O ÚTERO POLÍTICO DE OXUM: UMA EPISTEMOLOGIA DECOLONIAL SOBRE A MATERNIDADE
Leyla Thays Brito da Silva*
RESUMO Este artigo busca problematizar, com base no sistema mítico feminino do candomblé, o pressuposto feminista ocidental da maternidade como mecanismo patriarcal de opressão às mulheres. Partindo do mito nagô de Oxum, considerado aqui como uma episteme decolonial sobre a potencialidade procriativa feminina, nosso objetivo é discutir a instituição maternidade em suas faces ambíguas de opressão e de empoderamento. Para tanto, por meio de uma pesquisa bibliográfica, apresentamos as contradições das teóricas feministas brancas europeias e estadunidenses sobre a experiência da maternidade. Posteriormente, discutimos a crítica do feminismo negro. Por fim, utilizamos o mito de Oxum, no contexto do candomblé, como chave de leitura afrobrasileira da instituição maternidade. Palavras-chave: Maternidade; Epistemologia decolonial; Oxum.
ABSTRACT This article pursues to problematize the western feminist assumption of motherhood as a patriarchal mechanism of women oppression, based on the feminine mythical system of Candomblé. Starting from the Nagô myth of Oshun considered here as a decolonial episteme about female procreative potential, our objective is to discuss the maternity institution in its ambiguous aspects of oppression and empowerment. Therefore, through a bibliographical research, we present the contradictions of European and North American white feminist theorists about the experience of motherhood. Subsequently, we discuss the black feminist criticism. Lastly, we use the myth of Oshum, in the context of Candomblé, as an Afro-Brazilian reading key of the maternity institution. Keywords: Motherhood; Decolonial epistemology; Oshun.
* Professora Adjunta do Departamento de Ciências das Religiões do Centro de Educação da UFPB. Mestra e Doutora em Letras (UFPB, 2008/2016). E-mail: leyla.brito@academico.ufpb.br
Conceitos — N. 28 - Dossiê: Mulheres em Resistência (Dez 2021)
77