Jornal Intercambio CISP

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Ano II Nº 27 Agosto/2011

Alta da Selic desestimula indústria Restrição de crédito no mercado freia o consumo. Ao notar a queda nas vendas, empresas diminuem a produção. Cenário atual pode prejudicar a indústria nacional e favorecer fluxo de capital estrangeiro, dizem especialistas dústria. “Eles desestimulam o consumo, as empresas percebem que as vendas estão caindo e produzem menos para evitar a formação de estoques involuntários”, explica. A alta na Selic, embora haja uma previsão dos economistas de que a taxa básica de juros deixe de aumentar gradativamente, favorece o fluxo de capital estrangeiro ao País, contribuindo para a valorização do real e o aumento das importações. “A solução para reverter o cenário seria diminuir os custos para as empresas brasileiras. Em outras palavras, uma reforma tributária se faz necessária e urgente”, comenta Rossi.

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Restrição da oferta de crédito e contenção da inflação: esses são os principais objetivos do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom-BC) ao promover sucessivos aumentos da taxa básica de juros. Em julho último, a alta foi de 0,25 ponto percentual, sem viés. Com isso, a Selic subiu para 12,5% ao ano. Trata-se da quinta elevação consecutiva da Selic. De dezembro do ano passado até agora, os aumentos já somam 1,75 ponto percentual. Vale lembrar que, no início de julho, o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) apresentou variação de 6,71% na inflação, no acumulado dos últimos 12 meses. O percentual já é superior à meta anual de inflação estipulada pelo Banco Central, de 4,5% (com margem de dois pontos percentuais, para mais ou para menos). Segundo Luiz Filipe Rossi, professor de Finanças do Ibmec – Rio de Janeiro, o objetivo do governo com os aumentos é desaquecer a in-

minuição da carga tributária, algo bem distante da realidade brasileira. “O Brasil é campeão mundial em termos de taxas de juros, mas a redução dos impostos em curto prazo influenciaria diretamente o aumento da inflação”, pondera. A Confederação Nacional da Indústria (CNI) entende que o governo precisa adotar imediatamente medidas que Desoneração tributária Para ele, este cenário colo- amenizem os efeitos do aumenca o governo em uma “sinuca to dos juros sobre a competitivide bico”. A solução seria a di- dade das empresas. “A indústria

espera a inclusão de medidas efetivas de desoneração tributária na nova fase da política industrial”, alertou a entidade, em comunicado oficial. Segundo a CNI, com juros altos e câmbio valorizado, os produtos brasileiros não conseguem competir com os estrangeiros e perdem espaço nos mercados interno e externo. Por isso, quanto mais as ações em prol da competitividade demorarem, maiores serão os prejuízos para o País.

A dívida dos EUA

Copacol

Consumo

Elevação do teto da dívida norte-americana provoca reações em cadeia nas principais economias do planeta

Nova associada anuncia planos para alcançar R$ 2 bilhões de faturamento em até 5 anos

Pesquisa da Nielsen revela: consumidores brasileiros estão indo mais vezes aos supermercados

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Em foco_ A dívida dos EUA

Editorial

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Esta edição traz na matéria de

capa a escalada da taxa de juros e as ações do Copom para conter a inflação. “Em foco”, uma abordagem sobre os impactos da crise da dívida norte-americana na economia brasileira e na indústria. Na seção Plug in, o mais recente estudo da Consultoria Nielsen sobre o comportamento dos consumidores brasileiros nos canais de varejo. Eles estão indo mais vezes ao supermercado, uma tendência irreversível, na opinião de diversos especialistas. Vamos analisar os efeitos disso na vida das indústrias e na cadeia de abastecimento. Perfil: a colaboração da associada Copacol, que fala um pouco de sua história e de sua expectativa de crescimento suportada pelas informações da CISP. Na coluna Produtos, serviços & cia., a associada ILPISA divulga sua entrada no seleto nicho de fabricantes de chocolates e lança sua linha de produtos. Por fim, no Giro, atenção para AGE, que acontece em setembro, no Novotel. O foco será o desenvolvimento dos produtos e serviços CISP. Não perca esta oportunidade de contribuir com suas sugestões e

Tsunami norte-americano atinge Brasil Apesar de solucionar o risco de calote, a elevação do teto da dívida dos Estados Unidos não resolverá a crise econômica no País. Brasil fortalecerá a indústria nacional para amenizar impactos

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Nos últimos meses, os Estados Unidos passaram por um momento histórico, com o risco de default ou inadimplência. Porém, o país anunciou, no último dia 1º de agosto, a elevação do teto de sua dívida, de US$ 14,3 trilhões, em pelo menos US$ 2,1 trilhões. Os Estados Unidos, portanto, poderão realizar novos empréstimos e cumprir com os compromissos financeiros. Mas, para o ministro da Fazenda brasileiro, Guido Mantega, mesmo com a aprovação do acordo, o governo norte-americano não tem condições de fomentar o crescimento da economia, o que impacta também os países emergentes. “O que realmente me preocupa é a dificuldade da recuperação econômica, a manutenção do desemprego alto, o fraco crescimento

da demanda americana, e não a crise da dívida em si”, disse Mantega em discurso oficial, no dia 3 de agosto, na sede do Ministério. O Brasil está entre os cinco maiores credores estrangeiros da dívida dos Estados Unidos, com reservas aplicadas em títulos do Tesouro Americano. A crise impacta as aplicações de reservas brasileiras e o setor produtivo que vende para os EUA. “O Brasil vende cerca de 20% das exportações para os Estados Unidos. Essa turbulência aponta para redução no consumo em muitos países”, analisa Manuel Enriquez Garcia, professor da Faculdade de Economia, Administração e Contabilidade, da Universidade de São Paulo (FEA-USP) e presidente da Ordem dos Economistas do Brasil. Entre as consequências estão a queda das bolsas

ideias para aprimorar nossa principal ferramenta na tomada de decisão, monitoramento de risco e ges-

Boa leitura e até breve! Waldir Alves Toledo Júnior Tesoureiro Geral Diretoria CISP

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Biênio 2011/2012

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tão de crédito.

de valores, do comércio e do crédito. “O Brasil vai exportar menos. Espera-se uma forte desaceleração da indústria. Os bancos brasileiros também estão preocupados. À medida que a desaceleração aumenta, as garantias exigidas para crédito são ainda maiores”, explica Garcia. Plano de ação O governo brasileiro anunciou, no último dia 2 de agosto, um plano de incentivo à indústria que prevê isenções fiscais de R$ 25 bilhões em dois anos. O objetivo do Plano Brasil Maior é melhorar a competitividade das exportações, afetadas pela crise internacional e pela valorização do real frente ao dólar. “Nós sofremos a consequência em um patamar melhor. Estamos procurando evitar que o real seja valorizado, adotando um conjunto de medidas cambiais que fortaleçam também a indústria brasileira e a exportação”, disse Mantega. O governo também anunciou investimento de R$ 2 bilhões na Financiadora de Estudos e Projetos (Finep). Segundo Garcia, as iniciativas são válidas para valorizar a indústria nacional. “Os incentivos são benéficos para aumentar a competitividade de alguns setores e estimular a exportação para outros países, como os da América Latina, pois vai ser mais difícil vender para os EUA”.


Perfil_Copacol

Em ritmo de crescimento integrado

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Copacol, uma das mais novas associadas da CISP, quer alcançar R$ 2 bilhões de faturamento em até cinco anos

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Em 2010, empresa sediada em Cafelândia faturou R$ 1,1 bilhão

Com sede em Cafelândia (PR), a Copacol – Cooperativa Agroindustrial Consolata – foi fundada em 1963, sendo pioneira no cooperativismo da região paranaense. De início, a empresa tinha como objetivo fornecer energia elétrica para os agricultores por meio de uma usina. Somente mais tarde, passou a trabalhar também com a comercialização agrícola dos pequenos produtores locais. Prestes a completar 48 anos, a Copacol ingressou, no mês julho, no quadro de associadas da CISP, decisão que, segundo seus gestores, foi tomada com o objetivo de alavancar os negócios e fazer cumprir a meta de chegar aos R$ 2 bilhões de faturamento em até cinco anos. “Tomamos a decisão de nos filiarmos à CISP em função das boas informações que detemos sobre a entidade, advindas de um

grande parceiro comercial, a empresa Frimesa, de Medianeira”, revela José Carlos de Souza, assessor financeiro da Copacol. Em 2010, a empresa faturou R$ 1,1 bilhão. Atualmente, a Copacol conta com um quadro de 4,7 mil associados e 6,6 mil colaboradores, dos quais 4,2 mil atuam no abatedouro de aves, atividade que a Cooperativa mantém desde 1982. “Esperamos que, por meio das informações prestadas pela CISP, sejamos auxiliados nas tomadas de decisões de crédito, principalmente nos aspectos de segurança, agilidade e confiabilidade. Com a padronização de procedimentos, pessoas treinadas, fontes de informação confiáveis, sinergia entre as áreas de vendas e o setor financeiro e também do retorno rápido do resultado da análise de crédito, alme-

Esperamos que, por meio das informações prestadas pela CISP, sejamos auxiliados nas tomadas de decisões de crédito, principalmente nos aspectos de segurança, agilidade e confiabilidade

José Carlos de Souza, assessor financeiro da Copacol

jamos ampliar nossas metas de negócios”, diz Souza. Ousadia é o diferencial Ao longo de sua história, a Cooperativa seguiu ampliando seus negócios em busca da sustentabilidade. A empresa conta, desde 2009, com seu Propósito Estratégico, batizado de G.P.S. 2.5.25. Nele, a Copacol traçou metas de crescimento em cinco anos,

considerando três pontos centrais: geração de receitas, com meta de faturamento de R$ 2 bilhões; produtividade, com meta de obter a rentabilidade de 5%; e sustentabilidade, com meta de capacitar e treinar 25 mil participantes em programas de desenvolvimento, até 2013. Hoje, a Copacol investe na construção da Unidade Esmagadora de Soja, com previsão de inauguração em janeiro de 2012. Com um investimento de R$ 80 milhões de reais, a indústria terá capacidade para esmagar diariamente 1,8 mil toneladas de soja, o que proporcionará novas frentes de trabalho. Com o funcionamento da Unidade Esmagadora, a Copacol será autossuficiente na produção de óleo degomado e farelo de soja que será utilizado nas fábricas de rações da própria Cooperativa.

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Plug in

Brasileiros vão mais vezes ao supermercado

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Pesquisa da Nielsen revela também que os consumidores estão escolhendo canais de distribuição diversificados “O aumento na frequência dos consumidores nos supermercados é verificado em todas as classes sociais. As classes C, D e E também frequentam mais os estabelecimentos e, aliado a isso, aumentam o seu ticket médio ao longo dos anos. As lojas de vizinhança representam um formato de negócio que, atualmente, atrai consumidores, justamente por proporcionarem a experiência de

compra de momento. São, sem dúvida, uma tendência”, diz Galassi.

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Nielsen, divulgada em julho, mostra que essa frequência aumentou para dez vezes em 2010. Vale o comparativo: em 2008, eram necessárias 106 idas aos estabelecimentos para se abastecer a despensa, no ano passado, foram 123. Para João Carlos Galassi, presidente da Associação Paulista dos Supermercados (Apas), o cenário econômico, vigente desde 1994, traz oportunidade aos estabelecimentos para que estes proporcionem um ambiente de compra mais satisfatório.

Com a estabilidade da moeda, o risco de inflação galopante controlado, o aumento do poder aquisitivo das classes menos favorecidas economicamente e a diminuição do número de indivíduos por família, os brasileiros mudaram seus hábitos de consumo consideravelmente, principalmente no tocante à alimentação. Se antes do Plano Real os consumidores costumavam ir duas vezes por mês ao supermercado, em função da forte oscilação nos preços, pesquisa da consultoria

Produtos, serviços & cia.

Sim, nós temos cacau!

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Valedourado, associada da CISP, ingressa no setor de chocolates

Com investimentos de R$ 2,5 milhões, incluindo divulgação e logística, a empresa Valedourado anuncia a entrada no setor de produção e comercialização de chocolates. O fabricante arrendou o parque industrial da Duffy e deu início à fabricação das marcas Único, Amado e Inevitável.

Além das barras de 160 g e 25 g, os produtos agora são vendidos também de forma sortida, em caixas de 400 g e 200 g, com quantidades que variam de 14 a 25 bombons, incluindo os bombons de coco, o confeito Ball douradinho chocolate branco e ao leite e miniaturas de outros lançamentos da empresa.

“É um mercado que movimenta, segundo dados da Nielsen, R$ 3 bilhões em vendas no Brasil, anualmente. Para o setor industrial, essa cifra é de R$ 2 bilhões”, afirma Frederico Sampaio, diretor-executivo da Valedourado, adiantando que as marcas serão trabalhadas para atingir o público das classes B, C e D.

Giro A agenda de setembro está repleta de eventos. Um dos destaques fica por conta do 14º Encontro de Logística que, neste ano, realizará treinamento técnico sobre canais de distribuição, com participação da empresa Dex Log que gerencia e executa diversas atividades logísticas, em especial, a distribuição para o interior de São Paulo e para os estados de Minas Gerais, Rio de Janeiro e Paraná. O treinamento para desenvolvimento de habilidades pessoais será conduzido pela consultoria Crescimentum, que

É uma publicação da CISP Central de Informações São Paulo www.cisp.com.br

focará as equipes de alta performance. A atividade está direcionada ao público da área de logística e, também, aos participantes do 8º Encontro Nacional de Assistentes e Auxiliares de Crédito e Cobrança que, por sua vez, receberão treinamento técnico acerca de Políticas, Risco e Limites de Crédito, conduzido pelo professor Armando de Santi Filho e palestra de encerramento com a equipe da Somma Consultoria. Ambos os eventos acontecem no Hotel Rancho Silvestre, em Embu das Artes (SP). Veja o ‘aocalendário de eventos ao lado!

16/9 - sexta-feira Palestra, almoço e assembleia dos representantes Horário: das 8h00 às 16h00 Local: Novotel Jaraguá De 21 a 23/9 - quarta à sexta-feira 14º Encontro de Logística De 22 a 25/9 - quinta-feira a domingo 8º Encontro Nacional dos Assistentes e Auxiliares de Crédito

Conselho editorial: Joaquim Luiz da Silva Jr., José Antonio Mexas, Cláudia Melo de Jesus e Raimundo Batista de Sousa • Coordenação: Cláudia Melo de Jesus • Secretário de redação: Bruno Gerlin • Projeto editorial: Trama Comunicação - www.tramaweb.com.br • Diretora de redação: Leila Gasparindo (MTb 23.449) • Editora-chefe: Helen Garcia (MTb 28.969) • Editor: Adriano Zanni (MTb 34.799) • Redação: Adriano Zanni, André Salvagno e Caroline Pellegrino • Projeto gráfico: Arthur Siqueira • Revisão: Gisele C. Batista Rego • Sugestões, críticas e informações: intercambio@cisp.com.br


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