Jornal da Adufrj-SSind - Edição 815 - 02-09-2013

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PAINEL ADUFRJ

Os médicos cubanos estão chegando Internet

As raízes históricas da medicina de Cuba e a presença dos médicos cubanos em mais de 70 países no mundo. Aqui no Brasil, onde já vieram cuidar de dengue, meningite e contaminados com radiação, eles serão 4 mil. Página 7

www.adufrj.org.br

Livros com o selo da universidade podem ser adquiridos com desconto de 20% Página 6

Hora da decisão

Todos ao Conselho Universitário para barrar a Ebserh Samuel Tosta - 29/08/2013

Nelson Souza e Silva. Professor defendeu proposta de gestão com autonomia para os hospitais

O reitor Carlos Levi convocará para esta quintafeira, 5, sessão extraordinária do Consuni para decidir o destino dos hospitais da UFRJ. Roberto Leher e Nelson Souza e Silva defenderam no conselho um modelo de gestão sintonizado com a autonomia universitária.

Um dia de protestos

Na sexta-feira (30), aconteceu o Dia Nacional de Paralisações convocado pela CSPConlutas e mais sete centrais sindicais. Página 5

Aposentados no centro do debate

Encontro promovido pela AdufrjSSind fez um mergulho nas armadilhas que ameaçam Salatiel Menezes direitos na aposentadoria, como a Funpresp, e armas políticas e jurídicas para enfrentá-las. Samuel Tosta - 28/08/2013

HOSPITAIS UNIVERSITÁRIOS

A Ebserh é incompatível com o Complexo Hospitalar, já aprovado pelo Consuni e integrado ao estatuto de UFRJ.

Saiba quem é Cláudio Ribeiro, candidato a presidente da AdufrjSSind

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PERFIL Silvana Sá - 28/08/2013

Andes-SN Ano XII no 815 2 de setembro de 2013 Central Sindical e Popular - Conlutas

Editora da UFRJ na Bienal

Darlan de Azevedo - 29/08/2013

Samuel Tosta - 30/08/2013

Jornal da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ

Cláudio Ribeiro


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2 de setembro de 2013

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sEGUNDA pÁGINA

Convênio com a Unimed

Professores já podem se associar ao plano

N

esta semana, continuam os plantões especiais para atendimento a professores interessados no convênio firmado com a Unimed. Ao lado, você confere a tabela de valores. Os docentes que preferirem agendar atendimento em suas Unidades, poderão fazê-lo pelo telefone 9969-1348 (Solange). Informações podem ser obtidas também pelo e-mail: solangejm-1957@hotmail. com. Opcionais Odontológico Unimed-dental................ R$ 22,90 SOS Unimed..................... R$ 7,62 SOS Viagem..................... R$ 3,05 Transporte aeromédico... R$ 7,62 Adicionais gratuitos Unimed-farmácia e Unipsico: atendimentos psicológicos personalizados, seguro de vida e benefício família (nos planos de abrangência nacional).

Relação de documentos exigidos para a adesão ao plano:

TABELA DE VALORES Abrangência

Planos

Estadual

Nacionais

Faixa etária

Q. Coletivo

Q. Privativo

Alfa

Beta

Delta

Ômega

00 a 18

91,60

103,70

112,71

139,63

157,96

217,84

19 a 23

123,66

136,31

148,10

180,96

213,23

294,06

24 a 28

139,69

156,69

170,31

207,33

244,75

323,45

29 a 33

153,64

172,39

187,34

229,50

268,80

355,78

34 a 38

158,26

185,26

192,98

244,30

287,95

366,50

39 a 43

177,16

198,76

216,08

251,65

330,41

377,48

44 a 48

230,40

258,47

280,93

342,05

403,12

533,58

49 a 53

286,48

321,39

349,34

409,04

482,16

640,93

54 a 58

343,79

369,63

419,23

508,67

645,61

821,66

59 em diante

549,58

622,20

678,26

837,75

947,30

1.306,81

Preços válidos para os proponentes inclusos até 30/11/2013

1 – o professor titular do plano: contracheque atualizado, comprovante de residência, identidade e CPF.

2 – dependente (esposa(o) ou companheira(o)): certidão de casamento ou Declaração de União Estável lavrada em cartório, mais identidade e CPF. 3 – filhos: certidão de nascimento, identidade e CPF. Importante: O sindicalizado que desejar ingressar no plano deverá fazê-lo sempre até o dia 20 de cada mês para poder ter direito a partir do dia 10 do mês seguinte.

Plantões de atendimento: 02/09/13

03/09/13

04/09/13

05/09/13

10h às 16h

10h às 16h

12h às 17h

Sala da Administração da Sede da Decania do CCJE (Praia Vermelha)

10h às 15h

Prédio do CT, Bloco D, Sala 200 (Fundão)

(segunda-feira) Sala da Administração da Sede da Decania do CCJE (Praia Vermelha)

(terça-feira)

(quarta-feira)

SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DO SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Sede e Redação: Prédio do CT - bloco D - sala 200 Cidade Universitária CEP: 21949-900 Rio de Janeiro-RJ Caixa Postal 68531 CEP: 21941-972

(quinta-feira) IFCS/IH (3º andar, sala da Brigada de Incêndio) (Centro)

Tel: 2230-2389, 3884-0701 e 2260-6368

Diretoria da Adufrj-SSind Presidente: Mauro Iasi 1º Vice-Presidente: Luis Eduardo Acosta 2ª Vice-Presidente: Maria de Fátima Siliansky 1º Secretário: Salatiel Menezes dos Santos 2ª Secretária: Luciana Boiteux 1º Tesoureiro: José Henrique Sanglard 2ª Tesoureira: Maria Coelho CONSELHO DE REPRESENTANTES DA ADUFRJ-SSIND Colégio de Aplicação Letícia Carvalho da Silva; Renata Lucia Baptista Flores; Simone de Alencastre Rodrigues; suplentes: Maria Cristina Miranda da Silva; Mariana de Souza Guimarães; Rosanne Evangelista Dias; Escola de Belas Artes Beany Guimarães Monteiro; Patricia March de Souza; suplentes: Cláudia Maria Silva de Oliveira; Rogéria Moreira de Ipanema; Escola de Comunicação Eduardo Granja Coutinho; Escola de Enfermagem Anna Nery Walcyr de Oliveira Barros; Marilurde Donato; Escola Politécnica José Miguel Bendrao Saldanha; Escola de Serviço Social Rogério Lustosa; Janete Luzia Leite; suplente: Marcos Paulo O. Botelho; FACC Vitor Iorio; Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Cláudio Rezende Ribeiro; Eunice Bomfim Rocha; suplentes: Luiz Felipe da Cunha e Silva; Sylvia Meimaridou Rola; Faculdade de Educação Claudia Lino Piccinini; Rosa Maria Corrêa das Neves; Roberto Leher; suplente: Vânia Cardoso da Motta; Faculdade de Direito Mariana Trotta Dallalana Quintans; Faculdade de Letras Gumercinda Nascimento Gonda; Vera Lucia Nunes de Oliveira; Faculdade de Medicina Romildo Vieira do Bomfim; IESC Regina Helena Simões Barbosa; EEFD Alexandre Palma de Oliveira; Luís Aureliano Imbiriba Silva COPPE Vera Maria Martins Salim Instituto de Economia Maria Mello de Malta; Alexis Saludjian; Instituto de Física José Antônio Martins Simões Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional Cláudia Ribeiro Pfeiffer; suplente: Cecília Campello do Amaral Mello; Coordenador de Comunicação Luiz Carlos Maranhão Editor Assistente Kelvin Melo de Carvalho Reportagem Silvana Sá e Elisa Monteiro Projeto Gráfico e Diagramação Douglas Pereira Estagiário Darlan de Azevedo Junior Tiragem 4.000 E-mails: adufrj@adufrj.org.br e secretaria@adufrj.org.br Redação: comunica@adufrj.org.br Diretoria: diretoria@adufrj.org.br Conselho de Representantes: conselho@adufrj.org.br Página eletrônica: http://www.adufrj.org.br Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da Diretoria.


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Hospitais universitários

Todos ao Consuni do dia 5

Reitor antecipa que o próximo Consuni será decisivo a respeito da futura gestão dos hospitais da UFRJ. No conselho do dia 29, ficou claro que a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares não é a saída para os HUs Samuel Tosta - 29/08/2013

Movimentos apresentam proposta que respeita autonomia da universidade Silvana Sá

silvana@adufrj.org.br

O

tema que demandou mais tempo na sessão do Conselho Universitário do dia 29 de agosto, como já era esperado, foi o debate em torno do modelo de gestão para os hospitais universitários da UFRJ. Antes mesmo de dar a palavra aos expositores, o reitor Carlos Levi afirmou que convocará uma sessão extraordinária para o dia 5 de setembro com o objetivo de deliberar sobre o assunto. Na sessão, as comissões permanentes do Consuni (Legislação e Normas CLN; Ensino e Títulos - CET; e Desenvolvimento - CD) deverão apresentar pareceres sobre os relatórios apresentados por cada um dos grupos técnicos que fizeram os levantamentos sobre os HUs, além de pareceres sobre cada uma das propostas de administração aventadas na sessão do dia 29. Pela quantidade de trabalho e em função do tempo exíguo para dar conta de todas as tarefas, o conselheiro Nilson Barbosa, representante dos técnico-administrativos na CLN, solicitou que o reitor desse um prazo maior, de pelo menos duas semanas, para as comissões permanentes. O reitor, no entanto, não deu atenção ao pedido e manteve, unilateralmente, a convocação. Aos que não estão acompanhando de perto este debate, no Consuni anterior (do dia 22), os grupos técnicos concluíram que, para a UFRJ aderir à Ebserh, são necessárias mudanças no contrato padrão elaborado pela empresa do governo. Estas alterações significariam: estabelecer prazo para o contrato e não ceder patrimônio para a Ebserh. Só que isso é incompatível com a legislação que criou a empresa. Assim, de modo prático, os especialistas, embora favoráveis, apontaram que não é possível a opção governista.

Proposta da reitoria

Roberto Medronho, diretor da Faculdade de Medicina, apresentou a proposta da reitoria, de contrato com a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). Medronho chegou a dizer que não havia com o que se preocupar. Ele citou a Embrapa

Atentos. Estudantes ocuparam a sessão do Consuni, mais uma vez, preocupados com o futuro dos hospitais da universidade (Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária) como exemplo de empresa pública a ser seguido. Acontece que tramita no Senado o PLS 222/2008, que nada mais é do que uma proposta de abrir o capital da Embrapa na bolsa de valores. Medronho entrou em contradição sobre o Ministério da Educação. Primeiro, disse que “o MEC não tem vocação” para atuar junto aos HUs, porque sua “missão específica” está dirigida para o ensino básico e superior. Na frase seguinte, pediu tranquilidade aos conselheiros, porque a Ebserh faz parte da estrutura do MEC.

Educação infantil Foi aprovada, por unanimidade, em sessão especial do Consuni do dia 29 de setembro, a alteração do Estatuto da UFRJ, que acrescenta a Escola de Educação Infantil à estrutura do CFCH. Conforme noticiado no último Jornal da Adufrj, havia uma ameaça do MEC de forçar a transferência da antiga creche universitária para gestão do município. Espera-se que, com o novo caráter da escola, isso seja afastado.

Fortalecimento dos HUs é a proposta dos movimentos Os professores Roberto Leher e Nelson Souza e Silva dividiram o tempo para apresentarem a Proposta de Modelo de Gestão para o Fortalecimento dos HUs. Ela consiste em colocar em pleno funcionamento o Complexo Hospitalar da UFRJ, criado em 2008, na gestão de Aloísio Teixeira. Eles apresentaram números do atual financiamento dos hospitais e quanto eles receberiam, caso funcionassem em rede: o aumento seria na ordem de 70% dos recursos. Leher, representante dos Titulares do CFCH no Consuni, afirmou que o Complexo Hospitalar é um consenso que unifica a universidade, ao contrário da Ebserh, que divide. “Ele está pronto, foi criado pela UFRJ, existe a unidade orçamentária. O Complexo é coerente com o projeto de universidade pública e autônoma”. Leher destacou que a empresa não é um projeto de Estado, mas de governo, e defendeu a autonomia universitária: “Todo o estafe da Ebserh é governamental, indicado pelo governo Dilma. Isso impede que a universidade se mantenha autônoma frente aos go-

vernos. A Ebserh implementará nos hospitais o que a linha do governo mandar, seja ele qual for”. Caso os conselheiros ainda assim queiram celebrar o contrato com a Ebserh, Leher destacou a necessidade de uma sessão especial do colegiado, com quórum qualificado, já que isto representaria uma mudança de estatuto: “Será preciso retirar os hospitais da estrutura da universidade, já que a UFRJ não terá ingerência sobre essas unidades”. Ou seja, aprovar a empresa em uma sessão comum seria uma grave violação institucional, uma vez que a Ebserh é incompatível com o Complexo Hospitalar, já aprovado pelo conselho e integrado ao estatuto da universidade. O docente ressaltou que o ensino, a pesquisa e preceptoria não contam para a progressão dos trabalhadores que serão contratados pela Ebserh: “Somente o tempo de serviço e as metas cumpridas. Ou seja, é um modelo empresarial, totalmente direcionado para a assistência, sem levar em consideração a natureza do hospital universitário”.

Ebserh é ruim para os alunos

Nelson Souza e Silva falou também sobre a separação entre ensino, pesquisa e assistência: “A Ebserh é uma empresa de serviços. Ela não se preocupará em manter ensino e pesquisa associados à assistência. Isso é ruim para os hospitais, é ruim para universidade, é ruim para os nossos alunos”. O professor lembrou que a Ebserh já surge com uma dívida de US$ 1 bilhão, resultado do empréstimo feito pelo Banco Mundial para a constituição da empresa. “Queremos uma empresa que, além de não ter dotação orçamentária, já nasce endividada?”, questionou.

Sem carreira

Paulo Henrique, dirigente da Fasubra, falou, junto de outros dirigentes da entidade, a proposta de reestruturação dos HUs elaborada pela Federação. De acordo com ele, não existirá carreira para os funcionários contratados pela Ebserh. “A empresa não é autônoma para contratar quem ela quiser e nem para realizar progressões. Ela depende da autorização do Ministério do Planejamento”.


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2 de setembro de 2013

Contrarreformas

Os aposentados são o alvo Evento analisa retirada de direitos dos trabalhadores; entre eles, a privatização da previdência dos servidores Fotos: Samuel Tosta - 28/08/2013

Atividade, promovida pela Adufrj-SSind, ocorreu no último dia 28 Elisa Monteiro

elisamonteiro@adufrj.org.br

“A

ssim como os demais funcionários públicos, os professores vêm perdendo direitos, mesmo aqueles adquiridos há muito tempo e que, a princípio, não poderiam ser legalmente retirados”, falou Salatiel Menezes, diretor da Adufrj-SSind, durante o Encontro de Assuntos de Aposentadoria. O evento foi promovido pela Seção Sindical, no último dia 28. “Mesmo em causas claramente justas, o que estamos vendo são muitas dificuldades para ganhar as ações na Justiça. Muitas vezes, os resultados não saem como se imagina”, completou. A atividade contou com a participação das professoras Cleusa Santos e Sara Granemann, ambas da Escola de Serviço Social (onde foi realizado o encontro). Elas discutiram o mundo do trabalho, perda de direitos, aposentadoria e a Fundação de Previdência Complementar dos servidores públicos (Funpresp). No segundo momento, a discussão foi conduzida pelos advogados Carlos Boechat e Ana Luisa Palmisciano, assessores da Regional Rio de Janeiro do AndesSN e da Adufrj-SSind. Os embates da categoria em curso nos tribunais serão tema da próxima edição do Jornal da Adufrj.

Contexto desfavorável

De acordo com Cleusa Santos, está no passado o tempo em que o trabalho “era algo que possibilitava mais acesso a direitos”. Segundo ela, depois da queda do muro de Berlim, e com o decorrente declínio do socialismo europeu, “a organização dos trabalhadores enfrentou uma série de dificuldades”. Para os países fora do centro econômico do capitalismo, a “mundialização” implicou precarização do mundo do trabalho e em reformas políticas antipopulares, na década de 1990, sob a orientação de organismos internacionais como o Banco Mundial. Dentre as consequências, está o aumento dos acidentes de trabalho e adoecimento. “Envelhecer, nesse contexto, não é algo fácil. Não significa coisas boas”, disse Cleusa. Na universidade, segundo ela, estudos indicam que “novas exigências de produção estão afetando a saúde dos pesquisa-

Cleusa Santos (à esq.) e Sara Granemann analisaram a difícil conjuntura para os trabalhadores, nos últimos anos dores”. Por outro lado, a insegurança em relação a direitos faz crescer a procura pela aposentadoria. Dados expostos pela docente mostram um incremento neste tipo de procura na UFRJ: “Entre 2009 e fevereiro de 2013, 456 professores se aposentaram. Isso corresponde a 12% do quadro da instituição”.

Aposentadoria e Funpresp

Sara Granemann avaliou as mudanças na aposentadoria brasileira nas últimas décadas. Em sua avaliação, os dez anos de recolhimento de contribuição pre-

videnciária dos já aposentados (instituída na Reforma da Previdência de 2003) representam uma transição para o modelo de previdência complementar aprovado em 2012. “Os recursos formaram um fundo previdenciário, chamado mais popularmente de fundo de pensão”, afirmou. A professora rebateu a noção de déficit previdenciário, alardeada pelos governos e reproduzida pela mídia comercial: “Há recursos largamente suficiente para garantir aposentadorias dignas para todos, mesmo com a maior longevidade

(dos dias atuais)”, disse. Ela explicou que os cálculos oficiais praticados desconsideram as contribuições patronais (inclusive dos próprios governos, no caso dos servidores). “Desta forma, a conta não vai fechar nunca”, ironizou. Granemann frisou que, apesar de superavitária, a previdência é constantemente desguarnecida pela remessa de seus recursos para uma conta única do Tesouro Nacional que serve, posteriormente, para pagamento da dívida pública ativa. “Dinheiro não falta”, disse.

Governo confisca dinheiro dos servidores De acordo com Salatiel Menezes, diretor da AdufrjSSind, tal como previsto em lei, as contribuições devem implicar obrigatoriamente em “retribuição”. Desta forma, a interpretação jurídica do Andes-SN é de que o desconto aos aposentados (depois da Reforma de 2003) “não é contribuição, é confisco mesmo”. Salatiel informou que a campanha pela inclusão da Emenda Constitucional nº 555, que reverte a obrigatoriedade da contribuição pelos aposentados, na pauta de votações do Congresso, é uma das principais bandeiras do Sindicato Nacional.

Outra frente de luta tenta modificar o tratamento dos aposentados na nova carreira. No caso, o problema diz respeito, sobretudo, aos Adjuntos, do nível 4, aposentados: “São pessoas que, academicamente, teriam todas as condições para se aposentar como Titulares e não o foram porque não havia vagas à época. O governo disse que os aposentados ficam congelados onde estão”, disse, ainda, Salatiel. “Nossa briga é pela transposição, o Sindicato (Nacional) defende que se a pessoa aposenta, por exemplo, no penúltimo nível da (antiga) carreira, que con-

tinue a receber o referente ao penúltimo nível (da carreira em vigor).”

Salatiel Menezes

E quanto aos professores?

No caso dos professores federais, a nova carreira aprofunda os prejuízos entre os mais frágeis. A quebra de integralidade e paridade, aprovada na reforma previdenciária de 2003, é reforçada na carreira de 2012: “Os direitos não são estendidos aos aposentados”. Para os novos quadros na carreira, alerta Sara, o futuro é ainda mais incerto. O golpe mais recente foi a fixação de teto para aposentadoria dos servidores no mesmo patamar do regime previdenciário dos regidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). “Atualmente, o equivalente a R$ 4,2 mil, arredondando para cima. Ou R$ 4 mil, arredondando para baixo”. O limite busca pressionar os servidores para adesão à Funpresp. Sara chama atenção para o destino desse dinheiro: “Ele poderá ser investido em ações como as da Vale (Companhia Vale do Rio Doce) ou as do Eike Batista. Outra possibilidade é servirem para compra de títulos da dívida pública. No mundo todo, os fundos de pensões não possuem história alegre e dadivosa para os trabalhadores. São dadivosas apenas para aqueles que aplicam os recursos”.


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bRASIL

Ebserh, PM e Amarildo nos protestos de 30 de agosto No Rio de Janeiro, esses foram os temas se destacaram nas atividades do Dia Nacional de Paralisações

N

a Candelária, tradicional palco das lutas populares, manifestantes destacaram a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh) como a principal ameaça tanto à saúde quanto à educação públicas. A professora Sara Granemann, da Escola de Serviço Social da UFRJ, convocou todos a participarem da sessão do Conselho Universitário que vai deliberar sobre o modelo de gestão dos HUs da instituição. “Precisamos barrá-la (a empresa) de vez na próxima quinta (5/9)”, frisou. “Médicos, assistentes sociais, alunos... em suma, a maior parte da comunidade acadêmica não aceita esta proposta”. O pronunciamento ocorreu durante o Dia Nacional de Paralisações, na sexta-feira, 30 de agosto. O protesto também reivindicou 10% do PIB para a educação pública, o fim do PL 4.330, das terceirizações (leia matéria na página 6) e a desmilitarização da polícia. A corporação agiu mais uma vez de forma opressiva, fazendo cercos ao ato e promovendo revistas nos participantes da passeata, que seguiu até a Assembleia Legislativa do Rio. Um estudante chegou a ser abordado por um tenente da PM e obrigado a abrir a mochila, além de mostrar os documentos. “Ele justificou a suspeita por conta de uma ‘cara feia’. Eles estão agindo arbitrariamente, não para proteger o Estado, mas o governador, que assinou um ato executivo permitindo este absurdo”, criticou uma docente de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora, que preferiu não se identificar.

Fotos: Samuel Tosta - 30/08/2013

Manifestação terminou nas escadarias da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro

Professores da UFRJ compareceram ao ato do dia 30

Leilões do petróleo foram questionados

Cadê o Amarildo?

Ainda em relação à truculência da PM, foi lembrado o mais emblemático desaparecimento de um cidadão na democracia brasileira: “Ole-lê, ola-lá,/A Rocinha quer saber/Onde o Amarildo está”. (Rodrigo Ricardo – especial para o jornal)

Políticas de saúde privatizantes de todas as esferas governamentais foram severamente criticadas

Sônia Lúcio, do Andes-SN


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Livros

Editora da universidade marca presença na Bienal Títulos com o selo da UFRJ serão encontrados com 20% de desconto até o fim do evento, neste dia 8 Professores podem entrar de graça no Riocentro Darlan de Azevedo Estagiário e Redação

O

s amantes de leitura já estavam ansiosos. Mas, desde 29 de agosto, o Rio de Janeiro voltou a receber a XVI Bienal Internacional do Livro, no Riocentro, Barra da Tijuca. O ingresso custa R$ 14, mas estudantes, maiores de 60 anos e portadores de necessidades especiais pagam meia-entrada (professores e bibliotecários têm acesso gratuito). Durante os 11 dias de feira (o evento vai até 8 de setembro), a Editora UFRJ mais uma vez está presente no estande coletivo da Abeu (Associação Brasileira de Editoras Universitárias). Além da UFRJ, instituições como UFF, Uerj, UFJF, UFRN e Mackenzie também fazem parte do estande da Abeu, localizado no pavilhão laranja (o primeiro dos três, logo na entrada do público no Riocentro). O motivo dessa união é a melhor visibilidade, já que a área é muito extensa: antes dispersas pelo evento, agora ficam todas juntas, seguindo uma proposta da Editora UFRJ. E ocupar um espaço que reúne muitas editoras das melhores universidades do país tem chamado a atenção do público não só acadêmico, mas de um grupo diversificado de visitantes que geralmente está interessado em estudar política, filosofia e ciências exatas. Como a variedade é imensa, a aglomeração de editoras ajuda na busca do

público, que, ao procurar um livro, acaba encontrando outros interessantes.

Descontos de 20%

Atração para vários visitantes, os descontos da Editora UFRJ, nesta edição funcionam de maneira diferente: na última Bienal, os livros sofriam deduções no valor ao longo do evento e de acordo com a procura (os menos comprados ficavam mais baratos); desta vez há uma redução tabelada de 20% para todos eles, durante toda a feira. “Isso valoriza o público que vai nos primeiros dias e

Além da UFRJ, instituições como UFF, Uerj, UFJF, UFRN e Mackenzie também fazem parte do estande da Abeu, localizado no pavilhão laranja que, antigamente, saía prejudicado”, afirma Maria do Socorro Moura, assessora de imprensa

da Editora.

Catálogo e novos títulos

Alguns títulos do estande ganharam grande visibilidade na mídia e estão entre os mais procurados. É o caso do livro mais recente da crítica cultural argentina Beatriz Sarlo: Sete ensaios sobre Walter Benjamin e um lampejo. O acervo também é composto por autores da universidade, como é o caso de A prova de redação e o acesso à UFRJ, do decano do CFCH, Marcelo Macedo Corrêa e Castro. Professor da Faculdade de Educação, ele trata das redações Darlan de Azevedo - 29/08/2013

das antigas provas de vestibular da instituição, anteriores à adoção do Exame Nacional de Ensino Médio (Enem) como meio de acesso exclusivo – Marcelo concedeu entrevista ao Jornal da Adufrj nº 807 sobre o tema. Também estão em destaque na exposição da Editora UFRJ: Práticas pedagógicas na pósmodernidade, organizado por Nilma Lacerda, Vera Helena Ferraz de Siqueira e Regina Lúcia Faria de Miranda; E. P. Thompson e A tradição de crítica ativa do materialismo histórico, de Marcelo Badaró Mattos; entre outros.

Notas

Horários

Dias de semana: 9h às 22h Fins de semana: 10h às 22h

Gratuidade para professor

Estande das editoras universitárias fica no pavilhão laranja, logo na entrada do público

Professores de Escolas ou Universidades das Redes Públicas e Particulares devem dirigir-se ao guichê de credenciamento tendo em mãos documento de identificação com foto e um dos documentos a seguir: Carteira de Trabalho com o cargo Professor, Carteira de Professor da Escola Municipal, Carteira de Professor da Escola Estadual, Contracheque atual com cargo de Professor, Cartão do INSS (caso seja Professor aposentado), Diploma (ou cópia) de licenciatura em Letras e/ ou Pedagogia, Carteira do Sinpro (Sindicato Nacional dos Professores) ou Carteira do CREF (Conselho Regional de Educação Física).

Congresso Nacional

PL da terceirização pode ser votado em breve Projeto representa ameaça a todos os trabalhadores

S

egue a luta pela retirada ou rejeição completa do Projeto de Lei 4.330, das terceirizações. O PL abre espaço para a consolidação da terceirização em todos os setores,

provoca o avanço da superexploração ao trabalhador e desregulamenta todos os direitos que atualmente são garantidos pela Consolidação das Leis de Trabalho (CLT). Os empresários, agora com apoio aberto do governo federal, insistem em sua aprovação. A votação na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara dos Deputados está prevista para

terça-feira, 3. Caso não ocorra, será adiada para o dia seguinte. Esta votação possui caráter terminativo, ou seja, se o PL for aprovado na Comissão, irá direto para o Senado Federal, sem passar pelo Plenário da Câmara. No último episódio acerca da discussão sobre o PL, o governo apresentou uma proposta de redação que atende a todos os pedidos do empresariado.

Por outro lado, os empresários e o governo mantêm uma negociação envolvendo algumas centrais sindicais – CUT, Força Sindical e UGT –, pois querem apoio destas entidades para aprovação do projeto. “É preciso garantir, nos dias 3 e 4 em Brasília, a presença de representantes dos sindicatos de trabalhadores para pressionar a CCJ a retirar da pauta

ou rejeitar este projeto de uma vez por todas. E para cobrar das centrais que ainda estão negociando, que saiam deste processo e se somem à exigência de retirada ou rejeição deste projeto. Não há o que negociar. Terceirização é ruim de qualquer jeito”, afirma a CSP-Conlutas. (Fonte: CSP-Conlutas, com edições do Andes-SN e da Adufrj-SSind)


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DA REDAÇÃO

Os cubanos estão chegando

Mas (com a Revolução) houve um investimento muito grande na saúde. Che Guevara (Ernesto, dirigente do novo poder), que era médico, elaborou um sistema para fazer uma medicina comunitária e formar um grande número de profissionais para viver dentro das comunidades, para fazer uma medicina preventiva. E deu certo.

Entrevistada pelo jornalista Jorge Pontual para o programa Sem Fronteiras da GloboNews, a socióloga americana Julie Feinsilver estuda há mais de 30 anos a medicina cubana e a presença de médicos cubanos ao redor do mundo. Ela é autora do livro Curando as massas, a política interna e externa de saúde de Cuba. Veja alguns trechos do que Julie Feinsilver disse ao repórter brasileiro.

Cuba hoje tem índices de saúde comparáveis ou até melhores que os Estados Unidos e os de países da Europa. Cuba é o país do mundo com o maior número de médicos per capita, 6,7%, uma coisa extraordinária, três vezes a taxa dos Estados Unidos.

E com esse excedente, Cuba envia, há décadas, médicos para países pobres, para países onde acontecem catástrofes naturais etc. ou carentes na assistência de saúde. Este programa – que tem a medicina cubana como protagonista – é considerado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) como modelo para o resto do mundo.

Vida de Professor

A OMS gostaria que o modelo cubano fosse adotado em outros países: esta medicina em que o médico vive na comunidade, esta medicina em que o médico está 24 horas à disposição dos pacientes naquele lugar onde ele vive. . O que a socióloga diz é que em muitos países, como a Venezuela, a Bolívia e a África do Sul, onde há muitos médicos cubanos, houve uma resistência enorme das

Medicina cubana é exemplo para o mundo, segundo a Organização Mundial da Saúde Os médicos cubanos estão presentes em mais de 70 países. Ou seja, atendem milhões de pessoas, pelos cálculos de Julie Feinsilver. Nesses países atendidos pelos médicos cubanos, como o Haiti, há milhões de pessoas muito gratas porque o método adotado por esses médicos os tornam muito populares. Na África, segundo a socióloga americana, seiscentos mil casos de cegueiras provocadas por deficiência de vitaminas foram tratados por médicos cubanos.

Cuba tem índices de saúde comparáveis ou até melhores que os EUA e a Europa

Serão 4 mil médicos cubanos que (ao lado de médicos de outras nacionalidades) vão clinicar em locais pobres e remotos do Brasil

Quando aconteceu a Revolução Cubana (1959), metade dos médicos fugiu para Miami. Cuba ficou com apenas três mil médicos e só tinha 14 professores na Faculdade de Medicina. A medicina em Cuba estava ameaçada de acabar.

associações de médicos locais (“como está acontecendo agora no Brasil”, observação do repórter). . A razão dessa resistência é a mudança do modelo da medicina que se pratica. O modelo cubando é diferente, muito mais popular, muito mais comunitário. Então há resistências a esta inovação. (“É uma revolução mesmo na medicina”, observação de Jorge Pontual).

Jorge Pontual, ao final da entrevista, conclui: “A medicina cubana é um exemplo para o mundo. Temos que tirar o chapéu.”

E mais ... Os brasileiros vão conviver com esses médicos. Mas não é a primeira vez. Em 1992 eles estiveram em Goiás para tratar de vítimas do Césio 137, contaminados com material radioativo. Na década de 1990 foram a Niterói tratar de epidemias de dengue e meningite. Diego Novaes


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www.adufrj.org.br

2 de setembro de 2013

Eleições para a Adufrj-SSind

Uma primeira apresentação

Silvana Sá - 28-08-2913

Candidato a presidente da Adufrj-SSind, biênio 2013-2015, Cláudio Ribeiro conta sua trajetória

Silvana Sá

silvana@adufrj.org.br

O

professor Cláudio Ribeiro recebeu o Jornal da Adufrj no último dia 28. Em conversa de mais de uma hora e meia, revelou como um mineiro de Belo Horizonte (é torcedor do Atlético-MG) veio parar na UFRJ. E como se interessou pela candidatura a presidente da Seção Sindical, biênio 20132015, pela chapa “Adufrj de Luta e Pela Base”. Na próxima edição, serão destacados os pontos políticos defendidos pelo grupo. As eleições ocorrem em 11 e 12 de setembro. Cláudio possui 37 anos. Estudou Arquitetura e Urbanismo na Universidade Federal de Minas Gerais, onde se graduou em 2000. Atuou alguns anos em um escritório particular de sua área e chegou ao Rio de Janeiro, em 2004, para fazer o mestrado no Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (IPPURUFRJ). Para a dissertação, estudou a Maré, comunidade vizinha ao campus do Fundão. Cláudio explicou que sua aproximação com a Maré, na época do mestrado, ocorreu em um momento que estudava o discurso ambiental utilizado para legitimar ações de segregação. “Tínhamos muito contato com estudantes que moravam na Maré nos grupos de pesquisa e acabamos nos envolvendo bastante com a comunidade”. Na época, havia o projeto de murar a Maré

Minha mãe é professora e essa realidade esteve presente na minha casa também

com concreto. O projeto foi aprovado na Alerj, mas vetado pela então governadora Rosinha Garotinho. “Chegamos à conclusão de que o veto só ocorreu porque seria um custo político muito alto sustentar que a comunidade deveria ser murada para proteger os usuários da Linha Vermelha da violência. Começou, então, a surgir o discurso ambiental de que, na verdade, a comunidade precisava ser protegida acusticamente do barulho da via. Então veio o que existe hoje”. Logo depois, ele entrou para o doutorado na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, concluído em 2009. A pesquisa debateu conflitos da memória no espaço, cujos objetos eram os prédios históricos na cidade: “Meu viés de pesquisa tem sempre um caráter de urbanismo crítico”, explicou. Quando finalizou o doutorado, Cláudio passou por uma experiência de dois anos em uma instituição de ensino superior privada: “Dei aulas na pós-graduação da Cândido Mendes, em Campos. Foi interessante, porque pude acompanhar os conflitos e dilemas pelos quais os colegas de universidades privadas passam. A precarização na profissão é uma questão presente em todas as esferas (pública e privada)”, disse. O professor retornou à UFRJ em 2011, quando passou no concurso para Adjunto do Departamento de Urbanismo e Meio Ambiente da FAU. Ele dá aulas na graduação, mas também realiza pesquisas no Laboratório de Direito e Urbanismo, também naquela Unidade: “Apesar de não dar aulas na pós-graduação, nunca abandonei a pesquisa. É algo com o que me identifico muito”, observou. Nessas recentes pesquisas, Cláudio tem se dedicado a debater a privatização do espaço público. Desenvolve ainda, há um ano, uma pesquisa teórica sobre urbanismo e periferia, com base na obra do geógrafo Milton Santos (1926-2001). História das Teorias Urbanas é a sua disciplina na graduação.

A sala de aula é o momento mais enriquecedor. É a garantia de que a gente vai se renovar

Contato mais forte com o movimento docente iniciou-se na greve do ano passado

O interesse pela luta sindical e o desejo de ser professor

De acordo com ele, o envolvimento com o movimento estudantil foi muito importante para a sua formação. Cláudio participou do Diretório Acadêmico da Arquitetura da UFMG por três anos. E, ainda, como diretor regional, da Federação Nacional de Estudantes de Arquitetura. Em casa, os debates políticos também eram muito fortes. Além disso, ter sido bolsista de iniciação científica contribuiu para que se aproximasse da pesquisa: “Percebi o quanto isso me agradava e quão rica é a profissão de professor. Minha mãe é professora e essa realidade esteve presente na minha casa também”. Ao se tornar professor da UFRJ, sentiu mais intensamente a necessidade de repensar a questão do ensino e das condições de trabalho. O entendimento de que o Sindicato precisaria fazer parte da sua vida se deu logo que tomou posse. A sindicalização foi uma das suas primeiras atitudes. Depois, veio a greve do Colégio de Aplicação, quando 28 professores substitutos ficaram sem receber salário por meses: “Minha esposa é professora do CAp e foi uma das que ficou sem receber. Acompanhei muito de perto o processo da greve no CAp, com a atuação direta da Adufrj-SSind”. E, por pouco, não pôde tomar posse como docente da universidade: “Na época, a (presidenta) Dilma anunciou um corte e bloqueou uma série de posses em cargos públicos. Inclusive a minha e

Atenção ao processo eleitoral Inscrição de listas para o Conselho de Representantes até este dia 2 de setembro.

Eleições – 11 e 12 de setembro São candidatos os docentes sindicalizados até 14 de maio de 2013. São eleitores os docentes sindicalizados até 13 de julho deste ano.

a de minha mulher ficaram ameaçadas. Foi uma luta grande até conseguirmos entrar na UFRJ”. O produtivismo e a precariedade do trabalho são notados desde cedo pelos professores, antes mesmo de ingressarem na carreira. “A minha geração é a geração de professores que já foi formada na pós-graduação com um caráter quantitativo e produtivista. O tempo é sempre muito escasso. O Curriculo Lattes ganhou força quando eu estava no mestrado. Desde então, já sentíamos a precariedade do trabalho”. O contato direto com a Seção Sindical, porém, aconteceu no período da greve de 2012: “Embora eu estivesse filiado desde que entrei na UFRJ, o primeiro contato mais forte foi na primeira assembleia que deflagrou a greve, no ano passado”.

Precarização das condições de trabalho deve ser combatida

O produtivismo e a precarização das condições de trabalho são os pontos que o docente considera mais negativos na profissão. Apesar disso, o que o inspira é a relação com os estudantes: “A sala de aula é o momento mais enriquecedor. É a garantia de que a gente vai se renovar. A possibilidade de ajudar na formação de alguém traz muita satisfação. Venho pra universidade resolver um monte de problemas, mas eles acabam na hora em que entro em sala de aula. Lutar por melhores condições de trabalho não significa querer dar menos aula, significa lutar para melhorar a qualidade dessas aulas, das discussões, da formação desses estudantes. Isso é imprescindível”.


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