). O toque feminino no interior da casa deixa e transforma o lar em lugar agradável. O ambiente perfumado do lar, mesmo simples, é fruto da sensibilidade feminina. Ao adentrar qualquer ambiente é possível afirmar se nele há ou não o toque de uma mulher. Deus a formou assim e assim deve permanecer. Esta sensibilidade torna a mulher mais solidária, em todos os aspectos da vida. Caso você não concorde, convido-o a visitar um hospital. A probabilidade de um acompanhante do sexo masculino é mínima. Ao lado de um doente sempre há uma mulher, seja filha, mãe, esposa, irmã, nora ou amiga. Homens não suportam ficar ao lado da cama de um enfer-
mo, especialmente terminal. A Bíblia relata-nos belíssimas histórias em que a ação feminina foi decisiva na vida de alguém. Algumas têm seus nomes citados. Outras, a maioria aparece apenas com a identificação do lugar em que atuou. É a história da sunamita. Natural de Sunem (II Reis 4.8). Rica, ofereceu ao profeta Eliseu uma refeição. O profeta foi cativado pelo tempero. Todas as vezes que passava por Sunem se dirigia à residência dessa mulher em busca de saboroso quitute. Não sabemos quantas refeições o profeta saboreou. O texto chama a atenção para a perspicácia e sensibilidade feminina. Ela diz ao marido: “tenho observado que este que passa sempre por nós é um santo homem de Deus” (II Reis 4.9). As Igrejas deveriam dar maior atenção a essa narrativa bíblica. Colocar nas comissões de sucessões pastorais apenas mulheres. Evitariam convidar desequilibrados para o ministério e consequente divisões do rebanho. Elas teriam maior capacidade para verificar se o “pastor” a ser convidado é ou não homem de Deus. A sensibilidade feminina, sua observação persistente, os mínimos detalhes na vida do profeta leva-a a concluir que Eliseu era um homem de Deus. Comprometido com Deus e sua causa. Havia algo no semblante do profeta que o denunciava como alguém que mantinha íntima comunhão com Deus. Não era a mensagem de cada domingo, retirada da internet. Não era o púlpito que o fazia homem de Deus, mas, o seu agir diário. O profeta não tinha curso
de especialização. Não possuía títulos de pós-graduação. Era um homem do campo, acostumado a andar atrás do arado de uma junta de bois. Mas, possuía algo imprescindível: Comunhão com Deus. Carecemos hoje de pastores assim. Homens que durante a semana revelem compromisso e comunhão com o Senhor. Homens que não mentem. A sunamita providenciou uma pequena edícula junto ao muro para acolher o profeta. Proporcionando-lhe momentos de descanso e reflexão na árdua tarefa de conduzir o povo ao encontro de Deus. O profeta retribui a hospedagem recebida. Gratidão é elemento integrante na vida daqueles que foram alcançados pela graça de Cristo. Ser grato é característica do salvo. Numa sociedade ingrata e agressiva carecemos de vidas que saibam agradecer. Um copo d’água, uma refeição, o hospedar alguém que labuta no reino de Deus, reconhecer que o novo dia é um presente da misericórdia divina, transforma o viver diário em fonte de crescente alegria. Todas essas verdades afloram à mente ao pensar no Dia da Esposa do Pastor e no Dia Internacional da Mulher. Refletir sobre o atual papel da mulher na sociedade é um desafio. O embate de conceitos, a liberdade feminina, o feminismo que denigre o valor da mulher, a ação da mulher cristã na sociedade, na família, na Igreja, são assuntos que carecem de reflexão. A mulher cristã é diferente. A esposa do pastor, seu papel
na Igreja ao oferecer suporte ao ministério pastoral e especialmente ao desempenhar as funções de esposa, mãe e ajudadora, há que ser reconhecido pelas Igrejas com mais carinho. Necessária a recomendação de Paulo aos Filipenses 4.3, nas Igrejas hoje. As Igrejas exigem muito da esposa do Pastor, mas, oferecem pouco em reconhecimento. Algumas há que são eximias pregadoras. Suplantam os maridos em tudo. As Igrejas recebem, alegram-se, mas esquecem da recompensa.
Comprova-se esta verdade ao ver o número de pastores nas Assembleias da CBB sem as esposas. Mesmo assim a esposa do Pastor não deixa de servir, de oferecer apoio ao esposo no desempenho do ministério. Às vezes derramando lágrimas pela ingratidão das ovelhas, sem mesmo revelar ao esposo o que ouve nos corredores do templo. Às esposas de Pastores o nosso reconhecimento pelo seu dia. Pelo excelente ministério que realizam. www.pastorjuliosanches.org
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GOTAS BÍBLICAS NA ATUALIDADE
OLAVO FEIJÓ Pastor, professor de Psicologia
Mulheres o serviam
H Tarcísio Farias Guimarães Bacharel em Teologia, licenciado em História, pastor titular da PIB em Divinópolis, MG
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Brasil é uma República laica, isto é, não possui religião oficial. Desde 15 de novembro de 1889, data da proclamação da República dos Estados Unidos do Brasil, nenhuma confissão religiosa deve ser favorecida pelo Estado. A primeira carta constitucional, de 24 de fevereiro de 1891, já declarava em seu Artigo 72º: “Nenhum culto ou igreja gozará de subvenção oficial, nem terá relações de dependência ou aliança com o Governo da União ou dos Estados”. A Constituição atual, promulgada em 1988, reafirma que o Brasil é um país laico e que Estado e Religião devem viver separadamente
neste solo. O Artigo 5º da nossa carta constitucional reafirma que “é inviolável a liberdade de consciência e de crença”. Então, nas escolas públicas e privadas não deve ser cultivada qualquer visão religiosa, a não ser que a Escola seja declaradamente confessional. Mesmo estas precisam atender aos parâmetros curriculares nacionais e jamais estabelecer programas de proselitismo religioso no ambiente escolar. Os pais evangélicos podem e devem solicitar à Escola onde matricularam seus filhos que atividades alternativas sejam oferecidas durante ensaios de festas de carnaval, festejos juninos e outros eventos associados à religiosidade católica. Estas datas não são apenas eventos de cunho cultural, já que tem origem no catolicismo popular e sua inspiração é idólatra. Assim também, a
Escola secular não é lugar para comemoração de Páscoa, Natal e outros eventos cristãos, os quais são vistos sob diferentes perspectivas entre os grupos religiosos atuantes no Brasil. Nossos filhos devem ser orientados em casa, com a Bíblia aberta, a não desejarem participar de eventos que cooperam para a propagação de atos contrários à nossa fé. Na verdade, se forem bem orientados, eles até sentirão prazer em explicar aos demais colegas porque não participam de datas comemorativas do calendário católico. Um dia, eles crescerão e entenderão que o nosso compromisso com Deus está acima do conforto pessoal. Devemos aproveitar estas ocasiões, a exemplo dos festejos de carnaval próprios do início do ano, para compartilhar com professores, diretores e coordenadores
á coisas, na biografia de Jesus, que nos surpreendem. Uma delas é o papel que o gênero feminino desempenhou no seu ministério: “essas mulheres ajudavam a sustentá-lo com os seus bens” (Lucas 8.3). A longa lista incluía Joana, Susana e, a mais famosa, Maria Madalena. A biografia da maioria dos líderes religiosos somente registra o papel do gênero masculino. Este fato não é estranho a um número considerável de ministros religiosos contemporâneos, que nunca admitem depender da ajuda feminina. O ministério de Jesus, entretanto, demonstrou seu
caráter inclusivo, já a partir da sua genealogia, onde constam cinco mulheres, incluindo uma meretriz e uma estrangeira. A qualidade inclusiva da missão redentora de Jesus abrange, além das mulheres, as crianças, os estrangeiros, os humilhados, os injustiçados, os pobres, os ignorantes, os ricos, os poderosos, os eruditos. Se queremos, de fato, seguir a Cristo, nossa visão de ministério deve incluir todo o gênero humano, indistintamente. Aquela que recebeu o amor e a restauração do Cristo aprende a receber as pessoas, sem julgamento. Da mesma maneira como foi recebido.
pedagógicos nossa reflexão acerca da laicidade do Estado Brasileiro e as razões daquilo que professamos. Uma porta se abre para a pregação do Evangelho sempre que precisamos compartilhar a nossa fé. Nossos irmãos em Cristo que atuam como profissionais da educação devem ser fomentadores desta discussão. Podem propor às instituições escolares que desenvolvam um projeto pedagógico completamente
laico, que respeite a diversidade religiosa do nosso país e favoreça a inclusão de todos os estudantes no ambiente escolar. Mesmo os profissionais, podem solicitar substituição em eventos que contrariam sua fé. Isto não é incômodo ou falta de profissionalismo. É cidadania plena, num Estado que se propõe a garantir o pleno gozo das liberdades individuais para todos, inclusive o direito de não crer ou de crer naquilo que a minoria crê.
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Rute Salviano Almeida Bacharel e mestre em Teologia, pós-graduada em História do Cristianismo, membro da Igreja Batista do Cambuí, Campinas, SP
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odo ano, ao comemorarmos o Dia Internacional da Mulher, lembramos sempre que as mulheres cristãs são aquelas que têm mais a celebrar, porque Cristo as redimiu. Nós brasileiras cristãs, redimidas por Cristo, desfrutamos de liberdade para adorar a Deus em nosso país, para exercer quase qualquer profissão, para estudar, para viajar etc. Infelizmente, isso não ocorre em outros países. Na África e alguns países do Oriente Médio, que praticam uma religiosidade primitiva, milhares de mulheres têm seus genitais mutilados, como forma de controle da mulher. Na Arábia Saudita, Irã e Afeganistão, que têm a maioria da população muçulmana, mulheres são impedidas de trabalhar e estudar e
só saem à rua com motivos justificados, acompanhadas de um parente e vestidas da cabeça aos pés pela burga. Na Ásia, que vivencia a prática de várias religiões, como: budismo, taoismo, confucionismo e xintoísmo, as mulheres praticam o aborto ao descobrirem que esperam uma menina. Na política do filho único, a preferência é por meninos. Até mesmo no judaísmo, as mulheres são discriminadas e são aconselhadas a não estudarem a Torah. A idade escolar chegava cedo para os meninos judeus, aos 5 anos; mas, para as meninas não havia necessidade de educação escolar formal. Porém, damos graças a Deus por Jesus Cristo que quebrou todas as barreiras culturais, sociais e religiosas e ensinou as mulheres, conversou com elas, elogiou sua fé e contou até mesmo com sua ajuda financeira. Jesus, mesmo nascido entre os judeus, pensava diferente, pois Seu reino não era desse mundo. Ele não
estava preocupado com primeiros lugares, com aparências, com destaques e não discriminava ninguém. Ele foi contra a cultura de sua época e seguiu a justiça e graça de Deus que não faz acepção de pessoas. Jesus incluiu mulheres em seu círculo de amigos e discípulos e lhes ensinou os princípios do evangelho. Ele foi o primeiro judeu a ensinar mulheres. Maria, assentou-se aos seus pés para ouvir a sua palavra (Lucas 10.3829). Jesus recebeu o serviço das mulheres. Ele não estava preocupado com aparências ou com a opinião de outros e as mulheres o serviram com seus bens (Lucas 8.1-3). Jesus conversou com as mulheres e lhes revelou grandes verdades. À mulher samaritana ele revelou que era o Messias (João 4.24-20); à Maria Madalena e a outra Maria revelou que havia ressuscitado (Mateus 28.1-10). A pregação cristã é diferente das outras religiões: “Porque todos quantos fostes batizados em Cristo, já vos revestistes de Cristo. Nisto não há judeu, nem grego, não há servo nem livre; não há homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus” (Gálatas 3.28). Queridas mulheres cristãs, parabéns a todas pelo nosso dia e mais do que nos alegrarmos com conquistas terrenas, com cargos melhores e profissões bem remuneradas, devemos nos alegrar por sermos do Senhor. Devemos nos alegrar por sermos boas filhas, boas amigas, boas esposas e mães que guiam seus filhos nos princípios cristãos. Regozijemo-nos sempre em Jesus Cristo, nosso Senhor e Salvador, conscientes de que somos bem-aventuradas, pois somos filhas amadas de Deus, herdeiras com Cristo e co-cidadãs com os santos.
la é uma pessoa amável, tranquila, hoje com oitenta e dois anos de vida, uma linda história que merece ser contada. Maria Viana mora no morro do Turano, na Tijuca, desde quando veio de Cabo Frio, sua cidade natal. Aos vinte anos de idade, casou-se com um tintureiro e teve vários filhos. Ficou viúva aos 45 anos e começou a frequentar um centro de macumba, tornando-se totalmente escravizada pelos espíritos do mal. Quando ela pensava em afastar-se do terreiro, os espíritos ameaçavam matá-la de forma cruel, caso ela os deixasse. Sem mãe, que a abandonou com suas duas irmãs quando ela estava com sete meses, sem pai, sem marido, sem amigos, Maria começou a sentir uma profunda solidão na alma. Arranjou um companheiro e todos os fins de semana, ambos iam para os forrós, bailes e gafieiras. No dia 6 de janeiro de 1985, então já com 53 anos de idade, ela se aprontou e desceu o morro para encontrar-se com o companheiro a fim de irem para a feira de São Cristovão, onde passariam o domingo na farra, comendo sarapatel, dançando forró e bebendo cachaça. Ao passar pela porta da Igreja Batista da Liberdade, ela ouviu o cântico de um hino (108 CC) cujas palavras falaram fundo em seu coração. Ela parou e ficou escutando: “Nesse tão glorioso dia quando o crente ressurgir e da glória de Jesus participar, quando os crentes ressurgidos o saudarem no porvir e fizer-se então chamada, lá estarei. Quando se fizer chamada, lá estarei”. Ela permaneceu como que petrificada por aquelas palavras que ouvia. Estava indo para um dia de orgia numa feira mundana onde passaria o dia comendo e bebendo pitu, achando que aquilo era uma boa vida e nem de longe suspeitava que houvesse uma vida melhor para viver. Convidada a entrar por um irmão que estava à porta, com passos vacilantes entrou no templo. Foi recebida com muito amor e carinho pela Igreja e ao toque do Espírito Santo em sua alma, aceitou a Cristo e nasceu de novo.
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Foi uma experiência real de novo nascimento. Eu era o pastor da Igreja na ocasião e tive o privilégio de batizá-la no dia 14 de dezembro de 1986. Desde então, sua vida mudou completamente. Jesus preencheu o vazio que enchia seu coração de tristeza. Sentiu que não poderia continuar vivendo com aquele companheiro e dele se separou. Logo em seguida este homem adoeceu gravemente e Maria o acolheu em um quarto da sua casa para tratar dele. Ele tinha sido casado e Maria conseguiu aproximá-lo da sua antiga esposa, que passou a cuidar dele e com ele voltou a viver. Desde então, Maria Viana cresceu muito no conhecimento da Palavra de Deus, começou a reunir as crianças vizinhas do bairro para lhes ensinar as histórias bíblicas, trabalhou como evangelista voluntária no presídio de Bangu e no Ferreira Neto, em Niterói, permanecendo fiel ao Senhor até esta data, na mesma Igreja Batista da Liberdade. Ah, os hinos cujas letras e lindas melodias tocavam o coração dos pecadores e os atraiam para Jesus, para a salvação! Durante os cinquenta anos do meu pastorado, batizei muitas pessoas que se converteram a Cristo atraídas por meio dos apelos cantados nos hinos que o povo de Deus entoava com unção espiritual. Graças a Deus, ainda há igrejas que se preocupam em selecionar hinos e louvores que convidam os pecadores para virem a Jesus. A maioria dos cânticos atuais, muitos deles com belas letras e melodias, raramente levam uma mensagem de salvação para os pecadores. Nossos cânticos deixaram a teologia da proclamação do evangelho e hoje expressam a teologia do usufruto do evangelho. Exaltamos a Cristo, mas não assumimos com Cristo o compromisso de proclamar a sua salvação. Fica aí o meu apelo aos que escrevem as letras e compõe as melodias dos nossos louvores para que, além dos cânticos que falam da busca de sentido e de piedade para o viver, traduzam o convite de Jesus aos pecadores para estarem lá quando seus nomes forem chamados no Dia do Juízo.
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PIB em Propriá: 90 anos na evangelização dos ribeirinhos sergipanos
Sandra Natividade Membro do Conselho Editorial de OJB
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campo sergipano continua celebrando seus marcos de vanguarda, no início de 2013 houve de 25 a 29 de janeiro a realização da 93ª Assembleia da CBB em Aracaju, para a alegria dos sergipanos - a segunda experiência em acolher o maior evento anual da denominação - já que a primeira em solo sergipano (75ª) aconteceu de 21 a 25 de janeiro em 1994 num clima de companheirismo e entendimento mútuo. No ano que passou, 2013, os batistas sergipanos comemoraram largamente o primeiro centenário da denominação no estado através PIB de Aracaju instalada em 19 de setembro de 1913. No início de 2014 a PIB em Propriá localizada há 105 km de Aracaju celebrou seus 90 anos de existência. A igreja nonagenária de Propriá, região do Baixo São Francisco sergipano, está situada na Avenida José Conrado de Araújo, 264. A primeira igreja batista dos ribeirinhos sergipanos foi organizada em 16 de fevereiro de 1924 com oito membros, sob a presidência do dr. Charles Franklin Stapp missionário norte-americano, responsável pelo campo sergipano. Na época a igreja estava localizada no logradouro denominado Rua Lopes Trovão, s/n residência de um de seus membros professor, Lauro Augusto do Carmo. Os fundadores chegaram por concessão de carta demissória da PIB de Aracaju, igreja-mãe, lida no ato pelo representante oficial diácono Francisco Costa. Na íntegra a relação dos primeiros membros: Lauro Augusto do Carmo, Silvino Graça, Ezequiel de Souza, Gumercindo
Cidade de Propriá
notícias do brasil batista
Baptista, Candido Siqueira, Maria Flora de Siqueira, Maria Mamedes Barros e Antonio José Passos. O ato organizacional contou com a presença de Álvaro Soares da Silva, pastor eleito da PIB de Penedo, igreja que originou a instalação dos batistas em Sergipe chegando a organizar duas igrejas a PIB de Aracaju, setembro de 1913 e a Igreja Batista em Villa Nova, atual Igreja Batista em Neópolis, setembro de 1924. Na implantação do evangelho de Cristo em Propriá e região circunvizinha muitos foram os pastores, missionários da outra América e evangelistas leigos que trabalharam diuturnamente em prol da evangelização no Baixo São Francisco. Pastores que a lideraram: J. J. Lemos Vasconcelos, Coriolano Costa Duclerc, Tiago Lima, Albérico de Souza, missionário Sherrod S. Stower, Ezequias Silva, Benilton Carlos Bezerra, Wandir Lobo Bomfim, missionário Elmer Maurice Treadwell, Otoniel Marques Guedes, Hildebrando Tarquínio da Silva, Agripino Marinho, Luiz Cruz dos Santos, Silvino Ferreira da Silva, Isaú Hormíno de Matos, Manoel Cândido da Silva, Antonio Francisco dos Santos, Samuel Freitas, Dalmario Maciel, Erivelton, missionário Bruce Oliver, Jairo de Souza Pereira, Sérgio Paulo S. da Silva, Benilton da Costa Monteiro e desde 19 de fevereiro de 2000 Sandro Vieira Ribeiro. Lideres que a administraram na interinidade: Álvaro Soares da Silva, Angélico Gomes da Silva, Antônio Mar tins B ezerra, Airton Vieira Lima e missionário Wayne Sorrells. Evangelistas: Nelson Mangueira, Nelson Bonaparte e João Camilo dos Santos. A PIB em Propriá conta com aproximadamente 200 membros, número naturalmente
Coral Vozes de Sião canta em celebração
Dia de celebração
ultrapassado com os dezesseis batismos realizados, dia 16 de fevereiro, última noite das celebrações. Em 2008 a igreja que comemorou seu Jubileu de Álamo, organizou a Segunda Igreja Batista em Propriá, em 2010 a Igreja Batista Nova Jerusalém em Aracaju organizou a Igreja Batista El Shaday em Propriá tendo, portanto naquela cidade três igrejas batistas filiadas as Convenções Batista Sergipana e Brasileira. O evangelho é propagado também por outras denominações existentes na cidade, mas os batistas realizam inserções e alguns até mantém seus programas na radiofonia ribeirinha através da 104 FM e Ilha FM. Os batistas em Propriá evangelizam e promovem impactos que mobilizam multidões cobrindo a região. Programação dos 90 anos Cinco noites de atividades evangelísticas antecederam o aniversário da mais antiga igreja batista instalada no interior sergipano. Neste ano em que os batistas brasileiros direcionam todo o enfoque para a família, trabalhando o tema - Família, o ideal de Deus para o ser humano - a liderança da PIB em Propriá deu prioridade ao trabalho da denominação com os pequeninos, dando oportunidade a organização Amigos de Missões, começando as comemorações com o Culto Infantil. O belo templo foi pequeno para a afluência. Nas noites seguintes os preletores foram os pastores: Eubisergi Silva, Antonio Sampaio Neto, Armando Filho e Marivaldo Queiroz. No domingo, última programação do aniversário, o preletor foi o pastor Paulo Sérgio dos Santos, da PIB de Aracaju, uma noite memorável com a celebração de 16 batismos e o testemunho carregado de emoção de Sandro Ribeiro, pastor da
O novo batistério
PIB em Propriá, enfatizando que entre os batizandos estava sua filha de 16 anos. O novo templo não tinha batistério razão pela qual, até então, os batismos eram realizados no Rio São Francisco, rio que nasce na Serra da Canastra em Minas Gerais e banha regiamente a cidade de Propriá. O batistério, segundo o pastor Sandro, era um sonho acalentado pela liderança da igreja há mais de dez anos, mas nessas comemorações se concretizou. Sandro Ribeiro carregando forte emoção por batizar sua filha e o maior número de batizandos numa única noite, fez a oração consagrando o batistério e realizando o batismo denominando o ato como histórico na vida da Igreja. Ainda naquela noite houve o memorial da ceia do Senhor onde os mais novos membros participaram. A cada programação grupos
musicais e cantores compartilharam, a exemplo dos cantores Wanderson Silva, Amanda Neuman, Armando Filho, Grupos musicais locais e do Coral Vozes de Sião da PIBA, este sob a regência do maestro Rivaldo Dantas. A igreja recebeu algumas homenagens uma das quais a representativa delegação de irmãos da PIB em Penedo (AL) e de placas de reconhecimento pelo transcurso dos 90 anos das instituições: Convenção Batista Sergipana e outra da igreja-mãe a PIB de Aracaju, além das inúmeras congratulações de igrejas da região. Para abrigar os convidados houve a necessidade de locar cadeiras extras e instalar telão para que pudessem acompanhar atentamente o culto. Que o evangelho de Cristo cresça e seus discípulos corram céleres na divulgação e proclamação da Palavra infalível.
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missões nacionais
Onde queremos chegar?
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Marize Gomes Garcia Redação de Missões Nacionais
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o longo dos últimos anos, Missões Nacionais vem trabalhando no mapeamento missionário do Brasil com o objetivo de preencher uma lacuna quanto a dados estatísticos que auxiliassem o planejamento do avanço do evangelho em nosso país continental. A tarefa não foi fácil, mas, após trabalho árduo e dedicação de muitos irmãos, foi lançada a visão Brasil 2020. O mapeamento gerou um site www.visaobrasil2020. com.br onde qualquer pessoa tem acesso ao cenário brasileiro e às necessidades e oportunidades missionárias. Dados como as 50 maiores prioridades missionárias em termos de plantação de igreja; as 20 cidades que mais cresceram em termos populacionais com suas respectivas necessidades de novas igrejas e dados do Atlas do Desenvolvimento Humano do PNUD – Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento estão disponíveis para todos. Como todo o mapeamento, este material conta com o auxílio das convenções estaduais, associações e igrejas locais para mantê-lo sempre atualizado, à medida que novas igrejas vão sendo plantadas, ou ainda, à medida que uma igreja sinaliza sua intenção de plantação em determinada localidade. Faça uma visita ao site e deixe seu comentário. De posse destes dados, temos (como Convenção Batista Brasileira) o desafio de até 2020 termos 21.000 igrejas batistas, o que representa um aumento na ordem de 60%. Este número representa a proporção de uma igreja para cada 10.000 habitantes, tendo como base a projeção do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) de que seremos 21.000.000 de habitantes em 2020. Se por um lado a Visão Brasil 2020 nos indica para onde desejamos caminhar na propagação do evangelho, a visão Igreja Multiplicadora nos orienta como devemos ser igreja multiplicadora. Duas ferramentas disponibilizadas para pastores e suas igrejas são os livros Igreja Multiplicadora – Cinco Princípios Bíblicos para Crescimento e Pequeno Grupo Multiplicador – Compartilhando o Amor de Deus por meio dos Relacionamentos. “Por quatro anos trabalhamos Igreja Multi-
Líderes das Cristolândias alinhados com a visão multiplicadora
plicadora apenas como um programa de plantação de igrejas. Hoje o conceito evoluiu e a plantação é apenas um dos cinco princípios sobre os quais toda a ação de Missões Nacionais está baseada”, declarou Pr. Fabrício Freitas, gerente executivo de evangelismo de Missões Nacionais. Como bem destacam os líderes de Missões Nacionais, não há nada novo, visto que são princípios bíblicos praticados pela Igreja de Atos. Porém a realidade de nossas igrejas mostra que muitos de nós temos nos esquecido de praticar os mesmos. Numa breve análise dos números de igrejas e de seus membros entre 2005 e 2012, temos um crescimento do número de igrejas na ordem de 24% em sete anos (de 10.233 igrejas em 2005 para 12.722 em 2012), enquanto o número de membros de nossas igrejas cresceram 52% no mesmo período (1.009.100 batistas em 2005 para 1.536.298 em 2012). Para os próximos sete anos, o crescimento do número de batistas projetado é da ordem de 154%. Para compartilhar a visão Igreja Multiplicadora com toda a sua equipe, Missões Nacionais vem realizando reuniões de alinhamento. Além da equipe gerencial e dos líderes dos estados, funcionários da sede e líderes das Cristolândias no estado do Rio de Janeiro também participaram deste alinhamento ao longo da última semana de fevereiro. Os pastores do estado do Rio também terão oportunidade de participar de um encontro onde será apresentada a visão. Durante o mês de março, a cada quinta-feira
acontece um encontro na sede de Missões Nacionais (Rua Gonzaga Bastos, 300 – Vila Isabel – Rio de Janeiro). A programação tem início às
8h30 com um café da manhã e estende-se até o final da tarde. Apesar de gratuito, é necessário que os pastores façam suas inscrições em
nosso site www.missoesnacionais.org.br. As vagas são limitadas, por isso, inscreva-se já em uma das datas: 13, 20 ou 27 de março.
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A história das m
Francisco Bonato Pereira Pastor batista e membro do Conselho Editorial do Jornal Batista
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Comunidade das Nações comemora Dia Internacional da Mulher desde 8 de março de 1910, a partir da deliberação da 2ª Conferência das Mulheres Socialistas, na Dinamarca. A ONU endossou a celebração (1975) e a UNESCO reconheceu de maneira oficial o dia 8 de março como o dia da Mulher (1977). Nós cristãos batistas nos unimos nessa homenagem à mulher esposa, mãe, filha, irmã, mas também a todas as mulheres, nesse dia quando são lembradas as lutas das filhas de Eva por sua equiparação na sociedade, resgatando o lugar recebido de Deus no gênero humano, como seres criados à imagem e à semelhança do Criador, condição nem sempre reconhecida na sociedade humana. A mulher, segundo a narrativa do Livro Sagrado, foi feita pelo Criador, a partir da costela do homem. E tirada do seu lado para que não lhe fosse inferior ou superior, mas em igualdade, do lado para caminhar par e passo com ele, para ajudá-lo e compartilhar da sua caminhada. O homem foi feito pelo Criador como a coroa da criação e a mulher como o aperfeiçoamento dessa criação. O Dia Internacional da Mulher. A data em que a humanidade reverencia a luta do gênero feminino pelo reconhecimento da igualdade da mulher e do homem, marcada pela trágica morte de 139 operárias de uma fábrica de tecidos, em Nova Iorque, a 8 de março de 1857 quando, depois durante a greve, ocuparam a fábrica reivindicando melhores condições de trabalho com redução da jornada diária de trabalho de 16 para 10 horas, a equiparação de salários com os homens (as mulheres recebiam 2/3 do salário de homem) e tratamento digno no ambiente de trabalho. A manifestação foi reprimida com violência ímpar, com os patrões mandando trancar a fábrica com as mulheres, sendo esta incendiada, morrendo 130 mulheres carbonizadas, num ato cruel e desumano. Hoje há uma discussão de que a origem decorreu doutro fato similar. A conferência na Dinamarca (1910) decidiu que a data de 8 de março passaria a ser o Dia da Mulher, em homenagem àquelas mulheres que morreram na fábrica em 1857, lutando por seu direito de igualdade. A Organização das Nações Unidas (ONU) em 1975, através de norma, oficializou a universalidade do dia 8 de março, como marco da luta feminina pela equiparação do gênero humano, criados iguais no princípio da Criação, como lemos no Livro do Gênesis 1.27: “Criou Deus, pois, o homem à sua imagem, à imagem de Deus o criou; homem e mulher os criou”.
Objetivo da comemoração da data. A instituição do dia internacional da mulher teve por objetivo não apenas lembrar o fato, mas discutir a condição feminina, quase sempre inferiorizada na sociedade. Na maioria dos países passaram a ser realizadas conferências e debates para discutir o papel da mulher, no esforço para tentar diminuir as diferenças de gêneros em todos os seus aspectos, em face do preconceito e da desvalorização da mulher. E hoje, com todos os avanços, as mulheres em muitos lugares ainda sofrem com salários baixos, a violência masculina, a jornada excessiva de trabalho e as desvantagens na carreira profissional. Muito já foi conquistado, mas muito ainda há para ser modificado nesta história e este é nosso objeto nesta palavra. O espaço da mulher cristã na igreja batista. Jesus Cristo, no seu ministério e nos seus ensinos, resgatou a mulher da sua condição de subserviência na sociedade do seu tempo mas, apesar do cristianismo haver dado novo status a mulher, os costumes e as regras da sociedade permaneceram colocando a mulher em segundo plano, como um ser menor. A nossa própria denominação sofreu influência externa, tratando a mulher como um ser de menor importância, inclusive no espaço do templo e das atividades eclesiásticas, quando era submetida a silêncio. Nós batistas, uma denominação conhecida pelo exercício da sua democracia, nem sempre tivemos espaço para a voz e a opinião da mulher. Nas igrejas batistas nos Estados Unidos, essa falta de espaço levou as mulheres a empreender a criação do espaço próprio. A instituição da União Feminina Missionária (1780), quando as mulheres foram encorajadas a formar círculos missionárias e bandas infantis nas igrejas e Escolas Dominicais. As mulheres fizeram maiores avanços quando Henry Tupper, Secretário da Junta de Missões Estrangeiras, nomeou Edmonia Moon (1872), a primeira mulher para o serviço missionário (FLETCHER, Jesse. The Southern Baptist Convention: A Sesquicentennial History. Broadman Publishers, 1994. p. 74-75, 84-88). A partir de então as Uniões Femininas Missionárias Estaduais tornaram celeiros de vidas e de recursos para a obra de missões e no envio de missionários para os campos inclusive do exterior, enviaram missionarias para o exterior. O Brasil recebeu muitas missionárias enviadas pelos batistas norte-americanos, como Maggie Rice (1887) e Emma Morton Ginsburg (1889), sustentadas por recursos das Uniões Femininas Missionárias (LANDERS, Clauybor. Emma Morton Ginsburg). Estas missionárias batistas – Ann Luther Bagby (18811937), Kate Stevens Crawford Taylor (1882-1894) e mais de uma centena de outras dedicaram as vidas ao ser-
viço no Reino do Senhor no Brasil, conquistando lugar de destaque no Reino de Deus, nas igrejas cristãs batistas e na própria sociedade brasileira, desempenhando funções e atividades então somente exercidas por homens. Representando esse universo das pioneiras do trabalho batista no Brasil destacamos as vidas de Ann Luther Bagby (1881-1937), de Kate Stevens Crawford Taylor (18821894) e de Emma Morton Ginsburg (1889-1934).
ANN LUTHER BAGBY, escritora, musicista, dirigente de educandário, professora, nasceu em Kansas City, Missouri (USA), a 20 de março de 1859, filha do pastor batista John Luther e de Ann Luther. Convertida e batizada (1870) por seu pai no Rio Mississipi, estudou no Colégio Baylor, tornando-se organista e professora da Escola Bíblica Dominical da IB de Galveston, Texas. Eleito seu pai - Dr. John Luther -, Presidente do Colégio de Baylor, Missouri (USA), Anne Luther tornou-se professora de Matemática e Diretora das Moças do Colégio. Casou (1880), com o Pastor William Buck Bagby, sendo nomeados pela Junta de Richmond, missionários para o Brasil, chegando ao Rio de Janeiro a 2 de março de 1881. Dirigem-se a Santa Bárbara onde há uma Igreja Batista, para estudar a língua. O casal se torna amigo do pastor Antonio Teixeira de Albuquerque, com quem estudam a língua portuguesa. Mudam em julho de 1882, com os casais Zacarias Taylor e Teixeira de Albuquerque, para Salvador (BA), iniciando a pregação do Evangelho e fundando a Igreja Batista da Bahia, a 15 de outubro de 1882, composta por Anne Luther Bagby, William Buck Bagby, Kate Stevens Crawford Taylor e Zachary Clay Taylor e Antonio Teixeira de Albuquerque, se reunindo no antigo Colégio dos Jesuítas, em Salvador (BA). O casal Bagby se muda a 24 de julho de 1884, para o Rio de Janeiro. Capital do Império do Brasil, com 500 mil habitantes, a maior cidade do Brasil. Anne Bagby fundou (1902) o Colégio Batista Brasileiro, de São Paulo, comprado com as economias da família, sendo diretora da instituição por 16 anos (1902-1918), enquanto o marido servia no campo paulista.
O casal teve sete filhos, vários deles missionários no Brasil. Participou da organização da Convenção Batista Brasileira (1907). Aposentado (1926) o casal permaneceu no Brasil, apoiando os filhos, missionários no país. Ann Luther Bagby faleceu no Recife (1937) e sepultada no Cemitério Britânico (HARRISON, Helen Bagby, OS BAGBY NO BRASL, JUERP). Ann Luther Bagby serviu como missionária no Brasil durante 45 anos (1881-1926), como pianista, educadora religiosa, pregadora, escritora, professora no Colégio Batista de São Paulo, influênciou várias gerações de jovens da sociedade paulista, seus alunos.
KATE STEVENS CRAWFORD TAYLOR (1882-1894), nasceu em Bell, Texas (1862), estudando na Training School e na Universidade Baylor, Texas, filha de um pastor e sua mãe, mulher de grande cultura. Casou com Zacarias Clay Taylor (1881), aos 19 anos, em cerimônia celebrada pelo pastor Travis Hawthorne. Nomeada pela Junta de Richmond, missionária para o Brasil, com o esposo, chegando ao Brasil em fevereiro de 1882. No Brasil encontrou o casal Bagby em Santa Bárbara, onde estudaram a língua portuguesa, com o pastor Antonio Teixeira de Albuquerque, de quem se tornaram amigos. Mudam em julho (1882), com os casais Bagby e Teixeira de Albuquerque, para Salvador (BA), iniciando a pregação do Evangelho e fundando a Igreja Batista da Bahia, a 15 de outubro de 1882, composta por Anne Luther Bagby, William Buck Bagby, Kate Stevens Crawford Taylor e Zachary Clay Taylor e Antonio Teixeira de Albuquerque, se reunindo no antigo Colégio dos Jesuítas, em Salvador (BA). O casal Taylor permanece em Salvador enquanto Bagby se muda para o Rio de Janeiro (24 de julho de 1884), pregando no Estado e apoiando o trabalho em Alagoas e Pernambuco. O casal Taylor teve quatro filhos. Kate faleceu (1894) aos 32 anos, após servir 12 anos de Brasil, sepultada no Cemitério Britânico de Salvador. Kate Taylor serviu no Brasil (18821894) como professora da EBD, dirigente dos cultos e pregadora nas ausências habituais do marido, que a cada três meses se ausentava por
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mulheres batistas até 45 dias em viagens ao sertão da Bahia, ao oeste de Pernambuco e ao Piauí e ao Maranhão. Traduziu vários hinos, incluídos no Cantor Cristão, entre os quais “O Grande Amigo” e “Tu deixaste Jesus, teu reino de luz”.
EMMA MORTON GINSBURG. Nascida Owensboro, Kentucky (USA) a 16 de janeiro de 1865, filha de Mary Proctor e Henry Thomas Morton, filha de pastor. Era membro da IB Louisiana, quando a morte prematura de Maggie emocionou os batistas desse Estado e Emma resolveu consagrar a vida a serviço do Senhor, no lugar de Maggie. Buscou orientação e teve convicção da chamada, foi enviada ao Brasil como missionária pela União das Mulheres Batistas do Missouri (Missouri Woman´s Missionary Union). O aprendizado do latim, aos sete anos, a ajudou a aprender a língua portuguesa, tornando-se uma das
missionárias que melhor falava e escrevia nessa língua e uma das primeiras redatoras das lições da Escola Dominical. Exímia pianista, dirigia os cânticos dos hinos na IB Niterói, auxiliando Salomão Ginsburg. Salomão Ginsburg servia como pastor na IB Niterói, auxiliado por Emma, na música e na evangelização, na ausência da James Jackson Taylor. O convívio dos dois, o tempo passado nas viagens do Rio a Niterói, levou-os a admiração mútua e um dia Salomão pediu Emma em casamento. Casados Emma e Salomão Ginsburg (1892) serviram no Rio de Janeiro (DF), em Niterói, Campos e São Fidélis (RJ), no Recife (PE), e São Paulo (SP). Emma organizou na IB Niterói (RJ) a primeira Sociedade Auxiliadora de Senhoras no Brasil (1893) e a Sociedade de Senhoras no Brasil, na IB Campos (Baltazar: Historia da UFMBB) e na IB São Fidélis (1894) e nas IB de Paraíba do Sul (1895), IB Santa Bárbara (1895), Macaé (1896), IB Ernesto Machado (1899) e, como diz Marlene Baltazar da Nóbrega, historiadora da UFMBB: “A notícia se espalhou e foram organizadas outras na PIB de Campos dos Goytacazes, PIB de Macaé, PIB de Aperibé, PIB de Paraíba do Sul, PIB de Ernesto Machado...”, fruto do trabalho de Emma Ginsburg, que com o esposo, semeava no solo fértil do Brasil, com as primeiras igrejas fluminenses as organizações missionárias femininas. Quando os Ginsburg deixaram a região (1900) havia oito igrejas, com 500 membros e as respectivas Sociedades de Senhoras. Em Campos (RJ) nasceram as primeiras filhas do casal
Ginsburg - Arvila, Brazilia e Claire. Emma Ginsburg foi a primeira mulher a ensinar num Seminário Batista no Brasil (Recife), ensinando língua portuguesa e noções de educação religiosa aos primeiros alunos (19021909), seguindo-se Aline Muirhead (1917), que ensinou grego. Emma organizou a Sociedade Auxiliadora de Senhoras (SAS) na PIB Recife (1900), tornando-as ativas na evangelização, distribuindo folhetos e cantando nos eventos externos. A presença do Coro da Sociedade Auxiliadora de Senhoras foi registrada na organização da: IB Cordeiro (1905), da IB da Rua Imperial (1905) e na IB da Torre (1908), no Recife e na organização da Sociedade de Senhoras da IB Imperial (1909). No Recife nasceram os filhos Henrieta, Estelle e Louis. Emma Ginsburg foi mensageira à Assembleia da Convenção Batista Brasileira (CBB), em 1907, na cidade do Salvador (BA), representando a “Sociedade Auxiliadora de Senhoras da Primeira Egreja Baptista do Recife”, nomeada relatora da Comissão sobre o trabalho feminino no Brasil, emitiu parecer recomendando que cada Sociedade Auxiliadora de Senhoras se fizessem representar na Assembleia seguinte: “... que cada Sociedade de Senhoras organizada envie uma ou mais das irmãs à Convenção de 1908, para se poder organizar uma Sociedade Auxiliadora Nacional de Senhoras”. O seu parecer é reconhecido como a origem da obra missionária feminina no âmbito da CBB. O casal Ginsburg foi transferido para Salvador (1909), servindo quatro anos na Bahia (1911-1913), dirigindo o
campo, nas férias de Zacarias Taylor, organizando a IB Juazeiro (1911). Transferido para o Rio de Janeiro (1913) e assumiu o Jornal Batista e organizou a IB Jacarepaguá (RJ), onde Emma organizou a Sociedade de Senhoras e permaneceu ativa no trabalho educacional. Transferido para São Paulo (1923) onde fixaram residência, indo ele pregar no interior do Estado e em Goiás, enquanto Emma e as filhas dirigiam e ensinavam no Colégio Batista (SP). Falecendo Salomão Ginsburg em São Paulo (SP), a 31 de março de 1927, Emma e as filhas receberam o apoio dos missionários e da Junta de Richmond, ao decidir permanecer no Brasil, ensinando no Colégio Batista de São Paulo. Após servir por 45 anos no Brasil (1934), Emma se aposentou e foi residir em Owensboro, Missouri (USA), onde foi chamada à presença do Senhor (1951). Emma Ginsburg serviu no Brasil (1889-1934) como pianista, educadora religiosa, professora de Colégio e do Seminário Batista. Organizou as Sociedades de Senhoras na IB Niterói, IB Campos, IB São Fidélis, IB Recife, IB Imperial e IB Torre (Recife). Escreveu as primeiras lições para a EBD, publicada em Boletim por William Bagby. O seu parecer na CBB é considerado o marco inicial do trabalho feminino missionário no âmbito da CBB. Ao Senhor sejam dadas honra, glória e louvor pelas mulheres cristãs batistas do Brasil, representadas lembradas nas pessoas das pioneiras Ann Luther Bagby, Kate Stevens Crawford Taylor e Emma Mortor Ginsburg. Amém!
Um livro sobre as mulheres da história do protestantismo brasileiro
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livro “Vozes Femininas no Início do Protestantismo Brasileiro” apresenta as pioneiras evangélicas que se dedicaram de corpo e alma para a evangelização do Brasil. Elas en-
frentaram a morte de filhos e esposos, conviveram com epidemias e inundações e sofreram com graves doenças; mas, sem perder o ânimo, evangelizaram, visitaram, pregaram, ensinaram, escreveram, compuseram letras e músicas, pesquisaram a nossa história e foram dedicadas esposas e mães que transmitiram aos filhos os ensinos do evangelho de Cristo. O contexto da época com o reinado de D. Pedro II, a escravidão e os abolicionistas será enfocado, assim como o papel feminino e as primeiras vozes que se ergueram na educação e literatura. Porém, o mais edificante será conhecer melhor as bravas mulheres que se comprometeram integralmente na formação de cidadãos da pátria, para que o Brasil se tornasse um país melhor.
Ao ler as biografias das primeiras missionárias estrangeiras, como Sarah Kalley, Martha Watts, Carlota Kemper e Ana Bagby, como também ao conhecer as vidas das missionárias brasileiras enviadas ao sertão e aos indígenas, das esposas dos missionários pioneiros, das líderes femininas, das escritoras, das musicistas e poetisas, percebe-se com emoção que cada uma, à sua maneira, contribuiu para o desenvolvimento do cristianismo no Brasil. O livro foi escrito por Rute Salviano Almeida, membro da Igreja Batista do Cambuí, em Campinas, escritora da editora Hagnos, bacharel e mestre em teologia e pós-graduada em História do Cristianismo. Que esse livro aumente o conhecimento do leitor sobre o protestantismo brasileiro e
Escritora Rute Salviano Almeida
o faça orgulhar-se de fazer parte do reino de Deus aqui na terra e comprometer-se com a divulgação do evangelho de Cristo.
O lançamento do livro acontecerá no dia 9 de março, às 9 horas, na Igreja Batista do Cambuí, localizada na Rua Vieira Bueno, 20, Campinas, SP.
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100 anos da menina Carmélia
Ester Blair e Eleneide Blair
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o dia 14 de janeiro de 1914, nasceu em Santarém, Pará, uma menina a quem seus pais, João Cândido Menezes e Maria Campos de Menezes, deram o nome de Carmélia. Os tempos passaram e no dia 14 de janeiro de 2014, comemorou-se os 100 anos de nascimento desta menina, com ela em vida com a família. Menina que, quando bem jovem, deve ter encantado, com seus belos olhos azuis, o jovem Brasilino Blair Maciel, igualmente nascido em Satarém. Casaram-se em 31 de dezembro de 1932. Deste matrimônio nasceram os filhos Elienai (in memoriam), Ester, Brasilino, João (in memoriam), Maria Isabel (in memoriam), Raimundo Brasilio (in memorian), Eliester e Eleineide, todos Menezes Blair. O casal e os filhos frequentavam a inesquecível e amada Igreja Batista de Santarém, onde o saudoso Pastor Sóstenes Pereira de Barros era presidente. Nessa Igreja frequentavam reuniões, faziam visitas e cooperavam em muitas atividades. Carmélia foi sempre grande ajudadora e lutadora ao lado de seu esposo dividia seu tempo entre as tarefas
domésticas e aquelas da Igreja. Incansável em orientar os filhos no caminho do Senhor. Em casa, dedicava-se a todas atividades com os 8 filhos: a alimentação, as roupas e a educação. No meio desses afazeres sempre cantava hinos cristãos. Os cantos domésticos eram diários e infalíveis. Os ensinamentos bíblicos eram sabiamente reforçados pelas lições oferecidas pela Escola Bíblica Dominical, muitas vezes ministradas sob os ramos
frondosos das graves árvores existentes no quintal, onde se localizava o templo da Igreja. Hoje, aos cem anos de vida, Carmélia ainda se lembra e canta alguns desses hinos. Quando os filhos mais velhos saiam para o trabalho, interrompia suas atividades para fazer leituras diárias da Bíblia, agora para os filhos menores, garantindo que cada um decorasse os versículos bíblicos, para recitá-los na Escola Bíblica Dominical. Além disso, para completar o
orçamento familiar, Carmélia oferecia pensão – estadia, café da manhã e roupa lavada - para alguns trabalhadores. E ainda encontrava tempo para sair de ônibus com seus filhos pequenos para fazer aqueles trabalhos na Igreja, de visitação a pessoas doentes. Passavam-se os anos e, em julho de 1951, a família mudou-se de Santarém para São Paulo. Os tempos eram outros! O casal Brasilino e Carmélia foram verdadeiros
heróis. Dificuldades surgiram, mas todas superadas pela misericórdia de Deus. Logo a família começou a frequentar a Igreja Batista da Liberdade, em São Paulo. Foi recebida de braços abertos e carinhosamente acolhida pelo Pastor Erodice Fontes de Queiroz. Nesta Igreja, Carmélia passou a fazer parte ativa da então chamada Sociedade de Senhoras. Frequentava reuniões, fazia visitas e cooperava com as demais atividades. Em 14 de junho de 1979, o Patriarca da família, já debilitado, foi aclamado por Deus deixando profundas saudades. Todavia em lembranças daquele agente fiel e homem lutador, os filhos, netos e bisnetos, noras, genros, e outros familiares receberam alguns amigos para agradecer a Deus a longevidade concedida à Matriarca Carmélia Menezes Blair, que completa viva seus 100 anos bem vividos de existência. Em reunião alegre os amigos e inumeros parentes de Carmélia foram recebidos em reunião festiva, cantando hinos cristãos, leitura bíblica, reflexão na palavra do Pastor Prof. Julio Oliveira Sanches, recitação de poesia pela Prof. Audiva Oliveira Sanches, testemunhos e oração final seguiu-se lauto almoço e plena confraternização.
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missões mundiais
Ex-muçulmano evangeliza muçulmanos Pr. Adulai Baldé Missionário da terra em Gabu, Guiné-Bissau
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u, Pr. Adulai Baldé, juntamente com minha família e demais irmãos da congregação em Gabu, Guiné-Bissau, damos graças ao nosso Senhor Jesus Cristo pelas imensas vitórias que ele tem nos dado. A cada dia recebo muitas pessoas que saem das aldeias distantes e chegam aqui com muitas perguntas sobre o evangelho. Temos orado por muitos líderes muçulmanos,
e Deus tem respondido as nossas orações. Em resposta a elas, o Senhor tem trazido muita aproximação, bons relacionamentos e respeito pelo nome de Jesus entre os fulas; tudo isso é motivo para louvar o nosso grande e único Salvador Jesus Cristo. Temos quatro candidatos ao batismo, todos ex-muçulmanos: Serifo, Ansaru, Cumba e a Satu. Nosso desejo é construir uma igreja, e isso é um desafio, pois os muçulmanos construíram uma grande mesquita a apenas 30 metros de onde queremos erguer o templo da Primeira
Igreja Batista em Gabu. Ore para que o Senhor nos ajude suprindo os recursos necessários para a construção do templo dessa igreja. O desafio no meio muçulmano não é pequeno, mas Jesus é maior do que qualquer obstáculo e não há nada que devemos temer. Nós, que saímos do islamismo, somos vistos como traidores, e o Alcorão (livro sagrado dos islâmicos) nos condena à pena de morte. Estamos evangelizando pessoas da tribo à qual pertencemos e não é fácil avançar ali.
Nosso trabalho de evangelização só é possível graças às suas preciosas orações e apoio. Peço que você ore especificamente por dois líderes muçulmanos que vieram pedir oração em nossa casa, Alassana Djaló e Koli Djaú. Eu e minha família também precisamos de suas orações. Muitas pessoas vêm a nossa casa para perguntar sobre Jesus. Interceda para que possamos ter sabedoria ao responder às perguntas, pois são muçulmanos letrados que nos fazem questionamentos.
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Pr. Adulai Baldé
As dificuldades aparecem, mas a vitória é do Cordeiro, e a glória de Deus pode ser vista em nossas vitórias. Agradecemos imensamente aos irmãos que ajudam no nosso sustento, contribuindo em oração e financeiramente para nos abençoar aqui em Guiné-Bissau.
Adilson Santos: uma estratégia em campo Marcia Pinheiro Redação de Missões Mundiais
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JMM este ano passou a investir ainda mais no envolvimento de igrejas e pastores com potencial missionário, aproximando-os de suas ações. À frente desta missão está o Pr. Adilson Santos. Após oito anos e meio atuando na mobilização missionária do estado de São Paulo e dois anos e meio na mobilização nacional, Adilson assumiu a função de coordenador estratégico. Ele ainda dedicará uma parte do ano para o acompanhamento pastoral de missionários. A mudança é um dos investimentos de Missões Mundiais em 2014 para levar o evangelho todo a toda a criatura, que você confere a seguir em entrevista exclusiva. Fale um pouco deste seu novo papel na missão. Adilson Santos: Podemos dizer que meu trabalho agora será de buscar um maior envolvimento de igrejas e pastores com potencial missionário, buscando a aproximação deles com a JMM e nossos projetos. No segundo semestre terei a responsabilidade de pastorear nossos missionários que estão no Oriente Médio e Norte da África. Trabalho focado na ampliação da visão e envolvimento de igrejas e pastores por todo o Brasil. Quanto ao pastoreio dos missionários, esta é uma das áreas que a JMM vem investindo cada vez mais. O cuidado espiritual adequado
dos missionários permite a longevidade no campo, ou seja, a redução do retorno prematuro de missionários. Com este apoio, queremos que o missionário desenvolva melhor o seu trabalhado, recebendo o cuidado mais de perto em suas necessidades não só espirituais, mas também familiares, ministeriais e físicas. Por que esse cuidado será direcionado especificamente aos missionários dessas regiões, Oriente Médio e Norte da África? Adilson Santos: Vamos trabalhar com missionários que estão em campos onde há registro de perseguição aos cristãos, guerras e rejeição extrema ao evangelho. Minha missão é estar com eles, ouvi-los, compartilhar a palavra de Deus e participar de datas especiais nos alegrando, juntos, nas vitórias. Vamos desenvolver um programa de aconselhamento bíblico. Através de visitas periódicas queremos prestar apoio pastoral e bíblico para as questões que surgem com qualquer ser humano. No campo, várias situações espirituais e emocionais se intensificam. Que resultados espera desse novo trabalho? Adilson Santos: Estamos com uma expectativa muito positiva de contribuir para aumentar a visão missionária e o comprometimento com a Grande Comissão de várias igrejas e pastores do nosso celeiro de Missões que é o
Brasil. Várias igrejas têm um grande potencial missionário. Isso significa número significativo de membros com perfil vocacional. Jovens universitários e profissionais com idade entre 40 e 50 anos dispostos a sinalizar o reino de Deus em todo o mundo usando sua profissão. O senhor também fará algumas viagens com pastores voluntários. De que forma pretende agir nessas caravanas? Adilson Santos: Temos uma viagem programada com o setor de voluntários da JMM para o Oriente Médio. A data será de 28 de outubro a 12 de novembro. Os interessados devem entrar em contato com o setor de voluntários. O coordenador Cláudio Elivan cuidará da formação e saída da caravana do Brasil e eu os receberei no Oriente Médio para as atividades. Sobre a mobilização missionária no estado de São Paulo, o que ficou para os seus sucessores? Adilson Santos: Fui mobilizador em São Paulo durante oito anos e meio, e estive à frente da mobilização no Brasil por dois anos e meio. Neste período de coordenação de mobilização ampliamos as ações dos mobilizadores e fizemos a composição do mapa promocional. Estados e regiões que não tinham representação foram contemplados. Também ampliamos os congressos Conexão e estabelecemos acampamentos de pastores e promotores em todas as regiões do Brasil.
Neste período de atuação nacional, o Pr. Alex Uemura nos ajudou na liderança da equipe em São Paulo. O senhor é muito querido e respeitado não só em igrejas de São Paulo, como de todo o Brasil. Como alcançou este prestígio e confiança? Adilson Santos: Toda honra e glória sejam dadas ao nosso Deus. Ele é quem nos capacita e nos concede vitórias. Foi um trabalho de construção. Tínhamos um sonho. Fomos compartilhando este sonho com vários líderes e o sonho foi se tornando realidade. Nossa denominação Batista é historicamente missionária. Nosso povo ama a obra missionária. Entendemos que se a informação chegar aos ouvidos, olhos e coração do nosso povo, Deus fará com que os frutos sejam colhidos em todo o mundo. Não posso deixar de agradecer aos meus diretores executivos que me deram todo o apoio nestes 11 anos de trabalho. Pr. Waldemiro Timchak me convidou para a JMM e deixei a PIB Itapema, no Guarujá/SP. Aprendi muito com ele e agradeço a Deus pelo privilégio de ter trabalhado ao seu lado durante vários anos. Pr. Sócrates Oliveira foi o diretor da transição, e a JMM continuou avançando enquanto orávamos pelo novo executivo. Pr. João Marcos Barreto Soares é um amigo. Ele é visionário. Está propondo alvos arrojados e estamos ultrapassando com a ajuda de Deus. Uma de suas ênfases tem sido o
Pr. Adilson Santos
cuidado para com os missionários e equipe. Agradeço pela confiança em meu trabalho neste novo momento. Para a posição de liderança na mobilização missionária em São Paulo, o senhor já tem um sucessor? Adilson Santos: O Pr. Alípio Coutinho (veja matéria na edição 56 da revista “A Colheita”) foi meu aluno no seminário. Ele sempre demonstrou amor por Missões. Além disso, é extremamente relacional. Gosta de gente, é líder e fez um excelente trabalho de revitalização de igrejas na região do litoral de São Paulo. Alípio é presidente da OPBB-Litoral. Ama servir às pessoas e principalmente os missionários. Aliado a isso, ele tem experiência gerencial e administrativa na área secular. Aproveito para pedir o apoio das igrejas e dos pastores de São Paulo à JMM e ao ministério do Pr. Alípio na liderança de nossa equipe no estado. Também quero agradecer aos mobilizadores de São Paulo que têm me ajudado muito na mobilização. Muito obrigado à Andrea Espírito Santo, Cintia Silva, William Viel. Agradeço ainda, na casa missionária, a Ronaldo Emiliano, Rosana Atanázio... Roberto Maranhão, nas artes, e Elza Santos, secretária e back-office.
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notícias do brasil batista
Realizado mais um Mutirão Missionário de Ação Social e Evangelismo do Litoral
PALAVRAS CRUZADAS DIRETAS
www.coquetel.com.br Como João Batista chamou a Epístola Jesus paulina (Jo 1:29) dupla conhecida por seu tom poético
Será enviado pelo Pai em nome de Jesus (Jo 14:26) "Doctor", em PhD
© Revistas COQUETEL
Talentos naturais
Em suas Décima parte de uma águas legião romana (Ant.) Eliseu fez flutuar o Cobertura ferro de um machado de panela
O mais frágil bioma brasileiro
Mega (símbolo)
Senhor (abrev.)
Povo derrotado por Saul (I Sm 15:7)
Rua (abrev.) Espáduas
Frutas cozidas em calda de açúcar Última palavra do texto do Apocalipse
A ele devia ser pago o tributo, nas palavras de Jesus Cada fase da vida
Antigo povo grego Tribo israelita
De (?) até z: do início ao fim
Profeta que previu uma seca em Judá Sob ele não há nada de novo (Ec 1:9)
Fenômeno elétrico da atmosfera (pl.)
Ela, em inglês Comete engano Vínculo (fig.) Foi proferido por Jesus, ao expirar (Mc 15:37)
Sufixo de "patada" Agitação; confusão (pop.) Verbal
Reação de Sara ao saber que seria mãe
Desconhecedora de um assunto O contagotas, por sua função (?) caiados: a eles Jesus comparou os escribas e os fariseus (Mt 23:27)
Primeira parte de uma jornada
Solução
L D C C
B
T A M P A
R
E H
A M A L E Q U I T A S
C I O S D O R R O T M E
aFie seU Jogos peNsameNto
B R A D O
+ de 400
J O S E R E R A R I C R
Nas baNcas e livrarias
2 volumes
8
D R O R I N N S O L S J C O M S A R D A D E T Ã R I O S O A N L I G A O A D O S A R R A A E P U L
BANCO
Região de montanhas onde a arca de Noé parou, após o Dilúvio (Gn 8:4) Nele o anjo derraEstilo mou sua musical taça (Ap dos MCs 16:17-18)
C O R D E I R O D E D E U S
M
esmo com sol esc a ldante os homens e mulheres batistas se uniram mais uma vez em 1º de fevereiro e rumaram ao litoral Sul do Estado de São Paulo, mais precisamente na Primeira Igreja Batista de Mongaguá, lá foi realizado o MMASEL - Mutirão Missionário de Ação Social e Evangelismo do Litoral. Tivemos a partir das 9h o Dia de Ação Social com aferição de pressão, teste de glicemia capilar, corte de cabelo, manicure, atendimento psicológico e psicanalítico, trabalho com
as crianças com apresentação de teatro de fantoches. O grupo dirigido pela irmã Cláudia também teve diversos trabalhos com as crianças presentes. Tivemos maravilhosos testemunhos pelos irmãos que foram ao campo lançar a rede e as sementes, a alegria do Pastor Donizetti Dominiquini em receber este grupo de homens e mulheres que servem ao Senhor com alegria. Todos os irmãos da Primeira Igreja Batista de Mongaguá nos receberam com alegria e uniram-se a nós para proclamar o Deus Vivo! As 17h o seminarista Douglas Muniz nos trouxe a mensagem de Deus no culto da vitória. Voltamos para casa com a alegria de ter servido a Deus com alegria e determinação.
3/rir — she. 6/dórios. 8/caatinga. 9/sepulcros. 10/consolador. 11/amalequitas.
Dr. Reynaldo Corrales Filho Presidente União Missionária de Homens Batistas da Associação do Litoral Paulista
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OBITUÁRIO
Vitalma Cabral de Azeredo está em glória (1934-2013)
Eudoxio de Azeredo Diácono, membro fundador da IB Memorial de Duque de Caxias, membro fundador da Academia de Letras de Duque de Caxias e ex- presidente da U. de Homens batistas do Brasil
H
á mais ou menos quinze dias caiu a ficha. Olhei ao meu redor e vi que Vitalma não estava. Seu sorriso doce, seu olhar manso, sua voz suave, já não existiam mais em nossa casa. Foram quarenta e oito anos de amor intenso, amizade e respeito mútuo. Tudo isto vivido na mesma cidade, na mesma igreja, na mesma residência. Casamo-nos em julho de 1965 no pequeno salão da Igreja Batista Memorial de Duque de Caxias, onde seu pai era pastor. Pode-se somar aos quarenta e oito anos de matrimônio aos oito que o antecederam, porque juntos participávamos das peças, das declamações e liderávamos os jovens da Igreja. Nas chamadas festas sociais lá estávamos nós, eu ela, sorridentes e felizes sem as preocupações do “flart” ou as malícias do namoro. Um dia resolvi dizer-lhe que estava apaixonado e que se ela topasse nós nos casaríamos. Foi numa primavera, setembro de 1964, quando colhi uma flor para lhe oferecer. Como, ela gostava de flores! Ela não titubeou, deu-me a resposta afirmativa no ato. Em abril de 1965 ficamos noivos e em julho do mesmo ano nos casamos. Era uma moça verdadeiramente crente. Vivemos intensamente a caravana Boina Azul (os Fluminenses da época se recordam muito bem). Vivemos intensamente a nossa Igreja, a nossa denominação. Não perdíamos as convenções, nem a Fluminense nem a Brasileira. Na Associação Batista Caxiense, que também não perdíamos, lá estava ela sempre fazendo a abertura da Associação – momento cívico - , com a famosa entrada das bandeiras. Eu era o seu ajudante número um. Enquanto eu me dediquei,
ao longo de minha vida a União Masculina, ela, por sua vez, dedicou de corpo e alma a União Feminina. Na igreja, liderava com eficácia as irmãs da MCA, no Estado, além de fiel colaboradora, foi líder regional das moças e na Associação sempre participou da diretoria. Aceitava sempre ser vice-presidente, achava que ser presidente não era muito a sua praia. No entanto, as reuniões da diretoria, eram quase sempre em nossa casa. Às vezes, eu chegava em casa tarde, e lá estava aquele grupo enorme de mulheres na discussão de seus problemas. Nos cinco últimos anos, tomamos uma decisão radical. Não veríamos mais o Jornal Nacional. Daríamos o horário nobre para Deus. Se a TV estivesse ligada, a desligávamos e sentávamos para ler a Bíblia, a revista da EBD e cumprir as orientações da denominação como “os cem dias de oração”. Ah! Não posso deixar de mencionar o Manancial, para ela era insubstituível. De repente, com a Bíblia, a revista da EBD e o Manancial nas mãos pronto para o nosso “cultinho
diário”, olho ao meu redor e não a vejo. Estou fisicamente só. Deus chamou esta maravilhosa companheira no dia 15 de setembro de 2013. Sei onde ela está, e isto me consola. Foi lindo ouvir o testemunho dos pastores no seu culto de despedida. Testemunhos lindos como os do meu pastor Paulo Roberto Freitas de Albuquerque e do Pr. Eber Silva, que ela viu menino; da irmã Marlene Baltazar da Nóbrega Gomes, presidente da UFMBB; da irmã Hildete Siqueira Fernandes, sua companheira inseparável de Associação e muitos outros, que ali estiveram presentes. Isto consolou e acalmou muito o meu coração. O templo estava superlotado. Foi uma celebração linda. Senti que anjos cantavam no céu porque com certeza um outro anjo havia chegado. Hinos como “Deus Cuidará de Ti”, “Mais Perto Quero Estar” e “Sou Feliz Com Jesus”, me fazem chorar porque os cantávamos sempre usando a letra do Cantor Cristão, porque foi através dele que os aprendemos. Deus não nos deu filhos biológicos, mas nos deu um
do coração, Luiz Vital, que nos deu três netos lindos: Klinger (futuro pastor), Kevim e Derek e uma nora linda e crente, cujo prazer é estar sempre celebrando o Senhor. Este ano fui para Convenção em João Pessoa, mas desta vez só. Sem ela, que não per-
dia uma reunião festiva dos batistas. Como eu me senti só eu e Deus sabemos. Este ano foi menos uma mulher batista a celebrar a alegria que nos invade quando juntos estamos a celebrar o nosso Deus. Meu Deus, olha para mim porque eu estou só.
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A
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ponto de vista
“A paternidade de Deus”
paternidade de Deus é uma verdade que consola, conforta, encoraja e fortalece o nosso coração e a nossa mente. Em toda Escritura, suficiente Palavra de Deus, esta verdade é recorrente. Deus é um Pai cujo amor excede infinitamente o amor de mãe. Esta é secundária, mas Deus, nosso Pai, é primário. Precisamos ver algumas características desse Pai tão amoroso, cuja natureza é amor (I João 4.8). Neste texto, vamos considerar três traços da paternidade de Deus e a nossa resposta como filhos obedientes. A paternidade de Deus se conhece pelo seu amor Há um texto clássico em Isaias 49.15, que diz: “Pode uma mulher esquecer-se do filho que ainda amamenta, a ponto de não se compadecer do filho do seu ventre? Mas ainda que ela se esquecesse, eu não me esquecerei de ti”. O amor de Deus é infinitamente maior do que o amor de mãe. O Seu amor cria, salva, santifica e glorifica ao que crê. Ele também corrige com firmeza e zelo (Hb 12.6). O amor do Pai é um amor encorajador, pois “Ele dá força ao cansado e fortalece o que não tem vigor. Os jovens se cansarão e se fatigarão, e os moços cairão, mas os que esperam no Senhor renovarão as suas forças; subirão com asas como águias; correrão e não se cansarão; andarão e não se fatigarão” (Is 40.2931). Na Parábola dos três pródigos (Lc 15.11-32), nós temos um pai de amor, de amor extravagante, incomparável, que perdoa, recebe, se alegra sobremaneira e dá festa pela volta do filho que estava perdido. Há três parábolas contados por Jesus em Lucas 15: Da dracma, da ovelha e do filho perdidos revelam um Pai que procura, que atrai no Seu próprio amor. É o Pai incrível na linguagem de Wayne Jacobsen. Este maravilhoso Pai faz festa, pois há celebração no céu quando um pecador, uma criatura se torna filho (Lc 15.7). A Sua natureza é salvar. Ele é o Autor da salvação. Mas há uma outra característica da Sua paternidade.
fetas de Baal revela a verdade de Deus em contraposição à mentira do homem (I Rs 18.20-39). Jesus sempre manifestou a coerência do Pai. Toda a vida de Jesus Cristo foi a verdade do Pai revelada em carne e osso (João 14.6). Ele é a imagem visível do Deus invisível (Cl 1.15). Jesus Cristo cumpriu toda a Escritura. A Sua Revelação é a verdade absoluta. Todo o ministério de Jesus, o Filho, foi fundamentado na coerência do Pai. O Filho é a verdade com o Pai. Todos os milagres de Jesus foram feitos com base nessa realidade. O Pai revelou no Filho toda a verdade do evangelho que sempre foi um contraponto à mentira e hipocrisia da religião sistemática, preconceituosa e escravizadora, representada pelos religiosos judeus. Deus, o Pai, revelou a exatidão de Sua revelação no ministério do Filho. Podemos testemunhar a verdade absoluta por meio da fé. A verdade nos leva a conhecer outra característica muito importante do nosso Pai.
A paternidade de Deus se conhece pela sua santidade “Sede santos, porque eu, o Senhor vosso Deus, sou Santo” (Lv 19.2). O fundamento para sermos santos é a santidade de Deus, nosso Pai. A santidade é Seu atributo moral. De Gênesis ao Apocalipse temos um Pai santo e devemos ser santos em todo o nosso procedimento (I Pe 1.16). Esta é a palavra segura de Pedro. Ao receber o chamado profético, Isaías teve a visão da santidade de Deus (Is 6.1-8). Os anjos declararam entre si ou uns aos outros: “Santo, Santo, Santo é o Senhor dos Exércitos” (Is 6.3). É maravilhoso sabermos que o nosso Pai é Santo. Ele é o nosso modelo de santidade. Devemos sempre olhar para o nosso Pai através do Filho pela revelação das Escrituras. Sem a santificação ninguém verá o Senhor (Hb 12.14). Deus determinou a Josué que o povo se santificasse antes de atravessar o rio Jordão nas suas cheias (Js 3.5). A santificação do povo era a condição essencial. O povo atravessou porque foi obediente à determinação do Pai. Há muitos insucessos em A paternidade de Deus nossa vida espiritual porque se conhece pela sua vivemos uma vida profana, verdade absoluta O nosso Deus é vivo e carnal e centrada em nós verdadeiro. A experiência mesmos. O nosso Pai não de Elias diante dos 450 pro- aceita a periferia, mas a cen-
tralidade em nossas vidas. Ele deve ser sempre a prioridade. Consideremos um último ponto muito importante. A paternidade de Deus deve ter a nossa resposta como filhos O apóstolo Paulo escreve aos irmãos em Filipos, dizendo: “Fazei todas as coisas sem queixas nem discórdias; para que vos torneis filhos de Deus irrepreensíveis, sinceros e íntegros no meio de uma geração corrupta e perversa, na qual resplandeceis como luminares no mundo, retendo a palavra da vida, para que, no Dia de Cristo, eu tenha motivo de me orgulhar do fato de que não foi em vão que corri ou trabalhei” (2.14-16). Este texto é precioso e revela o nosso privilégio e a nossa responsabilidade como filhos de Deus. Há, então, três características dos filhos obedientes ao Pai. Filhos irrepreensíveis ou inculpáveis (amemptós). “Sem defeito, inculpável.
Descreve a postura do cristão no mundo. Ele deve estar acima de qualquer suspeita; ninguém tem do que o acusar”. Filhos sinceros (akéraios). “Puros, sem mistura, sem mescla, não adulterados. A palavra é aplicada ao leite que não é misturado com água e, também, à pureza do metal. Descreve o que o cristão deve ser em si mesmo: puro, sem dissimulação, sem segundas intenções. Jesus Cristo e o apóstolo Paulo recomendaram tal atitude (Mt 10.16; Rm 16.19). Filho Inculpáveis (ámonos). Sem mancha, imaculados, sem nódoas, inocentes. A palavra era usada para animais usados para o sacrifício; eles não podiam ter defeito. Esta palavra descreve o que o cristão deve ser diante de Deus. A Bíblia nos diz que foi assim que Jesus Cristo se ofereceu vicariamente por nós (Hb 9.14; I Pe 1.19): sem mancha, sem pecado. O Cordeiro de Deus foi imolado por nós (I Co 5.7), a fim de
nos tornar sem mácula, nem ruga, nem impureza alguma (Ef 5.25-28), cumprindo assim, parte do objetivo da nossa eleição eterna (1.4). Concluindo, precisamos confiar no Pai. Teologicamente, nada é mais exato do que dizer que Deus é Fiel e Digno de confiança. Mas aprender a crer nessa confiança em meio às guinadas de nossas vidas é o desafio mais difícil que enfrentamos (Jacobsen, 20.12: 51). A paternidade de Deus nos traz segurança. Jesus se referia ao Pai com muita ternura: “Eu e o Pai somos um” (João 10.30). A paternidade de Deus foi perdida no Éden, mas reconquistada na cruz e na ressurreição pela Pessoa de Jesus Cristo. Os que estão em Cristo são do Pai por direito de criação e por direito de redenção. O nosso Pai é cheio de graça e de verdade. Como filhos desse Pai, devemos sempre ser obedientes e, acima de tudo, glorificá-lO.
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ponto de vista
E
m artigo anterior busquei descrever algumas preliminares comportamentais ou atitudinais quando se refere à defesa daquilo que cremos. Hoje temos a reflexão sobre preliminares hermenêuticas ou da ciência da interpretação que nos conduz ao que cremos e como cremos. Não é meu objetivo aqui definir esta ou aquela crença, mas em apresentar alguns passos preliminares que estão contidos no processo da formação de nossa interpretação sobre diversos temas bíblicos. Além disso, vou evitar o uso de terminologia técnica para que o maior número de pessoas possa compreender o artigo. Um ponto fundamental é lembrarmos que há pelo menos duas possibilidades no “fazer teologia”. Podemos nos valer de uma “teologia afirmativa/declarativa” ou avançarmos em busca de uma “teologia explicativa”. Ao afirmamos que aceitamos esta ou aquela posição teológica sobre, por exemplo, calvinismo/arminianismo ou mesmo sobre a ordenação feminina, sem se aprofundar nos textos bíblicos, estamos expondo uma teologia declarativa, pois não há uma argumentação, apenas uma declaração talvez originária numa preferência ou até pressuposições pessoais. Então, a teologia declarativa ou afirmativa apenas considera declarar algo sem a devida comprovação exegética, diferentemente do “fazer teologia explicativa”, que significa estudar o texto bíblico aplicando princípios rigorosos de hermenêutica, exegese, etc. Mas também não basta dizer “eu sou contra” ou “eu sou a favor”, não é assim que no modo batista de pensar e crer que deve ser nosso procedimento. Devemos dizer “eu sou contra ou a favor por causa dos seguintes fatos e argumentos bíblicos ...” que se originaram em um exaustivo, sério e desapaixonado trabalho exegético.
Podemos, por exemplo, observar a olho nu as estrelas do céu, tentar contá-las, buscar a sua localização geral. É uma visão superficial da abóbada celeste. O astrônomo, diferentemente, por causa de sua capacitação e ferramental especializado tem condições de ir mais longe e alcançar a visão no que é conhecido em astrofísica como “objetos do céu profundo”. Se você não possui habilidade exegética e não aplica todos os princípios hermenêuticos possíveis, tendo apenas lido este ou aquele comentarista, então deve ser honesto, pois a realidade nua e crua é que sua afirmação é apenas opinativa. Já ouvi colegas afirmando “A posição que defendo é bíblica” neste ou naquele assunto. Na realidade o que você tem é uma interpretação sobre os ensinos bíblicos. Vamos lembrar que na maioria dos temas da teologia bíblica é possível obter, até se valendo dos mesmos textos, diversas possibilidades de interpretação a depender das regras hermenêuticas, dos recursos e dos pressupostos e condicionamentos do intérprete. Por exemplo, já tenho lido intérpretes que, se valendo dos ensinos de Romanos 9, chegam a conclusões calvinistas, mas também arminianas. Na questão da ordenação feminina consegui mapear três possibilidades de interpretação: (1) Hermenêutica literal gramatical que busca considerar o texto bíblico, sem priorizar ou levar em conta o papel e a função da mulher no contexto da época bíblica, portanto, cada texto que se refere à mulher deve ser tomado literalmente como é expresso nas Escrituras de modo que a mulher não pode liderar um agrupamento, muito menos o homem. (2) Hermenêutica literal contextual que busca considerar o texto bíblico levando em conta o papel e a função da mulher no contexto da época bíblica de modo que isso acabe demonstrando que o texto bíblico foi escrito descreven-
do como o evangelho deveria ser aceito num ambiente em que a mulher era desconsiderada, portanto, não poderia liderar um agrupamento, nem mesmo um homem e, se o evangelho acolhesse a liderança da mulher naquela época, simplesmente não seria aceito. Assim, cada texto que tira da mulher o seu papel da liderança deve ser considerado dentro daquele contexto e que deve ser considerado o papel da mulher desde a criação do mundo, após a queda e a restauração concedida pelo evangelho. (3) Hermenêutica sociocultural: que destaca o papel da mulher na sociedade contemporânea, sendo necessário atualizar nossas práticas e compreensão da Bíblia. As duas primeiras alternativas partem das Escrituras, portanto passível de diálogo a partir deste ponto comum. A primeira não considera o princípio hermenêutico do contexto externo ao texto, a segunda o considera. Na terceira alternativa a Bíblia deixa de ser referência ou ponto de partida sendo um argumento que não é acolhido de forma ampla pelo nosso modo batista de ser e pensar que considera a Bíblia como nossa regra de fé e prática. Por estes dois exemplos, é possível entender que é um risco dizer que a minha interpretação é a única correta, pois sempre vamos ao texto bíblico com uma posição predefinida e, neste caso, tudo o que lemos e estudamos será por meio de uma “lente colorida”. Para sermos honestos, não há como fazer uma interpretação como que num ambiente esterilizado, asséptico de pressupostos e de escolha desta ou aquela abordagem hermenêutica. Temos de conhecer nossos pressupostos e condicionamentos, pois isso vai nos ajudar a mergulhar de modo mais profundo nas Escrituras. Outro detalhe importante é não ter medo da verdade e das descobertas bíblicas, quem sabe o outro lado pode
ter descobertas que você precisará confrontar com suas opiniões e, falando em opinião, é necessário diferenciar entre opinião e interpretação bíblica. Portanto, não basta dizer sou contra ou a favor e pronto, não é assim que a Bíblia deve ser interpretada e ensinada. E nem estou falando de outro tema sério: não se faz séria interpretação a partir de uma tradução bíblica. Comparar traduções??? Isto é empreendimento de segunda linha no processo de interpretação séria. Diante desta análise, lanço um desafio a você para reler todos os argumentos – favoráveis ou não a determinado tema – e considerar cada um deles vendo como cada expositor trabalha com o texto bíblico, se leva em consideração o ensino geral das Escrituras desde a criação, passando pela redenção. Como cada alternativa trabalha com cada argumento e como os argumentos se excluem ou se tocam. Se você puder estudar o texto a partir das línguas originais, faça isso. Trabalhe considerando os diversos princípios hermenêuticos de análise, veja os significados envolvidos no texto bíblico tomando cuidado para não cometer o deslize do presentismo (levar ao texto bíblico conceitos recentes sobre as coisas). Já ouvi que embora a Bíblia seja escrita com tinta indelével, nossa teologia é escrita a lápis. Assim, devemos dar espaço para o diálogo, sempre por meio de sadia hermenêutica e exegese, ouvir com amor e paciência o outro interprete é um santo remédio contra a intolerância e o dogmatismo, pois todos temos o Espírito de Deus em nós, como já escrevi no artigo anterior. Finalmente, temos diante de nós ainda a questão de prioridades para as quais temos de dar conta ao povo de Deus com respostas bíblicas, criativas e sábias e nem sempre determinado tema poderá estar sendo conectado a estas prioridades.
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Dentro disso conclamo sua consciência a se ajuntar conosco para buscarmos respostas a dezenas de temas que prioritariamente o “chão da igreja”, o povo de Deus, até mesmo o ministério pastoral necessitam de respostas e a convivermos em amor, paciência e desejo de instruir com mansidão nos temas divergentes e, tudo isso, com a Bíblia na mão como nossa regra de fé e prática. Dentre estes temas posso citar, começando por necessidades ligadas ao ministério pastoral: (1) saúde psicoespiritual do pastor, esposa e sua família, incluindo as questões ligadas à desagregação familiar pastoral, divórcio, etc. (2) valorização do ministério, a partir de vida piedosa, bíblica, pregação e ensinos sadios, e recuperação do sentido do servir a Deus e ao seu Reino; (3) despertamento vocacional; (4) recapacitação e aperfeiçoamento bíblico, teológico, etc para os pastores; (5) capacitação e recapacitação na área de aconselhamento, inclusive de famílias da igreja; (6) temas gerais e urgentes a serem discutidos: - homossexualidade e identidade de gênero diferente da identidade bio-sexual; - novas alterações do Código Penal que afrontam a vida, indivíduo e, especialmente a família em relação os princípios bíblicos; - “indivíduolatria” da sociedade contemporânea que tem provocado egoísmo, violência, promiscuidade, afastamento das Escrituras por parte de pastores e ovelhas que desejam definir e ver a vida do ponto de vista pessoal e não do ponto de vista das Escrituras. - dilemas éticos e da bioética como inseminação artificial, abortamento, etc; - fragmentação e destruição da família; Eis aí o desafio, quem se habilita?