BOLETIM CLG Nº7 SET/OUT 2015
Uma imagem da “Pátria Educadora”! P.03 Debate
Artigo
Soberania alimentar é tema NOVOS ATAQUES, MESMA POLÍTICA: de debate na ADUFS Fortalecer nossas mobilizações P. 05 e seguir na luta P. 06
Mobilização Servidores realizam cortejo fúnebre contra políticas do governo P. 08
Editorial
ESCONDER O QUE ESTÁ RUIM É FAZER COM QUE FIQUE PIOR! No dia 28 de setembro de 2015, a greve nacional dos docentes federais completou quatro meses. Iniciada em 28 de maio, a greve reivindica a defesa do caráter público das Ins tuições Federais de Ensino (IFE), melhores condições de trabalho, garan a de autonomia, reestruturação da carreira e reajuste salarial para a vos e aposentados. Durante esse período, foram inúmeras as tenta vas de negociação com o governo que insiste em não atender a categoria de trabalhadores de todo o país. Vale ressaltar o calendário proposto pelo próprio Ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, que sinalizou que em abril o governo faria um estudo das reivindicações e do limite orçamentário para dar início às negociações em maio, mas de fato, somente mais de um mês depois do início da greve apresentou o reajuste de 21,3% parcelado em 04 anos, o que representa o confisco dos salários dos SPFs e após quase 100 dias de greve (05/09), o governo apresentou nova proposta de 10,8% parcelado em dois anos, o qual, mais uma vez, não cobre sequer a inflação e não repara as perdas salariais dos servidores. A o l o n go d e s s e s q u at ro meses, os docentes federais têm, insistentemente, procurado o Ministério da Educação (MEC) para negociar a pauta de reivindicações da categoria. O MEC, entretanto, apesar de afirmar publicamente, a todo o momento, que está disposto a negociar, contradiz seu
discurso ao não apresentar qualquer proposta aos docentes. O ministério recebeu o ANDES-SN quatro vezes no ano de 2015 (10/03, 22/05, 23/06 e 22/07) e em nenhuma dessas reuniões, houve negociação. REUNIÃO SEM NEGOCIAÇÃO, É ENROLAÇÃO! A enrolação do Governo fez com que os dias 23 e 24 de setembro de 2015 fossem marcados por atos contundentes, protagonizados pelo CNG-ANDES-SN e outras en dades do movimento sindical e popular. Ações polí cas radicalizadas foram realizadas em Brasília/DF, no Ministério da Fazenda, MPOG e MEC, este úl mo, sendo ocupado por 16 docentes que se man veram até que o Ministro Janine Ribeiro se comprometesse em receber ou agendar uma reunião com o ANDES SN. A a çã o ra d i ca l i za d a e a disposição de luta dos docentes e estudantes arrancou o compromisso do governo de que tal reunião ocorrerá em 05/10/2015 e, então, o prédio foi desocupado. A avaliação do CNGA N D E S-S N é de que as ações realizadas no MPOG e especialmente no MEC cumpriram um papel importante em nossa luta. Ainda que não tenhamos expecta vas elevadas em relação ao avanço de nossa pauta específica, o compromisso de realização da reunião com o ministro representa uma vitória polí ca frente à completa omissão deste perante a greve da educação federal. Também aconteceram atos
em diversos estados, como o que ocorreu aqui em Sergipe. Na ocasião, servidores federais realizaram um cortejo fúnebre contra as polí cas do atual governo, em especial, pela Pátria Educadora que desmonta o caráter público da Educação, rando verbas das Ins tuições Federais de Ensino e injetando na inicia va privada, precarizando ainda mais a Educação. Esses atos foram construídos como forma de pressionar o governo federal contra a polí ca de “ajuste fiscal”, para expressar nosso repúdio e indignação frente aos pacotes econômicos e ataques aos direitos sociais, bem como, em nossas reivindicações específicas, defender a educação pública e exigir resposta à nossa pauta. Os ataques em curso contra a educação pública, par cularmente no âmbito da rede federal, os quais tendem a ser aprofundados, exigem a unidade de nossa categoria, bem como a ar culação com outros movimentos sociais. A greve está se encaminhando para a sua suspensão, mas até quando a Universidade Federal de Sergipe irá con nuar funcionando? Quando a gestão da UFS assumirá, a exemplo de outras Universidades, que os cortes do ajuste fiscal irão comprometer não somente a qualidade, mas o próprio funcionamento desta ins tuição? ESCONDER O QUE ESTÁ RUIM É FAZER COM QUE FIQUE PIOR! Prof. Dr. Jailton de Jesus Costa, Presidente da ADUFS
EXPEDIENTE DIRETORIA 2014-2016 - GESTÃO ADUFS DE LUTA E PELA BASE Presidente: Jailton de Jesus Costa (CODAP); Vice-presidente: Acácia Maria dos Santos Melo (DQI-CCET); Secretária geral: Brancilene Santos de Araujo (DFS-CCBS); Diretor Administrativo e financeiro: Júlio Cézar Gandarela Resende (DMA - CCET); Diretor Administrativo e Cultural: Otávio Luiz cabral Ferreira (DAVD - CECH); Suplentes: Marcos Antônio da Silva Pedroso (CODAP), Marcos Santana de Souza (DDA - Campus Laranjeiras), Dênio Santos Azevedo (NTU - CCSA).
Endereço: Av. Marechal Rondon, s/n,bairro Rosa Elze, São Cristovão - SE Jornalismo e fotografia: Raquel Brabec (DRT - 1517) / Design e ilustrações: Fernando de Jesus Caldas O conteúdo dos artigos assinados é responsabilidade dos autores e não corresponde necessariamente à opinião da diretoria da ADUFS.
Boletim produzido pela ADUFS - Seção Sindical dos Docentes da Universidade Federal de Contato ADUFS: Tel.: (79) 3259-2021 / E-mail: adufs@adufs.org.br / Site: www.adufs.org.br Sergipe do Sindicato Nacional dos Docentes de Instituições de Ensino Superior. Nº de tiragem: 500 exemplares.
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Boletim CLG
Negociação
Docentes federais conquistam reunião com ministro da educação e MPOG Após uma quinta-feira (24) recheada de manifestações em Brasília (DF), os docentes federais conquistaram, na base da pressão polí ca, duas importantes reuniões de negociação sobre a pauta de reivindicações da greve, que já dura quase quatro meses. Pela manhã, após manifestação em frente ao Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG), a Secretaria de Relações de Trabalho (SRT-MPOG) se comprometeu a reunir com os grevistas. Pela tarde, após ocupação do gabinete do ministro da educação, Janine Ribeiro finalmente se comprometeu em receber os docentes federais em greve no dia 5 de outubro. As manifestações, que contaram com a presença de docentes em greve de diversas universidades do país e com o apoio de estudantes, começaram logo cedo. Às 10h os manifestantes se reuniram na frente do MPOG, onde exigiram resposta à pauta de reivindicações apresentada no dia 18, e também a marcação de uma reunião previamente acordada com o ministério, mas que desde então não teve confirmação. Sem quaisquer respostas do MPOG desde 31 de agosto, os docentes pressionaram por algumas horas até que Sérgio Mendonça, da SRT-MPOG, se comprometesse a recebê-los na próxima semana, por meio de o cio enviado ao ANDES-SN. Em seguida, os manifestantes se dirigiram ao Ministério da Educação (MEC). Um grupo de 16 docentes do Comando Nacional de Greve (CNG) do A N D E S-S N ocupou o gabinete do ministro Janine Ribeiro por volta das 13h como forma de pressioná-lo a receber a categoria. Os demais manifestantes se concentraram na porta do ministério, onde foram reprimidos pela Polícia Militar com gás de pimenta e cassetetes. O MEC enviou, então, representantes para negociar a desocupação e se dispôs a realizar uma reunião, na mesma hora, entre os manifestantes e a Secretaria de Ensino Superior (Sesu-MEC).
Docentes ocupam gabinete do MEC
Quem par cipou da reunião foi Jesualdo Farias, secretário da Sesu-MEC. Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN, apresentou os novos elementos de negociação dos docentes federais em greve – protocolados no próprio MEC na s e m a n a a n t e r i o r. R i z zo t a m b é m ques onou Jesualdo sobre como as universidades federais serão afetadas pelas novas medidas de ajuste apresentadas recentemente pelo governo federal, entre as quais a suspensão de concursos públicos e o fim do abono-permanência. O secretário respondeu que não tem como se posicionar sobre os elementos de negociação que incorrem em questões financeiras, pois isso é de atribuição do MPOG, e se esquivou do debate dessas pautas. Em relação aos concursos públicos, afirmou que imagina que os concursos já aprovados serão realizados, mas que isso ainda depende de reuniões com o ministro da educação e com Luiz Cláudio Costa, secretárioexecu vo do MEC. Jesualdo disse que as medidas de ajuste e arrocho são gerais a todo o serviço público, mas que não tem certeza de como elas afetarão as universidades. O l ga í s e s M a u é s , 2 ª v i c e presidente da Regional Norte II do A N D ES-S N, cobrou a presença do ministro Janine Ribeiro nas negociações com os docentes federais, lembrando 3
que ele é o único ministro da educação que nunca recebeu o Sindicato Nacional ou os docentes grevistas. O secretário da Sesu- M E C respondeu que tentaria marcar a reunião com o ministro, desde que os docentes desocupassem o gabinete do ministro. Os docentes se negaram a desocupar o gabinete enquanto uma reunião com Janine não fosse marcada. Algumas horas depois, com intermediação de uma deputada federal, Luiz Cláudio Costa, s e c re tá r i o - exe c u vo d o M E C , s e comprometeu a marcar uma reunião entre os docentes federais, estudantes e Janine Ribeiro para o dia 5 de outubro. A proposta foi aceita com a ressalva de que seria importante que a reunião acontecesse já na próxima semana, dada a gravidade da situação da educação pública federal. Paulo Rizzo, presidente do ANDES-SN, afirmou que as manifestações foram vitoriosas, já que conseguiram fazer com que MPOG e MEC marcassem novas reuniões. “Não nhamos resposta do MPOG desde 31 de agosto, e do MEC desde 3 de setembro. Qu eremo s n ego cia r, e, in clu s ive, apresentamos novos elementos para negociação. Mas foi apenas com muita mobilização que conquistamos essas duas reuniões”, disse o presidente do ANDES-SN. *Fonte: ANDES-SN
Negociação
Contraproposta do CNG é votada em Assembleia Em mais de 100 dias de greve, a categoria dos docentes da UFS se reuniu em Assembleia Geral no dia 16/09 para discu r a contraproposta do Comando Nacional de greve (CNG) a ser negociada com o governo. Por ampla maioria, os docentes aprovaram os itens do documento; a decisão foi enviada ao CNG para compor o quadro das decisões das ADs. O CNG, a par r da avaliação de conjuntura, discu u a necessidade de ampliar a pressão sobre o Ministério da Educação ( M E C ) e Ministério do Planejamento, Orçamento e Gestão (MPOG) para que apresentem respostas concretas à pauta de reivindicações dos docentes. Como nas próximas semanas pode ocorrer uma nova reunião setorial, o CNG encaminhou a contraproposta para apreciação nas assembleias gerais dos docentes pelo país. A contraproposta exige respostas efe vas a questões relacionadas à defesa do caráter público da universidade, condições de trabalho (realização dos concursos públicos para as vagas já aprovadas em lei e a finalização das obras em andamento), garan a de autonomia, reestruturação da carreira e valorização salarial. Neste úl mo tópico, houve maiores esclarecimentos durante a assembleia. Conforme o professor Airton Paula explicou, a proposta de negociação do sindicato nacional inclui acordo salarial para dois anos (até 2017), com correções da estrutura remuneratória a iniciar em 2016, com índice de referência de 19,7%, conforme aprovado em assembleias. Os docentes querem n e g o c i a r d e g ra u s p a ra d i m i n u i r achatamentos ver cais e horizontais, par ndo do piso do Vencimento Básico (VB) do professor na Classe A, nível 1, pois assim haverá progressão mais harmoniosa. O governo, ao apresentar sua proposta de reajuste na mesa setorial, disse que a reestruturação da carreira seria tratada em Grupo de Trabalho (GT), ou “Comitê Provisório”. Assim, a
contraproposta do CNG exige que, ao ins tuir o GT, que sejam garan dos o tratamento das questões estruturantes da proposta do ANDES-SN, conforme acordado com a Secretaria de Relações do Trabalho (Sesu/MPOG) em abril de 2014. Nesse GT, precisa haver espaço para tratar questões como: carreira única do magistério federal, um único cargo, uma linha só no contracheque, com incorporação da RT, fim de classes e existência apenas de níveis com degraus constantes entre eles, possibilidade de todos os professores se desenvolverem até o úl mo nível da carreira dentro da faixa salarial correspondente à sua tulação, entre outras questões. Outro ponto de reivindicação é que, a par r de 01/01/2016, o VB para professor em Dedicação Exclusiva (DE) seja 1,55 vezes o VB de 40h, e que isso avance progressivamente na relação entre os VB de 40h e de 20h, até que o de 40h corresponda ao dobro do de 20h. Novo pacote de cortes O anúncio do novo pacote de cortes feito pelo governo na segundafeira (14) trouxe à tona perspec vas pessimistas durante a análise de conjuntura da assembleia. O obje vo com esses novos cortes é manter o pagamento de juros e amor zações da dívida ao sistema financeiro, porém, à custa da verba que seria direcionada ao 4
serviço público e aos programas sociais. “A crise econômica está nas costas do trabalhador”, disse a professora Sônia Meire em sua fala. “Nós estamos pagando a conta de uma polí ca ultraconservadora. A análise que fazemos é: precisamos radicalizar, fazer uma construção cole va da classe trabalhadora, a começar pelo grande ato que aconteceu no dia 18 de setembro em São Paulo”. Para o professor Carlos Sá, a crise vai piorar pela frente. “Essa polí ca de austeridade serve aos interesses das altas finanças. Ela vai trazer desempregos, perda de bene cios, consequências nefastas para os trabalhadores, como vimos acontecer na Europa. Con nuo a insis r que não há outro caminho além da greve”, afirmou. A professora Claudete reforçou a informação. “O histórico da luta sindical mostra que greve é o único momento em que o governo negocia com a categoria, é a única linguagem histórica que o pessoal que está no poder entende”. Diante da redução das verbas para manutenção das universidades, e das no cias de demissões de terceirizados, de corte de bolsas de pesquisa, de falta de orçamento para equipamento, Claudete declarou: “O fim da greve não significa que a universidade vai conseguir se sustentar. Tem reitor que já está marcando data para fechar as portas de sua universidade”.
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Debate
Soberania alimentar é tema de debate na ADUFS Ocorreu na manhã do dia 24/09 um debate com o tema "Soberania Alimentar", que trouxe como convidada a militante Maria Santos, do Movimento dos Pequenos Agricultores de Sergipe (MPA/SE), para ampliar conhecimentos sobre o assunto. Par ciparam também da mesa a prof. Sônia Meire de Jesus e a prof. Theresa Zavaris. Soberania Alimentar significa o direito dos povos a discu r e implantar suas poli cas públicas e estratégias de produção, comercialização e distribuição de alimentos para a população, garanndo assim que as pessoas tenha acesso a alimentos saudáveis e de forma barata. “Toda a população, tanto no campo quanto na cidade, precisa ter essa soberania alimentar”, afirmou Maria Santos. “O papel do campo é produzir alimento saudável com respeito ao ambiente, à família, ao mercado local, à comunidade, e respeitar o consumidor que está nas cidades, trabalhando para que esse alimento chegue lá barato e saudável”. O que existe hoje é um sistema de dominação das grandes empresas e mul nacionais, que controlam a produção comercial dos alimentos, tornando-o mercadoria. A lógica do agronegócio implica na destruição das cadeias produvas, inclusive do campesinato de forma geral. Além disso, como informa a mili-
tante, o alimento sai caro por conta dos modelos da produção, armazenamento e uso de elementos químicos, que inclusive geram altos índices de doenças na população. Segundo Maria Santos, para garan r a soberania alimentar, é preciso várias ações que estão dentro do programa camponês: garan r a reforma agrária e polí cas de baixo custo e armazenamento; que o Estado compre na safra e guarde pra distribuir para população no período de entressafra; e que o governo invista na produção da agricultura camponesa. O Movimento dos Pequenos Agricultores existe há 20 anos e atua em 17 Estados. Na região Sul do país, há unidades coopera vas de beneficiamento de sementes crioulas que são repassadas para os outros Estados. Ano passado, foram trazidos de lá 85 mil
toneladas de milho e feijão, que foram distribuídas entre os camponeses principalmente do alto sertão, além do Baixo São Francisco e do sertão ocidental. No Nordeste, há experiências beneficiamento da mandioca na própria comunidade, que é transformada em farinha, bolos e comercializada através dos programas de governo. “Nós temos grandes experiências em que já se dá um processo de soberania alimentar. Porém, precisamos avançar muito, e pra isso precisa de toda a sociedade. Nós temos o plano camponês pra gente garan r a libertação do povo. A transformação do campo precisa da par cipação de todos. Nesses 20 anos, a nossa mensagem polí ca é produção de alimento saudável pra alimentar o povo brasileiro com respeito à natureza”, disse Maria Santos.
PROGRAMAÇÃO GREVE UFS Professores da UFS, a greve nacional docente chega a um momento decisivo! Participe das atividades!
Segunda-feira (28/09) 14h30 – Reunião do CLG (Auditório da ADUFS) Terça-feira (29/09) 09h00 – Assembleia Geral (Auditório da ADUFS) 14h00 - Reunião do Comando Local Unificado, no Auditório da Adufs. 18h30 – Debate com Heitor Pereira, "A Atualidade do Pensamento de Trotsky" Promoção: NETE/UFS (Auditório da ADUFS)
Quarta-feira (30/09) 17h00 – Preparação para montagem teatral - Coord. Profa. Márcia Baltazar (Auditório da ADUFS) Quinta-feira (01/10) 11h00 – Audiência Pública sobre os Cortes na UFS (Assembleia Legisla va) Sexta-feira (02/10) 14h00 – Mesa de Negociação EBSERH e CESAD (a ser confirmada!)
* Imagem: "O Homem Controlador do Universo", 1934, Diego Rivera
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NOVOS ATAQUES, MESMA POLÍTICA: Fortalecer nossas mobilizações e seguir na luta! Após mais de 110 dias de greve das IFE e do impasse estabelecido em razão da intransigência do governo federal em negociar com os docentes em greve, um novo pacote de cortes no orçamento público foi anunciado. Das 16 medidas apresentadas pelo governo, que juntas somam cerca de 26 bilhões para sanar o déficit fiscal nas contas públicas, o impacto decisivo recai sobre os programas sociais e o conjunto dos serviços públicos. Mais uma vez, o governo federal demonstra sua real orientação polí ca em aprofundar o ajuste fiscal, através de uma polí ca estrutural de contra-reforma do Estado e de ataque aos direitos conquistados historicamente pelos trabalhadores do País. Assim, o novo pacote do governo é mais rigoroso do que o primeiro quadro de cortes no orçamento, intensificando a lógica da macropolí ca estrutural do ajuste neoliberal e da contra-reforma da Educação. Dos 26 bilhões de cortes dos gastos para 2016, destaca-se, num primeiro momento, uma mudança no período da proposta de reajuste abaixo da inflação do funcionalismo público (que, previsto incialmente para janeiro, foi deslocado pelo governo para agosto), além da suspensão dos concursos públicos previstos para 2016. Tais medidas significam uma economia de 7 e 1,5 bilhões, respec vamente. O obje vo do governo com a adoção dessa polí ca econômica é justamente fazer uma economia de 64 bilhões nos gastos públicos, no sen do de materializar um esforço fiscal significa vo em cobrir e compensar, ao mesmo tempo, o déficit público de 30,5 bilhões e a retração no PIB (que no 1º semestre de 2015 foi de -2,1%) sem nenhuma modificação na transferência abusiva de 46% do PIB para o pagamento dos juros e amor zações da dívida pública. Além disso, o governo quer eliminar o abono de permanência, pago àqueles servidores que, mesmo cumprindo todos os critérios para aposen-
tadoria, optam por permanecer no trabalho. Nesse caso, o impacto nas contas públicas é de 1,2 bilhão e depende da aprovação de uma Proposta de Emenda Cons tucional. Todavia, de todas as medidas do novo pacote, apenas 2 bilhões não dependem de trâmite pelo Congresso. Como podemos observar, as medidas de polí ca econômica do governo federal expressam uma tenta va de elevar a arrecadação em 32 bilhões, com a jus fica va de cobrir o suposto déficit da Previdência. Na prá ca, o governo intenta elevar impostos, congelar os salários do funcionalismo público e suspender os novos concursos, conter os gastos com polí cas sociais, estabelecer metas inflacionárias danosas aos trabalhadores, cobrir o déficit nas contas públicas através da elevação da arrecadação e elevar o superávit primário para 34 bilhões. Em regra, os acontecimentos da conjuntura indicam que o governo federal orienta sua polí ca macroeconômica para resguardar ainda mais a lucra vidade do capital, em detrimento dos interesses dos trabalhadores. É evidente que a reação no campo dos trabalhadores foi imediata. O novo pacote de cortes no orçamento público desencadeou uma reação do Fórum das En dades Nacionais dos Servidores Públicos Federais que, na terça feira, dia 15, reuniu-se, com a expressiva presença de 19 das 23 en dades par cipantes, para fortalecer a unidade polí ca na luta contra os ataques do governo federal e tentar forçar o governo a retroceder em sua polí ca. Na semana anterior ao anúncio do novo pacote de cortes, algumas en dades dos SPF já haviam deliberado pela assinatura do acordo de 10,8%, escalonado em dois anos, e sinalizavam para a saída da greve. Entretanto, o governo federal, desrespeitando as categorias em greve e ignorando sua proposição rebaixada, transferiu de janeiro para agosto de 2016 a primeira
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parcela do reajuste do funcionalismo. A avaliação do Fórum, por unanimidade, foi de repúdio e rejeição aos novos cortes anunciados, que re ram mais direitos dos trabalhadores e aprofundam o desmonte dos serviços públicos. Nesse sen do, o Fórum, na contramão do governo, aponta um conjunto de medidas à crise fiscal que não re rem direitos, como a implementação de auditoria da dívida pública e uma reforma tributária progressiva através da taxação das grandes fortunas. Encaminhou-se a realização de um dia nacional de paralisação do funcionalismo público em 23 de setembro, com a vidades combinadas de radicalização nos Estados e manifestação em Brasília em unidade com outros setores para além dos SPF, como os movimentos sociais (MST, SOS-COMPERJ e MTST, o qual já havia anunciado mobilização para este dia), ampliando a pressão junto ao governo contra os ataques aos trabalhadores. Mais uma vez, lutamos para a unidade no processo de luta contra as medidas do governo, ao mesmo tempo em que o governo responde poli camente à unidade do Fórum com um recuo estratégico em relação à data de concessão da primeira parcela do reajuste dos SPF, proposta para abril de 2016. Reafirma-se a disposição do CNG/ANDES-SN de negociar com governo federal, o que induziu o CNG, no dia 31 de agosto, a protocolar o o cio 184/2015 na SESu/MEC, no qual apresentamos os elementos centrais para a negociação da nossa pauta de greve. O documento de resposta enviado ao ANDES-SN, pelo Secretário de Educação Superior da SESu/MEC, na segunda-feira, 14 de setembro (mesmo dia em que foi anunciado o novo pacote de cortes do governo), sinalizou mais uma vez a posição polí ca do governo federal com o desmonte do caráter público e gratuito das IFE. *Avaliação do Comando Nacional de Greve CNG/ANDES-SN, com edições.
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São Paulo é palco de manifestação histórica
Mais de 15 mil manifestantes par ciparam nesta sexta-feira (18), em São Paulo (SP), da Marcha Nacional dos Trabalhadores e Trabalhadoras, organizada por 40 en dades representa vas dos movimentos sindical, social e popular. O ato teve início no Vão do Masp e percorreu as avenidas Paulistas e Consolação até a Praça da República. O ANDES-SN par cipou da marcha com caravanas de todo o país. Com faixas e cartazes, trabalhadores de todo o país, dos setores público e privado, protestavam contra a polí ca fiscal do governo, contra a Agenda Brasil e pediam a re rada das medidas que atacam direitos sociais como a redução da maioridade penal, o Plano de Proteção ao Emprego (PPE), a terceirização e as mudanças no acesso ao segurodesemprego e à pensão por morte, além da reversão no confisco no salário dos servidores federais e na suspensão de concursos públicos. Além da categoria docente, o ato contou com a par cipação de representantes de diversas categorias do serviço público, trabalhadores dos Correios, Comperj, metalúrgicos de várias montadoras, estudantes, militantes de movimentos sociais e populares. A marcha se concentrou no Masp e às 18h horas ocupou todas as faixas da avenida Paulista sen do a Consolação. O professor Benedito Carlos foi votado em assembleia para par cipar do evento e enviado pela ADUFS. Confira em entrevista os relatos sobre a experiência que ele teve na manifestação. ADUFS - Quais foram suas impressões em relação à dimensão da Marcha, aos obje vos dela, às organizações presentes? Conte um pouco como foi a experiência.
P r o f. B e n e d i t o - Q u a n d o f o m o s convocados pelo Fórum e o ANDES-SN assumiu a tarefa de compor o corpo da marcha, já prevíamos o impacto desse ato, que se caracterizou por uma defesa de alterna va poli ca, para que os trabalhadores entendam que existem posições antagônicas à lógica do governo ( P T, P M D B ) e o p o s i ç ã o ( P S D B ) . Estávamos nas ruas também para expor nossas pautas e denunciar os ataques aos direitos dos trabalhadores, implementada por quase todos os governos, após a reabertura poli ca, em especial, os governos de Fernando Henrique Cardoso e Lula/Dilma. O ato no centro financeiro do Brasil, local privilegiado dos principais interessados na destruição do bem público, construído nos fóruns, contou com diversos setores sindicais de serviço público, com uma base de muitos par dos de esquerda, majoritariamente de jovens, com intervenções qualificadas ao abordar a população, com materiais impressos de grande qualidade que abordavam as demandas dos trabalhadores nas questões de gênero e étnica (minorias), e que somou a uma mul dão de 15 mil pessoas. Quando assis mos e par cipamos de
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uma a vidade como essa, entendemos que temos companheiros que pensam e agem na mesma direção que a nossa. São questões que nos alimentam de aprendizado e coragem para enfrentar as medidas de austeridade que não vão se encerrar se não as comba-termos. Basta aprender as lições dos países periféricos. ADUFS - Em sua opinião, qual a importância da par cipação dos docentes federais em um evento como esse, diante da conjuntura de crise que a classe trabalhadora vive atualmente? Prof. Benedito - Os docentes precisam entender o seu papel na formação das novas gerações, como exemplo de lutadores, e de como a formação polí ca deve ser pautada dentro dos espaços pedagógicos. Defender a própria condição de manutenção da profissão, como algo digno e que se almeja ser. As novas gerações terão a lição de que lutamos por uma sociedade melhor, que lutando estamos ensinando a defender o que é certo, justo e melhor. Não foram as nossas ações que geraram a crise, mas a ganância desenfreada pelos amantes do vil metal, porém a conta está sendo transferida para os trabalhadores do setor público. ADUFS - Você pode descrever um momento da Marcha que te marcou? Prof. Benedito - A nossa chegada à Avenida Paulista, diante daquele espaço monumental, encarar a marcha com milhares de pessoas atuantes, chamando os gritos de ordem, acompanhado dos nossos estudantes do comando de M o b i l i za ç ã o e d o s c a m a ra d a s d o SINDPETRO e SINTUFS, e se sen r representado. É uma sensação que não tem preço, nos enche de esperança e garra para lutar. *Com informações do ANDES-SN. Fotos do ANDES-SN
Mobilização
Servidores realizam cortejo fúnebre contra polí cas do governo Categorias do serviço público federal, incluindo a ADUFS, realizaram, neste dia 23 de setembro, um Ato Público para combater a polí ca de cortes do governo e pressionar por negociação efe va da pauta de reivindicações. Os manifestantes par ram da porta do Ins tuto Federal de Sergipe (I FS), percorrendo a av. Desembargador Maynard e finalizaram a marcha na Praça General Valadão. À frente do cortejo, servidores carregando um caixão, s i m b o l i za n d o a m o r te d a Pát r i a Educadora. A marcha fez parte do Dia Nacional de Paralisação dos Servidores Públicos Federais, conforme a deliberação da úl ma reunião do Fórum das En dades Nacionais dos SPF. Nos estados brasileiros, ocorreram manifestações semelhantes, acompanhando o grande ato que ocorreu em Brasília no mesmo dia, que também contou com a par cipação dos docentes da UFS, enviados pela ADUFS. Essa manifestação, que contou com a presença de professores, técnicos e estudantes, ocorreu em um momento de profundos cortes de orçamento anunciados recentemente pelo governo. Nesse contexto, a professora Chris ane Soares afirma que é importante reforçar a necessidade de negociação. “O governo está enfraquecido poli camente, lançou um pacote que coloca a população contra ele mesmo, um pacote que aumenta impostos e precariza ainda mais as condições de vida. Está muito claro que a opção polí ca do governo é sacrificar os trabalhadores, e não aqueles que têm os grandes lucros do pais”, disse. Segundo a professora, um dos obje vos da marcha foi deixar mais evidente para a população que há outras saídas para a crise: “O governo está propondo uma saída que só beneficia os grandes empresários, os banqueiros, e essa não é a única alterna va”, afirmou. “A unidade dos trabalhadores contra o
ajuste fiscal pode fazer avançar tanto na negociação dos salários e da carreira, quanto poli camente construir alterna vas polí cas a par r dos trabalhadores”. Um exemplo de saída diferente para a crise é a regularização do imposto sobre grandes fortunas, algo que está previsto na Cons tuição Federal. A arrecadação seria maior do que a imposição da CPMF, conforme explicou Chris ane. No entanto, a opção polí ca do governo é seguir precarizando as condições de vida dos trabalhadores. Para o presidente do Sintufs, Lucas Gama, o ajuste fiscal está levando o serviço público federal, e em especial a
Educação, para uma situação di cil, o que mo vou a organização do Ato: “Nós decidimos fazer essa Marcha Fúnebre para rar a ideia de que existe uma Pátria Educadora no país. O que existe é uma pátria dos banqueiros, do capital financeiro, daqueles que buscam lucrar com a crise do país. São eles os principais responsáveis pela situação di cil em que passam os trabalhadores em nosso Brasil, e é por isso que a greve dos trabalhadores na Educação é legí ma, pois tem como obje vo primordial a defesa desse serviço público que vem sendo tratado com descaso ano após ano”.