Jornal Aduff-SSind Outubro-2, 2016

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Jornal da ADUFF Associação dos Docentes da UFF

‘Ni una menos’

Ocupações

Ato no Rio exige fim da violência contra mulheres na América Latina e no mundo. Páginas 6

Ocupações discentes contra PEC 241 e desmonte da Educação Pública. Página 5

Seção Sindical do Andes-SN Filiado à CSP/Conlutas

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

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Manifestação no Rio, no dia 24 de outubro, reuniu milhares de pessoas contra a PEC 241

PEC 241 ameaça universidade pública e gratuita Dados da própria Reitoria indicam que UFF teria perdido R$ 810 milhões em dez anos, se PEC 241 já vigorasse; proposta é aprovada na Câmara, mas mobilização para barrá-la continua no Senado. Novos protestos foram marcados para o dia 11 de novembro. Antes, no dia 3, haverá assembleia geral dos docentes da UFF no campus Gragoatá, às 15h (Economia, bloco F). Todos estão convocados a participar. Páginas 2, 3, 4, e 5


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Editorial

Jornal da ADUFF

AGENDA

Com mobilização, ainda é possível impedir a PEC 241

Novembro 1 - Debate sobre assédio moral, promovido pela Aduff-SSind. Às 18h, no auditório do ICHF/Bloco P, campus do Gragoatá. - Cine-debate na Cantareira, às 18h, com o filme “Ocupados”. 3 - Assembleia geral dos docentes da UFF, no Gragoatá, em Niterói, às 15h (bloco F, Economia). Pauta: Informes; Conjuntura; Discussão sobre Greve Geral: 11 de novembro e 25 de novembro; Encaminhamentos.

T

ramita no Congresso o famigerado Projeto de Emenda Constitucional 241, que já ganhou o epíteto de ‘PEC da maldade’. Não é por menos, afinal a medida visa congelar os investimentos públicos por 20 anos em áreas essenciais como a saúde e a educação. O projeto de contrarreforma está inserido em um contexto mais amplo de prolongamento do neoliberalismo e da submissão a diretrizes de órgãos internacionais que visam a retirada do Estado de setores estratégicos e deixar a panaceia do livre mercado gerenciar a vida dos cidadãos. Porém, a resistência a essas medidas impopulares de um governo golpista e sem legitimidade já se faz sentir. Em diversas capitais já foram organizados protestos massivos, com destaque para os atos no Rio de Janeiro, onde, com diversos setores e de forma unitária, a Aduff-SSind, nossa seção sindical, se somou e tem formado colunas de maneira combativa e organizada. Ainda sobre a deslegitimidade desse governo golpista de Michel Temer, é importante

salientar que o político tradi- modalidades anunciado pelo cional e vetusto cumpre o pa- CNPq representa mais um pel de agradar as elites de nosso desmonte da produção cienpaís e já está com os dias conta- tífica brasileira. dos por conta de denúncias da A resistência a esse conjunto operação Lava Jato que envol- de projetos – que ganha corpo vem o seu nome.Temos a cer- na educação – precisa e deve teza que Temer é apenas mais crescer mais. Dados, ainda a um peão desse xadrez, em que serem consolidados, já apono verdadeiro rei é o grande ca- tam para cerca de mil escopital usurpador. las ocupadas, cem institutos Outra contrarreforma que se federais e outras quase cem faz sentir e também encontra universidades. resistências da sociedade civil Por outro lado, acompanhaorganizada é a medida provi- mos a escalada autoritária do sória do Ensino Médio, que Estado em vigiar e punir sinvisa reorganizar os currículos dicatos e associações combaticom a retirada unilateral de al- vas. O caso recente da tentatigumas disciplinas, no sentido va do Ministério Público Fede tecnificar os conteúdos. As deral de proibir faixas com os centenas de ocupações de es- dizeres "Fora Temer" aponta colas, especialmente no estado para o fechamento ainda maior do Paraná, demonstram que a da nossa já relativa e restrita nossa juventude democracia. se pinta de luta Na nossa UFF, e vai resistir em os ser vidores defesa da educaUnificar técnico-admição pública e de nistrativos já dequalidade. as lutas para fazer flagraram greve No q u a d ro oposição às grandes protestos em universitário, o medidas do gocenário não é di- e manifestações verno federal e ferente, no qual aos ataques da nos dias 11 e 25 o corte de bolReitoria. Nós, sas de diversas novembro docentes, tam-

bém já estamos construindo um movimento amplo e de caráter nacional que crie as condições para convocar a greve geral, pois somente com essa ferramenta iremos conseguir deter os retrocessos que visam retirar nossos direitos. A agressividade e a dimensão dos ataques exigem uma resposta conjunta, unificada, de amplos setores da classe trabalhadora e dos movimentos sociais. O calendário de mobilizações contra a PEC 241 e outras ‘contrarreformas’ já tem duas importantes datas marcadas: 11 de novembro Dia Nacional de Protestos, Mobilizações e Paralisações; e 25 de novembro - Dia Nacional de Protestos, Paralisações e Greves. É necessário que nos empenhemos todos na construção dessas datas, que devem envolver também os movimentos populares, estudantis e lutas como o combate à violência contra as mulheres e os projetos que tentam censurar e amordaçar não só os professores, as escolas, como todo movimento que conteste tais projetos e governos.

6 - Reunião do Setor das Instituições Federais de Ensino Superior (Ifes) do Andes-SN, em Brasília. 11 - Dia nacional de protestos e paralisações, convocado pelas centrais sindicais e Fonasefe, contra a PEC 241 e demais contrarreformas do governo Temer. 25 - Dia nacional de greves, atos e protestos contra a PEC 241. 28 e 29 - Datas anunciadas pela Presidência do Senado como de votação da PEC 241 no Plenário em primeiro turno.

Aconteceu Outubro 25 - Ato ‘Ni Uma Menos’, no Rio, exige o fim da violência contra as mulheres. - Protesto em várias cidades do país contra a PEC 241; em Brasília, a Câmara aprova a matéria em segundo turno de votação. 24 - Passeata contra a PEC 241, da Candelária à Cinelândia; antes, com panfletagem dos três segmentos, na Praça Araribóia. Pela manhã, ato na Reitoria.

Associação dos Docentes da UFF

Presidente: Gustavo França Gomes • 1º Vice-Presidente: Gelta Terezinha Ramos Xavier • 2º Vice-Presidente: Juarez Torres Duyaer • Secretário-Geral: Kate Lane Costa de Paiva • 1º Secretário: Douglas Ribeiro Barbosa • 1º Tesoureiro: Carlos Augusto Aguilar Junior • 2º Tesoureiro: Edson Teixeira da Silva Junior • Diretoria de Comunicação (Tit): Kenia Aparecida Miranda • Diretoria de Comunicação (Supl): Marcio José Melo Malta • Diretoria Política Sindical (Tit): Adriana Machado Penna • Diretoria Política Sindical (Supl): Bianca Novaes de Mello• Diretoria Cultural (Tit): Renata Torres Schittino • Diretoria Cultural (Supl): Ceila Maria Ferreira Batista • Diretoria Acadêmica (Tit.): Antoniana Dias Defilippo Bigogmo • Diretoria Acadêmica (Supl): Elza Dely Veloso Macedo

Seção Sindical do Andes-SN

Editor Hélcio L. Filho Jornalistas Aline Pereira Lara Abib

Filiado à CSP/Conlutas

28 de outubro de 2016 Biênio 2016/2018 Gestão: Democracia e Luta: Em Defesa dos Direitos Sociais, do Serviço Público e da Democracia Interna

Revisão: Renake das Neves Projeto Gráfico e diagramação Gilson Castro

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Passeata contra a PEC 241, no dia 24 de outubro: até agora, o maior ato no Rio em oposição à 'reforma' antisserviço público

PEC 241 teria subtraído R$ 810 mi da UFF em dez anos, diz Reitoria Reitoria demorou a se pronunciar, critica dirigente da Aduff-SSind; impactos podem empurrar educação e saúde para privatização Aline Pereira Da Redação da Aduff

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e os efeitos da Proposta de Emenda à Constituição – PEC 241 já estivessem em curso desde 2006, a UFF teria perdido, na última década, o equivalente a R$ 810 milhões em investimentos. Quem afirma é a Reitoria da Universidade Federal Fluminense, que publicou nota condenando o congelamento de recursos pelos próximos 20 anos, como pretende o governo federal. "Em nome de um ajuste fiscal, a PEC 241 direciona a

arrecadação do Estado Brasileiro para o pagamento dos juros da dívida com o sistema financeiro, em detrimento dos investimentos urgentes, necessários e estratégicos nas estruturas do país", dizem o reitor e o vice-reitor, Sidney Mello e Antonio Claudio da Nóbrega.

Demora Para o professor Carlos Augusto Aguilar, diretor da Aduff-SSind, a Reitoria demorou a se pronunciar sobre os efeitos da PEC 241, que comprometerão o orçamento da instituição, já estrangulado

Mobilização contra aprovação da PEC 241 vai continuar

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mobilização contra a PEC 241 vai continuar. A aprovação da proposta em segundo turno na Câmara dos Deputados, por 359 votos a favor e 11 contra, não encerra essa luta. A batalha agora é para barrá-la no Senado Federal, onde a matéria chegou no dia 26 de outubro, foi lida em Plenário, denominada PEC 55°2016 e enviada à Comissão de Constituição e Justiça. A previsão no Senado é de que ela seja posta em votação em primeiro turno no dia 29 de novembro. O Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais (Fonasefe), a CSP-Conlutas e outras centrais sindicais já acordaram a realização de protestos nacionais e possíveis paralisações nos dias 11 e 25 de novembro. A visibilidade e o tamanho

do movimento contrário à chamada ‘PEC do fim do mundo’ crescem desde a aprovação em primeiro turno na Câmara, no dia 11 de outubro. As manifestações dos dias 24 e 25 foram provavelmente as mais expressivas até aqui. Técnicos-administrativos das universidades federais e os servidores de instituições federais de ensino básico estão em greve contra a PEC do congelamento. E já há mais de mil ocupações de escolas e universidades. Assembleia - A Aduff-SSind está convocando assembleia geral dos docentes para 3 de novembro, às 15h, no Gragoatá (bloco F, Economia), com a seguinte pauta: Informes; Conjuntura; Discussão sobre Greve Geral: 11 e 25 de novembro; Encaminhamentos.

pela política de contingenciamento, em curso desde 2014, impedindo investimentos em infraestrutura, nas obras paralisadas, nas condições de trabalho dos docentes e dos técnico-administrativos, na assistência estudantil e na política de financiamento de bolsas de pesquisa, extensão e ensino. “Os movimentos sociais e sindicais, como a Aduff, vêm realizando há muitos meses denúncia sobre os efeitos nefastos do congelamento de recursos públicos para saúde, educação, previdência social, ciência e tecnologia”, disse.

Privatização Segundo o docente, a nota da Reitoria omite a relação entre a PEC 241 e a Lei 13.243, de janeiro de 2016. O novo ‘Código de Ciência, Tecnologia e Inovação (C,T&I)’ permite que professores em regime de dedicação exclusiva desenvolvam parcerias com instituições, laboratórios, empresas privadas, recebendo remuneração para tal fim. “Isso implicará na revisão da DE e o fim das agências de fomento à pesquisa”, diz Carlos Augusto.

Massa salarial:

menos R$ 52 bilhões É de quanto seria a perda de massa salarial acumulada dos servidores civis do Executivo da União, se as regras da PEC 241 tivessem sido aplicadas entre 2006-2015.

Caso a PEC seja aprovada, alerta, haverá cada vez menos recursos para a produção de Ciência e de Tecnologia. “Dessa forma, o marco legal da ciência e tecnologia, somado à PEC 241, aprofunda os processos de entrada de interesses privados na universidade”, critica. “A situação da UFF, que já não é confortável, será ainda mais calamitosa, empurrando a universidade à adesão de projetos de cobrança de taxas e mensalidades para garantia de seu funcionamento”, alerta o diretor da Aduff-SSind.

Saúde:

menos R$ 295 bilhões Este seria o tamanho das perdas na saúde, caso a PEC 241 vigorasse nos últimos dez anos, segundo estudo do Dieese. O valor corresponde a 26% do total. Projeções indicam que, de 2016 a 2025, o orçamento da saúde perderia R$ 311 bilhões, levando a uma aplicação per capita cada vez menor no SUS.

Educação:

menos R$ 384 bilhões É quanto a educação perderia nos últimos dez anos, se a PEC 241 já estivesse sendo aplicada, segundo o Dieese. O valor corresponde a 47% dos recursos do período. Projeções indicam que, de 2016 a 2025, caso seja aplicada, a educação perderá R$ 45,2 bilhões – chegando a 15,2% da receita em 2025, abaixo do atual piso constitucional de 18%.

UFF:

menos R$ 810 milhões É o valor das perdas estimadas para o orçamento da UFF nos últimos dez anos,se as propostas já estivessem em vigor, segundo cálculos da administração da universidade.


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Docentes criticam anúncios de corte de bolsas e veem desmonte com PEC 241 Luiz Fernando Nabuco

Anúncios de cortes de bolsas no CNPq e na Capes desagradam meio acadêmico e podem antecipar proposta que adota ‘ajuste fiscal’ permanente Aline Pereira e Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff

“N

ão existe ciência sem financiamento público”, disse o professor Gilberto Sassi, do curso de Estatística da UFF, ao comentar a política dos governos de redução de bolsas de pesquisa no país. Faz poucos dias, o CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico) anunciou a redução, entre 20% e 30%, das bolsas para o próximo ano, incluindo as de mestrado, doutorado e de produtividade docente. Pouco antes, a Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) divulgou a suspensão de mais de três mil bolsas de pós-graduação, afetando estudantes de mestrado e de doutorado. As medidas desagradam o meio acadêmico, que a compreendem como parte de uma política de redução de recursos para a pesquisa no país. De acordo com dados publicados pela “Folha de S. Paulo” no último dia 24, em 2016 o orçamento federal para o desenvolvimento da ciência no Brasil é cerca de 40% menor do que em 2013, quando o montante para a área beirou os R$ 8 bilhões. Para 2017, estão previstos quase R$ 6 bilhões, que deverão ser dividi-

Detalhe da Manifestação contra a PEC 241 no Rio, dia 24

dos com a pasta de Comunicações, fundida ao Ministério de Ciência e Tecnologia pelo governo de Michel Temer (PMDB). “Falar em 'ajuste fiscal' para a educação, ciência e tecnologia é uma falta de visão; cortar os investimentos nessas áreas é jogar fora anos de trabalho”, disse Gilberto, que ingressou na UFF no primeiro semestre deste ano e, poucos meses depois, foi 'apresentado'

Andes-SN critica produtivismo acadêmico, ‘que leva ao adoecimento docente’ O Sindicato Nacional dos Docentes das Instituições de Ensino Superior critica e combate a política de redução de recursos para a educação, que coloca em risco o tripé ensino, pesquisa e extensão. E também condena o chamado ‘produtivismo acadêmico’, tema abordado em eventos e atividades do sindicato, por levar à intensificação, à pre-

ao horizonte de congelamento dos gastos públicos pelos próximos 20 anos, conforme proposto pelo governo com a PEC 241. Ele é mais um dos professores insatisfeitos com a política de austeridade fiscal, iniciada ainda em 2014 e intensificada nos últimos anos.

Impacto negativo Em avaliação enviada por e-mail à reportagem da Aduff-SSind, os professores

carização do trabalho e ao adoecimento de muitos profissionais. De acordo com as diretrizes do Andes-SN, a cobrança para que os docentes sejam cada vez mais produtivos atende à lógica privatista, quando os pesquisadores são constantemente submetidos a um ranqueamento por avaliações externas, para que gozem de algum benefício, caso da bolsa de produtividade do CNPq. O produtivismo, de acordo com documentos publicados pelo Andes-SN, resulta de um processo de desmonte do sistema educacional, quando o conhecimento passa a ser tratado como mercadoria e não como um direito social.

Eline Decacche Maia e Alexandre Maia do Bomfim, respectivamente coordenadores do Mestrado Profissional e do Mestrado Acadêmico de Ensino de Ciências do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ), afirmam que a redução das bolsas é temerária. “Não há a menor dúvida do impacto que repercutirá na produção científica do país. Alunos, professores e a população estão sendo atingidos diretamente”, afirmam. Os professores entendem que, com a aprovação da PEC 241, haverá uma intensificação dos cortes em todas as esferas educacionais, e não somente no que tange às bolsas. Todo esse movimento resultará no desmonte das instituições de ensino públicas e das conquistas obtidas nas últimas décadas. “Sem condições de desenvolver seus projetos de pesquisa e tendo seus salários congelados, enfrentarão um cenário de falta de perspectiva, pelo menos para os próximos 20 anos”, antecipam.

Nota Em documento publicizado no dia 20 de outubro, docentes que integram o Comitê de Assessores do CNPq criticaram a política federal de cortar investimentos na área. Em nota pública, assinada por mais de 50 pessoas, afirmam que esse auxílio é de “importância estratégica para a manutenção de condições mínimas de sobrevivência da pesquisa científica nacional”. De acordo com o Comitê de Assessores do CNPq, a situação tende a se agravar com a PEC 241 – apontada como “um retrocesso histórico” em relação às conquistas deste século. Mobilização

Os docentes da UFF já aprovaram em assembleia, como prioridade, a mobilização contra as ‘contrarreformas’ do governo Temer – como a PEC 241 –, que colocam em risco o funcionamento da universidade pública e podem levar a perdas históricas nas re-

lações trabalhistas e sociais no país. “A comunidade acadêmica já está vendo na prática os resultados desse ajuste fiscal e dessas medidas e já começa a se mobilizar. Mas precisamos de muito mais participação para impedir que esses projetos sejam aprovados”, avalia o professor Gustavo Gomes, presidente da Aduff-SSind.

Corte de bolsas já afetou estudantes Recentemente, foi noticiada a suspensão de mais de três mil bolsas de pós-graduação pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), afetando estudantes de mestrado e de doutorado. A medida foi tomada ainda durante a gestão de Dilma Rousseff (PT), sob a alegação de identificar as bolsas ociosas, ignorando a necessidade de redistribuição do benefício aos cursos de instituições que apresentam demandas. Durante o governo de Michel Temer, houve cortes em bolsas para graduandos do programa Ciências Sem Fronteiras, importante para o intercâmbio acadêmico com instituições do exterior. Os professores Eline Maia e Alexandre do Bomfim veem como efeitos do corte de bolsas da Capes a impossibilidade para muitos estudantes prosseguirem com a formação acadêmica: “Na ausência de bolsa, serão obrigados a buscar alternativas financeiras ou mesmo abandonar o curso”. Essa dicotomia, observam, está expressa no pensamento de parlamentares brasileiros como o deputado federal Nelson Marquezelli (PTB-SP), que afirmou que “quem não tem dinheiro, não estuda”.


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‘Primavera secundarista’ ocupa escolas contra PEC 241 e MP do Ensino Médio Movimento que já ocupa mais de mil escolas no país, sendo 850 delas no Paraná, também contesta projeto ‘Escola Sem Partido’

Alunos na passeata no Rio de 17 de outubro: não à PEC 241, à mordaça e à MP do ensino médio

Lara Abib Da Redação da Aduff

Paraná, as ocupações começaram no dia 3 de outubro. De lá para cá, são 850 escolas da rede estadual de ensino e 14 universidades, de acordo com o movimento ‘Ocupa Paraná’. Os ventos da mobilização secundarista sopraram resistência para o resto do país. Levantamentos apontam que já são mais de mil escolas geridas por estudantes em todo o Brasil. No Rio, estado em que o movimento de ocupações teve seu auge em maio deste ano, quatro campus do Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Rio de Janeiro (IFRJ) participam da nova onda protestos: Duque de Caxias, Realengo, Nilópolis e São Gonçalo. Os estudantes de Realengo iniciaram as ocupações no Colégio Pedro II, que já avançam para outras unidades. Os que não ocupam escolas reforçam as mobilizações de rua e participam dos atos contra a medida provisória do Ensino Médio – que fragmenta e empobrece a formação dos estudantes –, contra o projeto ‘Escola Sem Partido’, e contra a Proposta

Luiz Fernando Nabuco

No

de Emenda à Constituição (PEC) 241, que congela o orçamento dos serviços públicos por 20 anos. A Primavera Secundarista apresenta ao país uma juventude que se levanta na defesa de seu futuro, o que pode vir a ser decisivo na luta contra a retirada de direitos e contrarreformas propostas pelo Congresso e pelo governo de Michel Temer. “Estamos nas escolas e nas ruas para mostrar ao governo que a gente está insatisfeito, que a gente tem voz e que temos o direito de estudar numa escola digna.

A gente não é obrigado a ficar comendo sentado no chão, sem ter uma estrutura mínima para estudar, enquanto os filhos dos políticos frequentam colégios caríssimos. Eles têm motoristas para levá-los a todos os lugares e a gente sem estrutura mínima. Nos atos, reunimos vários colégios, vários campus e sempre ficamos juntos para dar mais visibilidade ao movimento. Queremos mostrar para a população que a PEC 241 vai afetar todo mundo, não só os estudantes. Não podemos ficar calados”, dis-

se o estudante Denis Pietrobom, do curso técnico de Química do IFRJ Maracanã, em ato na Cinelândia realizado no dia 24 de outubro. O jovem de 18 anos conta que o IFRJ campus Maracanã não possuiu refeitório nem mesa para os estudantes se alimentarem. “Os laboratórios estão em situação precária. A gente é uma escola tecnológica que usa reagentes vencidos há 10, 15 anos. O IFRJ vem sofrendo com falta de financiamento desde os últimos governos. A situação só tende a piorar [caso

a PEC 241 seja aprovada]”, relata o estudante. Sobre o projeto “Escola Sem Partido”, Dênis é enfático. “Eles não querem acabar com a ideologia na escola, querem impedir o pensamento crítico, querem que o jovem não pense, querem fazer a gente acreditar que está tudo bem. É assim que eles continuam sendo eleitos. A gente não precisa pensar com a cabeça do professor, a gente é capaz de criar nossas próprias ideias. A escola vai tomar partido em qualquer movimentação política sim, o jovem tem que ter sua voz”, finaliza.

Temos capacidade de pensar e decidir, diz aluno de escola ocupada

“N

Estudantes do CPII de Realengo, em assembleia na ocupação

ão somos imbecis, somos capazes de pensar e decidir por nós”.Assim o estudante do 3º ano do campus São Cristóvão do Colégio Pedro II responde ao ser indagado sobre o que pensa dos movimentos conservadores, que alegam que alunos são alvos de ‘doutrinação ideológica’ dos professores. O rapaz prefere não ser identificado. Explica que na rede estadual há estudantes vítimas de perseguições após as ocupações. Por isso, até segunda

ordem, decidiram não divulgar dados pessoais de ninguém. Acabara de participar da primeira noite de ocupação, quando conversou com a reportagem. Cinco dias antes, o campus Realengo havia sido ocupado, decisão de assembleia com quase 540 estudantes.“Mostraremos que nós, alunos, não somos passivos”, diz trecho de nota divulgada por eles, contrária à PEC 241, à ‘reforma do ensino médio e ao projeto ‘Escola Sem Partido’.

Quando a reportagem conversou com o estudante de São Cristóvão, a continuidade daquela ocupação estava indefinida. A possível perda de aulas a poucos dias do Enem preocupa? “Estou mais preocupado em perder a universidade pública”, responde de pronto o jovem secundarista. Ele teme que a PEC 241 inviabilize seus planos de cursar Direito e concorrer a um emprego público.


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Notas da Aduff

Mulheres marcham pelo fim do feminicídio “Ni una menos! Nos queremos vivas” foi o mote do ato, realizado no dia 25 de outubro, para pedir o fim da violência contra as mulheres, no Centro do Rio de Janeiro. A manifestação foi convocada em solidariedade às mulheres argentinas, depois do brutal estupro e assassinato de Lucía Pérez, uma jovem de 16 anos, em Mar del Plata. Segundo a ONU, 14 dos 25 países com maior taxa de feminicídio do mundo estão na América Latina.

Assédio moral: Aduff convida para debate ‘Assédio Moral’ é o tema do debate promovido pela diretoria da Aduff-SSind, que acontece no dia 1º de novembro (terça-feira), às 18h, no auditório do Instituto de Ciências Humanas e Filosofia (ICHF/ Bloco P - Campus do Gragoatá - Niterói). Uma das expositoras será a professora Terezinha Martins

dos Santos Souza, da Universidade Federal do Estado do Rio de Janeiro - Unirio. No primeiro semestre deste ano, a seção sindical dos professores da UFF lançou cartilha sobre o tema, que está disponível para consulta na página eletrônica da Aduff (https://issuu.com/aduff/docs/cartilha_ ass__dio_moral_internet).

No poste e nas redes

Censura no Ipea Análise divulgada por pesquisadores do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre eventuais impactos da PEC 241 trouxe à tona a possibilidade de intimidação e desrespeito à autonomia de pesquisa na instituição. A nota técnica, assinada por Fabio-

la Sulpino Vieira e Rodrigo Benevides, aponta que a proposta de emenda à Constituição pode resultar em perdas de até R$ 743 bilhões para a saúde. A pesquisa foi contestada publicamente pelo presidente do Instituto, Ernesto Lozardo, em uma atitude atípica e

criticada no meio acadêmico. Lozardo foi indicado ao cargo por Michel Temer e, em nota, declarou apoio do instituto à PEC. Diante da polêmica, a pesquisadora Fabiola Sulpino Vieira pediu exoneração do cargo de Coordenadora de Estudos e Pesquisas de Saúde.

neiro, por decisão de assembleia, ocuparam o hall do prédio principal da instituição em Seropédica, onde fica a Reitoria. Protestam contra a PEC 241 e contra o projeto de Lei

746/16, conhecido como ‘reforma do Ensino Médio’ – iniciativas do governo Temer e que, segundo os discentes, aprofundam o desmonte da Educação Pública.

Rural ocupada Logo após a “PEC do fim do mundo” ser aprovada em segunda votação pela Câmara, na noite de 25 de outubro, estudantes da Universidade Federal Rural do Rio de Ja-

Mobilizar a universidade

Faixa expõe em passeata no Rio fotos dos deputados que votaram a favor da PEC 241

Entidades sindicais e dos movimentos sociais que participam da campanha contra a PEC 241 decidiram intensificar a denúncia contra os deputados que votaram a favor da proposta, que levará à perda de

recursos em áreas como saúde e educação. O tradicional cartaz com a foto dos parlamentares, que votaram contra o povo, para ser afixado em postes, agora, terá, nas redes sociais, o seu principal meio de divulgação.

Debate na Arquitetura A Semana Acadêmica na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo teve, no dia 20 de outubro, debate sobre os efeitos da proposta de emenda constitucional 241, proposto pelos professores Juarez Duayer e Cristina Nacif – ambos do curso de Arquitetura

e Urbanismo. A comunidade pôde dialogar sobre o assunto com os docentes Carlos Augusto Aguilar, Marcela Soares e Marinalva Oliveira, respectivamente do Coluni, da Escola de Serviço Social/ Niterói e de Psicologia/Volta Redonda.

Docentes das universidades do Rio vêm participando dos atos contra a PEC 241. Na foto, professores da UFF e de outras instituições na concentração para

o ato do dia 24 de outubro, véspera da votação em segundo turno na Câmara da proposta que pode congelar o orçamento dos serviços públicos por 20 anos. A

Aduff-SSind vem alertando que só com uma participação muito maior de todos poderá ser possível barrar a proposta no Congresso.


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Procurador usa termos do projeto da mordaça ao tentar proibir ‘Fora Temer’ em escola Atuação do Ministério Público Federal é criticada; caso levou ameaças à professora do Colégio Pedro II

Hélcio Lourenço Filho Da Redação da Aduff

F

oram quase quatro horas de depoimentos ao Ministério Público Federal, ‘motivados’ por faixas com as frases ‘Fora Temer’ e ‘Escola Sem Mordaça’, que tomaram a tarde de três professores do Colégio Pedro II, na penúltima terça-feira de outubro, no Rio de Janeiro. O procurador Fábio Aragão gastou boa parte do tempo em que interrogou, separadamente, os professores e dirigente do sindicato dos servidores do CPII Magda Furtado, Alice Gomes e Leonardo Brito, expondo as suas opiniões e tentando justificar porque quer impedir que qualquer material com frases como ‘Fora Temer’ sejam expostos

Ato no dia 19 de outubro, no MPF: contra a mordaça e a censura

em áreas internas ou externas dos campi da escola. Os coordenadores do Sindscope, o sindicato da categoria, foram intimados a depor, após o MPF recomendar à Reitoria do Colégio Pedro II a retirada de faixas e cartazes afixados nas dependências da instituição que continham tais frases. A notificação entregue à Reitoria traz referências comuns ao projeto ‘Escola Sem Partido’, mo-

vimento contrário ao debate de ideias em sala de aula. É o caso do termo ‘doutrinação ideológica’, usado pelo procurador para justificar a medida, que não tem força judicial, mas levou a administração de alguns campi a determinar a retiradas das faixas. Na notificação, ele ameaça mover ação por improbidade contra o reitor, Oscar Halac, e diretores que venham a permitir a exposição

de tais materiais. Também recomenda que os servidores que tenham sido autores da ‘irregularidade’ sejam responsabilizados por isso. Paralelo à movimentação do MPF, o Colégio Pedro II foi alvo de outros ataques conservadores – nos meios de comunicação e nas redes sociais. A professora Magda Furtado recebeu em seu perfil agressões verbais e até ameaças contra a sua vida.

Pre s i d e n t e d a Ad u ff -SSind, o professor Gustavo Gomes, esteve em ato de apoio aos dirigentes sindicais e destacou a importância de defender a liberdade de expressão e condenar ações como essa. “Na UFF nós também colocamos ‘Fora Temer’ e não há nada de errado nisso, vocês tem todo nosso apoio”, disse, ressaltando a gravidade do que estava acontecendo.

Sessão sobre ‘Mulheres Diretoras’ integra programação da Mostra UFFilme 2016 Evento organizado por estudantes há 18 anos ocorrerá de 27 de outubro a 3 de novembro Lara Abib Da Redação da Aduff

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edicar um dia para exibição de filmes realizados por mulheres universitárias de todo o país, nos últimos quatro anos. Essa é a proposta da Sessão Especial “Mulheres Diretoras”, que acontece no dia 3 de novembro, às 19h30, e integra a programação da Mostra UFFilme, evento realizado desde 2008 por iniciativa dos estudantes do curso de Cinema da UFF. Neste ano, a mostra que exibe filmes produzidos por estudantes, técnicos e docentes da instituição acontece entre os dias 27 de outubro e 3 de novembro, ocupando a sala do Cine Arte UFF, em Niterói. A sessão especial do dia 3 é uma parceria entre a Mostra e o “Cine-

clube Quase Catálogo – Mulheres Diretoras”, projeto de extensão do curso de Cinema da UFF, que propõe o resgate da história do cinema realizado por mulheres no Brasil e busca dar visibilidade a filmes dirigidos por jovens realizadoras do país e do mundo. As exibições acontecem uma vez por mês, no cinema da universidade. De acordo com Marina Tedesco, professora do curso de Cinema da UFF e coordenadora do projeto de cineclube, 70 filmes de todo o país se inscreveram para participar da sessão especial. “As mulheres têm mais dificuldade que os homens não só para realizar seus filmes, mas também para exibi-los. Por isso, esses espaços são importantes: para escoar a produção já existente e moti-

var mais mulheres a se tornarem diretoras”, ressalta. A programação completa da Mostra CineUFF e da Sessão Especial “Mulheres Diretoras” está disponível na página do cineclube.

Quase catálogo O nome do projeto de cineclube é uma homenagem à primeira grande pesquisa sobre realizadoras de cinema no Brasil. Sob a organização de Heloisa Buarque de Hollanda, com coordenação e pesquisa de Ana Rita Mendonça e Ana Pessoa, o volume 1 da série "Quase Catálogo - Realizadoras de

Cinema no Brasil (1930/1988)", foi publicado em 1989 e relaciona 195 realizadoras brasileiras e 479 títulos. “Tirando algumas exceções, o livro reúne informações sobre cineastas e filmes que, em sua maioria, não figuram nos livros de história do cinema. São filmes que nunca vimos; cópias que estão perdidas ou vinagradas; roteiros que jamais serão filmados; e cineastas que, mesmo ainda vivas e em atividade, continuam sendo deixadas às margens dos catálogos vigentes”, explica Érica Sarmet, uma das idealizadoras do projeto.

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Jornal da ADUFF


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Outubro (2ª quinzena) de 2016 • www.aduff.org.br

Patrimônio histórico é interditado, comunidade ‘abraça’ defesa do chalé da Arquitetura da UFF Imóvel passa por intervenção emergencial para deter deterioração; ‘ajuste fiscal’ ‘descarta’ reforma mais ampla

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Chalé: sensação de pertencimento

A construção é de extrema importância para estudantes do curso de Arquitetura e Urbanismo na UFF Aline Pereira Da Redação da Aduff

aproximadamente um mês, a direção da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFF, em caráter emergencial, interditou o chalé que abriga boa parte das atividades do curso, devido ao quadro crítico de conservação – infiltrações, comprometimento do madeiramento do telhado – dessa construção do final do século 19, tombada pelo Instituto Estadual do Patrimônio Cultural (Inepac). A Superintendência de Arquitetura e Engenharia da UFF realizou visita técnica, no dia 11 de outubro,

acompanhada por docentes e discentes do curso, para averiguar a situação do espaço, que, em seguida, teve o auditório liberado para utilização apenas durante a Semana Acadêmica. “Algumas peças do forro de lambri ficaram comprometidas e, para acabar com o risco de que alguma se desprendesse, já foi realizada, pelo setor de manutenção da universidade, a retirada cuidadosa destas peças”, explica o coordenador de Engenharia da Saen, Daniel de Almeida Silva. Segundo disse por e--mail à reportagem da Aduff-SSind, existe um projeto de restauro de todo o chalé, pronto para ser contratado desde 2014,

to, é no sentido de garantir a estanqueidade dessa edificação, com a paralisação de um processo de deterioração que compromete a estabilidade desse imóvel, um bem preservado por dispositivo legal”.

não tendo prosseguido devido ao cenário financeiro atual. Estima-se que, para realizar a reforma que a construção necessita, de fato, seriam necessários cerca de R$3 milhões de reais. “Reconheço as dificuldades em termos de recursos e disponibilidade orçamentária na UFF, mas a intervenção emergencial é necessária para desacelerar esse processo de deterioração do chalé”, disse o diretor Gerônimo Leitão à reportagem da Aduff, por telefone, poucos dias antes de a Saen visitar o local. Alguns dias após a visita técnica, por e-mail, o diretor da Arquitetura informou que “o empenho, neste momen-

De acordo com os estudantes Júlia Amaral, Bruna Bastos, Thiago Gonzalez e Junior Pimentel, que cursam entre o 5º e 7º período e ajudam na construção do Diretório Acadêmico do curso, o chalé é o primeiro espaço a fazer parte da identidade dos graduandos em Arquitetura na UFF. “Antigos alunos do curso, em visita à universidade, fizeram questão de ressaltar essa sensação de pertencimento; o chalé é o grande símbolo da escola”, contou Thiago. No local, também funcionam a sala do DA, o escritório modelo e importante acervo documental. O chalé é um espaço de convivência, de encontro, de estudos. “É nossa segunda casa”, disse Bruna, no Casarão. “Agora, estamos pelos corredores”, complementou Junior. Segundo os estudantes, mesmo antes da interdição, a construção já apresentava problemas, como visita de ratos. “Alguns já foram vistos no bebedouro; há vestígios de fezes desses animais”, contou um dos alunos. Os corredores

Jornal da ADUFF alagavam a cada chuva mais forte, e eles já estavam munidos de baldes e até de isopor para conter as goteiras. A estrutura de madeira está apodrecendo. “Estamos mobilizados. Queremos voltar porque pertencemos àquele lugar. Criamos uma identificação”, conta Julia Amaral, para quem a palavra de ordem é resistir, mesmo diante do ‘ajuste fiscal’, agravado, agora, pela perspectiva de aprovação da PEC 241.

Abraço e resistência à PEC 241 No último dia 20, ainda durante a Semana Acadêmica, a comunidade da Arquitetura realizou um abraço simbólico ao chalé. Muitos professores sequer usaram o auditório, e conduziram as atividades, inclusive lançamento de livros, do lado de fora, em frente à construção, para dar visibilidade à luta pela recuperação do espaço. Para Junior Pimentel, a possível aprovação da medida de restrição orçamentária do governo federal dificultará ainda mais a aquisição de recursos para restauração do chalé. “A precarização do espaço vai ficar 20 vezes pior com a PEC”, diz. “Temos medo do que está por vir, mas é um misto de medo e de coragem”, finalizou Júlia, ressaltando a força da organização coletiva.

Alunos afirmam que ratos circulam no espaço

Construção recente, prédio da Economia volta a ter problemas

Um

curto-circuito com princípio de incêndio foi a causa do fechamento do prédio da Economia (Bloco F), no Campus do Gragoatá, na última semana. Reparos estavam

previstos para segunda-feira (24). A equipe de reportagem tentou contato com a direção da unidade para saber a causa do curto-circuito, mas não obteve resposta ao pedido de explicações.

Apesar de ser uma das mais recentes construções daquele campus da UFF, inaugurada há aproximadamente dois anos, é a segunda vez este ano que problemas acometem a edificação. Em junho, uma

parte do reboco da marquise do bloco F se rompeu e caiu. Não houve feridos. Parte do acesso principal ao prédio foi isolada e a entrada deslocada para lateral. No segundo semestre de

2015, em decorrência de falhas no sistema de refrigeração, houve vazamento na biblioteca setorial – ameaçando acervo raro e valioso – e no segundo andar do bloco.


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