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Encontro dos Docentes

da UFF

Na perspectiva de proporcionar aos docentes da UFF oportunidade de encontro e debate de questões que direta ou indiretamente afetam seus cotidianos, a diretoria da Aduff – biênio 2016/2018 – organizou o I Encontro de Docentes de nossa Universidade. Com o cuidado de que uma atividade de fim de semana não se constituísse em obstáculo à presença de professores e professoras e que envolvesse número expressivo de participantes, optamos por abri-la também a docentes ainda não sindicalizados e à possibilidade de que pudessem estar acompanhados de filhos e cônjuges, estes com significativa redução de custos. Foi também bastante cuidadosa a escolha do local, optando-se pela melhor relação custo benefício, considerando-se a beleza e o padrão de conforto do local – Hotel San Moritez –, na rodovia Friburgo/Teresópolis. Foi também cuidadosamente elaborada a programação, desenvolvida em torno de três temas nucleares: Democracia na Universidade (Estatuinte), Multicampia, Carreira, Condições de Trabalho e Reforma da Previdência. As mesas tiveram a participação dos nossos professores e de especialistas nos temas, além do nosso assessor jurídico. Houve ainda a possibilidade de participação direta de todos nos grupo de discussão, que contemplaram, para além dos temas das mesas, questões muito candentes em nosso sindicato, com destaque para as políticas educacionais em processo (Escola Sem Partido, cortes nos recursos para a educação, reforma do Ensino Médio, entre outras) e também para diversas situações de opressão vivenciadas por estudantes, técnicos e professores nos espaços da universidade e para além dela. Bem do nosso jeito, houve ainda uma festa de confraternização na noite de sábado, possibilidade para o estreitamento de relações entre os docentes de diversas unidades e campi, oportunidade raramente oferecida no fazer diário. O entusiasmo dos participantes durante e após o Encontro nos dá a certeza de seu êxito, lamentando apenas que não tenha atingido número maior de pessoas, o que nos motiva à realização de um novo evento como este para o próximo ano. Quem não foi, que pena! Fique atento ao próximo! Diretoria da Aduff-SSind


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Grupos de trabalho debatem lutas por direitos Resultados dos grupos foram levados à Plenária final do encontro

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Lara Abib Da Redação da Aduff

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s temas que nortearam os debates do 1° Encontro de Docentes da UFF deram origem a quatro grupos de trabalhos específicos, responsáveis por sistematizar as propostas levantadas durante o evento e traçar diretrizes a serem encaminhadas à diretoria da Aduff-SSind. Na plenária final, o resultado do que se discutiu em cada grupo foi levado ao conjunto dos participantes.

Estatuinte e democracia interna na UFF “O encontro não ficou na abstração de pensar a universidade que a gente quer, mas terminou com uma agenda propositiva, com pautas muito concretas e grupos de trabalho. Foi um espaço onde pude me reconectar com o projeto de universidade que acredito, democrática e para o povo”, ressaltou o professor do Instituto de Saúde Coletiva da UFF Fabiano Borges, ao final do evento. “Resgatar o processo da Estatuinte na UFF é muito importante, principalmente agora que vivemos um momento tão antidemocrático no Brasil, de retomada de um projeto de legitimação de privilégios”, acrescentou. No grupo, os docentes destacaram a necessidade de aprofundar o debate realizado no evento e apontaram propostas para a estatuinte. O objetivo é retomar o processo de atualização e conclusão da Estatuinte na universidade, em defesa de um documento que seja pautado pelos princípios da universidade pública, gratuita, autônoma, laica e socialmente referenciada. Após o encontro, duas reuniões já foram reali-

Grupos de discussão, no último dia do encontro, realizado em hotel na Região Serrana do Rio zadas para tratar da questão. A próxima acontecerá no dia 10 de julho, às 9h, na sede da seção sindical. As reuniões são abertas à participação de todos os docentes da universidade.

Multicampia, comunicação e organização sindical na UFF Reunidos no grupo de trabalho sobre o tema, os docentes presentes no Encontro sugeriram a criação de um grupo de discussão específico sobre Multicampia na Aduff-SSind. Também propuseram à diretoria do sindicato a realização de assembleias simultâneas em Niterói e nos campi fora de sede, assembleias itinerantes, descentralizadas e rodízios de assembleia. Para a professora Clarice de Costa Carvalho, do curso de Serviço Social da UFF de Rio das Ostras, um dos pontos centrais debatidos no Encontro foi a questão da organi-

zação nos espaços de trabalho na realidade de multicampia. “Apesar dos entendimentos distintos e das muitas possibilidades trazidas pela discussão, é um avanço pensar a articulação política nos locais de trabalho e convergir para um debate coletivo sobre nossas condições de trabalho no interior. Nesse sentindo, o Encontro foi importante e tem perspectivas de avanço. Mas esses avanços só se dão quando a gente constrói a materialização das iniciativas discutidas. Essa é a nossa principal tarefa agora”, destacou.

Políticas Educacionais e organização sindical no Andes-SN No grupo temático sobre políticas educacionais, os docentes defenderam a realização de debates, através do Grupo de Trabalho de Políticas Educacionais (GTPE) local da Aduff-SSind, para pen-

sar o papel e a posição do Andes-SN na organização do 3° Encontro Nacional de Educação (ENE), que deve acontecer no segundo semestre do ano que vem. A expectativa é que o 3° ENE seja um espaço privilegiado para a construção de um projeto classista e democrático da educação, que se contraponha aos interesses privatistas e conservadores presentes nas propostas dos empresários e encampadas pelos governos das diferentes esferas. O assunto será debatido no 62° Conad, que acontece entre os dias 13 e 16 de julho, em Niterói, mais especificamente na plenária do Tema II, no sábado (15), a partir das 14h.

Política sindical no enfrentamento das opressões de classe, gênero, raça e diversidade sexual Reunidos em grupo, os docentes apontaram a ne-

cessidade de mais espaços de formação sobre o assunto, com o objetivo de tratar o tema pela perspectiva da formação coletiva, e não da responsabilidade individual. Também ressaltaram a importância do Grupo de Trabalho de Políticas de Classe, Etnia, Gênero e Diversidade Sexual (GTPCEGDS) do Andes-SN na elaboração de políticas sindicais de enfrentamento das opressões, e defenderam o fortalecimento do GTPCEGDS local da Aduff. Frisaram, ainda, a importância de dar mais divulgação e concretude às resoluções congressuais do Andes-SN sobre viabilização de espaços de recreação infantil, com o objetivo de assegurar condições para participação efetiva de todos nas instâncias deliberativas, de formação e de formulação do Sindicato Nacional, em especial de mulheres mães.


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Docentes debatem experiências e propostas para atuação sindical na multicampia da UFF de trabalho, nossa democracia, nossa dinâmica, apesar de todas as escaramuças e distensões. Nossa dinâmica é muito rica, e a gente tem que garantir que ela continue existindo”, disse.

Luiz Fernando Nabuco

Debate sobre a multicampia, no segundo dia do I Encontro dos Docentes: busca de propostas para a nova realidade da UFF

Encontro aprofunda discussão sobre desafios da multicampia na UFF e como descentralizar as instâncias de debate e deliberação sem fragmentar a categoria Lara Abib Da Redação da Aduff

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realidade da multicampia na UFF e os desafios para ampliar a atuação sindical na instituição. Esse foi um dos temas do 1º Encontro de Docentes da UFF, realizado entre os dias 26 e 28 de maio, no hotel Saint Moritz, na região serrana do Rio. Na mesa temática, composta por Alexandre Carvalho, secretário-geral do Andes-SN, Antonio Andrade, professor da Unifesp, e Antônio Espósito, diretor do Instituto de Humanidades e Saúde da UFF de Rio das Ostras, os docentes puderam conhecer experiências de outras universidades e debater as situações vividas no cotidiano de trabalho da UFF, nos campi de Niterói, Volta Redonda, Angra dos Reis, Pádua, Rio das Ostras, Campos, Nova Friburgo, Macaé e, agora, Petrópolis. Em comum, a constatação de que o debate sobre

Multicampia não pode encerrar-se no diagnóstico da precarização. Se é verdade que a expansão das universidades para o interior tenha sido, quase sempre, marcada pela precarização das condições de trabalho, de estudo e de desenvolvimento do tripé ensino, pesquisa e extensão, também é verdade que ela permitiu acesso ao ensino superior público em regiões que jamais teriam, como ressalta o professor da UFF de Rio das Ostras e diretor da Aduff-SSind, Edson Teixeira. “A multicampia possibilitou a ressignificação da subjetividade de um conjunto de alunos que certamente não teria vaga nas universidades públicas do Brasil, que seria refém do telemarketing ou de algo ainda mais degenerado. Isso não é pequeno. Também não podemos perder de vista a resistência dos docentes dos campi no interior; a multicampia só persiste na UFF por conta da teimosia de professores que compraram esse projeto

sob outra perspectiva. Precisamos pensar novas formas de atuação na universidade. Esse projeto de interiorização precarizada, que a burguesia faz na sede, não interessa à classe trabalhadora. E é um terreno fértil para que professores se sintam desestimulados e caiam na passividade”, disse. A presidente do Andes-SN e professora da UFF, Eblin Farage, concorda. Para ela, a interiorização da universidade e a multicampia não são obstáculos para a atuação sindical, mas questões a serem debatidas com o objetivo de repensar a própria organização do movimento docente. “É uma questão mais nova para nós das federais, mas que os docentes das universidades estaduais já discutem há bastante tempo no Sindicato Nacional. Durante muito tempo, o Andes foi acusado de ser contrário à expansão da universidade, mas nós somos totalmente favoráveis à expansão da universidade pública. A questão é que ela não

se expandiu com a qualidade que deveria, por isso o Andes foi contra o Reuni, porque era contra uma expansão precarizada, mas não contra a expansão da universidade”, enfatizou. No Encontro, Eblin defendeu a experimentação de modelos de organização em cada seção sindical, com a realização de assembleias descentralizadas ou rodadas de assembleia, por exemplo, para aproximar os professores dos campi fora de sede do sindicato e intensificar a organização docente nos locais de trabalho. RESISTÊNCIA Professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp) e convidado para compor a mesa de debate sobre multicampia, Antonio Andrade assinalou que a situação só não está pior nas universidades brasileiras graças à organização e mobilização docente. “Olha para a América Latina inteira e vê o desmonte que foi feito nas universidades. Qual o elemento objetivo de intervenção que impediu que aqui ocorresse, na mesma proporção, o que aconteceu na Argentina, no México, no Chile? Foi nosso Sindicato, nossa forma de organização no local

‘DESCENTRALIZAÇÃO’ Para Gustavo Gomes, presidente da Aduff-SSind, um dos grandes desafios do movimento docente na UFF é descentralizar as instâncias de debate e deliberação sem fragmentar a categoria. Ele conta que muitos professores da universidade relatam dificuldade para participar das assembleias gerais docentes – realizadas sempre em Niterói – e cobram mais presença do sindicato no cotidiano dos campi fora de sede. “Não vai ter um modelo acabado ou único, temos que experimentar. Depois a gente avalia essas experiências e avança. Nosso objetivo não é seguir um modelo de organização como um dogma. O modelo de organização está a serviço da participação das pessoas e da integração entre sindicato e docentes, que vão usá-lo como ferramenta na luta por condições de trabalho e pela universidade pública”, destacou. Professora da Faculdade de Administração e Ciências Contábeis da UFF em Niterói, a professora Agatha Justen Gonçalves Ribeiro, há apenas cinco meses na universidade, pontua ainda que o debate sobre a realidade da Multicampia aponta para outro, sobre como crescer. “Isso é muito importante, o sindicato não é só assembleia ou só diretoria. O caminho para resolver essa questão não tem fórmula, vai ser decidido na realidade de cada universidade e precisa necessariamente passar pela expansão e ampliação do próprio sindicato. Cabe-nos, como tarefa, levar o sindicato para o cotidiano dessas unidades”, frisou.


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Professores destacam urgência em debater e lutar por democracia e estatuinte na UFF

Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Debate travado no Encontro ressalta a necessidade de envolver a comunidade universitária nesta pauta tão cara para a história da universidade pública no Brasil

Hélcio Lourenço Duarte Da Redação da Aduff

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oram mais de três horas de debates, nas quais se perseguiu um tema caro à história da universidade pública no país: a busca pela democracia interna. Discorreu-se sobre a trajetória da estatuinte na UFF, que há 20 anos patina e, apesar de toda a elaboração coletiva passada e promessas de sucessivas reitorias de encaminhá-la, não avança. Resgatou-se o plebiscito oficial, que cravou a rejeição da comunidade universitária aos cursos pagos, cujos efeitos jamais foram respeitados. Mas se foi além, numa reflexão sobre a realidade atual da universidade, hoje interiorizada, a conjuntura política e econômica do país e a necessidade de atualizar o conteúdo do que se pensou lá trás, sem deixar de assimilá-lo.

Mesa sobre estatuinte e democracia na UFF

“Esse é um ponto que consideramos muito importante e está explícito no programa da diretoria [da Aduff]. O estatuto deve ser o conjunto das compreensões, das formulações que a categoria tem”, observou a professora Gelta Xavier, vice-presidente da Aduff, que compunha a coordenação da mesa de debates, ao lado do professor Gustavo Gomes, presidente da seção sindical.

Estatuinte O professor José Raphael Bokehi voltou a 1998 para discorrer sobre a instalação da Assembleia Estatuinte Paritária, com 90 integrantes. “Foi um avanço a gente conseguir essa assembleia estatuinte paritária. E a ideia

era que ela apresentasse uma minuta do estatuto, que fosse aprovada depois no Conselho Universitário. Em, no máximo, um ano, a gente teria um estatuto aprovado”, recordou. Quase 20 anos se passaram e, como se vê, a história foi outra. Apenas dez anos depois, em 2008, um anteprojeto de minuta do estatuto foi aprovado no Conselho Universitário. No mesmo ano, aprovou-se o plebiscito sobre a existência ou não de cursos pagos na UFF, que foi realizado em 2010. “Por maioria, a gente indicou que os cursos teriam que ser gratuitos em todos os níveis. E conseguimos ganhar o plebiscito depois de muita luta dos mo-

vimentos dos docentes, técnicos-administrativos e dos estudantes”, disse Rafael. No Conselho Universitário, ficou definido, com o reitor, a edição de uma portaria, ainda em vigor, suspendendo a criação de novos cursos pagos, mas mantendo os que já existiam, até que a questão do estatuto estivesse concluída. Os cursos pagos, no entanto, não apenas foram mantidos como expandidos por meio de artifícios, como a criação de novas turmas. O professor Francisco Palharini, um dos debatedores, destacou a importância do tema e a necessidade de aprofundar o debate. “Eu acho que a luta pela democratização interna come-

ça com a fundação da Aduff, com os movimentos de configuração de constituição da nossa entidade: uma universidade de ensino, pesquisa, uma universidade democrática, uma universidade que saísse da bolha, falasse com a sociedade. E, neste movimento, começou a se fazer a crítica do estatuto da UFF, a forma como nós elegíamos nossos dirigentes, a composição dos conselhos. Isso foi o cálculo que originou a estatuinte, que já estava presente na primeira eleição para reitor em 86”, disse o docente, que integra o CUV e apresentou anteprojeto sobre o tema e que redefine a composição do conselho. O debate entre os participantes foi longe e continuará no grupo de discussão, aberto à colaboração de todos, constituído para isso.

Carreira docente e reformas que eliminam direitos também foram debatidas no Encontro

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carreira docente e os impactos da reforma da Previdência foram tratados no segundo dia do encontro. O professor Amauri Fragoso de Medeiros, da Universidade Federal de Campina Grande (PB) e da direção do Andes-SN, expôs as transformações da

carreira docente nas últimas décadas, situando-as com as disputas entre o movimento sindical docente e as medidas governamentais para o setor. Destacou a busca da valorização da dedicação exclusiva em contraposição às políticas voltadas para

o controle da produção, introdução de gratificações e precarização do trabalho. “Há uma tentativa muito grande, o tempo todo, de destruir a nossa carreira, sempre associada com o processo de reformas prev idenciárias”, disse. Ao identificar a desvaloriza-

ção da dedicação exclusiva, associou-a a objetivos pré-definidos para a educação pública, “para transformar as universidades em colégios”. O advogado Carlos Boechat, da assessoria jurídica da Aduff, comparou a proposta inicial do gover-

no para a Previdência com o substitutivo do relator, mostrando que a reforma segue tão ruim ou ainda pior para o servidor. Reportagem com as exposições dos dois debatedores poderá ser lida na página da seção sindical na internet (www.aduff.org.br).


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