Jornal da Adufrj-SSind - Edição 822 - 21/10/2013

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As eleições no HUCFF foram marcadas para os dias 25, 26 e 27 de novembro

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www.adufrj.org.br painel adufrj

Andes-SN Ano XII no 822 21 de outubro de 2013 Central Sindical e Popular - Conlutas

Seção Sindical repudia prisões políticas A Adufrj-SSind divulgou nota condenando a onda de prisões políticas de manifestantes desde a terça-feira 15 – quando milhares de pessoas foram às ruas lideradas pelos professores em greve. Na nota, a diretoria afirma que o direito à manifestação é essencial à democracia. Página 5

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anos de história Página 7

Manifestantes detida na passeata do dia 15 chega ao IML para fazer exame de corpo de delito

IFCS-UFRJ, AdufrjSSind, Sintufrj e DCE Mário Prata convocam para o Ato Público pela Liberdade de Manifestação

23 de outubro Quarta-feira

17h30 Escadarias do IFCS-UFRJ - Pela Liberdade de Organização e Manifestação - Contra as Prisões Políticas e os Processos Ilegais - Contra o Estado Autoritário e Policial - Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais

Black Bloc:

Tânia Rêgo/Agência Brasil - 16/10/2013

Marco Fernandes - 16/10/2013

Largo de São Francisco de Paula

Samuel Tosta - 15/10/2013

Jornal da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ

Prontos para os desafios

Novos diretores tomam posse Direção e Conselho de Representantes da Adufrj-SSind tomam posse para um mandato até 2015. No horizonte, as questões específicas da universidade e a agenda inquieta de um país que se agita O professor Cláudio Ribeiro, da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo, é o novo presidente da Seção Sindical. Ele disse que faz parte de um segmento de sua geração que não sucumbiu ao mercado e decidiu construir sua vida na universidade pública. Paginas 2, 3 e 8


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MOVIMENTO DOCENTE

Em defesa da universidade pública, a união de gerações Posse da diretoria e do Conselho de Representantes da Adufrj-SSind une antigos militantes e jovens professores Greve de 2012 é lembrada como instrumento que permitiu esta junção Silvana Sá

silvana@adufrj.org.br

“A

minha geração não lutou contra a ditadura. Nós nascemos e fomos criados depois do AI-5. Já adolescentes, vimos o Muro de Berlim desmoronar na nossa frente, ao mesmo tempo em que o futuro garoto-propaganda da Louis Vuitton (Mikhail Gorbachev) fazia a abertura da União Soviética. Nessa mesma época, no momento da nossa experimentação e iniciação sexual, vimos a ameaça da Aids. A gente viu mais uma vez o mundo condenar a sexualidade e o homossexualismo como doença a ser evitada. Seguindo, vimos, no vestibular que fizemos, serem aprovadas em primeiro lugar as reformas neoliberais de Fernando Henrique e Paulo Renato. Mais uma vez, a nossa geração foi colocada como laboratório do consenso”. Dessa maneira o novo presidente da Adufrj-SSind, Cláudio Ribeiro (da FAU),

abriu seu discurso de posse na noite de 16 de outubro, no Salão Nobre dos institutos de Filosofia e Ciências Sociais e de História. O docente, de 37 anos, fez um paralelo entre a sua geração e os acontecimentos políticos do Brasil e do mundo. O professor afirmou que sua geração vivenciou a precarização do trabalho docente na sala de aula, com turmas superlotadas e seus professores competindo entre si. Uma geração que “aprendeu a ser produtivista, aprendeu a ser excelente, mas disse ‘Não! Isso não será mais reproduzido’”, afirmou. Por essa razão, aponta o presidente, sua geração decidiu construir sua vida na universidade pública: “Se viemos para o setor público, foi um gesto de resistência. Foi por que vivenciamos um processo do qual discordamos, de que não gostamos. Viemos construir algo que sempre nos foi negado”, declarou. Cláudio conclamou os professores a participarem da luta: “Para unirmos todos, o chamamento à luta não pode ter um só. Tem que ter a cara de cada um de vocês. O consenso significa eliminação e silêncio. Eles (a direita) não sabem o que vão enfrentar”.

O novo presidente fez referência, ainda, à junção de antigos militantes que mantiveram viva a defesa da universidade pública e este grupo de jovens mestres e doutores recém-ingressos na instituição: “Eles nunca poderiam ter permitido o encontro das gerações neste lugar”, disse. Além de Cláudio, tomaram posse na nova gestão (biênio 2013-2015) os professores: Luciana Boiteux (1ª vicepresidente), Cleusa Santos (2ª vice-presidente), José Henrique Sanglard (1º secretário), Romildo Bomfim (2º secretário), Luciano Coutinho (1º tesoureiro) e Regina Pugliese (2ª tesoureira). Também assumiram cargos no Conselho de Representantes da AdufrjSSind 32 professores de cinco Centros da UFRJ.

Mauro Iasi

Antes de passar o cargo a Cláudio Ribeiro, o professor Mauro Iasi destacou a unidade entre os que defendem a universidade pública. “A nossa unidade é entre os que defendem a universidade. O que divide a universidade são aqueles que operam dentro dela e contra ela”, disse. (Veja, na página 8, entrevista com o balanço do mandato feito pelo ex-presidente).

DCE. Tadeu Lemos, do movimento estudantil, enfatizou a dimensão política da unidade na universidade

Andes-SN destaca parceria

Elizabeth Barbosa, da direção da Regional Rio do Andes-SN fez uma saudação à nova gestão e à anterior. “Agradeço muito à direção anterior pela parceria. Temos clareza de que a nova gestão será igualmente parceira perante os desafios e a luta”. Gabriela Celestino, em nome do DCE, parabenizou a nova diretoria e elogiou a anterior pela combatividade. “Fico muito feliz em ser uma estudante da Saúde e ver que a luta central hoje

SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DO SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Sede e Redação: Prédio do CT - bloco D - sala 200 Cidade Universitária CEP: 21949-900 Rio de Janeiro-RJ Caixa Postal 68531 CEP: 21941-972

no sindicato é justamente em defesa da Saúde pública”. Sônia Lúcio, pela AduffSSind (Seção Sindical dos Docentes da UFF) demonstrou apoio à nova gestão: “Esse é um dos poucos locais no Brasil que, pela proximidade geográfica e ideológica, as seções sindicais têm condições de estreitar ainda mais os laços. Estou emocionada em ver um Conselho de Representantes tão amplo”, afirmou.

Tel: 2230-2389, 3884-0701 e 2260-6368

Diretoria da Adufrj-SSind Presidente: Cláudio Ribeiro 1º Vice-Presidente: Luciana Boiteux 2ª Vice-Presidente: Cleusa Santos 1º Secretário: José Henrique Sanglard 2º Secretário: Romildo Bomfim 1º Tesoureiro: Luciano Coutinho 2ª Tesoureira: Regina Pugliese CONSELHO DE REPRESENTANTES DA ADUFRJ-SSIND Escola de Serviço Social Mauro Luis Iasi; Luis Eduardo Acosta Acosta; Henrique Andre Ramos Wellen; Lenise Lima Fernandes Faculdade de Educação Claudia Lino Piccinini; Andrea Penteado de Menezes; Alessandra Nicodemos Oliveira Silva; Filipe Ceppas de Carvalho e Faria; Roberto Leher Escola de Comunicação Luiz Carlos Brito Paternostro Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Vitor Mario Iorio Instituto de Economia Alexis Nicolas Saludjian Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional Cecilia Campello do Amaral Mello Faculdade Nacional de Direito Mariana Trotta Dallalana Quintans; Vanessa Oliveira Batista Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Eunice Bomfim Rocha; Luciana da Silva Andrade; Sylvia Meimaridou Rola; André Orioli Parreiras Escola de Belas Artes Patrícia March de Souza; Carlos de Azambuja Rodrigues; Rogéria Moreira de Ipanema Faculdade de Letras Gumercinda Nascimento Gonda; Vera Lucia Nunes de Oliveira Escola de Educação Física e Desportos Luis Aureliano Imbiriba Silva; Alexandre Palma de Oliveira; Marcelo Paula de Melo; Michele Pereira de Souza da Fonseca Escola de Enfermagem Anna Nery Walcyr de Oliveira Barros; Gerson Luiz Marinho Coppe Vera Maria Martins Salim Escola Politécnica José Miguel Bendrao Saldanha; Coordenador de Comunicação Luiz Carlos Maranhão Editor Assistente Kelvin Melo de Carvalho Reportagem Silvana Sá e Elisa Monteiro Projeto Gráfico e Diagramação Douglas Pereira Estagiários Darlan de Azevedo Junior e Guilherme Karakida Tiragem 4.000 E-mails: adufrj@adufrj.org.br e secretaria@adufrj.org.br Redação: comunica@adufrj.org.br Diretoria: diretoria@adufrj.org.br Conselho de Representantes: conselho@adufrj.org.br Página eletrônica: http://www.adufrj.org.br Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da Diretoria.


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MOVIMENTO DOCENTE Fotos: Marco Fernandes - 16/10/2013

Cláudio Ribeiro apresenta integrantes do novo Conselho de Representantes

Se viemos para o setor público, foi um gesto de resistência. Foi por que vivenciamos um processo do qual discordamos, de que não gostamos. Viemos construir algo que sempre nos foi negado

Cláudio Ribeiro Presidente da Adufrj-SSind

Universidade viva

A exibição do filme Universidade Viva produzido pela Coordenação de Comunicação da Adufrj-SSind abriu a cerimônia de posse no Salão Nobre do IFCS/IH. O vídeo de 26 minutos faz uma anatomia da Greve dos 100 dias em 2012, um dos pontos altos do mandato encerrado no último dia 16. Por meio de entrevistas com protagonistas do movimento, o filme ganha forma de documentário que vai além das razões específicas da greve, ampliando a visão para o contexto político e histórico do movimento dos docentes. Em novembro, Universidade Viva estará no arquivo da TV Adufrj e disponível no canal da seção sindical no YouTube.

Salão Nobre do IFCS/ IH recebeu público para a posse Marco Fernandes - 17/08/2012


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EDUCAÇÃO

Dia do Mestre, Dia de Luta

Fotos: Samuel Tosta - 15/10/2013

No dia 15 de outubro, milhares ocuparam o Centro da cidade em apoio aos educadores em greve

Silvana Sá

silvana@adufrj.org.br

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ra 15 de outubro, mas os professores do Rio não quiseram comemorar data tão especial em casa. Pelo contrário, de manhã, uma assembleia com cinco mil educadores municipais, na Tijuca, decidiu pela continuidade da greve, iniciada em 8 de agosto. À tarde, a “celebração” foi no Centro da cidade, numa passeata que voltou a tomar a avenida Rio Branco, contra os desmandos da prefeitura e da polícia militar. Carlos Silva, professor de História do município, considerou positivo passar o 15 de outubro na rua: “Temos que mostrar para os cidadãos que vivem nessa democracia superficial que a melhor sala de aula é a rua. Apesar de toda atrocidade, eu acredito que a democracia se faz na rua”. Na passeata, muitos rostos e histórias. Letícia Trindade, também docente do município, é

ex-aluna de Biologia da UFRJ. “Este não é um processo agradável, porque temos que discutir, lutar e gritar por direitos básicos”, afirmou. Letícia estava na manifestação do dia 1º de outubro, quando a PM agiu com extrema violência contra os professores. “A arbitrariedade da polícia foi absurda e gratuita. Nós não nos confrontamos com eles. Nem os Black Blocks estavam atacando”, afirmou. A professora espera o apoio de toda a sociedade. “Nós, como educadores, lutamos por uma sociedade diferente. Queremos ter condições de trabalho para dar dignidade aos nossos alunos”, afirmou. Rogério Lustosa, da Escola de Serviço Social da UFRJ, também participou do ato: “A vida é feita de resistência. Devemos lutar pela escola pública, gratuita, de qualidade em todos os níveis! Estar na rua hoje é uma celebração”, disse. Fernanda Moreno, professora de História da rede estadual, criticou o governo pelo descaso com a Educação: “O mais difícil é saber que estamos lutando por um direito e contra um governo que já deixou bem claro que a Educação não é prioridade”. A

docente, porém, se diz esperançosa: “É muito bom saber que a população está aderindo e entendendo que, sem educação, esta nação não vai pra frente”.

Amplo apoio à categoria

O ato contou com a participação de diversos sindicatos e movimentos sociais. Professores das universidades federais, organizados pelo Andes-SN, estudantes secundaristas e entidades representativas dos segmentos do Colégio Pedro II, Cefet-RJ e Faetec também compareceram. Até o fim da passeata, não houve registros de confrontos. Depois de formalmente encerrado pela organização, iniciou-se o conflito que acabou ganhando mais destaque na mídia comercial do que as justas reivindicações dos educadores.

Greve na rede estadual também continua

No dia seguinte à passeata (16), a rede estadual deliberou pela continuidade da greve. As próximas assembleias estão marcadas para os dias 22 (municipal) e 24 (estadual), em locais e horários ainda indefinidos até o fechamento desta edição.

Pedagógico. Movimento grevista dá aula nas ruas. O apoio de diversos segmentos da sociedade fortalece a luta em defesa da Educação pública

Temos que mostrar que a melhor sala de aula é a rua

Enterro. Grupo de professores fez uma intervenção na rua. Nas faixas, os pontos de pauta da greve. Em tom de marcha fúnebre, eles cantavam: “Não aguento mais/a educação do Eduardo Paes”

Carlos Silva Professor de História do município

Devemos lutar pela escola pública, gratuita, de qualidade em todos os níveis!

Andes-SN e AdufrjSSind estiveram presentes

Rogério Lustosa Escola de Serviço Social da UFRJ


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EDUCAÇÃO

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Adufrj-SSind repudia prisões políticas E convoca para ato em defesa da liberdade dos manifestantes, no dia 23

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epois do ato em solidariedade aos educadores do Rio em greve, no dia 15, aproximadamente 200 pessoas foram conduzidas para delega-

cias. Dessas, algumas pertencem à comunidade acadêmica da UFRJ: os estudantes Ciro Oiticica e Adelson Luis, da Escola de Comunicação; e Rodrigo Campos Castello Branco, da Faculdade de Educação; e o técnicoadministrativo João Correia Neto (também da ECO). A diretoria da Adufrj-SSind divulgou nota de repúdio às prisões políticas e convocou para ato público pela liberdade de manifestação, dia 23 (quarta-feira).

Confira a íntegra da nota da Seção Sindical: “A diretoria da AdufrjSSind repudia as prisões políticas feitas pela Polícia Militar, por ordem da Chefia de Polícia do Governo do Estado do Rio de Janeiro. O direito à manifestação é estruturador da democracia. Os poderes executivos Estaduais e Municipais devem priorizar melhorias na Educação Pública como exigem as categorias dos Profissionais da Educação em greve! No entanto, quando ampliam investimentos em políticas equivocadas de segurança, produzem apenas violência que cada vez mais estabelece um clima de censura através de prisões arbitrárias e irresponsáveis que têm sido sistematicamente acom-

panhadas de truculência e brutalidade para com os demais manifestantes. Nos solidarizamos com todos os manifestantes presos, especialmente os alunos Ciro Oiticica e Adelson Luis Ferreira da Silva, da ECO/UFRJ, Rodrigo Campos Castello Branco, da Faculdade de Educação, e o técnico João Correia Neto, que foram injustamente detidos e tiveram seus direitos violados, convocando toda a comunidade da UFRJ para o Ato Público pela Liberdade de Manifestação, que será realizado nas Escadarias do IFCS, dia 23.10, 17h30. Liberdade aos presos políticos! Rio de Janeiro, 18 de Outubro de 2013.”

IFCS-UFRJ, Adufrj-SSind, Sintufrj e DCE Mário Prata convocam para

Andes-SN e suas Seções Sindicais participaram do ato que reuniu mais de 10 mil

Os excessos da PM, pela visão de uma voluntária Rebecca Tenuta, de 25 anos, faz parte de um grupo que voluntariamente ajuda e presta os primeiros socorros a feridos nas manifestações. Ela atua desde as manifestações de junho. De acordo com a jovem, não há distinção de público entre os feridos: “Idosos, jovens, homens, mulheres, advogados,

jornalistas, estudantes. Todos são alvos. Muitos são feridos por estilhaços de bombas de gás. Aliás, é assustadora a quantidade de bombas que encontramos no chão”, relatou. Segundo Rebecca, os ferimentos de balas de borracha não seguem o protocolo de segurança: “Nunca são abai-

xo da linha da cintura. São sempre na cabeça. Atendemos muitos feridos na face, no olho, na testa”, comenta. Quando o ferimento é abaixo da cintura, o alvo majoritariamente são os órgãos genitais. “Já atendemos um homem com um ferimento muito grave”, disse.

Ato Público Pela Liberdade de Manifestação Escadarias do IFCS 23 de outubro Largo de São Francisco de Paula

17h30

- Pela Liberdade de Organização e Manifestação - Contra as Prisões Políticas e os Processos Ilegais - Contra o Estado Autoritário e Policial - Contra a Criminalização dos Movimentos Sociais


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HUCFF

Comunidade rejeita ameaças de fechamento do hospital Em atividade organizada pelo CA de Medicina, que contou com a presença de alunos, residentes, docentes e técnicos da universidade, foi duramente criticada a estratégia de ameaças de fechamento do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho, em retaliação à não aprovação da Ebserh no Consuni Elisa Monteiro - 18/10/2013

Reitoria presta contas de iniciativas de melhoria do hospital no dia 23

Eleição para vagas do CCS no Consuni

Elisa Monteiro

elisamonteiro@adufrj.org.br

M

ais soluções e menos alarmismo para o Hospital Universitário Clementino Fraga Filho. Esse foi o tom de um debate organizado pelo Centro Acadêmico Carlos Chagas de Medicina, no dia 18. Na atividade, sobraram críticas à circulação de documentos (assinados por conselheiros do CCS no Consuni e pela direção do HUCFF) que mencionam, de forma explícita ou implícita, a desativação gradual de setores do HUCFF, no final do ano, como consequência da decisão do colegiado de suspender a contratualização com a Ebserh. Os estudantes da Medicina engrossaram o coro de apoio às iniciativas da reitoria que buscam recuperar as condições de funcionamento do maior hospital do complexo da UFRJ. Foi anunciado que, no próximo dia 23, às 10h, no Auditório Alice Rosa do próprio HU, a Pró-reitoria de Gestão e Governança (PR-6) irá apresentar um balanço do que já foi feito naquela Unidade, desde junho, quando uma comissão da administração central passou a cuidar da manutenção predial, da engenharia e das compras de insumos básicos. “Nem vai cair, nem explodir, nem fechar”, procurou contemporizar Luiz Feijó, diretor da divisão médica. “Fala-se muitas vezes desta forma para provocar uma resposta para as coisas”, justificou depois, afirmando que não tomou conhecimento de nenhum pedido de fechamento do HUCFF. No entanto, outros depoimentos confirmaram tais ameaças, proferidas inclusive em reuniões da Congregação da Faculdade de Medicina, no CCS e em documentos e falas públicas de dirigentes do HUCFF. Rosalie Correa, da Divisão Médica de Neurologia observou que há um aparente boicote às ações da reitoria: “A Araceli (Cristina, pró-reitora) já pediu às unidades que enviem uma listagem de insumos necessários para

Reunião, no dia 18, no HUCFF, criticou mensagens alarmistas de fechamento da Unidade funcionamento e até agora não houve retorno”.

Prazo do TCU é para o MPOG, não para a UFRJ

Surgiu no encontro a suposta data-limite de substituição dos técnicos precarizados (centenas de funcionários sem vínculo empregatício regular que atuam nas unidades de saúde) como sendo uma das justificativas apontadas pelos dirigentes do HUCFF para o fechamento do hospital. Luciana Boiteux (advogada e diretora da Adufrj-SSind) esclareceu que o acórdão do Tribunal de Contas da União (TCU) determina ao MPOG e ao Governo Federal, e não à UFRJ, a substituição daqueles trabalhadores, sendo este argumento utilizado

pelos setores pró-Ebserh para causar pânico nos HUs e pressionar pela adesão à empresa. O prazo para essa substituição está, na verdade, “vencido há muito tempo”. E nem por isso os extraquadros foram mandados embora e os hospitais fecharam: “O problema é que a reitoria assume uma responsabilidade que não é dela, porque só quem poderia autorizar os concursos necessários seria o Ministério do Planejamento (e Gestão). A responsabilidade é do Governo, a universidade só pode pedir, mas não tira vagas da cartola”, sublinhou. Boiteux informou, ainda, que tramita uma ação civil pública, proposta pelo Ministério Público Federal, que pede à Justiça a abertura imediata de

processos seletivos para contratação emergencial de pessoal para substituir os terceirizados nos HUs da UFRJ, que está sendo acompanhada pela Seção Sindical. Em sua visão, o papel da universidade deve ser o de apoiar o pleito do MPF e dimensionar as necessidades de pessoal nos hospitais, bem como realizar o planejamento de curto, médio e longo prazo para reestruturá-los, ressaltando o total apoio da Adufrj-SSind à comunidade do HUCFF na luta para que o hospital possa retomar o seu papel histórico de referência na pesquisa, assistência e formação dos profissionais de saúde do Rio de Janeiro. Na mesma linha, Fátima Siliansky, professora da Faculdade de Medicina, sublinhou uma au-

Divulgado calendário da eleição para o HUCFF Durante o encontro do dia 18, foi divulgado o calendário do processo eleitoral para a direção do HUCFF. A inscrição de chapas ocorre entre 28 e 30 de outubro. Haverá campanha de 4 a 22 de novembro. A votação acontece entre 25 e 27 do mesmo mês, com apuração no dia 28. A posse está marcada para 19 de dezembro. A expectativa dos movimentos organizados da UFRJ é que o pleito na maior unidade de saúde da instituição possa ser realizado no prazo e de forma democrática, sendo uma etapa essencial à superação dos problemas atuais enfrentados pelo HUCFF.

Calendário do processo eleitoral para a direção do HUCFF outubro

28 e 30

inscrição de chapas

novembro

4 a 22

campanha eleitoral

25 e 27

período de votação

28

apuração

dezembro

19

posse da nova diretoria

O Conselho de Coordenação do CCS, na sessão realizada em 14 de outubro, deliberou pela realização de eleições nas Unidades do CCS para escolha de representantes do Centro no Consuni. Na categoria professor Associado, há vagas para um representante e seu suplente; na categoria professor Titular, apenas o suplente. O pleito ocorre nos dias 5 a 7 de novembro. A inscrição dos candidatos está marcada para o período de 28 de outubro a 1º de novembro. Os interessados devem buscar a Decania do CCS (Bloco K – 20 andar, sala 20), das 9h às 16h. Haverá debate com apresentação dos candidatos durante o Conselho de Centro do dia 4 de novembro, no auditório Hélio Fraga, no bloco K, às 10h. A apuração geral está prevista para 8 de novembro.

ditoria do Tribunal de Contas da União (que motivou um encarte especial do Jornal da Adufrj, em agosto deste ano): “Não se trata apenas um problema de falta de pessoal. Há um caos gerencial na distribuição dos postos”, afirmou. Entre outros problemas administrativos, Siliansky destacou as constantes dispensas de licitações, favorecendo praticamente as mesmas empresas, nos últimos anos.

Novo bode na sala

Na reunião, o professor Nelson Souza e Silva, Titular da Medicina, citou uma notificação da Secretaria Municipal de Saúde à UFRJ: caso as unidades de saúde não operem com emergências 24 horas ou com o funcionamento de um número mínimo de procedimentos cardíacos, os hospitais universitários correm risco de descredenciamento. Para Nelson, a medida espelha a política de restringir a saúde pública à atenção básica, reservando à iniciativa privada os serviços de alta complexidade.


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Painel Adufrj

DA REDAÇÃO Samuel Tosta - 15/10/2013

Bruno Fiuza recomenda a quem quiser se informar melhor sobre o movimento autonomista europeu o livro The Subversion of Politics – European Autonomous Social Movements and the Decolonization of Everyday Life.

Ele diz que, a partir daquele

A resistência à construção de usinas nucleares na então Alemanha Ocidental, no fim dos anos 1970, fez surgir o movimento autonomista.

A presença de black blocs nas ações do movimento dos autonomistas era apresentada com “a função original de servir de força de autodefesa contra os ataques policiais às ocupações e outros espaços autônomos”, informa Bruno Fiúza.

A tática black bloc se espalhou da Alemanha para o resto da Europa. No fim dos anos 1980, os Estados Unidos viram os primeiros blocos negros. Foi em 1988, para protestar contra os esquadrões de morte financiado pelo governo americano em El Salvador.

Vida de Professor

Por trás da fachada divertida e amigável da publicidade corporativa, havia um mundo de exploração e violência materializado naqueles logos. “Ou seja: o black bloc de Seattle inaugurou uma dimensão de violência simbólica que marcaria profundamente a tática a partir de então”, conclui Fiuza.

Escrito pelo militante e sociólogo americano George Katsiaficas, o texto está disponível para download em http:// www.eroseffect.com.

Além da mobilização contra as usinas, ocupações urbanas nas grandes cidades foram o outro ponto de aglutinação dos autonomista alemães.

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Black Bloc Girl na Av. Rio Branco: lenço no rosto e cabelos compridos

Black blocs?!

Os black blocs são anteriores às manifestações antiglobalização em Seattle (EUA), durante reunião da Organização Mundial do Comércio (OMC). Mas foi nessa época, estávamos em 1999, que os grupos de mascarados vestidos de

preto ganharam visibilidade política, no confronto direto com as forças da repressão. Antes de Seattle, os black blocs (que podem ser melhor entendidos menos como um grupo e mais como uma tática) já haviam aparecido no cenário europeu.

Eram um viés alternativo da esquerda, segundo informa o jornalista Bruno Fiuza. Os primeiros black blocs surgiram na Alemanha Ocidental em 1980, “no seio do movimento autonomista daquele país”, relata Fiuza, que também é historiador.

Nos anos 1990, black blocs intensificaram sua presença nos EUA “mas a tática permaneceu praticamente desconhecida do grande público até que um bloco negro se organizou para participar das manifestações contra

a OMC em Seattle em novembro de 1999”, informa Fiuza. “A partir de Seattle, os black blocs passaram a realizar ataques seletivos contra símbolos do capitalismo global”, diz o jornalista.

“Nesse contexto”, explica Bruno Fiuza, “o ataque a uma loja do McDonald’s tinha um efeito simbólico importante, de mostrar que aqueles ícones não eram tão poderosos e onipresentes assim”.

momento, os black blocs, até então um instrumento basicamente de defesa contra a repressão policial, tornaram-se também uma forma de ataque – mas contra os significados ocultos por trás dos símbolos de um capitalismo que se pretendia universal, benevolente e todo-poderoso. Foi nesse contexto que a tática chegou ao Brasil. Os acontecimentos de Seattle

levaram grupos de militantes brasileiros a se articularem em coletivos para construir no país o movimento de resistência mundial à globalização neoliberal. Em São Paulo, um grupo entre os manifestantes adotou a mesma tática do black bloc de Seattle, em 1999, e atacou símbolos capitalistas na Avenida Paulista, como uma loja do McDonald´s.

Assim, os black blocs estavam longe de ser uma novidade no Brasil quando irromperam os protestos de junho último. Diego Novaes


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batepronto/Gestão 2011-2013 Mauro Iasi/ex-presidente da Adufrj-SSind

Cultura política coletiva O professor Mauro Iasi teve dias intensos nos dois anos que esteve à frente da direção da Adufrj-SSind. No cargo, viveu a greve histórica de 2012, foi anfitrião do 32º Congresso do AndesSN e ativo protagonista na resistência ao projeto que quer entregar os hospitais universitários à concepção mercantilista. Na posição de liderança que o cargo naturalmente lhe conferia, Iasi foi desafiado, com os demais companheiros de diretoria e do Conselho de Representantes, a pensar o Brasil dos levantes de junho. Agora, Mauro Iasi passa a integrar o Conselho de Representantes (CR) até 2015. Nesta rápida conversa com o Jornal da Adufrj, o ex-presidente da Seção Sindical faz um balanço de seu mandato. Ele revela sua absoluta confiança na nova gestão para a construção de alternativas coletivas na disputa pelo fortalecimento da universidade pública e pensando o Brasil.

A greve nos ajudou a despertar uma energia e o que há de melhor nos militantes em defesa da universidade. Foi uma greve bonita, vigorosa, e que nos propiciou formar uma unidade para enfrentar outras tarefas.

O Congresso do Andes-SN

Sediamos o Congresso, uma tarefa bastante grande e politicamente importante. O evento debateu o movimento e traçou as linhas que nos conduzirão ao enfrentamento contra um projeto que quer quebrar a carreira docente e diminuir o papel da educação pública neste país. Houve clareza política, unidade e representatividade pra conduzir a categoria às novas lutas que estão postas na conjuntura.

O Brasil insurgente

Foi a quebra do falso consenso, foi a explosão contra esse projeto de sociedade de costas para a própria sociedade. Aquilo que se havia constituído no país, uma democracia de cooptação, limitada, foi

subvertido pela rebelião que as massas empreenderam, a partir de junho, em defesa do transporte coletivo, mas também pela saúde, educação. As ruas vão contra a Copa, as remoções, a Polícia Militar e agora se refletem na bonita greve dos professores da rede municipal e estadual de ensino do Rio de Janeiro. Isso nos dá energia pra transformar a luta da universidade numa luta de toda a sociedade.

Isso nos dá energia pra transformar a luta da universidade numa luta de toda a sociedade

Especial para o Jornal da Adufrj

A greve de 2012

Ebserh

Um marco de nossa resistência. O que nós acumulamos na greve de 2012 foi o que nos fez vitoriosos em barrar, pelo menos por enquanto, a Ebserh dentro da UFRJ. Uma luta coletiva de professores, estudantes e técnicos-administrativos, que mostram a disposição em defesa da educação pública. Não se trata apenas de barrar uma forma de gestão, mas uma concepção de universidade, com sua lógica empresarial voltada à perda da autonomia. E barrar também a confissão do fracasso em gerir a coisa pública. Isso nós não aceitamos, por isso a universidade se levantou e conseguiu impor a sua vontade.

A próxima gestão

Acredito que tenhamos criado uma cultura política no movimento docente. Há uma direção coletiva, que trabalha com o Conselho de Representantes, em sintonia com a categoria. Nós esperamos que a nova gestão se sirva desta cultura política coletiva. Ela se expressa na forma como conduzimos as assembleias, a greve, a luta contra a Ebserh e em nosso projeto de comunicação,

que busca uma aproximação aprofundada com a base dos professores para, de fato, representar seus anseios e necessidades. Estou bastante confiante pela qualidade dos nossos próximos representantes na direção e no conselho. Tenho certeza de que será uma continuidade no sentido da luta, da resistência e na construção coletiva de uma alternativa para a universidade deste país.

O que nós acumulamos na greve de 2012 foi o que nos fez vitoriosos em barrar, a Ebserh

Rodrigo Ricardo

Marco Fernandes - 16/10/2013

Despedida, mas nem tanto. José Henrique Sanglard (Politécnica), Fátima Siliansky (Medicina), Luis Acosta, Mauro Iasi (no discurso que antecedeu a passagem de cargos para os novos diretores), Luciana Boiteux (Direito) e Maria Coelho (Colégio de Aplicação). Sanglard, como 1º secretário, e Luciana, como 1ª vice-presidente, retornam para novo mandato. Iasi e Acosta, ambos da Escola de Serviço Social, passam a integrar o Conselho de Representantes.


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