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VISÃO GLOBAL
Código de conduta
NOSSA MORALIDADE DEVE SER ENRAIZADA NA BÍBLIA, QUE TRANSCENDE O TEMPO E A CULTURA TED WILSON
16 que significa ser ético? As respostas variam, dependendo de quem responde, de onde é, e quem ou o que determina sua moralidade. Afinal, a ética depende de cada um. A cultura exerce forte influência sobre o que é considerado ético dentro de determinada sociedade. Uma empresa de consultoria de sucesso propõe a seguinte definição: “Comportamento ético significa agir de forma consistente com o que a sociedade, os indivíduos e as empresas geralmente aceitam como bons valores”.
Neste e em muitos outros modelos seculares, “sociedade, indivíduos e empresas” determinam o que é comportamento ético. Portanto, dependendo das normas culturais, o que é determinado como ético em uma sociedade pode ou não ser ético em outra. Pelo fato de ser embasada na cultura, essa ética pode mudar. Embora certas culturas e entidades secula res concordem com alguns princípios bíblicos, como a regra de ouro de tratar os outros como desejamos ser tratados, ao determinarem o comportamento ético universal, a maioria não reconhece a autoridade de uma lei moral superior, dada por Deus e, portanto, imutável. O
CULTURA DE SUPERAÇÃO No entanto, os adventistas do sétimo dia reconhecem a lei moral de Deus, os Dez Mandamentos, como sendo atemporal e superior a todas as culturas. Esse código de conduta divinamente estabelecido determina nossa ética. Em mais de 200 países e culturas múltiplas, o movimento remanescente de Deus para os últimos dias procura agir fundamentado em Sua lei moral, que delineia o comportamento ético para com Deus e nossos semelhantes.
Esse código moral de conduta ética é atemporal e soberano, e está resumido em textos bíblicos como os seguintes: “Amarás o Senhor, teu Deus, de todo o teu coração, de toda a tua alma, de todas as tuas forças e de todo o teu entendimento; e: Amarás o teu próximo como a ti mesmo” (Lc 10:27) e “Ele te declarou, ó homem, o que é bom e que é o que o SENHOR pede de ti: que pratiques a justiça, e ames a misericórdia, e andes humildemente com o teu Deus” (Mq 6:8). Em vez de substituir os Dez Mandamentos, esses resumos apresentam uma forma de expressar o propósito principal da lei moral de Deus sobre a qual fundamentamos nossa ética e comportamento, independentemente de tempo ou cultura.
EXEMPLO PERFEITO Jesus Cristo é o exemplo perfeito de comportamento ético. No conhecido Sermão da Montanha, Cristo delineou a moral e o comportamento celestiais. Começando pelas bem-aventuranças, Ele identificou os princípios morais do Céu – busca por justiça, misericórdia, pureza de coração, pacificação – e ofereceu conforto e esperança aos “pobres de espírito” e aos que são perseguidos.
Cristo continuou com exemplos específicos de comportamento moral cristão e de expectativas éticas: ser luz, guardar os mandamentos, ter motivos puros, fidelidade ao cônjuge, andar a segunda milha e amar os inimigos. Implícitos em uma oração modelo estão o incentivo para depositar os nossos tesouros no Céu e não na Terra, a garantia para não nos preocuparmos e a advertência para não julgar os outros. Jesus terminou com a parábola do homem sábio que construiu sua casa sobre rocha sólida, e não sobre a areia movediça.
Esse sermão, proferido há 2 mil anos em uma colina verdejante, foi reconhecido durante séculos como o discurso mais poderoso já feito sobre comportamento ético. No entanto, alguns afirmam que seus preceitos são impossíveis de ser cumpridos, particularmente o mandamento de Cristo: “Portanto, sede vós perfeitos como perfeito é o vosso Pai celeste” (Mt 5:48). A MORALIDADE VERDADEIRA Será que com esse pedido impossível Jesus está nos preparando para um insucesso automático? Ellen White escreveu: “Deus está nos desenvolvendo como testemunhas vivas perante o mundo, a fim de mostrar o que homens e mulheres podem se tornar por meio da graça de Cristo. Somos obrigados a lutar pela perfeição de caráter. [. . .] Será que Cristo estaria nos provocando, exigindo de nós uma impossibilidade? Nunca, nunca! Que honra nos confere Ele ao animar-nos a ser santos em nossa esfera, como o Pai o é em Sua esfera! E pelo Seu poder somos capazes de fazer isso; pois Ele declarou: ‘Toda a autoridade Me foi dada no Céu e na Terra’ (Mt 28:18). Esse ilimitado poder, é seu privilégio e meu suplicar” (Signs of the Times, 3 de setembro de 1902).
Explicando como isso acontece, ela escreveu: “Os que desejam ser transformados na mente e no caráter não devem contemplar os homens, mas o Exemplo divino. Deus estende o convite: ‘Tende em vós o mesmo sentimento que houve também em Cristo Jesus’ (Fl 2:5). Pela conversão e transformação os homens poderão receber a mente de Cristo.”
Devemos nos submeter diariamente à direção do Espírito Santo e ao poder de Cristo em nossa vida. Somente pela Sua graça somos salvos e crescemos em submissão a Jesus, e por meio do Seu poder nos tornamos mais semelhantes a Ele. Como Paulo escreveu: “Desenvolvei a vossa salvação com temor e tremor, porque Deus é quem efetua em vós tanto o querer como o realizar, segundo a Sua boa vontade” (Fp 2:12 e 13). Permaneça O SERMÃO DA MONTANHA FOI RECONHECIDO DURANTE SÉCULOS COMO O DISCURSO MAIS PODEROSO JÁ FEITO SOBRE COMPORTAMENTO ÉTICO
e cresça em Cristo. Ele quer que, por meio do Seu poder, nos tornemos semelhantes a Ele.
Essa ética transcende o tempo e a cultura porque foi dada por Deus e tem aplicação universal. Ela está intrinsecamente ligada ao evangelho. Ellen White observou: “Pelo pecado, perturbase todo o organismo humano, a mente é pervertida, corrompida a imaginação. O pecado tem degradado as faculdades da alma. As tentações exteriores encontram eco no coração, e os pés se volvem imperceptivelmente para o mal” (A Ciência do Bom Viver, p. 451).
A ÉTICA E O EVANGELHO Graças a Deus, não somos deixados nesta condição miserável! “Como foi completo o sacrifício feito em nosso favor, assim deve ser nossa restauração do aviltamento do pecado”, Ellen White escreveu. “Nenhum ato de impiedade será desculpado pela lei de Deus; injustiça nenhuma lhe pode escapar à condenação. A ética evangélica não reconhece nenhuma norma senão a perfeição do caráter divino. [...] Sua vida [de Cristo] é nosso exemplo de obediência e serviço. Somente Deus pode renovar o coração” (A Ciência do Bom Viver, p. 451, 452). Quando somos convertidos e submetemos nossa vida à vontade Dele, Cristo realiza dentro de nós esta incrível transformação: “Dar-vos-ei coração novo e porei dentro de vós espírito novo; tirarei de vós o coração de pedra e vos darei coração de carne. Porei dentro de vós o Meu Espírito e farei que andeis nos Meus estatutos, guardeis os Meus juízos e os observeis” (Ez 36:26, 27).
Essa é a chave para recebermos a mente de Cristo, para nos tornarmos as pessoas éticas e morais que Ele nos chama a ser como indivíduos e como Sua igreja. “A glória de Deus é o Seu carácter. [...] Esse caráter foi revelado na vida de Cristo [...]. Jesus deseja que Seus seguidores revelem em sua vida este mesmo caráter. Hoje continua sendo o Seu propósito santificar e purificar Sua igreja ‘por meio da lavagem de água pela Palavra, para a apresentar a Si mesmo igreja gloriosa, sem mácula, nem ruga, nem coisa semelhante, mas santa e irrepreensível’. Cristo não poderia pedir ao Pai que concedesse aos que Nele creem um dom maior do que o caráter que Ele revelou” (Signs of the Times, 3 de setembro de 1902). ]
TED WILSON é o presidente mundial da Igreja Adventista.
Transparência e integridade
VIRTUDES COMO JUSTIÇA, HONESTIDADE E AUTENTICIDADE SÃO O REFLEXO DO CARÁTER DE TODO VERDADEIRO CRISTÃO
JUAN PRES TOL-PUÉSAN
ABíblia relata a história de Samuel, profeta de Deus para a nação de Israel. Após ter ungido Saul, o primeiro rei da nação, e preparar-se para assumir um papel menos preeminente, Samuel falou aos seus compatriotas israelitas: “Tenho vivido diante de vocês desde a minha juventude até agora. Aqui estou. Se tomei um boi ou um jumento de alguém, ou se explorei ou oprimi alguém, ou se das mãos de alguém aceitei suborno, fechando os olhos para a sua culpa, testemunhem contra mim na presença do Senhor e do Seu ungido” (1Sm 12:2, 3, NVI). “E responderam: Tu não nos exploraste nem nos oprimiste. Tu não tiraste coisa alguma das mãos de ninguém” (v. 4).
18 “Samuel lhes disse: ‘O Senhor é testemunha diante de vocês, […] de que vocês não encontraram culpa alguma em minhas mãos’. E disseram: ‘Ele é testemunha’” (v. 5).
Ao fim de uma longa trajetória a serviço do povo de Deus, Samuel tinha a consciência limpa em relação à sua conduta profissional, e o povo concordou que tudo o que ele havia feito fora caracterizado pela integridade e transparência. Esse deve ser um modelo para todos nós. Infelizmente, vivemos numa época em que integridade e transparência parecem ser relí quias ultrapassadas de um passado nostálgico. Mesmo aqueles aos quais pensamos conhecer bem são, às vezes, tudo, menos honestos. E há alguns que aparecem regularmente nos noticiários que deliberadamente obscurecem os limites entre a verdade e o engano.
Tudo começa com o caráter. Alguns descreveram o caráter como a característica de
Revista Adventista // Adventist World // Março 2020 Foto: Luca Nicoletti
fazer a coisa certa, mesmo quando ninguém está olhando. Quando nossa mente e coração estão em harmonia, nossas palavras e ações são consistentes. A maioria de nós passa a vida tentando harmonizar os pensamentos com as ações. Deus disse por meio de Jeremias: “Na mente, lhes imprimirei as Minhas leis, também no coração lhas inscreverei” (Jr 31:33, ARA). Isso não acontece por acaso. Transparência e integridade são virtudes que requerem tanto a implantação quanto o cultivo. Elas vêm no pacote espiritual implantado em nós pelo Espírito Santo, mas requerem aprendizado ao longo do trajeto.
Por nós mesmos não somos bons nem moralmente corretos. Ellen White escreveu: “Cristo é a fonte de cada impulso correto. Ele é o único que pode implantar no coração a inimizade contra o pecado. Todo desejo pela verdade e pureza, toda convicção da nossa pecaminosidade é uma evidência de que Seu Espírito está atuando em nosso coração” (Caminho a Cristo, p. 26). Ninguém tem o monopólio da integridade e da transparência. Esse é um assunto que afeta todos. A honestidade, transparência e sinceridade são qualidades que tornam as coisas óbvias, fáceis de entender. Elas são o reflexo do nosso caráter.
A integridade é a virtude de ser honesto e justo. É a fidelidade aos princípios morais e éticos. É ser íntegro ou indivisível. A ambiguidade e a duplicidade são comportamentos inaceitáveis. Em seu lugar, alguns começaram a usar o termo “integridade transparente”.
VIDA AUTÊNTICA Como se vive a transparência e a integridade no contexto da vida na igreja? Quando falamos de integridade e transparência, na verdade estamos falando de autenticidade. Esta foi observada pelos gregos estoicos como “uma resposta moral ao declínio dos valores cívicos e religiosos” (M. M. Novicevic e outros, “Authentic Leadership: A Historical Perspective”, Journal of Leadership and Organizational Studies 13 [2006], p. 66). No nosso caso, a perspectiva que mantemos como adventistas do sétimo dia é fundamentada na busca por santidade, confiança e verdade. Aderimos a uma cosmo visão transcendente da ética e da moralidade. O Espírito Santo é transformador em termos de santidade e verdadeira autenticidade. Ela inclui ser autoconsciente, mostrando equilíbrio no processamento das opiniões de outras pessoas, agindo dentro dos limites da ética e da moralidade (B. J. Avolio e W. L. Gardner,
“Authentic Leadership Development: Getting to the Root of Positive Forms of Leadership”, The Leadership Quarterly 16 [2005], p. 315-338).
CONCEITO BÍBLICO Encontramos muitos textos nas Escrituras sobre pessoas que agiram com integridade e transparência. O rei Davi escreveu: “Senhor, quem habitará no Teu santuário? Quem poderá morar no Teu santo monte? Aquele que é íntegro em sua conduta e pratica o que é justo, que de coração fala a verdade e não usa a língua para difamar, que nenhum mal faz ao seu semelhante e não lança calúnia contra o seu próximo, que rejeita quem merece desprezo, mas honra os que temem o Senhor, que mantém a sua palavra, mesmo quando sai prejudicado, que não empresta o seu dinheiro visando lucro nem aceita suborno contra o inocente. Quem assim procede nunca será abalado” (Sl 15:1-5, NVI). Davi também compartilhou o seguinte: “Somente aquele que é correto no agir e limpo no pensar, que não adora ídolos, nem faz promessas falsas” (Sl 24:4, NTLH). Viver com integridade e agir com transparência é sinônimo de santidade e proceder com retidão. Considere o seguinte: “A honestidade livra o homem correto, mas o desonesto é apanhado na armadilha da sua própria ganância” (Pv 11:3, NTLH). “O que Tu queres é um coração sincero; enche o meu coração com a Tua sabedoria” (Sl 51:6, NTLH). A vereda do justo é um caminho de sabedoria e integridade, e resulta em justiça, paz, confiança e tranquilidade. Davi orou: “Ensina-me a Te servir com toda a devoção” (Sl 86:11, NTLH).
PADRÕES ELEVADOS Para os cristãos, integridade, autenticidade e transparência são características essenciais. Não porque sejam traços admirados universalmente nas pessoas que vivem a vida pública, mas porque foram demonstrados perfeitamente na vida de nosso Senhor Jesus Cristo. Uma das coisas que distinguiram Pedro e João após a ascensão de Jesus foi que as pessoas perceberam que eles “haviam estado com Jesus” (At 4:13). Preenchamos nossa mente com o desafio, a oportunidade e o privilégio que a integridade e a transparência nos oferecem. A confiança é tudo que temos como cristãos. É o que motiva os seguidores a cumprir sua missão. Os adventistas não têm outra opção além de ser transparentes e agir com integridade. ]
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