Boletim CLG 9

Page 1

Boletim CLG ASSOCIAÇÃO DOS DOCENTES DA UNIVERSIDADE FEDERAL DE SERGIPE 9

16 a 22 de julho de 2012

Governo ameaça cortar ponto de grevistas e provoca indignação das categorias O governo federal anunciou no dia 6 de julho a autorização de corte de ponto dos servidores grevistas de variados setores, incluindo os professores. A Secretaria de Relações de Trabalho do Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (SRT/MPOG) direcionou o comunicado número 552047 para todos os dirigentes de Recursos Humanos dos órgãos e entidades da administração pública federal. O documento orienta os dirigentes para a adoção das providências na folha de pagamento do servidor para efetuar o corte de ponto referente aos dias parados e ainda solicita deles encaminhamento de informações sobre a extensão das paralisações. A medida provocou uma onda de reações nas categorias em greve. O Comando Nacional de Greve (CNG) do ANDESSN emitiu nota de repúdio contra a tentativa do governo de criminalizar o movimento. Segundo a nota, o comunicado é uma ameaça inaceitável ao direito constitucional de greve e uma tentativa de espalhar medo entre a categoria. O Comando informou que não recuará diante das pressões do governo. Em reunião ocorrida no dia 10 de julho entre a Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes) e o CNG, o presidente da Andifes, João Martins, reafirmou seu

compromisso com o apoio à greve dos docentes e seu empenho em dialogar com parlamentares e com o Ministério da Educação, no sentido da agilizar o processo de negociação. Na UFS, o reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho confirmou que não é prática frequente das universidades aderirem a medidas de corte de ponto. Greve Além dos docentes, diversos órgão deflagraram greve, entre eles Funasa, Ministério da Saúde, Ministério do Planejamento, Ministério do Trabalho e Emprego, Ministério da Integração Nacional, Ministério do Desenvolvimento Agrário, Ministério da Justiça, Fundação Nacional do Índio (Funai) e Ministério da Agricultura. Os professores federais estão parados a dois meses. Eles reivindicam reformulação do Plano de Carreira e melhores condições de trabalho. Já são 60 institutos federais em greve, o que corresponde a um percentual de mais de 95%. Após pressões por parte da categoria, o MPOG c o n v o co u o A N D ES , Sinasefe e Proifes para uma reunião na sextafeira, 13, ocasião em que apresentou uma proposta de negociação. O CNG reprovou a proposta e a

posição do governo. O comando também avalia que o movimento de greve entra em momento de enfrentamento, ou seja, de intensificar a mobilização, radicalizar as ações de greve e manter a negociação dos professores. (Com informações do ANDESSN e G1 Globo)

Notícia Professores entregam pauta para reitor P.3

Artigo Avaliação política do ANDES-SN P.4


Editorial Durante este período de greve, muitos dos profissionais diretamente envolvidos no movimento têm escutado, nos diálogos que se produzem por força de sua mobilização, expressões como “é natural que se tome tal medida”, “isso já é esperado”, “tem sido sempre assim”, e, deste modo, naturalizam-se posturas que absolutamente não são de geração espontânea. Correspondem, na verdade, a escolhas, alinhamento político, tomadas de decisão. É, sim, com escolhas que temos tratado. O silêncio de quase dois meses diante do cenário de um milhão de alunos sem aulas é uma escolha. O anúncio de corte de ponto do trabalhador em greve, conforme observado no último dia 06 de julho, não é natural, é cultural e histórico, é a escolha por um (já desgastado) modo de intimidação. Acionar a força policial, como mediadora de um diálogo com/entre categorias trabalhistas em greve – o que se viu em nosso ato unificado, em frente ao IFS, nesta sexta-feira treze – é uma escolha, uma péssima escolha, diga-se de passagem, considerando todo o tempo

decorrido desde o período de ditadura militar e as inúmeras conquistas já alcançadas pelo movimento trabalhista de nosso país.

Já as nossas escolhas têm mantido uma coerência com a carreira que escolhemos para nossas vidas. Somos pela educação nos diversos níveis. Durante esta semana, estivemos presente em reuniões dos conselhos superiores. Entregamos ao reitor da UFS a pauta local, produto de nossas A greve continua forte. Contribua discussões anteriores e na construção de uma concomitantes ao movimento universidade de qualidade! grevista. Realizamos nossa assembleia geral, mantendo nossa base informada e em sintonia com as ações e escolhas praticadas. Mantivemos a agenda do Cine-Greve. Realizamos ato unificado CONVITE CINE GREVE UNIFICADO em frente ao IFS, de DATA: 18/7 (QUARTA) HORA: 15h Aracaju, no qual a força de LOCAL: AUDITÓRIO DA ADUFS nosso movimento e a integração com outras FILME: categorias ficaram "ADEUS, PRIMEIRO AMOR’’ evidentes.

Charge da semana

Quando vamos marcar uma reuniao para negociar a greve?

Esperamos, portanto, que se amplie a discussão por uma educação superior pública, gratuita e de qualidade social. Que a gestação desta proposta por um plano de carreira docente, tão difícil e ameaçada pelas águas turvas da falta de negociação, chegue a um término satisfatório. A fim de que não tenhamos nossa carreira ameaçada de extinção, embora estejamos no topo de importância para a tr a n s fo r m a ç ã o d a s o c i e d a d e brasileira.

Reuniao? Que?

Cuma?

Direção: Mia Hansen-Love Sinopse: Camille e Sullivan vivem pela primeira vez a sensação do amor. O casal tem um relacionamento inocente, despretensioso e maduro para a idade deles. Quando Sullivan decide deixar o país, os sonhos de ambos caem por terra, fazendo-os sentir um tipo de dor até então desconhecido.

ES ENRTEVE C DOM G E EXPEDIENTE DIRETORIA 2010-2012 - GESTÃO ‘‘A LUTA CONTINUA’’ Presidente: Antônio Carlos Campos; Vice-presidente: Marcos Antônio da Silva Pedroso; Secretária: Manuela Ramos da Silva; Diretor Administrativo e Financeiro: Júlio Cesar Gandarela Resende; Diretor Acadêmico e Cultural: Fernando de Araújo Sá. Suplentes: Sonia Cristina Pimentel de Santana e Carlos Dias da Silva Junior Boletim produzido pela ADUFS - Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Sergipe do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior Endereço: Av. Marechal Rondon, s/n, bairro Rosa Elze, São Cristóvão-SE Jornalismo: Raquel Brabec (DRT-1517) Estagiário em Design Gráfico: Fernando Caldas O conteúdo dos artigos assinados é responsabilidade dos autores e não corresponde necessariamente à opinião da diretoria da ADUFS Contato ADUFS: Tel.: (79) 3259-2021 E-mail: adufs@infonet .com.br Site: http://www.adufs.org.br N° de Tiragem: 1000 exemplares

2


Nº9 Professores entregam pauta de reivindicações locais para reitor da UFS

Durante reunião ocorrida no dia 11 de julho, os docentes da UFS realizaram a entrega da pauta local de reivindicações para o reitor Josué Modesto dos Passos Subrinho. A pauta aprovada em assembleia se refere a diretrizes para o bom funcionamento da universidade, promovendo ações para construção de uma universidade autônoma, democrática e socialmente referenciada. Marcaram presença também membros do Comando de Greve do SINTUFS. A pauta conta com cinco tópicos que trazem benefícios para servidores, contratados e alunos. Eles são relativos a: Estatuinte (Autonomia da universidade e Democracia); Infra-

Outro assunto de destaque da reunião foi a situação de trabalho dos professores substitutos, temporários e dos tutores do Centro de Educação Superior à Distância (Cesad). O CLG afirma que impedir o professor substituto de aderir à greve é ilegal e solicita revisão do contrato da categoria. Também luta pela extinção do contrato do professor temporário e defende maior discussão Representantes do sobre o funcionamento do CLG reuniram-se com reitor Cesad, hoje considerado uma universidade dentro da estrutura e Condições de Trabalho; própria universidade. O reitor adiantou Ensino; Pesquisa; Extensão. informações do MEC de que haverá Na reunião, os professores que fazem repasse de 265 novas vagas de parte do Comando Local de Greve professor para UFS e se comprometeu (CLG) apresentaram as medidas a se informar sobre a situação do emergenciais da pauta para obterem Cesad. respostas concretas por parte do reitor. Entre elas está a reformulação do Os docentes também questionaram o calendário de pesquisa e pós- reitor sobre o posicionamento da UFS graduação para não prejudicar os quanto ao possível corte de salário dos prazos de estudantes e professores no servidores grevistas anunciado pelo período de greve. Foi realizada uma governo federal. Segundo Josué, o reunião com a Pró-reitoria de Pós- anúncio do corte é um movimento g r a d u a ç ã o e P e s q u i s a p a r a previsível do governo e já aconteceu reorganização das datas. No próximo em outras ocasiões, sendo que não é dia 18 de julho, às 9 horas, acontecerá uma prática frequente as univeru m a n o v a r e u n i ã o c o m o s sidades aderirem a essa decisão. coordenadores dos cursos de pósgraduação.

Comando Local de Greve lança cartilha dos estudantes O Comando Local de Greve (CLG) lançou no dia 10 de julho a “Cartilha para os Estudantes: Direitos dos Alunos e Deveres dos Professores”. O material foi produzido para informar os estudantes sobre seus direitos durante a greve dos docentes da UFS e minimizar os efeitos da paralisação das atividades acadêmicas na rotina do universitário. O CLG produziu a cartilha ao longo de 1 mês. Utilizou como material base informações presentes em resoluções das normas acadêmicas da UFS e Leis de Diretrizes de Bases (LDB), que determinam o que os professores podem ou não fazer, independente de haver greve. Também foram feitas consultas de informação à direção do Departamento de Administração

Acadêmica (DAA) Segundo a professora Maria Aparecida Silva Ribeiro, do Departamento de Letras da UFS, a cartilha foi criada com o objetivo de orientar os alunos que estão se sentindo lesados com a continuação das aulas por parte dos professores que não aderiram à greve. “Muitos alunos não sabem quais procedi-mentos adotar nessa situação. A cartilha mostra quais recursos eles possuem para evitar uma situação de constrangimento, como participar de aulas em locais inapropriados, por exemplo”, ressalta. Confira alguns pontos da cartilha. Material completo disponível na sede da ADUFS.

horários ou salas de aula diferentes das especificadas pela Pró-reitoria de Graduação no início do período letivo. > Os alunos têm direito a reposição das aulas não ministradas durante a greve. A reposição das aulas ocorrerá de acordo com o calendário a ser divulgado no final da greve. > As atividades virtuais e cobrança por e-mail são permitidas apenas se já estiverem previstas no plano de ensino apresentado pelo professor no início do ano. > O professor ou departamento não pode fazer mudanças no plano de ensino após a sua divulgação no começo do período letivo.

> As aulas não podem ocorrer em

3


Avaliação política sobre reunião ocorrida com o governo no dia 13/07 ANDES-SN O movimento de greve resultou da indignação e reação por parte da categoria frente às condições de trabalho, a desestruturação da carreira e ao aviltamento salarial impostos no interior da Instituição Federal de Ensino (IFE) ao longo das duas últimas décadas, resultado das políticas econômica, educacionais e de ciência e tecnologia que incluem a subordinação da produção do conhecimento e dos processos de formação aos interesses mercantis. Na maior greve das Instituições Federais de Ensino - IFE na história de nosso país, os docentes lutam pela pauta de reivindicações definida na base do ANDES-SN. A greve é forte, inclusive em alguns locais onde as bases derrotaram direções que não queriam a greve nem enfrentar as ações governamentais que retiram direitos dos docentes. A força da greve adquiriu proporções que ultrapassaram os muros das IFE e fez a sociedade perceber a gravidade da situação em que se encontram as IFE e, por conseguinte, a legitimidade das nossas reivindicações. Isso resultou na ampliação do apoio social a esta luta que, para além da defesa de uma carreira docente e de melhores condições de trabalho, pauta para a sociedade a defesa da educação pública de qualidade no país. O movimento grevista tem pressionado cada vez mais o governo, forçando-o ao processo de negociação com a categoria, tendo apresentado uma proposta no último dia 13. Além disso, a força da greve e a intensificação da mobilização na base, através de atos públicos, debates, marchas nacionais, atividades no parlamento, unidade de ação com o setor da educação e os demais servidores públicos, reuniões com alto escalão do governo e entrega de carta a presidenta da república, dentre outras, geraram desgastes e agravou a situação do governo, forçando-o a se movimentar no marco de uma greve forte. O momento exige avaliar não só a força de nossa greve, mas não

desconhecer a capacidade de ação do governo que se vale da troca favores com o grande capital, o parlamento, a mídia, e políticas populistas e age diante do conflito para, ao responder ao movimento, manter seu projeto estratégico para o serviço público e para as IFE. A proposta apresentada no último dia 13, que não atende as reivindicações de nossa greve, atesta o projeto mais amplo do governo para a sociedade brasileira.

de trabalho, reduz esta formação ao ensino e distancia a perspectiva de integração e indissociabilidade com a pesquisa e a extensão, ao mesmo tempo em que favorece os processos de privatização. Ações já em curso nas universidades e nos Institutos Federais confirmam essa orientação fragmentadora dos processos institucionais e de bloqueio ao efetivo d e s e n v o l v i m e n t o d a indissociabilidade prevista e necessária à formação superior de qualidade.

Diante do quadro econômico internacional, usado pelo governo A desestruturação iniciada com a como justificativa de suas políticas implementação das gratificações em contencionistas, da crise política 1992, com a criação da GAE pela qual passa o país e da força da (Gratificação de Atividade Executiva) nossa greve, o governo encena uma – Lei 13/1992, de 27 de agosto de iniciativa frente à sociedade ao 1992 - gratificação calculada a partir apresentar à de percentual fixo mídia uma sobre o vencimento ‘‘Mesmo o governo proposta, de b á s i c o , tendo sido forçado a modo falacioso posteriormente e antes mesmo qualificada a partir da responder ao de apresentá-la movimento, a proposta introdução de critérios oficialmente ao produtivistas pela por ele apresentada movimento, criação da GED tentando jogar não atende às nossas ( G r a t i f i c a ç ã o d e a opinião Estimulo à Docência), reivindicações, pois pública contra o para a carreira de está orientada pelos movimento. magistério superior, interesses do projeto através da Lei 9.678, M e s m o o de 3 de julho de 1998 e macroeconômico de governo tendo da criação da GID sido forçado a (Gratificação de estado’’ responder ao Incentivo à Docência) movimento, a para a carreira de proposta por ele apresentada não magistério de 1o e 2o graus por meio atende às nossas reivindicações, da Lei no 10.187, de 12 de fevereiro pois está orientada pelos interesses de 2001 – se aprofundou na última do projeto macroeconômico de década com a introdução de novos estado, que diminui gastos com elementos que descaracterizaram a políticas públicas, apresenta uma estrutura de carreira e de malha organização do trabalho docente salarial. coadunado com os pressupostos organizativos da reforma gerencial A criação da Classe de Professor em curso no Estado brasileiro, em Associado (Lei 11.344, de 8 de especial no que se refere às setembro de 2006), a desvinculação determinações produtivistas e às do adicional de qualificação designações externas às (aperfeiçoamento, especialização, instituições, subordinando-as ainda mestrado e doutorado) do mais aos processos e interesses Ve n c i m e n t o B á s i c o e s u a mercadológicos. transformação em uma Retribuição por Titulação (Lei 11.784, de 22 de Além disso, a proposta do governo setembro de 2008), hipervalorizando consolida alterações estruturais na o incentivo de doutorado para os organização do trabalho docente, docentes associados da carreira de adequando-o às exigências de um Magistério Superior e para os “novo” padrão de instituição de docentes das classes DIV e DV da ensino superior, cujo papel social carreira de EBTT, promoveram a prioriza a formação imediata da força quebra da isonomia, a diferenciação

4


Nº9 interna entre ativos e aposentados, entre recémingressos na carreira docente e docentes mais antigos. A mesma lei (11.784/2008), que reestruturou a carreira do Magistério Superior, criou a Carreira de EBTT, repercutindo nela os mesmo problemas da Carreira do Magistério Superior. Além disso, criou obstáculo na progressão por titulação, pela omissão em sua regulamentação, nos termos previstos na própria lei. Tudo isto, somado a outros elementos impostos aos docentes, intensificou a individualização do trabalho e dos processos instituciona-is. Dentre os elementos da proposta apresentada pelo governo que consolidam o processo em curso destacamos: a desestruturação da carreira e da malha salarial; a desvalorização salarial; a ampliação da heteronomia e da intensificação do trabalho docente, determinados pelos critérios de progressão e promoção; a consolidação do produtivismo, do empreendedorismo, do individualismo e da competitividade; e a quebra de isonomia entre ativos e aposentados. Trata-se de uma das peças decisivas e fundamentais para a consolidação da contrarreforma universitária. A malha salarial implícita nos valores apresentados nas tabelas desvenda uma desestruturação salarial e a desvalorização salarial diferenciada para as diferentes classes, que impõe aos docentes uma quebra de identidade enquanto trabalhador docente. Isso se expressa de forma mais clara nos diferentes percentuais de reposição que, para além da não recuperação das perdas inflacionárias prevista para o período de 2010 a 2015, incidem, de forma diferenciada, nas classes e nos níveis, sobretudo em relação à retribuição por titulação: apresenta projeção de eventuais “ganhos” apenas aos docentes no topo da carreira (professor titular) em 2015, congela salário para algumas classes e determina perdas para outras, além de reforçar o represamento no

acesso ao topo da carreira. A proposta para avaliação do trabalho não só intensifica a heteronomia como também incide negativamente sobre o trabalho coletivo nas IFE, pois se centra no “desempenho individual” e o submete a um agente externo, sem conexão ao projeto institucional que deveria ser construído pela comunidade acadêmica de forma democrática e vinculado a uma avaliação institucional que nortearia a avaliação docente para progressão na carreira. A subordinação da avaliação do trabalho docente, na proposta do governo, para efeitos de progressão e promoção, a critérios definidos pelo Ministério da Educação e Órgãos de Fomento de pesquisa e tecnologia, generaliza para o conjunto do trabalho docente o processo já experimentado nos programas de pós-graduação em sua relação com a CAPES, o qual tem resultado na intensificação do trabalho, no produtivismo acadêmico e na ampliação da heteronomia, o que afronta diretamente a autonomia universitária. No mesmo sentido, subordinar as atividades de pesquisa, ensino e extensão a critérios externos – que também está presente no projeto do governo, através da Retribuição por Projeto (RP) – consolidará a “editalização” da vida acadêmica já em curso e viabilizada pelas Fundações Privadas ditas de Apoio. O processo de “editalização” da vida acadêmica, ou seja, a organização do trabalho docente, nas dimensões de pesquisa, ensino e extensão, a partir de financiamento obtido fundamentalmente através de editais de financiamento dentro e fora da universidade, se consolidará por meio da inclusão da RP na carreira docente. A intensificação do trabalho se evidencia na combinação de duas exigências concomitantes como critério para progressão na carreira. Desconsiderando o que está na LDB, mínimo de 8 horas aula, o governo quer arbitrar em 12 horas aula o mínimo para o Magistério Superior e remete ao MEC a definição do mínimo para a EBTT, sem levar em conta as múltiplas realidades em cada IFE, unidade curso ou departamento. Além disso,

impõe a implantação de um sistema de avaliação individual de cunho produtivista objetivada em um escore de pontos, no qual o índice de 70% foi arbitrado para aprovação. Além disso, a proposta mais uma vez incide sobre os aposentados ao cristalizar, na transposição da carreira, as perdas que eles sofreram ao longo dos anos com a implementação de mudanças, como: a criação de gratificações das quais eles foram excluídos e a inclusão de nova classe de professor associado, cujo acesso lhes foi negado, quebrando a isonomia. O conjunto dessas ações complementa a contrarreforma de previdência por dentro da carreira docente para os que não foram atingidos pela contrarreforma “oficial”. Por fim, a proposta do governo quebra a solidariedade de classe, na medida em que força a categoria a uma divisão interna, classificando-a em segmentos por tipos de trabalho e modalidades de desenvolvimento na carreira. Nesse cenário, o governo buscará, a partir do apoio dos seus aliados no movimento sindical e no interior das instituições, dividir o movimento grevista e ganhar a opinião pública, apresentando dados distorcidos e falaciosos, gerando confusão e desfocando o cerne do debate em torno das nossas reivindicações. O GNG/ANDES-SN avaliou o quadro e considera que a greve entra em um novo momento, e este decisivo, cujo centro é: dar sequência ao enfrentamento, num patamar superior de compreensão e crítica à posposta do governo; cerrar fileiras no movimento paredista avançando na paralisação de maior número de atividades nas instituições; intensificar o diálogo com a categoria e a sociedade; desmistificar a proposta do governo, destacando seu significado de consolidação dos retrocessos já existentes em nossa carreira, na desestruturação e desqualificação de nossa remuneração, na legalização da intensificação do trabalho que precariza as condições do seu exercício. Isto contribui para o fim do caráter público das instituições de ensino federal neste país. A tarefa é manter e radicalizar a greve. Nesta semana, isto significa: intensificar o movimento e desmascarar a proposta do governo.

5


Notícias Rápidas

AGENDA DE GREVE DOS DOCENTES DA UFS

Professores fazem intervenção na reunião dos Conselhos Superiores Na terça-feira, 10 de julho, professores e técnicos da UFS compareceram na reunião dos Conselhos Superiores para eleição do reitor. Objetivo foi solicitar apoio à greve dos servidores federais aos conselheiros. O presidente da ADUFS, prof. Antônio Carlos, recebeu espaço antes do início da reunião para enfatizar a força da greve, especialmente diante da ameaça de corte de ponto feita pelo governo, e a necessidade de discussão da carreira do professor. Alunos da UFS realizam assembleia por melhorias Alunos da Universidade Federal de Sergipe (UFS) realizaram uma assembleia nesta quarta-feira, dia 11. O objetivo foi reivindicar melhorias estruturais, bem como discutir sobre as reivindicações da categoria e dos professores da instituição. Novas manifestações podem ocorrer caso o governo insista em não negociar com os universitários e docentes. (Infonet) Andifes solicitará audiência com ministros para debater a greve A Associação Nacional dos Dirigentes das Instituições Federais de Ensino Superior (Andifes), decidiu em reunião do Conselho Pleno, 10, que vai solicitar uma audiência, para os próximos dias, com o ministro da educação, Aloizio Mercadante e com a ministra do planejamento Miriam Belchior. Os reitores querem buscar celeridade na negociação entre governo e os sindicatos dos trabalhadores em greve nas Universidades Federais e discutir a orientação do comunicado nº 552047/ 48, do Ministério do Planejamento, enviado aos departamentos de recursos humanos das universidades no último dia 06. (Andifes) Governo tem R$ 59 bilhões para investir, mas não consegue gastar O governo federal já acumula em caixa R$ 59 bilhões para investimentos públicos, que não conseguiu gastar. Esse valor é referente a obras previstas nos orçamentos anuais da União que não saíram do papel. Os recursos foram "empenhados", mas não "liquidados" e "pagos" porque o investimento ainda não foi realizado. No jargão técnico, são os chamados restos a pagar. (Estadão)

*Em virtude da greve e da ocorrência da reunião com os coordenadores de Pós-graduação, a agenda aprovada em assembleia precisou ser alterada.

PRINCIPAIS CONQUISTAS DO MOVIMENTO DOCENTE DOS IFE’s 1980 - 26 dias

Nova carreira do magistério superior das IFES ; reajuste de 82,25%

1981 - 20 dias

Impedimento de transformar as Universidades Autárquicas em Fundações; reposição de 30%

1982 - 32 dias

Impedimento de implantação de ensino pago nas IFES

1984 - 84 dias

Consolidação do ANDES

1985 - 45 dias

Liberação de 60 bilhões de cruzeiros para as IFES; reajuste de 75%

1987 - 44 dias

Plano Único de Classificação e Redistribuição de Cargos e Empregos; nova tabela salarial

1989 - 66 dias

Liberação de 60 milhões de cruzados novos; melhorias no plano de carreira dos docentes; contração de 760 docentes e 1340 TA´s; direito à aposentadoria integral.

1991 - 107 dias

Aumento nas gratificações por titulação; reajuste de 20%

1993 - 31 dias

Reajuste salarial escalonado de 85%

1994 - 50 dias

Supremo Tribunal Federal decide que Servidores Públicos Federais têm direito à greve.

1998 - 104 dias

Substituição do PID pela GED.

2000 - 87 dias

Barrar o projeto de autonomia do MEC e o projeto de emprego público do Governo Federal.

2001 - 108 dias

Abertura de 2 mil vagas; reajuste salarial entre 8% e 15%

2003 - 59 dias

Avanços na unidade dos servidores públicos federais das três esferas do governo.

2005 - 106 dias

Aumento de 300 para 600 milhões de reais nos recursos para melhorar os salários da categoria.

2012 - Greve (Reestruturação da carreira, condições dignas de trabalho e recomposição das perdas salariais) Deflagrada em DEPENDE DA SUA PARTICIPAÇÃO 17/05 Fonte: ANDES-SN


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.