Painel Adufrj
Histórias de insurgência no futebol brasileiro
Internet
Maria Malta explica que o objetivo é integrar a UFRJ a atividades de formação não tradicional Página 4
Elisa Monteiro - 03/12/2013
Nasce a Universidade da Cidadania
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Assembleia Geral
Jornal da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ
11 de dezembro quarta-feira - 18h
Andes-SN Ano XII no 829 9 de dezembro de 2013 Central Sindical e Popular - Conlutas
Auditório da Escola de Serviço Social, campus da Praia Vermelha
Pauta:
- Informes; - 33º Congresso do Andes-SN; a) Discussão do Caderno de Textos b) Delegação para o 33º Congresso - Formação de grupos de trabalho da Adufrj-SSind; - Campanha de filiação.
Como recuperar um hospital em crise?
Marco Fernandes - 02/08/2013
Eduardo Côrtes, o diretor eleito do HUCFF, responde esta pergunta em entrevista exclusiva ao Jornal da Adufrj. Página 8
Internet
Marco Fernandes - 05/12/2013
Nelson Mandela 1918 =2013
Ao noticiar a morte de Mandela, a mídia conservadora tentou sequestrar a história, exaltando o lado “conciliador” do primeiro presidente negro da África do Sul. Mas foi a sua coragem para enfrentar o governo segregacionista da minoria branca que pôs abaixo o apartheid e que lhe custou quase três décadas de cárcere. “Quando é negado a um homem o direito de viver a vida na qual ele acredita, ele não tem outra alternativa a não ser se tornar um fora da lei.”
Cor e Classe na UFRJ
Uma mesa formada só por negros, imagem raríssima na UFRJ, foi protagonista do debate “Cor e Classe na sociedade brasileira”, apoiado pela Adufrj-SSind, na tarde/noite de quarta-feira, 4 de dezembro – dois dias antes da morte de Nelson Mandela, símbolo da luta antiapartheid. Página 6
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9 de dezembro de 2013
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UFRJ
Côrtes defende autogestão Contrário à Ebserh, diretor eleito do HUCFF enaltece capacidade de administração da UFRJ
Extraquadros
Silvana Sá
silvana@adufrj.org.br
O
diretor
elei-
to do Hospital Universitário
Clementino
Fraga
Fi-
lho (HUCFF), professor Eduardo Côrtes, concedeu entrevista ao Jornal da Adufrj. Ele falou das primeiras ações que tomará a partir de sua posse, marcada para 19 de dezembro. Côrtes
conseguiu
o
feito inédito de vencer a eleição para o HUCFF nos três segmentos: docente,
técnico-adminis-
trativo e estudantil. Ele, mesmo antes de se candidatar ao cargo máximo do hospital, já se colocava radicalmente contra a assinatura do contrato entre a UFRJ e a Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares
(Ebserh).
Ao lado, você poderá acompanhar, por temas, as ideias do professor para a gestão do maior hospital da UFRJ.
Durante a campanha, Côrtes chegou a afirmar que buscaria uma solução mais justa e humana possível para solucionar o problema dos profissionais extraquadros que atuam no HUCFF. “Em muitos setores, os melhores trabalhadores são extraquadros. Como ficaremos sem essas pessoas? O concurso precisará ser realizado. Vamos estudar uma opção, dentro da lei, que pontue, como uma espécie de prova de títulos, a experiência prévia. O currículo precisa valer ponto. O Sintufrj já se dispôs a ajudar criando cursos preparatórios para os nossos funcionários e o hospital disponibilizará as salas”, afirmou o dirigente eleito.
Marco Fernandes - 18/11/2013
O professor Eduardo Côrtes, durante um dos debates da campanha eleitoral para o HU
Auditoria do TCU
Um dos graves problemas apontados pelo relatório do Tribunal de Contas da União são as áreas de compras e licitações do hospital, cuja resolução já está em curso via Pró-reitoria de Gestão e Governança (PR6). Outro problema indicado pelo TCU foi uma dívida de R$ 8 milhões herdada com a Fundação José Bonifácio. “Estive com a professora Lucila Perrota (diretora adjunta da atual gestão do HUCFF) e ela me disse que o hospital não tem dívidas. Informações detalhadas eu só terei depois que tiver acesso às contas”, disse.
Financiamento
Eduardo Côrtes esteve na direção geral do hospital e foi informado de que o HUCFF está sem dinheiro. “Eles me disseram que o dinheiro do Rehuf (programa de reestruturação dos hospitais universitários federais) esse ano foi menor que no ano passado e que o hospital está comprando insumos em quantidades muito menores. Eu vou conversar com a reitoria porque o hospital não pode fechar. A reitoria e o MEC precisam se comprometer em manter o hospital aberto até começarem a aparecer os frutos da nova administração”. O novo diretor avisou que já trabalha na melhoria das cobranças dos serviços prestados ao SUS. “O HU perde muito dinheiro por não ter um sistema de cobrança. Há uma estimativa de perda de 40% do que poderíamos arrecadar com o SUS por falta de gente treinada, por falta de um sistema organizado e fiscalizado”.
Gestão dos hospitais
“Eu sempre defendi que a universidade brasileira, especialmente a UFRJ, que é a maior das federais, tenha e desenvolva sua capacidade de autogestão. Isto está na Constituição. Uma universidade que tem uma das melhores escolas de administração em níveis de graduação e pós-graduação do país (nesse ano, a Coppead foi considerada a melhor da América Latina) não pode dizer que não é capaz de administrar seu hospital. Mais do que isso, temos a obrigação de desenvolver uma administração hospitalar moderna, integrada com o século XXI”, observou o docente. Ele disse que fará uma “forçatarefa” para criar um curso de gestão hospitalar.
Pressão para aderir à Ebserh
“Não posso acreditar que governo algum vá fazer pressão financeira contra uma universidade que usa de sua prerrogativa constitucional para decidir se quer ou não ser administrada por fora. Porque se o governo fizer isso, ele estará indo contra a lei. Não aceitamos ser discriminados ou perder verbas por isso”, afirmou o docente. Quanto à relação com a Ebserh, em
“
As áreas mais prioritárias para o treinamento das nossas equipes são em compras e licitações
“
Posse será em 19 de dezembro
Brasília, que assumiu o lugar da extinta Coordenação Geral dos Hospitais Universitários no MEC, a CGHU, Côrtes afirmou que a relação se dará “sem nenhum problema”. “Vamos trabalhar juntos. E vamos atuar para que seja flexibilizada a legislação para os hospitais. As normas precisam ser condizentes com um local que tem pessoas doentes, que podem morrer caso não existam determinados procedimentos e recursos”.
Equipe
O diretor eleito informou que segue organizando uma equipe de trabalho e que, nos próximos dias, deverá divulgar todos os nomes. Mas adiantou que o professor Eduardo Fraga, coordenador de Atividades Educacio-
nais do hospital, permanecerá no cargo. “É uma coordenação de grande relevância do hospital. Organiza concursos, coordena todas as atividades na área de graduação, pós-graduação, estágios, residências”.
Comissão da reitoria
“Quando decidi me candidatar, tive uma reunião com a professora Aracéli (Ferreira, pró-reitora de Gestão e Governança) para me apresentar como candidato e obter informações sobre o trabalho dela”. Depois da eleição, o professor já conversou com a pró-reitora por telefone e agendou outra reunião para ter acesso aos dados já levantados pela PR-6. “O trabalho dela (Aracéli) é muito interessante porque o hospital tem deficiências em muitos setores. Ela se dispôs a ficar aqui o tempo necessário, mas nós precisamos andar com nossas próprias pernas”. O diretor eleito disse que a reitoria encaminhará um profissional treinado em compras para atuar no HU, treinando as equipes do hospital. “As áreas mais prioritárias para o treinamento das nossas equipes são em compras e licitações”. O futuro diretor afirmou que não entende o trabalho de apoio da PR-6 como intervenção no hospital.
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UFRJ Marco Fernandes - 02/08/2013
Côrtes pretende se reunir com a reitoria com o objetivo de discutir o financiamento para construção de um novo hospital. Tendência é que seja construído ao lado do atual, no terreno onde ficava a “perna seca”, implodida em dezembro de 2010
Novo hospital
Na época da implosão da “perna seca” do HUCFF, em dezembro de 2010, o então reitor Aloísio Teixeira (falecido em 2012) chegou a afirmar que o MEC e o Ministério da Saúde haviam se comprometido com a universidade no financiamento para a construção de um novo hospital, que seria erguido no terreno desocupado pela ala demolida. Sobre esse assunto, Côrtes se reunirá com o reitor Carlos Levi e com o vicereitor, Antônio Ledo. “Essa é uma bandeira pela qual vamos lutar intensamente”. Ele, porém, não confirmou o local de construção desse novo hospital, mas disse que será uma importante realização da universidade.
Estrutura do HUCFF
“A melhor garantia de um bom ensino em saúde é ter um bom hospital. O que ocorre hoje é que nosso hospital não está bom. Nosso hospital não tem leitos suficientes”, afirmou Côrtes. Ele pretende ampliar os leitos do HU para 470. “Estamos vendo a questão da licitação da obra do 11º andar da Ala D. Isso aumentaria de imediato os leitos. Eu ainda não tive acesso a essa documentação, só sei que a obra está atrasada por problemas de licitação. Não há um impedimento físico para a reabertura daquela ala”. Ou-
tras medidas anunciadas são: aumentar o número de cirurgias e de leitos do CTI, recuperação de equipamentos e aumento do número de procedimentos diagnósticos. “Isso serve de treinamento e otimiza o fluxo de pacientes no hospital, reduzindo o tempo de internação. Se eu interno 500 pacientes por ano, os alunos são expostos a 500 leitos. Se eu aperfeiçoo o funcionamento desse hospital e interno 700 pacientes, eu aumento em 50% o meu número de leitos no mesmo hospital”.
Emergência
“É preciso reabrir a emergência. Para isso, precisamos de gente. Eu lamentei que nos recentes concursos para a UFRJ não tem nenhum médico para serviço de emergência. Esse hospital não pode ficar com a emergência fechada. Com o apoio da reitoria, iremos até Brasília reivindicar as vagas para a emergência. Eu
gostaria que a emergência fosse reaberta agora, mas é muito difícil prever em quanto tempo ela será efetivamente reaberta. Como não tenho dados ainda, não sei quantas pessoas trabalham aqui, quanto tempo elas trabalham. Eu gostaria muito, inclusive, que fosse criada a especialidade Medicina de Emergência e a Enfermagem de Emergência. Isso criaria uma residência médica em emergência. Com isso, daríamos um tom acadêmico a esse setor que hoje é puramente assistencial”.
Representação estudantil
“Queremos que os estudantes tenham assento nos conselhos superiores do hospital, mas nem sempre o assento é suficiente. É preciso criar uma forma de ouvi-los. Além disso, estamos estudando a melhor forma de realizar audiências públicas. Em 2014, queremos fazer a primeira audiência pú-
blica de hospital universitário. Nenhum outro HU do Brasil faz isso. E nós queremos não só a participação dos estudantes, como também de toda a sociedade. Será um momento de ouvir e também prestar contas sobre nossas ações. Ter transparência”.
Retomada da excelência do HUCFF
“Costumo perguntar para as pessoas que tipo de hospital elas querem: de excelência, bonzinho, mais ou menos ou queremos empurrar com a barriga por mais quatro anos? As pessoas costumam responder que querem um hospital de excelência. Para isso, o trabalho de cada pessoa aqui deve ser também de excelência. Nossos antigos professores deixaram esse legado para a minha geração. Quando vim trabalhar aqui, o HUCFF era um dos três melhores do país.
Eleições para a Congregação da Medicina Novas regras, editadas após prazo-limite de inscrição de chapas para representação docente, geram confusão na Unidade. O professor da Faculdade de Medicina e também diretor da Adufrj-SSind, Romildo Bomfim, pediu impugnação das novas normas para eleição de representação docente na Congregação da Faculdade de Medicina. A mudança no re-
gulamento ocorreu após o fim do prazo limite para inscrição de chapas (26 de novembro, às 16h). Naquela ocasião, apenas uma chapa, a do professor Romildo, havia se inscrito. As novas regras, com a prorrogação do prazo das inscrições, entraram em vigor no dia 28 de novembro, dois dias após o prazo-limite, sob a justificativa de correção do núme-
ro de vagas para as representações docentes. Entretanto, o professor Romildo afirma que o novo edital não contém mudanças quanto ao número de representantes na classe dos Assistentes. O documento foi encaminhado à Comissão Eleitoral da Faculdade de Medicina no dia 5 de dezembro. A Comissão ainda não deu resposta.
Essa foi uma das razões da minha candidatura. Pensei: eu não posso me aposentar sem nem ao menos ter tentado melhorar o legado que a minha geração deixará para os futuros profissionais e estudantes que aqui atuarão”.
Modernização do ensino
Além disso, o docente estuda uma reformulação do funcionamento acadêmico do hospital. “Muitas áreas ainda não são utilizadas pelos alunos. Um exemplo é a Patologia Clínica. Serviços de consultoria do hospital também podem ser abertos aos estudantes. Temos que modernizar o ensino do hospital. É preciso treinar os estudantes para suas decisões, tanto em planejamento diagnóstico, quando tratamento terapêutico”.
Transição
Ele já esteve com a professora Lucila Perrota, diretora-adjunta do HUCFF, que informou que todas as divisões estão instruídas a abrir as informações necessárias à nova gestão. Além disso, Côrtes garantiu que está indo aos locais de trabalho ver as condições de trabalho dos profissionais que atuam no hospital. “Agora é a oportunidade de conhecer mais a fundo essa realidade. Conheço muita coisa, mas agora, como gestor, a responsabilidade aumenta nesse sentido”.
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9 de dezembro de 2013
Extensão
Professora do Instituto de Economia explica iniciativa Elisa Monteiro
elisamonteiro@adufrj.org.br
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riar pontes de diálogo com conhecimentos não acadêmicos. Esse é o propósito da Universidade da Cidadania (UC), mais novo órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura. “A UFRJ talvez seja o maior agregador de projetos dessa natureza. Principalmente na região do entorno da Cidade Universitária, no Fundão, onde existe uma infinidade de programas que realizam ações diretas e acessórias a entidades e a movimentos da região”, explica Maria Malta, professora do Instituto de Economia e diretora da UC. A abertura da instituição “para sujeitos que não estarão na universidade de outra forma senão pela extensão” é um dos objetivos da iniciativa. Mas a professora deixa claro que não haverá concorrência com a Pró-reitoria de Extensão (PR-5): “Vamos atrair os programas da UFRJ que tenham foco no aspecto da formação”, diz. De acordo com Maria Malta, o modelo de ensino universitário é restritivo: “Muitos não conseguem acompanhar, não pelo conteúdo, mas pelo formato. O ensino tradicional é muito repartido, demora, leva tempo demais. Em nossos cursos, cada 15 horas correspondem a um crédito e eles podem ser agrupados em 30h, 60h”, afirma, sobre a segmentação curricular. “Dependendo do caso, a experiência intensiva pode ser mais interessante em termos de aproveitamento individual e coletivo”. Para Maria, aliás, a noção de “turma” sai prejudicada em alguns cursos de graduação. “Também nesse aspecto, a educação popular tem a acrescentar à universidade. Há sempre uma preocupação com o conhecimento do conjunto”.
Estrutura
A Universidade da Cidadania ainda não possui uma infraestrutura física compatível com as especificidades da educação popular. Porém, um espaço, que se chamará Escola Superior da Cidadania, já está reservado no Plano Diretor da UFRJ. Ele ficará nas imediações do posto do corpo de bombeiros, no Fundão: “O papel social da universidade não se esgota na formação de profissionais qualificados, de cientistas e pesquisadores; ela tem o compromisso igualmente de formar cidadãos, aptos a pensarem criticamente e a serem agentes de transformação de nossa sociedade, marcada por profundas desigualdades, pela injustiça social e ambiental”, justifica o plano. Será um lugar com auditórios, salas de reunião, escri-
Universidade da Cidadania
Embrião de projeto busca integrar atividades da universidade voltadas para a formação não tradicional Elisa Monteiro - 03/12/2013
A luta da extensão universitária A diretora da UC, Maria Malta, avalia que a universidade ainda não superou a noção equivocada de Extensão como primo pobre da Academia. “Muitas vezes, a extensão é entendida como uma espécie de militância e não é contabilizada pelos dirigentes e gestores na carga horária”. Malta espera que uma recente resolução do Conselho de Ensino e Graduação pelo cumprimento de 10% de atividades na área de extensão, em todos os cursos, colabore para modificar esse quadro. E que a extensão seja valorizada, “inclusive em termos de progressão na carreira”, completa.
Prazo alterado no CEG
Em sua sessão do último dia 4, o CEG prorrogou até março de 2015 o prazo de adaptação dos cursos da UFRJ aos termos da resolução.
Composição inicial da UC Já fazem parte da Universidade da Cidadania, como programas e cursos associados: Laboratório de Informática para a Educação (LIpE/Poli/ CT); Laboratório de Trabalho e Formação (LTF/ Coppe/CT); Laboratório Núcleo de Solidariedade Técnica (Soltec/Poli/ CT); Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares (ITCP/Coppe/ CT); Centro de Cidadania (ESS/CFCH); Laboratório Estado, Trabalho, Território e Natureza (Ettern/ Ippur/CCJE); Laboratório de Estudos Marxista José Ricardo Tauille (Lema/IE/ CCJE); e o Programa Itinerante de Legislação de Pessoal e Direito Administrativo, da PR-4.
Maria Malta diante de cópias de filmes de Beto Novaes sobre precárias condições de trabalho nas usinas de canaviais paulistas. Eles foram lançados na UFRJ pela UC tórios e outros equipamentos para atender às necessidades do dia a dia: “A educação popular tem uma dinâmica própria, por exemplo, com atividades culturais integradas à programação. Fazem uso de cozinha e outras práticas menos comum à universidade”, explica Maria Malta. Para ilustrar a necessidade da demanda, ela lembra a situação da turma de um curso itinerante, na UFRJ, que chegou a acampar de forma precária no campo de futebol da Educação Física, no campus da Praia Vermelha.
Aperfeiçoamento para servidores
Além da Escola Superior da Cidadania, a UC é composta ainda pelo Centro de Formação Continuada para o Setor Público (CFCSP). “Essa é outra demanda forte por formação para a universidade”, aponta Maria. De acordo com a docente, o enxugamento neoliberal que quase levou à extinção órgãos públicos voltados para este fim, nos anos de 1990, faz com que a universidade seja frequentemente requisitada neste campo:
“Dos servidores do município ao Judiciário”, observa. “Nossa avaliação é que a universidade dispõe de um conjunto de disciplinas, em especial, sobre a formação econômica do Brasil, que tem aplicações práticas distintas, mas são do interesse dos dois públicos atendidos pela Universidade da Cidadania”, esclarece.
Cursos começam em 2014
Por ora, o órgão suplementar do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) está na fase
de planejamento dos cursos que começam em 2014. O formato vai depender do diálogo com os movimentos parceiros. A certificação dos cursos seguirá as regras da universidade para a extensão. Já as aulas, com 360 horas para graduados, vão certificar como especialização: “Quem sabe, no futuro, os cursos caminhem no sentido de até formar um currículo próprio para uma graduação”, afirma Maria Malta.
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COLÉGIO DE APLICAÇÃO
UFRJ desde criancinha
Ex-estudantes do Colégio de Aplicação (CAp) que mantiveram vínculos com a universidade falam sobre a Unidade, melhor instituição federal do estado do Rio de Janeiro no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) Elisa Monteiro - 12/11/2013
Sucesso da escola guarda relação com a diversificação curricular, dizem elas Elisa Monteiro
elisamonteiro@adufrj.org.br
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acabava tendo facilidade para tudo: matemática, biologia, artes etc. A orientação vocacional foi fundamental. A pessoa disse que minhas características apontavam para as humanas e acertou em cheio. Todo o meu caminho foi pelas humanas”. Ela ingressou no IFCS, antes de seguir para o Ippur.
Qualidade do quadro de pessoal
Grande número de substitutos preocupa
Orientação pedagógica fundamental
Para além dos professores de disciplinas, Cecília faz menção à totalidade da equipe pedagógica. De acordo com ela, a orientação educacional foi fundamental na escolha profissional: “Até pela proposta da escola, de oferecer muitas atividades diferentes, a gente
“
esmo com muitas dificuldades de infraestrutura e de pessoal causadas pela falta de investimento do Ministério da Educação, o Colégio de Aplicação da UFRJ fez bonito no último Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) do próprio MEC. Foi a única instituição federal entre as vinte primeiras escolas do Rio (15º lugar) e garantiu a 57ª posição em todo o país. Esse desempenho positivo, para duas ex-alunas, de diferentes épocas, está fundamentado na diversificação curricular do colégio. “Desde os laboratórios de ciências até as disciplinas de artes”, conta Cecília Mello. Hoje professora do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional (Ippur) da UFRJ, ela cursou o CAp de 1987 a 1995. As melhores lembranças de Isabela Peccini, 23, que frequentou o colégio de 1998 até 2008, também dizem respeito exatamente à pluralidade da grade: “Participei de tudo que pude, do grupo de teatro à organização das festas juninas e grêmio estudantil”, afirma a atual estudante da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da UFRJ.
Outra chave para o sucesso do projeto pedagógico do CAp é a qualidade do corpo docente e técnico-administrativo: “A relação com essas pessoas foi o que mais me marcou. Quase todos os professores foram importantes”, conta Isabela.
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Até pela proposta da escola, de oferecer muitas atividades diferentes, a gente acabava tendo facilidade para tudo: matemática, biologia, artes etc. Cecília Mello exibe, com orgulho, fotos da sua época no Colégio de Aplicação
Embora “tetos desabando” e falta de espaço façam parte das memórias das duas ex-capianas, o que mais as preocupa, no presente, é o número excessivo de professores substitutos no quadro do colégio: “Essa rotatividade não acontecia. Contratar professores substitutos era bom porque garantia sempre uma certa renovação. Mas havia um equilíbrio. Foi importante ter professores que tiveram um tempo maior com a gente, pessoas como referências”, acrescenta Isabela. Cecília, que chegou a dar aulas na escola como professora substituta em Socio-
Cecília Mello Professora do Ippur
Greves significaram aprendizado
Elisa Monteiro - 08/11/2013
Isabela Peccini frequentou o CAp de 1998 a 2008 logia, antes de ingressar no Ippur, concorda. Embora a lembrança mais sofrida dela seja a destruição do palco do teatro para que fosse aberto
um espaço de atendimento aos licenciandos da UFRJ no colégio, a maior “dorzinha no coração” reside na descaracterização da equipe da escola.
Outra experiência que marcou a trajetória das duas foi a participação política nos tempos de escola. As greves estão entre as boas recordações de ambas. “Aprendi mais em algumas atividades (de greve) do que em muitas disciplinas”, observa Isabela, bem humorada. A futura arquiteta experimentou sua primeira passeata aos catorze anos, por meio do CAp: “No Centro (da cidade), puxada pelo Passe Livre (estudantil)”, recorda. O aprendizado, que, à época, pareceu pueril, foi determinante para que se engajasse mais tarde no Centro Acadêmico e na Federação Nacional dos Estudantes de Arquitetura e Urbanismo (Fenea). Já Cecília recorda bem da campanha “Fora Collor’ que tomou a escola: “Todo mundo se envolveu muito. Depois algumas pessoas questionaram esse movimento como manipulado pela TV Globo, mas acho isso bobagem. Foi um momento muito importante para o país’, esclarece a professora, formada em antropologia pelo IFCS.
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UFRJ
Coppe celebra seus 50 anos Marco Fernandes - 02/12/2013
Seminário sobre o instituto foi realizado nos últimos dias 2 e 3 Rodrigo Ricardo
Especial para o Jornal da Adufrj
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onsiderado um dos maiores centros de ensino e pesquisa da América Latina, o Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-graduação e Pesquisa em Engenharia, a popular Coppe-UFRJ, vem celebrando, ao longo de 2013, meio século de existência. O mais recente evento comemorativo, o Seminário Coppe 50 anos – Presente e Futuro, ocorreu nos dias 2 e 3 de dezembro, no auditório do Bloco G do Centro de Tecnologia. “A Coppe não tem sentido sem a universidade”, frisou, na ocasião, o diretor Luiz Pinguelli Rosa. Ele recordou que o instituto, inicialmente abrigado em duas pequenas salas no campus da Praia Vermelha, nasceu de uma desobediência frente ao desinteresse pela ciência e contra a burocracia. Porém, segundo Pinguelli, a atuação dos órgãos de controle acaba por tolher as ini-
Durante o seminário, o diretor da Coppe, Luis Pinguelli, criticou a atuação da CGU ciativas acadêmicas. “Deixa todo mundo amedrontado. Em vez de construir um laboratório ou realizar qualquer outra atividade, o professor prefere ficar parado”.
Mais um programa de pós-graduação
A Capes (Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior) avalia com conceito máximo seis
dos atuais cursos da Coppe, que acaba de criar a sua 13ª pós-graduação, o Programa de Engenharia da Nanotecnologia. E a professora Vera Salim, vice coordenadora da
na próxima edição
Violência mata mais negros
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e cada três jovens assassinados no país, dois são negros. Dados como este foram expostos no debate “Cor e Classe na sociedade brasileira”, no dia 4 de dezembro – dois dias antes da morte de Nelson Madela, símbolo da luta antiapartheid. Organizada pelo Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais (Laeser), com o apoio da AdufrjSSind, Sintufrj e do DCE Mário Prata, a atividade foi realizada no auditório da Escola de Serviço Social, na Praia Vermelha. A mesa, formada só por negros – uma raridade na UFRJ –, antecedeu o lançamento de dois livros do professor Marcelo Paixão, co-
Marco Fernandes - 04/12/2013
Na mesa Francisco Carlos (Sintufrj), Marcelo Paixão (Laeser), Francilene Cardoso (AdufrjSSind) e a estudante Lílian Barbosa (DCE). ordenador do Laeser, na livraria da Editora da UFRJ: A Lenda da Modernidade Encantada: Por uma Crítica ao Pensamento So-
cial Brasileiro sobre Relações Raciais e Projeto de Estado-Nação (Ed. CRV) e 500 Anos de Solidão: Ensaios sobre as Desigualdades
Raciais no Brasil (Ed. Appris). O debate será reproduzido na próxima edição do Jornal da Adufrj.
SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DO SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR
Sede e Redação: Prédio do CT - bloco D - sala 200 Cidade Universitária CEP: 21949-900 Rio de Janeiro-RJ Caixa Postal 68531 CEP: 21941-972
nova pós e também professora do Programa de Engenharia Química (PEQ), acrescenta a expressão “revisitar o passado” a um dos lemas das comemorações do instituto (“Coppe, construindo presente e desenhando o futuro”).“Nesta trajetória, é preciso recordar que fomos um dos primeiros grupos, dentro da universidade, a praticar com rigor a atividade docente em tempo integral, o que acabou por gerar a dedicação exclusiva. É um diferencial que está sendo negligenciado e mesmo preterido nas propostas dos novos modelos para as universidades públicas brasileiras”, pontuou Vera, representante sindical da Coppe na Adufrj-SSind. “Não podemos esquecer de todos aqueles que participaram desta jornada. São muitos, impossível citar todos, assim ela fica simbolizada na minha homenagem ao querido colega e saudoso professor Giulio Massarani (1937-2004, um dos fundadores da Coppe)”. Para a próxima edição, o Jornal da Adufrj prepara uma reportagem especial sobre os 50 anos da Coppe.
Unimed: carência zero em janeiro As adesões para o convênio firmado entre a Unimed e a Adufrj-SSind no mês de janeiro terão carência zero. As inclusões (para janeiro) serão feitas até 19 de dezembro. Nova tabela A nova tabela, com o reajuste anual da operadora, pode ser conferida em http://migre.me/g4qXL. O próximo aumento só vai ocorrer em dezembro de 2014. Informações Faça seu agendamento e tire suas dúvidas sobre o plano de saúde pelo telefone 97686-6793 ou pelo e-mail convenio.unimed@ adufrj.org.br.
Tel: 2230-2389, 3884-0701 e 2260-6368
Diretoria da Adufrj-SSind Presidente: Cláudio Ribeiro 1ª Vice-Presidente: Luciana Boiteux 2ª Vice-Presidente: Cleusa Santos 1º Secretário: José Henrique Sanglard 2º Secretário: Romildo Bomfim 1º Tesoureiro: Luciano Coutinho 2ª Tesoureira: Regina Pugliese CONSELHO DE REPRESENTANTES DA ADUFRJ-SSIND Escola de Serviço Social Mauro Luis Iasi; Luis Eduardo Acosta Acosta; Henrique Andre Ramos Wellen; Lenise Lima Fernandes Faculdade de Educação Claudia Lino Piccinini; Andrea Penteado de Menezes; Alessandra Nicodemos Oliveira Silva; Filipe Ceppas de Carvalho e Faria; Roberto Leher Escola de Comunicação Luiz Carlos Brito Paternostro Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Vitor Mario Iorio Instituto de Economia Alexis Nicolas Saludjian Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional Cecilia Campello do Amaral Mello Faculdade Nacional de Direito Mariana Trotta Dallalana Quintans; Vanessa Oliveira Batista Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Eunice Bomfim Rocha; Luciana da Silva Andrade; Sylvia Meimaridou Rola; André Orioli Parreiras Escola de Belas Artes Patrícia March de Souza; Carlos de Azambuja Rodrigues; Rogéria Moreira de Ipanema Faculdade de Letras Gumercinda Nascimento Gonda; Vera Lucia Nunes de Oliveira Escola de Educação Física e Desportos Luis Aureliano Imbiriba Silva; Alexandre Palma de Oliveira; Marcelo Paula de Melo; Michele Pereira de Souza da Fonseca Escola de Enfermagem Anna Nery Walcyr de Oliveira Barros; Gerson Luiz Marinho Coppe Vera Maria Martins Salim Escola Politécnica José Miguel Bendrao Saldanha; Coordenador de Comunicação Luiz Carlos Maranhão Editor Assistente Kelvin Melo de Carvalho Reportagem Silvana Sá e Elisa Monteiro Projeto Gráfico e Diagramação Douglas Pereira Estagiários Darlan de Azevedo Junior e Guilherme Karakida Tiragem 4.000 E-mails: adufrj@adufrj.org.br e secretaria@adufrj.org.br Redação: comunica@adufrj.org.br Diretoria: diretoria@adufrj.org.br Conselho de Representantes: conselho@adufrj.org.br Página eletrônica: http://www.adufrj.org.br Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da Diretoria.
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DA REDAÇÃO
Greve no futebol?!! Internet
ara um setor no qual os atletas sempre estiveram distantes do nível de consciência que resultasse em algum tipo de confronto, Paulo André é uma novidade no futebol brasileiro. Ao lado de outros jogadores que passaram um tempo na Europa e voltaram ao Brasil, o zagueiro do Corinthians é um dos nomes do Bom Senso F.C. O movimento tem se apresentado aos torcedores nos últimos dois meses nos jogos do Campeonato Brasileiro exibindo faixas, cruzando os braços, dando chutões de um lado para o outro no minuto seguinte ao apito do árbitro para o início
Paulo André. Jogador do Corinthians lidera movimento que questiona CBF e traz propostas para organizar o futebol
Rebeldia pioneira
Vida de Professor
O jogador afirma que o medo de retaliação sempre enfraqueceu politicamente a sua categoria. Mas hoje os atletas têm acesso maior à informação, o que amplia a capacidade de discussão dos problemas comuns. Segundo Paulo André, é ilusão
imaginar que todo jogador de futebol é milionário: apenas 3% dos jogadores ganham o suficiente para se aposentarem aos 35 anos sem atribulações financeiras, diz. Ele reconhece a existência de corrupção no esporte, critica o financiamento da Copa com dinheiro público (“Seria melhor investir em educação de qualidade, saúde e transporte melhor”, disse a uma revista) e dispara críticas duras contra quem comanda a CBF, a quem responsabiliza pela “crise” do futebol brasileiro. Paulo André acena com a possibilidade de greve se as reivindicações do movimento não forem ouvidas.
O adversário da cartolagem
Internet
São raras as histórias de insurgências no futebol brasileiro. Uma delas foi escrita por Afonsinho – um paulista do interior que migrou para o Rio e foi mostrar o seu futebol em General Severiano. Ele integrou o timaço do Botafogo entre 1965 e 1970, jogando ao lado de mitos como Garrincha, e de craques como Gérson. Em 1968, levantou a Taça Brasil pelo clube, o que não o impediu de viver dias de tensão e de deixar o Botafogo brigado. Foi afastado por Zagalo, entre outras coisas, por se recusar a tirar a barba e cortar os cabelos longos, comportamento mal visto na atmosfera de ditadura da época. Mas o que marcou a história do craque e que começou a mudar a relação dos jogadores com a imposição dos clubes foi o fato de Afonsinho conquistar, na justiça, o direito de ser dono do seu passe. Até aquele momento, o passe dos jogadores era propriedade inquestionável dos clubes. Afonsinho inspirou música de Gilberto Gil e sua história foi narrada pelo documentário Passe Livre, de Oswaldo Caldeira. O jogador ainda atuou no Vasco,
das partidas. As bandeiras mais imediatas do grupo é reduzir o números de jogos dos clubes da série A, tornando o calendário menos estressante para os jogadores, e obrigar os clubes a apresentar, a cada trimestre, suas contas em dia, inclusive o pagamento dos salários dos jogadores, sob pena de suspensão em caso de inadimplência.
Afonsinho. Levantou a Taça Brasil Santos, Flamengo, Fluminense e América Mineiro. Na política, Afonsinho sempre esteve no campo das posições de esquerda. Como médico, hoje atua no programa Médico de Família, na Ilha de Paquetá.
O jornalista Juca Kfouri sempre foi pedra no sapato da alta cartolagem do futebol e do esporte brasileiro. Em outros momentos, era quase voz solitária ao denunciar o ex-todo poderoso Ricardo Teixeira e famiglia (João Havelange e companhia), assim como o eterno presidente do Comitê Olímpico Brasileiro, o controverso Carlos Nuzman. Corintiano roxo, foi incentivador da chamada Democracia Corintiana liderada por Sócrates, nos primeiros anos da década de 1980. Recentemente, pôs no seu blog um vídeo com o discurso do então deputado José Maria Marin, da Arena (o partido da ditadura) em 1975, na Assembleia de São Paulo, incitando os órgãos de segurança contra o jornalista Vladimir Herzog, que acabou assassinado pela repressão. Como se sabe, Marin é hoje presidente da CBF e estará nos holofotes da Copa de 2014. Juca Kfouri, numa entrevista à revista Versus da UFRJ, disse que a última instituição que vai mudar no país é o esporte. “Ela é profundamente reacionária, corrupta e corruptora”.
Marco Fernandes - abril de 2010
Juca sem medo
Diego Novaes
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www.adufrj.org.br
9 de dezembro de 2013
UFRJ Fotos: Marco Fernandes - 05/12/2013
Boa parte dos docentes presentes à atividade de acolhimento do dia 6
Mais caras novas no quadro No último dia 5, em cerimônia de acolhimento a 46 professores recém-concursados, na Faculdade de Letras, diretora da Adufrj-SSind esclarece sobre carreira, condições de trabalho e regras previdenciárias Dirigente sindical também alerta sobre assédio moral na universidade Elisa Monteiro
elisamonteiro@adufrj.org.br
Q
uarenta e seis novos professores da universidade foram recepcionados pela diretoria da Adufrj-SSind no último dia 6, na Faculdade de Letras. Luciana Boiteux, 1ª vice- presidente da Seção Sindical, falou aos colegas sobre temas como a nova carreira e as condições de trabalho. Ela explicou que a lógica da nova carreira foi meramente contábil, concedendo aumentos significativos apenas para o topo da carreira (Associados
e Titulares), no qual poucos foram beneficiados. Já na classe de Adjuntos, a mais numerosa da categoria, o aumento foi “praticamente inexistente”: “Isso permitiu ao governo divulgar um índice médio alto. Infelizmente, não corresponde à realidade”. Em resposta a perguntas de professores em estágio probatório, Luciana sublinhou que, entre as mudanças negativas da nova carreira, há o impedimento de progressão na carreira durante os três anos do período. “Tudo isso pesa em uma cidade que encareceu como o Rio de Janeiro”
Condições de trabalho ruins
A dirigente também reforçou as dificuldades do lugar de trabalho no cotidiano: “Prédios em condições muito ruins, falta de equipamento para dar as aulas”,
listou. E sublinhou que o tema mobilizou os professores em 2012 até a greve dos cem dias. Luciana fez menção, ainda, ao problema do assédio moral, que “afeta, sobretudo, os mais novos na instituição”. “A UFRJ é uma universidade antiga com uma estrutura burocrática pesada”, disse Luciana. “Há muita pressão de todas as partes para publicações e atividades em geral. E, no estágio probatório, é mais recorrente o assédio”. Segundo Luciana, mesmo dentro da universidade, existem realidades bem diferentes. “A UFRJ é muito desigual”, afirmou. E depois, avaliou: “Vocês vão perceber que em alguns lugares as condições são melhores que em outros. É importante que vocês compreendam o contexto da universidade para não ficarem expostos a constrangimentos”.
Luciana Boiteux, da Adufrj-SSind, entre representantes da Pró-reitoria de Pessoal (PR-4), incentivou os novos colegas a participarem das lutas do movimento docente
Aposentadoria causa apreensão Um dos temas que mais provocaram questionamentos dos novos professores foi a aposentadoria. Ainda mais após a criação da Fundação de Previdência Complementar do Servidor Público Federal (Funpresp) pelo governo. De acordo com o pró-reitor de Pessoal (PR-4), Roberto Gambine, atualmente 43 novos concursados (não só desta última leva, mas contando todas as mais recentes) corresponderiam ao perfil de interesse da Funpresp, isto é, cujos salários superam o teto limite para pagamento pelo Estado (R$ 4.159). “Nossa ideia é buscar essas pessoas para uma reunião que tire as dúvidas”, disse Gambine. “Muita coisa será caso a caso”, avalia. Gambine afirmou que, a despeito das pressões “de Brasília”, a universidade não realizará campanha para “captar” servidores para adesão ao Fundo. “Qual o problema? É um fundo que não vai se saber a curto e médio prazo qual será o retorno”. O dirigente informou que a administração pretende solicitar à Funpresp um representante para participar de um debate que esclareça dúvidas na universidade. Diretora da Adufrj-SSind, Luciana Boiteux distribuiu material explicativo sobre a
previdência complementar, elaborado pelo Andes-SN. Ela informou que a Seção Sindical pretende realizar mais debates sobre o tema, no início do próximo ano. A professora defendeu que as pessoas tenham acesso ao maior número de informações possível. Boiteux esclareceu que o Sindicato possui posição contrária ao fundo, pois entende que há transferência de recursos públicos à gestão privada e causa risco para o contribuinte. “As contribuições são feitas no escuro. Não se sabe qual será o retorno. O rendimento depende do mercado, sujeito a chuvas e tempestades”, frisou.
Sindicato Nacional na pauta Boiteux também apresentou as principais frentes de atuação do Andes-SN: “Nós nos organizamos em um Sindicato Nacional, organizado pelos locais de trabalho, justamente para termos mais força”, explicou. Luciana deixou entre os novos o convite para participarem da construção da AdufrjSSind e do Andes-SN. Também divulgou que o próximo Congresso da categoria será realizado em fevereiro, na cidade de São Luís, no Maranhão.