Revista da Intersindical: Ocupar as ruas

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Ocupar as ruas!

Para mudar o Brasil e conquistar direitos!



ÍNDICE 04

Editorial

Mudar o Brasil e conquistar direitos! Edson Carneiro “Indio“

Parar o Brasil dia 30 de agosto

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Arlei Medeiros

Quando os novos atores entram em cena Ricardo Saraiva “Big“ e Eneida Koury

2013: Intersindical presente nas lutas e nas ruas, por um novo amanhã

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O Rio Grande do Sul parou! E a Intersindical estava lá!

Intersindical Rio de Janeiro

A Natura parou! Bernadete Menezes

Governo Rosalba é adversário do serviço público Intersindical Bahia

Barrar o PL 4330 e o projeto de concessões do Governo Dilma Sérgio Cunha “Serginho“ e Adriano Santos

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Laura Cymbalista e Matheus Lima

As lutas da educação em São Paulo e no Brasil Guilherme Boulos, Edson Silva e Guilherme Simões

Agora é nas periferias!

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Coletivo “Bancários na Luta“

Não à precarização do trabalho. Não ao PL 4330!

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Intersindical Rio Grande do Norte

Unidade do sindicalismo de esquerda foi fundamental para o dia 11

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Nilza de Almeida

Saúde e educação pública de qualidade inclui política salarial para o funcionalismo

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Neiva Lazzarotto e Ricardo Freitas

Organização pelas bases

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Francisvaldo Mendes

A transformação social e suas bandeiras Maria Lucia Fattorelli - Auditoria Cidadã da Dívida

Carta aberta para a Presidente Dilma Rousseff

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EDITORIAL

Mudar o Brasil e conquistar direitos! “Os homens fazem a sua própria história, mas não a fazem segundo a sua livre vontade; não a fazem sob circunstâncias de sua escolha, mas sob aquelas circunstâncias com que se defrontam diretamente, legadas e transmitidas pelo passado.” Karl Marx em O Dezoito Brumário de Louis Bonaparte

2013 é um marco da mudança de etapa em nosso país. As mobilizações, greves e bloqueios de estradas que ocorreram nos meses de junho/julho é o ápice desta nova situação, até este momento.

A indignação com os políticos, os partidos e os Governos expõe o limite do suportável por parte do povo brasileiro. Basta! Vamos parar o Brasil! Isto é que estava no imaginário de milhões e milhões de brasileiros, de todas as gerações e de todas as profissões. E aconteceu!

A economia brasileira já não vinha bem há muito tempo. O custo de vida vem retirando as conquistas salariais dos trabalhadores e o aumento dos juros serve unicamente para engordar os cofres dos banqueiros. Ninguém esperava! Ninguém previa! Mas, em Junho/Julho milhares e milhares de jovens, de trabalhadores e setores populares saíram às ruas de centenas de cidades do país para protestar. Setores importantes da população, ao se mobilizar e ocupar as ruas para reivindicar seus direitos entram numa nova fase em que se sentem mais fortalecidos, e ao obter algumas vitórias, exigem mais.

Começou com a juventude con-

A luta é por direitos!

Imagem da internet

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Se, por um lado, a radicalidade com que as Marchas foram recebidas pelos governantes de plantão, com bombas de efeito moral, gás lacrimogêneo e polícia de choque, demonstram o medo que as elites e a classe dominante têm do povo mobilizado. Por outro, a solidariedade entre os debaixo foi a principal marca desse movimento que correu o país de um extremo ao outro.

A INTERSINDICAL tem a satisfação de entregar em suas mãos nossa revista sobre os últimos acontecimentos que mudaram a face política do país. Nosso propósito é mostrar um pouco daquilo que fomos parte e compreender esse fantástico movimento que tomou conta de Norte a Sul do Brasil, além de apontar nossos desafios imediatos.

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tra o aumento das passagens no transporte coletivo, mas como os cartazes que levaram às principais avenidas das capitais e de centenas de municípios diziam essa luta não se resumia a R$ 0,20 (centavos). É o Povo que está cansado de mentiras, da corrupção e, principalmente, da negligência dos políticos com os serviços públicos, como saúde, educação, transporte, segurança e moradia. Assim, o principal alvo das manifestações foram os políticos, as Câmaras de Vereadores e as Prefeituras, mas nenhuma instituição do regime foi poupada. O Planalto, o Congresso Nacional e o Itamarati foram cercados pelo povo, que exige mudanças e principalmente inversão de prioridades. Passe-Livre, Saúde e Educação


é uma necessidade. Da Copa nós abrimos mão, se for para melhorar os serviços públicos, diziam as milhões de vozes nas ruas.

Protesto dos moradores da Favela da Maré, RJ

Do lado do movimento, o ascenso que tomou conta do país apontava para uma paralisação nacional sem direção, ou melhor, com direções novas. Ao sentir essa dinâmica, as Centrais Sindicais governistas e pelêgas aceitaram convocar um dia de paralisação nacional. Assim surgiu o 11 de julho. Um dia marcado pela entrada em cena da classe trabalhadora organizada que cumpriu o papel de hierarquizar as demandas do movimento. Prontamente, os setores independentes e combativos do sindicalismo brasileiro, como nós da Intersindical, unimos forças para garantir a paralisação nacional. O 11 de julho também foi marcado por ocupações de Prefeituras, de Câmaras de Vereadores e Assembleia Legislativa, no caso de Vitória no Espírito Santo. Outra tática para fortalecer a paralisação nacional foi o bloqueio parcial ou total das rodovias federais. Mais de 80 trechos de rodovias em 18 estados foram bloqueados pelos manifestantes, sindicalistas e ativistas ligados aos movimentos sociais, como o Mtst. Em alguns estados a paralisação

Imagem da internet

O desgaste das instituições atingiu em cheio a Presidenta Dilma. 30% de seu prestígio despencou em menos de dois meses, numa clara evidência de que Dilma serviu de anteparo para a burguesia e as elites desse país.

teve características de Greve Geral. No Rio Grande do Sul e em Minas Gerais, além dos transportes rodoviários e bloqueio de rodovias e avenidas, também o metrô ficou o dia todo paralisado. E as pessoas não quiseram sair de casa para trabalhar, diferente de outros tempos. A reação da Presidente Dilma foi usar cadeia nacional de TV na tentativa de dar uma resposta às ruas. Na proposta da presidente dos cinco pactos ficaram claras duas coisas: uma, que ela estava preocupada com as marchas gigantescas e tinha que dizer algo para tentar conter o movimento. Segunda, a sua prioridade foi manter a política de “responsabilidade fiscal”. Política essa que está a serviço da manutenção da política econômica, que garante superávit primário para pagamento dos juros e benefícios para a iniciativa privada em detrimento dos serviços públicos. Ao contrário de Dilma, nós da Intersindical defendemos a inversão de prioridades do país. Qualquer política séria tem que partir da suspensão

dos juros e serviços da dívida pública interna e externa. O 11 de julho foi uma demonstração de que o movimento é crescente e que vai continuar. Por isso, a INTERSINDICAL e as demais Centrais Sindicais estão convocando uma nova paralisação nacional, para o dia 30 de agosto. O movimento precisa se fortalecer e se preparar para novos embates, porque a burguesia , Dilma e os governos locais dão sinais de que não pretendem ouvir as ruas. Nesse sentido, o movimento sindical tem que seguir o exemplo das manifestações de junho/julho, que foram unitárias, mesmo tendo reivindicações tão diversas e imbuídas de profundo sentimento de solidariedade entre todos os que estavam nas ruas e que querem realmente derrotar esse modelo econômico. As mobilizações mostraram que é possível lutar! É possível vencer!

Imagem da internet

Manifestantes ocupam o Congresso Nacional

Ocupar as Ruas! Para mudar o Brasil e conquistar direitos

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Em defesa das reivindicações dos trabalhadores e da juventude Parar o Brasil dia 30 de agosto Edson Carneiro “Índio“ é Diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo e da Coordenação Nacional da INTERSINDICAL As mobilizações alavancadas pela juventude ganharam as ruas e um amplo apoio popular. A maioria dos que se manifestam quer mudanças profundas na realidade brasileira. O grande capital, a oposição de direita e o governo, cada um a sua maneira, apostam na manutenção de um modelo econômico que impede a realização dessas mudanças cla-

madas pela juventude e as classes trabalhadoras. A importância da luta por transporte coletivo, saúde e educação pública se soma à necessidade de barrar o avanço da precarização do trabalho, além do atendimento de reivindicações que há anos são objetos de enrolação por parte dos patrões, do governo

e do Congresso. Investimentos massivos nas políticas públicas, o repúdio ao PL 4330 da terceirização, o fim do fator previdenciário, o fim das privatizações, particularmente dos leilões do petróleo, as Reformas Agrária e Urbana e a redução da jornada de trabalho expressam necessidades urgentes. Por isso, a importância da construção do Dia Nacional de

6 Marcha na Avenida Paulista com mais de 100 mil pessoas Nelson Ezidio

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Os protestos são contra todos os governos Nelson Ezidio

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Lutas no dia 11 de julho em torno a uma pauta unitária. Contrariando os interesses populares, a presidente Dilma reafirmou sua opção pelo rigor da política fiscal. Isso demonstra que é necessário aumentar a pressão sobre o governo, exigindo o fim do superávit primário. Chega de destinar centenas de bilhões de recursos públicos para o pagamento de juros aos bancos. Sem mudar a política econômica não há como atender às necessidades populares. Os trabalhadores devem deixar claro: dinheiro público é para as políticas públicas. Nem dinheiro para a Copa, nem dinheiro para as multinacionais, muito menos para os banqueiros e rentistas! Nos próximos dias devemos intensificar o debate nos locais de trabalho sobre a importância de uma paralisação geral no dia 30 de agosto em defesa das reivin-

dicações dos trabalhadores e da juventude. Para nós, da INTERSINDICAL, é preciso construir uma greve geral contra o capital e pela mudança da política econômica! A luta pelo direito à cidade e o passe livre foi o primeiro grande passo para que a maioria do povo brasileiro seja ouvida e respeitada em seus direitos. As lutas do dia 11 de julho se configuraram em outro importante momento. E o dia 30 de agosto pode ser um passo decisivo na conquista de avanços sociais. Parar a produção e a circulação de mercadorias numa greve política contra o capital e as medidas do governo que impedem o atendimento das reivindicações. Além de pressionar os governos, é preciso denunciar o altíssimo lucro dos bancos, amealhados com a sangria dos recursos do tesouro nacional e com a exploração da população que paga tarifas caríssimas e altíssimas

taxas de juros aos banqueiros! A democratização dos meios de comunicação e o fim do monopólio controlado por meia dúzia de famílias também é parte do debate que devemos fazer com os trabalhadores. Acabar com o predomínio do poder econômico na definição dos rumos do País, acabando com o financiamento privado das campanhas eleitorais também é importante para a afirmação de um Brasil voltado aos interesses do povo. Esses elementos são parte deste período aberto com as manifestações de indignação e a insatisfação popular com a permanência de um modelo que não permite à maioria do povo brasileiro exercer seus direitos de forma plena. Devemos nos somar na construção de ações unitárias o mais amplo possível para que os trabalhadores, a juventude e a maioria do povo possam conquistar, finalmente, condições dignas de vida e trabalho para todos.

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Quando novos personagens entram em cena! Arlei Medeiros Coordenação Nacional da Intersindical e dirigente dos Químicos Unificados. Este título é de um livro de Eder Sader, militante político e professor da USP, que retratou as experiências e lutas dos trabalhadores da grande São Paulo nos anos de 1970 e 1980. E o que tem a ver o passado com a atualidade, com a população que tomou as ruas em junho e julho de 2013?É nítido que os dois momentos guardam uma similaridade nos personagens que mudam o rumo da história.

O que mudou? Muita coisa. Desde a cooptação e a adaptação à ordem estabelecida pela vanguarda dos anos 80, houve um real abandono da perspectiva de superação do regime capitalista, de bandeiras históricas como serviços públicos universais, reforma agrária, e teve ainda, o distanciamento na luta pela independência das grandes potências e também na conquista de direitos humanos.

Ato em Campinas, 20 de junho Tatiane Malta

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Majoritariamente os personagens que foram protagonistas, em especial as lideranças das lutas dos anos de 1980, estão hoje no poder. Aqueles que possibilitaram o avanço e as mudanças nos anos 80, são os que hoje, reprimem os movimentos sociais com prisões, bombas e balas. Falamos aqui de PSDB ou PT. Um exemplo claro nós vemos no estado de São Paulo, com a ação conjunta de Geraldo Alckmin (PSDB) e Fernando Haddad (PT). Tudo foi feito para manter o status quo e a ordem estabelecida por eles. Mas, as pessoas querem as mudanças, por isso entraram em cena e tomaram as ruas.

A base social que fez greve e foi às ruas nos anos de 1980, era formada na maioria por trabalhadores que moravam em bairros desestruturados, sem serviços básicos, e reivindicavam melhores salários. Já a massa que chegou às ruas agora, mais de 30 anos depois, é bem mais plural e tem

Ato no Largo do Batata – 150 mil pessoas, 17 de junho

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bandeiras objetivas e concretas. Estes novos personagens negaram as direções tradicionais. Expressaram resistência às bandeiras dos partidos, em especial do PT, e negaram também, partidos que sempre procuraram se


Químicos Unificados na manifestação em Campinas Tatiane Malta

apropriar dos movimentos sociais colocando suas bandeiras à frente.

Avenida paulista contra a terceirização Tatiane Malta

Enquanto militante e dirigente da Intersindical posso afirmar que nós sempre estivemos articulados com a população e a classe trabalhadora e participamos efetivamente de todos esses movimentos. Empunhamos nossas bandeiras, mas sempre respeitando o protagonismo da juventude, do Movimento Passe Livre (MPL) e dos diversos grupos de jovens. Enfrentamos o fascismo e reforçamos o grito das ruas que se expressa e fortalece a esquerda! Aprendemos com as ruas e com os atos dos dias, 20 de junho e 11 de julho, que é preciso reorganizar e arejar os partidos efetivamente de esquerda, e as centrais sindicais tradicionais na sua forma de relação com o Estado. Assim, podemos construir um novo caminho para a direção sindical. A Intersindical está imbuída desta tarefa nos diferentes Estados e está organizando diversos seminários para ter a sensibilidade necessária para responder à conjuntura atual. Faça parte deste projeto e nos ajude a construir a INTERSINDICAL.

Ato em Campinas, 20 de junho

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2013: Intersindical presente nas lutas e nas ruas, por um novo amanhã “Do rio que tudo arrasta se diz que é violento Mas ninguém diz violentas as margens que o comprimem” (Bertold Brecht) Este ano certamente será lembrado como o ano do ascenso das lutas populares e dos trabalhadores. A ilusão que o governo petista tentava vender a todo custo sobre um suposto pais com pleno emprego e justiça social foi desmascarada nas ruas por milhões de pessoas que marcharam exigindo direitos sociais e participação. Os 20 centavos do aumento da tarifa foi à gota d’água que fez transbordar décadas de negligência e opressões sofridas pela classe trabalhadora. A Intersindical cumprindo seu papel de organizar as lutas e estar junto apoiando onde sejam necessários os movimentos emancipatórios e que defendem que os direitos não podem ser tratados como mercadorias, foi às ruas junto com o Movimento Passe Livre (MPL), sempre respeitando a autonomia do MPL. Na Baixada Santista durante o mês de

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Herbert Passos Neto

Intersindical é decisava na luta dos trabalhadores da Baixada Santista

Fabiano Couto

Ricardo Luiz Lima Saraiva “Big“ - Presidente do Sindicato dos Bancários de Santos-SP e da coordenação nacional da Intersindical Eneida Koury - Secretária Geral do Sindicato dos Bancários de Santos e Região e membro da coordenação da Intersindical

Intersindical participa da 1ª manifestação do MPL, em Santos, 13/06

junho, a militância e os sindicatos ligados à nossa central já estavam envolvidos na construção das manifestações. No dia 18 de junho foi realizada uma grande plenária do movimento passe livre lotando o auditório do Sindicato dos Bancários de Santos e Região, onde foi debatida a organização do grande ato do dia 20 de junho, onde mais de 6.000 pessoas marcharam em Santos. Novamente estivemos nas ruas com estudantes e trabalhadores naquele que foi um dos maiores protestos da história recente de Santos. Não podemos deixar de reconhecer, que mesmo com a tentativa de cooptação de setores da mídia que primeiro criminalizavam os protestos pela redução da tarifa e em seguida passaram a tentar induzir um padrão de pauta, não mudamos nossas reivindicações por direitos. O movimento seja ele o organizado ou espontâneo não se deixou cooptar, inclusive algo muito simbólico ocorreu durante a Copa das Confederações o futebol histórico elemento cultural utilizado para alienar a população, foi largado de lado pelo povo que inclusive deixou

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bem claro que abre mão da Copa do Mundo, por ser um grande desperdício de dinheiro público. Via-se de modo geral nos cartazes levados às ruas exigindo transporte, saúde, educação e moradia que a onda que se espalhou pelo Brasil era fruto do rompimento feito nas lutas com um bloqueio estrutural produzido pelas classes dominantes na formação de um Estado brasileiro impermeável às demandas e participação popular. Não é de se estranhar que tudo identificado com o poder foi repudiado pelas ruas, que viu em símbolos da velha politica, os seus algozes. Logo após as primeiras vitórias conquistadas nas reduções de tarifas que se espalharam pelo Brasil, nós da Intersindical intensificamos o trabalho em torno das bandeiras históricas do movimento sindical. Afinal temos a clareza de que é o conjunto de bandeiras e o programa da classe trabalhadora que realmente pode transformar nossa sociedade. Assim intensificamos o debate com a categoria bancária e demais setores na Baixada e construímos o ato dia 28 de junho da jornada de lutas, participamos da Marcha


Fabiano Couto

Greve dos Bancários contra a PL 4330 (amplia a terceirização), 04/07

Intersindical foi decisiva na paralisação da Baixada Santista Em reunião preliminar, a organi-

zação do “Dia Nacional de Lutas em 11 de julho”, a Intersindical defendeu que este deveria ser um dia com greves das categorias, com objetivo de garantir a paralisação da produção e da circulação de mercadorias, assim conseguimos encaminhar o mote que caracteriza o perfil desta jornada na Baixada Santista: “A Baixada vai Parar”. Este dia foi fruto da construção de um acordo nacional entre o movimento sindical unindo as centrais. A Intersindical Junto com outras sete centrais e o MPL, marcaram a história da Baixada Santista parando literalmente uma das maiores regiões metropolitanas do Brasil. A Intersindical e o Sindicato dos Bancários tiveram papel decisivo para que o dia 11 de julho não fosse apenas mais um dia de protesto, mas passasse para a história como um dia em que a classe organizada defendendo uma pauta bem clara, demonstrou sua força. Diversas categorias de trabalhadores e a juventude unidas protagonizaram um dia histórico dentro de um ano de lutas. Colocamos toda nossa força na construção da unidade e das estratégias que fizeram do dia 11 um novo marco resgatando a tradição

Uma construção necessária

Certamente a importância da construção de nossa Central como um instrumento de luta e organização dos trabalhadores, que busca romper com as velhas lógicas politicas que tornaram grande parte do sindicalismo estéril, se faz mais urgente, por isso a Intersindical demonstrou ao longo do levante da juventude e na organização da classe que esta no caminho certo. Não podemos vacilar um segundo sequer e precisamos seguir avançando. Construir o novo é a tarefa, o recado que a história manda é que politicas sectárias e rebaixadas apenas contribuem com os opressores. A intersindical ao se afirmar como combativa ao sectarismo cumpre, a cada dia, um papel mais importante na construção de um novo amanhã.

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Fabiano Couto

na Paulista dia 03 de julho, junto com o MTST e outras organizações; paralisamos agências bancárias, dia 04 de julho, contra o PL 4330 da terceirização e precarização do trabalho, buscando sempre a unidade entre a classe e suas organizações com vista à construção de ações cada vez maiores. Foi assim que com o auditório tomado pelos trabalhadores maioria de bancários, obrigamos a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania (CCJC) da Câmara dos Deputados a retirar de pauta a votação, no dia 10 de julho, do projeto substitutivo do deputado Artur Maia (PMDB-BA) ao projeto de lei do deputado Sandro Mabel (PMDB-GO), que, se fosse aprovado, liberaria por completo a terceirização, precarizando ainda mais o emprego e os direitos daqueles que vendem sua força de trabalho. Ficou claro que precisávamos tensionar ainda mais o governo Dilma em torno de uma agenda clara e taxativa, com a certeza de que é assim que produziremos mudanças estruturais, ou seja, atacando pontos centrais na luta do trabalho contra o capital. Com esta constatação dedicamos todas nossas forças na construção de uma grande paralisação e mobilização nacional que ocorreu no dia 11 de julho, em torno de itens que se concretizados certamente avançarão na conquista de direitos.

de lutas. Para tanto, convocamos, com o conjunto das centrais, uma entrevista coletiva e reunião organizativa no dia 08 de julho. Quando expomos nossa defesa dos direitos dos trabalhadores com a presença de praticamente todos os veículos de comunicação de Santos e região, frisando muito bem o que uniu as centrais, sem deixar por um segundo de expor nossas divergências com posturas que atentam contra a classe trabalhadora. E nos dias 10 e 16 de julho organizamos novas reuniões do conjunto do sindicalismo, sendo a ultima para avaliar e dar continuidade ao movimento do dia 11, que não pode parar e deve sim organizar novas jornadas nacionais ainda mais intensas, avançar nas lutas e conquistas é nossa tarefa.

Paralisação da entrada da cidade de Santos, em 11/07

Ocupar as Ruas! Para mudar o Brasil e conquistar direitos


O RIO GRANDE DO SUL PAROU! E a INTERSINDICAL estava lá!

Neiva Inês Lazzarotto Direção geral do CPERS/Sindicato e Coordenação Nacional da Intersindical Ricardo da Silva Freitas CEAPE- Centro dos Auditores Públicos Externos do Tribunal de Contas do Estado do RS Aqui no Sul, o 11 de julho – Dia Nacional de Lutas – transformou-se em um típico dia de Greve Geral em todo o Estado, porque tudo começou bem antes.

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Mas, antes de relatar os fatos que culminaram no dia 11, é importante salientar que a paralisação nacional do 11 de julho não foi uma típica greve geral, onde categorias organizadas saem às ruas reivindicando demandas corporativas e econômicas. Diferente disso, essa paralisação teve um caráter eminentemente político! A insatisfação com a situação geral em que se encontra o país foi o detonador de um sentimento de solidariedade de toda a população com quem estava nas ruas protestando por qualidade dos serviços públicos, saúde, educação e transporte, etc.. O mesmo podemos esperar do próximo dia nacional de paralisação convocado pelas centrais do qual a Intersindical é parte convocante.

Com essa crise, o reajuste das passagens que sempre ocorria em fevereiro foi anunciado apenas em março quando os estudantes já estavam de volta das férias. Assim, com o Bloco de Lutas da Juventude e os Rodoviários unidos, as marchas cresceram a tal ponto que foi em Porto Alegre que aconteceu a primeira grande Marcha contra o aumento da passagem, brutalmente reprimida pela Brigada Militar. A repressão gerou mais solidariedade. Mi-

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lhares nas ruas, essa batalha foi ganha porque obrigou o Prefeito a admitir a redução do valor da passagem.

Câmaras ocupadas: a luta pelo passe livre dá um grande passo Com a vitória da redução da passagem passou a ser uma luta pelo passe livre. Mais explosiva e com muito mais gente! Esse processo culminou com a ocupação da Câmara de Vereadores de Porto Alegre, onde os manifestantes permaneceram por mais de uma semana. Destacamos, em particular, o protagonismo da juventude do Movimento Contestação, parte do Bloco de Lutas, na Ocupação da Câmara-POA. Nossos companheiros estudantes, universitários e secundaristas, foram parte importante na resistência às pressões pela desocupação já

Piquete em frente a Carris na madrugada do dia 11/06 Bruna Menezes

E como tudo começou aqui no Sul? Ainda em novembro de 2012, a Carris, Companhia Municipal de Transporte de Urbanos de Porto Alegre teve um conflito com os rodoviários pelo não pagamento de gratificação, o que resultou em quatro dias de greve. E a INTERSINDICAL estava lá no apoio. Essa luta vitoriosa fortaleceu o dissídio da categoria que reivindicava

aumento salarial, mas se contrapunha ao aumento de tarifa. Em fevereiro, entre assembleias, paralisações e marchas, o impasse dos rodoviários foi parar na Justiça, por dois motivos: a recusa dos trabalhadores em aceitar a proposta do Prefeito e também porque o sindicato pelêgo não encaminhava as propostas dos trabalhadores – além de patrocinar pancadaria para fraudar a assembleia a ponto de ter acontecido uso da força pela Brigada Militar no interior do sindicato.


Em muitas de cidades do RS a luta pela redução da passagem também se fazia com os mesmos métodos usados na Capital. Cidades-pólo como Santa Maria, Passo Fundo e São Leopoldo tiveram suas Câmaras ocupadas por manifestantes que exigiam redução das passagens, passe livre e fim das praças de pedágios. Em Rio Grande, a ocupação foi na Prefeitura. Várias vitoriosas.

A INTERSINDICAL presente nos piquetes, atos, marchas e ocupação A Intersindical – com sua militância na Assufrgs, CPERS, Crítica Bancária, Tribunal de Contas, Municipários, Segurança - desde o primeiro momento mobilizou seus sindicalistas em apoio à ocupação da Câmara dos Vereadores

de Porto Alegre. Assim como, participou das plenárias e assembleias de diversas categorias para organizar o 11 de julho, pautando o problema da dívida como algo a ser atacado pelo movimento. No dia 11, concentramos nossas forças em algumas cidades do interior do Estado, onde os trabalhadores em educação fizeram muitas mobilizações como em Cachoeira do Sul (mais de 2.500 manifestantes), Santa Maria e Erechim. E em Porto Alegre, desde a madrugada orientamos nossos companheiros a fazer piquete na garagem da Carris. Os ônibus não saíram das garagens, pela compreensão dos rodoviários.

de a juventude fez assembleia e manteve a ocupação até garantir a vitória citada. A disposição de ir para às ruas é parte da nova realidade. Por isso, mais do que nunca as novas jornadas de lutas e mobilizações vão precisar de muita solidariedade e unidade. Sabemos que as Centrais Sindicais governistas (CUT e CTB) e a Força Sindical, não querem a real mobilização do povo trabalhador. Nós não podemos perder o norte estratégico que é a mobilização e organização da classe trabalhadora para impor uma derrota aos governos Dilma, Tarso e Fortunati, obter conquistas e acumular forças para transformar essa sociedade que vive da exploração do nosso trabalho.

Porto Alegre parada, porque a massa de trabalhadores e estudantes protestaram não saindo de casa, a Intersindical participou do Ato das Esquerdas em frente ao Palácio Piratini, às 11 da manhã, onde por nossas intervenções denunciamos o calote do Governo Tarso ao não pagar o Piso dos educadores e o governo Dilma, por priorizar o pacto com as elites e os banqueiros. À tarde ocorreu uma Rejane Aretz: do grande marcha do Mov. Contestação na Bloco de Lutas que Ocupação da Câmara de Vereadores/POA terminou na Câmara de Vereadores, onJorge Torres

Houve a primeira vitória. A Câmara só foi desocupada, no dia 18, quando a Justiça acordou com o Bloco de Lutas e representantes da Câmara que a saída do recinto se completaria quando os vereadores recebessem os dois Projetos de Lei elaborados pelos manifestantes – passe livre para estudantes e desempregados e abertura das contas das empresas de transporte coletivo - que foram protocolados na Câmara e que em seguida deveriam ser encaminhados ao Prefeito José Fortunati.

Marcha do Bloco de Lutas na Av. Borges de Medeiros - POA Imagem da Internet

nos primeiros dias. Foi determinante a clareza que tiveram nossos companheiros de que a Prefeitura e o Governo Tarso não tinham condições políticas de efetuar uma desocupação à força como queriam o Presidente da Câmara, os setores reacionários e a burguesia local, já que a ocupação era também expressão da indignação geral que tomou as ruas.

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Organização pelas bases

Intersindical do Rio de Janeiro

Quando o dia 11 de julho se aproximava, os rumores na população de que haveria greve geral no Rio de Janeiro só aumentavam. Dos comerciários aos metalúrgicos, bancários aos professores, todos só falavam disso.

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O que faltou para ter greve geral no Rio de Janeiro? O estado que levou mais de 1 milhão de pessoas para as ruas não fez greve nos principais setores. Todos contavam com a paralisação dos transportes para que tudo parasse. Um dia antes, 10 de julho, o sindicato dos rodoviários do Rio anuncia, em entrevista, que não iria paralisar argumentando que as pessoas não teriam como chegar na mobilização marcada para as 15h no centro da capital. Pura balela. Assim como os rodoviários não pararam, o comércio funcionou normalmente, bancos só da área central pararam...

Sindicatos ligados às centrais governistas fizeram apenas paralisação de algumas horas, em poucas categorias. Em geral, essas centrais fizeram acordos com o patronal e os governos, e não pararam as bases que representavam. Muitos sindicatos ligados a algumas dessas centrais ainda fazem lutas em suas categorias. No entanto, quando o enfrentamento é contra o governo, as mobilizações tornam-se medíocres. A CUT, que ainda é a principal central do país em representação, se negou, na prática, a enfrentar o governo federal. Tentou, mais uma vez, a cumprir o papel de “esquerda” disfarçada, chamando a greve apenas no discurso. Essa burocracia - que faz negociatas sem as categorias saberem - está cristalizada no Brasil. Nós da Intersindical temos o desafio de junto com outros setores combativos acabar com essa cerca.

A indignação hoje é maior. Diferentemente de outros momentos nos quais os trabalhadores julgaram que a greve não era a melhor saída, no dia 11, TODOS achavam que a greve era necessária para conseguir avançar nas pautas de exigência. Além das pautas gerais reivindicadas, aumento salarial, investimentos nos serviços públicos, entre outros, eram pautas que mobilizariam categorias que, antes, pouco se manifestavam. @s militantes da Intersindical passaram o dia mobilizando suas categorias e convocando suas bases para o ato conjunto. Uma parcela importante dos servidores públicos federais aderiu a greve, assim como educadores convocados pelo SEPE. Dirigentes da Intersindical participaram ativamente de todo o processo e às 15h fizeram concentração em

Intersindical mobiliza funcionalismo público no Rio

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Candelária: Mega manifestações em junho e julho Imagem da internet

frente à Candelária. Em torno de 10 mil manifestantes fizeram passeata até a Cinelândia. Entre as palavras de ordem, a Intersindical responsabilizou a presidenta Dilma e seus aliados pelos gastos irresponsáveis nos megaeventos deixando de investir em serviços básicos como saúde, educação e transporte. Além disso, manifestantes não deixaram de exigir o fim do pagamento da dívida pública para investimentos em serviços. Temos certeza de que o dia 11 foi um marco histórico no Brasil,

onde milhares de trabalhador@s saíram em passeata de norte a sul do país. Ainda temos muito a superar. Quando os trabalhadores decidirem paralisar, temos que estar preparados quando qualquer central sindical direcionar o contrário. Agora mais do que nunca, a organização dos trabalhadores por local de trabalho torna-se necessária para avançarmos nas mobilizações e conquistarmos vitórias para classe. A construção da pauta da próxi-

ma paralisação nacional conjunta deve expressar as diferenciações dos setores sindicais e sociais mais combativos de modo que fique patente que se a data pode ser unificada nacionalmente de forma classista talvez as atividades, tanto como as reivindicações, tenham que ter uma distinção do sindicalismo peleguista que assegure aos militantes sindicais e sociais classistas mais combativos o cumprimento da tarefa mais concreta e significativa de todo esse processo: FAZER UMA GREVE GERAL TÃO AMPLA QUANTO POSSÍVEL NO BRASIL.

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Centenas de milhares protestam na Cinelândia, RJ

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A Natura parou! Químicos Unificados realizam ato em frente à Natura e demonstram força da classe trabalhadora Nilza Pereira de Almeida Dirigente do Sindicato Químicos Unificados de Campinas Osasco e Vinhedo O último dia 11 de julho, escolhido para ser o Dia Nacional de Lutas, foi uma data de grande representatividade para o Sindicato Químicos Unificados. Esse dia teve como objetivo mobilizar e conscientizar os trabalhadores quanto à importância de lutar por um país melhor.

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Para realização de um ato que tivesse impacto na sociedade e transmitisse a mensagem que o Sindicato gostaria de divulgar nesse dia tão importante foi preciso escolher um local de grande visibilidade. Por esse motivo foi escolhida a empresa Natura, localizada no município de Cajamar. Empresa de maior poder econômico da categoria química, a Natura também é conhecida por praticar inúmeros atos de des-

respeito ao trabalhador, fazendo com que a atuação do Sindicato em defesa desses trabalhadores se torne indispensável.

levando-os a um novo prédio da empresa na rodovia Anhanguera e impedindo-os de participar da Assembleia.

No dia 11 de julho os dirigentes dos Químicos Unificados, com o caminhão do Sindicato, seguiram para a porta da Natura para realização de Assembleia. O objetivo era discutir e conscientizar os trabalhadores quanto a temas como a redução da Jornada de Trabalho sem redução de salários; a importância do engajamento dos trabalhadores nas lutas e manifestações que estão ocorrendo em todo o Brasil, entre outros.

Essa atitude causou indignação aos membros do Sindicato que estavam ali para dialogar com os trabalhadores. Ao desviar a entrada de acesso e confinar os trabalhadores dentro do ônibus, a Natura agiu de maneira arbitrária, não respeitando a democracia e o direito dos trabalhadores de ouvir o que o sindicato tem a dizer.

A Assembleia, entretanto, não pode acontecer, já que A Natura desviou os ônibus fretados que levariam os trabalhadores do primeiro turno às fábricas,

Dentre os itens da pauta, um assunto de grande importância para debate com os trabalhadores da Natura é o Projeto de Lei 4330/04 do deputado Sandro Mabel, que regulariza a terceirização e prejudica os trabalhadores. A aprovação da PL 4330/04 interesIntersindical e outros movimentos fecham Rodovia Anhanguera Tatiane Malta

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Químicos, Intersindical e Ousadia pra Mudar, na Natura, Cajamar Tatiane Malta

sa bastante à Natura, já que 1/3 dos trabalhadores na empresa são terceirizados.

trabalhadores terceirizados não comem o mesmo lanche dos trabalhadores efetivos.

Com a terceirização de grande parte de seus serviços, a Natura se sente à vontade para praticar atos que discriminam os trabalhadores. Um exemplo claro dessa prática acontece no Espaço Saúde, local dentro da empresa que presta atendimento e orientação aos trabalhadores, e que cobra para atender os terceirizados. Atendimento em casos de emergência, consultas e remédios são gratuitos apenas para os efetivos; os terceirizados são obrigados a pagar.

Além de sua influência econômica, a Natura é uma empresa com força na política, uma vez que um de seus sócios já se candidatou a vice-presidente da República nas eleições de 2010. A imagem que a empresa tenta transmitir em suas propagandas politicamente corretas e que enaltecem o bem estar e a preocupação com a natureza, não condiz com as práticas da empresa na vida real.

Não abaixar a cabeça diante das grandes corporações e lutar pelos direitos dos trabalhadores é dever do Sindicato e uma das maiores preocupações dos dirigentes dos Químicos Unificados. Por esses motivos, atos como o Dia Nacional de Lutas têm grande representatividade e são motivos de orgulho para toda a categoria.

Nilza, dirigente dos Químicos, no ato em frente a Natura Arquivo Químicos Unificados

O sindicato defende que tanto os trabalhadores efetivos como os terceirizados têm direito a ter igual tratamento dentro da empresa. Isso não acontece na Natura, onde até o café da manhã de sábado é motivo de segregação, já que, de acordo com denúncias, os

O Dia Nacional de Lutas foi um

marco na história do Sindicato e, apesar do boicote da Assembleia, feito pela Natura, a ação teve sucesso, pois a empresa parou e os trabalhadores voltaram para suas casas. Nesse dia não houve produção na Natura.

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DIA 11 DE JULHO

Saúde e educação pública de qualidade inclui política salarial para o funcionalismo Bernadete Menezes Coordenadora Geral da Assufrgs Coordenação Nacional da Intersindical As grandes mobilizações dos últimos meses colocaram a nu a situação de desmonte e penúria dos serviços públicos, em especial, da saúde e da educação.

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A área da saúde já é um caso de polícia. O número de pessoas vítimas de não atendimento ou de exames de alta complexidade marcados para 6 meses depois – mesmo em casos graves, mostra a prioridade do governo Dilma. Cada centavo retirado do orçamento destas áreas favorece o setor privado que tem enriqueci-

do com uma enorme velocidade e violência. Os planos de saúde privados cresceram mais de 50% desde 2003, faturando só em 2011 R$ 83 bilhões, sendo que neste período o governo perdeu em renúncia fiscal para este setor 15 bilhões de reais. Na educação não é diferente. Nas universidades, a expansão se dá sem a respectiva garantia da qualidade. Até o governo reconhece que a defasagem é de 19.569 professores, mas autorizou para este ano a contratação de 3 mil vagas

temporárias. Apenas 19% dos jovens entre 18 e 24 anos frequentam ou frequentaram a educação superior. A consequência é o crescimento do setor privado, que no ensino superior cresceu mais de 80% nos últimos anos, ocupando 82,54% das vagas. O lucro também acompanha este crescimento - segundo o jornal Valor Econômico, a educação privada é o setor econômico que mais lucra no país. Somente a Universidade Anhembi Murumbi teve uma margem líquida de lucro no ano passado de R$52 milhões,

João Batista

Grevistas da UFRGS bloqueiam Ponte

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Bruna Menezes

Ato unificado da esquerda em frente ao Piratini

correspondendo a 30%. Um percentual superior a empresas como a Vale do Rio Doce, Petrobras e Guerdau. Neste sentido, a construção do dia de lutas em 11 de julho foi fundamental para a entrada organizada dos trabalhadores no processo das mobilizações dos últimos dois meses. Além da presença dos sindicatos, foi a elaboração de uma pauta que contemplasse os principais pontos programáticos que atendam às

necessidades da maioria de nosso povo, um dos pontos altos dessa mobilização.

para trabalho igual. Os aposentados, propondo o aumento das aposentadorias.

Esta pauta, que por si só já justifica o esforço de unidade entre as centrais, responde às principais demandas das ruas ao defender verbas substanciais em saúde, educação e transporte público. Combate às privatizações e terceirizações. A unidade com os trabalhadores do campo ao defender a Reforma Agrária. As mulheres, ao lutar por salário igual

No entanto, o grande ausente nesta pauta são os funcionários públicos, contraditoriamente um dos setores que mais mobilizaram nos últimos anos e, em particular, no dia 11 de julho. Reverter a situação da saúde e da educação significa garantir para os trabalhadores destes setores uma política salarial.

A ausência de uma política salarial para funcionários públicos

Qualquer trabalhador no país, por mais humilde que seja, tem garantido um direito: o direito de saber quando seus salários serão reajustados. Somente nós trabalhadores dos serviços públicos não sabemos. Não temos data-base – ou melhor, temos, mas ela está no documento mais desrespeitado no país: a Constituição Federal. Não temos dissídio coletivo. A patronal não é obrigada a rever os salários e nem a apresentar proposta aos trabalhadores. Então, nos vemos em uma situação insólita. Para conseguir repor perdas ou conseguir reajustes, temos que fazer greves praticamente todos os anos e sem a garantia de obter vitória. Por isso, temos que incluir na pauta das centrais a demanda fundamental que unifica o funcionalismo: Política Salarial.

A luta das universidades

Um exemplo do que falamos é a situação das universidades. Nos últimos 20 anos, todos, exatamente isso: TODOS os reajustes que tivemos foram produtos de greves. Na maioria delas os governos, sejam eles FHC, Lula ou Dilma, só apresentaram proposta no terceiro mês, tentando desgastar o movimento e colocar a população contra nossa luta. Portanto, defender os serviços públicos de qualidade passa por defender verbas e política salarial para esses trabalhadores.

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Governo Rosalba é adversário do serviço público Intersindical Rio Grande do Norte

Quando o serviço público falha aumenta o lucro das empresas privadas que prestam esses serviços. A população se vê obrigada a ir para o sacrifício, retirando do seu orçamento o dinheiro para pagar serviços que já foram pagos através dos impostos.

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O Governo Rosalba é aliado das empresas privadas e adversário do serviço público. E encontrou o caminho mais curto para beneficiar os seus aliados: não reajustar os salários, não negociar com as categorias. Quando os trabalhadores vão à greve, mesmo cumprindo direitinho a lei o Governo anuncia o corte do ponto, punindo os mais fracos duas vezes, pela ausência do reajuste e, pelo corte do ponto, essa é uma das faces do Governo Rosalba.

Sinai presente na Marcha em Natal, RN

No DETRAN foi assim. Os trabalhadores recebendo salários inferiores aos determinados pela lei desde 2010. Os mais novos foram nomeados há um ano e desde então recebem os salários faltando a parte da Lei Complementar 424/2010, que o Governo deve, a novos e antigos. Desde aquele ano que se luta pelo benefício. O Governo Rosalba vem subtraindo dos trabalhadores parte importante de sua remuneração. No caso do DETRAN, após longa espera, os trabalhadores foram à greve. Sem negociar e sem resposta, o Governo anunciou o corte do ponto dos grevistas. Uma intolerância sobre a outra. Para completar,mais uma trapalhada de um governo sem noção:

Posse da diretoria conta com a presença de Francis da Intersindical

os trabalhadores retornaram ao trabalho prometendo pagar os dias parados em maio caso o governo negociasse a pauta. Mas, o Secretário de Administração queria saber como se pagaria o ponto de junho e as horas paradas. Ele esqueceu apenas que o ponto de junho sequer havia sido cortado! O despreparo do Governo Rosalba é assustador. A situação do DETRAN infeliz-

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mente não é única. Encontram-se pendentes de pagamentos os Planos dos órgãos cuja representação sindical é do SINAI, as seguintes Leis Complementares vigentes desde 2010: Leis Complementares 418 (GAB CIVIL), 419(FJA), 424 (DETRAN), 432 (Plano Geral da Adm. Direta), 434(DER), 435 (EMATER), 436 (IDIARN), 438 (IDEMA), além dos dois Planos das Empresas CEASA e EMPARN.


Unidade do sindicalismo de esquerda foi fundamental para o dia 11 Intersindical Salvador - BA

A preparação para “O Dia Nacional de Lutas” foi intensa, com muitos debates e reuniões. As organizações sindicais e populares formaram a Frente de Esquerda Socialista onde todas as entidades convocantes das manifestações participaram.

O povo quer mudanças!

Muitos debates foram travados e as centrais governistas tentavam a todo o momento não se contrapor aos governos. Militantes da Intersindical e dos setores da esquerda combateram essa postura e deram a batalha para realizar uma manifestação que não deixasse de responsabilizar os governantes, nas três esferas, pelo descaso com o povo e serviços públicos.

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O dia 11 chegou e muitas greves começaram logo cedo. Os servidores paralisaram assim como o transporte parou por algumas horas na capital. Na mobilização os manifestantes da Intersindical foram incansáveis, onde além das palavras de ordem exigindo mudanças, distribuição de materiais foram agitando a passeata. Esse foi um dia que marcou na história do Brasil. Foi fundamental a unidade entre os setores sindicais e organizações da esquerda. Trabalhadores de diferentes categorias saírem às ruas com bandeiras por melhorias mostrando que a luta da classe trabalhadora é necessária e bonita. Ocupar as Ruas! Para mudar o Brasil e conquistar direitos


Barrar o PL 4330 e o projeto de concessões do Governo Dilma A categoria bancária na luta contra o projeto neoliberal Coletivo Bancários na Luta SP

Nós, do Coletivo Bancários na Luta, da Intersindical, entendemos que neste momento a questão de maior importância para a categoria bancária e demais trabalhadores – para além de nossas reivindicações históricas –, são a retirada do Projeto de Lei 4330 e a realização de debates com os trabalhadores sobre o projeto de concessões do Governo Dilma:

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Lutamos pela retirada do PL 4330 do Congresso Nacional, que amplia a terceirização a diversas atividades e representa um ataque contra todos os setores organizados. Temos de fazer pressão em Brasília junto aos parlamentares

favoráveis ao projeto e tencionar suas bases em seus respectivos estados. É importante que a população entenda que parlamentares simpatizantes ao PL 4330 são traidores dos trabalhadores. Nesse sentido, estaremos, no próximo 6 de agosto, nas ruas contra o PL e pelo fim das terceirizações. Outro debate central é o processo de privatizações – mascarado sob o nome de concessões – comandado atualmente pelo PT e PMDB, partidos governistas. Na prática, se trata do maior projeto de privatização na história do país, superando, inclusive, as ocorridas durante o Governo FHC. Todo o processo, que abarca

rodovias, ferrovias, aeroportos, portos e bacias petrolíferas, entregará mais de R$ 620 bi ao capital internacional e grandes monopólios. Estes são dois pontos que devem ser denunciados a toda a classe trabalhadora. Fazem parte das três condicionantes que compõem o tripé do neoliberalismo: privatização, desregulamentação de direitos sociais e abertura econômica. Tríade esta que continua sendo adotada pelo modelo desenvolvimentista do Governo Federal. Enquanto não derrotarmos esta política econômica, a sangria dos recursos públicos para o capital financeiro e rentistas continuará avançando.

Coletivo “Bancários na Luta” contra o PL 4330 Daiana Seibert

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Não à precarização do trabalho. Não ao PL 4330! Sérgio Cunha “Serginho“ Membro da Executiva APoesp-SP e Coordenação Nacional da Intersindical Adriano Santos Sepe-Rio e Coordenação Nacional da Intersindical O grande capital, a oposição de direita e a base governista ameaçam aprovar o PL 4330. Querem ampliar a precarização do trabalho, além de legalizar práticas fraudulentas de contratação de mão de obra que retiram direitos dos trabalhadores.

Atualmente, cerca de 11 milhões de pessoas são contratadas por firmas terceirizadas, com salários e direitos inferiores aos demais trabalhadores. Contratados diretamente pelas empresas são cerca de 34 milhões de pessoas. Se o PL 4330 for aprovado, milhões de trabalhadores poderão ser demitidos e recontratados por firmas terceirizadas para realizarem as mesmas funções, mas com salários e direitos inferiores. O PL, na forma em que está garantido pelo relator Deputado Artur Maia, do PMDB, confere segurança jurídica para os patrões estender a terceirização para todas as atividades, além de modificar diversos dispositivos da legislação e normas atuais que ainda são obstáculos à completa precarização do trabalho no Brasil. O projeto acaba com a norma que restringe a terceirização apenas às chamadas atividades-meios. Ao permitir terceirizar as atividades

Daiana Seibert

Diante dessa ameaça, é muito importante que os trabalhadores e suas organizações fiquem atentos e intensifiquem as mobilizações para barrar esse Projeto de Lei que visa quebrar a espinha dorsal dos direitos trabalhistas no Brasil, generalizando a terceirização para todos os setores da economia.

Intersindical na luta contra a terceirização, Avenida Paulista-SP

fins amplia-se, ao grau máximo, a exploração da classe trabalhadora brasileira. O projeto permite a intermediação da mão-de-obra entre empresas, o que fere frontalmente a legislação em vigor, que ainda que muito insuficiente, é uma garantia mínima diante da ganância dos patrões que só se interessam pelo lucro sem risco algum. No setor público, essa alteração significaria a diminuição dos concursos públicos e a transferência de atribuições públicas para empresas terceiras. O relatório a ser votado na CCJ acaba, também, com a responsabilidade solidária das empresas que contratam firmas terceirizadas. Dessa forma, não será mais possível responsabilizar as empresas pelos calotes sofridos pelos trabalhadores terceirizados, além de outros danos causados

pela terceirização. Além de todos esses ataques inaceitáveis, o PL acaba com as garantias legais que permitem a isonomia de direitos entre terceirizados e os funcionários da empresa tomadora de serviços. Sabemos que a resistência da classe ainda não foi possível fazer valer a igualdade de direitos para a maioria dos milhões de trabalhadores, mas muitos terceirizados conseguem, na justiça, a garantia desse direito constitucional. Uma comissão quadripartite, envolvendo patrões, governo, congresso e algumas centrais sindicais debatem a possibilidade de um acordo. Para nós, da INTERSINDICAL, não se pode aceitar nenhum acordo que possibilite ampliar, ainda mais, o quadro já dramático de precarização do trabalho no Brasil.

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As lutas da educação em São Paulo e no Brasil Laura Cymbalista Diretora do Sinpeem e APRA - Alternativa Para Avançar e Resistir Matheus Lima Diretor da APEOESP, Coletivo APEOESP na Escola e na Luta e Coordenação Nac. da Intersindical

“Eu morreria feliz se visse o Brasil cheio em seu tempo histórico, de marchas, marcha dos que não tem escola, marcha dos reprovados, marcha dos que querem amar e não podem, marcha dos que se recusam a uma obediência servil, marcha dos que se rebelam, marcha dos que querem ser e estão proibidos de ser. Eu acho, que afinal de contas, as marchas são andarilhagens históricas pelo mundo”. Paulo Freire

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O(a)s educadores(as) das redes de educação do estado e do município de São Paulo fizeram greves no primeiro semestre. As causas das greves estão relacionadas a um duradouro processo de sucateamento da escola pública e de desvalorização dos(as) profissionais em educação.

No município de São Paulo a eleição de um prefeito do PT

Além disso, a lei que estabelece 1/3 da jornada com atividades extra-classe não é cumprida e uma enorme parcela do professorado - chamada de categoria O - foi submetida ao um contrato de trabalho precário e temporário. A categoria O não tem direitos trabalhistas elementares como as férias e, o que é mais grave, é demitida ao final de cada ano. Para reverter essa situação, o INTERSINDICAL | www.intersindical.inf.br | 2013

gerou a expectativa em parte dos profissionais em educação e na sociedade de que uma mudança de rumos para melhor ocorreria. A mudança não ocorreu. A gestão petista aprofundou as terceirizações, especialmente na educação infantil, e implementou a meritocracia, com a vinculação das gratificações ao IDEB. Mais grave, no entanto, é que o atual prefeito não cumpriu nem mesmo os acordos feitos durante a greve realizada na gestão anterior e apresentou uma proposta de políFórum de lutas de Cotia presente na Avenida Paulista João Novaes

A educação pública paulista tem sofrido com quase 20 anos de governos tucanos. Antigos problemas como o achatamento salarial e as condições de trabalho inadequadas nunca foram solucionados. A consolidação da meritocracia e da gestão de viés privatista piorou a situação. Foram instituídos mecanismos como provas para aumento salarial e a avaliação externa tornou-se o único - e falso - indicador de qualidade.

professorado paulista foi ao movimento grevista. Mesmo a greve não tido a adesão de outros momentos, o movimento conseguiu algumas conquistas, como o direito da categoria O em usar o hospital do servidor público - e evidenciou, mais uma vez, para a sociedade a precariedade da educação paulista. O fato de a rede municipal da capital ter também entrado em greve foi decisivo dar mais forças à greve estadual.


Intersindical defende 10% do PIB para a Educação

tica salarial bastante rebaixada. A rede municipal decidiu então parar. Mesmo com uma campanha de TV mentirosa promovida pela prefeitura tentando colocar a população contra os grevistas, o movimento teve forte adesão. Adesão que aumentou frente aos ataques ao sindicato e ao direito de greve. Após ser derrotada na greve, a prefeitura contra-atacou dificultando a reposição de aulas como forma de punição aos grevistas e não cumprindo o acordo do final da greve. A redução do preço das passagens, conquistada nas ruas em junho, foi a justificativa para o não cumprimento de um dos itens do acordo. A luta do professorado se deu a despeito da insatisfação com a direção majoritária dos sindicatos que encontraram formas de perpetuação no aparato. Na APEOESP (sindicato estadual) o mesmo grupo - Articulação - controla o sindicato há mais de 30 anos. O Sinpeem (sindicato municipal) tem o mesmo presidente desde a sua fundação nos anos 80. Os problemas da educação pública paulista e paulistana são, grosso modo, os mesmos experimen-

tados por todas as redes públicas de norte a sul do Brasil. A baixa qualidade da edução brasileira nunca foi tão evidente. Não é por acaso que o tema educação tenha sido um dos que mais apareceu nas manifestações do mês de junho. Cabe destacar, que a desvalorização do trabalho em educação está relacionada à cultura machista que ainda marca a sociedade brasileira. Todas as profissões de maioria feminina, como é o caso da educação, têm salários menores. Dentre as profissões de nível superior o magistério é o pior remunerado e dentre o professorado os do ensino médio (nível com maior presença masculina) ganham mais do que as do ensino fundamental e infantil (de maior presença feminina) mesmo com a mesma formação universitária. O magistério é desvalorizado, associado a características relacionadas ao cuidado e a “maternagem” sem reconhecimento da formação e profissionalização necessárias para sua prática. Para mudar a educação em São Paulo e no Brasil é preciso enfrentar questões chave. A meritocracia e a gestão de tipo empre-

sarial têm de ser eliminadas e em seu lugar se construir um sistema de gestão democrática de profunda participação popular, condição para uma educação libertadora e não opressiva. Os recursos em educação têm de ser fortemente aumentados - 10% do PIB - o que não se faz sem enfrentar a injusta composição do orçamento público que destina mais de 40% dos recursos para os credores da dívida. Essas mudanças exigem um grande enfrentamento com os interesses dos que lucram com esse estado de coisas e a superação de uma forma de governar que busca a constante conciliação de interesses. A percepção generalizada de que a educação e todos os direitos sociais vão mal e a experiência recente de que o povo na rua é capaz de alcançar conquistas, como a redução da tarifa, abrem espaço para mudanças estruturais. A pressão popular massiva e organizada pode conquistar uma educação de qualidade. Cabe ao movimento sindical educacional ir além e fazer lutas em escala de massiva influenciar e ser influenciado pela lutas do povo. Esse é o nosso desafio.

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Agora é nas periferias! Guilherme Boulos Militante da Frente de Resistência Urbana e do Movimento Periferia Ativa Edson Silva Militante da Frente de Resistência Urbana Guilherme Simões Militante da Frente de Resistência Urbana e do Movimento Periferia Ativa Há pelo menos 25 anos, desde a campanha pelas Diretas, o Brasil não vivia uma mobilização popular como agora. As contagens mais tímidas falam em 1 milhão nas ruas, espalhados em centenas de cidades país afora. O processo desencadeado pela luta organizada pelo Movimento Passe Livre contra o aumento das tarifas do transporte público – especialmente em São Paulo – catalisaram uma mobilização represada.

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A vitória do Movimento com a revogação do aumento em São Paulo, Rio de Janeiro e outras várias cidades do país mostrou que a mobilização popular torna possível aquilo que poderia parecer impossível. Há tempos o movimento social brasileiro não obtinha uma vitória tão expressiva, contra governos aparentemente muito fortes. No entanto, as manifestações que tomaram as ruas a partir da pauta do transporte público desviaram consideravelmente a rota do movimento. Ao lado de demandas populares legítimas e fundamentais como recursos para saúde e educação, contra o investimento público na Copa 2014, contra a violência policial, dentre outras, penetraram no movimento palavras-de-ordem e orientações conservadoras. A luta contra a corrupção é válida e necessária. Mas, nunca é demais lembrar que o golpe de 1964 se valeu deste mesmo mote para a derrubada de João Goulart. E que a UDN (União Democrática Nacional) instrumentalizava esta bandeira para as políticas mais antipopulares e conservadoras. Além disso, preocupa quando vemos que os mesmos setores que

historicamente apoiaram a UDN e o Golpe militar estão vendo as atuais manifestações com olhos brilhando. Quem quiser lutar de forma consequente e concreta contra a corrupção precisa levar em conta que o berço da corrupção no Brasil é o financiamento das campanhas eleitorais pelo capital privado, destacadamente as empreiteiras, que ganham muito em troca de suas doações eleitorais. Precisaria considerar ainda que o dinheiro público perdido com a corrupção não chega às raias da “Bolsa Banqueiro”: o dinheiro jorrado aos especuladores para o pagamento de uma dívida impagável. Apenas em 2013, a média do recurso público perdido com o pagamento da dívida é de R$2,7 bilhões ao dia. Estas lutas precisam ser travadas. Basta saber se muitos dos que estão hoje nas ruas têm disposição de levá-las adiante, dados os poderosos interesses econômicos que elas contrariam. Além disso, essas bandeiras não podem estar separadas das pautas dos trabalhadores mais pobres de nosso país, que pouco têm aparecido no debate. Contra a criminalização dos movimentos sociais

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Redução da jornada de trabalho sem redução do salário, combate ao extermínio e violência policial nas periferias urbanas, controle sobre o valor dos aluguéis e medidas para a redução do custo de vida, a partir do controle dos preços dos itens da cesta básica são algumas delas. Além da tarifa zero para o transporte público – avançando na conquista já obtida – e da denúncia dos gastos com a Copa, revertendo esses recursos para áreas como saúde e educação. Entendemos que levantarão essas bandeiras aqueles que são os maiores interessados nelas: os trabalhadores das periferias urbanas. Por isso, a Frente de Resistência Urbana, juntamente com o Movimento Periferia Ativa, estão organizando – com o apoio do Movimento Passe Livre – o redirecionamento das manifestações para as periferias. Este passo será essencial para buscar dar rumos mais populares e politicamente progressistas para as manifestações que estão sacudindo o país. A oportunidade está aberta e temos a certeza de que os trabalhadores brasileiros saberão aproveitá-la.



A transformação social e suas Bandeiras Francisvaldo Mendes de Souza Secretário Nacional de Finanças do PSOL, Bancário, Advogado, Pós Graduado em Administração Pública e militante da Intersindical O simbolismo sempre foi uma marca importante nas conquistas da humanidade, desde as grandes guerras por conquistas de territórios em que os bárbaros conquistavam territórios e de imediato colocavam sua bandeira para demarcar a tribo ou grupo que conquistou aquele espaço, ou seja, era a marca clara de quem venceu a guerra, haja vista, que o perdedor jamais poderia deixar a sua marca, pois era um perdedor.

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Essa tradição veio com o caminhar da história durante as grandes colonizações da America, através das navegações dos países europeus que desembarcavam e fixavam a sua Bandeira em terras novas, agregando-as a seu País apesar da distância e dos diferentes aspectos em relação à origem.

Na América do Norte, a pessoas tornavam-se proprietárias de glebas de terras após guerras e genocídios de tribos indígenas e fincavam sua bandeira individual demarcando a conquista daquele espaço e, assim, tornavam-se proprietários para explorar e construir sua história. Após os espaços territoriais do mundo estarem quase todos demarcados a disputa deu-se através das ideias de forma de governo e de administração desses territórios que foram expressas através das Bandeiras das ideias, ou ideologias. A ideia que convence e conquista as mentes humanas para a ação da pessoa que acredita e luta através dos tempos e das gerações,

podemos dizer que há duas fortes e antagônicas ideias. O socialismo que se perpetua de forma clara no sentido da evolução do ser humano pelo próprio ser humano, sem explorados, sem diferença social, sem preconceitos e sem desigualdade econômica, e o capitalismo que está presente diariamente no cotidiano quase mundial das pessoas, onde se justifica a exploração do homem pelo homem com o verniz da competência, a desigualdade social como fruto da característica individual de cada um, a diferença econômica como fruto da capacidade de cada um e não como estrutura de exploração do próprio capitalismo que opõe as pessoas e, principalmente, a ideia de vitória que justifica as atitudes da cada um sobre o outro sem o

Caminhada do dia 13/06 começou no Largo do Batata Nelson Ezídio

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Tatiane Malta

Intersindical na luta por mais direitos para os trabalhadores

questionamento da sua condição humana. Nesta esteira do individualismo fora criada bandeira que procura escamotear as ideias coletivas e que na verdade reforça a ideia de individualismo, de conquista pessoal e o fortalecimento da capacidade de alguns em detrimento da maioria das pessoas. No Brasil, a construção histórica deu-se de forma a não envolver diretamente a participação popular em que pese o povo nunca tenha se furta a lutar por seus direitos e ideais, em várias lutas regionais que aconteceram pelo País afora. Nas décadas de 70 e 80, a população brasileira se organizou de forma mais categórica através das pastorais da igreja, dos sindicatos, das associações de trabalhadores rurais, das comunidades quilombolas etc. e criou um movimento com maior força política que culminou na fundação do PT - construído como um partido para a classe trabalhadora no imaginário popular, que expressava um simbolismo rico em termos de conquista para o povo. A população viu a possibilidade de transformações sociais e estruturais do país diante do histórico de perspectiva de luta que havia

nas décadas de 80 e 90 contra a estrutura vigente no país desde seu descobrimento. No entanto, a capacidade de transformação tinha sido deixada de lado, assim como foram deixadas de lado as Bandeiras de transformação social e alteração estrutural, abandonando a perspectiva da luta ideológica que o povo acabará de acreditar. As Bandeiras implementadas pelo primeiro trabalhador que chega ao governo foram a da valorização do individualismo e das conquistas pessoais com programa de bolsas assistencialistas que serviram para cooptar os indivíduos e descartar a ideia de lutar coletivamente e a vitória como um valor individual e sem perspectiva de ampliação da luta, totalmente ao inverso do que se pregava antes de assumir o governo. E isso fez com que o descrédito imperasse na consciência da população, de modo geral. A população que via nas Bandeiras Vermelhas a capacidade de transformação não conseguiu mais enxergar essa capacidade pela decepção na sua vida real, pois a ideia que é capaz de ganhar e conquistar as pessoas ficou órfão de um símbolo que demonstrava materialmente o casamento dessas ideias com

as respectivas práticas daquele símbolo. Ao ser deslocada a ideia simbolizada pela bandeira com a prática implementada em grande parte, se não toda, pelo maior partido de esquerda, o PT, ocorreu um rompimento e confusão entre credibilidade e ideologia em que em tempos de criação de novas formas de organização e questionamentos das estruturas vigentes deixou de ser referência às bandeiras para boa parte das pessoas e a direita tradicional aproveitou-se desse momento para, mais uma vez, rechaçar as ideias defendidas pelos partidos de esquerda. A tarefa da esquerda nesse momento é demonstrar que as nossas bandeiras de transformação nunca foram implementadas, que nunca dormimos ou deixamos de lutar e que aquele que acredita na Bandeira da transformação social, num país sem explorados, sem diferenças econômicas e sociais, sem exclusão e sem guerra e com mais amor é porque acredita no socialismo e deve sempre levar a sua bandeira, pois os socialistas não têm vergonha de defender suas ideias e demonstrar claramente sua Bandeira contra a injustiça que a direita pratica através do capitalismo em que vivemos.

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Carta aberta para Presidente Dilma Rousseff Maria Lucia Fattorelli Coordenadora Nacional da Auditoria Cidadã da Dívida O pagamento da dívida pública consome, a cada ano, cerca de metade do orçamento federal, conforme demonstra o gráfico abaixo, por exemplo, referente ao ano de 2012. O endividamento é o principal entrave ao atendimento imediato das grandes reivindicações sociais manifestadas em massa, durante o mês de junho. Em centenas de cidades de nosso

País, o povo foi às ruas reivindicando melhoria dos serviços de saúde, educação, transporte, segurança, dentre outros. Cabe esclarecer que o gráfico acima inclui, nos gastos com a dívida, a totalidade dos juros e amortizações pagos em 2012, conforme informado no sistema de contabilidade pública – SIAFI.

Alguns especialistas defendem, equivocadamente, que a parcela referente às amortizações pagas com recursos advindos da venda de novos títulos (denominadas “refinanciamento” ou “rolagem” da dívida) não deveriam ser computados, por se tratar de dívida paga com dívida. Trata-se de avaliação totalmente equivocada, por diversas razões:

Orçamento Geral da União – Executado em 2012 – Total = R$ 1,712 trilhão 30

Fonte: Senado Federal – Sistema SIGA BRASIL – Elaboração: Auditoria Cidadã da Dívida INTERSINDICAL | www.intersindical.inf.br | 2013


- em primeiro lugar, o governo contabiliza, na rubrica “Amortizações”, grande parte do valor dos juros nominais efetivamente pagos; - adicionalmente, o próprio SIAFI considera a “rolagem” como gasto com a dívida pública, tendo em vista que os recursos obtidos com a venda de títulos poderiam, em tese, se destinar a outros investimentos, conforme prevê a Lei 10.179/2001: Art. 1º Fica o Poder Executivo autorizado a emitir títulos da dívida pública, de responsabilidade do Tesouro Nacional, com a finalidade de: I - prover o Tesouro Nacional de recursos necessários para cobertura de seus déficits explicitados nos orçamentos ou para realização de operações de crédito por antecipação de receita, respeitados a autorização concedida e os limites fixados na Lei Orçamentária, ou em seus créditos adicionais; Caso enfrentado o problema da dívida pública, que tem absorvido tantos recursos em todos os níveis de governo, não faltarão recursos para o atendimento às demandas sociais. A Auditoria Cidadã da Dívida é uma associação sem fins lucrativos, composta por importantes entidades da sociedade civil e cidadãos voluntários, e tem como principal objetivo a luta pela realização da Auditoria da Dívida prevista no artigo 26 das Disposições Transitórias da Constituição Federal de 1988. Em 2004, a Ordem dos Advogados do Brasil apresentou, ao Supremo Tribunal Federal, a Arguição de Descumprimento de Preceito Fundamental nº 59, que pleiteia o cumprimento do citado artigo 26, visando a realização desta auditoria pelo Congresso Nacional. Em 2007, o governo do Equador criou, por Decreto Presidencial, a Comissão para a Auditoria Integral do Crédito Público, que

auditou a dívida pública com participação da sociedade civil. Considerando que o relatório da auditoria realizada indicava inúmeras ilegalidades no endividamento externo daquele País – bastante semelhantes aos já encontrados no endividamento brasileiro e de outros países da América Latina – o governo equatoriano conseguiu anular cerca de 70% da dívida externa com os bancos privados internacionais (Bonos Global 2012 e 2030), o que possibilitou expressivo aumento nos investimentos em educação, saúde, transportes, entre outros. No Brasil, em 2009, foi realizada na Câmara dos Deputados a CPI da Dívida Pública, que também apurou diversos indícios de ilegalidades no endividamento, tanto interno quanto externo. Diante destes fatos, apresentamos a V. Exa. algumas propostas preliminares que poderiam ser adotadas no momento em que a população cobra efetiva atuação do setor público. Visamos unicamente colocar à disposição do nosso País todo o conhecimento acumulado por nossa luta cidadã. Propostas da Auditoria Cidadã da Dívida para o atendimento das demandas sociais Considerando a atual conjuntura de crescente demanda social por direitos não devidamente proporcionados pelo Estado, a Auditoria Cidadã da Dívida apresenta propostas preliminares para a liberação e obtenção de recursos que poderiam se destinar ao atendimento dos referidos direitos. 1. Realização de Auditoria Oficial da Dívida Pública, com participação da sociedade civil, nos moldes da auditoria equatoriana Estudos respaldados por documentos que fizeram parte inclusive das investigações da CPI da Dívida Pública realizada na Câmara dos Deputados em 2009/2010 indicam graves indícios de ilegalidades e ilegitimidades históricas no processo de endividamento público, que tem absorvido a parcela mais rele-

vante dos recursos do orçamento federal, tais como: - Dívida externa contraída pelo setor público e pelo setor privado durante a ditadura militar (governo ilegítimo), sendo que tais dívidas foram sucessivamente refinanciadas e transformadas em “dívida interna”; - Juros flutuantes, elevados unilateralmente pelos próprios bancos internacionais credores; - Estatização de dívidas privadas; - Aplicação de “juros sobre juros” (anatocismo), fato considerado ilegal segundo a Súmula 121 do Supremo Tribunal Federal; - Ausência de documentos de respaldo ao endividamento; - Suspeita de prescrição da dívida externa em 1992, seguida de sua transformação em títulos Brady (em 1994), os quais serviram de moeda para a compra das empresas privatizadas na década de 90; - Resgates antecipados com pagamento de ágio pelo Tesouro Nacional; - Introdução de Cláusula de Ação Coletiva a partir de 2003, sem a devida transparência e sem a aprovação pelo Congresso Nacional. Tal cláusula transfere aos credores a prerrogativa de decidir a forma como a dívida será refinanciada, em caso de dificuldade de pagamento, e à revelia do Brasil; - Emissão de títulos da dívida interna para pagamento de grande parte dos juros nominais dessa dívida. Adicionalmente, sugerimos que o governo federal incentive também a realização das auditorias das dívidas estaduais e municipais, especialmente aquelas refinanciadas pela União, tendo em vista a existência de ilegalidades e ilegitimidades também nesses processos. 2. Revisão de aspectos da política monetária: revisão da política de

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metas de inflação, estabelecimento de controle de capitais e avanço da proposta de criação do Banco do Sul

Nacional, por determinação da Lei de “responsabilidade” fiscal. Mais uma vez a sociedade paga a conta.

Propomos a revisão da equivocada política de metas de inflação em vigor no Brasil - que tem servido para aumentar os juros e os ganhos dos rentistas - bem como o estabelecimento de controle de capitais.

É evidente que todos querem controle de inflação, mas tal controle não pode justificar uma política monetária insana, que provoca prejuízos imensos ao País. A inflação deveria ser combatida por meio do controle e até redução dos preços administrados pelo próprio governo. Adicionalmente, é necessário avançar a reforma agrária (que tem sido limitada sob a alegação de falta de recursos), que seria capaz de garantir a produção de alimentos para o consumo interno.

O controle de inflação adotado no país é baseado em dois pilares principais: utilização dos juros como instrumento de controle de preços, e controle do volume de moeda em circulação.

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Ocorre que ao elevar os juros nem sempre se controla a inflação, pois estudos demonstram que cerca de 60% da inflação no país tem sido provocada pelo aumento do preço dos alimentos – devido a problemas climáticos e à especulação nas bolsas de commodities – e pelo aumento excessivo dos preços administrados pelo próprio governo (telefonia, transportes, combustíveis, taxa de água e esgoto, planos de saúde, cursos regulares, energia elétrica). A alta dos juros não afeta o comportamento de tais preços, sendo portanto, medida inócua para o tipo de inflação verificada no Brasil. Por sua vez, o controle do volume de moeda em circulação não veio acompanhado do necessário controle do ingresso de capitais especulativos. Tal omissão tem permitido ao setor financeiro bancário trazer montanhas de dólares ao País – verdadeiros tsunamis, como V. Exa. mesma se manifestou - na certeza de que o Banco Central iria “enxugar” esse excesso de moeda, procedendo a troca desses dólares por títulos da dívida pública. Essa operação garantiu lucros imensos aos bancos privados e prejuízos ao Banco Central - BC. Em 2009 o prejuízo operacional do BC com a manutenção das reservas internacionais foi de R$147 bilhões; em 2010 de R$ 50 bilhões e no primeiro semestre de 2011 mais R$ 44,5 bilhões. Esses prejuízos são transferidos à conta do Tesouro

Reiteramos, nessa oportunidade, o pedido para que sejam envidados esforços para a aprovação da criação do Banco do Sul, tendo em vista o compromisso apresentado, desde 2007, por representantes do Poder Executivo brasileiro em reuniões latino-americanas sobre o tema. Cinco países já ratificaram essa importante proposta que fortalecerá a política monetária na região. 3. Revisão de aspectos da política tributária O modelo tributário brasileiro se encontra desequilibrado, pois concentra a maior parte da arrecadação na esfera federal, conforme mostra o gráfico seguinte: A figura mostra o crescimento da carga tributária no período analisado, de 1995 a 2012, de 26 para quase 35% do PIB, sendo que esse crescimento se deu nos tributos arrecadados pela União, mantendo-se praticamente constantes a arrecadação estadual e municipal. Nesse mesmo período, verificou-se a transferência de atribuições antes assumidas pela União (principalmente na área da educação, saúde e segurança) para estados e municípios. Adicionalmente, foi exigida a privatização do patrimônio dos estados – empresas e bancos estaduais - que lhes

garantiam outras receitas e certa autonomia. Para complicar a situação, entes federados assumiram o passivo dos bancos estaduais (PROES), em refinanciamentos altamente onerosos que passaram a subtrair grandes somas de recursos. Evidentemente a conta não fecha e os estados e municípios não conseguem atender às demandas sociais. As grandes manifestações populares que estão crescendo em todo o país nesta semana mostram a insatisfação social face à ausência ou insuficiência de atendimento aos direitos sociais. A solução não é complicada e passa pelo respeito ao Federalismo, forma de organização política de nosso país, mencionada no art. 1o da Constituição Federal. Mas para isso, é necessário ajustar a distribuição da renda nacional entre os entes federados e, principalmente, enfrentar o problema do endividamento público. Outra distorção gritante está na composição dos tributos arrecadados. A maior parte da carga tributária no Brasil provém de tributos incidentes sobre o consumo, ou seja, são repassados automaticamente pelos empresários aos preços dos produtos, e pagos pelos consumidores. Outra parte importante é paga pelos trabalhadores assalariados, por meio do “Imposto de Renda Pessoa Física”, enquanto os lucros distribuídos pelas empresas, rentistas da dívida pública, latifúndios e grandes fortunas são aliviados. Portanto, é necessário avançar na regulamentação do Imposto sobre Grandes Fortunas, rever a sistemática do Imposto Territorial Rural, corrigir e tornar verdadeiramente progressiva a tabela do Imposto de Renda, aplicando-a aos ganhos de capital e consequentemente, aliviando a classe média. Apresentamos estas propostas preliminares e ficamos à inteira disposição de V. Exa. para quaisquer complementos e explicações.

Proposta aprovada na reunião do 16/7 em Brasília, sujeita a alterações

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EXPEDIENTE CONSELHO EDITORIAL: Arlei Medeiros - Campinas - SP Edson Carneiro “Índio” - São Paulo - SP Eleno Cruz - Salvador - BA Mário Azeredo - Porto Alegre - RS Matheus Lima - São Paulo - SP Nilza Almeida - Osasco - SP Ricardo Saraiva “Big“ - Santos - SP Santino - Natal - RN Sérgio Cunha “Serginho“ - São Paulo - SP Socorro Setubal - Rio de Janeiro - RJ COLABORADORES: Adriano Trindade - Santos - SP Adriano Santos - Rio de Janeiro - RJ Alexandre Maciel - São Paulo - SP Bárbara Fagundes - Rio de Janeiro - RJ Berna Menezes - Porto Alegre - RS Carlos Roberto “Kaká“ - Osasco - SP Daiana Seibert - Santos - SP Eneida Koury - Santos-SP Francisvaldo Mendes - São Paulo - SP João Novaes - São Paulo - SP Laura Cymbalista - São Paulo-SP Leila Thomassim - Diretora SIMPA Neiva Lazzarotto - Porto Alegre - RS Rejane Aretz - Porto Alegre - RS Ricardo Freitas - Porto ALegre - RS

CONVIDADOS: Maria Lúcia Fatorelli - Auditoria Cidadã da Dívida Edson Silva - militante da Frente de Resistência Urbana Guilherme Boulos - Frente de Resistência Urbana e Periferia Ativa Guilherme Simões - Frente de Resistência Urbana e Periferia Ativa IMPRESSÃO: Sindicato dos Químicos Unificados (Campinas, Osasco e Vinhedo) Sindicato dos Bancários de Santos e Região REALIZAÇÃO: Intersindical - www.intersindical.inf.br EMAIL: intersindical@intersindical.inf.br | intersindical@gmail.com REVISÃO DOS TEXTOS: Neiva Lazzarotto PROJETO GRÁFICO: André Trindade Adriano Trindade TIRAGEM: 4.000 exemplares

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