Livro metodologia da pesquisa 2016

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Metodologia da Pesquisa Carmen Ball達o


Presidência da República Federativa do Brasil Ministério da Educação Secretaria de Educação Profissional e Tecnológica INSTITUTO FEDERAL DO PARANÁ – EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Este Caderno foi elaborado pelo Instituto Federal do Paraná para a rede e-Tec Brasil.

Elio de Almeida Cordeiro Reitor pro tempore

Carmen Sílvia da Costa Coordenadora de Tecnologias Educacionais

Izaias Costa Filho Chefe de Gabinete

Ana Luísa Pereira Franciane Heiden Rios Loureni Reis Roberta Sotero Designers Instrucionais

Ezequiel Westphal Pró-Reitor de Ensino – PROENS Evandro Cherubini Rolin Pró-Reitor de Planejamento e Desenvolvimento Institucional – PROPLAN Rubens Felipe Ribeiro Pró-Reitor de Administração – PROAD Valdinei Henrique da Costa Pró-Reitor de Gestão de Pessoas – PROGEPE

Diego Windmöller Diagramador Ana Luísa Pereira Helena Sobral Arcoverde Revisão editorial Diego Windmöller Projeto Gráfico

Ezequiel Burkarter Pró-Reitor de Extensão, Pesquisa e Inovação – PROEPI Fernando Roberto Amorim de Souza Diretor de Educação da Distância Eduardo Fofonca Diretor de Ensino e Desenvolvimento de Recursos Educacionais

Atribuição - Não Comercial - Compartilha Igual


Sumário Apresentação.......................................................................................................4 1. Ciência e conhecimento....................................................................................6 1.1 O surgimento da Ciência........................................................................6 1.2 Definição de Ciência...............................................................................8 1.3 Síntese da evolução da Ciência.............................................................9 1.4 Classificação da Ciência.........................................................................11 1.5 Tipos de conhecimento..........................................................................12 1.6 Meios de Aquisição do Conhecimento.................................................13 1.7 Fatos, leis e teorias................................................................................14 1.8 Pesquisa ................................................................................................16 1.9 Método Científico...................................................................................18 2. Ética e as técnicas de pesquisa......................................................................23 2.1 Aspectos éticos na pesquisa envolvendo seres humanos...............23 2.2 Técnicas de pesquisa............................................................................28 3. Projeto de Pesquisa.........................................................................................36 3.1 Estruturado projeto de pesquisa........................................................37 3.2 Descrição dos Elementos do Projeto.................................................38 4. Registro e divulgação de pesquisa: artigo científico e paper.....................41 4.1 Conceito de Artigo Cientifico ou Paper..............................................41 4.2 Tipos de artigo.......................................................................................42 4.3 Estrutura do artigo..............................................................................42 5. Formatação do trabalho acadêmico..............................................................47 5.1 Apresentação gráfica do trabalho acadêmico..................................47 5.2 Referências...........................................................................................58 Considerações Finais...........................................................................................67 Referências...........................................................................................................68 Anexo.....................................................................................................................70


Apresentação

Estudar Metodologia Científica nem sempre parece, à primeira vista, agradar aos alunos, sejam estes de graduação ou pós-graduação. Muitos questionam a concreta necessidade de se conhecer e utilizar normas para padronização e formatação de trabalhos acadêmicos, como se essas regras retirassem-lhes a espontaneidade da produção. Isso se deve ao fato de parecer que o tempo é escasso diante de tantas atividades e cobranças que um estudante do ensino superior possui, fato que tem favorecido a proliferação de trabalhos acadêmicos resultantes de práticas antiéticas, como o plágio de textos da internet que se tornou a alternativa mais rápida e fácil para cumprir todos compromissos. O prejuízo disso está no deixar de pensar, ou seja, o estudante não lê, logo, não analisa e muito menos interpreta um texto. É possível retomar o prazer de ler e pensar? Ler e pensar são atividades necessárias para produzir? Fazer pressupõe o uso de um método? Qual a importância do método para vida profissional das pessoas? É possível utilizar os conhecimentos metodológicos adquiridos neste curso no seu dia a dia de trabalho? Diante desses questionamentos, este material de Metodologia da Pesquisa Científica proposto para os Cursos do IFPR, tem como base três principais objetivos: Primeiro, provocar a reflexão, incentivando a leitura crítica, a análise e a interpretação de textos. Segundo, estimular o fazer, provocando a interpretação prática e reflexiva dos problemas que se apresentam à sociedade. Terceiro, apresentar os métodos e as técnicas disponíveis para a elaboração da pesquisa científica.


Portanto, além de orientar o estudante na elaboração de seu trabalho de conclusão de curso, pretende-se levá-lo a valorizar o método como forma de pensamento e ação. Isto porque, o uso do método no dia a dia profissional abre caminhos, auxilia no planejamento de ações, no enfrentamento de desafios e alcance de metas, evitando o improviso que, por vezes, pode ser desastroso. O profissional que segue os princípios da metodologia científica adquire um modo de pensar e ver que vai além do que lhe é dito ou mostrado, sendo capaz de inovar e produzir com qualidade. Isso se deve ao fato de ele ter aprendido a definir o problema, levantar e testar hipóteses, traçar metas e objetivos, ou seja, aprender a pensar e fazer.

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1. Ciência e conhecimento

Neste capítulo, será discutido o conceito de ciência, seu surgimento e evolução histórica, para em seguida analisar-se os diferentes tipos de conhecimento. São quatro os tipos de conhecimento: popular, científico, filosófico, e religioso, conforme poderá ser observado. Tudo isso para que a importância da produção do conhecimento científico seja compreendida e para que os demais tipos de conhecimento sejam valorizados. Além disso, serão discutidos três principais temas: fatos, leis e teoria. Pode-se dizer que estes, de certa forma, estão interligados e relacionados diretamente à pesquisa científica. O objetivo na discussão é reconhecer a importância dos fatos para a formulação das leis e teorias. Por fim, será apresentada a natureza, os objetivos e os procedimentos da pesquisa científica. Serão discutidos, também, os diferentes métodos de abordagem e de procedimento utilizados durante a produção do conhecimento científico.

1.1 O surgimento da Ciência O que motiva a humanidade a desenvolver explicações “científicas” sobre os fenômenos da natureza e da sociedade? Por que não nos bastam os conhecimentos que são passados de geração a geração? Por que sentimos necessidade de entender como e por que funcionam os fenômenos? Para responder a essas questões, pode-se remeter a uma “Teoria Crítica” formulada por pensadores do início do Século XX: Max Horkheimer, e Theodor Adorno, representantes da “Escola de Frankfurt”. No conjunto de textos que formam a obra intitulada a “Dialética do Esclarecimento”, a origem do conhecimento ou do esclarecimento estaria no medo, isto é, na reação que temos ao senti-lo. Observe a citação que segue: No sentido mais amplo do progresso do pensamento, o esclarecimento tem perseguido sempre o objetivo de livrar os homens do medo e investi-lo na posição de senhores. (ADORNO, HORKHEIMER, 1985)


Segundo essa perspectiva, o homem tem como objetivo primário se livrar do medo ante as forças naturais. Para se livrar desse medo, o homem precisa dominar o desconhecido, modificá-lo e/ou não ser refém dele. A lógica dessa “dialética do esclarecimento”1, conforme Adorno e Horkheimer, é uma lógica da dialética da negação, da recusa determinada de ser conformado com o estabelecido. Para a ciência do nosso tempo, os sujeitos estão implicados na construção da realidade

A realidade depende daquele que a vê ou a descreve. Você já teve a oportunidade de observar um acidente de carro que envolveu duas ou mais pessoas? Como a situação é vista por cada um dos envolvidos? E qual é a versão do observador? Será que todos contam a mesma história? Qual seria a “verdadeira” história? Quem poderia apresentar a “verdade”?

O medo foi, por muito tempo, a reação dos homens pré-históricos diante do desconhecido, dos fenômenos da natureza, como tempestades, furacões, etc. O misticismo começou a ser utilizado pelos povos primitivos como forma de apresentar as respostas aos questionamentos sobre os fenômenos desconhecidos, ou seja, as crenças e superstições eram usadas para explicar os fenômenos da natureza. O mito pretendia relatar, denominar, precisar a origem, mas também expor, fixar e explicar. “Aqui destaca-se a tese de que os mitos, à medida em que apresentem tentativas de esclarecer o mundo aos primitivos habitantes da terra, exercitam já um pouco de esclarecimento” (DUARTE, 1993, p. 59). A partir do momento em que a explicação mística não era suficiente para compreender os fenômenos, o homem começou a buscar novos caminhos que pudessem comprovar os fenômenos, surgindo, assim, a Ciência.

1 Nessa concepção, esclarecimento (crítica esclarecedora/crítica com o engajamento da razão), como projeto epistemológico, tem o sentido de permitir a libertação dos homens da sua incapacidade de perceber o que é real, “é libertá-lo da culpa que é consequência de sua falta de consciência, da culpa de ter que ser responsável pela sua própria acomodação a um destino social de injustiça e de sofrimentos” (SCHWEPPENHAEUSER, 2003). Fonte: <http://antivalor2. vilabol.uol.com.br/textos/frankfurt/debate_de_12.html>. Acesso em: 21 ago. 2012.

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Validade: Trata-se de uma construção histórico/cultural, afinal quem tem autoridade para dizer o que é certo ou errado. Não há neutralidade, não há uma realidade objetiva e para conhecer a realidade é preciso considerar a subjetividade do observador.


1.2 Definição de Ciência Diante do histórico surge a questão: O que exatamente é a Ciência? Ciência: Ciência é o conjunto de atividades que buscam a aquisição sistemática2 do conhecimento sobre a natureza física, biológica, social, econômica, tecnológica, entre outras.

Para Ferrari (1974, p. 48), Ciência é “um conjunto de atitudes e atividades racionais, dirigidas ao sistemático conhecimento com objeto limitado, capaz de ser submetido à verificação”. A principal função da Ciência “é o aperfeiçoamento do conhecimento em todas as áreas para tornar a existência humana mais significativa”. (OLIVEIRA, 2000, p. 48). 8 Metodologia da Pesquisa

Mosaico A Ciência se ocupa em estudar tudo aquilo que está ao nosso redor Referências para a construção do mosaico

2 Aquisição sistemática do conhecimento significa adquirir o conhecimento ou construí-lo de forma ordenada, organizada.


1.3 Síntese da evolução da Ciência Embora a história da humanidade revele que os egípcios foram os primeiros povos a possuir o conhecimento técnico nas áreas de matemática, medicina e geometria, pode-se dizer que os primeiros a se preocuparem com a sistematização do conhecimento foram os gregos. Estes, utilizando-se da intuição, conseguiram comprovar a separação do saber racional do saber místico, realizando estudos em diversas áreas, como a matemática, a astronomia, a botânica, a zoologia, e outras (CHASSOT, 1994). Foi na Grécia que a observação passou a ser encarada como uma ferramenta para a descoberta de um mundo “científico”.

Ciência grega para principiantes Até o final do século VII a.C., da mesma forma que os demais povos da Antiguidade, os gregos explicavam os fenômenos da Natureza em termos de Mitologia e de Religião; na Grécia, a especulação científica emergiu, aos poucos, da Filosofia.

Entre o final do século V a.C. e a primeira metade do século IV a.C., época de Sócrates (469-399 a.C.) e Platão (427-347 a.C.), o interesse dos cientistas pelos fenômenos naturais foi substituído pelo interesse no comportamento humano e suas causas. A única ciência que se desenvolveu nessa época foi a Medicina, que logo conseguiria se desvincular da Filosofia. [...] Fonte: GRÉCIA ANTIGA. Ciência grega para principiantes. Disponível em: <http://greciantiga.org/arquivo. asp?num=0214>. Acesso em: 13 jun. 2012

Já na Idade Média, a religião católica influenciou muito a produção do conhecimento, pois este não era popularizado, desta maneira. Os integrantes da Igreja eram responsáveis pela publicação do conhecimento que dificilmente ultrapassava os limites da Igreja, além disso, esse conhecimento gerado pela Igreja servia de base para a formulação das principais ideias científicas. Nesse período, o poder da Igreja sobre a Ciência cresceu, pois a produção do conhecimento era restrita aos mosteiros.

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Os primeiros “cientistas” conhecidos, em certa medida, foram os primeiros filósofos gregos [...]. Embora não tivessem instrumentos adequados de medida e nem fizessem experiências para comprovar suas ideias, como os cientistas modernos, eles preocuparam-se em achar explicações racionais para o mundo e seus fenômenos sem recorrer aos mitos e à religião.


Mosteiros Na Idade Média, os monges católicos eram os grandes responsáveis pelas pesquisas científicas.

Na Idade Moderna, iniciou-se um período de grandes mudanças no conceito da Ciência. O Renascimento e o Iluminismo.

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Renascimento: período compreendido entre o fim do século XIII e o início do século XVII. No Renascimento, a sociedade deixou de ser feudal e o sistema vigente passou a ser o capitalismo. Foi nesse período que Copérnico e Galileu Galilei, dois grandes cientistas, afirmaram que a Terra é quem girava em torno do Sol (Geocentrismo), e não o contrário (Heliocentrismo). Iluminismo: conhecido como a Era da Razão, o iluminismo caracterizou um período no qual o homem passa a ser o centro do Universo, e não mais Deus. Compreendido entre os séculos XVIII e XIX, o iluminismo teve seu apogeu na França, e entre os grandes nomes do período pode-se citar Isaac Newton, John Locke, Immanuel Kant, e outros.

Com base nessas correntes de pensamento, o método científico mostrou-se como um meio de sistematizar a produção do conhecimento, necessário ao domínio das leis da natureza.


1.4 Classificação da Ciência Tradicionalmente, em função do objeto estudado a Ciência é dividida em dois tipos:

a) Ciências factuais: as Ciências Factuais também são conhecidas como Ciências Aplicadas, por terem como objetivo elucidar, como o próprio nome diz, fatos que ocorrem na realidade. - Estudam o concreto. - Os objetos de estudo são materiais. - Seus métodos são a observação e a experimentação. - O enunciado é, predominantemente, a síntese.

b) Ciências Formais: as Ciências Formais, também conhecidas como Ciências Puras, são aquelas que têm nas ideias o foco principal do seu estudo. - Estudam o abstrato e o relacional. - Os objetos de estudo são os ideais. - Seu método é o dedutivo. - Os enunciados são analíticos.

Veja na prática o que cada uma delas estuda3: 11 Metodologia da Pesquisa

ESQUEMA – Classificação da Ciência Fonte: OLIVEIRA, 2000, p. 51.

3 O esquema representado é só uma exemplificação, por isso não apresenta áreas como a Psicologia, a Linguística e outras.


1.5 Tipos de conhecimento Segundo Lakatos e Marconi (1991), existem quatro tipos de conhecimento, a saber: científico, popular, filosófico e religioso. Conhecimento Popular: O conhecimento popular é considerado: valorativo (conforme valores da sociedade), reflexivo, assistemático (não é organizado logicamente), verificável (pode ser testado), falível (evolui permanentemente) e inexato.

Conhecimento Científico:

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O conhecimento científico é real (fatos), contingente (baseado nas experiências), sistemático (ordenado logicamente), verificável, falível e aproximadamente exato (aceito provisoriamente).

Metodologia da Pesquisa

Ao se comparar esses dois tipos de conhecimento, verifica-se que ambos não apresentam exatidão absoluta e, portanto, são passíveis de erros, ou seja, são falíveis. Outra importante diferença diz respeito à sua organização, sendo o popular assistemático e o científico sistemático, ou seja, o conhecimento científico para ser produzido, necessariamente deve seguir os procedimentos estabelecidos pelo método utilizado.

Conhecimento Religioso e Filosófico Quanto ao conhecimento religioso e o filosófico é possível reconhecer mais semelhanças do que diferenças entre eles. Ambos possuem as seguintes características: valorativo, sistemático, não verificável, infalível (não pode ser testado) e exato (aceito permanentemente). A única diferença entre eles é o uso da razão pelo conhecimento filosófico enquanto o conhecimento religioso está fundamentado na intuição. No entanto, a separação entre os quatro tipos de conhecimento é apenas metodológica, pois o pesquisador pode utilizar-se de todos eles para complementar seu estudo.


1.6 Meios de Aquisição do Conhecimento Não existe um método perfeito, mas pode-se dizer que o conhecimento pode ser adquirido de três maneiras: por meio da intuição, da experimentação e da racionalização. A intuição A intuição considera o fenômeno psíquico natural, próprio da mente humana. É uma função específica da mente humana, que age pelo pensamento, independentemente da pessoa formação que a pessoa tem ser científica ou técnica. Todos os seres humanos possuem, alguns em maior ou menor grau para obter conhecimentos sem a utilização da experiência ou da razão. Exemplo: Formular ideias sobre um novo produto.

A experimentação

Galileu Galilei e Francis Bacon

A racionalização A racionalização (razão) foi defendida por Descartes (séc. XVII) como a única fonte do conhecimento. Os racionalistas defendem a ideia que os sentidos humanos são passíveis de engano, portanto não podem conduzir ao conhecimento verdadeiro, que é lógico. Exemplo: Explicar porque o novo produto funciona.

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A experimentação (empirismo) foi considerada por Galileu e Bacon (XVII) como a única maneira do conhecimento ser obtido. Exemplo: Projetar, construir e testar um novo produto.


1.7 Fatos, leis e teorias Fatos Fatos são constatações feitas a partir da observação. Por meio da observação direta, Newton constatou a queda de uma maçã, um fato. Embora não haja certeza sobre a história da maçã, o fato é que Newton observou que a mesma força que atrai uma maçã para o chão, mantém em órbita a Terra e os demais planetas. Relato original de Isaac Newton e da maçã revelado ao público Royal Society disponibiliza «online» a biografia escrita por William Stukeley, em 1752

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Um dia, Isaac Newton (1643-1727) estava sentado à sombra de uma macieira no jardim de sua casa quando de repente de interrogou: “Por que é que as maçãs caem sempre perpendicularmente ao solo?”. Neste momento, um dos mais relatados na História da Ciência, a noção de gravidade começava a ganhar forma. Pela primeira vez, é revelado ao público o manuscrito em que originalmente é contado esse episódio. O manuscrito de “Memoirs of Sir Isaac Newton’s Life”, escrito por William Stukeley, em 1752, estava nos arquivos da Royal Society, de Londres, e é agora dado a conhecer através do website www.royalsociety.org/turning-the-pages, elaborado a propósito do 350º aniversário daquela instituição britânica. William Stukeley foi amigo e o primeiro biógrafo de Newton. Este antiquário e arqueólogo pioneiro no estudo de Stonehenge acompanhou sempre os pensamentos de Newton. Muitas vezes com ele se sentou debaixo da famosa macieira e foi lá que testemunhou as primeiras reflexões do físico acerca da teoria da gravidade. Na biografia, Stukeley relata que Newton lhe contou que foi nessa mesma situação, num momento de contemplação, que a queda de uma maçã fez luz na sua mente. Fonte: CIÊNCIA HOJE. Relato original de Isaac Newton e da maçã revelado ao público. Disponível em: <http://www.cienciahoje.pt/index.php?oid=38782&op=all>. Acesso em: 14 jun. 2012


A análise pormenorizada do fato conduz o pesquisador à elaboração de uma teoria, que pode conter uma ou várias leis. Newton formulou, assim, a Teoria da Gravitação Universal, com base na Lei das órbitas de Kepler e na Lei da Queda Livre dos Corpos (Lei de Newton). Ao analisar a Lei de Newton, Einstein propôs a Teoria Geral da Relatividade. Desta maneira, partindo dos fatos, leis podem ser definidas se propostas teorias.

Albert Einstein Com base na teoria de Newton, Einstein elaborou uma das mais conhecidas teorias, a da Relatividade.

As leis científicas são as explicações sistemáticas para os fenômenos que se manifestam sempre da mesma forma, com elevado grau de precisão. As principais funções de uma lei são: o resumo de vários fatos, a previsão de novos fatos e a regularidade de fatos. Trata-se do nível mais elevado do saber científico, tendo um grau de confiabilidade superior ao da teoria.

Teoria Teoria é a síntese de um campo do conhecimento, que teve suas hipóteses testadas por meio da aplicação de métodos científicos. Trata-se da ordenação sistemática dos fatos, que orienta os objetivos da Ciência. Teoria e fato não são opostos, mas estão inter-relacionados e são objetos de interesse dos cientistas.

Metodologia da Pesquisa

Leis

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A teoria resume o conhecimento, formula um sistema conceitual, permite a previsão de novos fatos, e, indica lacunas no conhecimento. O fato dá início à teoria, podendo ainda redefini-la ou rejeitá-la.

1.8 Pesquisa Pesquisa científica é a atividade sistemática realizada com a finalidade de descobrir novos conhecimentos, que auxiliem na resolução de um problema.

Quanto à natureza 16

Quanto à natureza, a pesquisa científica pode ser básica ou aplicada.

Metodologia da Pesquisa

Pesquisa básica A pesquisa básica gera conhecimento sem finalidade imediata. O conhecimento produzido será utilizado nas pesquisas aplicadas. Seu objetivo é a divulgação do conhecimento por meio da produção de artigos científicos. Exemplo: produção de conhecimento na área de Química Orgânica.

Pesquisa em Química Orgânica


Pesquisa aplicada A pesquisa aplicada gera produtos ou processos com finalidade imediata. Utiliza-se do conhecimento produzido na pesquisa básica. Seu objetivo é aplicar o conhecimento, podendo gerar patentes. Exemplo: produção de medicamentos.

Pesquisa farmacêutica 17

Quanto aos objetivos, a pesquisa científica pode ser exploratória, descritiva, explicativa.

Quanto aos procedimentos Quanto aos procedimentos, a pesquisa pode ser: bibliográfica, documental, experimental, operacional, estudo de caso, e outros.

Metodologia da Pesquisa

Quanto aos objetivos


1.9 Método Científico Ao definir o tema de seu estudo, o pesquisador necessariamente deve decidir como o realizará, ou seja, deve selecionar um ou mais métodos que conduzirão o desenvolvimento de sua pesquisa. Segundo Costa (2001, p.7), “método, etimologicamente, é o caminho que conduz a determinado fim”. Para Lakatos e Marconi (2001, p. 83): Método é o conjunto das atividades sistemáticas e racionais que, com maior segurança e economia, permite alcançar o objetivo – conhecimentos válidos e verdadeiros–, traçando o caminho a ser seguido, detectando erros e auxiliando as decisões do cientista.

18 Metodologia da Pesquisa

Os métodos científicos devem apresentar a abordagem do tema e os procedimentos seguidos para o alcance dos objetivos previamente definidos. Desta maneira, são dois os tipos de métodos utilizados na pesquisa científica o método de abordagem e de procedimento.

Método de abordagem O método de abordagem se caracteriza pela forma ampla e abstrata como se trata o fenômeno estudado. São quatro os métodos de abordagem: indutivo, dedutivo, hipotético-dedutivo e dialético.

Método indutivo (Galileu e Bacon, séc. XVII) O método indutivo proposto por Galileu conduz o estudo de casos particulares à formulação de uma lei geral. A aplicação desse método induz a uma conclusão geral sobre todos os casos, embora apenas um ou alguns tenham sido analisados. O método que Bacon propôs baseia-se na observação sistemática e na experiência dos fenômenos e fatos naturais.


Para utilizar este método é necessário ter como base as seguintes etapas: observação dos fenômenos, descoberta da relação entre os fenômenos observados e generalização da relação dos fenômenos. É possível justificar as inferências indutivas partindo-se do princípio que existe regularidade nos fenômenos, ou seja, o que ocorreu no passado ocorrerá no futuro. O risco de utilizar o método indutivo está na insuficiência da amostra apresentada para legitimar a conclusão geral. Desta maneira, pode-se dizer que o método utiliza, invariavelmente, uma amostra, neste caso diz-se que essa amostra é insuficiente e tendenciosa. De qualquer maneira, quando utilizado, o método indutivo concorda com a ideia de que, mesmo sendo verdadeiras todas as premissas, a conclusão não será necessariamente verdadeira, ou seja, a conclusão pode ser verdadeira, pois as informações concluídas não estavam implícitas nas premissas. 19

René Descartes

O método dedutivo, ao contrário do indutivo, parte da verdade universal para os casos particulares. Exemplo: Todas as aves têm penas. Todos os tucanos são aves. Logo, todos os tucanos têm penas. No método dedutivo considera-se que todas as premissas são verdadeiras, logo, a conclusão deve ser verdadeira. Todas as informações da conclusão já estavam implícitas nas premissas.

Metodologia da Pesquisa

Método dedutivo (Descartes, séc. XVII)


Método hipotético-dedutivo (Popper, séc. XX)

Karl Popper

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O método hipotético-dedutivo parte de um problema (P¹), ao qual é oferecido uma solução provisória (teoria-tentativa TT). A solução é criticada, com vistas à eliminação do erro (EE). Desta maneira, o processo pode ser renovado a partir do surgimento de novos problemas (P²). A partir das hipóteses levantadas deduz-se a solução para o problema.

Metodologia da Pesquisa

Enquanto o método dedutivo busca a confirmação da hipótese, o hipotético-dedutivo procura evidências para derrubá-la. (GIL, 1999 ). O esquema a seguir apresenta o método proposto por Karl R. Popper: P¹__________TT___________EE___________ P² Segundo Bunge , as etapas do método hipotético-dedutivo são: a) Identificação do problema. b) Construção de um modelo teórico. c) Dedução de consequências particulares. d) Teste de hipóteses. e) Adição ou introdução das conclusões na teoria.


Método dialético Pode-se dizer que as quatro leis fundamentais da dialética são: a) Ação recíproca, unidade polar ou “tudo se relaciona”. b) Mudança dialética, negação da negação ou “tudo se transforma”. c) Passagem da quantidade à qualidade ou mudança qualitativa. d) Interpenetração dos contrários, contradição ou luta dos contrários.

Métodos de procedimentos Esse método se caracteriza por uma abordagem mais ampla, em nível de abstração mais elevado dos fenômenos da natureza e da sociedade. Os métodos de procedimento são etapas mais concretas da investigação. Pressupõem uma atitude concreta em relação ao fenômeno. Podem se usados concomitantemente.

21 Metodologia da Pesquisa


Linha do tempo: a evolução da Ciência Fonte: a autora

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2. Ética e as técnicas de pesquisa Neste capítulo será discutida a ética nas pesquisas realizadas com seres humanos, assim como serão apresentadas as técnicas e as etapas para a construção de um projeto de pesquisa. As técnicas são divididas em quatro: documentação indireta, documentação direta, observação direta intensiva e observação direta extensiva. Lembrando ainda que a pesquisa científica deve ser desenvolvida por meio de várias etapas. O projeto se constitui em uma das mais importantes, sendo fundamental para que o pesquisador não perca o rumo do seu estudo.

2.1 Aspectos éticos na pesquisa envolvendo seres humanos As pesquisas científicas envolvendo seres humanos devem seguir as diretrizes e normas regulamentadoras apresentadas na Resolução 196/96 do Conselho Nacional de Saúde do Ministério da Saúde. A ética na pesquisa inicia-se pela obtenção do consentimento livre e esclarecido dos indivíduos pesquisados e pelo respeito e proteção aos grupos vulneráveis e incapazes. O pesquisador, ainda, deve garantir a confidencialidade e a privacidade das informações e imagens, assegurando que o indivíduo ou a comunidade não sejam prejudicados.

Células-tronco: o que são e para que servem 15 de fevereiro de 2005

Elas são de diversos tipos e um verdadeiro tesouro, pois podem originar outros tipos de células e promover a cura de diversas doenças como o câncer, o Mal de Alzheimer e cardiopatias. Estamos falando das células-tronco, foco de discussões entre cientistas, leigos e políticos.


O fato é que a legislação brasileira sobre pesquisas com células-tronco de embriões humanos, já aprovada no Congresso Nacional, permite o uso dessas células para qualquer fim. Mas a lei de Biossegurança aguarda aprovação na Câmara dos Deputados. E muita polêmica ainda pode surgir, já que a Igreja e outros grupos são contra a utilização de células-tronco embrionárias. Para explicar o que é e para que serve a célula-tronco, entre outros temas, Alexandra Vieira, farmacêutica e bioquímica, pesquisadora da Fundação Zerbini/INCOR, em São Paulo, concedeu esta entrevista exclusiva ao Terra. Confira! Terra: O que são células-tronco? Alexandra: De forma bem simplificada, células-tronco são células primitivas, produzidas durante o desenvolvimento do organismo e que dão origem a outros tipos de células. [...] Terra: Para que servem as células-tronco?

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Alexandra: Uma das principais aplicações é produzir células e tecidos para terapias medicinais. [...]

Metodologia da Pesquisa

[...] Terra: As células-tronco podem ajudar na terapia de quais doenças? Como os tratamentos são feitos? : Algumas doenças que seriam beneficiadas com a utilização das células tronco embrionárias são: Câncer - para reconstrução dos tecidos; Doenças do coração - para reposição do tecido isquêmico com células cardíacas saudáveis e para o crescimento de novos vasos; Osteoporose - por repopular o osso com células novas e fortes; Doença de Parkinson - para reposição das células cerebrais produtoras de dopamina; Diabetes - para infundir o pâncreas com novas células produtoras de insulina; Cegueira - para repor as células da retina; Danos na medula espinhal - para reposição das células neurais da medula espinal; Doenças renais - para repor as células, tecidos ou mesmo o rim inteiro; Doenças hepáticas - para repor as células hepáticas ou o fígado todo; Esclerose lateral amiotrófica - para a geração de novo tecido neural ao longo da medula espinal e corpo; Doença de Alzheimer - células-tronco poderiam tornar-se parte da cura pela reposição e cura das células cerebrais; Distrofia muscular - para reposição de tecido muscular e possivelmente, carreando genes que promovam a cura; Osteoartrite - para ajudar o organismo a desenvolver nova cartilagem; Doença autoimune - para repopular as células do sangue e do sistema imune; Doença pulmonar - para o crescimento de um novo tecido pulmonar. [...]


Terra: No Brasil, onde já se faz tratamentos com células-tronco? Alexandra: Aqui, os tratamentos com células-tronco são feitos apenas em grandes centros de pesquisa, como os grandes hospitais e somente para pacientes que assinam um termo de consentimento e concordam em participar desses estudos clínicos. Recentemente, o Ministério da Saúde aprovou um orçamento de R$ 13 milhões em três anos para a pesquisa das células-tronco da qual participam alguns grandes hospitais brasileiros como o Instituto do Coração - SP, Instituto Nacional de Cardiologia de Laranjeiras - RJ, entre outros. Serão estudadas as cardiopatias chagásicas (decorrente da doença da Chagas), o infarto agudo do miocárdio, a cardiomiopatia dilatada e a doença isquêmica crônica do coração. [...] Fonte: PORTAL TERRA. Células-tronco: o que são e para que servem? Disponível em: <http://noticias.terra.com.br/ ciencia/interna/0,,OI472268-EI1434,00.html>. Acesso em: 15 jun. 2012.

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Assim, toda pesquisa envolvendo seres humanos deve ser submetida a um Comitê de Ética em Pesquisa. Esse comitê emitirá um parecer consubstanciado num prazo de 30 dias. De acordo com a Resolução CNS 196/96, o parecer apresentará um dos seguintes resultados: –– aprovado; –– com pendência: quando o Comitê considera o protocolo como aceitável, porém identifica determinados problemas no protocolo, no formulário do consentimento ou em ambos, e recomenda uma revisão específica ou solicita uma modificação ou informação relevante, que deverá ser atendida em 60 (sessenta) dias pelos pesquisadores; –– retirado: quando, transcorrido o prazo, o protocolo permanece pendente; –– não aprovado.

Metodologia da Pesquisa

A discussão da utilização de células-tronco pela medicina é alguns dos pontos que a Ética na Ciência precisa pensar, por envolver seres humanos que podem estar sujeitos a qualquer risco.


De acordo com a Resolução CNS 196/96 antes de iniciar a pesquisa envolvendo seres humanos, o pesquisador deve protocolar seu projeto de pesquisa e aguardar o pronunciamento do Comitê de Ética em Pesquisa (CEP). Quando dada a possibilidade do desenvolvimento do projeto, o pesquisador deve elaborar e apresentar ao CEP relatórios parciais e final, além de apresentar dados quando solicitados pelo CEP. Todos os dados levantados durante a pesquisa devem ser arquivados pelo pesquisador por um prazo de cinco anos. Os resultados da pesquisa devem ser encaminhados para publicação, caso não sejam ou o projeto seja interrompido o CEP deve ser comunicado.

A vulnerabilidade dos Sujeitos da Pesquisa

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Este é um dos pontos centrais na discussão da ética na pesquisa. A vulnerabilidade dos sujeitos de pesquisa nas instituições públicas é um fator crucial na fidelidade dos dados resultantes, pelo fato de serem indivíduos institucionalizados e de alguma forma dependentes daquela instituição objeto da pesquisa.

Metodologia da Pesquisa

As questões ligadas às finanças, relações trabalhistas, satisfação dos trabalhadores em relação à empresa, salários e tantas outras questões que são comumente objeto de pesquisas expõem o indivíduo a situações de vulnerabilidade pelo fato de que nem sempre a sua opinião é aquela que pode ser exposta por meio dos resultados. Mesmo que os questionários ou entrevistas não necessitem de identificação, os indivíduos podem preferir não serem fiéis aos questionamentos por medo de represálias. Desta forma, os próprios questionamentos precisam ter uma redação clara, objetiva e imparcial, a qual não pode dar margem à dupla interpretação.

Durante aplicação de um questionário, é preciso cuidar com o tratamento dispensado.

Todas as possibilidades de constrangimento, desconforto, humilhação, demonstração de poder numa escala hierárquica precisam ser minimizadas pelo pesquisador, já que isto irá colocar a ética como pano de fundo dos resultados encontrados nas pesquisas envolvendo seres humanos institucionalizados.


A manipulação dos dados provenientes de pesquisas em organizações As pesquisas realizadas em ambientes organizacionais para que resultem em dados fidedignos precisam de certos cuidados, os quais o pesquisador precisa atentar. Em muitos casos, a pesquisa envolve dados da empresa que não são obtidos por meio de entrevistas ou questionários, mas sim por análises de dados secundários, como registros, balanços, planilhas envolvendo valores financeiros, níveis de produtividade, números importantes e que nem sempre as organizações e de modo especial as empresas permitem acesso a outras pessoas. Esses dados precisam ser tratados de forma que a organização permita a sua publicação, ou seja, os dados devem ser tratados com cautela para buscar o equilíbrio entre a sua veracidade e de forma que não exponham a empresa e os sujeitos pesquisados a nenhum constrangimento ou a situações nas quais os dados possam prejudicar a imagem ou idoneidade dos mesmos e nem da organização a qual pertencem.

Já nas pesquisas que envolvem os recursos humanos das empresas, o prejuízo também pode ser grande, uma vez que os gestores da área poderão impedir que a realidade do tratamento para com os funcionários seja retratada por uma pesquisa científica. Em muitas vezes, os pesquisadores podem abordar questões como condições de trabalho, satisfação do funcionário, qualidade de vida na empresa, equipamentos de segurança e proteção individual dentre tantos outros temas que são muito delicados para as empresas, já que uma pesquisa publicada pode expor a empresa aos órgãos reguladores, causando além de prejuízos de imagem, prejuízos de ordem material. Isso significa dizer que a realização de pesquisas em empresas não é viável? Nem sempre. No entanto, ao envolver questões como as relatadas acima em uma pesquisa, corre-se o risco de que os dados repassados pela organização aos pesquisadores estejam manipulados, restringindo a pesquisa e ocasionando uma invalidação ou até mesmo a desistência da análise dos dados.

27 Metodologia da Pesquisa

Quando se trata de dados envolvendo resultados financeiros de organizações, muitas delas não admitem que a pesquisa seja elaborada, ou a permissão é dada caso um gestor ou responsável pela organização repasse esses dados, o que por muitas vezes pode ser manipulado, prejudicando consideravelmente a análise por parte dos pesquisadores.


2.2 Técnicas de pesquisa “Técnica é um conjunto de preceitos ou processos de que se serve uma ciência.” (MARCONI; LAKATOS,1999, p.64). O êxito da pesquisa dependerá da adequação das técnicas aos métodos utilizados. Documentação indireta Para desenvolver a pesquisa é necessário coletar variados dados, independentemente da escolha das técnicas ou dos métodos. O levantamento dos dados é feito através da pesquisa documental (ou de fontes primárias) e da pesquisa bibliográfica (ou de fontes secundárias).

28

Pesquisa documental

Metodologia da Pesquisa

A principal característica da pesquisa documental é a utilização de documentos (ou fontes primárias) para a coleta de dados. Os documentos (escritos ou não) podem ser obtidos de arquivos particulares, arquivos públicos ou órgãos estatísticos como, por exemplo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE)1.

Pesquisa bibliográfica

Fontes de Pesquisa

1

Para mais informações acesse o site: <www.ibge.gov.br>.


A pesquisa bibliográfica é desenvolvida a partir de material já elaborado, obtido na imprensa escrita (jornais e revistas), nos meios audiovisuais (rádio e televisão), em materiais cartográficos (mapas e gráficos) e, principalmente, em publicações (livros, teses, artigos, revistas científicas e outros). A pesquisa em publicações compreende quatro fases distintas: a) Identificação: reconhecimento do assunto referente ao tema em estudo. b) Localização: localização das referências bibliográficas nas bibliotecas públicas, nas faculdades e em outras instituições. c) Compilação: fotocopiado material contido em livros, revistas científicas, e outros. Esse procedimento deve ser adotado quando a aquisição do material se torna impossível.

Documentação Direta A documentação direta constitui-se, geralmente, da coleta de dados no local onde os fenômenos ocorrem. Esses dados podem ser obtidos por meio da pesquisa de campo ou da pesquisa de laboratório.

Pesquisa de campo Segundo Lakatos e Marconi (1999), a pesquisa de campo consiste na observação de fatos e fenômenos tal como ocorrem.

29 Metodologia da Pesquisa

d) Fichamento: transcrição dos dados mais importantes para fichas. As fichas devem ser ordenadas para facilitar sua manipulação. Devem conter os seguintes elementos de referência: autor, título e subtítulo, número de edição (se não for a primeira), local de publicação, editora, ano da publicação. Os fichamentos podem ser de comentário, informação geral, glossário, resumo e citações.


Pesquisa de campo

Antes de coletar os dados é necessário realizar as seguintes etapas: e) Pesquisa bibliográfica para a construção de um modelo teórico de referência. f) Definição das técnicas a serem utilizadas na coleta de dados. 30

g) Estabelecimento das técnicas de registro dos dados. h) Definição das técnicas que serão utilizadas em sua análise posterior.

Metodologia da Pesquisa

Após essas etapas, o pesquisador deve: a) Selecionar e enunciar um problema, levando em consideração a metodologia apropriada. b) Apresentar os objetivos da pesquisa, sem perder de vista as metas práticas. c) Estabelecer a amostra correlacionada com a área de pesquisa e o universo de seus componentes. d) Estabelecer os grupos experimentais e de controle. e) Introduzir os estímulos, controlar e medir os efeitos.

As pesquisas de campo dividem-se em três grupos: a) Quantitativo-Descritivas. b) Exploratórias. c) Experimentais.


Pesquisa de Laboratório A pesquisa de laboratório é um procedimento de investigação mais difícil, porém mais exato. Ela descreve e analisa o que será ou ocorrerá em situações controladas. Exige instrumental específico e preciso, além de ambiente adequado. É a pesquisa utilizada em áreas da saúde, principalmente.

Pesquisa em Saúde

Observação direta intensiva A observação direta intensiva é realizada por meio de duas técnicas: observação e entrevista. Observação A observação é uma técnica de pesquisa que utiliza os sentidos na obtenção de determinados aspectos da realidade. Os fatos não devem apenas ser vistos ou ouvidos, é indispensável o exame detalhado dos mesmos. A observação pode ser: –– –– –– –– –– –– –– ––

Assistemática: sem nenhum sistema específico de pesquisa. Sistemática: com uma técnica específica. Não participante: dados coletados por outra fonte. Participante. Individual. Em equipe. Na vida real. Em laboratório.


Entrevista A entrevista é o encontro de duas ou mais pessoas, a fim de que uma delas obtenha informações a respeito de determinado assunto, mediante uma conversação de natureza profissional. Os tipos de entrevistas variam de acordo com o propósito do entrevistador. Podem ser: –– Estruturadas: com questões já elaboradas anteriormente, tendo como base o objetivo da pesquisa. –– Semiestruturadas ou desestruturadas: com um tema definido apenas ou com base na intuição ou caminho que a conversa toma. –– Painéis. Preparação da entrevista 32

A entrevista deve ser preparada de acordo com os seguintes passos:

Metodologia da Pesquisa

a) Planejamento da entrevista. b) Conhecimento prévio do entrevistado. c) Oportunidade da entrevista. d) Condições favoráveis. e) Contato com líderes. f) Conhecimento prévio do campo. g) Preparação específica.

Diretrizes da entrevista As diretrizes a serem seguidas em uma entrevista são as seguintes: a) Contato inicial. b) Formulação de perguntas. c) Registro de respostas. d) Término da entrevista.


Entrevista

Observação direta extensiva A observação direta extensiva realiza-se por meio de questionários, formulários, medidas de opinião e atitudes, e outras. Questionário O questionário é um instrumento de coleta de dados, constituído por uma série ordenada de perguntas, que devem ser respondidas pelo informante. Em geral, o pesquisador envia o questionário ao informante e esse o devolve respondido. O questionário deve ser limitado em extensão e finalidade. Deve conter de 20 a 30 perguntas e demorar cerca de 30 minutos para ser respondido. Deve ser acompanhado por instruções definidas e notas explicativas, para que o informante tome ciência do que se deseja dele. O aspecto material e a estética devem ser observados. O pré-teste pode ser aplicado mais de uma vez tendo em vista seu aprimoramento. Quanto à forma, as perguntas são classificadas sem três categorias: abertas, fechadas e de múltipla escolha. Perguntas abertas Ex.: Qual é sua opinião sobre os fatores que devem abranger a legalização do aborto?


Perguntas fechadas Ex.: O aborto deve ser legalizado no Brasil? ( ) Sim

( ) Não

Perguntas de múltipla escolha Ex.: Qual é, para você, a principal vantagem do trabalho temporário? a) Maior liberdade no trabalho.

( )

c) Variação no serviço.

( )

34

d) Poder escolher um bom emprego para se fixar.

( )

Metodologia da Pesquisa

b) Maior liberdade em relação ao chefe.

( )

e) Maiores salários.

( )

Quanto ao objetivo, podem ser: de fato, de ação, de opinião e outros. Durante a elaboração de um questionário, deve-se iniciá-lo com perguntas gerais, chegando aos poucos às específicas, colocando as questões de fato no final. Essa ferramenta de pesquisa deve também conter perguntas pessoais e impessoais alternadas.

Formulário O formulário é um dos instrumentos essenciais para a investigação social, cujo sistema de coleta de dados consiste em obter informações diretamente do entrevistado. Portanto, o que caracteriza o formulário é o contato face a face entre pesquisador e informante e o roteiro de perguntas a ser preenchido pelo entrevistador no momento da entrevista.


TÉCNICAS DE COLETA DE DADOS Vantagens

Limites

Entrevista

- Pode ser utilizada em todos os segmentos da população. - Fornece uma amostragem geral da população. - Oferece maior oportunidade para avaliar atitudes. - Dá oportunidade para a obtenção de dados que não se encontram em fontes documentais. - Há possibilidade de conseguir informações mais precisas. - Permite que os dados sejam quantificados.

- Dificuldade de expressão. - Incompreensão do significado das perguntas. - Possibilidade de o entrevistado ser influenciado. - Disposição do entrevistado em dar as informações necessárias. - Retenção de dados importantes. - Pequeno grau de controle sobre uma situação de coleta de dados. - Ocupa muito tempo e é difícil de ser realizada.

Questionário

- Economiza tempo. - Atinge maior número de pessoas simultaneamente. - Abrange uma área geográfica ampla. - Economiza pessoal. - Obtém respostas rápidas. - Maior liberdade de respostas. - Maior segurança. - Menor influência do pesquisador. - Maior tempo para responder. - Mais uniformidade na avaliação.

- Percentagem pequena de questionários que voltam. - Grande número de perguntas sem respostas. - Impossibilidade de ajudar o informante em questões mal compreendidas. - Devolução tardia. - Difícil controle e verificação. - Exige um universo mais homogêneo.

Formulário

- Utilizado em todos os segmentos da população. - Possibilidade de orientação no preenchimento. - Reajuste do formulário à compreensão década informante. - Facilidade na aquisição de um número representativo de informantes.

- Menos liberdade nas respostas. - Risco de distorção. - Menos prazo para responder. - Mais demorado. - Insegurança das respostas. - Aplicação difícil, demorada e dispendiosa.

FONTE: LAKATOSEMARCONI, 2000 .

35 Metodologia da Pesquisa

Modos de coleta


3. Projeto de Pesquisa

Existem diferentes formas de se construir um projeto de pesquisa, porém a metodologia científica define uma estrutura formal, conforme se verifica a seguir: Tema (O quê?) Delimitação do tema (Quem? O quê? Quando? Onde?) Objetivos (Para quê? Para quem?) Justificativa (Para quê?) Problema (O quê?) Hipótese (Provável resposta) Metodologia (Como? Com quê?) Fundamentação Teórica (Quem?) Cronograma (Quando?)

Antes de redigir o projeto de pesquisa, o primeiro passo a ser dado é a realização de estudos preliminares para a verificação do estado atual do tema que se pretende desenvolver. É importante observar aspectos teóricos e outros estudos já elaborados. Posteriormente, essas informações serão incluídas no projeto sob o título de “revisão de literatura”. A revisão de literatura deve auxiliar o pesquisador na identificação do problema. A busca da solução do problema deve ser orientada pela hipótese formulada e pelo objetivo geral.

A verificação da hipótese e do objetivo geral será realizada através da análise qualitativa e quantitativa dos dados coletados.


Ao elaborar o projeto de pesquisa alguns aspectos devem ser considerados: a) O tema escolhido deve ser de interesse do pesquisador. b) O problema a ser pesquisado deve ser claro. c) O pesquisador deve elaborar sozinho um rascunho do projeto de pesquisa. d) Um projeto é sempre preliminar, ou seja, é o planejamento da pesquisa. e) O pesquisador deve dedicar tempo à elaboração do projeto. f) A utilização de uma linguagem simples, correta e coerente.

3.1 Estruturado projeto de pesquisa A estrutura a ser seguida durante a elaboração do projeto de pesquisa deve ser a seguinte:

2. FOLHA DE ROSTO 3. OBJETIVO a) TEMA b) DELIMITAÇÃO DO TEMA c) OBJETIVO GERAL d) OBJETIVOS ESPECÍFICOS 4. JUSTIFICATIVA 5. OBJETO 6. PROBLEMA 7. HIPÓTESE BÁSICA 8. METODOLOGIA 9. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA 10. CRONOGRAMA 11. INSTRUMENTOS DE PESQUISA 12. REFERÊNCIAS

Metodologia da Pesquisa

1. CAPA

37


3.2 Descrição dos Elementos do Projeto –– TÍTULO: deve ser preciso e curto. Preciso no sentido de indicar realmente o conteúdo, o assunto pesquisado. Curto, evitando o uso de palavras desnecessárias. Se a pesquisa realizar-se em um determinado espaço geográfico, este deve constar no título. –– CAPA: contém informações sobre o autor, a pesquisa e a instituição que o pesquisador representa. –– FOLHA DE ROSTO: contém informações sobre o autor, a natureza da pesquisa e a instituição. –– TEMA: assunto que se deseja desenvolver. –– DELIMITAÇÃO DO TEMA: dotado necessariamente de um sujeito, um objeto, uma delimitação geográfica e temporal. 38

–– OBJETIVO GERAL: define o que se quer alcançar na pesquisa. Está ligado a uma visão global e abrangente do tema.

Metodologia da Pesquisa

–– OBJETIVOS ESPECÍFICOS: possuem função intermediária e instrumental, permitindo, de um lado, atingir o objetivo geral e, de outro, aplicá-lo a situações particulares. VERBOS QUE PODEM SER USADOS nos objetivos (geral e específico): analisar, identificar, diferenciar, enumerar, comparar, contrastar, distinguir, selecionar, localizar, confeccionar, verificar, delimitar, relatar, relacionar, detectar, averiguar, caracterizar, mapear, determinar, demonstrar, avaliar, apresentar, classificar, proporcionar, direcionar. VERBOS QUE NÃO DEVEM SER USADOS nos objetivos (geral e específico): fazer, estudar, constatar, conscientizar, sensibilizar, compreender, saber, entender, aprender, conhecer, pensar, refletir, gostar, sentir, ouvir, perceber, imaginar, desenvolver, melhorar, aperfeiçoar, julgar, reconhecer, apreciar.

JUSTIFICATIVA: consiste em uma exposição sucinta, porém completa, das razões de ordem teórica e dos motivos de ordem prática que tornam importante a realização da pesquisa. Deve enfatizar:

• O estágio da teoria;


• as contribuições teóricas; • a importância do tema; • a possibilidade de sugerir modificações; • a descoberta de soluções. A justificativa difere da fundamentação teórica. –– PROBLEMA: esclarece a dificuldade específica com a qual se defronta e que se pretende resolver. –– HIPÓTESE BÁSICA: é a principal resposta, provável, suposta e provisória, ao problema formulado. –– METODOLOGIA: abrange um maior número de itens. Método de abordagem, métodos de procedimento, técnicas, delimitação do universo, tipos de amostragem.

–– CRONOGRAMA: a pesquisa deve ser dividida em partes, fazendo-se uma previsão do tempo necessário para passar de uma fase a outra. Ex.: Passos Metodológicos Pesquisa bibliográfica Pesquisa documental Elaboração dos questionários Aplicação de questionário Análise e correlação dos dados Redação final

JAN

FEV

X

X

MAR ABR

PERÍODO MAI JUN

JUL

AGO

SET

X

X

X

X X X X

X

Metodologia da Pesquisa

–– FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA: abrange a teoria de base, a revisão de literatura e a definição dos termos.

39


–– INSTRUMENTOS DA PESQUISA: este item está condicionado à necessidade de instrumentos de pesquisa. Indica como a pesquisa será realizada. Deve-se anexar ao projeto os instrumentos referentes às técnicas selecionadas para a coleta de dados (questionário e/ou entrevista). –– REFERÊNCIAS: contêm a relação das referências bibliográficas, documentais ou eletrônicas utilizadas na elaboração do projeto de pesquisa. A revisão de literatura é importante para contextualizar o assunto pesquisado.

40 Metodologia da Pesquisa


4. Registro e divulgação de pesquisa: artigo científico e paper 4.1 Conceito de Artigo Cientifico ou Paper O artigo científico é uma publicação de autoria reconhecida pela comunidade científica, na qual se pretende apresentar e discutir fatos, leis, ou teorias estudadas e testadas, assim como os métodos e técnicas utilizadas. A NBR 6022 da ABNT (2003, p.2) destaca que “artigo científico é parte de uma publicação com autoria declarada, que apresenta e discute ideias, métodos e técnicas, processos e resultados nas diversas áreas do conhecimento”. Para Lakatos e Marconi (2001), os artigos científicos podem ser definidos como estudos publicados em revistas ou periódicos especializados, passíveis de verificação, uma vez que permitem a repetição da experiência realizada pelo autor. Um artigo científico não deve ser extenso. Raramente ultrapassa dez páginas. Pode ter até vinte páginas, dependendo das normas do periódico, da área de conhecimento, do método de pesquisa, entre outros fatores.

O paper nada mais é do que o artigo científico publicado em periódico internacional, porém já se tornou comum em cursos de pós-graduação lato sensu, professores se referirem ao paper como se fosse um trabalho final de conclusão de disciplina com a estrutura de um artigo, porém sem a intenção de publicação.


4.2 Tipos de artigo Quanto ao tipo, os artigos científicos podem ser classificados em originais ou de revisão. Os artigos originais são aqueles que apresentam temas ou abordagens novas, podendo ser um estudo de caso, por exemplo. Os artigos de revisão são os que enfatizam assuntos já discutidos em publicações distintas por diversos autores. Neste tipo, pretende-se reunir o máximo possível de informações a respeito de um determinado assunto, ou seja, faz-se uma revisão bibliográfica. Cada ramo científico se identifica mais comum ou outro tipo de artigo. O primeiro, geralmente, resulta de pesquisas realizadas nas ciências exatas, biológicas, da terra, enquanto o segundo tipo é característico das ciências humanas.

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Embora os artigos diferenciem-se pelo tipo, a estrutura deve ser mantida para ambos. Lembrando-se que os artigos devem ser inéditos, portanto, embora você já tenha publicado, não poderá apresentar o mesmo artigo como trabalho de conclusão de curso.

Metodologia da Pesquisa

4.3 Estrutura do artigo A estrutura do artigo científico é a organização coerente dos elementos que o compõem. Todo artigo deve ser constituído de elementos pré-textuais, textuais e pós-textuais, os quais são classificados de forma diferente dos elementos de uma tese, dissertação ou monografia. É importante ressaltar que cada periódico estabelece as normas para a apresentação e aceite do artigo científico, portanto, antes de encaminhar um artigo para publicação, o pesquisador deve ficar atento a essas regras. Elementos pré-textuais Os elementos pré-textuais são os que antecedem o corpo principal do artigo. São eles: • • • •

Título Subtítulo (quando houver) Autoria Resumo (com palavras-chave)


Embora o título seja o primeiro elemento pré-textual visualizado pelo leitor, nem sempre é definido anteriormente à elaboração do texto principal. É necessário que o autor defina um título provisório, para que este sirva de linha condutora a ser seguida até o final do artigo, pois o assunto geral deve referir-se ao título. É possível que, ao finalizar o artigo, o autor depare-se com a necessidade de alterá-lo, podendo fazê-lo. É importante que o título seja atraente, para que o leitor seja motivado a seguir em frente, passando pela autoria e chegando ao resumo, parte em que a pesquisa deverá ser apresentada de maneira bastante sintetizada. O título deve ser escrito em letras maiúsculas, destacadas sem negrito, centralizadas na primeira linha a 3 cm da borda superior da folha. Após o título deve ser indicada a autoria, ou seja, os nomes dos autores do artigo, que devem começar pelo sobrenome em letras maiúsculas, seguidos dos prenomes. Para cada autor deve ser indicada uma nota de rodapé, numerada em algarismos arábicos, apresentando o currículo resumido dos autores e o endereço eletrônico dos mesmos.

Elementos textuais Os elementos textuais compõem o texto principal, fazendo parte deles a introdução, o desenvolvimento e a conclusão. Introdução O primeiro elemento textual é a introdução, que deverá ser elaborada partindo da contextualização do assunto, apresentando os objetivos, a justificativa da escolha do tema, a metodologia, o problema e as hipóteses. A introdução deve ser redigida com clareza e concisão, assim como todo o artigo. Deve possibilitar o claro entendimento do leitor sobre o que será apresentado no artigo como um todo. Também é preciso atrair a atenção e a curiosidade do leitor sobre o assunto que se pretende expor. É nesta parte que devem aparecer as figuras de localização da área em estudo, caso seja necessário. É a parte que introduz o leitor no assunto pesquisado.

43 Metodologia da Pesquisa

Ao elaborar o resumo, o autor deverá ser capaz de apresentar os objetivos, a metodologia e os resultados com clareza e concisão em até 250 palavras (mínimo 150 palavras). Deve ser apresentado em espaçamento simples e sem recuo de parágrafo. Logo após, deverão ser destacadas entre três a cinco palavras-chave que orientem o leitor na identificação do assunto geral do artigo, normalmente atreladas ao título.


Portanto, a introdução deve: –– Estabelecer o assunto, definindo-o sucinta e claramente, sem deixar dúvidas quanto ao campo e períodos abrangidos. Incluir informações sobre a natureza e a importância do problema. Deve localizar a área de estudo, quando for o caso; –– Indicar os objetivos e a finalidade do trabalho, justificando e esclarecendo sob que ponto de vista é tratado o assunto; –– Fornecer a ideia central do artigo, contudo, não deverão ser antecipados os resultados alcançados; –– Apresentar a metodologia, não sendo esta muito extensa. Casos seja extensa, deve ser colocada à parte.

44

Apesar de aparecer no início do artigo, a introdução é mais facilmente elaborada quando o trabalho já está finalizado, pois é nessa fase que se tem a visão geral do assunto discutido.

Metodologia da Pesquisa

Desenvolvimento O desenvolvimento, segundo elemento textual, pode variar bastante de um artigo para outro, dependendo da abordagem que o autor pretende dar ao assunto, assim como do tipo de artigo que pretende elaborar. Trata-se da parte mais importante do artigo, na qual são apresentadas as ideias se defendidas as teorias que as sustentam, bem como é detalhada a metodologia utilizada e analisados e discutidos os resultados obtidos com a pesquisa bibliográfica, de campo ou de laboratório. Não deve ser utilizada a expressão “Desenvolvimento”. As principais partes podem ser: –– MATERIAL E MÉTODOS: caso a descrição dos procedimentos metodológicos seja muito extensa, estes podem estruturar uma parte do artigo. Nela, devem ser descritos os métodos, material, técnicas e equipamentos utilizados na pesquisa que resultou no artigo. –– DISCUSSÃO DOS RESULTADOS: referência a trabalhos anteriormente publicados, apresentando o estado da arte do assunto estudado; relaciona as causas e os efeitos


do problema estudado; indica as aplicações teóricas e práticas dos resultados obtidos; ressalta os aspectos significativos da pesquisa; e apresenta novas perspectivas para a continuidade da pesquisa. Nessa parte podem ser utilizados gráficos, tabelas ou quadros para apresentar ou ilustrar os resultados. Lembre-se que a tabela é uma figura construída a partir de dados obtidos pelo próprio pesquisador, em números absolutos ou percentuais. Já o quadro é elaborado a partir de dados obtidos em fontes secundárias como, por exemplo, o IBGE.

Considerações finais ou conclusão

Pode ser iniciada pelos aspectos mais importantes da pesquisa e os objetivos alcançados e os não cumpridos.

Elementos pós-textuais Os elementos pós-textuais são aqueles incluídos após o texto principal. Fazem parte deles: • • • • • •

Notas explicativas. Referências. Glossário. Apêndices. Anexos. Agradecimentos

45 Metodologia da Pesquisa

O terceiro e último elemento textual é a conclusão, também chamada de considerações finais. É a recapitulação sintética da discussão e dos resultados obtidos com a pesquisa. Deve apresentar deduções lógicas, que correspondam aos objetivos propostos, ressaltando o alcance e as consequências de suas contribuições à ciência e à sociedade. Deve ser breve e basear-se em dados comprovados.


As notas explicativas são as explanações, comentários que não foram incluídos no texto por interromper a sequência lógica da leitura. As notas explicativas são inseridas em algarismos arábicos com numeração única e consecutiva para todo o artigo. As referências consistem em um conjunto padronizado de elementos descritivos retirados do documento utilizado, que permite sua identificação. O glossário é uma lista, em ordem alfabética, de palavras técnicas utilizadas no trabalho com seus respectivos significados. Os apêndices são os documentos elaborados pelo próprio autor, que serviram de fundamentação, comprovação ou ilustração do trabalho. O termo apêndice deve ser escrito em letras maiúsculas, em negrito e centralizado, antecedendo o título do mesmo. Para classificar sua ordem são utilizadas as letras do alfabeto. Exemplo: 46

APÊNDICE A – Demanda dos Cursos Técnicos do instituto Federal do Paraná.

Metodologia da Pesquisa

Os anexos são os documentos que serviram de fundamentação, comprovação ou ilustração, que não foram elaborados pelo autor. O termo anexo deve ser escrito em letras maiúsculas, em negrito e centralizado, antecedendo o título do mesmo. Para classificar sua ordem são utilizadas as letras do alfabeto. Exemplo: ANEXO A – Lista dos Cursos Técnicos ofertados pelo Instituto Federal do Paraná.


5. Formatação do trabalho acadêmico Neste capítulo será visto que todo trabalho acadêmico deve ser apresentado de acordo com as normas estabelecidas pela Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT) ou pela Instituição de Ensino Superior. No caso do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Paraná (IFPR), como este já possui normas próprias, o pesquisador que realiza sua pesquisa deve seguir as normas que serão apresentadas neste capítulo. Serão detalhadas as maneiras de inserir no texto uma citação direta, indireta ou citação de citação, além de se destacar a forma correta de fazer uma referência ao final do trabalho.

5.1 Apresentação gráfica do trabalho acadêmico Todo trabalho acadêmico deve ter uma apresentação gráfica que facilite a compreensão do leitor com relação às ideias do autor, por isso, no Brasil, a ABNT define as normas que devem ser seguidas pelos pesquisadores para formatação de suas pesquisas científicas, sejam elas apresentadas sob forma de artigo, monografia, dissertação ou tese. A Instituição de Ensino Superior (IES) tem autonomia para elaborar suas normas, desde que estas estejam de acordo com as regras gerais apresentadas pela ABNT. Sendo assim, neste capítulo serão apresentadas as normas elaboradas e seguidas pelo IFPR para apresentação gráfica de trabalhos acadêmicos. O tipo de papel utilizado deve ser o formato A4 (21 x 29,7 cm), na cor branca. Deve ser utilizada apenas a parte da frente da folha (anverso). O trabalho deve ser digitado em fonte Arial ou Times New Roman, tamanho 12 para o corpo do texto e tamanho 10 para citações longas, tabelas, quadros e ficha catalográfica. Configuração das margens As margens esquerda e superior devem ter 3 cm, enquanto as margens direita e inferior devem ter 2 cm.


Espaçamento O espaçamento entrelinhas pode ser: a) Espaço de 1,5 cm para o texto. b) Espaço de 1 cm (simples) para resumo, referências, citações longas, notas de rodapé, tabelas, gráficos e quadros.

Parágrafo A primeira linha de cada parágrafo de texto deve estar a 1,5 cm da margem esquerda. Os parágrafos das citações longas devem ter recuo de 4 cm da margem esquerda. 48

Devem ser evitadas linhas soltas do parágrafo no início ou final da página, as chamadas linhas órfãs.

Metodologia da Pesquisa

Paginação O número da página deve ser inserido a 2 cm da borda superior e 2 cm da borda direita da folha. A contagem das páginas começa pela folha de rosto, porém a numeração somente deve ser inserida a partir da primeira folha textual. Desta maneira, a folha que dá início à introdução pode receber o número 9, por exemplo.

Numeração progressiva A numeração progressiva indica a sequência da divisão do trabalho, que pode ser em seção primária, secundária, terciária, quaternária e quinária, conforme os exemplos a seguir:


Numeração Progressiva

Seção

1 INTRODUÇÃO

Primária

2 REVISÃO BIBLIOGRÁFICA

Primária

2.1 A PESQUISA NOS CURSOS INTEGRADOS

Secundária

2.1.1 A adoção dos trabalhos de conclusão de curso

Terciária

2.1.1.1 Tipos de trabalhos

Quaternária

2.1.1.1.1 Monografia

Quinária

Quando for necessário enumerar os diversos assuntos de uma seção que não possua título, esta deve ser subdivida em alíneas, indicadas por letras minúsculas, seguidas de parênteses. Exemplo: a) Educação para todos.

49

Caso seja necessário dividir as alíneas, usa-se o hífen para destacar as subalíneas.

–– Educação de jovens e adultos.

Notas de rodapé As notas de rodapé são usadas como complementações ou esclarecimentos que não podem ser incluídos no texto por interromper a sequência lógica da leitura. As notas de rodapé podem ser: • Notas explicativas – explanações ou comentários que não são incluídos no texto. As notas explicativas são em algarismos arábicos com numeração única e consecutiva para cada capítulo ou parte.

Metodologia da Pesquisa

Exemplo:


Exemplos : • No texto: “Os outros dois pontos a destacar são o agudo desequilíbrio externo e a insuficiência acumulação.” 25 • No rodapé da página: _____________ 25 Aqui privilegiamos os problemas do capital, conformando-nos com uma reprodução dinâmica.

• Notas de referências – indicam as fontes consultadas ou remetem a outras partes da obra nas quais o assunto foi abordado, geralmente são utilizados quando é adotado o sistema numérico. O sistema autor-data deve ser usado para referenciar citação de citação. 50 Metodologia da Pesquisa

Citações Trata-se da menção, no texto, de informação extraída de outra fonte (revistas, livros, internet, CD-ROM, disquete, fita de vídeo) para esclarecer, ilustrar ou sustentar o assunto apresentado, conforme será detalhado a seguir. Tipos de citação As informações coletadas de diferentes fontes podem ser citadas no texto de forma direta ou indireta. Citação direta É a transcrição literal de um texto ou parte dele. Na citação direta é obrigatória a apresentação página consultada. A citação com ATÉ TRÊS LINHAS deve ser inserida no parágrafo entre aspas duplas, como mesmo tamanho da fonte.


Exemplo : “O acesso à literatura da área e algumas seções de supervisão em análise institucional serviram de base a esse propósito.” (HADDAD, 1993, p. 96).

A citação com MAIS DE TRÊS LINHAS deve ser destacada com recuo de 4 cm da margem esquerda, com fonte tamanho 10, espaçamento entre linhas simples e sem aspas. Exemplo : Dentro deste contexto, Robbins (2003, p. 39) afirma que: Alguns gerentes estão encontrando dificuldades em abrir mão do controle da informação. Sentem-se ameaçados por terem de dividir o poder. A maioria, porém está descobrindo que o desempenho [sic] pelo compartilhamento da informação. E quando, de fato, sua unidade melhora, são tidos como gerentes mais eficazes.

51

É a reprodução das ideias do autor, sem que haja transcrição literal das palavras. Para reproduzir as ideias do autor pode ser utilizada: • Paráfrase: é mantida a ideia do autor e o número aproximado de palavras utilizadas por este. • Condensação: é mantida a ideia do autor com um número de palavras bastante reduzido. ATENÇÃO!!! É necessário ter cuidado ao fazer uma citação direta, para não caracterizar plágio. O plágio é a cópia do texto do autor sem a menção da fonte, ou seja, é a apropriação indevida dos direitos autorais e no Brasil é crime passível de punição.

Metodologia da Pesquisa

Citação indireta


Exemplo : Segundo Weaver (1973), muito tempo antes de o Brasil realizar suas primeiras pesquisas de viabilidade econômica da exploração e processamento do folhelho pirobetuminoso os franceses e os escoceses já comercializavam o óleo extraído dessa rocha sedimentar.

Citação de citação Pode-se fazer ainda citação de citação, ou seja, quando não se teve acesso ao documento original, pode ser citada a ideia de um autor que foi citada na obra de outro. Neste caso, deve ser usada a expressão latina apud, que significa citado por. Exemplo : 52

Na sentença:

Metodologia da Pesquisa

Para Gonçalves (2000, apud FERREIRA, 2009) os países desenvolvidos podem comprar créditos de carbono, como objetivo de reduzir a emissão de gases. No final da sentença: Os países desenvolvidos podem comprar créditos de carbono, com o objetivo de reduzir a emissão de gases. (GONÇALVES, 2000 apud FERREIRA, 2009).

Neste caso, o autor FERREIRA deve aparecer na lista de referências e GONÇALVES no rodapé. Supressões, acréscimos e ênfase Em qualquer tipo de citação, as supressões (omissões), interpolações, acréscimos, comentários, ênfase ou destaques devem ser utilizados a fim de proporcionar clareza ao texto.

• Supressão: é indicada pelo sinal [...] e utilizada nos casos em que se quer omitir parte do texto.


Exemplo : Conforme Alfonsin (2004), “apesar dos programas de regularização fundiária terem se disseminado nas cidades brasileiras nos últimos anos, é flagrante a inexpressividade dos resultados [...], especialmente nas capitais.”

• Acréscimo ou Comentário: são indicados entre colchetes e utilizados quando há necessidade de explicar o texto. Exemplo : “A variação dos significados pretendidos pelo autor, e atribuídos pelos diferentes leitores [polissemia].” (XAVIER, 2008, p. 18).

Exemplo : “[...] não basta ir às aulas se chegar antes do seu início. É preciso levar consigo material adequado ao trabalho do dia”. (RODRIGUES, 2008, p. 43, grifo nosso).

Tradução de citação No caso de citação com texto traduzido pelo autor, deve ser indicada a expressão tradução nossa, entre parênteses, após a chamada da citação. Exemplo : “É um software de armazenamento e recuperação da informação textual e estruturada, com foco em fontes de informação bibliográfica e serviços associados [...].” (BRITO, 2009, p. 18, tradução nossa).

53 Metodologia da Pesquisa

• Ênfase ou Destaque: deve ser destacado com negrito, itálico ou grifo e utilizada nos casos em que se quer enfatizar trecho da citação. Deve ser utilizada a expressão grifo nosso entre parênteses, após a chamada da citação.


Sistema de chamada autor-data Segundo a NBR 10520/2002, as citações podem ser apresentadas de acordo com o sistema autor-data ou o sistema numérico. Porém, os trabalhos acadêmicos produzidos no âmbito do IFPR devem seguir o sistema autor-data.

Sistema autor-data

Nas citações deve ser inserido o autor e a data da publicação da obra no início ou no final da sentença; na lista de referências o autor aparece em ordem alfabética.

Sistema numérico

Nas citações deve ser inserido o autor e sua obra em nota de rodapé. O autor é citado apenas na primeira vez em que sua ideia é reproduzida, nas demais se utilizam expressões latinas específicas para identificar a autoria.

Um autor 54

No sistema autor-data, a indicação do sobrenome pode ser na sentença, no final da sentença ou após a ideia do autor.

Metodologia da Pesquisa

As fontes utilizadas na produção textual devem ser indicadas: • Pelo sobrenome do autor ou nome da entidade responsável; • Pela data de publicação; • Pelo número da página, separado por vírgula entre parênteses (no caso de citação direta). Quando o autor é citado na sentença seu sobrenome deve ser escrito com letras iniciais maiúsculas, e quando estiver entre parênteses, todas as letras devem ser maiúsculas. Exemplos : Na sentença: Segundo Matus (1996, p.14) “negar o planejamento é negar a possibilidade de escolher o futuro, é aceitá-lo seja ele qual for”. No final da sentença: “Negar o planejamento é negar a possibilidade de escolher o futuro, é aceitá-lo seja ele qual for.” (MATUS, 1996, p.14).


Até três autores Quando consultada uma obra com até três autores, todos devem ser referenciados. Exemplos : Na sentença: De acordo com Fonseca, Martins e Toledo (1995, p. 208) “O Índice Geral de Preços é considerado como medida-padrão (ou oficial) do país. Trata-se de um índice híbrido [...]”. No final da sentença: “A narração deficiente ou omissa que impeça ou dificulte o exercício da defesa, é causa de nulidade absoluta, não podendo ser sanada porque infringe os princípios institucionais.” (GRINOVER; FERNANDES; GOMES FILHO, 2001, p. 97).

Mais de três autores

Exemplos : No final da sentença: A escola tem por obrigação proporcionar aos seus alunos condições e acesso ao conhecimento. (FONTES et al., 1996).

Autor coletivo (entidade) Quando o autor for uma entidade, o nome desta deve ser escrito por extenso, e se possível sua subordinação, seguido da data de publicação do documento. Exemplo : No final da sentença: “Como diferentes programas podem adotar enfoques diversos, as decisões a serem tomadas são específicas de cada um.” (BRASIL, Ministério da Educação, 1976, p. 12).

Metodologia da Pesquisa

Nas citações de obras publicadas por mais três autores deve ser citado o primeiro seguido da expressão latina et al. (abreviatura de et alii) e o ano.

55


No caso de entidade coletiva conhecida pela sigla, a entrada deve ser por extenso, na primeira citação, seguida da sigla entre parênteses. No restante do texto pode ser usada apenas a sigla. Documentos de órgãos públicos Quando se tratar de documentos de órgãos públicos, deve ser indicada sua jurisdição. Exemplo : Na sentença: De acordo com Curitiba, Prefeitura Municipal (2008, p. 178), “a Linha Verde trará resultados positivos no tocante à [...]”.

Citação de dados informais 56 Metodologia da Pesquisa

Para citação de dados informais obtidos por meio de palestras, debates, comunicações entre outros, indica-se entre parênteses a expressão informação verbal e mencionam-se os dados completos da informação em nota de rodapé. Exemplo : Na sentença: “Essa ação demonstra a postura do IFPR, que tem buscado ampliar a oferta de unidades no Paraná.” (Informação verbal)1. No rodapé: ___________ 1 Notícia fornecida por Alípio Santos Leal Neto na solenidade de autorização para uma unidade do IFPR em Assis Chateaubriand, em outubro de 2009.

Citação de informação extraída da internet É necessário analisar e avaliar a fidedignidade e o caráter científico das informações extraídas da internet. As entradas seguem as mesmas regras para documentos impressos, o que muda é a forma de apresentação da referência.


Exemplo : Na sentença: De acordo com Machado (2009) os professores do ensino fundamental e médio podem diversificar as aulas, torná-las mais atrativas e conhecer o trabalho de outros colegas espalhados pelo país ao acessar o Portal do Professor.

Documentos de vários autores com mesmo sobrenome Quando houver coincidências de autores com mesmo sobrenome, devem ser indicadas também as iniciais de seus nomes. Se mesmo assim existir coincidência, devem ser colocados os nomes por extenso. Exemplos : No final da sentença:

Nas relações internacionais destaca-se a importância da comunicação dentro das empresas, para aquelas mensagens, a política de comunicação, as siglas e os símbolos são processos para a tentativa de comunicar-se. (SILVA, Álvaro, 2001).

Quando houver necessidade de utilizar o nome do autor por extenso na citação, como no exemplo acima, todos os autores referenciados no trabalho, deverão ser apresentados também desta forma, como forma de padronização, na lista de referências. Documentos de um mesmo autor com a mesma data de publicação Quando houver diversos documentos de um mesmo autor, com a mesma data de publicação, devem ser acrescentadas letras minúsculas após a data, sem espaços. Exemplo : Na sentença: Para Roberts (1998a, p. 57) “os grupos que detêm a força de trabalho precisam de constante capacitação profissional”. “A competitividade faz com que as empresas invistam em tecnologia e qualidade na prestação dos seus serviços.” (ROBERTS, 1998b, p. 161).

Metodologia da Pesquisa

O turismo é visto como o mercado que mais cresce e o ecoturismo é uma das modalidades mais procuradas pela necessidade do homem de integrar-se à natureza. (SILVA, Alice, 2001).

57


Diversos documentos do mesmo autor com datas diferentes Nas citações indiretas de diversos documentos de um mesmo autor com datas diferentes, devem ser indicadas as datas separadas por vírgula. Exemplo : Na sentença: Oliveira (1985, 1990, 1997) afirma que um dos propósitos do marketing é alcançar os objetivos organizacionais.

5.2 Referências 58

As referências são o conjunto de elementos que permitem a identificação dos documentos que foram utilizados na elaboração da monografia.

Metodologia da Pesquisa

Os elementos que compõem uma referência são: Essenciais (autor, título, edição, local, editora, e data de publicação). Complementares (ISBN1, série, número de páginas, e outras). Sua localização depende do sistema de chamada adotado. No sistema de autor-data sua localização será no final do trabalho. As referências são alinhadas somente à margem esquerda. O espaçamento usado deve ser simples entre as linhas e duplo entre as referências. Estes e outros detalhes serão analisados neste capítulo.

1 ISBN (International Standard Book Number) é um sistema que identifica numericamente os livros segundo o título, o autor, o país e a editora, individualizando-os inclusive por edição. Retirado de: <http://www.isbn.bn.br/;jsessionid =F903B1893F4E912D992E3524B2D5E2A7o-que-e-isbn>.


Elementos essenciais da referência Os elementos essenciais da referência podem ser divididos em quatro: a) Autor. b) Título. c) Edição. d) Imprenta (local, editora, e data de publicação). O primeiro elemento de uma referência é o autor, seguido do(s) prenome(s) descrito(s) com as letras abreviadas ou não . Exemplo: SANTOS, M. ou SANTOS, Milton.

Regras a serem seguidas nos diferentes casos: 59

Exemplo: SILVEIRA, H. L. –– Sobrenomes em espanhol: indica-se primeiro o penúltimo sobrenome. Exemplo: APARICIO SÁNCHES, C. A. (Cesar Antônio Aparício Sánches) –– Sobrenomes com complemento: indica-se o sobrenome acompanhamentos JUNIOR, FILHO, NETO e SOBRINHO.

seguido

dos

Exemplo: FREITAS FILHO, A. (Armando Freitas Filho) Obs.: No caso da denominação NETO convencionou-se que o NETTO (com a grafia com dois T) é considerado sobrenome, portanto ficaria NETTO, P. (Paiva Netto). –– Sobrenomes unidos por hífen: indica-se como um único sobrenome. Exemplo: ARTEAGA-FERNANDEZ, E. –– Sobrenomes estrangeiros com prefixo: são indicados pelo prefixo se este for identificado como parte do nome. Exemplo: VAN DER MOLEN, Y. F.

Metodologia da Pesquisa

–– Autor individual: indica-se o autor com a entrada pelo último sobrenome, seguido do nome. Separa-se o sobrenome do nome com vírgula ( , ).


Obs.: Considera-se o prefixo como parte do nome se for escrito em maiúsculo. Exemplos Del, El, La. Caso estejam em minúsculo não se considera como parte do sobrenome. Exemplo: da Silva –– Dois autores: indica-se os autores segundo a ordem em que aparecem na publicação, separando-os pelo sinal de ponto e vírgula ( ; ). Exemplo: MONTEIRO, C.; BRANDÃO, A. –– Três ou mais autores: indica o primeiro autor seguido da expressão latina et al. (et alli = e outros). Exemplo: ZAEYEN, A. et al. –– Documento com vários autores: indica-se o responsável intelectual (organizador ou coordenador), seguido da abreviatura da palavra que caracteriza o tipo de responsabilidade entre parênteses. 60

Exemplo: BASTOS, A. M. (Coord.) Metodologia da Pesquisa

–– Autor coletivo: indica-se a entidade responsável pela autoria, obedecendo a hierarquia desta. Exemplo: BRASIL. Ministério da Previdência Social. Secretaria da Saúde. Obs.: Quando for possível identificar a instituição, mesmo estando vinculada a um órgão maior, indica-se seu nome em maiúscula como as siglas consagradas. Exemplo: INSTITUTO BRASILEIRO DE GEOGRAFIA E ESTATÍSTICA. IBGE.

O segundo elemento de uma referência é a INDICAÇÃO DO TÍTULO. O título é reproduzido tal como aparece na obra, devendo aparecer em negrito, itálico ou grifado. Obs.: O subtítulo não é negritado. Exemplo: O ensino de primeiro grau: uma análise de desempenho. Obs.: Quando houver tradutor, este deve ser indicado logo após o título. Ex. Tradução de Carlos Pereira.


O terceiro elemento de uma referência é a EDIÇÃO . A edição deve ser apresentada pelo número cardinal desta, seguido da abreviação ed. Exemplo: 5. ed.

Obs.: A primeira edição não é indicada. O quarto elemento de uma referência é a IMPRENTA . A imprenta compreende as notas tipográficas da publicação, ou seja, local de publicação, nome da editora e ano de publicação. Indica-se o local: (dois pontos) Editora, (vírgula) ano de publicação. (ponto) Exemplo: São Paulo: Atlas, 1998.

O local de publicação é indicado da forma que aparece na publicação.

Exemplo: RIO DE JANEIRO e São Paulo Rio de Janeiro –– Para homônimos deve-se acrescentar o nome do país, estado ou cidade. Exemplos: San Juan, Chile San Juan, Porto Rico –– Quando o local não aparece na publicação, mas pode ser identificado, este deve ser inserido entre os sinais de colchetes. Exemplo: [Curitiba] –– Quando for impossível determinar o local, indicar [S.l.]= (expressão latina abreviada sine loco = sem local) entre colchetes.

Metodologia da Pesquisa

–– Quando houver mais de um local de publicação, deve ser indicado o primeiro ou o que estiver em destaque.

61


Na apresentação da editora omite-se a palavra Editora e as denominações de natureza jurídica (S/A, Ltda). Exemplo: Bertrand do Brasil (e não Editora Bertrand do Brasil).

Considerações gerais

• Quando há mais de um editor, indica-se o mais destacado. • Quando o editor não aparecer na publicação, mas pode ser identificado, indicálo entre colchetes. Exemplo: [Papirus] • Sendo impossível determinar o editor, indica-se entre colchetes[s.n.] (expressão latina ine nomine = sem nome).

62 Metodologia da Pesquisa

• Quando o local e o editor não aparecerem na publicação, indica-se entre colchetes [S.l.:s.n.]. • Indica-se a denominação Ed. Para os nomes de editoras que possam ser confundidas com local. Exemplo: Ed. Santos Para indicar a data deve ser colocado o ano da publicação. Exemplo: 2012 Obs.: Se nenhuma data puder ser encontrada na publicação, registre uma data aproximada entre colchetes: Exemplos:

[1981?] para data provável

[ca. 1960] para data aproximada

[197-] para década certa

[19--] para século certo

[19-?] para século provável


Para finalizar, descreve-se o número de páginas. Quando se tratar de uma referência da obra completa a indicação do número de páginas é opcional. Em referência de capítulos é obrigatória a inclusão das páginas inicial e final, que são transcritas se paradas por hífen. Exemplo: 260p. (obra completa) p. 7-14 (capítulo)

Pontuação utilizada

• Autor. Título. Edição. Imprenta. Paginação. • Para autor: SOBRENOME, Nome. • Para título: Título principal: subtítulo.

63

• Para imprenta: Local: Editora, ano.

Metodologia da Pesquisa

Referência completa SOBRENOME, Prenome. Título. Edição. Local: Editora, ano de publicação. Número de páginas. O título deve ser destacado em negrito. Exemplo: LOPES, I. V. Gestão ambiental no Brasil: experiência e sucesso. 5. ed. Rio de Janeiro: FGV, 1996. 377p.


Partes de monografias sem autoria especial SOBRENOME, Prenome. Título do capítulo. In: ________. Título do livro. Edição. Local: editora, ano de publicação. Página inicial-página final. Exemplo : JUCHEM, P. A. Balanço ambiental para empresas. In: ________. Introdução à gestão, auditoria. 3. ed. Curitiba: FAE/CDE, 1995. p. 75 -87.

Partes de monografias com autoria própria SOBRENOME, Prenome (autor da parte referenciada). Título da parte referenciada. In: SOBRENOME, Prenome. Título. Edição. Local: Editora, ano de publicação. Localização da parte referenciada. Número de páginas. 64

Artigos de Livros

Metodologia da Pesquisa

Exemplo : STORPER, M. Desenvolvimento Territorial na economia global do aprendizado: o desafio dos países em desenvolvimento. In: RIBEIRO, L. C. Q.; SANTOS JÚNIOR, O. A. (Org.) Globalização, Fragmentação e Reforma Urbana: o futuro das cidades brasileiras na crise. São Paulo: Civilização Brasileira, 1994.Cap.2. p. 45-59.

Artigos de eventos Exemplo : NICOLETTO, U. A evolução dos modelos de gestão de resíduos sólidos e seus instrumentos. In: CONFERÊNCIA SOBRE MERCOSUL, MEIO AMBIENTE E ASPECTOS TRANSFRONTEIRIÇOS, 2, 1997, Campo Grande. Anais... Campo Grande: SEMADES, 1997. p. 89-105.

Artigos de revistas A pontuação utilizada e as informações destacadas são diferentes. Observe com atenção:


SOBRENOME, Prenome. Título do artigo. Título da revista, local da publicação, número do volume, fascículo, páginas inicial e final do artigo, mês e ano da publicação. Exemplo : BENJAMIN, A. H. V. Responsabilidade Civil pelo Dano Ambiental. Revista de Direito Ambiental, São Paulo, v.2, n.9, p. 43-57, jan./jul.1998.

Obs.: O volume é indicado por v. O número é indicado por n. As páginas são indicadas por p. inicial-final. Os meses são indicados abreviados, excetuando-se o mês de maio.

Artigos em jornais 65

Exemplo : MORAIN, C. Gerenciamento ambiental em pequenas e médias empresas de mineração. Gazeta do Povo, Curitiba, 10 out. 1993. p. 1-5.

Dissertações, teses, etc. SOBRENOME, Prenome. Título. Número de folhas. Palavra Tese ou Dissertação (tipo de curso) – Setor, nome da Instituição onde foi apresentada. Local da instituição, ano da defesa. Exemplo : WATANABE, C. B. Antecipando a Agenda 21 Local: uma visão geográfica do meio ambiente de São Mateus do Sul, Paraná. 119f. Dissertação (Mestrado em Geografia) – Setor de Ciências da Terra, Universidade Federal do Paraná. Curitiba, 2002

Metodologia da Pesquisa

SOBRENOME, Prenome. Título do artigo. Título do jornal, local de publicação, dia, mês e ano. Páginas do artigo.


Documentos consultados online SOBRENOME, Nome. Título. Disponível na Internet. Endereço. Data de acesso. Exemplo : ROLNIK, R. Estatuto da Cidade: instrumentos para as cidades que sonham crescer com justiça e beleza. Instituo Polis. Disponível em:<http://www.polis.org.br>Acesso em: 23 mar. 2008.

66 Metodologia da Pesquisa


Considerações Finais

Para produzir esta obra foi considerada a necessidade de proporcionar ao estudante meios necessários à retomada do pensar e a busca pelo fazer. Para tanto, foram apresentadas discussões pertinentes à Metodologia Científica e à formalização dos trabalhos acadêmicos. Desta maneira, fica evidente que a utilização do método na construção do trabalho acadêmico pode servir de modelo para que o profissional realize suas atividades de acordo com os princípios metodológicos apresentados, analisados e discutidos neste material.


Referências ADORNO, T.; HORKHEIMER, M. Dialética do esclarecimento. Rio de Janeiro: J. Zahar Editor, 1985-p19. ______. Metodologia do trabalho científico: procedimentos básicos, pesquisa bibliográfica, projeto e relatório, publicações e trabalhos científicos. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2001. ______. Técnicas de pesquisa: planejamento e execução de pesquisas, amostragens e técnicas de pesquisa, elaboração, análise e interpretação de dados. São Paulo: Atlas, 1986. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 10520: informação e documentação: apresentação de citações em documentos. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 14724: informação e documentação – trabalhos acadêmicos – apresentação. Rio de Janeiro, 2005. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6023: informação e documentação: referências – elaboração. Rio de Janeiro, 2002 . ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6024: Informação e documentação: numeração progressiva das seções de um documento escrito – apresentação. Rio de Janeiro, 2002. ASSOCIAÇÃO BRASILEIRA DE NORMAS TÉCNICAS. NBR 6027: sumário. Rio de Janeiro, 2003. CHARTIER, Roger. A ordem dos livros: leitores, autores e bibliotecas na Europa entre os séculos XIV e XVIII; tradução de Mary Del Priore. Brasília: Ed. UnB, 1994. 111p. CHASSOT, Attico. A Ciência através dos tempos. São Paulo: Moderna, 1994. CUNHA, Murilo Bastos da. As tecnologias de informação e a integração das bibliotecas brasileiras. Ci. Inf., Brasília, v. 23, n. 2, p. 182-189, maio/ago. 1994. CUNHA, Murilo Bastos da. Biblioteca digital: biblioteca internacional anotada. Ci. Inf., Brasília, v. 26, n. 2, p. 195-213, maio/ago. 1997.


GODOY, Norton. O livro de todos os livros. Disponível em: <http://www.zaz.com.br/istoé/ ciência/150515.chtm>. Acesso em: 30 nov. 1998. LAKATOS, E. M.; MARCONI, M. De A. Fundamentos de metodologia científica. 3. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 1991. LEVY, Pierre. O que é virtualização. In: ______. O que é virtual? São Paulo: Ed. 34, 1996. (Coleção TRANS). Cap. 1, p. 15-25. MARQUEZAN, Luiz Henrique Figueira. BRONDANI, Gilberto. Análise de Investimentos - Revista Eletrônica de Contabilidade. Vol III - n° 1 - jan a junho 2006 - UFSM - Universidade Federal de Santa Maria. MARTINS, Wilson. O livro impresso. In: ______. A palavra escrita. São Paulo: Anhembi, 1957. Pt. 2.,cap. 6, p. 159-165. MEDEIROS, J. B. Redação científica: estratégias de leitura, como redigir monografias, como elaborar papers. 2. ed. São Paulo: Atlas, 1996.

PAULA, Lícia Pupo de. Tecnologia CD-ROM e suas aplicações em unidades de informação: revisão inicial. R. Bras. Bibliotecon. e-Doc., São Paulo: v. 24, n. 1/4, p. 86-97, jan./ dez. 1991. PONTES, Cecília Carmem Cunha. Base de dados em ciência e tecnologia. Trans-in-formação. Campinas, v. 2, n. 2/3, p. 33-42, maio/dez. 1990. SEVERINO, A. J. Metodologia do trabalho científico. 20. ed. rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 1996. WATANABE. C. B.; MORETO. E.C.; COUTINHO, R.R. Normas para apresentação de trabalhos acadêmicos do Instituto Federal do Paraná. Curitiba: IFPR, 2010.

Metodologia da Pesquisa

OASHI, Cristina Dan. A tecnologia do CD-ROM e suas aplicações em bibliotecas: revisão de literatura: R. Bras. Bibliotecon. e-Doc., São Paulo, v. 25, n. 1/2, p. 80-112, jan./jun. 1992.

69


Anexo MODELO DE UM TEXTO UTILIZANDO O SISTEMA AUTOR-DATA

A EVOLUÇÃO DOS SUPORTES DA INFORMAÇÃO Desde os primórdios da história, o homem buscou comunicar-se registrando seus conhecimentos e utilizando as linguagens disponíveis em sua época. O homem das cavernas talhou a pedra para descrever seus hábitos e sua cultura, simbolizando a linguagem de comunicação por desenhos, sons, danças, mímicas, códigos, sinais e gestos. Da transformação da linguagem auditiva em linguagem visual surgiram os primeiros sistemas de escrita, os quais foram inventados e aperfeiçoados ao longo dos séculos, passando por diversas evoluções: escrita pictográfica, mnemônica, cuneiforme, fonética, ideográfica, hieroglífica, até chegar ao alfabeto. Do reino mineral, vegetal ou animal, utilizou-se pedra, mármore, argila, metais, ossos, marfim, pano, seda, madeira, papiro e o pergaminho, estando a divulgação do conhecimento sempre representada em suportes de informação, ou seja, disseminada através de um material palpável. Martins (1957) destaca três grandes períodos: técnica da gravura, técnica da fundição manual e técnica da fundição mecânica. Nesses períodos, o livro impresso deparou-se com muitos colecionadores hostis que não o queriam em suas coleções, entretanto como aperfeiçoamento técnico melhorou sua qualidade e constituiu-se um objeto de beleza. Nesses tipos de materiais, várias técnicas “tipográficas” (xilografia, litografia) e instrumentos (cinzel, estilete, caniço, penas de aves, penas metálicas) foram utilizados para produzir a escrita pelos copistas, pergaminhistas, iluminadores e outros, até a “imprensa de Gutenberg” que aperfeiçoou os processos da tipografia, surgindo o documento impresso comum até os dias atuais. Martins (1957) relata a história do livro, da imprensa e da biblioteca através de um retrospecto da História de acordo com as eras e movimentos literários que dividem a história da humanidade: Antiguidade, Idade Média, Renascença até a Modernidade, descrevendo ricos detalhes pormenorizados com nomes, títulos e acontecimentos que envolveram e tiveram influências culturais no decorrer da história.


O surgimento da técnica de impressão foi um grande marco na história da escrita e divulgação do conhecimento. Da mesma forma, a informática e as telecomunicações apresentam, também, suas contribuições para a história da humanidade. O advento das novas tecnologias de informação, segundo Cunha (1994), mudou o peso relativo das publicações impressas em relação aos outros suportes de informação, no que diz respeito ao processo global de difusão de conhecimentos. Mata (1995, p. 8) argumenta que “[...] a microeletrônica, a informática, as telecomunicações, a automação e a inteligência artificial, integrantes do quadro tecnológico que configura a nova revolução, se apresenta como os principais protagonistas das mudanças.” Essa revolução é comentada por Oashi (1992), Paula (1991) e Pontes (1990) que apresentam argumentações e explicações para a realidade atual com colocações semelhantes, lembrando que a nova realidade vem proporcionando a interação da sociedade, indivíduo, informação e conhecimento.

Segundo Chartier (1994, p. 97-98): A revolução de nosso presente é mais importante de que a de Gutenberg. Ela não somente modifica a técnica de reprodução do texto, mas também as estruturas e as próprias formas do suporte que o comunica aos seus leitores. O livro impresso foi, até hoje, o herdeiro do manuscrito por sua organização em cadernos, pela hierarquia dos formatos, pelos auxílios de leitura, correspondências, index, sumários, etc.

Do livro definido como um conjunto de folhas de papel ou pergaminho, impressas ou manuscritas e presas numa capa formando um volume que traz informações literárias ou científicas, depara-se para o livro digital. O livro digital ou e-book (livro eletrônico) muda a forma de como o texto impresso é vendido e lido, apresentando uma interatividade mais funcional que o livro em papel.

Metodologia da Pesquisa

Levy (1996) enfatiza que no futuro os livros, jornais e outros documentos serão apenas projeções temporais e parciais de hipertextos e ainda questiona a possibilidade do surgimento de novos sistemas de escrita que explorariam as potencialidades dos suportes dinâmicos de armazenagem da informação.

71


O modelo que mais se aproxima do livro é o Dedicated Reader, apresentando-se como um livro aberto semelhante ao livro comum, com a visualização de duas páginas simultaneamente, com coloração da página branca parecida com a folha de papel com conteúdos coloridos. (GODOY, 1998). Portanto, da mesma forma que os manuscritos coexistiam com os livros impressos, os impressos coexistirão com os eletrônicos. Do códex à tela, o livro não é mais o mesmo, porque nos novos dispositivos formais em que se apresentam, modifica as condições de recepção de textos sofridas pelas mutações das formas do livro e reprodução do texto. Toda essa evolução caracteriza a “era da informação”, “era quaternária” ou ainda “era da tecnologia da informação”, o “acervo digital”, “acervo virtual” e várias denominações como: arquivos digitalizados, acesso eletrônico, acesso remoto, memória magnética, memória ótica, mundo eletrônico, informática documentária, entre outras. 72 Metodologia da Pesquisa


73 Metodologia da Pesquisa


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