Jornal da Adufrj-SSind - Edição 827 - 25/11/2013

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Andes-SN Ano XII no 827 25 de novembro de 2013 Central Sindical e Popular - Conlutas

Professor e economista português, Francisco Louçã analisa a crise na Europa Página 8

BATEPRONTO

Marco Fernandes - 13/11/2013

Jornal da Seção Sindical dos Docentes da UFRJ

Ebserh pauta eleição de diretor no HUCFF Votação começa nesta segunda-feira, dia 25, e se estende até quarta-feira, 27 de novembro. Mandato vai até 2017. Página 3

Fotos: Marco Fernandes - 07/11/2013

Disputa. Eduardo Côrtes (à esquerda) e Luiz Feijó apresentaram visões diferentes sobre gestão. Além da Ebserh, extraquadros foi tema recorrente nos debates

O debate eleitoral entre os dois candidatos a diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho foi marcado por cobranças em relação à Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares. Eduardo Côrtes foi enfático em condenar a Ebserh como alternativa para a gestão dos HUs. Já Luiz Feijó demonstrou simpatia em relação à empresa. Página 3

Siga sofre com temperatura inadequada Página 4

Silvana Sá - 12/11/2013

Conselho de Representantes No dia 18 de novembro foi realizado o Conselho de Representantes da Adufrj-SSind. A reunião discutiu, entre outros assuntos, o 33º Congresso do Andes-SN e atividades nas Unidades . Em breve, a Seção Sindical irá convocar uma Assembleia Geral.

PAINEL ADUFRJ

Linha de Corte

Documentário narra o drama dos cortadores de cana no interior de São Paulo. Filme será lançado na UFRJ Página 7

Divulgação

Vulnerável


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sEGUNDA pÁGINA

Cuidado com a voz

Doutora em Fonoaudiologia alerta sobre sinais de anormalidade, como rouquidão prolongada e variação no tom Darlan de Azevedo - 08/10/2013

Evitar fumar e dormir bem são alguns dos conselhos básicos Darlan de Azevedo Estagiário e Redação

Faltam disciplinas voltadas para a voz na formação de professores

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rofessor, você tem sentido alguma variação recente no tom da voz? Rouquidão prolongada? A anormalidade pode ser o sinal para a busca de um tratamento, evitando problemas mais complicados nesse instrumento tão importante para os docentes. No dia 8 de outubro, o Comitê Técnico Acadêmico em Saúde do Trabalhador (CTA) da UFRJ promoveu uma palestra da professora Angela Garcia, da Faculdade de Medicina. Doutora em Fonoaudologia, ela explicou que o problema do professor não é apenas a rouquidão ou nódulos, mas sim a qualidade de vida como um todo, desde doenças psicológicas a neurológicas: “Evitar fumar, ingerir bastante água e dormir bem são conselhos básicos. O ideal é se informar com um fonoaudiólogo ou em palestras para receber uma orientação de acordo com o perfil, sem necessitar de fato de um tratamento”, afirma. Ela atende professores todas as sextas-feiras no Instituto de

Qualidade de vida do professor influencia no desgaste da voz, segundo Angela Garcia Neurologia Deolindo Couto, de 8h às 16h, visando ao diagnóstico e tratamento de disfonias e

de reabilitação de sequelas na fala por razões oncológicas na laringe. Porém, ressalta que os

docentes só a procuram em estágios mais avançados. “A perda da voz raramente é imediata.

Unimed: carência zero em janeiro As adesões para o convênio firmado entre a Unimed e a AdufrjSSind no mês de janeiro terão carência zero. As inclusões (para janeiro) serão feitas até 19 de dezembro. Plantões Os próximos plantões especiais de atendimento aos interessados em aderir ao plano acontecem: 25 de novembro (segunda-feira, na sala de professores do CAp de 10h30min às 14h.

Essa deficiência começa com um cansaço, depois uma ardência e, por fim, a pessoa nota que a voz não está boa como antes. A rouquidão torna-se recorrente e só aí os pacientes procuram um médico”.

26 de novembro (terça-feira) na sala de administração da decania do CCJE, de 10h às 15h, no campus Praia Vermelha. 27 de novembro (quarta-feira) na sede da Adufrj-SSind (CT, Bloco D, sala 200), no Fundão, de 10h às 16h. Nova tabela A nova tabela, com o reajuste anual da operadora, pode ser conferida em http://migre. me/g4qXL. O próximo aumento só vai ocorrer em dezembro de 2014.

Angela Garcia dá palestras desde 2007 para as licenciaturas, mas até hoje não conseguiu inserir nesses cursos uma disciplina voltada para os cuidados com a voz nesse tipo na graduação. “Primeiramente, a conscientização da importância da voz ainda é muito pequena e torna isso difícil de acontecer. Além disso, o curso de Fonoaudiologia detém poucos professores para sua própria graduação. Atualmente, é impossível transferir um fonoaudiólogo, especializado em voz, para outras graduações”, completa. Segundo ela, a solução seria a realização de concursos para cada Unidade. Angela informa estar em andamento o projeto “Saúde Vocal para Trabalhadores” (no CCMN, às terças, sem horário fixo), que pode se tornar o primeiro programa voltado para servidores dentro da UFRJ. A pesquisa consiste em verificar os efeitos de oficinas de saúde vocal em professores e licenciandos.

Agenda

26 a 29 de novembro I Seminário Identidade e Raça da Pró-reitoria de Pessoal da UFRJ

Abertura às 9h no Auditório do Bloco A do Centro de Tecnologia Campus Fundão

27 e 28 de novembro V Semana Interna de Prevenção de Acidentes de Trabalho (Sipat) Salão Nobre da Decania do Centro de Tecnologia Campus Fundão

Agendamento: Para mais informações sobre o plano de saúde,

entre em contato com o telefone 99969-1348 (Solange) ou pelo e-mail solangejm-1957@hotmail.com.

SEÇÃO SINDICAL DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO DO SINDICATO NACIONAL DOS DOCENTES DAS INSTITUIÇÕES DE ENSINO SUPERIOR

Sede e Redação: Prédio do CT - bloco D - sala 200 Cidade Universitária CEP: 21949-900 Rio de Janeiro-RJ Caixa Postal 68531 CEP: 21941-972

28 a 30 de novembro III Encontro de Docentes da UFPA Belém (PA)

Tel: 2230-2389, 3884-0701 e 2260-6368

Diretoria da Adufrj-SSind Presidente: Cláudio Ribeiro 1ª Vice-Presidente: Luciana Boiteux 2ª Vice-Presidente: Cleusa Santos 1º Secretário: José Henrique Sanglard 2º Secretário: Romildo Bomfim 1º Tesoureiro: Luciano Coutinho 2ª Tesoureira: Regina Pugliese CONSELHO DE REPRESENTANTES DA ADUFRJ-SSIND Escola de Serviço Social Mauro Luis Iasi; Luis Eduardo Acosta Acosta; Henrique Andre Ramos Wellen; Lenise Lima Fernandes Faculdade de Educação Claudia Lino Piccinini; Andrea Penteado de Menezes; Alessandra Nicodemos Oliveira Silva; Filipe Ceppas de Carvalho e Faria; Roberto Leher Escola de Comunicação Luiz Carlos Brito Paternostro Faculdade de Administração e Ciências Contábeis Vitor Mario Iorio Instituto de Economia Alexis Nicolas Saludjian Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional Cecilia Campello do Amaral Mello Faculdade Nacional de Direito Mariana Trotta Dallalana Quintans; Vanessa Oliveira Batista Faculdade de Arquitetura e Urbanismo Eunice Bomfim Rocha; Luciana da Silva Andrade; Sylvia Meimaridou Rola; André Orioli Parreiras Escola de Belas Artes Patrícia March de Souza; Carlos de Azambuja Rodrigues; Rogéria Moreira de Ipanema Faculdade de Letras Gumercinda Nascimento Gonda; Vera Lucia Nunes de Oliveira Escola de Educação Física e Desportos Luis Aureliano Imbiriba Silva; Alexandre Palma de Oliveira; Marcelo Paula de Melo; Michele Pereira de Souza da Fonseca Escola de Enfermagem Anna Nery Walcyr de Oliveira Barros; Gerson Luiz Marinho Coppe Vera Maria Martins Salim Escola Politécnica José Miguel Bendrao Saldanha; Coordenador de Comunicação Luiz Carlos Maranhão Editor Assistente Kelvin Melo de Carvalho Reportagem Silvana Sá e Elisa Monteiro Projeto Gráfico e Diagramação Douglas Pereira Estagiários Darlan de Azevedo Junior e Guilherme Karakida Tiragem 4.000 E-mails: adufrj@adufrj.org.br e secretaria@adufrj.org.br Redação: comunica@adufrj.org.br Diretoria: diretoria@adufrj.org.br Conselho de Representantes: conselho@adufrj.org.br Página eletrônica: http://www.adufrj.org.br Os artigos assinados não expressam necessariamente a opinião da Diretoria.


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saúde pública

HUCFF escolhe novo diretor Dois candidatos disputam a eleição para diretor do Clementino Fraga Filho. Mandato vai até 2017 Elisa Monteiro - 13/11/2013

Elisa Monteiro e Redação comunica@adufrj.org.br

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votação que vai indicar o novo diretor do Hospital Universitário Clementino Fraga Filho (HUCFF) começa nesta segundafeira 25 e se estende até a quarta-feira, 27 de novembro. Eduardo Côrtes, chefe do Núcleo de Pesquisa em Câncer, e Luiz Augusto Feijó, chefe da Divisão Médica, estão na disputa. Essas eleições foram precedidas – no curso de 2013 – de vigorosa mobilização da comunidade universitária para impedir a vinda da Empresa Brasileira de Serviços Hospitalares (Ebserh). A resistência à mercantilização da saúde teve como bandeira mais visível a defesa do HUCFF. Não por acaso. Os números são superlativos. No ambulatório do Hospital do Fundão, como é mais conhecido fora dos muros da UFRJ, são realizadas cerca de 1.200 consultas por dia. Mensalmente, mais de 800 pacientes são atendidos no centro cirúrgico da instituição. Pelos longos corredores do prédio do hospital – que teve uma parte imprestável amputada em 2010 – circulam milhares de pessoas num vaivém intermitente. O HUCFF é um centro de excelência de ensino, pesquisa e extensão, referência em procedimentos médicos de alta complexidade. A comissão de consulta organizou quatro debates (que não chegaram a empolgar) para os candidatos apresentarem suas propostas. O fato é que a expectativa substantiva do movimento dos três seg-

Quem vota

Imagem. Enquanto Eduardo Côrtes (ao microfone) expõe ideias, Luiz Feijó (de camisa azul) se aconselha com Amâncio Paulino mentos da UFRJ buscou identificar em Côrtes e Feijó posições relacionadas à defesa da saúde pública e de condenação da Ebserh. Eduardo Côrtes reafirmou pontos de vista já expressos em outras ocasiões na direção de um projeto autônomo para o HUCFF. Ele sempre rechaçou a entrega do hospital à empresa criada pelo governo para terceirizar a gestão dos HUs. Côrtes enfatizou a necessidade de “resgatar o trabalho de ensino e assistência de alta complexidade”, além de promover reformas na atual administração de recursos e de pessoal. O candidato Luiz Feijó, ape-

Estão aptos a participar da eleição do HUCFF os estudantes com matrícula ativa e em atividades efetivas no hospital, docentes e servidores técnico-administrativos da unidade. Além disso, votam ainda os professores substitutos e visitantes, membros natos do Conselho de Administração do HUCFF e professores Eméritos. Até o fechamento da edição do Jornal da Adufrj, estavam habilitados para votar 2.406 estudantes, 2.227 técnicoadministrativos e 328 professores. Apenas os estudantes da Faculdade de Farmácia e da Escola de Serviço Social não haviam sido computados, aguardando envio da informação pelas unidades. Segundo a comissão organizadora da eleição, a margem de alteração seria de 5%. Os docentes têm peso de 70%. Já os demais segmentos ficam com 15% cada.

sar dos claros vínculos com a atual direção do hospital, disfarçou suas afinidades continuistas até quando isso foi possível. Em relação à Ebserh, sempre respondeu de forma pouco objetiva, mas no debate que fechou a campanha, na segunda-feira 18, Feijó deixou mais claro as suas simpatias. O candidato traçou uma linha evolutiva de “investimentos do governo federal” nos hospitais universitários a partir de Lula, em 2006, até a criação da “Ebserh”, que ele, Feijó, indicou considerar positiva. Feijó e Côrtes, nos discursos de campanha, se referiram à situação dos funcionários terceirizados. Feijó acenou com a realização de con-

curso específico para incorporar esses funcionários, embora essa possibilidade seja nula por determinação do Tribunal de Contas da União. Sobre este tema, Eduardo Cortês disse que vai buscar uma solução “mais justa e humana possível para o problema”.

Continuísmo Luiz Feijó tenta, sem muito sucesso, descolar sua imagem dos atuais quadros de direção do hospital. De fato, não é, para o candidato, um bom negócio estar próximo de um grupo que sempre defendeu ardorosamente a entrega do hospital à Ebserh e se mos-

Urnas no hospital

A Comissão de Consulta informa que as três mesas estarão localizadas no hall dos elevadores, no subsolo do HUCFF, durante os seguintes horários: Mesa 1 - para os docentes, das 7h às 17h; Mesa 2 - para os funcionários técnicoadministrativos, das 07h às 19h; Mesa 3 - para os alunos, das 07h às 17h. Para votar é preciso apresentar documento de identidade, com foto ou crachá no prazo de validade, no caso dos alunos. A Comissão informa que “excepcionalmente será admitido o voto em separado, quando houver comprovação do direito”.

trou incompetente administrativamente. O HUCFF tem enfrentado uma situação adversa, relacionada ao colapso da gestão do diretor Marcus Eulálio. A situação ficou tão complicada, que levou a reitoria a determinar uma espécie de intervenção branca na instituição no início de agosto. Já há alguns meses que a próreitora de Gestão e Governança, Aracéli Cristina, comanda as ações em áreas sensíveis da instituição. O grupo da direção do hospital também é acusado de promover boatos levando insegurança a funcionários numa operação para vender a ideia da Ebserh.

Apuração

A apuração será realizada a partir das 10h, dia 28, no auditório Alice Rosa (12º andar), sendo abertas primeiro as urnas dos estudantes. Em seguida, serão apuradas as dos servidores técnicos administrativos e, finalmente, as dos professores. A transição de gestões começa no dia 29 de novembro e a posse do novo dirigente, no dia 19 de dezembro.


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VIDA NO CAMPUS

Alta temperatura deixa servidores do Siga vulneráveis Calor de mais de 30°C compromete o bom funcionamento das máquinas que abrigam as informações da UFRJ O DRE manifestou preocupação com o problema. Segundo o superintendente do órgão, Roberto Vieira, uma pane no sistema traria desdobramentos complicados para os estudantes Silvana Sá

silvana@adufrj.org.br

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Sistema Integrado de Gestão Acadêmica, o Siga, que concentra todos os dados acadêmicos da vida dos estudantes na UFRJ, está com seu funcionamento ameaçado por falta de manutenção dos aparelhos de ar condicionado. O Siga abriga dados sobre inscrições em disciplinas, matrículas e presença de alunos da graduação e pós-graduação, lançamento de notas e está instalado em salas do Núcleo de Computação Eletrônica (NCE) no prédio do Centro de Ciências Matemáticas e da Natureza (CCMN). O integrante do Conselho de Ensino de Graduação (CEG), Sérgio Gue-

des, por diversas vezes fez a denúncia da falta de manutenção da refrigeração das máquinas que comportam os sistemas de informação da universidade. A reportagem do Jornal da Adufrj esteve nas salas. O que viu foram diversos equipamentos desligados para evitar danos às informações e um calor que chegou aos 34°C: mais que o dobro do recomendado para que as máquinas operem em perfeitas condições. “Deveríamos ter aqui a temperatura girando em torno dos 16°C”, destacou Guedes. Guedes afirma que as ocorrências estão relacionadas à falta de manutenção dos equipamentos de ar condicionado e ainda acusa a existência de desperdício: “Por falta de uma política adequada de manutenção, ao invés de gastarmos R$ 20 mil, a UFRJ acaba gastando R$ 50 mil, às vezes R$ 100 mil”. Alfredo Roberto Teixeira, diretor de Suporte da Superintendência de Tecnologia e Informação (SuperTIC) disse que o sistema de ar condicionado está há dois meses e meio com problemas e que os defeitos são recorrentes. “Tivemos que desligar vários equipamentos. Alguns estão desligados há sete meses, porque os defeitos sempre voltam a acontecer”. Ele contou que nas últimas semanas

técnicos fizeram o conserto de alguns aparelhos de ar refrigerado. Ainda assim, as temperaturas permanecem altas e Teixeira explica o motivo: “Os consertos são insuficientes, porque temos 16 aparelhos de ar condicionado que devem funcionar em conjunto, mas consertam apenas seis. Essas máquinas passam a trabalhar com sobrecarga e o defeito volta a acontecer”, destacou. Além do Siga, o Sistema Integrado de Recursos Humanos (Sirhu), o Sistema de Acompanhamento de Processos (SAP) e a Intranet da universidade também correm risco de perder informações ou apresentarem sérios danos, alertou Sérgio Guedes.

Preocupação na DRE

O superintendente administrativo da Divisão de Registro de Estudantes (DRE), Roberto Vieira, demonstrou preocupação com a situação. De acordo com ele, em casos de danos extremos aos servidores que armazenam os sistemas de informação da UFRJ, os desdobramentos seriam “muito complicados”: “Uma pane significaria parar o Sistema de Registro Acadêmico. A graduação pararia, não em termos de aulas, mas de lançamento de notas, emissão de históricos, inscrição em disciplinas, entre outras consequências”. Fotos: Silvana Sá - 12/11/2013

Nesta sala, no NCE, apenas um rack permanece ligado para evitar danos maiores aos equipamentos

Cartas

O professor Emérito da Escola de Educação Física e Desportos da UFRJ, Vinícius Ruas, encaminhou ao diretor da EEFD, Leandro Nogueira, um comunicado de retirada de apoio ao diretor na Congregação da Unidade. O professor emérito pediu que esta comunicação fosse publicada em espaço apropriado no Jornal da Adufrj. Abaixo, a íntegra da carta.

Solicitação de retirada de apoio Rio de Janeiro, 19/11/2013. Nesta oportunidade, peço-lhe, por motivos que estavam ausentes do meu conhecimento, que retire a moção de solidariedade que fiz para o senhor, Diretor da EEFD. Seguem os motivos: 1° - Os alunos, legitimamente eleitos para o Centro Acadêmico, perderam a autonomia enquanto entidade representativa de designar os membros para a congregação. 2° - Ao ver os vídeos, e-mails e

Jornal da Adufrj, que mostram apresentações dos fatos ocorridos, ficou claro que eram evidentemente alunos da EEFD, com a presença do Presidente da AdufrjSSind e outros membros da Adufrj, além do Diretório Central dos Estudantes. Verifiquei que eram pessoas que não iriam perturbar as atividades da EEFD e que foram brutalmente recebidos por funcionários da escola e pela própria Polícia Militar. 3° - Pude observar que membros da comunidade acadêmica fica-

Termômetro registra 34°C numa das salas

ram presos nas dependências da EEFD, como o próprio Presidente da Adufrj-SSind. As portas somente foram abertas mediante a presença da ilustríssima senhora Decana do CCS e do ilustríssimo senhor Prefeito da UFRJ. 4° - Lendo o Jornal da Adufrj, tive a oportunidade de tomar nota da moção de repúdio aprovada em sessão ordinária do Conselho Universitário do dia 14/11/2013, e manifesto meu total acordo! O apoio por mim dado resultou da

minha participação na congregação, onde foi relatada, pelo Diretor da EEFD, sua própria versão da história. Após tomar conhecimento dos fatos concretos, peço um favor, de retirar imediatamente minha moção de solidariedade.

Professor Emérito Vinícius Ruas.

Para comentar temas das reportagens do Jornal da Adufrj, os interessados podem enviar contribuições para o endereço eletrônico comunica@adufrj.org.br. Os textos enviados, por causa da limitação de espaço, poderão ser resumidos aos seus trechos mais relevantes.


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Renovação do Marxismo

Trabalhadores fora do Jogo Democracia aprofundou a ordem burguesa e uma “revolução apassivadora”, comandada pelo PT, tomou conta do cenário, afirma professor, ao discutir a obra de Carlos Nelson Coutinho

Rodrigo Ricardo

Americanalhamento

Especial para o Jornal da Adufrj

O

comportamento dissidente de Carlos Nelson, capaz de afirmar a divergência em meio à busca pela unidade, acompanhou a mesa temática “As ideias de Coutinho e a estratégia da revolução brasileira: ontem e hoje” durante o Seminário Internacional em homenagem ao pensador no auditório Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha. “Foi uma característica relevante deste militante, com a meta comunista, que nunca se separou do seu compromisso político pela democracia”, analisou o professor da Escola de Serviço Social (ESS-UFRJ), Mauro Iasi. Na sua palestra, Mauro Iasi apontou o caminho que, segundo ele, Coutinho defendia para a transformação social do Brasil. Trilhos que optam radicalmente pela democracia. “(O caminho) Passa por romper as tradições de mudanças vindas pelo alto, contrapondo às formulações de gabinetes através de uma sociedade amadurecida”, disse Iasi. Nesta rota, indicou o professor, ocorreria a inserção dos trabalhadores no jogo político, não como coadjuvantes, e sim protagonistas para superar a distância entre Estado e sociedade.

No entanto, o paradoxo, segundo Iasi, é que houve o inverso, o aprofundamento da ordem burguesa. Apesar do fortalecimento das instituições, o cenário foi tomado por uma revolução apassivadora, capitaneada pelo Partido dos Trabalhadores, que, em seus primórdios, teve a adesão de Coutinho, após sair do Partido Comunista Brasileiro (PCB). “Há o americanalhamento da política para usar uma expressão do próprio Nelson. Essa alternância de siglas partidárias sem sentido, que acabou por desaguar numa democracia de cooptação, e não de massas”, definiu Mauro. Um dos fundadores do Partido Socialismo e Liberdade (Psol), ao lado de Coutinho, Milton Temer acredita

que, em vez da insurreição, deve-se buscar a revolução por meio da via eleitoral. “A campanha presidencial une os diferentes brasileiros do país. Do gaúcho do Pampa ao extrativista da Amazônia, cruzando pelo autônomo do eixo Rio-São Paulo”, observou o ex-deputado, apelando para que a esquerda assuma esta realidade e apresente um candidato. “Os presidenciáveis que se anunciam pertencem ao mesmo balaio de caranguejos. Não podemos esquecer do papel do indivíduo na história e do tamanho poder de um presidente em nosso sistema”. Para Temer, a propalada herança maldita de FHC (Fernando Henrique Cardoso) multiplicou-se por dez nos anos Lula (2002-2010). “Outros governos em nosso continente (Equador, Venezuela, Bolívia) tiveram posições diferentes, do que simplesmente manter os juros altos aos predadores financeiros”, criticou, apostando no republicanismo revolucionário e no sufrágio para vencer o capitalismo.

Reforma agrária em pauta

A mesa também teve a participação de Neuri Recepto, trazendo a contribuição histórica do Movimento dos Trabalhadores Sem-Terra (MST). “As nossas divergências podem ser na tática, mas temos o mesmo desafio, perseguir a revolução socialista”, comenta, reiterando que a reforma agrária ainda não é uma pauta superada em nosso país. “Ainda se mantém inalterado o poder político-econômico das oligarquias rurais”.

Fotos: Marco Fernandes - 12/11/2013

A campanha presidencial une os diferentes brasileiros do país. Do gaúcho do Pampa ao extrativista da Amazônia Milton Temer Dirigente do Psol

Há o americanalhamento da política. Que acabou por desaguar numa democracia de cooptação

“Por essa lógica, caberia aos partidos políticos organizar estas massas para acumular força e disputar a hegemonia com outras classes, combinando reforma e revolução para se chegar ao socialismo”, explicou Mauro Iasi.

A estratégia da revolução brasileira foi pauta de seminário internacional

Mauro Iasi Professor do ESS


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Violência no campo

Criminalização “sofisticada” Latifundiários transformaram os métodos de ataque aos trabalhadores rurais, desde a década de 1980 Samuel Tosta - 23/10/2013

O governo federal alega que o atual modelo de desenvolvimento não comporta a agricultura familiar

Elisa Monteiro

elisamonteiro@adufrj.org.br

A

Marcelo Durão Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra

não absorveu a previsão constitucional da função social da terra, o que prolonga o flagelo da população rural. Como exemplo, citou o descompasso entre as decisões de reintegração de posse contra ocupações (quase sempre rápidas) e as de desapropriação de grandes propriedades (bastante demoradas).

Judiciário atua contra pequenos agricultores

Fernanda Vieira, professora de Direito da Universidade Federal de Juiz de Fora, também criticou o arcabouço jurídico nacional. A professora mencionou ações de trabalhadores rurais que legalmente deveriam ser

Podemos dizer que até 1985 os assassinatos eram aleatórios. Depois, o jeito do assassinato mudou

violência do conflito pela terra no Brasil ganhou novos e medonhos contornos com a redemocratização do país, em meados da década de 80. O paradoxo se explica pelo receio, por parte dos latifundiários, de uma Reforma Agrária (que nunca veio). Julgando que não poderiam mais contar com o histórico apoio das forças policiais, eles transformaram os métodos de ataque aos trabalhadores rurais. As declarações foram dadas pelo professor Ricardo Rezende Figueira, do Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ, durante o segundo dia do seminário contra a criminalização da pobreza, em 1º de novembro (mesas anteriores foram divulgadas nas últimas edições do Jornal da Adufrj). “Podemos dizer que até 1985 os assassinatos eram aleatórios. Depois, o jeito do assassinato mudou. Temendo a Reforma agrária, há a constituição de milícias armadas, boa parte coordenada por ex-militares”, afirmou Ricardo. As mortes passam a ser “seletivas”, atingindo, sobretudo, as lideranças políticas dos trabalhadores do campo. E já não bastavam os assassinatos, de acordo com o palestrante: “Começou uma política de terror, com estupro de mulheres e mortes de crianças para atingir os homens que já demonstravam disposição para perder a própria vida nessa luta”. Outras táticas de intimidação, como a tortura das vítimas, além do sumiço dos corpos para impedir o sepultamento pelas famílias, também faziam parte da nova lógica de atuação do latifúndio. Na avaliação de Rezende, o processo de abertura não foi suficiente para mudar a relação de forças no campo. O Judiciário

Marcella Martha - CoordCOM/UFRJ

Debate ocorreu durante seminário organizado pelo CFCH

Ricardo Rezende Figueira Núcleo de Estudos de Políticas Públicas em Direitos Humanos da UFRJ

despachadas em 48 horas e levam “cinco, dez, vinte anos”. O “ativismo judicial” pró-latifúndio não encontra limites: “Muita sentenças negam a expropriação da terra com trabalho escravo, alegando que trabalho escravo pressupõe ‘degradação da condição de vida’ e que os trabalhadores já viviam em siAndré Telles

tuação degradante antes de trabalharem na terra em questão”.

Agronegócio é o maior inimigo

Marcelo Durão, do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), afirmou que a atual política agrária do país, de privilégio ao agronegócio, está na raiz da violência: “O governo federal alega que o atual modelo de desenvolvimento não comporta a agricultura familiar. Hoje, o maior inimigo do camponês é o agronegócio”. Durão apontou a contradição entre o verniz de modernização e a produção real: “O etanol pode ser mais ecológico para uso, mas a sua produção não tem nada de ecológica ou sustentável. Socialmente ainda é pior, empregando mão de obra em situação análoga à escravidão. Você já a encontra a três horas do Rio de Janeiro (capital)”, disse em referência aos canaviais de cidades como Campos, no norte do estado. O representante do MST observou que a Constituição indica três situações para expropriação de grandes propriedades de terra: obrigatoriedade do uso de interesse social, interdição de trabalho análogo à escravidão e degradação ambiental. “E só temos notícias de um caso (de expropriação), em Felisburgo (Minas Gerais), em função de questão ambiental”.


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Painel Adufrj

DA REDAÇÃO

Cortadores de cana

O filme Linha de Corte, de Beto Novais, será lançado nesta quinta-feira, dia 28, às 18h, no auditório Pedro Calmon, no campus da Praia Vermelha da UFRJ. Em 28 minutos, o documentário narra o drama de cortadores de cana no interior de canaviais de modernas usinas paulistas que submetem trabalhadores à superexploração. O pagamento é feito por produção e o filme revela o impacto desse sistema na saúde do trabalhador que chega a cortar 52 toneladas de cana por dia. Depois da sessão, um debate está previsto com o diretor do filme e com a dirigente da Federação dos Empregados Rurais Assalariados do Estado de São Paulo (Fera-

Vá entender Divulgação

O professor Roberto Medronho, que se posicionou firmemente contra o Programa Mais Médicos do Governo Federal, é o mesmo que assumiu a Comissão de Implantação do programa. “A única universidade do Sudeste que faz parte dessa comissão é a UFRJ, por meio do professor Medronho”, observou a conselheira Maria Malta, no Consuni.

No Peru O reitor da UFRJ, Carlos Levi, se afastará da universidade entre os dias 2 e 6 de dezembro. esp), Carlita Costa. O lançamento de Linha de Corte é o primeiro evento público da Universidade da Cidadania

(UC) – unidade do Fórum de Ciência e Cultura (FCC) da UFRJ criada para a realização de cursos de formação com

movimentos sociais e servidores públicos . O evento tem o apoio da Adufrj-SSind e da Fiocruz.

Ele irá à Universidad Nacional de Trujillo (Peru) receber o título de Doutor Honoris Causa. Silvana Sá

Fujb O Conselho Universitário indicou os nomes para comporem o Conselho de Administração e o Conselho Curador da Fundação José Bonifácio. No CA, como titulares, farão parte os professores Antônio Fernando Castelli, Marco Jardim Freire e Alcino Câmara Neto. No CC, os professores Denise Machado, Mauro Osório e Adriano Rodrigues assumem como membros titulares.

CONSCIÊNCIA NEGRA A África sob o domínio colonial é um dos capítulos da coleção História Geral da África, que o MEC disponibiliza, agora, em português. A coleção foi elaborada por iniciativa da Unesco, a partir de contribuições

Vida de Professor

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de cerca de 350 pesquisadores. A obra com cerca de dez mil páginas, divididas em oito volumes, traz informações desde a préhistória do continente africano até os anos 1980. O conteúdo

pode ser encontrado no portal do MEC http://goo.gl/bUXZS8 e também na página eletrônica da Vídeo Saúde Distribuidora da Fiocruz no facebook: https://www. facebook.com/videosaudefiocruz.

Dizer o quê? Cartaz colado numa das lanchonetes do CT.

Posto

Marcelo Corrêa e Castro, decano do Centro de Filosofia e Ciências Humanas (CFCH), foi indicado para assumir a vaga da professora Diana Maul (CCS) na Comissão de Ensino e Títulos do Conselho Universitário. Diego Novaes


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batepronto/a crise na Europa FRANCISCO LOUÇÃ/Professor da Universidade de Lisboa

Reações d’além mar... Especial para o Jornal da Adufrj

O sotaque lusitano se acentua nas críticas às políticas de austeridade econômica que assolam o mundo – especialmente os países mais vulneráveis da Europa – expropriando a renda do trabalhador e enfraquecendo as democracias. Presente no Brasil recentemente para participar do Seminário Internacional em homenagem a Carlos Nelson Coutinho, o economista Francisco Louçã (professor da Universidade de Lisboa e que chegou a disputar a presidência de Portugal em 2006 pelo Bloco de Esquerda) analisou a situação europeia e defendeu a renovação dos movimentos, mas embebidos dentro das melhores tradições da esquerda. “Eles precisam combinar suas diferentes características pela transformação social e a vida humana”, frisou, durante uma qualificada tertúlia com os professores Luis Acosta (ESS/UFRJ) e Cleusa dos Santos (ESS/UFRJ e diretora da Adufrj-SSind). O encontro gerou um vídeo que circulará na próxima segunda pelas redes sociais e estará na página eletrônica da Adufrj-SSind.

O que é o Bloco de Esquerda e como se encontra Portugal em face da crise na Europa?

O Bloco passa pela junção de várias correntes de esquerda, que se reuniram uma dúzia de anos atrás contra a globalização e a política neoliberal. Num caminho oposto ao da social democracia de Tony Blair (ex-primeiroministro britânico), que com a guerra do Iraque fez da política o tempo da mentira. Hoje, Portugal vive como quase todos os outros países europeus, uma longuíssima recessão, desde 2007, com altos índices de desemprego, emigração e desespero social. A liberdade dos capitais é um fato relativamente novo do capitalismo. Os estados nacionais, de certo modo, sempre procuraram se proteger desta movimentação, porque enfraquece a base de sustentação fiscal. Estas barreiras começaram a ser retiradas com Thatcher (Margareth), Reagan (Ronald) e, sobretudo, a partir de Clinton (Bill), trazendo como consequência a enorme valorização do capital fictício e uma dívida pública, que vem sendo paga com os salários e

Hoje, Portugal vive como quase todos os outros países europeus, uma longuíssima recessão, desde 2007, com altos índices de desemprego, emigração e desespero social

Rodrigo Ricardo

as aposentadorias dos trabalhadores. A pressão para se emigrar é enorme. Engenheiros, arquitetos e outros profissionais estão indo embora, alguns inclusive para o Brasil. A Inglaterra, por exemplo, recruta milhares de enfermeiros portugueses. Afinal, é mais econômico importar esta mão-de-obra qualificada, do que sustentar e garantir uma universidade que possa fazer essa formação. A crise possibilita a organização da consciência dos trabalhadores?

A crise é sempre destruidora, uma derrota para os trabalhadores que acabam por viver a marginalização social que significa o desemprego. O capitalismo se radicalizou, portanto, tem ocorrido respostas mais fortes. Outro dia, um banqueiro disse que “se há mesmo luta de classes estamos perdendo”. Não é bem assim. No Brasil, a adaptação do governo do Partido dos Trabalhadores (PT) às políticas financeiras do FMI pôs fim à esperança do povo brasileiro. A consciência segue em disputa e vitórias e derrotas representam um processo de disputa.

Qual o papel da Alemanha no cenário da crise?

O centro financeiro se transferiu de Londres para Frankfurt. Além das questões econômicas, houve um motivo político para essa supremacia, o desaparecimento da França como balanço deste jogo. Quando François Hollande foi eleito, festejou-se como se ele fosse o princípio da salvação. Hoje, ele se trata do presidente mais impopular da França nos últimos 30 anos. A “Dividadura”?

É o nome de um livro meu, um neologismo, assim como “dividocracia” e outros criados para definir o poder da dívida frente aos Estados. O Primado da especulação, em que a política passa a ser feita pelos credores, com o desaparecimento da soberania. A Grécia é o caso mais perigoso da Europa. Eles passam por uma guerra econômica, gerando uma esquerda forte que pode inclusive vir a ser governo, mas também uma extrema direita. Vale relembrar que os gregos mais velhos lembram das bandeiras com a suástica hasteadas no Parthenon de Atenas, invadida pelas tropas de Hitler.

Marco Fernandes - 13/11/2013

Louçã foi coordenador do Bloco de Esquerda de 2005 a 11 de novembro de 2012. É intelectual premiado internacionalmente e seus livros já foram publicados em vários idiomas.


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