Jornal da Adufrj-SSind - Edição 868 - 17/11/2014

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Assembleia Geral

17 de novembro, 19h segunda-feira

Sala da Congregação da FACC campus da Praia Vermelha.

Pauta: 1) Informes; 2) Aprovação de texto para o 34º Congresso do Andes-SN, e 3) Assuntos gerais.

17 de novembro,

Reunião do segunda-feira 17h30 Conselho de Sala Congregação Representantes da FACC da Adufrj-SSind campus da Praia Vermelha da UFRJ

Pauta: 1 - Informes; 2 - Análise de Conjuntura; 3 - Caderno de Textos do 34º Congresso do Andes-SN; 4 - Assuntos Gerais.

Lembramos que as reuniões do Conselho de Representantes são abertas a todos os professores sindicalizados.

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Andes-SN Ano XIII no 868 17 de novembro de 2014 Central Sindical e Popular - Conlutas

Mídia NINJA

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HUCFF

Falta de pessoal também afeta o Hospital do Fundão O funcionamento de vários setores do Hospital Clementino Fraga Filho, entre os quais o da emergência, sofre com a falta de pessoal. Mas, com verbas próprias recuperadas por meio de gestão voltada para sua requalificação, o HU tem dado os passos iniciais para reverter o abandono programado a que foi submetido na última década. Página 3

Marco Fernandes - 14/11/2014

Docentes: novas regras para concursos na UFRJ Página 4

Painel Adufrj

Homenagens ao filósofo Leandro Konder e ao poeta Manoel de Barros Leonardo Aversa / Agência O Globo

Jornal da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ

Menos ódio, mas moradia A vitória do MTST em SG

Konder. Marxista

Os desafios do DCE para 2015 Página 8

A UFRJ de bicicleta Página 5

Em uma ala desativada dono andar do hospital universitário, o funcionário Antônio José de Carvalho precisa “garimpar” peças em equipamentos antigos: “Tenho que catar material aqui porque a gente não tem com o que trabalhar”, diz

Crise da moradia no Fundão volta ao Consuni Página 4


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sEGUNDA pÁGINA

Pesquisa ambiental

Inesquecível

Festa celebra os 35 anos da Adufrj-SSind em grande estilo Marco Fernandes: 07/11/2014

Boa música, comidinhas e bebidinhas à vontade, um papo animado com os colegas da universidade e a vista para o mar de Copacabana.

É um clichê. Mas precisa ser dito. Quem não foi perdeu uma grande festa (foto) no Clube dos Marimbás, na noite de 7 de novembro. Na ocasião, dezenas de professores da UFRJ reuniram-se para celebrar os 35 anos de fundação da Adufrj-SSind. Mais registros dessa festa podem ser conferidos no site www.adufrj.org.br ou nos perfis da Seção Sindical nas redes sociais.

Soberania alimentar

1º seminário de assistência estudantil

Alunos reivindicam pró-reitoria específica

Marco Fernandes - 08/11/2014

Debate ocorreu nos dias 8 e 9, no alojamento Samantha Su Estagiária e Redação

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riar uma Pró-reitoria de Assuntos Estudantis na UFRJ — em vez da atual Superintendência — para centralizar os serviços e debater melhor as necessidades do corpo discente. Esse foi um dos principais encaminhamentos do 1º Encontro de Assistência Estudantil, realizado dias 8 e 9 de novembro, no alojamento. Além dessa, outra Pró-reitoria, de Assuntos Etnicorraciais, foi discutida com o objetivo de incentivar a identidade negra na universidade. Um dos objetivos é o estímulo a concursos para professores negros — a esse respeito, aliás, a Lei Federal nº 12.990, de 9 de junho deste ano, reserva aos negros 20% do total das vagas efetivas no edital do concurso público. Outra resolução do evento foi a criação do Fórum de Habitação da UFRJ que irá articular professores, servidores e alunos, tanto da Moradia quanto da Vila Residencial, para reivindicar condições de habitação e permanência na universidade. A

O engenheiro Edson Alkmim, da Prefeitura Universitária, mestrando do curso de Engenharia Urbana da Escola Politécnica, desenvolve seu projeto de dissertação na área da Cidade Universitária sobre conscientização ambiental, coleta seletiva e reciclagem. Ele solicita colaboração e convida todos os membros da comunidade (professores, alunos e técnicos-administrativos) a participarem da pesquisa. Para isso, basta responder a um questionário sócioambiental virtual, no link: http://bit.1y/1qxyqqM. Segundo ele, as informações coletadas poderão servir para nortear a gestão, o planejamento e ações de melhorias, além da implantação de novos programas ambientais na universidade.

Entre os dias 17 e 18 de novembro, será realizado o seminário “Soberania Alimentar — Diálogos entre o campo e a cidade”, no Auditório da Escola de Serviço Social (campus da Praia Vermelha). O evento, que começa às 13h no primeiro dia, vai proporcionar debate sobre a produção e consumo de alimentos, estabelecendo elo fundamental entre soberania alimentar e soberania dos povos. Mais informações podem ser conseguidas pelos e-mails: henriquesousa1991@gmail.com e adriene@ufrj.br.

Injustiça na PUC-SP

O professor Luciano Coutinho (de camisa branca), da Adufrj-SSind, participou do seminário primeira reunião aberta do grupo é neste dia 17 de novembro, às 14h, no Bloco D do Centro de Tecnologia, no Fundão.

Incentivo aos docentes que apoiam alunos

Fortalecer as comissões de Orientação e Acompanhamento Acadêmico (COAAs), hoje consideradas esvaziadas, foi uma estratégia definida no encontro. A sugestão seria converter a participação docente na COAA em incentivos na carreira.

Além da comunidade acadêmica da instituição, foram convidados para o seminário o Movimento dos Trabalhadores Sem Terra (MST), o Movimento Pela Universidade Popular (MPU), a Frente Nacional Quilombola e o Movimento dos Pequenos Agricultores (MPA).

Carta final

A Assembleia do Alojamento irá divulgar uma carta com as principais propostas e posicionamentos do encontro. Dentre

as exigências estão: uma alternativa para acessibilidade na residência, o passe livre irrestrito, a ampliação das moradias e preenchimento da demanda, bolsa de assistência de acordo com o salário mínimo e ampliação das creches para professores, servidores e estudantes. Além disso, postos de atendimento de saúde, pontos de computadores e digitalização de todo material didático, horário integral das bibliotecas e Restaurante Universitário (RU) em todos os campi.

SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DO SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Sede e Redação: Prédio do CT - bloco D - sala 200 Cidade Universitária CEP: 21949-900 Rio de Janeiro-RJ Caixa Postal 68531 CEP: 21941-972

Uma petição online, disponível em http://apropuc.bksites.net, e dirigida à reitoria da PUC-SP busca revisão de critérios que causaram o descredenciamento de professores da pós-graduação daquela universidade. O procedimento da Próreitoria de Pós-graduação local, anterior à avaliação da Capes, pegou desprevenidos muitos docentes, que foram açodadamente penalizados. Agenda

21 e 22 de novembro Encontro do Coletivo Jurídico do Andes-SN Brasília (DF)

25 e 26 de novembro Encontro Sul/Sudeste da Comissão da Verdade do Andes-SN Rio de Janeiro (RJ) Auditório Manoel Maurício de Albuquerque, do CFCH da UFRJ – Praia Vermelha

Tel: 2230-2389, 3884-0701 e 2260-6368

Diretoria da Adufrj-SSind Presidente: Cláudio Ribeiro 1ª Vice-Presidente: Luciana Boiteux 2ª Vice-Presidente: Cleusa Santos 1º Secretário: José Henrique Sanglard 2º Secretário: Romildo Bomfim 1º Tesoureiro: Luciano Coutinho 2ª Tesoureira: Regina Pugliese CONSELHO DE REPRESENTANTES DA ADUFRJ-SSIND Colégio de Aplicação Renata Lúcia Baptista Flores; Maria Cristina Miranda Escola de Serviço Social Mauro Luis Iasi; Luis Eduardo Acosta Acosta; Henrique Andre Ramos Wellen; Lenise Lima Fernandes Faculdade de Educação Claudia Lino Piccinini; Andrea Penteado de Menezes; Alessandra Nicodemos Oliveira Silva; Filipe Ceppas de Carvalho e Faria; Roberto Leher Escola de Comunicação Luiz Carlos Brito Paternostro Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Vitor Mario Iorio; Antônio José Barbosa de Oliveira Instituto de Economia Alexis Nicolas Saludjian Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional Cecilia Campello do Amaral Mello Faculdade Nacional de Direito Mariana Trotta Dallalana Quintans; Vanessa Oliveira Batista Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Eunice Bomfim Rocha; Luciana da Silva Andrade; Sylvia Meimaridou Rola; André Orioli Parreiras Escola de Belas Artes Patrícia March de Souza; Carlos de Azambuja Rodrigues; Rogéria Moreira de Ipanema Faculdade de Letras Gumercinda Nascimento Gonda; Vera Lucia Nunes de Oliveira Escola de Educação Física e Desportos Luis Aureliano Imbiriba Silva; Alexandre Palma de Oliveira; Marcelo Paula de Melo; Michele Pereira de Souza da Fonseca Escola de Enfermagem Anna Nery Walcyr de Oliveira Barros; Gerson Luiz Marinho Coppe Vera Maria Martins Salim Escola Politécnica José Miguel Bendrao Saldanha; Eduardo Gonçalves Serra Coordenador de Comunicação Luiz Carlos Maranhão Editor Assistente Kelvin Melo de Carvalho Reportagem Silvana Sá e Elisa Monteiro Projeto Gráfico e Diagramação Douglas Pereira Estagiários Filipe Ferreira Galvão e Samantha Su Tiragem 4.000 E-mails: adufrj@adufrj. org.br e secretaria@adufrj.org.br Redação: comunica@adufrj.org.br Cadernos Adufrj: revista@adufrj.org.br Diretoria: diretoria@adufrj.org.br Conselho de Representantes: conselho@adufrj.org.br Página eletrônica: http://www.adufrj.org.br Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da Diretoria.


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Saúde pública

Adufrj-SSind visita o HUCFF

Em visita ao Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF), diretores da Seção sindical veem uma emergência nova, mas subutilizada. Setor precisa de mais 70 profissionais para operar 24 horas por dia Fotos: Marco Fernandes - 14/11/2014

Melhorias estão sendo feitas sem a presença da Ebserh Silvana Sá

silvana@adufrj.org.br

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iretores da Adufrj-SSind, Cláudio Ribeiro, Luciano Coutinho e Romildo Bomfim visitaram a emergência do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) e áreas hoje vazias – algumas nunca acabadas — do prédio. O trajeto, na manhã de 14 de novembro, foi guiado pelo próprio diretor do HU, professor Eduardo Côrtes, e pelo chefe da Divisão de Engenharia da Unidade, Jairo Villas Boas. Quanto à emergência, a reportagem deste jornal e os diretores se depararam com 20 leitos (e uma área para isolamento respiratório) completamente vazios, macas novas e sem utilização. Apenas a sala de medicação possuía pacientes. De acordo com informações do diretor, a emergência funciona apenas durante o dia, com número reduzido de trabalhadores, para pacientes internados. À noite, não há profissionais. “É uma área em que hoje não há treinamento de estudantes”, reclamou Côrtes. Segundo ele, o setor de emergência necessitaria de 70 trabalhadores a mais do que possui hoje, entre médicos, enfermeiros, técnicos em enfermagem, assistentes administrativos e assistentes sociais, para funcionar 24 horas. “Se hoje eu tivesse gente suficiente, eu abriria a emergência, ela está pronta”, afirmou Eduardo Côrtes. Vale lembrar que a reforma do setor ocorreu sem a necessidade da instalação da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). “Se um profissional de um centro de pesquisas infarta, precisará de pelo menos uma hora e meia para conseguir chegar a um hospital fora do Fundão. Essa é a realidade atual”, exemplificou. Atualmente, são feitos 600 atendimentos por mês na emergência, apenas de pacientes internos do hospital.

Cenário desolador

O sexto andar do HU é o mais precário de todos: está inteiramente inacabado. As alas A, B, C e D não foram finalizadas, continuam no esqueleto. O local virou depósito de materiais obsoletos.

Ebserh afastada, projetos em andamento

Acima, o diretor Eduardo Côrtes anda por uma das várias alas desativadas do hospital. Na foto do meio, equipamentos do setor, subutilizado, da emergência. Ao lado, os diretores da Adufrj-SSind acompanham Côrtes em outra sala abandonada. Lá estão equipamentos há pelo menos 30 anos. É preciso cuidado para circular pela área, pois o risco de pisar em falso e cair entre fossos é grande. O sétimo andar possui apenas duas das quatro alas em funcionamento; somente

A e B. No oitavo andar, as alas A, B e D estão desativadas. Apenas a C funciona. A ala D, do nono andar, foi reformada na gestão do professor Amâncio Paulino de Carvalho, mas encontra-se completamen-

te destruída. Ela termina com a parede até hoje aberta por conta da implosão da Ala Sul do HUCFF (ocorrida em dezembro de 2010). Lá, a reportágem observa o servidor Antônio José de Carvalho, há 26 anos lotado no

Além dos R$ 9,4 milhões pagos, com recursos próprios, em 11 meses de gestão – dívida herdada do ex-diretor do HU, professor José Marcus Eulálio – o professor Eduardo Côrtes também sinaliza para projetos em fase de licitação e andamento: recuperação de enfermarias desativadas no décimo andar – a previsão é de entrega dessa área em dezembro; projeto para a adequação às normas do sistema de gás do hospital; reformas dos telhados; obras de estrutura do prédio, com complementação da parede de concreto que corta todo o prédio; projeto de colocação de uma parede de concreto para reequilibrar a estrutura do hospital (contraventamento), no local onde foi realizado o “corte” para a implosão da “perna seca”. Ao todo, são 12 licitações prontas. Somente para a construção dessa parede é estimado um gasto de R$ 2 milhões. “Esta obra é muito importante, porque o prédio pode balançar com ventos com mais de 120 km/h”, explicou o diretor. HUCFF, aproveitando peças de antigos equipamentos: “Tenho que catar material aqui porque a gente não tem com o que trabalhar. Não chega equipamento novo, a gente tem que garimpar”, desabafou.


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UFRJ

Concursos docentes agora estão sob novas regras

Conselho Universitário atualiza normas em relação à lei das carreiras do final de 2012, modificada em 2013 Fotos: Elisa Monteiro - 13/11/2014

Provas escritas não terão identificação do candidato

A notícia da partida de Leandro Konder, na véspera, calou a sessão do Conselho Universitário (Consuni) do dia 13. Um minuto de silêncio homenageou uma vida dedicada ao pensamento crítico e a generosidade intelectual do dragão marxista “que a ditadura tanto buscou silenciar”, como destacou Roberto Leher (representante dos Titulares do CFCH) em moção de pesar aprovada pelos conselheiros. Konder se doutorou em Filosofia pelo IFCS da UFRJ (1987) e foi professor da PUCRio e do Departamento de História da UFF.

Elisa Monteiro

elisamonteiro@adufrj.org.br

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sessão do Conselho Universitário (Consuni) do dia 13 avançou no regramento dos próximos concursos públicos para o magistério superior dentro da UFRJ, fazendo adaptações para contemplar a nova lei das carreiras (nº 12.772/12, modificada pela de nº 12.683/13). Conforme determina a legislação federal, o ingresso nas universidades é feito no primeiro nível de vencimento da classe A, com o professor recebendo a denominação de acordo com sua titulação: ou seja, ele pode ser Adjunto-A (quando doutor); Assistente-A (quando mestre); ou Auxiliar (quando graduado). Também existe a possibilidade de concurso para o cargo isolado de Titular-Livre. A aplicação de prova escrita, para todas as denominações, sem identificação dos concorrentes, é uma das novidades — até então, as avaliações das bancas eram feitas com conhecimento da autoria das dissertações. E, para os Titulares, não existia a prova escrita. Haverá também leitura obrigatória das provas, após a

A

crise habitacional no campus do Fundão ganhou destaque mais uma vez no Consuni. Representantes do Alojamento pleitearam garantia de permanência na transferência do módulo masculino, que será reformado, para o feminino (ao fim do ano) para aqueles que não dispõem de bolsas da Universidade. Já estudantes que moram na Vila relataram dificuldades com o transporte interno da universidade e também apresentaram um levantamento feito com 100 estudantes que moram naquela parte da ilha. Segundo a breve pesquisa, por exemplo, enquanto 41% desses estudantes da UFRJ veem problemas de segurança na Vila Residencial, 46% apontam

Moções do Consuni Konder, presente!

Na sessão do dia 13, conselheiros fazem um minuto de silêncio em homenagem a Leandro Konder aplicação das notas.

Os primeiros oito Titulares-Livres

Em relação ao primeiro concurso para Titulares-Livres da UFRJ, a pró-reitora de Pós-graduação e Pesquisa, Débora Foguel, afirmou que a proposta de alocação das oito vagas abertas (há a expectativa de um total de 65 concursos, nos próximos anos) foi “experimental”, mas contou com “total concordância da reitoria”. Segundo a dirigente, o “espírito” da formulação

“aprovado primeiro no CEPG (Conselho de Ensino para Graduados) e depois no CEG (Conselho de Ensino de Graduação)” foi o de “fugir do modelo já praticado” e “criar, sim, vagas voltadas para a pós-graduação”. A proposta foi aprovada com ressalvas de duas comissões internas do Consuni (de Ensino e Títulos; e de Desenvolvimento). Dentre as críticas apresentadas pela Comissão de Ensino e Títulos (CET), esteve a indicação de que foram privilegiados programas “fortes”.

“Reforçando programas já consolidados, em detrimento de um possível auxílio a outros ainda em desenvolvimento”, observou Maria Malta, da CET. Os “agraciados”, uma vaga para cada, foram: Faculdade de Letras (Linguística), Coppe (Engenharia Nuclear), Instituto de Economia (Políticas Publicas, Estratégias e Desenvolvimento), Instituto de Nutrição; Instituto de Matemática; Instituto de Biofísica (Biofísica e Fisiologia); Museu Nacional (Zoologia) e IPPUR.

Moradia outra vez

problemas de segurança no campus de uma maneira geral. Para mostrar o vínculo desses jovens com a universidade, o estudante Rodrigo Carvalho destacou que 64% deles têm bolsas da UFRJ. Para enfrentar problemas nessa área, foi criado um Fórum de Habitação da UFRJ, que reúne, além de estudantes e servidores da UFRJ, outros trabalhadores, como terceirizados residentes no campus do Fundão. Rejane Gadelha apresentou uma pauta que inclui moradia, saúde, saúde, mobilidade, segurança, educação, alimentação e equipamentos culturais para o campus. A primeira reunião do Fórum acontecerá neste dia 17, às 14h, na sala 201, Bloco D do Centro de Tecnologia.

Protesto por mais assistência estudantil foi colado no conselho

México em alarme

O Consuni do dia 13 aprovou, ainda, uma moção de pesar pelo recente assassinado de ao menos seis pessoas, sendo três estudantes, e pelo desaparecimento de mais 43 jovens no México. A carta, direcionada às autoridades daquele país, manifesta preocupação em relação à chocante violência. E pede rigor para investigação dos fatos e punição para “executores” e “mentores” do crime.

Provas em bom Português

Com apoio do presidente da Comissão de Legislação e Normas (CLN), Segen Estefen, a pró-reitora de Pós-Graduação e Pesquisa (PR-2), Débora Foguel, defendeu a realização das provas em línguas estrangeiras. Estimular a “internacionalização” da UFRJ foi a justificativa apresentada. Na visão de Segen, a universidade já praticaria tal “política” na graduação, “enviando estudantes para fora” (leia-se “Ciência sem Fronteiras”). O argumento acabou derrotado em três aspectos: o risco e o custo para realização de bancas em línguas estrangeiras; a necessidade de valorização do idioma nacional e a importância do domínio do português pelo docente. A proposta apresentada pela PR-2 incluía, além dos Titulares-Livres, também os processos seletivos para AdjuntosA: “Em um momento em que os estudantes pedem estrutura de alojamento para poder fazer os cursos, exigir que acompanhem aulas em qualquer idioma é forçar a barra”, criticou Maria Malta (representante dos Adjuntos do CCJE).


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I internacional - 150 anos

Desafio é enfrentar nova morfologia do trabalho

Sociólogo da Unicamp descreve mudanças que dificultam organização da resistência internacional ao capitalismo Debate ocorreu no IFCS Elisa Monteiro

elisamonteiro@adufrj.org.br

H

oje uma prática banalizada, o envio de mensagens eletrônicas com tarefas para o funcionário, fora do expediente (até mesmo em finais de semana ou feriados), é um dos sinais da necessidade de reorganização da classe trabalhadora no mundo inteiro. “O trabalho chamado ‘virtual’ é flexível e coloca o empregado completamente disponível para o capital”, criticou o sociólogo e professor titular da Unicamp, Ricardo Antunes, em debate realizado no IFCS-UFRJ, na tarde de 3 de novembro — o evento (parcialmente noticiado na edição anterior do Jornal da Adufrj) fez parte das comemorações dos 150 anos de fundação da Associação Internacional dos Trabalhadores

(AIT ou I Internacional). Para o palestrante, aparelhos de comunicação como celulares com acesso à internet servem cada vez mais para ampliar a exploração e precarização das relações de trabalho. “A tecnologia da informação mantém as pessoas conectadas ao capital o tempo todo, poluindo seu tempo de trabalho e seu tempo fora dele”, analisou. “Ao contrário do que propagavam as teorias do fim do trabalho, vemos um proletariado que cresce no mundo inteiro. O que existe é uma nova morfologia do trabalho”, observou.

Tarefa é responder às mudanças

Na visão do sociólogo, o grande desafio para uma organização que venha a cumprir a missão colocada pela AIT, no passado, está em responder às mudanças que afetam a classe trabalhadora. “Hoje, os bancos têm milha-

Marco Fernandes - 03/11/2014

Ricardo Antunes res de funcionários no telemarketing que não podem se organizar no sindicato dos bancários. Há um número enorme de motoboys, uma categoria com altos índices de acidentes e mortes em atividade de trabalho sem alternativas para se organizar. Para uma nova AIT, a questão de como organizar esse novo tipo de trabalhador seria imperativo”, disse.

Na mesa, sobre a atualidade do legado da AIT para as trabalhadoras e trabalhadores, Antunes destacou o diagnóstico, já presente na reunião de 28 de setembro de 1864 em Londres: enquanto o capital se globalizava, a organização dos trabalhadores era pressionada a se manter contida à esfera nacional. “Talvez esse aspecto seja o mais grave hoje”, afirmou Antunes. “Enquanto a mercadoria pode ter sua produção subdividida, com projeto europeu, produção de peças na Índia e montagem na América Latina, a organização dos trabalhadores dessas mesmas multinacionais tem de se restringir ao espaço nacional”. Desta forma, a solidariedade de classe internacional “era (e é) elemento fundamental”. O sociólogo falou ainda da visão unitária entre anarquistas, comunistas e socialistas sobre a necessidade de ferramentas de luta que fossem “de traba-

lhadores para trabalhadores”. “A emancipação passava por uma negação da política”, observou o professor de Campinas. Em outras palavras, desde o século retrasado, setores organizados dos trabalhadores buscavam a construção de uma entidade que permitisse uma mediação distinta da realizada pela classe antagônica, a burguesia.

Hoje, a falta de solidariedade

O professor analisou, ainda, que o Brasil acompanha a tendência internacional de “intensificação do tempo” e “deterioração das condições do trabalho”. “Hoje um departamento de pessoal que fala em trabalhadores é quase um ‘crime’. São todos (chamados de) ‘colaboradores’. O ganho é individual por produtividade e o sucesso depende de aniquilar os outros trabalhadores, como em uma guerra aberta que inferniza o ambiente de produção do trabalhador”.

Mobilidade

Pedala, UFRJ!

Bicicletas coletivas estão no horizonte

Medidas para favorecer o uso de bicicletas na ilha do Fundão começam, lentamente, a sair do papel Recursos para obras vêm do ICMS pago pela universidade Elisa Monteiro

elisamonteiro@adufrj.org.br

G

raças a uma negociação entre a reitoria e o governo estadual, alguns projetos ligados à “mobilidade verde” começam a sair do papel, como a construção de bicicletários no campus da Cidade Universitária. Também estão nos planos, de médio prazo, a ampliação da ciclovia do Fundão e a compra de um ônibus elétrico para trans-

porte intercampi. Os recursos para as iniciativas vêm do chamado Fundo Verde — constituído com o redirecionamento, para ações ecológicas, das receitas do Imposto sobre Circulação de Mercadoria e Serviços (ICMS) pago pela UFRJ. De acordo com o prefeito da UFRJ, Ivan Carmo, falta inaugurar apenas 10 das 90 novas vagas para bicicletas no campus da Cidade Universitária. A lacuna corresponde a um ponto na Faculdade de Letras, “em função de pequenas obras que precisam ser concluídas”, explica o prefeito. Os demais bicicletários já estão prontos: no Alojamento, CCS, EEFD, CCMN, CT

(nos blocos A e H), Prefeitura, Reitoria e Terminal Rodoviário. Outra aquisição planejada pelo Fundo é um ônibus elétrico com capacidade para transporte de 50 passageiros (e mais 50 bicicletas) entre a Praia Vermelha e o Fundão. Segundo Ivan, o novo itinerário passaria a atender o público da Grande Tijuca: “A integração passaria pelas ciclovias da cidade do Rio de Janeiro, pegando, além da Zona Sul e Centro, o ponto no Maracanã e São Cristóvão”, relatou. A condução teria horários fixos, nos moldes do que já é praticado hoje. O transporte de bicicletas para o campus

visa, além de desafogar os ônibus internos, a “criar uma cultura ecológica e saudável”. “Não teria sentido fazer isso com uma condução a diesel”, sublinha o prefeito.

Soma certa

O prefeito universitário confirmou também a ampliação de ciclovias no campus. Mas retificou que o acréscimo de 2,5 quilômetros (a serem construídos) levará a malha atual de 5km para 7,5km. E não de 7,5km para 10km, conforme noticiado pelo jornal O Globo, no início de outubro. Segundo Ivan Carmo, o investimento fará com que o percurso chegue ao Parque Tecnológico e à Vila Residencial.

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e acordo com a Pró-Reitoria de Gestão e Governança (PR6), a universidade já realizou duas reuniões com a Secretaria Estadual de Meio Ambiente, buscando uma mediação para instalação de um sistema de bicicletas coletivas no campus. Não se trata, portanto, de fato consumado a contratação das “laranjinhas” do Itaú, como apresentado em matéria de O Globo (edição de sábado, 4 de outubro). A pró-reitora Aracéli Cristina Ferreira relatou que a universidade buscou, em 2013, um levantamento dos custos para instalação de

um sistema próprio. “Entre a manutenção dos pontos de estacionamento e das bicicletas, até o software, entre outras necessidades, estimamos um custo anual de mais de R$ 2,5 milhões”. Segundo a dirigente, a administração central mira “uma alternativa de custo zero para a UFRJ”. Neste caso, uma parceria com a Bike Rio, do Itaú, é cogitada. A PR-6 estuda a possibilidade de um chamamento público para patrocínio do projeto.


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17 de novembro de 2014

Menos ódio, mais moradia

MTST arranca compromisso do governo federal Ocupação em São Gonçalo é encerrada com vitória política

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ezenas de famílias que faziam parte da ocupação “Zumbi dos Palmares”, na periferia de São Gonçalo, deixaram o local no último dia 12. Uma discutível decisão do Judiciário

Santiago Serrano/ Mídia NINJA

garantiu a reintegração de posse de um terreno abandonado há décadas. Apesar disso, o Movimento dos Trabalhadores Sem Teto (MTST) conseguiu arrancar, da prefeitura local e do governo federal, um termo de compromisso para construção de mil casas dentro do programa Minha Casa, Minha Vida, modalidade “entidades”. Este pedaço do programa federal foi criado em 2009, com o objetivo de

Mídia NINJA

tornar a moradia acessível às famílias organizadas por meio de cooperativas habitacionais, associações e demais entidades vinculadas ao movimento social, como o MTST: “Trata-se de uma imensa vitória e um fato político muito importante para o Rio de Janeiro. O MTST seguirá organizado e nas ruas, incansável na luta pelo poder popular!”, afirmou o movimento, em sua página na internet.

Tática do MTST: barracas simples não são feitas para durar, mas buscam provocar uma resposta do poder público

Manifestação do movimento em frente à prefeitura de São Gonçalo, dia 5

entrevista

“O PET virou uma arena de lutas ‘universitárias’” Luiz Eduardo, professor de Bromatologia em Saúde na UFRJ, é Presidente da SBrET (Sociedade Brasileira de Educação Tutorial) O Programa de Educação Tutorial passou por uma série de mudanças em sua estrutura, inclusive acoplando o antigo programa “Conexão de Saberes”. Como está o quadro hoje?

O PET se transformou numa arena de lutas “universitárias”. Para identificar os conflitos e as facções, para visualizar as razões, paixões e interesses, temos de construir uma narrativa para a sociogênese do Programa. Criado pelo Cláudio Moura Castro, quando presidiu a Capes, três décadas atrás, o PET contemplava a elite do “mérito”, os alunos com potencialidades excepcionais, que deveriam ter um “treinamento especial”, para serem os futuros líderes brasileiros, presidentes do Ipea, da Capes, do CNPq, do BNDES. Ou diplomatas de carreira, dirigentes da Receita, do Banco Central. E Moura Castro dizia que, para essa formação, o Professor-Tutor não era importante, porque bastava o dinheiro de uma bolsa para que esses alunos, em grupos de até doze, construíssem com autonomia esse aprendizado superior.

Mas esses ajustes não são originados por avaliações do desenho e do impacto do Programa?

Doze orientados para um só professor é um exagero. E mais valeriam seis bolsas de R$ 800 que 12 bolsas de R$ 400. Selecionar Tutores sem projeto autoral, sem currículo consoante, sem edital nacional, isso vem destruindo o Programa. Mas nunca, em 30 anos, o desenho foi avaliado ou reajustado. É tudo voluntarismo e passionalidades. E esse paradigma, de que o PET deve ser a cara, a alma e as vontades de quem comanda o Programa, vem se instaurando e, à medida que a cara do dirigente vai mudando, muda também a cara do PET. Quando nasceu, o PET era o Programa Especial de Treinamento e praticava Educação Tutorial. Agora se chama Programa de Educação Tutorial, mas pratica apenas treinamentos especiais. Como definiria o PET hoje?

Bem, para o Lucas Ramalho, ex-Coordenador do PET na SESu/MEC — e que agora

está na assessoria do Gilberto Carvalho, no Palácio do Planalto — o objetivo do PET é ensinar professor jovem, inexperiente, a dar aula. Para uma larga fração dos jovens professores, recém-ingressos, formados e conformados no furado paradigma “publiqueirista”, o PET parece ser visto como um pacote de bolsas que podem cobiçar, lograr obter e então desfrutar enquanto perfazem a trajetória para um pós-doc no exterior. Depois, “good-bye educação tutorial”, e não se fala mais nisso. Aliás, também nunca ninguém ouviu um Ministro do MEC falar de Educação Tutorial. Então… que Programa é esse e como é visto pelo MEC? Mas o que deveria ser então o PET?

Para a SBrET, Educação Tutorial deve ser capilarizada, universalizada nas IFES, claro que sem bolsa, mas levada para a sala de aula, propiciando oportunidades compulsórias de Pesquisa e Extensão para todos os alunos de Graduação, com o PET sendo um espaço e uma

oportunidade preciosa para ensaiar inovações metodológicas para Ensino de Graduação. Qual seria o perfil desejável para um Tutor do PET?

No PET de raiz, nos anos 80, um Tutor deveria ter alguma “senioridade”, e experiência vivida e madura no exercício da profissão, habilitações para formar graduados de excelência, e não fazer do PET um vestibulinho para a Pós-Grad. O Pibic sim visaria formar para pesquisa e ensino. Já o PET visaria formar excelentes médicos, advogados, arquitetos, engenheiros etc. Graduados de excelência. E aí é que temos uma das mais ferozes arenas petianas de lutas e tiranias. Como assim?

Primeiro, no âmbito do PET, não cabe essa ideia de tripé “Ensino-Pesquisa-Extensão”. Absurdo observarmos, talvez, um Grupo PET de Educação Física ou de Enfermagem, ensinando inglês em favelas. Precisamos respeitar, pelo menos dentro do PET, o conceito de

indissociabilidade. A Pesquisa, a Extensão e o Ensino devem estar integrados, numa mesma temática, dialogando entre si, e não como três sacis, cada uma das três pernas para um lado. Não são três pernas. É uma perna só. Estamos falando de indissociabilidade! E o que faz a SBrET, que o senhor preside, quanto a tudo isso?

A Sociedade Brasileira de Educação Tutorial se propõe, como entidade “científica” e, dentre seus objetivos, naturalmente, destaca-se o de cooperar com o poder público em prol da Educação e, em especial, da afirmação da metodologia Tutorial, com Pesquisa e Extensão como atividades indispensáveis de todos os alunos de Graduação. Temos organizado Cursos e Congressos, promovido debates, produzido relatórios, e a própria SESu nos havia convidado para organizar um Seminário dentro do prédio do MEC, antes de outra vez mudar os dirigentes. Vamos tentar retomar essa negociação.


17 de novembro de 2014

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Painel Adufrj

DA REDAÇÃO Leonardo Aversa / Agência O Globo

uma manhã do fim da primavera de 2004, o auditório Pedro Calmon está lotado. A plateia ansiosa aguarda o filósofo marxista Leandro Konder para refletir sobre os desafios do socialismo num cenário adverso. Um tema angustiante naqueles dias de forças neoliberais consolidadas no mundo, de desapontamento com o governo Lula no Brasil e de confusão na esquerda em busca de caminhos. Konder abre a conversa (conversa, sim, pois ele fala como quem está na varanda de sua casa, entre amigos) com questão instigante. “Com alguma frequência me pergunto: nos 200 anos do pensamento socialista, seria esse o seu pior momento?”.

‘O socialismo tem o futuro’ Leandro Konder

sorte?/É o que você pergunta/Mas não espere resposta a não ser de você mesmo”, diz o trecho final do texto do dramaturgo alemão. A tradução para o português foi feita pelo próprio Konder. Ao invocar as trevas do nazismo, o cenário de horror que inspirou Brecht, o filósofo propõe uma reflexão sobre o

Nos 200 anos do pensamento socialista, seria esse o seu pior momento?

Leandro Konder vai à história. Ele recorda que na Alemanha, no finalzinho da década de 30, véspera da Segunda Guerra, judeus e comunistas eram caçados por brigadas nazistas como animais pelas ruas de Berlim. Esse quadro de desalento para os que sonhavam com o socialismo inspirou Bertold Brecht a escrever “Aos Vacilantes”. A poesia se refere à atitude dos socialistas em momentos de agudas dificuldades. “(...) Precisamos ter

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histórico de adversidades que tem marcado a vida do socialismo como corrente de pensamento e modelo de sociedade no curso da história. Leandro Konder diz, então, que a realidade impõe enormes desafios para os socialistas. Mas não se trata de batalha perdida. “O capitalismo levou 500 anos para funcionar como funciona hoje “, ele diz. “O socialismo só

tem 200 anos, desde a primeira vez que assim se conceituou, com os utópicos na França, no século XVIII”. Perto do capitalismo, o socialismo está no início de sua construção histórica. “O socialismo tem o futuro”, diz Leandro Konder, o filósofo marxista que nos deixou na quartafeira 12 – aos 78 anos. Internet

‘Tenho uma confissão a fazer: noventa por cento do que escrevo é invenção. Só dez por cento é mentira’ Manoel de Barros, no documentário “Só Dez Por Cento é Mentira”. O poeta morreu aos 97 anos, na quinta-feira, 13 de novembro.

Vida de Professor

Diego Novaes


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17 de novembro de 2014

UFRJ

Novo DCE Mário Prata lista desafios para 2015 Coletivos reúnem-se em frente ampla e recebem 75% de votos para nova gestão Filipe Galvão

Estagiário e Redação

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eleição para a nova gestão do DCE Mário Prata foi taxativa: três quartos dos alunos querem se livrar da situação precária da UFRJ, proposta que deu nome à chapa vencedora. Foram 5.645 votos recebidos contra 1.967 dos concorrentes da “Passou da hora”. O processo eleitoral que aconteceu na primeira semana de novembro também decidiu pela proporcionalidade como modelo de gestão do diretório. Isso significa que 75% da organização será composta por membros da “Quero me livrar dessa situação precária” e o restante, pelos segundos colocados no pleito. A votação expressiva no primeiro grupo é resultado de ar-

ticulação da esquerda. A chapa é formada pelos coletivos “Nós não vamos pagar nada”, “Movimento Correnteza”, “Não vou me adaptar”, “União da Juventude Comunista”, “Quem vem com tudo não cansa” e “Conclave”, além de centros acadêmicos independentes. Luiza Foltran faz parte do primeiro deles. O “Paga Nada”, como é carinhosamente abreviado, esteve na gestão do DCE de 2013-14 e, dessa vez, atuará dentro de uma rede de apoio ainda maior. Para Luiza, a conjunção entre movimentos militantes é parte de um projeto para fortalecer a disputa pela universidade.

Multiplicidade é força

A convergência dos movimentos é reflexo de um mundo

em ebulição. A crescente violência do capitalismo em crise tem forçado a esquerda a abraçar sua multiplicidade e agir. No caso dos estudantes da UFRJ, dois momentos foram cruciais para a conexão: as Jornadas de Junho e o Encontro Nacional de Educação. Ainda há muito da gasolina que as manifestações de 2013 espalharam entre os movimentos sociais. No campo da educação, o ponto mais quente das formulações políticas foi o ENE desse ano. “Foi um momento muito importante para a esquerda. Estarmos no fórum em conjunto, revermos o Plano Nacional de Educação, sermos mais propositivos para nos proteger dos ataques”, diz Luiza. Os desafios já estão bem desenhados. Quem afirma é Gabryel Henrici, aluno de História

que também assumirá a próxima gestão do DCE e faz parte do “Movimento Correnteza”. Ele lista: a precarização da assistência estudantil, a possível volta da discussão da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh), os rumos da eleição para reitoria e o corte do efetivo de terceirizados. “Tudo indica, pelo andar da carruagem durante esse ano, que o próximo vai ser ainda mais difícil”, diz. A opção pelo campo mais à esquerda fica nítida com a proporção de três votos por um. O problema é que essa relação condiz com os 7.612 votantes, mas não necessariamente com os cerca de 50 mil alunos matriculados hoje na UFRJ. Segundo Gabryel, o quórum de pouco mais que 15% do número total de estudantes é uma questão a ser resolvida

pela próxima gestão. Para isso, o diálogo deve se pautar nas políticas de permanência e nas mudanças do perfil dos graduandos impulsionadas pela política de cotas. “O DCE precisa se preocupar com os estudantes que vão entrar ano que vem. Para eles a assistência estudantil é prioritária porque são estudantes de baixa renda. É preciso estar sintonizado com a nova realidade da universidade”, defende. A nova diretoria depende agora da reunião do Conselho dos Centros Acadêmicos, sem data ainda, para dar posse ao DCE. A intenção, de acordo com Gabryel e Luiza, é que a gestão comece neste ano. A divisão das 30 cadeiras do diretório e das quatro cadeiras no Conselho Universitário se dará de acordo com o percentual recebido por cada chapa.


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