Jornal da Aduff - novembro de 2017

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Assembleia descentralizada atende propostas de Encontros de Docentes da UFF

Seção Sindical do Andes-SN Filiado à CSP/Conlutas

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caé 06/11 (14h): Ma erói 07/11 (16h): Nit das Ostras 08/11 (16h): Rio mpos Ca h): (16 1 /1 08 lta Redonda 08/11 (17h): Vo burgo Fri 09/11 (10h): dua 09/11 (14h): Pá

Audiência diz não à entrega do Morro do Gragoatá a construtoras Luiz Fernando Nabuco

Associação dos Docentes da UFF Jornal da ADUFF

ta: Proposta de pau ais 1. Informes Ger saúde da ADUFF de o 2. Novo plan tão jurídico trabalho e plan 3. Condições de mento e carreira orça no tes Cor 4. 10 dia do 5. Paralisação Associação

da UFF dos Docentes

s-SN cal do Ande Seção Sindià CSP/Conlutas Filiado

Página 12

Páginas 6 e 7

Luiz Fernando Nabuco

Aduff faz assembleias descentralizadas e defende reação conjunta para deter ataques

Páginas 2 (Editorial) e 3

MP 805, que na prática reduz salários e adia reajustes, se soma às reformas que eliminam direitos e aos cortes nos orçamentos do ensino superior, da pesquisa e da Ciência e Tecnologia em pacote antipopular de Temer contra servidores e população. Num momento em que até a gratuidade está sob ameaça, Frente Nacional em Defesa das Instituições de Ensino Superior é lançada com ato na Uerj e convoca participação massiva nas manifestações do dia 10, que podem ser marco da retomada da mobilização. Páginas 2, 3, 5 e 12


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Editorial

Mais participação para fortalecer a luta docente na UFF

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ogo após a Câmara dos Deputados livrar, mais uma vez, a pele de Michel Temer de investigações, o governo apresentou nova versão do orçamento para o próximo exercício. Ali está anunciado o adiamento do reajuste dos servidores públicos federais para 2019, e, para completar, expedientes de austeridade foram feitos através da edição de Medidas Provisórias. A artimanha de elevar a alíquota previdenciária dos servidores de 11% para 14% já é conhecida em estados como o Rio de Janeiro, onde a escola de lesar o funcionalismo já vem sendo praticada há algum tempo. A tática, de que os mais prejudicados têm que pagar a conta das gastanças do dinheiro público e da corrupção, é velha conhecida. Também merece destaque e repúdio o anúncio de que o reajuste do salário-mínimo será reduzido, corroborando a sentença acima exposta - ou seja, os pobres sempre pagam a crise inventada pelo capitalismo para lucrar mais. A resistência a esses golpes já está sendo organizada e a mobilização para o dia nacional de paralisações em 10 de novembro é o primeiro palco para demonstrar a esse governo ilegítimo que os servidores públicos federais e a população não aceitarão a política de arrocho imposta pelo Palácio do Planalto. No tocante à organização e debates sobre a paralisação da categoria de professores da Universidade Federal Fluminense, teremos a instauração de um novo método, radicalmente democrático: a instauração de assembleias descentralizadas pelos diversos campi fora de sede. A reivindicação vinha no sentido de que os nossos espaços de deliberação tinham que ser readequados à nova realidade espacial da UFF, a da multicampia. Nessa direção, há cerca de dois Associação dos Docentes da UFF

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Novembro/2017 Biênio 2016/2018 Gestão: Democracia e Luta: Em Defesa dos Direitos Sociais, do Serviço Público e da Democracia Interna

anos, foram realizados dois eventos: o I Encontro dos campi da UFF fora de sede: discutindo a precarização a partir da expansão universitária, em Rio das Ostras, e o II Encontro dos campi da UFF fora de sede: fortalecendo o projeto de Universidade que queremos, em Nova Friburgo. Mais recentemente, em maio de 2017, tivemos o I Encontro de Docentes da UFF, promovido pela Aduff-SSind em um hotel-fazenda na divisa de Friburgo com Teresópolis. Em todos eles, a questão da multicampia e da

organização sindical neste contexto esteve em pauta. A assembleia descentralizada foi uma proposta saída dos debates transcorridos no I Encontro dos Docentes da UFF, que abordou a fundo a questão, para avançar na participação da categoria. Além disso, destacou-se a necessidade de que se assegure condições objetivas para a ida de docentes de fora da sede a assembleias ou outras

atividades que venham a ser realizadas em Niterói ou na capital do estado. Ao descentralizar o formato de deliberação, a Aduff visa contemplar o maior número possível de docentes em seus espaços de discussão. O esforço de alargamento do processo decisório parte da compreensão de que somente a mobilização da base será capaz de deter os ataques que a educação pública vem sofrendo. Outra nova medida estampada nas páginas desta edição é a publicação do balancete demonstrativo das receitas e despesas relativas ao mês de setembro de 2017, além da prestação de contas dos valores aplicados em conta-corrente. A divulgação da administração do uso dos recursos advindos da contribuição dos associados, é parte do compromisso com a transparência. Novembro contará com uma série de atividades em comemoração aos 100 anos da Revolução Russa - desta vez, protagonizadas por docentes da UFF. Os eventos organizados por nosso sindicato, ou que tenham recebido apoio material deste, buscam refletir sobre os acontecimentos de outubro de 1917. Acreditamos que os anseios que ali estavam postos servem de experiência concreta e corroboram com a ideia de que somente a luta muda a vida, e que outras formas de organização da sociedade têm que ser postas em prática. Afinal, a espoliação do capital e a sua lógica perversa do lucro acima de tudo têm sido responsáveis pelo definhamento das relações sociais e pelas péssimas condições de vida a que são submetidas a maior parte da sociedade.

Presidente: Gustavo França Gomes • 1º Vice-Presidente: Gelta Terezinha Ramos Xavier • 2º Vice-Presidente: Juarez Torres Duayer • Secretária-Geral: Kate Lane Costa de Paiva • 1º Secretário: Douglas Ribeiro Barbosa • 1º Tesoureiro: Carlos Augusto Aguilar Junior • 2º Tesoureiro: Edson Teixeira da Silva Junior • Diretoria de Comunicação (Tit): Kenia Aparecida Miranda • Diretoria de Comunicação (Supl): Marcio José Melo Malta • Diretoria Política Sindical (Tit): Adriana Machado Penna • Diretoria Política Sindical (Supl): Bianca Novaes de Mello• Diretoria Cultural (Tit): Renata Torres Schittino • Diretoria Cultural (Supl): Ceila Maria Ferreira Batista • Diretoria Acadêmica (Tit.): Antoniana Dias Defilippo Bigogmo • Diretoria Acadêmica (Supl): Elza Dely Veloso Macedo Editor Hélcio L. Filho Jornalistas Aline Pereira Lara Abib

Revisão: Renake das Neves Projeto Gráfico e diagramação Gilson Castro

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Retomar as ruas para derrubar a MP 805 e as reformas, defende a Aduff Luiz Fernando Nabuco

Medida provisória que adia reajustes e aumenta alíquota previdenciária é apontada como confisco salarial e ato inconstitucional

Professores da direção da Aduff pouco antes da Festa do Dia do Professor: chamado à reação

"T

emos que retomar as ruas para barrar os retrocessos", disse o professor da UFF Carlos Augusto, da direção da Aduff-SSind,

logo após a apresentação da peça de teatro que antecedeu a Festa do Dia do Professor. Acompanhado de outros docentes, segurava uma faixa

que expunha mais um ataque do governo de Michel Temer a direitos dos trabalhadores: a edição da Medida Provisória 805/2017, classificada como

um confisco salarial sobre o funcionalismo público. A MP aumenta a alíquota previdenciária dos servidores federais de 11% para 14%, a partir da remuneração que ultrapassar o teto do Regime Geral (R$ 5.531,31), e adia, por um ano, parcelas de reajustes salariais e de modificações em tabelas remuneratórias – entre elas as dos docentes federais, previstas para agosto de 2018, com base nas alterações na Lei 12.772/2012, decorrentes da Lei 13.325/2016. A MP foi editada cinco dias após Comissão Parlamentar de Inquérito do Senado aprovar, por unanimidade, inclusive com o voto do líder do

governo, relatório que diz que Temer mente sobre a Previdência para defender a reforma que torna mais inacessível o direito à aposentadoria. A avaliação da assessoria jurídica do Andes-SN é de que a MP é inconstitucional. Será, é certo, alvo de ações judiciais. No entanto, é na mobilização que muitos sindicatos de servidores apostam para derrubá-la no Congresso Nacional, antes mesmo dos 90 dias nos quais passaria a ter efeitos práticos nos contracheques. A bandeira será agregada aos protestos e paralisações contra as reformas de Temer previstos para 10 de novembro, véspera da entrada em vigor da reforma trabalhista.

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omar forças numa grande campanha unificada para deter o processo de desmonte, precarização e privatização das universidades e dos institutos públicos do ensino superior. Foi o que defenderam representantes de sindicatos, federações, frentes sindicais e sociais, entidades estudantis, parlamentares, partidos e reitores ou substitutos destes no ato que marcou o lançamento da Frente Nacional em Defesa das Instituições Públicas de Ensino Superior. A Aduff-SSind e profes-

sores da Universidade Federal Fluminense participaram. O reitor da UFF, Sidney Mello, esteve presente, mas alegou compromisso e teve que se retirar antes de seu início, que atrasou em cerca de uma hora. Outros reitores compareceram, entre eles o professor Roberto Leher, da UFRJ. A atividade, puxada pelo Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN) ao lado de outras entidades, numa escolha repleta de simbolismos, se deu na Concha Acústica da Universidade

do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), onde a comunidade universitária está em greve. Muitos oradores ressaltaram a necessidade de construir a unidade com base em um calendário de lutas, que conteste as reformas e os projetos dos governos para os trabalhadores e as universidades, a pesquisa, a ciência e tecnologia e o conjunto dos serviços públicos. Após o ato, os participantes saíram em passeata pelas ruas do Maracanã – e, mais uma vez, a Polícia Militar reprimiu, lançando ao menos

Luiz Fernando Nabuco

Frente contra desmonte do ensino superior público

Ato na Uerj lança a Frente Nacional em Defesa das Instituições Públicas de Ensino Superior

duas bombas de efeito moral. Dirigentes da Aduff repudiaram a violência. “Algo to-

talmente desnecessário, sem motivo”, disse a professora Gelta Xavier.

Congresso da CSP-Conlutas: fazer do dia 10 um marco na retomada das mobilizações

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Eblin, presidente do Andes-SN, no 3° Congresso da CSP

esolução aprovada por consenso no 3° Congresso da CSP-Conlutas, a Central Sindical e Popular, definiu o dia 10 de novembro como possível marco da retomada das mobilizações e da resistência coletiva da classe trabalhadora ao retrocesso em curso no país – que elimina direitos sociais, trabalhistas e previdenciários. A proposta é fazer da data um dia nacional de greves, paralisações e manifestações, mas direcionando os esforços para parar o país e levar às

ruas a insatisfação e a indignação populares com os projetos do governo Temer e seus aliados. No Rio, haverá ato conjunto no Centro, a partir das 16 horas, na Candelária. A proposta foi apresentada por consenso pela coordenação da CSP aos delegados e delegadas do 3º Congresso, que reuniu cerca de dois mil representantes de entidades e oposições sindicais, populares e estudantis, de 12 a 15 de outubro, em Sumaré (SP) – entre eles, docentes da UFF eleitos na assembleia da

Aduff-SSind. Presidente do Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN), a professora Eblin Farage considerou a decisão importante. “Esta talvez [tenha sido] a única votação unitária no congresso, o que demonstra que com todas as diferenças, que são saudáveis que existam em nossa central, temos o compromisso de construir a luta e tentar parar o país para defender os direitos da classe trabalhadora”, disse.


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Ameaças ao Programa de Iniciação à Docência preocupa professores da UFF Docentes veem risco de descontinuidade e até fim do Pibid; medidas e cortes podem estar associados à reforma do Ensino Médio, diz coordenadora do programa

Aline Pereira Da Redação da Aduff

Passeata no dia 19 de outubro, após lançamento da Frente em Defesa das Instituições Públicas de Ensino Superior

“O programa vigente vai até fevereiro de 2018. Para continuar, outro edital deveria ser publicado agora, com as condições de permanência. Mas, até o momento, o edital não foi divulgado”, disse o professor. “Havia informação de que o Tribunal de Contas da União realizava auditoria na Capes e que, por conta disso, novo edital seria publicado apenas em setembro do ano que vem, contemplando 2019. Descontinuar o Pibid é prejudicar o aperfeiçoamento da formação docente”, disse Dezemone. Para o docente, a ameaça de interrupção e de finalização desse programa deve ser entendida em um conjunto mais amplo de ações que atingem a educação pública. “É tirar dinheiro também da universidade, mas também da edu-

Foto: Luiz Fernando Nabuco

O Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à Docência (Pibid), chancelado pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), está ameaçado, e isso preocupa e mobiliza professores da Universidade Federal Fluminense. A instituição tem sido contemplada com editais de fomento desde o início do programa, em 2009. Já chegou a ter 908 bolsistas das graduações em Licenciatura – número que foi reduzido em aproximadamente 20% após a política de estrangulamento do orçamento das universidades federais, em curso desde o final de 2014. O Pibid tem por objetivo formar estudantes dos cursos de Licenciatura Plena para atuação na educação básica pública. O programa conta com a supervisão de um docente universitário – que atua como coordenador – e de um professor da escola, que supervisiona o trabalho dos graduandos na promoção de atividades didático-pedagógicas. É um mecanismo de intercâmbio entre a universidade e a educação básica, em risco não somente pela política de contingenciamento de verbas, mas também por reformulações que o ministro da Educação, Mendonça Filho, anunciou na Política Nacional de Formação de Professores.

cação básica e pública, que é atingida não somente de forma imediata, mas também em médio e longo prazo, com impacto na formação docente”, criticou.

‘Não é estágio; é formação’ De acordo com Maura Ventura Chinelli, docente da Faculdade de Educação da UFF e coordenadora do Pibid na instituição desde 2009, o argumento de modernização desse programa é falacioso. Para a docente, essa nova política pode, inclusive, favorecer instituições privadas ao flexibilizar as regras do Programa Universidade para Todos (ProUni). Isso porque não exigirá comprovação de renda para professores que desejarem cursar uma segunda licenciatura. “Não posso afirmar,

porque ainda não há papel com isso registrado, mas há o evidente interesse em colocar estagiários para assumir o papel docente”, disse Maura. Ela reforça o argumento quando pensa na reforma do ensino médio (Medida Provisória 746). “O governo fala em política de ensino médio em horário integral – o que me deixa muito curiosa, pois quero saber como vão ampliar o tempo dos estudantes na escola e dar conta da infraestrutura. Provavelmente, vão colocar pibidiano como um estagiário. Suspeito que seja o primeiro passo”, disse. Ela explica que o Pibid é relevante para a formação docente e que é um erro falar em residência – termo que, como lembra, somente se aplica aos profissionais formados. “Um iniciante é assistido por cole-

Impactos

Estudantes mantêm ocupação na UFF em Angra

As modificações foram apresentadas como “modernização” do Pibid dentro do programa de residência pedagógica. Entretanto, para Marcus Dezemone, coordenador do programa da área de História da UFF, há muitas questões em aberto e a sinalização da interrupção e até mesmo o fim do Pibid/Capes.

ez dois meses a ocupação estudantil em Angra dos Reis, que segue firme contra a precarização da unidade. Desde o dia 2 de setembro, alunos das graduações em Políticas Públicas, Geografia e Pedagogia tomaram, em protesto, o Polo do Retiro – terreno cedido pela prefeitura há alguns anos para a construção

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de novo campus para a instituição – o que nunca foi feito. Realizam rodas de diálogos e atividades que deem visibilidade à luta por uma política voltada para a permanência do estudante na instituição.

BusUFF de Angra Representantes da Pró-Reitoria de Assuntos Es-

tudantis (Proaes) estiveram na unidade e, de acordo com uma aluna do curso de Políticas Públicas, alegaram que a universidade, como um todo, passa por estrangulamento financeiro, mas firmaram o compromisso de enviar um segundo BusUFF – ônibus necessário para o transporte dos estudantes

gas mais experientes nos seus dois primeiros anos de profissão, e isso existe em outros países. O que eles [do MEC] chamam de residência é estágio. E Pibid não é estágio, é iniciação à docência”, disse Maura. A professora vê resultados positivos no programa. “Realizamos o IV Encontro Anual do Pibid UFF (23 e 24/10), inclusive com bolsistas de campi fora da sede, contando com a apresentação de 231 trabalhos em sessões coordenadas, temos dois livros lançados, mostra de materiais didáticos criados pelos estudantes”, explica. “Isso gera impacto muito bom nas licenciaturas. Os alunos estão confiantes e acreditando no potencial da sua profissão docente”, disse.

ao campus, que não está localizado em área central na cidade. Houve ainda a promessa, de acordo com a discente, de reforma nas instalações que estão ocupadas. “Infelizmente, até agora não tivemos nenhum retorno deles [Proaes]”, lamentou.


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Debate na UFF defende agenda conjunta em defesa da Universidade Pública e da Pesquisa Aduff promove debates como parte da construção da mobilização contra os "Cortes na Ciência e Tecnologia, Privatização e Desmonte da Universidade Pública"

Luiz Fernando Nabuco

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Papel da universidade Professor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Nildo Ouriques disse que o “Estado não reserva para a universidade brasileira uma função estratégica”, voltada para a superação da dependência e do subdesenvolvimento. “Como a ideologia dominante entre nós é a do desenvolvimentismo, [que] hoje está resumida a exportar produtos agrícolas e minerais, é claro que uma universidade de ponta, disputando a fronteira do conhecimento em escala global, não pode existir", disse. Ao final, ele defendeu a mobilização para evitar os retrocessos e buscar a superação das limitações atuais. "A universidade necessária é aquela que consagra a sua existência na luta contra a dependência científica e tecnológica, contra o domínio cultural e o colonialismo cultural", propôs.

A docente da UFF Marinalva Oliveira, ex-presidente do Andes-SN, disse que o ensino, a pesquisa e a extensão são indissociáveis na universidade pública. Ela criticou o perfil cada vez mais voltado para o mercado da universidade pública no Brasil. "Nós defendemos uma universidade que atenda aos interesses da população, em que todos os docentes tenham financiamento e condições para fazer ensino, pesquisa e extensão", disse.

Novos debates e atividades devem ser convocados

PEC ameaça pôr fim ao ensino superior gratuito no país Proposta contrária ao ensino superior público e gratuito chega mais uma vez à Câmara dos Deputados, agora como emenda constitucional. O deputado federal Andres Sanches (PT-SP) é o autor da PEC 366/2017, cuja admissibilidade será apreciada pela Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania. O projeto altera o artigo s c orte e r a os Cont iversi d ad na Un úbli ca P squisa Pe ologia il a e Tecn Ciênci ia Estudant nc Assistê Pibid

uro

Então há uma crise grave de financiamento. Mas a crise não é [apenas] de financiamento. Temos uma universidade que não tem conseguido acompanhar, pautar e transformar em debate interno os grandes problemas da nação e que afligem o povo brasileiro", disse.

Luiz Fernando Nabuco

Debate realizado no Gragoatá é parte de mobilização defendida pela Aduff

fut

ebate promovido pela Aduff-SSind, no início de outubro, no campus da UFF no Gragoatá, em Niterói, foi marcado por um chamado à resistência e à luta conjunta contra o desmonte da universidade, da pesquisa e da ciência e tecnologia públicas no país. Na abertura do evento, o presidente da Seção Sindical, professor Gustavo Gomes, defendeu a constituição de uma agenda comum de resistência, na UFF e fora dela, que una todos os setores que se opõem aos projetos que reduzem direitos e que estão sendo adotados de forma "autoritária" no país. "Precisamos de uma agenda unificada de resistência contra cortes na educação, na ciência e tecnologia e nos direitos sociais", defendeu o docente. O professor Epitácio Macário Moura, da direção do Sindicato Nacional dos Docentes (Andes-SN) e professor da Universidade Estadual do Ceará (Uece), disse que não há solução isolada para essa crise de financiamento. "O teto dos gastos públicos, a reforma trabalhista, a terceirização e a reforma previdenciária constituem uma agenda que rebaixa as condições de vida do povo. A defesa do financiamento da universidade pública e da ciência e tecnologia passa pelo enfrentamento dessa agenda. A agenda regressiva é de conjunto, a luta tem que ser de conjunto", disse. Macário destaca que a crise financeira é grave, mas os problemas da universidade não estão restritos a ela. "A notícia que temos é que hoje o Ministério da Ciência e Tecnologia e Inovação opera com menos da metade da verba que operava em 2010.

206 da Constituição Federal, prevendo que “o pagamento dos custos do ensino superior ministrado nos estabelecimentos oficiais será proporcional ao nível socioeconômico do estudante”, com possível quitação da dívida através da prestação de serviços. Embora não seja novidade, aparentemente ganha peso a articulação política de seto-

res contrários à gratuidade. Destacou-se a ameaça no recente lançamento da Frente Nacional em Defesa das Instituições Públicas de Ensino Superior, na Uerj. Participantes do ato observaram que a entrada em vigor da Emenda Constitucional 95, que engessa e até reduz os orçamentos da educação, corrobora com isso.

Aduff faz camisa contra cortes na ciência e tecnologia e na universidade pública A Aduff-SSind produziu camisa Contra os cortes em Ciência e Tecnologia e Em defesa da Universidade Pública, da Pesquisa, da Assistência Estudantil e do Pibid. Preta com letras brancas, a camisa traz desenho do professor da UFF Márcio Malta, o Nico, que integra a direção da Seção Sindical. Docentes que desejem adquiri-la gratuitamente, devem fazer a solicitação na secretaria da Aduff.


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Pressão quer evitar que o Morro do Gragoatá vá para empreiteiras

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Luiz Fernando Nabuco

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Comunidade acadêmica participa de audiência pública na UFF, critica tentativa de especulação imobiliária sobre o terreno e defende a reversão do acordo da Reitoria

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Conselho Universitário O documento publicado pela Reitoria não sanou as dúvidas sobre o tema, que foi levado ao Conselho Universitário de 27 de setembro. Na ocasião, alguns conselheiros, estudantes, professores da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo (FAU) e ainda representantes da Aduff apontaram urgência em se debater o assunto de forma transparente. Propuseram a realização de uma audiência pública ampliada, para discorrer sobre o tema, mas Sidney Mello disse que não voltaria atrás na decisão de abrir mão do terreno e que somente convocaria audiência que enfatizasse apenas a questão ambiental. Esse posicionamento foi

reafirmado por e-mail de Daniela Carnavale, secretária do reitor, no dia 11 de outubro. Era uma resposta à reportagem da Aduff, que indagava sobre a data da audiência proposta pela comunidade. “O Gabinete do Reitor sempre acata as recomendações dos Conselheiros do CUV. Na próxima reunião serão decididas as diretrizes e a data da audiência pública para construir coletivamente o que tange aos aspectos ambientais do Morro do Gragoatá”, disse.

Audiência No dia 16 de outubro, aconteceu uma primeira audiência pública, aberta à comunidade da UFF e à população em geral. Convocada, porém, pelos mandatos dos vereadores de Niterói Taliria Petrone e Paulo Eduardo Gomes – ambos do PSol – com apoio da FAU/ UFF e das representações dos estudantes (DEC), dos professores (Aduff ) e dos técnico-administrativos (Sintuff ). Os parlamentares disseram que o assunto é muito sério e que ultrapassava a esfera universitária, envolvendo os governos federal, municipal, a UFF e a sociedade. O reitor Sidney Mello, o prefeito Rodrigo Neves e alguns secretários da cidade, representantes do Ministério Público Federal e o juiz William Douglas, titular da 4ª Vara, foram convidados. Entretanto, não compareceram ao evento. As exposições técnicas foram feitas pela professora Louise Lomardo, da FAU/

Luiz Fernando Nabuco

Morro do Gragoatá – terreno de aproximadamente 60 mil metros quadrados, adjacente ao campus da UFF na Praia Vermelha, em Niterói – foi tema de recente audiência pública que questionou a decisão da Reitoria em ceder, judicialmente, essa área que foi desapropriada em favor da instituição na década de 1970 e que, desde então, segue em litígio. Há duas ações em curso, disputando essa área, que é maior do que a do campus do Gragoatá. A primeira tramita na 4ª Vara Federal de Niterói e questiona a propriedade da UFF, sob a alegação de que esta não teria cumprido com os termos do segundo artigo do Decreto Presidencial nº 80693/77 e arcado com os custos da desapropriação da área em favor da universidade. Outra ação segue na 3ª Vara Federal da cidade e contesta o laudo do Ibama (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis), que afirmou que o Morro do Gragoatá é área de proteção ambiental permanente. Com visão privilegiada da Baía de Guanabara, do Pão de Açúcar e do Cristo Redentor, empresas da construção civil intencionam erguer edificação habitacional luxuosa, com direito à área de lazer privativa, no Morro do Gragoatá. A decisão do reitor Sidney Mello – tomada à revelia, sem

qualquer consulta ao Conselho Universitário e à comunidade da UFF – tornou-se pública, primeiramente, pelos jornais comerciais que circulam na cidade. No dia 19 de setembro, o reitor publicou nota na página institucional da UFF, alegando que contou com orientação jurídica para assinar o acordo que cede o terreno à iniciativa privada, “sem riscos de perda integral de espaço no Morro do Gragoatá, sem riscos de custos indenizatórios e sem precisar pagar os gastos decorrentes da atividade processual”. Isso porque, de acordo com Sidney Mello, a UFF receberia 10 mil metros quadrados de área construída como contrapartida.

Deculvidita mustebus, ocatamp erfecepsed perri sed comaxim

Luiz Fernando Nabuco

Aline Pereira Da Redação da Aduff

Horto-Viveiro da UFF e vista do alto do Morro do Gragoatá

UFF; pelo capitão da Aeronáutica Jorge Luiz Werneck; e por Adacto Otoni, engenheiro e docente da Universidade do Estado do Rio de Janeiro. “Não tem ninguém da empresa ou da prefeitura para apresentar os pontos de vista desse empreendimento? Minha análise sincera é que apenas consideraram o interesse econômico”, disse Adacto, criticando a falta de transparência para tratar do assunto. O estudante de Geografia Bruno Araújo e o professor Gustavo Gomes falaram, respectivamente, como representantes do Diretório Central dos Estudantes e da seção sindical dos docentes da UFF. “Achamos fundamental que a comunidade acadêmica possa discutir o destino de seu patrimônio”, disse o presidente da Aduff-SSind, que criticou a dificuldade de pautar e decidir democraticamente temas que impactam a vida da população e dos três segmentos da UFF, a exemplo dos acontecimentos que

envolveram cessão do Hospital Universitário Antônio Pedro à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), há mais de um ano. O ex-reitor Roberto Salles; Sérgio Mendonça, ex-Pró-Reitor de Assuntos Estudantis da atual gestão; Flavio Serafini, deputado estadual (Psol); Carlos Augusto Valdetaro da Cunha, vice-presidente do Conselho Comunitário da Orla da Baía de Niterói (Ccob), estiveram na audiência. “O que está acontecendo é grave e entrará negativamente para a história da UFF, caso não seja revertido”, disse Sérgio Mendonça, ex-presidente do Comitê Gestor da atual Reitoria, que defendeu a unidade da comunidade acadêmica para reverter o acordo.

Patrimônio Para a docente Louise Lomardo, o reitor da UFF deveria ter consultado a equipe multidisciplinar para discutir sobre o Morro do Gragoatá – segundo ela, área tombada


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Aduff divulga balancete A diretoria da Aduff-SSind divulga, nesta edição, o balancete referente a setembro de 2017, como parte da política de transparência na gestão da entidade. O balancete será divulgado mensalmente também na página da Seção Sindical na internet (www.aduff.org.br).

Balancete de Setembro de 2017 Contribuição de Associados Receitas diversas

339.920,18 Receita Operacional

339.920,18 88,34

RECEITAS

340.008,52

Receita Financeira Processo Judicial

como patrimônio paisagístico da humanidade pela Unesco. Para a docente, o terreno cumpre expressivo papel ambiental, evitando ilhas de calor em Niterói. Além disso, destaca que há confrontantes na limitação do terreno, que também ladeia casas residenciais nas ruas Coronel Tamarindo e General Osório, por exemplo, bem como um hotel.

Na rota dos aeroportos Jorge Luiz Werneck, Capitão da Aeronáutica, afirmou que, de acordo com as normas técnicas que seguem legislação internacional, é muito provável que não se possa

construir nada no Morro do Gragoatá. Isso porque ele está em rota de aproximação dos aeroportos Santos Dumont e também do Galeão (ambos no RJ), afetando a segurança dos voos comerciais. “Segundo instrução 958/GC3, de 9 de julho de 2015, assinada pelo Comando da Aeronáutica, há completa impossibilidade de se construir qualquer imóvel acima da cota de 49 metros naquelas coordenadas geográficas, e o morro do Gragoatá possui cota de 55metros”, explicou, enfatizando ainda que nenhuma legislação municipal pode se opor à federal.

“Morro do Gragoatá está em recuperação”, diz docente da Biologia Em nota assinada, o reitor da UFF afirma que desde a desapropriação do Morro do Gragoatá em favor da instituição, a universidade “não exerceu posse, não fez melhoramentos nem mesmo delimitou a área, tão pouco realizou pagamento indenizatório”. Não é bem assim. Há 22 anos, a professora Janie Garcia da Silva, coordenadora do Laboratório Horto/Viveiro, realiza um trabalho de Educação Ambiental que visa a recuperação da área – degradada para servir ao aterramento de parte da orla de Niterói. “É um trabalho de formiguinha”, diz a docente, destacando a importância da iniciativa que considera fatores antrópicos, físicos e biológicos. O laboratório também realiza projetos de conscientização ambiental para escolas dos ensinos fundamental e médio. Figueira, pau-ferro, pau-d’alho, pau-brasil, carrapeta são algumas das espécies arbóreas plantadas pela equipe multidisciplinar. Em 2014, foi assinado um termo de cooperação entre o Ministério do Meio Ambiente e a UFF, para que, entre 2015 e 2018, fosse realizado esse trabalho de recuperação ambiental, tendo em vista a importância para o clima da cidade de Niterói.

Ordenados 13º Salário INSS FGTS Vale-transporte Férias Assistência médica Uniformes Contribuição sindical

64.976,48 29.482,29 5.685,62 3.322,10

Despesas com Pessoal Despesas tributárias (IRF, PIS etc.) Despesas bancárias Honorários (advogado) Honorários (contador) Custas processuais Outros prestadores de serviços por PF Despesas com veículo Seguro (veículo) Material de escritório Telefone, água, luz, internet Imprensa (divulgação, assinaturas, diagramação, jornais, gráficas etc.) Correios Material de consumo copa/cozinha Desp.com material permanente (computadores, ar, telefonia etc.) Sindicato Itinerante Reuniões e eventos promovidos pela Aduff Participação da Aduff em reuniões da Andes, SPF (diárias, passagens etc.) Outras Despesas Andes-SN Fundo Único Andes-SN Doações a entidades e movimentos sociais Conlutas Repasse a Entidades TOTAL GERAL DAS DESPESAS

6.949,38 144,00 36,84 110.596,71 7.013,06 12.500,00 955,74 181,34 7.107,20 1.236,70

4.191,64 12.364,18 40,68 1.893,76 5.711,06 1.095,00 2.892,18 28.046,31 85.228,85 67.984,04 5.438,72 28.666,97 13.324,87 115.414,60 311.240,16

Disponibilidades Saldo em conta-corrente de movimento Valor aplicado

103.136,13 1.091.502,30

Saldo em conta-corrente conta Greve Valor aplicado

0,00 598.689,04

Saldo em conta-corrente conta FGTS/Obra Valor aplicado

0,00 284.264,79


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Jornal da ADUFF

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Fotos: Luiz Fernando Nabuco

Notas da Aduff

Revolução Russa

Festa da Aduff comemora o Dia do Professor

A Aduff lançou edital para apoiar iniciativas de docentes da UFF que queiram refletir sobre o significado da Revolução Russa. Veja algumas das atividades confirmadas e acompanhe a programação em www.aduff.org.br

7 de novembro 100 Anos da Primeira Greve Geral no Brasil Exibição de 1917: a Greve Geral e debate com o documentarista Carlos Pronzato - às 18h, no auditório do Campus Universitário de Rio das Ostras (Curo).

8 de novembro Arte, Literatura e Política Cultural na Revolução Russa A mesa, na sede da Aduff, a partir das 17h, terá três apresentações: Cinema e Arte Russa, com Ronaldo Rosas (Educação UFF); A Estética de Lukács e o Triunfo do Realismo, com Raniere Carli (Puro/UFF); e Lukács e o Realismo na URRS (1933-1945): Sorte em Tempos de Catástrofes, com Juarez Duayer (Arquitetura UFF).

6 a 10 de novembro Confraternização ocorreu no Teatro Popular, em Niterói, na noite de 1º de novembro, e foi antecedida por apresentação resumida da peça Dez Dias Que Abalaram o Mundo. Professoras e professores festejaram a resistência da educação pública ao lado de convidados e ao som de roda de samba e de DJ.

II Jornada de História da UFF de Campos A II Jornada de História da UFF de Campos é uma iniciativa do Departamento de História com o CA. Duas mesas abordam o Centenário da Revolução Russa: Mulheres na História - Processos Revolucionários e Trajetórias de Luta, em 7 de novembro, às 19h; e 100 Anos da Revolução Russa em Debate, no dia 8, às 19h.

7 a 9 de novembro Simpósio do Centenário da Revolução Russa - UFF Campos Com oficinas, mesas de debate, exibição de filmes e mostras, a atividade acontece na UFF de Campos. Comissão organizadora: Matheus Thomaz (Serviço Social), Leonardo Leite (Economia) e Marcio Malta (Ciências Sociais). Confira a programação completa em: goo.gl/4LTCNo

11 de novembro

Antes da festa, teatro com Os Dez Dias Que Abalaram o Mundo

Marginália: Luta e Resistência na Era da Pedrada O evento quer chamar a atenção do poder público para a falta de incentivo à cultura local em Campos, além da não realização do prometido plano municipal de cultura.

28 a 30 de novembro Mostra Cinema Soviético de Mulheres A professora Marina Tedesco, do curso de Cinema da UFF, aborda a diversidade dessa cinematografia, com 5 filmes e debates, no que tange as autoras, gêneros narrativos e disposição temporal. Na ESS da UFF, no Gragoatá (https://www.facebook.com/ cinemasovieticodemulheres/)


Jornal da ADUFF

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‘Escritor do povo’, Lima Barreto ganha destaque literário e social Obra de Lima Barreto ganha repercussão provavelmente inédita e suscita inevitável associação com o cenário político e social de retrocessos sociais e ameaças conservadoras

N

ão tem cara de coincidência. No ano em que se comemora os cem anos da Revolução Russa e da primeira greve geral no Brasil, Lima Barreto, o ‘escritor do povo’, ganha destaque em debates literários e acadêmicos, feiras, publicações de livros e é tema de filme ainda em produção. É provável que contribua para renovar o interesse pelo escritor e a obra do autor de “O Triste Fim de Policarpo Quaresma” o cenário político do país – onde reivindicações pelas quais se lutava em 1917, como a jornada de 8 horas diárias de trabalho, correm o risco de cair com as reformas em curso. “A obra de Lima Barreto sem dúvida dialoga muito com o momento atual”, observa o professor Edson Teixeira, que participa de Grupo de Estudo na UFF, em Rio das Ostras, no qual textos do autor são analisados. Para ele, o interesse pelo escritor – morto precocemente, em novembro de 1922, aos 41 anos, por problemas de saúde – pode estar associado à origem de Lima e às ideias que defendia, que contestavam as elites da época e se alinhavam aos direitos sociais. “Alguns temas que ele aborda são muito presentes no cotidiano cem anos depois: esse caráter libertário que ele tinha, a forma como foi desprezado, o seu estilo satírico, a questão racial”, observa o docente, que integra a direção da Aduff.

O artigo, conhecido como “Manifesto Maximalista”, faz, ao final, referência direta à Revolução Russa, cuja influência é evidente em todo o texto, que aborda os limites da propriedade privada e conclama a revolução social: “Os fundamentos da propriedade têm sido revistos modernamente por toda a espécie de pensadores e nenhum lhe dá esse caráter no indivíduo que a detém. Nenhum deles admite que ela assim seja nas mãos do indivíduo, a ponto de lesar a comunhão social, permitindo até que meia dúzia de sujeitos espertos e sem escrúpulos, em geral fervorosos católicos, monopolizem as terras de uma província inteira, títulos de dívida de um país, enquanto o Estado esmaga os que nada têm com os mais atrozes impostos”.

Qualidade literária

Manifesto Nem a greve geral de julho 1917, nem a Revolução Russa, em outubro do mesmo ano, passaram despercebidas nos textos que Lima Barreto produziu na época, afirmou, em recente seminário, a professora de Literatura Magda Furtado, do Colégio Pedro II. Ela ressalta que o escritor produzia muito e intensamente, com frequência publicando por meio de pseudônimos. Negro e de origem pobre, Lima Barreto não hesitou em defender a Revolução Russa,

enquanto os principais jornais no Brasil criticavam os bolcheviques. “Ele era debochado, provocador, usava uma linguagem muito próxima à falada e foi o primeiro a tocar em certas questões naquele efervescente começo de século no Brasil”, disse a professora do Pedro II ao mencionar o polêmico “No Ajuste de Contas”, texto publicado em 11 de maio de 1918, no periódico carioca ABC.

Para além das inevitáveis referências políticas a um autor negro que, no início do século XX, ousava criticar a sociedade, a atual busca a Lima Barreto também ressalta a nem sempre reconhecida qualidade literária do autor. “Uma das críticas que ainda fazem a ele é que era um escritor descuidado com os seus textos, mas ele trabalhava, sim, muito os seus textos e tinha profunda consciência do que queria com eles”, afirmou, durante debate na UFF, a professora Ceila Maria Ferreira, que organizou com a professora Carmen Lúcia Negreiros de Figueiredo o recém-lançado “Caminhos de Criação: Recordações do Escrivão Isaías Caminha”, edição crítica do romance de Lima. A docente, que participa da diretoria da Seção Sindical, observa que esse trabalho de cotejo de diferentes edições da obra fornece elementos capazes de “jogar por terra” esse rótulo de escritor descuidado. “Visão que me parece muito mais por razões ideológicas, contra alguém que não faz parte das oligarquias, do que por qualidade literária”, afirmou.

Trecho "Estou no Hospício ou, melhor, em várias dependências dele, desde o dia 25 do mês passado. Estive no pavilhão de observações, que é a pior etapa de quem, como eu, entra para aqui pelas mãos da polícia. Tiram-nos a roupa que trazemos e dão-nos uma outra, só capaz de cobrir a nudez, e nem chinelos ou tamancos nos dão. Da outra vez que lá estive me deram essa peça do vestuário que me é hoje

indispensável. Desta vez, não. O enfermeiro antigo era humano e bom; o atual é um português (o outro o era) arrogante, com uma fisionomia bragantina e presumida. Deram-me uma caneca de mate e, logo em seguida, ainda dia claro, atiraram-me sobre um colchão de capim com uma manta pobre, muito conhecida de toda a nossa pobreza e miséria. Não me incomodo muito com o hospício, mas o que me aborrece é essa intromissão da polícia na

minha vida. De mim para mim, tenho certeza que não sou louco, mas devido ao álcool, misturado com toda a espécie de apreensões que as dificuldades de minha vida material há 6 anos me assoberbam, de quando em quando dou sinais de loucura: deliro” Trecho de "O Cemitério dos Vivos", de Lima Barreto


ENTREVISTA

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Jornal da ADUFF

"É momento de se falar de luta e resistência popular"

Foto: Luiz Fernando Nabuco

Luiz Fernando Lobo, que dirige e atua na peça Dez Dias Que Abalaram o Mundo, afirma que o levante dos trabalhadores russos de 1917 culminou na mais democrática das revoluções. Para ele, a temática tem legado histórico significativo e dialoga com os tempos atuais

O

diretor Luiz Fernando Lobo, um dos fundadores da Companhia de Ensaio Aberto, sediada no Armazém da Utopia, na Zona Portuária do Rio de Janeiro, recebeu a reportagem do Jornal da Aduff para falar dos 25 anos desse grupo de teatro político e da peça Dez Dias Que Abalaram o Mundo. Na conversa, revela como foi a produção do espetáculo, financiado solidariamente, que narra eventos que vão de 1905 à Revolução Russa de outubro de 1917. Lobo afirma que o levante dos trabalhadores russos, que pôs fim ao império czarista, é a mais democrática das revoluções, tem legado histórico significativo e dialoga com os ‘obscurantistas’ tempos atuais, marcados pelo ataque a direitos sociais. Para ele, celebrar o centenário da Revolução Bolchevique é um ato de resistência, assim como viver de teatro político no Brasil. Tendo na obra do dramaturgo Bertolt Brecht (1898-1956) uma das fontes de inspiração, Lobo defende que a arte seja expressão da política e que o público, principalmente os setores excluídos, tenha acesso a um trabalho de qualidade, com conteúdo histórico. É imprescindível, observa, o investimento da esquerda no campo das ideias, para que o homem tenha vida plena, que ultrapasse o “reino da necessidade”. A peça, que teve curta temporada, deverá voltar em 2018. A seguir, trechos da entrevista à jornalista Aline Pereira (Leia a íntegra da entrevista em www. aduff.org.br).

Teatro e a ‘Companhia Ensaio Aberto’ Luiz Fernando Lobo: “Faço teatro desde garoto, só que amador. Sou biólogo por formação, era pesquisador. Mas levava o teatro muito a sério, tinha um grupo amador e, em um determinado momento, percebi que não dava para levar as duas coisas com seriedade. Optei pelo teatro. E aí passei a vida inteira trabalhando e estudando teatro. A aproximação com a esquerda foi uma coisa normal ao ter me tornado marxista. A Companhia Ensaio Aberto, muito cedo, se assumiu como militante e como marxista, com um ponto de vista de pessoas que não estão neutras na luta e que não estão procurando fazer uma arte neutra. Até porque arte neutra não existe. Muitas se dizem neutras, quando sabemos que, na verdade, não são. Isso foi importante na nossa trajetória

porque trouxe para o teatro uma série de espectadores que estavam muito afastados do teatro. CUNTINUA

Uma das coisas que pensamos muito, logo depois do golpe, era que tinha virado o espetáculo errado na hora errada; mas também o espetáculo certo na hora certa. É um momento de se falar de luta, de resistência e de participação popular


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Público e teatro no Brasil Alguns temas de relevância social e política estavam sem espaço no teatro exatamente pela inexistência de grupos e companhias que tivessem a coragem de levar essas polêmicas para a cena. Como sempre, levamos, ao longo desses 25 anos, fidelizando muitos espectadores. Então, enquanto o teatro brasileiro todo diz que tem problema de público, o nosso problema de público é ao contrário: nas temporadas, não conseguimos atender à demanda de todo o público que nos procura. Nossas plateias sempre contaram com integrantes de movimentos sociais organizados, sindicatos, associações de moradores, todo tipo de população marginalizada. É incrível, mas inexistem políticas públicas ainda hoje no Brasil, mesmo depois de treze anos de governo mais à esquerda; inexistem políticas públicas para a formação de plateia, para democratização de acesso. Se as classes populares e outros grupos não perceberem que o teatro está ali para discutir questões relevantes para eles, o teatro vai continuar tendo problema de público. Na verdade, isso, de nós termos virado referência, foi uma construção histórica, de muita luta, de muita batalha, muita coragem de andar na contramão e tomar muito caldo.

Armazém da Utopia na Zona Portuária “Percebemos que para o nosso público vir ao teatro,

Dez Dias que Abalaram o Mundo

A Revolução Russa ainda tem muito a nos ensinar e a nos inspirar. Não adianta falar em democratização sem fazer a democratização dos meios de produção

era preciso estar no centro da cidade, para facilitar o acesso. Começamos a procurar espaço e descobrimos os armazéns completamente abandonados. Quando a Companhia Ensaio Aberto completava dez anos, criamos a Missa dos Quilombos – um dos nossos maiores sucessos. Pensamos, então, que um armazém seria um bom local, de fato, para a Companhia Ensaio Aberto. E o nome do espaço surge quase que em decorrência. É exatamente para falar de um lugar que não existe, que seja de encontro, de respiração na cidade, um lugar de socialização de conhecimento, um lugar em que a lógica de mercado esteja fora. A gente entra aqui em outubro de 2010. E foram seis anos de luta para a legalização dessa ocupação. Vencemos a batalha, legalizamos por 40 anos.

Inspiração no Teatro Épico de Brecht

O

dramaturgo, poeta e intelectual alemão Bertolt Brecht (1898-1956) é inspiração para a Companhia Ensaio Aberto e para tantos outros artistas no Brasil e no mundo. Defendia que as manifes-

tações artísticas retratassem o cotidiano do proletariado e que problematizassem a realidade social da época, com críticas ao sistema capitalista. Marxista, foi perseguido pelos nazistas durante a as-

A peça é muito cara. Custou um milhão. Não teve nenhuma forma de patrocínio. Montamos uma economia solidária, tendo pequenas ajudas de sindicatos. A maior delas foi de R$30 mil reais. E para fazer um teatro de esquerda, não podemos ser financiados da mesma forma que o teatro burguês. Então, quando ocupamos o espaço, entraram em nossa luta todas as centrais sindicais de esquerda, associações, vários partidos de esquerda que tinham tido relação conosco ao longo desses anos. Deixa de ser uma luta só nossa; torna-se uma luta por reconhecimento de um espaço de esquerda. E isso pode, com o passar dos anos – esperamos que aconteça – criar paradigma. Se um espaço como esse for ocupado em cada grande cidade, muda-se a cara do fazer teatral no país.

Inspiração no teatro épico A montagem é inspirada no teatro épico. Brecht dizia que um teatro novo tem que nascer da crítica de um velho teatro. É a crítica do teatro burguês, que é centrado na questão do sujeito. Então, são as lutas intersubjetivas, que, de acordo com o Brecht, não dão conta da complexidade da História. Para dar conta dessa complexidade, você precisava se voltar para o épico, contar as histórias de outra forma e outro ponto de vista. É um teatro, conceitualmente, com outra profundidade. O que o

censão de Adolf Hitler ao poder, refugiando-se, às vésperas e durante a Segunda Guerra Mundial (1939-1945), em países europeus e, anos depois, nos Estados Unidos. Em 1947, retornou à Alemanha e, no ano seguinte, publicou Estudos Sobre Teatro, apresentando a teoria do “teatro épico”. Com o apoio da Alemanha Oriental, Bertolt Brecht fundou a companhia de teatro Berliner Ensemble, que montou suas peças.

teatro épico está buscando é contar e discutir a História. A peça em si deixa de ser o principal. O principal passa a ser o mundo e, sobretudo, como é que esse mundo se transforma.

Sobre a duração, a narrativa e a metalinguagem A peça tem duração de 2h30, é itinerante e privilegia a narrativa. Além disso, há projeções de 14 vídeos. Isso tudo parte de uma frase do John Reed, que, apesar de falar muito bem de Lenin e de Trotsky, diz que o que fez a Revolução Russa não foram somente os líderes, mas a massa na rua. Se tivermos 25 atores armados no meio da multidão é a multidão armada; 25 atores correndo no meio da multidão, é a multidão correndo. A História é muito dinâmica, se passa em lugares muito diferentes – front da Primeira Guerra Mundial, ora em Moscou, ora em Petrogrado; precisava de dinâmica que possibilitasse contar a pluralidade de espaços não só geográficos, mas também subjetivos – fábricas, trincheira, campo. A peça é longa. Mas, apesar disso, acho que o público compreende as razões, percebe que é exaustivo e cansativo, mas que estamos contando uma história de 12 anos, com as idas e vindas da revolução. O que nos favorece é saber que estamos falando para um público interessado. Uma das coisas que pensamos muito logo depois do golpe [impeachment em 2016] – pois já estava em nosso planeja-

11 mento montar [a peça] – era que tinha virado o espetáculo errado na hora errada; mas também o espetáculo certo na hora certa. É um momento de se falar de luta, de resistência e de participação popular. Sabíamos que teríamos um preço alto a pagar por isso, em todos os sentidos – financiamento, possíveis e eventuais boicotes –, mas faz parte. Viver da arte é a expressão dessa resistência, dessa batalha das ideias. E até mais que isso: porque até mesmo a esquerda, de certa forma, abriu mão da batalha das ideias. É preciso fazer a autocrítica nesse sentido: se a esquerda não batalhar por uma cultura socialista e que consiga tirar o homem apenas do reino da necessidade, não vamos ganhar.

Legado da Revolução Russa A Revolução Russa ainda tem muito a nos ensinar e a nos inspirar. E não adianta falar em democratização sem fazer a democratização dos meios de produção. Nesse e em todos os sentidos, a Revolução Russa foi a mais democrática revolução que houve – a única que democratizou os meios de produção e que tinha uma democracia popular representativa direta nos soviets. É um momento oportuno de se discutir o tema e os sindicatos têm um papel importante nisso. A luta política não é fácil, a luta sindical também não, implica em participação direta ou em burocratização. Não tem meio termo nisso, e a Revolução Russa tem muito ainda a nos ensinar.

Foto: Luiz Fernando Nabuco

Jornal da ADUFF

Teatro na Festa: A Aduff-SSind convidou a Companhia Ensaio Aberto para apresentar trechos da peça Dez Dias Que Abalaram o Mundo pouco antes do início da festa que comemorou o Dia do Professor, ocorrida no dia 1º de novembro. A apresentação foi no Teatro Popular, no Centro de Niterói.


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Jornal da ADUFF

MACAÉ CAMPOS VOLTA REDONDA RIO DAS OSTRAS NITERÓI CAMPOS PÁD RIO DAS OSTRAS RIO DAS OSTRAS CAMPOS CAMPOS MACAÉ MACAÉ FRIBURGO CAMPOS NITERÓI RIO DAS OSTRAS RIO DAS OSTRAS FRIBURGO VOLTA REDO acaé 06/11 (14h): M iterói 07/11 (16h): N s Ostras a d io R ): h 6 (1 08/11 ampos 08/11 (16h): C a Redonda lt o V ): h 7 (1 1 1 08/ riburgo 09/11 (10h): F ádua 09/11 (14h): P

uta: Proposta de pa rais 1. Informes Ge UFF e saúde da AD d o 2. Novo plano e plantão jurídic o lh a b a tr e d s 3. Condiçõe ira amento e carre 4. Cortes no orç do dia 10 5. Paralisação Associação

s da UFF dos Docente

s-SN ical do Ande Seção Sind à CSP/Conlutas Filiado

Assembleia vai até o docente da UFF Ao iniciar as assembleias decentralizadas, a Aduff aposta na participação dos docentes para fortalecer a organização da categoria, defender direitos e construir de fato a multicampia Lara Abib Da Redação da Aduff

P

ara ampliar e facilitar a participação dos docentes da UFF nos debates e decisões de seu sindicato, a diretoria da Aduff-SSind está implantando as assembleias descentralizadas – a primeira ocorrerá no início de novembro. A iniciativa busca aproximar os diversos campi e democratizar ainda mais as decisões relacionadas aos docentes e à universidade. Além disso, como ressalta o professor Gustavo Gomes, presidente da Aduff-SSind, a proposta também faz parte de uma política da Seção Sindical de trabalhar pela implantação efetiva da multicampia na UFF – que segue muito centralizada no campus da sede, em Niterói. "A assembleia descentralizada é uma das iniciativas da Aduff

neste sentido. Também vamos levar o plantão jurídico aos campi fora da sede e consolidar o sindicato itinerante”, observa. Atualmente, a UFF possui unidades acadêmicas em nove municípios do estado. A 1° assembleia descentralizada acontece pelo menos em sete deles: Campos, Macaé, Nova Friburgo, Rio das Ostras, Pádua, Volta Redonda e na sede, em Niterói. Todos os docentes, sindicalizados ou não, podem participar, em qualquer dos locais relacionados. No entanto, só é possível votar uma vez em quaisquer das resoluções que venham a ser apreciadas.

Desafios da multicampia A questão da multicampia e a necessidade de assembleias descentralizadas foram debatidas no 1º Encontro dos Docentes da UFF, ocorrido no

final de maio em Teresópolis. Integrante do Conselho de Representantes da Aduff e professor da UFF de Campos dos Goytacazes, Matheus Thomaz considera a efetivação da assembleia descentralizada uma vitória da organização da categoria. “Essa é uma demanda muito antiga dos professores dos campi do interior. Mostra o amadurecimento da organização dos professores e a importância da Aduff como entidade, que vem à frente desse processo. A expectativa é de que essa assembleia intensifique ainda mais nossa organização e que seja a primeira de muitas”, ressalta. Bianca Novaes, professora da UFF de Nova Friburgo e integrante da diretoria da Aduff, destaca a importância de o sindicato estar mais próximo das demandas específicas de cada local. “A assem-

bleia é uma das ocasiões em que o docente entra em contato com os debates e discussões propostas pela Aduff e pelo Andes, mas também é um espaço em que a categoria pauta o sindicato, em que ela coloca, problematiza e busca soluções para questões relacionadas às suas condições de trabalho. A ideia é que a gente consiga construir um sindicato cada vez mais presente, apesar dos muitos desafios da multicampia”, pontua.

10 de novembro - Protestos e Paralisação Na 1° assembleia descentralizada da UFF, de 6 a 9 de novembro, os docentes vão decidir sobre a participação na paralisação nacional de 24h prevista para o dia 10. A data está sendo convocada pelo Andes-SN, pelo Fórum das Entidades Nacionais dos Servidores Públicos Federais

(Fonasefe), pela CSP-Conlutas e por outras centrais sindicais, entre outras organizações, para a véspera da entrada em vigor da reforma trabalhista. Novo plano de saúde, carreira, condições de trabalho e plantão jurídico também estão na pauta. “Fortalecer a organização docente nos campi fora da sede também contribui no diálogo e na construção de ações em unidade com técnicos-administrativos e estudantes nesses locais. Os ataques aos direitos dos trabalhadores e à universidade pública e gratuita se intensificam dia a dia. Propor e articular ações de unidade entre os três setores da universidade é uma das tarefas da entidade sindical, principalmente nessa conjuntura”, ressalta a docente da UFF de Rio das Ostras Antoniana Defilippo.


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