Órgão Internacional dos Adventistas do Sétimo Dia
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Dois
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Missão
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Desfalque na
Igreja
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Falar em Línguas
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Quem é o
“Poderoso Caçador”?
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D E
C A P A
Dois Corações, Uma Missão
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8 Recreação e Reavivamento V I S Ã O
M U N D I A L
A D V E N T I S T A
Por Robert E. Lemon Claro, algumas pessoas são más; outras são dominadas pelas oportunidades.
Por Bill Knott
Eles jamais imaginaram que iriam para ficar.
V I D A
Desfalque na Igreja
20 Falar em Línguas C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
Por Lynn Burton
É um dom legítimo ou relegado ao passado?
Por Ted N.C. Wilson
Você separa tempo para recarregar suas baterias físicas, emocionais e espirituais?
22 Chegou a Hora A R T I G O
E S P E C I A L
Por Joshua Nebblett
10 O Salto da Fé
D E V O C I O N A L
GYC une forças com o ministério jovem na Europa.
Por Chantal J. Klingbeil Ela não tinha muito; e um estranho chegou para tomar o que lhe restava.
24 O Dom da Orientação D E S C O B R I N D O D E P R O F E C I A
O
E S P Í R I T O
Por Merlin D. Burt As visões de Ellen White nos ensinam sobre ela e seu ministério.
SEÇÕES 3 19
NOTÍCIAS
DO
MUNDO
3 Notícias Breves 6 Notícia Especial SAÚDE
NO
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RESPOSTAS A PERGUNTAS BÍBLICAS
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ESTUDO
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TROCA
Quem é o “Poderoso Caçador”?
MUNDO
Ataque Isquêmico Transitório
BÍBLICO
Fazendo Escolhas Positivas DE
IDEIAS
www.adventistworld.org Online: disponível em 13 idiomas Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. V. 8, Nº 7, Julho de 2012.
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F O T O S
D A C A PA S Ã O C O R T E S I A D E M E L I S S A E H E I N M Y B U R G H
NOTÍCIAS DO MUNDO
Aviadores Adventistas
Inauguram
deVoo em Pista Papua-Nova Guiné
S T A C K E L R O T H / R E C O R D . N E T. A U
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figura é tão grande, que os olhos se arregalam em descrédito. “Quem disse que é esse o número?”, perguntamos duvidosos. “Não podem ser tantos. Talvez seja um erro de digitação.” Mas não, o número não está errado – a menos que o Salvador cometa erros. Esse número é maior do que a população da Holanda ou de Israel e Suécia juntas; ou, se juntarmos a de Laos, El Salvador e Libéria. Mais gente que a população urbana de Buenos Aires, Moscou, Paris ou Los Angeles. Embora surpreendentemente grande, representa exatamente como o Céu vê os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia em todo o mundo. Cada membro, um missionário. Cada crente, uma testemunha. Esse é o modo como o Salvador conta. Afinal, é Sua conta a que interessa. Sua missão não é somente para os obreiros assalariados, ou os que são abençoados com eloquência e coragem. “Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio” (Jo 20:21, ARA), somos continuamente lembrados por Jesus. Neste mês, nossa revista traz a história de duas pessoas extraordinárias que são gratas por estar entre esses dezessete milhões. Como muitos outros, eles servem em uma região desafiadora, sob difíceis circunstâncias. Porém, descobriram que a graça de Deus viaja e alcança lugares onde você foi chamado por Ele. Ao ler sobre a fé prática e tranquila de Hein e Melissa Myburgh, você certamente concluirá que pode fazer algo para o reino de Deus, mesmo dentro da órbita da vida cotidiana. Estou orando para que você veja a si mesmo como Jesus já o vê – um missionário para o Seu reino. Com essa identidade especial, você vai experimentar a constante alegria de sempre estar no centro de Sua vontade.
NOVA PISTA DE VOO: Fotos de arquivo mostram o avião do Adventist Aviation Services em pista de voo remota. Aviadores adventistas recentemente inauguraram uma nova pista de voo na distante aldeia de Sisimin.
J A R R O
Dezessete Milhões de Missionários …
■ O povo de Sisimin, em Oksapmin, província de Sandaun, Papua-Nova Guiné, comemorou a abertura da nova pista de voo da aldeia e pediu aos adventistas do sétimo dia para fazer as honras. O capitão Bennett Spencer, piloto do Adventist Aviation Services (AAS) [Serviços Aéreos Adventistas], natural dos Estados Unidos, cortou oficialmente a fita de inauguração da pista. Juntos com o capitão Spencer estavam Max Zaccias, presidente da Missão Western Highlands; Luke Tanop, diretor do distrito de Sandaun; outros líderes da Igreja e pessoas das aldeias ao redor de Oksapmin. Sem infraestrutura de estradas nos últimos quarenta anos, o povo de Sisimin tem sido privado dos serviços básicos como escolas e hospitais. O único meio de entrar em contato com o resto do país era caminhar vinte horas até a pista de voo mais próxima, em Oksapmin. O povo de Sisimin, tanto membros da igreja como da comunidade, decidiu construir uma pista de voo em 2009, para que o AAS pudesse estender seus serviços até essa área tão remota.
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NOTÍCIAS DO MUNDO Usando métodos de construção tradicionais e modernos, foram necessários três anos para concluir o projeto. Os convidados chegaram num avião do AAS e pousaram na pista recémconstruída fazendo a alegria da população local, reunida ali para comemorar a inauguração. – Ronald Tanop e Sam Mollen, Sandaun, Papua Nova Guiné.
Universidade Adventista Online para a Interamérica
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L I B N A
NOVA UNIVERSIDADE: Israel Leito, presidente da Igreja na Divisão Interamericana, passa o cetro cerimonial para David Siguelnitzky, presidente da Universidade Herbert Fletcher durante inauguração no dia 7 de maio de 2012.
S T E V E N S / I A D
■ A Igreja Adventista do Sétimo Dia lançou oficialmente sua instituição de ensino à distância no dia 7 de maio de 2012, em Miami, Flórida (EUA). Uma cerimônia colorida reuniu a alta liderança e educadores das doze universidades desse território, todos vestidos em trajes acadêmicos de gala. A recém-inaugurada Universidade Herbert Fletcher (HFU) oferecerá cursos de graduação e pós-graduação pela Internet. A HFU começou a oferecer seus cursos no ano passado, disponíveis em inglês e espanhol, em parceria com
a Universidade Griggs e Universidade Andrews. Os cursos incluem mestrado em administração de igreja e liderança, e ensino on-line; certificação em administração de igreja e liderança, e ensino on-line; tecnologia educacional e estudos adventistas. Em seu discurso durante essa cerimônia especial, Israel Leito, presidente da Divisão Interamericana (IAD), homenageou o falecido Herbert L. Fletcher, de quem a HFU leva o nome. A liderança de Fletcher foi fundamental para a educação adventista nesse território. “Herbert Fletcher foi a personificação do que deve ser a educação adventista. Sua influência ainda estimula muitos homens e mulheres de hoje a viver segundo os ideais do verdadeiro cristianismo”, afirmou Leito. A família de Fletcher estava entre os presentes, inclusive sua viúva, Olive, seus filhos, filha e netos. “O mundo se tornou melhor para muitos porque Herbert Fletcher viveu no temor do Senhor e fez o seu melhor para ajudar a humanidade”, acrescentou Leito. Herbert Fletcher serviu a Igreja por mais de 44 anos como professor, pastor distrital, diretor de jovens e diretor de educação. Foi também o presidente do anteriormente chamado Colégio das Índias Ocidentais, na Jamaica, e mais tarde desempenhou a função de diretor de educação da IAD por mais de 14 anos, e então, se aposentou em 1995. Fletcher faleceu em 2009. A Universidade Herbert Fletcher está localizada em Mayaguez, Porto Rico e se une a doze universidades adventistas e uma faculdade no território da IAD. Para mais informação sobre a Universidade Herbert Fletcher, visite www.hfuniversity.org/. – Libna Stevens, Divisão Interamericana
Rádio Mundial Adventista Abre Estações na Armênia ■ Duas novas estações FM da Rádio Mundial Adventista (AWR) na Armênia alcançarão os residentes do país oficialmente cristão mais antigo do mundo, diz o líder de mídia da Igreja. A AWR começou a transmitir recentemente programas em armênio, o mais recente na sequência de mais de 100 idiomas oferecidos pelo setor de rádio da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Uma estação de rádio localizada na capital Yerevan e a outra em Vanadzor transmitirão programas espirituais, sobre saúde e família. “Muitos jovens estão se mudando para a capital para trabalhar e estudar, pois a nação está enfrentando dificuldades financeiras, especialmente nos vilarejos e cidades pequenas”, diz Vigen Khachatryan, diretor do centro de mídia da União Missão Trans-Cáucaso, sediada em Tbilisi, Geórgia. “Os programas de rádio podem ajudar os esforços evangelísticos da Igreja na Armênia,” mencionou Khachatryan acrescentando que os países historicamente cristãos são mais abertos a questões espirituais do que muitos países seculares da Europa. Knarik Petrosyan, aluno da Universidade Estadual Yerevan, está dirigindo uma equipe de produção no estúdio construído pela AWR. A equipe é formada pelo empresário Tigran Stepanyan que é o apresentador e programador, e toda a família de Mkhitaryan. Hovik é jornalista e sua esposa Gegecik, professora. Seu filho, José, tem 10 anos de idade. A família tem experiência prévia por ter trabalhado em uma emissora em Vanadzor. “Os maiores problemas na Armênia são o fumo, álcool, diminuição dos valores familiares, ateísmo e pobreza.
Nas Filipinas, Adventistas Recebem 1.300 Membros em Um Dia ■ A Igreja Adventista do Sétimo Dia da Associação Negros-Oriental (NOC) na região central das Filipinas, comemorou recentemente o 50º aniversário da presença adventista no território. Desde janeiro, a sede administrativa da NOC está realizando séries evangelísticas via satélite que resultaram em mais de oitocentos batismos. Gary
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Sul-Asiático (SSD). Estima-se que dez mil membros estiveram presentes ao evento. A Igreja no território da ONC é formada por 280 congregações, 116 grupos e mais de 33 mil membros. – Teresa Costello/AND
F O T O
Nossos programas oferecerão esperança e auxílio para vencer o secularismo. Vamos exaltar os princípios familiares e oferecer ajuda para abandonar o fumo, o álcool e demais coisas”, informou Khachatryan. Dentro dos próximos meses, a programação também estará online – disponível na página awr.org e como podcasts por meio da página awr.org e iTunes. Os líderes da AWR dizem que o acesso online é principalmente importante, pois há mais de quatro milhões de armênios morando fora de seu país natal. A Armênia possui uma população de aproximadamente 2,5 milhões de pessoas, das quais, apenas 800 são adventistas do sétimo dia. – Shelley Nolan Freesland, AWR
F O T O :
TRANSMISSÃO EM ARMÊNIO: A equipe de mídia da Rádio Mundial Adventista está transmitindo novos programas no idioma armênio para o país. A família Mkhitaryan (acima) tem experiência prévia, adquirida numa emissora em Vanadzor.
Gibbs, diretor de desenvolvimento de ministérios da Associação Chesapeake, na América do Norte, foi o orador do seminário evangelístico durante as comemorações de aniversário no período de 30 de abril a 7 de maio. Na abertura da celebração do aniversário de ouro, líderes da Igreja prestaram sua homenagem. Entre eles estavam Agapito Catane Jr., presidente da Central Philippine Union Conference (CPUC) e Luisito Tomado, presidente da NOC. Alfredo Amada presidente do Central Philippine Adventist College (CPAC) deu as boas vindas. Entre os convidados de honra estava Orlando Aguirre, com 92 anos de idade, primeiro tesoureiro da anteriormente Missão Negros-Oriental e outros aposentados. Também entre os presentes esteve Chester Clarke III, organizador de projetos dos Adventistlaymen’s Services and Industries’ Youth for Jesus e representante dos jovens no Comitê Executivo da Associação Geral, assim como autoridades do governo e a deputada Cynthia A. Villar, do distrito de Las Piñas. Durante a semana de evangelismo, aproximadamente sete mil pessoas se inscreveram para o evento, no campus da CPAC. Os dormitórios e salas de aula estavam lotados com os participantes, barracas espalhadas por todo o campus e a impressão de que todas as estradas levavam ao colégio. As reuniões da noite foram realizadas na Igreja do colégio e transmitidas para uma tela instalada no ginásio para acomodar mais expectadores e ouvintes. No sábado final, mais de 1.300 pessoas aceitaram a Cristo como seu Salvador e foram batizadas. O batismo foi realizado na piscina da escola. Entre os pastores que realizaram o batismo estavam Alberto Gulfan Jr., presidente da Divisão do Pacífico
BEM-VINDOS À FAMÍLIA: Centenas são batizados em um único dia no campus do Central Philippine Adventist College, onde 1.300 pessoas se uniram à Igreja Adventista do Sétimo Dia.
Adventistas da Estônia Completam 115 Anos de Serviço ■ No fim do mês de abril, a Associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Estônia comemorou seu 115º aniversário no maior teatro do sul do país. O evento reuniu membros de diferentes partes da Estônia e de outros países. Davi Nõmmik, presidente da Associação da Estônia, informou que “esse aniversário da Igreja Adventista do
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NOTÍCIAS DO MUNDO
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Conferência Mundial de Liberdade Religiosa
Estuda Casos
Difíceis
Evite o exemplo da sociedade secular.
Mark A. Kellner, editor de notícias e Bittina Krause, diretora de comunicação da IRLA, informam de Punta Cana, República Dominicana
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da realidade dos países onde a perseguição é ativa, Lotz assumiu uma visão diferente. “A maior parte das pessoas do mundo sofre com a falta de liberdade religiosa. Setenta por cento da população do mundo vive em lugares onde há repressão religiosa”, mencionou ele. Falando para um auditório de adventistas do sétimo dia, menonitas, católicos, batistas, mórmons, cientologistas entre outros, John Graz, secretário geral da IRLA mencionou que o congresso mundial é um evento multifacetário. “Esse congresso é sobre liberdade religiosa, mas não é um evento religioso. Estamos todos juntos aqui. Representamos diferentes credos, diferentes religiões e
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alando a aproximadamente novecentos delegados e convidados do Sétimo Congresso Mundial da Associação Internacional de Liberdade Religiosa (IRLA), Denton Lotz, renomado ministro batista e presidente da IRLA, resumiu o propósito do evento de três dias: “Estamos aqui hoje porque cremos que liberdade religiosa é fundamental a todos os direitos humanos.” Infelizmente, essa visão não é realidade em muitas partes do mundo, algo que, segundo Lotz, torna a realização do evento ainda mais importante. “É nossa obrigação trabalharmos juntos para que possamos viver em harmonia e em concordância. Não precisamos de guerras religiosas”, disse Lotz ao auditório de líderes cristãos, muçulmanos, judeus e de outras comunidades. O vídeo projetado na sessão de abertura evidenciou que a violência contra fieis permanece sendo um problema. Mostrou sentenças de morte sendo pronunciadas – mas ainda não executadas – contra cristãos no Paquistão e Irã sob acusação de “blasfêmia” e de assassinato das autoridades paquistanesas: Salman Taseer, governador da província de Punjab e Shahbaz Bhatti, ministro das Minorias. Foi também destacada a repressão religiosa extrema na Coreia do Norte. Embora o tema do congresso “Secularismo e Liberdade Religiosa – Conflito ou Parceria?” possa parecer muito distante
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Sétimo Dia na Estônia será lembrado como um evento histórico e especial. Nosso tema principal foi ‘Na Luz do Princípio’, e os sermões e atividades se concentraram no crescimento da Igreja, sua missão no passado e na esperança que temos em Jesus Cristo para o futuro. Precisávamos de um evento assim para olhar para trás, ver o progresso da Igreja Adventista na Estônia e manter nossa atenção na missão e unidade da Igreja. Foi muito bom receber amigos da Finlândia, Escócia, Letônia e Lituânia e sentir seu apoio e incentivo.” Durante os últimos 115 anos, a Estônia enfrentou muitas dificuldades. Após a Primeira Guerra Mundial desfrutou de 20 anos de liberdade, seguidos pela Segunda Guerra Mundial e, então, 50 anos de ocupação soviética. Mas, segundo Eduard Vari, antigo membro da IASD de Tartu, a era soviética não conseguiu arruinar a saúde espiritual da Igreja. As igrejas ainda cresciam apesar de tremendas limitações para o trabalho missionário; os adventistas foram ativos, usando todos os recursos possíveis. “A Estônia não está mais invadida politicamente, mas a ocupação secular – ganância, manipulação, egoísmo, orgulho, etc., ameaça a todos nós”, disse Bertil Wiklander, presidente da Divisão Transeuropeia, orador principal do evento. Wiklander, ao mesmo tempo, desafiou as pessoas a compartilhar a luz e não amaldiçoar a trevas. – Lauri Beekmann em Tartu, Estônia
EVITE A RELIGIÃO SECULARIZADA: Denton Lotz, presidente da IRLA, em seu discurso falou sobre o secularismo e a liberdade religiosa. Ele disse: “a religião morrerá quando seu foco não estiver mais em Deus, mas apenas no homem autônomo. A religião só prosperará enquanto estiver centrada em Deus.”
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diferentes igrejas. Somos diferentes, mas respeitamos uns aos outros.” Durante o congresso, palestrantes e delegados tentaram negociar os desafios de um mundo que é cada vez mais hostil a várias expressões religiosas em praça pública. Enquanto defendia a separação entre Igreja e Estado, Lotz fez um apelo para que a religião evite seguir o exemplo da sociedade secular. “Creio que permitir que o secularismo defina o que a religião deve crer é o maior desafio para a liberdade religiosa. Quando permitimos que a secularização da nossa fé transcenda o transcendente, ela perde seu significado”, acrescentou ele aos delegados. Segundo Lotz, “a religião morrerá quando seu foco não estiver mais em Deus, mas, apenas, no homem autônomo. A religião prosperará quando estiver centrada em Deus.” Em declaração lida para os delegados, o presidente da nação, Leonel Fernández Reyna, ofereceu “as mais cordiais boas-vindas à República Dominicana, terra da liberdade. A República Dominicana é um lugar de liberdade
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COM LIBERDADE PARA TODOS: Ted N. C. Wilson, presidente da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, fez apelo veemente pela liberdade religiosa no Sétimo Congresso Mundial da Associação Internacional de Liberdade Religiosa (IRLA).
para cristãos, muçulmanos, judeus e povos de outras crenças.” Em seu pronunciamento do dia 27 de abril de 2012, Ted N. C. Wilson, presidente da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, desafiou os fieis a aproveitar as oportunidades para o discurso aberto preservado pelo estado secular. Mesmo reconhecendo o conflito inevitável entre os princípios dos crentes e da cultura secular, disse ele: “Temos que aceitar essa tensão como parte de uma sociedade livre. Precisamos aceitar os desafios e encontrar respostas apropriadas por meio da direção de Deus.” Wilson destacou a diferença entre o secularismo “radical” ou “extremo”, que busca excluir a religião da esfera pública e o “governo secular”, que permanece neutro entre as religiões e protege o princípio do direito à liberdade religiosa das minorias. “Se a intolerância e o secularismo ideológico atacam nossos princípios religiosos, temos que defendê-los com convicção”. Wilson citou exemplos onde o secularismo foi levado muito longe, incluindo tentativas de proibir aos muçulmanos o uso de lenços de cabeça nas escolas públicas, ou de impor a realização de abortos em instituições que rejeitam a prática por questões de consciência. Entretanto, Wilson enfatizou que pessoas de fé devem rejeitar a tentação de ver a “religião estatal” como alternativa aceitável num governo secular. “Se o governo der a uma religião uma posição legal privilegiada, não há possibilidade de igualdade e a vida se tornará um pesadelo para os que são diferentes.” Ele lembrou que sua paixão alimentada durante toda a vida, em promover a liberdade religiosa, tem suas raízes nas memórias de seu pai, Neal Wilson, ex-presidente mundial da IASD que regularmente passava horas com líderes governamentais explicando o valor da liberdade de consciência. ■
ÊNFASE NA DIGNIDADE HUMANA: “Estamos aqui porque cremos na dignidade humana e a liberdade religiosa é parte da dignidade humana. Liberdade religiosa é parte do dom de amor de Deus para todos os povos em todos os lugares”, disse John Graz, secretário geral da IRLA mantida pela Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, na abertura do Sétimo Congresso Mundial.
DELEGADO JAMAICANO: Nigel Coke, líder da IRLA na Jamaica, um dos quase 900 delegados no Sétimo Congresso Mundial da IRLA em Punta Cana, República Dominicana, no dia 26 de abril de 2012.
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qui em Maryland, onde moro, estamos no meio do verão. Nessa estação, naturalmente, pensamentos são levados à recreação, às atividades ao ar livre e a fazer coisas diferentes da nossa rotina diária. Todavia, a despeito da estação, a recreação é uma parte importante da minha vida e espero que da sua também. Ela nos dá um senso de alívio do peso, seriedade e pressão provenientes do trabalho aliado à responsabilidade. Muitas vezes tenho visto que a diversão saudável, além das atividades rotineiras, pode proporcionar o estímulo necessário para relaxar a mente e o corpo e produzir uma energia renovada para enfrentar os desafios e situações difíceis. É como “reiniciar” meu computador quando fica lento ou trava. Tempo de Desafios
Como você já deve ter percebido, achar tempo para fazer algo recreativo ou algum tipo de diversão útil, é desafiador. Quando estou no escritório, meus dias normalmente são cheios do que parecem incontáveis entrevistas, reuniões e uma variedade de comissões. Encaixados entre os compromissos e relegados às noites estão os sempre presentes e-mails e cartas que parecem encher minha vida. Quando viajo, o que é bem frequente, o ritmo de atividades pode ser até mais desafiador. Uma viagem típica é cheia de compromissos públicos, frequentemente incluindo participar de comissões, visitas a autoridades públicas ou civis e reuniões com membros de igrejas. Além disso, há o desafio da diferença de fuso horário. O suposto “glamour” de viajar rapidamente desaparece no pesado fardo de constantemente estar pronto para as atividades públicas, as apresentações e a necessidade de animar as pessoas. Às vezes é muito difícil para mim, dormir o suficiente, tomar sol e fazer exercícios quando estou em viagem.
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Adventist World | Julho 2012
Por Ted N. C. Wilson
Recreação e Reavivamento Há uma ligação Encontrar Tempo
O desafio do tempo enfrentado por todos nós, de uma maneira ou de outra, não é recente. Em 1867, Ellen White escreveu: “Foi-me mostrado que os observadores do sábado, como um povo, trabalham demasiado e arduamente sem se permitirem mudanças ou períodos de repouso... Não é essencial a nossa salvação, nem para a glória de Deus, manter o espírito em contínuo e excessivo labor, mesmo sobre temas religiosos” (Testemunhos para Igreja, v. 1, p. 514). Portanto, a despeito dos desafios, gosto de separar tempo para a recreação. Para mim, uma das atividades mais restauradoras é fazer algo útil enquanto relaxo. Acredite ou não, gosto de me envolver na manutenção de minha casa. Descobri que mesmo o fato de trocar uma lâmpada e fazer outros tipos de reparos pode ser agradável!
Carpintaria e reforma da casa são minhas atividades preferidas. Nas atividades de manutenção, geralmente aprendo bastante. Descobri que a criatividade necessária para esse tipo de projeto também me ajuda a encontrar soluções criativas para as minhas atividades normais de “trabalho”. Atividades ao Ar Livre
Estar ao ar livre é definitivamente relaxante. Gosto de trabalhar em nosso jardim, fazendo a manutenção geral e paisagismo. Nancy e eu tínhamos uma linda horta, que apreciávamos muito, mas, nos últimos anos, não temos tido tempo para nos dedicar a ela. Não há nada como passear pela horta com uma cesta vazia e voltar para a cozinha com pilhas de abobrinha, cebola, tomate e montes de pepinos (um dos meus alimentos preferidos). Certo verão, nosF O T O S :
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AO AR LIVRE: A família Wilson gosta de fazer caminhadas com os filhos e netos (da esquerda para a direita: Catherine e Robert Renck Jr., com a filhinha Charlotte Rose; Nancy e Ted Wilson; David e Elizabeth Wright com seus filhos Matthew, Lauren e Maryanne; Emillie e Kameron DeVasher com o filho Henry. DENTRO DE CASA: Ted Wilson se diverte reformando a cozinha da família.
lindas trilhas da área metropolitana de Washington. No escritório, muitas vezes, é revigorante andar pelo prédio só para cumprimentar ou falar com meus companheiros de trabalho, antes de retornar para as comissões e outras tarefas. Muitas pessoas na Associação Geral usam seus dois intervalos de 15 minutos, todos os dias, para caminhar fora do prédio (ou dentro, se há mal tempo). O Ideal de Deus para Nós
sa horta produziu cerca de 800 pepinos e demos a maioria deles! Minha família e eu gostamos muito de caminhadas e montanhismo e os praticamos por muitos anos. É uma alegria caminharmos juntos, especialmente com nossos filhos e netos. Gostamos de planejar férias em família – com as caminhadas em mente – com bastante antecedência. É tão rejuvenescedor estar em contato com a natureza de Deus, ver Seu poder criador e desfrutar do ar fresco e a bela visão da montanha, além de estar com a família. Até o mais novo dos netos aprecia esses passeios. Quando estamos em casa, Nancy e eu gostamos de caminhar. Há alguns anos, fazíamos corridas, mas agora preferimos caminhadas rápidas de 30 a 40 minutos, sempre que podemos. Quando conseguimos encontrar tempo, também gostamos de andar de bicicleta pelas
É maravilhoso como Deus nos criou de tal forma a gostarmos de variedade e, por meio de Sua Palavra, Ele nos aconselha a ter uma vida equilibrada, moderada e saudável. Ele quer que vivamos abundantemente e Seu desejo encontra eco nas palavras inspiradas de 3 João 2: “Amado, oro para que você tenha boa saúde e tudo lhe corra bem, assim como vai bem a sua alma” (NVI). Se você tem uma vida estressante, quero encorajá-lo a tomar tempo para desenvolver atividades cristãs com a família. Você ficará agradavelmente surpreso com as oportunidades que surgirão de servir melhor os outros. Descobri que as atividades recreativas mais agradáveis para mim são simples, envolvendo algo na natureza ou que sejam de benefício para os outros. Deus se importa com cada aspecto de nossa vida, inclusive com a nossa necessidade de recreação. A despeito de onde estivermos, se pedirmos a direção de Deus, Ele nos guiará a atividades recreativas e de serviço que resultarão em nosso benefício físico e emocional e na glória para o Seu nome. Certamente, Ele responderá a essa oração! Aprendi que, embora nem todas as atividades recreativas resultem em todos esses benefícios, é possível realizar a maioria delas. Sabemos, também, que ser espectador
de vários esportes, não resulta nesse tipo de benefício físico e emocional, portanto, nem sempre é compensador. Gosto da maneira como Ellen White incentiva às famílias a desfrutar de um tempo juntos, em meio à natureza: “... pais e filhos devem sentir-se livres dos cuidados, do trabalho e de toda preocupação. Os pais devem sentir-se pequenos com seus filhos, tornando-lhes tudo tão agradável quanto possível. Seja o dia todo uma contínua recreação” (Testemunhos para Igreja, v. 1, p. 515). Reavivar e Recrear
A verdadeira prática da atividade recreativa cristã pode se tornar parte do reavivamento e reforma ao pedirmos a Deus que nos guie no trabalho e nessas atividades. Podemos começar nossa recreação, ou melhor, recriação, todos os dias ao separar propositalmente tempo para estar com o Criador. Geralmente faço isso no início do meu dia. É um tempo especial para oração particular, estudo da Bíblia e do Espírito de Profecia. Descobri que tanto a Palavra de Deus escrita como o Seu segundo livro, o da natureza, são rejuvenescedores. Sendo que a dimensão espiritual é fundamental na vida para qualquer realização positiva, tanto profissional como pessoal, é importante que Deus seja a base de todas as nossas atividades, comuns ou recreativas. O mesmo Deus poderoso o suficiente para nos criar (veja Gn 1:27) é capaz e deseja recriar-nos à Sua imagem. ■
Ted N. C. Wilson é
presidente da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia.
Julho 2012 | Adventist World
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Por Chantal J. Klingbeil
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uer seja velejando sozinho ao redor do mundo, cruzando a Antártida puxando um trenó ou cruzando a nado oceanos infestados de tubarões, homens e mulheres constantemente tentam quebrar recordes e fazer notícia. Há cerca de três mil anos, uma mulher de uma pequena cidade, em um estado que nem existe mais, uniu-se a um grupo especial de pessoas ao dar o maior salto de sua vida, o salto da fé. Esse não foi um salto fácil. Ela encarou a morte. Ela viu seu esposo morrer. E agora, assistia impotente todas às coisas morrerem ao seu redor. A grama secou, as folhas das árvores caíram, as vacas pareciam esqueletos e o balido dos cabritos era como um lamento. Todos os dias ela observava o céu azul, esperando por uma nuvem – por chuva. Ela estava racionando a farinha e o azeite numa tentativa de fazê-los durar até o fim da seca. Diariamente um pequeno pão redondo era dividido desigualmente. Seu filho necessitava de toda nutrição que lhe fosse possível. Doía-lhe ver o rapaz tão magro e sem energia. Mas era inútil, ela sabia a verdade. Logo os dois morreriam de fome. Havia farinha suficiente apenas para uma única refeição. A viúva deixou a poeirenta cidade de Sarepta para procurar gravetos e cozinhar sua última refeição. E é aqui que essa mulher sem nome entra na história bíblica. Aqui se encontra, face a face, com um dos maiores personagens da Bíblia, o profeta Elias. Provavelmente Elias não a impressionou – ele estava coberto de pó e cansado da viagem. Havia feito longa jornada. Diferente da viúva, Elias não havia gasto tempo olhando os céus. Aquela seca não era surpresa para ele. Na verdade, ele tinha anunciado que ela viria. Sob as ordens de Deus ele foi à presença de Acabe, rei de Israel, e fez o terrível anúncio: “Juro pelo nome do Senhor, o Deus de Israel, a quem sirvo, que não cairá orvalho nem chuva nos anos seguintes, exceto mediante a minha palavra” (1Rs 17:1).* Por Trás dos Bastidores
Vamos espiar por detrás dos bastidores por algum momento. O que motivou Deus a fazer tal revelação? Israel, o povo de Deus, escolhera um novo deus – Baal. Baal havia sido importado da terra de Sidon e veio junto com a nova esposa do rei Acabe, a famigerada rainha Jezabel. Baal era supostamente rei do tempo. Geralmente ele é representado com um relâmpago na mão. Dificilmente se mexe com um deus que lança raios, mas o verdadeiro Deus não Se intimida. Após o aparecimento surpresa do profeta Elias, e sua profecia ao rei Acabe,
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Adventist World | Julho 2012
Sdaalto
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Fé
Deus o instruiu a se retirar para um longo período de acampamento solitário numa remota área montanhosa. Lá, Elias acampou próximo a um riacho. Suas refeições eram miraculosamente providenciadas, nas manhãs e tardes, por um grande pássaro preto. Finalmente, a seca predita alcançou aquela área remota e o riacho secou. Deus, então, enviou Elias para uma jornada ainda mais estranha. Foi enviado para a cidadezinha de Sarepta – bem no coração do terreno inimigo. Aquela era a terra natal da rainha Jezabel. É Tudo ou Nada
Israel, estamos na terra de Baal, Sidon. Será que o Deus de Israel pode operar aqui? Sua seca chegou até a terra de Baal. Deus está pedindo por uma troca. Ele está pedindo tudo o que tenho, e está me oferecendo vida. O que temos a perder? Estamos condenados mesmo! Será que devo confiar nEle? Ele está pedindo que eu salte no escuro. A viúva de Sarepta hesitou – e então saltou. O salto gigante é medido por algumas gotas de azeite e um punhado de farinha. Ela dá seu último pão a Elias. E? A narrativa bíblica é clara: houve alimento todos os dias para Elias e para a mulher e seu filho. “Pois a farinha na vasilha não se acabou e o azeite na botija não se secou, conforme a palavra do Senhor proferida por Elias” (verso 16).
Além de tudo, ele quer comer nossa última refeição!
Em Sarepta, Elias se encontra com nossa viúva que está juntando gravetos para cozinhar sua última refeição. Elias pediu água para beber. Obviamente o poço ainda não havia secado. Quando ela se vira para pegar a água, Elias a chama, quase como completando a frase: “Por favor, traga também um pedaço de pão” (1Rs 17:11). Pão? Ele está pedindo pão! Provavelmente não sabe da minha situação, deve ter pensado. Vou explicar –, certamente ele irá compreender que realmente não posso ajudá-lo. “Juro pelo nome do Senhor, o teu Deus… não tenho nenhum pedaço de pão; só um punhado de farinha num jarro e um pouco de azeite numa botija. Estou colhendo uns dois gravetos para levar para casa e preparar uma refeição para mim e para o meu filho, para que a comamos e depois morramos” (verso 12). O que Tenho a Perder?
Os olhos de Elias não mostravam desapontamento nem pena. Na verdade, estavam esperançosos. “Não tenha medo”, disse ele. Não é isso que geralmente os anjos dizem quando se encontram com pessoas? “Vá para casa e faça o que disse. Mas primeiro faça um pequeno bolo com o que você tem e traga para mim, e depois faça algo para você e para o seu filho” (verso 13). Além de tudo, ele quer comer nossa última refeição. Literalmente tirar o alimento da boca de meu filho. “Pois assim diz o Senhor, o Deus de Israel: ‘A farinha na vasilha não se acabará e o azeite na botija não se secará até o dia em que o Senhor fizer chover sobre a terra” (verso 14). O Deus de Israel – espera um pouco, não estamos em
Dando o Salto
Quase toda criança ama um parquinho. Quando eu era pequena, gostava de parquinho, menos do escorregador. Eu detestava o escorregador. Era muito assustador. Enquanto meus amigos se jogavam no grande desconhecido, felizes e gritando de alegria, eu ficava presa lá no alto, congelada pelo medo. Todos os gritos e empurrões por trás não conseguiam me incentivar a saltar no desconhecido daquele escorregador. Olhando para trás, acho que eu simplesmente detestava aquela sensação de não ter controle e temia bater no chão no final do brinquedo. Só havia uma maneira de me fazer escorregar. Meu pai tinha que estar no final do escorregador para me pegar. Já me joguei em experiências muito mais desafiadoras do que o meu escorregador do parquinho, mas, às vezes, sinto-me igualmente assustada quando sinto a vida escorregando fora do meu controle. A viúva de Sarepta me anima a saltar para o desconhecido assustador, sabendo que, tão certa como os braços do meu pai estavam lá para me segurar, meu Pai celestial está aqui para me segurar agora. Seja qual for o desafio, podemos dar o salto da fé sabendo que cairemos nos braços de Deus. ■
Chantal J. Klingbeil é autora e apresentadora do programa StoryLine live Bible do Hope Channel, disponível no site storyline.hopetv.org. É casada com Gerald Klingbeil e tem três filhas, Hannah, Sarah e Jemima. Julho 2012 | Adventist World
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V I D A
A D V E N T I S T A
U
ma notícia recente anunciava: “Mulher é Acusada de Desviar Um Milhão de Dólares da Arquidiocese (Igreja Católica) de Nova Iorque.” Durante o período de sete anos a mulher de 67 anos de idade que trabalhava como diretora financeira, sorrateiramente desviava dinheiro do fundo de educação para as escolas católicas. Ela pegava somas inferiores a $2.500 dólares, valor que não requeria assinatura do supervisor. Auditores externos originalmente
neles. Na verdade, essas precauções também protegem as pessoas honestas. Elas criam um ambiente que permite que os honestos trabalhem sem temer serem acusados de erros. Ajudando a Causa
As melhores intenções às vezes levam ao desastre. Imagine a emoção do tesoureiro de uma igreja local quando recebeu um e-mail explicando ter sido escolhido para auxiliar o
Desfalque
Igreja
na
Por Robert E. Lemon
É errado, mesmo que a intenção seja boa. descobriram a falta de $350 mil dólares e a polícia foi chamada para investigar. Como isso pode acontecer por sete anos sem ser descoberto? O fácil acesso ao dinheiro da igreja pode criar a oportunidade para um indivíduo defraudar a organização. Os exemplos na Igreja Adventista do Sétimo Dia incluem funcionários e oficiais de igrejas (tesoureiros, etc) responsáveis pelas contas a pagar que são tentados a incluir suas contas pessoais juntamente com as da organização, em seguida, autorizar um pagamento para o valor total devido. Esse tipo de procedimento pode não ser detectado por muito tempo. Esses acidentes desagradáveis são raros? Infelizmente não. A tendência é aumentar os desvios e roubos de organizações religiosas e sem fins lucrativos. O assunto merece atenção até da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Nossa Igreja opera numa relação de confiança com funcionários e voluntários. Damos graças a Deus que a vasta maioria dessas pessoas fazem exatamente o que se pretende: realizam com fidelidade seu trabalho ou voluntariado para cumprir a missão da Igreja. Infelizmente, porém, há uns poucos que, por qualquer razão, sentem que podem se beneficiar das ofertas dos fieis. Para complicar, quando são instituídos controles internos, há aqueles que enviam mensagens para nossos funcionários e voluntários dizendo que não confiamos
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remetente na “liberação” de milhões de dólares de uma conta em outro país. Pode isso ser verdade? Será que Deus o estava dirigindo para fazer algo especial? Certamente, se tivesse sido descrito no e-mail o tipo de dinheiro, ele poderia ajudar de muitas maneiras a igreja em dificuldade. Ele pensou sobre o assunto, e até orou para que isso fosse real. Respondeu então à mensagem e, em seguida, estava envolvido num golpe que exigiu colocar seu dinheiro para ajudar a financiar a liberação da fortuna. Cada passo da transação parecia razoável. Desistir do processo significava perder o dinheiro que já havia “investido”. Ele não tinha recursos pessoais suficientes para resgatar a alta soma de dinheiro que lhe fora prometido. Com certeza, para evitar qualquer problema ou preocupação com o assunto, foi melhor “emprestar” um pouco das ofertas da igreja local. Ele poderia devolver ao caixa da igreja assim que recebesse a grande quantia e ainda doaria um valor adicional. A despeito das intenções, isso é desfalque. O bem intencionado tesoureiro da igreja, logo estava diante de uma sentença de prisão pelo roubo de mais de um milhão de dólares. A igreja local luta para se recuperar da perda financeira. As consequências foram ruins para todos, exceto para aqueles que operaram o esquema e ficaram com o dinheiro da igreja.
Como Você Pode Prevenir osDesfalques Isso pode acontecer conosco? Pense outra vez. Essa história aconteceu em uma Igreja Adventista do Sétimo Dia. Protegendo a Igreja do Senhor
Você conhece o tesoureiro da sua igreja? A comissão recebe relatórios financeiros mensais? As dúvidas concernentes às finanças locais estão sendo respondidas apropriadamente e em tempo hábil? Em outro caso, por não reconhecer certos sinais de alerta (veja quadro), só mais tarde foi descoberto que simplesmente não havia tesoureiro! O pastor, sem o conhecimento da igreja, fazia o controle financeiro e milhares de dólares foram usados indevidamente. A Igreja Adventista do Sétimo Dia tem sofrido um número crescente de perdas significativas, algumas excedendo a um milhão de dólares americanos. O Adventist Risk Management, instituição da Associação Geral cuja função é gerir os riscos e seguros para a Igreja, assegura cobertura para esse tipo de perda em seguradoras externas. Infelizmente, na indústria de seguros, o crescimento de perdas resulta em aumento do prêmio (ou valor do seguro). Além das perdas e dos desafios de lidar com todos os trâmites de seguro, há as altas franquias que devem ser pagas pela Igreja ou organização envolvida. Em algumas partes do mundo a franquia é tão alta que não compensa fazer o seguro. Nos Estados Unidos a franquia é de 2.500 dólares. É importante lembrar de que não são apenas as consequências financeiras, mas também o impacto que tais roubos causam na vida da Igreja, a desconfiança nas atividades da Igreja e a distração da missão. Além disso, como no caso da perda da Igreja Católica, a cobertura da mídia para tais perdas, mancha nossa reputação e tira o foco da missão que temos na comunidade. Por isso, é importante tomar as medidas adequadas para salvaguardar os recursos da Igreja e oferecer aos funcionários e voluntários um ambiente onde possam trabalhar com segurança (veja quadro). Lembre-se de que, como mordomos dos bens do Senhor, foi confiada a nós grande responsabilidade e devemos estar certos de que estamos seguindo os padrões elevados. Um dia, prestaremos conta do que fizemos com os recursos que o Rei colocou sob nossos cuidados. “Muitos são os planos no coração do homem, mas o que prevalece é o propósito do Senhor” (Pv 19:21, NVI). ■
Robert E. Lemon é tesoureiro da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia e atua como presidente do conselho do Adventist Risk Management, Inc.
1. Contrate ou escolha a pessoa certa. Faça uma pesquisa dos antecedentes de cada funcionário ou membro voluntário que terá acesso aos recursos da igreja. Antecedentes criminais custam muito pouco e podem mostrar qualquer envolvimento criminoso. Confira as referências. 2. Não permita que novos voluntários ou desconhecidos da congregação local lidem com dinheiro. 3. Divida as responsabilidades. O acesso a todas as etapas do manuseio do dinheiro, ou a contabilidade dos recursos ou das despesas não deve ser franqueado a uma pessoa somente. 4. Tenha um bom sistema de contabilidade. Insista em relatórios contábeis atualizados. Nunca pague vendedores sem recibos oficiais. Deve haver uma terceira pessoa para revisar todos os pagamentos, determinar se são companhias legítimas e que estão fornecendo o material ou serviço que está sendo pago. 5. Defina claramente os níveis de aprovação de despesas e assinatura de cheques. 6. Tenha uma terceira pessoa, independente, para fazer auditoria. Em nível de igreja local, geralmente funcionários da tesouraria da associação (auditores) fazem esse trabalho. 7. Se você suspeitar de algum problema, não espere. Entre em contato com o tesoureiro de sua associação. A associação tem acesso aos recursos, inclusive do Serviço de Auditoria da Associação Geral, para ajudar.
Cuidado! O que observar em seus funcionários ou membros voluntários que têm acesso a dinheiro ou aos sistemas de contabilidade: 1. Necessidade financeira. Problemas financeiros podem levar as pessoas a decisões erradas. O funcionário que frequentemente pede adiantamento pode estar mostrando indícios de um problema maior. 2. Funcionário insatisfeito. Funcionários que se sentem subestimados e com excesso de trabalho podem justificar comportamentos financeiros errados. 3. Relacionamento muito próximo com vendedores e prestadores de serviços. 4. Comportamento estranho. Empregados ou voluntários que sejam relutantes à supervisão do seu trabalho ou que não queiram tirar férias ou deixar que alguém assuma suas atividades financeiras durante seu curto período de ausência. 5. Funcionários ou voluntários que aparentam viver acima de suas posses.
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A R T I G O D E C A PA
H
istórias sobre projetos missionários de curto prazo são frequentes no mundo adventista. A ênfase que a Igreja coloca no serviço para Deus e em prol do próximo tem incentivado inúmeras pessoas a se aventurar longe de sua terra natal, para compartilhar o amor de Jesus. Entretanto, Hein e Melissa Myburgh, coordenadores do ministério Mukuyu Outreach, na longínqua região do sul da Zâmbia, às margens do rio Zambezi, chamam o local de “lar” e dizem que estão lá para ficar. Os Myburghs se mudaram para Mukuyu (que significa “figueira selvagem de sicômoro” e se pronuncia Mu--qu-e-u-), distrito Siavonga, em 2006, logo após a morte do irmão de Hein, Johann, que iniciara esse ministério quatro anos antes. Johann, com a idade de 34 anos, foi tragicamente atacado e morto por um elefante numa caminhada. Hein, um defensor da natureza, sentiu-se chamado por Deus a seguir com o sonho do irmão em levar a mensagem do evangelho para o povo da Zâmbia. Melissa foi inspirada para o trabalho missionário quando ainda criança. Ela também acreditava que Deus os estava guiando em direção a Mukuyu.
Dois Corações, Uma
Missão
Jovem casal vive o evangelho prático na Zâmbia O coração da África rural é composto por uma população castigada pela pobreza extrema e pela superstição. Prevalecem o animismo e a feitiçaria. A maioria dos habitantes da região recebeu pouca ou nenhuma educação formal. Não existe sistema de assistência à saúde que seja confiável. Nos últimos seis anos, desde que Hein e Melissa começaram a trabalhar ali, já conquistaram o coração e a vida das pessoas e criaram – e estão sedimentando – várias formas de evangelismo. Isso inclui: orfanato, clínica médica móvel, lancha para prestar atendimento médico às tribos ao longo do Rio Zambezi, centro de treinamento para mulheres, programa de evangelismo com obreiro bíblico, centro comunitário para ajuda alimentícia a pessoas idosas e escola adventista de ensino fundamental. O que pode ter motivado um jovem casal, recém-casado, a deixar seu estilo de vida confortável na África do Sul e viver numa região infestada de cobras, sem água encanada, nem eletricidade (exceto a que é fornecida pelos geradores), recursos médicos limitados e
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T O D A S
A S F O T O S S Ã O C O R T E S I A D E M E L I S S A E H E I N M Y B U R G H
ainda distante uma hora de carro do lugarejo mais próximo? Para responder a essas perguntas, Bill Knott, editor da Adventist World e Sandra Blankmer, editora assistente, entrevistaram o casal missionário. BILL KNOTT: Hein e Melissa, vocês estão muito distantes da sua terra natal. Descrevam o local onde vivem. HEIN MYBURGH: Nossa varanda da
frente fica a cerca de quatro metros da margem do Rio Zambezi. Quase podemos sair da varanda e entrar no rio, portanto, o lugar é lindo. BK: E como é a casa? HM: Na realidade é um bangalô com
telhado de palha e paredes de gesso apoiadas em vigas de madeira. Não há água encanada dentro da casa, o chuveiro e o sanitário são do lado de fora e a eletricidade vem de um gerador. BK: Vocês usam água de poço? HM: A água de poço na área não é
potável. A rocha subjacente é bastante salobra, e a água acaba tendo grande teor de enxofre. Ela só serve para lavar. Nossa água, portanto, vem principalmente do rio e compramos água engarrafada para beber.
MINISTÉRIO DA FAZENDA (fundo acima): Os Myburghs administram uma pequena fazenda, com cerca de 700 ovelhas, para ajudar a manter o evangelismo em Mukuyu. CONSERTO DA LANCHA: (segunda de cima para baixo): Hein conserta um velho barco para ser usado como lancha missionária. PRONTO PARA PARTIR: (terceira de cima para baixo): Testando a lancha missionária recém-reformada. CRIANÇAS AGRADECIDAS: (esquerda): Os Myburghs construíram uma casa que abrigará cerca de doze dos muitos órfãos da região.
BK: É necessário muito esforço só para manter uma casa nas condições que vocês descrevem. Mas, vocês também iniciaram uma série de atividades evangelísticas e de serviços comunitários. Falem sobre algumas delas. HM: Muitas crianças da região ficam
órfãs por causa do alto índice de HIV/AIDS, e são negligenciadas devido à pobreza extrema do local. Por isso, construímos um lar que abrigará cerca de doze órfãos. Não temos uma renda mensal regular ou recursos suficientes ainda para suprir as necessidades básicas das crianças. A casa está pronta para abrigá-las, mas dependemos de disponibilidade financeira.
Bem na frente do orfanato, temos a estrutura erguida do futuro centro comunitário, sem paredes ainda, onde será oferecido o programa de alimentação para idosos. Atualmente, Melissa dá aulas semanais de corte e costura para as mulheres no lado de fora do orfanato, mas poderá usar o centro comunitário quando ficar pronto. Essas duas casas não foram construídas na propriedade em Mukuyu, mas na aldeia distante aproximadamente um quilômetro dali. BK: Como vocês moram às margens do Zambezi, estão perto da única rota de transportes da área. Fiquei sabendo do projeto missionário com uma lancha. Contem-nos sobre ele. HM: Quando meu irmão estava aqui,
conseguiu um casco velho e enferrujado que queria restaurar para ser usado no rio Zambezi como lancha missionária, mas não teve recursos para o conserto. Obviamente, Melissa e eu queríamos levar em frente a ideia, contudo, também não tínhamos dinheiro. Há cerca de um ano, estávamos em Victoria Falls, Zimbábue, ajudando o projeto Igreja de Um Dia. Fizemos uma apresentação sobre Mukuyu para todos os voluntários que estavam ali e falamos sobre o sonho de ter a lancha. Mais tarde, um dos médicos presentes me procurou e se ofereceu para doar o recurso necessário para o conserto. Ele disse que seu irmão, que também era médico missionário, havia morrido há dezoito meses. E sugeriu: “Por que não fazemos essa lancha missionária em lembrança do seu e do meu irmão?” Assim, consertamos a lancha e colocamos o nome de Bakwesu que, em tonga, significa “irmãos”. SANDRA BLACKMER: Como vocês pretendem usar a lancha? HM: Melissa e eu não temos nenhuma
formação ou treinamento na área médica. Então, gostaríamos de executar viagens médico-missionárias curtas com a lancha, descendo o Rio Zambezi
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cerca de 40 quilômetros, entre a sede do ministério e a divisa com a cidade de Chirundu. Pretendemos usar voluntários da área de saúde: médicos, enfermeiros e dentistas. Já identifiquei cinco locais ao longo do rio onde há aldeias de bom tamanho. Queremos parar nessas aldeias e passar algumas horas ou o dia inteiro, para que a equipe médica preste atendimento. A maioria das aldeias ribeirinhas está bem distante das principais estradas. Assim, é difícil para o povo chegar até as clínicas comunitárias do governo. BK: Isso soa como uma grande aventura. HM: Sim, será. Uma das vantagens des-
se tipo de viagem médico-missionária curta, é que os participantes do projeto terão a oportunidade de ver todo tipo de animais e plantas selvagens enquanto viajam para cima e para baixo no rio. É lindo aqui, no meio da mata africana. BK: Você mencionou seus planos para uma escola. Esse é realmente um projeto ambicioso. Conte-nos sobre a escola que vocês estão construindo. HM: A escola que as crianças da aldeia
mais próxima têm para frequentar está localizada há mais de cinco quilômetros de distância. Durante boa parte do ano, eles não podem ir à escola. Na estação seca há elefantes famintos por todos os lugares procurando o que comer e, crianças pequenas correm maior perigo. E quando chegam as chuvas, há muito barro em todos os lugares. A comunidade doou o terreno de um hectare, do lado oposto ao orfanato, onde começamos a construir a escola para as primeiras quatro séries. Trabalhamos o assunto com a Associação Adventista local, e esta será uma Escola Adventista de ensino fundamental. Haverá quatro salas de aula, um escritório e casas para os professores. A estrutura da primeira sala de aula está erguida, mas ainda sem as paredes e o piso.
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APRENDENDO A NEGOCIAR (topo e destaque): Usando máquinas de costura doadas, Melissa ensina as mulheres da região a costurar. O LAR DOS MYBURGH (terceira de cima para baixo): A casa de Hein e Melissa não tem água encanada e a energia é fornecida por gerador. LAVANDO ROUPA (abaixo): Uma mulher da região lava suas roupas no Rio Zambezi,
SB: Melissa, só uma mulher destemida faz a escolha que você fez. O que tem sido essa experiência pra você? Como tem enfrentado a vida em Mukuyu? MELISSA MYBURGH: Quando cheguei
aqui, no meio da mata, foi realmente muito difícil. Eu me apavorava com os animais selvagens, elefantes e especialmente com o que aconteceu ao irmão do Hein. Eu sentia muito medo e minha família também estava muito preocupada. Porém, todos acreditavam que Deus nos estava guiando. Desde criança, eu orava para que o Senhor me enviasse ao campo missionário e sentia no coração que essa era a minha missão. Assim, eu só orava pelos meus medos e fui melhorando dia a dia. Hoje, sinto-me como se estivesse no lugar mais seguro do mundo e que a proteção divina está sempre conosco. SB: Soube que você teve uma séria crise de asma. MM: Sim, tive uma crise alérgica severa
e, enquanto Hein me levava para o hospital, que fica a cerca de uma hora de distância, ele teve que parar o carro várias vezes para fazer respiração artificial boca a boca em mim. Quando havíamos percorrido cerca de doze quilômetros, ele viu um vizinho na estrada e pediu sua ajuda. O vizinho pulou no carro e dirigiu para o hospital enquanto Hein seguia me mantendo viva com a respiração artificial. Eles salvaram minha vida. Definitivamente, Deus esteve ali conosco. SB: Que outro aspecto ainda é um desafio para você? MM: Provavelmente as cobras, porque a
maioria delas aqui são venenosas e estão em todos os lugares. Já tivemos algumas dentro de casa e muitas em nosso banheiro, que fica do lado de fora. O outro desafio é o calor. Aqui na Zâmbia é muito, muito quente. SB: Conte como é sua rotina diária. MM: Entre outras coisas, sou dona
de casa. Assim, faço todas as tarefas
domésticas que precisam ser feitas. Todas as terças-feiras, vou ao orfanato para me encontrar com várias mulheres e dar aulas de costura. Temos duas máquinas de costura doadas, e estou ensinando a fazer colcha. Elas também fazem tricô e crochê. As coisas que faço, vendo na aldeia mais próxima; metade do dinheiro vai para as mulheres e a outra metade para o orfanato. Como fiz um curso para cabelereira, corto e penteio o cabelo das mulheres e o dinheiro que recebo vai para nossos projetos. Essa é uma oportunidade maravilhosa de evangelizar, pois tenho que visitar minhas clientes para atendê-las. Também visito as pessoas doentes, mães com bebês e faço o que posso para ajudar. SB: De onde vêm os recursos para todos esses projetos? HM: No passado, dependíamos quase
totalmente das doações. O orfanato foi totalmente construído com as doações. Mas, estamos lutando para ser autossuficientes. Agora temos uma pequena fazenda e 700 ovelhas. Temos um trator e uma enfardadeira doados, com eles plantamos feno para alimentar nosso rebanho e para vender aos agricultores da área. Temos, também, um moinho para fazer farinha de milho para os moradores, que resulta em uma pequena soma de dinheiro com a qual começamos a construção do viveiro de peixes. Assim, estamos empreendendo todo tipo de atividade para aumentar nossa receita. SB: Ouvi uma história de que você teria se enganado sobre seu saldo no banco. Fale sobre isso. HM: Era véspera de Natal, há uns três
anos. Fomos a Lusaka, cerca de três horas de nossa casa, para comprar víveres e combustível. Melissa foi ao supermercado e eu ao banco para sacar o dinheiro – mas não havia nada em minha conta. Ainda não sei direito o que aconteceu com aquele dinheiro… Não tínhamos, então, como comprar
os mantimentos, também não havia dinheiro para o combustível. Eu não sabia o que fazer e fiquei muito desolado. Tínhamos caminhado literalmente dez passos para fora do supermercado quando meu celular tocou e um homem que nunca havia visto antes, perguntou: “Vocês estão aqui na cidade?” Eu disse: “Sim, estamos em Lusaka.” Ele então me perguntou se podíamos ir até seu escritório, bem próximo dali, pois tinha algum dinheiro para nós. Ficamos chocados! Quando chegamos, ele explicou que alguém lhe falara sobre nosso ministério e que éramos uma das mais de vinte instituições de caridade para as quais ele arrecadava dinheiro. Então, disse: “Vocês tiveram sorte de receber seu dinheiro antes dos feriados.” Parece que antes de ser realizado o evento para levantar fundos, ele havia alocado porcentagens para cada instituição de acordo com seu tamanho. Após o evento, quando finalmente o dinheiro chegou, a quantia alocada para nós era exatamente o valor que ele tinha disponível naquele dia. Nenhuma outra cota correspondia àquele valor, por isso ele nos telefonou e disse: “Venham pegar seu dinheiro.” Aquela experiência foi incrível. Foi uma confirmação de que Deus realmente está vivo e é fiel. BK: As experiências do seu dia a dia parecem que dão a vocês a certeza da presença de Deus e do poder da oração contínua. HM: Absolutamente! Viver assim,
definitivamente aperfeiçoa nossa vida de oração! Nunca estamos muito longe das necessidades humanas e as nossas limitações nos fazem perceber quanto precisamos depender do poder e dos recursos de Deus. Tenho que admitir de que, às vezes, é muito difícil. Todavia, é um privilégio muito grande fazer o que estamos fazendo. BK: Fale sobre o relacionamento com aquilo que é chamado de “Igreja Organizada”, significando as estruturas
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da União e Associação da Igreja Adventista do Sétimo Dia local. HM: Somos um ministério indepen-
dente, mas totalmente apoiados pela Organização Adventista. Vivemos segundo as crenças e princípios da Igreja e do Espírito de Profecia. Assim, tudo o que fazemos está de acordo e em total
realizamos algumas reuniões evangelísticas. Ela fazia as palestras sobre saúde e eu os sermões usando um pequeno gerador, sistema de som, projetor e algumas luzes. Obviamente, não há eletricidade onde vamos, por isso temos que levar tudo conosco. Mas, quando fizemos as reuniões evangelísticas está-
OBREIROS BÍBLICOS: Dois homens locais enviados ao Riverside Farm Institute, em Kafue, para serem treinados como obreiros bíblicos, mantidos pela Missão de Mukuyu.
harmonia com a Igreja. Mas em termos de estrutura, a Igreja Adventista não é muito bem representada aqui. Temos um pastor para todo o distrito, que tem cerca de 1.100 km2. Atualmente ele tem um veículo, mas quase nunca tem o combustível necessário para visitar suas muitas igrejas. Portanto, grande quanto possa ser a organização mundial da IASD, não há muito dela na área onde vivemos. Mas, sempre que levantamos uma estrutura de igreja, conversamos primeiro com o pastor local e com a Associação, para ter certeza de que se encaixa nos seus planos. BK: Você também emprega alguns obreiros bíblicos. Fale sobre isso.
Logo que chegamos aqui, Melissa e eu
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vamos vindo de uma cultura totalmente diferente da cultura do povo daqui, e isso é problemático. Também, tínhamos que usar um intérprete. Agora, encontramos pessoas locais interessadas em fazer evangelismo. Nós os enviamos para o Riverside Farm Institute, em Kafue, para o curso de quatro meses. Após terminarem, retornam para suas aldeias onde já conhecem as pessoas, têm influência sobre eles, falam a mesma língua e conhecem a cultura local. Quando chega o momento certo de fazer o evangelismo, Melissa e eu vamos para facilitar o processo. No momento temos três obreiros bíblicos. BK: Já tiveram algum batismo como resultado desses evangelismos?
HM: Sim, graças a Deus – centenas!
Toda semente plantada com fé resulta sempre em colheita. BK: O que você identifica como sua maior necessidade atual? HM: Se pudesse falar de várias, diria que
é: recurso para contratar mais obreiros bíblicos; para completar o centro comunitário e um reboque para ser usado na construção e na agricultura. Precisamos desesperadamente de voluntários da área médica para que nas viagens missionárias curtas, prestem assistência às pessoas que vivem em áreas remotas, às margens do rio; além de precisarmos de recursos e voluntários para ajudar a completar a escola. BK: Quando você pensa nos milhões de adventistas em todo o mundo que irão ler esta história, o que você mais gostaria de dizer a eles? HM: A maioria das pessoas quer ter paz
e tenta conseguir de muitas formas. Mas há apenas uma maneira de obter a verdadeira paz e felicidade nesta vida, que é entregar a vida ao Espírito Santo e se manter ocupado com o que Deus o chamou para fazer. Uma vez que você se submete a vontade de Deus, acaba a inquietação. Certamente isso não é o fim dos problemas. Mas quando caminhamos com Deus, estamos trabalhando com Alguém que é todo o poder e sabe o que é melhor. Essa foi a coisa mais importante que aprendi – e, é uma lição que se renova todos os dias quando O servimos aqui. ■
Para saber mais sobre o Evangelismo em Mukuyu, para ser membro do Outposts Centers International ou para entrar em contato com Hein e Melissa, visite
www.mukuyu.org ou envie e-mail para hein@mukuyu.org.
S A Ú D E
N O
M U N D O
Ataque
Isquêmico Transitório
No derrame, cada minuto é importante.
Por Allan R. Handysides e Peter N. Landless
Minha esposa, aos 73 anos de idade, sofreu dois ataques isquêmicos transitórios (TIA ou minicurso). Seu médico está preocupado com a possibilidade dela sofrer um derrame maior. Também fiquei preocupado e gostaria de saber qual é o seu conselho. Ela perdeu mais de 13 quilos e agora está pesando aproximadamente 69 quilos.
R
ealmente o minicurso (ou TIA) é preocupante. O fato de ter sofrido mais de um demonstra definitivamente que, há problemas que merecem atenção. O minicurso é por vezes referido por Ataque Isquêmico Transitório (TIA), que significa que há bloqueio temporário nos vasos sanguíneos para o cérebro, o qual é desfeito pelos mecanismos de reparo do corpo. Normalmente, o TIA provoca danos residuais muito leves, mas incidentes repetidos podem resultar em lesões graves. O bloqueio geralmente é causado por pequenos coágulos de sangue (trombo), mas uma partícula (ou partículas) de placa de ateroma que se desprende da parede arterial também pode ser a causa do problema. As placas de ateroma estão associadas à inflamação dos vasos sanguíneos. Elas tendem a se espalhar amplamente pelo corpo. A pessoa que já sofreu um episódio, ou um TIA, deve ser submetida a ultrassonografia das artérias carótidas para pesquisa de prováveis placas. Os TIAs podem não apenas ser precursores de um AVC (derrame) mais extenso, mas pesquisas mostram que estão associados ao dobro da taxa de ataque cardíaco (Journal of the American
Heart Association, Março 2011). É muito importante que vocês reconheçam os sinais tanto do TIA como do derrame. O acróstico enfatiza os principais sinais de um derrame e necessita atenção imediata. FAST (em inglês, significa RÁPIDO) Face (Face) – dificuldade para sorrir. Arms (Braços) – fracos ou paralisados. Speech (Fala) – dificuldade para falar, falta de compreensão e confusão. Time (Tempo) – é vital! Provavelmente sua esposa deve ter feito os exames específicos e está sob tratamento para prevenir outros TIAs e até um ataque do coração. Fatores muito importantes: Exercício. Deve se exercitar por 40 minutos todos os dias. Caminhar é um excelente exercício, entre 4 a 6 quilômetros por hora, causando leve suor. Dieta. Elimine a carne – tanto a vermelha quanto a branca – e consuma boa quantidade de grãos integrais, legumes, frutas e vegetais. As castanhas devem ser consumidas diariamente – cerca de um pequeno punhado – e dois copos de leite magro ou o equivalente de seus derivados (iogurte). O “leite” de soja precisa ser fortificado com vitamina B12, cálcio e vitamina D para substituir o de origem animal. Se for escolhido o iogurte ou o queijo cottage (ricota) em lugar do leite, a quantidade é muito importante. Lembre-se de que o leite de soja pode conter muitas calorias e gordura. Não use grandes quantidades de gordura e evite manteiga. É necessário um pouco de óleo e, se tiver disponibilidade, os óleos de oliva, canola, girassol e de milho, são mais saudáveis e provavelmente seja melhor
usá-los alternadamente e com moderação. O óleo de linhaça é muito rico em ômega-3 e muito bom nas saladas e com suco de limão. Os níveis de colesterol de sua esposa devem ser pesquisados. Sugiro que ela definitivamente evite gema de ovo. A redução do sal é uma medida útil para todos. Medicamentos para reduzir o colesterol podem ser muito benéficos. Uma pequena dose de aspirina (81mg) diariamente ajuda a prevenir a formação de pequenos coágulos. Aconselhe-se com o profissional de saúde de sua confiança. Em caso de derrame, cada minuto é importante; portanto, aprenda os sinais, coloque uma lista de telefones de emergência perto do telefone (como do seu médico, hospital ou outro pronto socorro), saiba como chegar ao local de emergência mais próximo e faça uma lista dos medicamentos que sua esposa toma e qualquer alergia que possa ter. Leve essa lista para o hospital. Então, viva positivamente. Ore diariamente. Evite confrontações estressantes e coloque sua vida nas mãos de Deus. Ele realmente cuida de nós. ■
Allan R. Handysides, médico ginecologista, é diretor do Ministério da Saúde da Associação Geral. Peter N. Landless, médico cardiologista nuclear, é diretor associado do Departamento de Saúde da Associação Geral. Julho 2012 | Adventist World
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C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
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a noite que antecedeu Sua morte, Jesus informou aos discípulos que em breve os deixaria sozinhos neste mundo e que em Sua ausência deveriam continuar a missão iniciada. Na verdade, deveriam realizar as mesmas obras que Ele havia realizado, e ainda maiores (Jo 14:12). Embora Seu ministério ficasse restrito à área geográfica que circundava a Palestina, os discípulos deveriam levar o evangelho até os confins da Terra. Não se esperava que eles realizassem essa tarefa com sua própria força. Deus enviaria o Espírito Santo a eles para ensinar todas as coisas; faze-los lembrar das coisas que Jesus lhes havia ensinado (verso 26); testificar de Cristo (Jo 15:26); guiar em toda a verdade (Jo 16:13); mostrar as coisas que viriam (verso 13) e lhes capacitar para o testemunho (At 1:8). O cumprimento da promessa de Cristo aconteceu inicialmente durante o Pentecostes, quando cento e vinte crentes (incluindo os apóstolos) em Jerusalém foram batizados pelo Espírito Santo e, consequentemente, ficaram cheios do Espírito (veja At 2:1-4). Assim como cada parte do corpo tem uma função a desempenhar, parece que cada pessoa que está cheia do Espírito Santo recebe um ou mais dons (1Co 12) que devem ser usados para o “bem comum” ou para a edificação da igreja (verso 7). Na lista dos dons que Paulo especificamente identifica com esse propósito está o dom de línguas (veja versos 8-10). Mas, como Paulo declara que (1) ninguém, a não ser Deus, pode compreender o que é dito pelos que falam em línguas (1Co 14:2) e que (2) falar em línguas edifica a si próprio e não a quem ouve (verso 4), muitos defendem que o termo línguas se refere a uma linguagem não humana, sendo assim um dom particular e não público. Essa interpretação é baseada na suposição de que ambas as declarações se referem ao fenômeno das línguas em si. Contudo, é mais provável que esteja se referindo à exaltação pessoal dos coríntios que falavam línguas, do que às características essenciais de falar línguas propriamente ditas.
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As Línguas em Corinto
Percebe-se que Paulo está falando sobre a arrogância espiritual dos que se julgavam mais talentosos na Igreja de Corinto (1Co 4:6-8). Alguns confundiam superdotação com espiritualidade e, devido a seus muitos dons, pensavam não apenas ser pessoas mais importantes, mas também espiritualmente bem sucedidas, não necessitando de alimento espiritual adicional. Parece, no entanto, que essa visão errônea era limitada aos membros mais espetacularmente talentosos da igreja. Essa é a impressão que
falavam línguas eram o especial alvo da preocupação de Paulo. Segundo, a declaração de Paulo, “gostaria que todos vocês falassem em línguas, mas prefiro que profetizem. Quem profetiza é maior do que aquele que fala em línguas, a não ser que as interprete, para que a igreja seja edificada” (1Co 14:5, NVI), sugere que os que falavam em línguas tinham o ego inflado. Além disso, o fato de colocar o dom de línguas como último ou próximo ao último nas três listas de dons em 1 Coríntios 12 (veja versos 8-10, 28-30)
NÚMERO 17
Falar
Por Lynn Burton
Línguas
em
Um assunto difícil sob a perspectiva bíblica
temos ao ler 1 Coríntios 12:21-25, onde Paulo sugere que esse grupo de crentes sentia que era espiritualmente superior aos seus irmãos menos capacitados e agia como se a igreja pudesse funcionar perfeitamente sem estes. Mesmo que os principais líderes não sejam identificados na passagem, duas coisas apontam para uma identificação inequívoca. Primeiro, a redução gradual dos dons – de nove mencionados nos versos 8 a 10 para apenas o dom de línguas no capítulo 14, sugere fortemente que os que
parece indicar que Paulo estava tentando corrigir a maneira como os coríntios exaltavam o dom de línguas acima de todos os outros, colocando esse dom na perspectiva correta. Da mesma forma, quando coloca o dom de línguas no topo da lista dos dons e atributos cristãos e o considera inútil a menos que seja acompanhado pelo amor (1Co 13:1-3), Paulo aparentemente infere que os coríntios o estavam usando destituído de amor e, talvez, até usando mais esse dom do que os outros mencionados nesses versos.
Por outro lado, Paulo afirma que o “egoísmo”, que ele chama de sinônimo de “próprio bem” em 1 Coríntios 10:24, é a antítese do amor (1Co 13:5). Isso sugere que o uso de línguas na oração em voz alta na igreja (1Co 14:2) referese à maneira sem amor com que os coríntios usavam esse dom, e não ao fenômeno em si. Além disso, usar as línguas para o próprio bem é contrário ao propósito do dom (1Co 12:7); isso destaca a orientação anterior dada por Paulo, que a edificação dos outros deve ser perseguida antes que a de si mesmo (1Co 10:23, 24); isso viola o princípio de 1 Coríntios 10:33-31 de que tudo deve ser feito para a glória de Deus e para salvação das pessoas, e não para benefício e vantagem próprios. As Línguas e a Missão
Em contraste, a habilidade dada por Deus de falar em outros idiomas sem ter que aprendê-los primeiro, não apenas combina com o objetivo de edificar a igreja, mas era uma necessidade para evangelizar o mundo antigo. No mundo greco-romano do primeiro século d.C., o grego e o latim eram línguas universais que podem ter sido usadas para levar a mensagem do evangelho aos confins da Terra. No entanto, pelo fato das populações indígenas geralmente não aceitar estrangeiros, era imperativo que os
seguidores de Cristo para compartilhar o evangelho com sucesso para outras nacionalidades, precisassem falar com eles em seu idioma ou dialeto nativo, em lugar do idioma comum, mesmo sendo grego ou latim. O Pentecostes é um exemplo. O fato de que galileus humildes, de repente e miraculosamente começaram a falar fluentemente nas línguas nativas dos estrangeiros, chamou a atenção e, consequentemente, muitos se converteram ao cristianismo (veja At 2:5-11). Paulo deixa claro, quando fala sobre sua prática de se tornar um com as comunidades com as quais trabalhava (1Co 9:19-23), de que ele também entendia que para o esforço evangelístico ser bem sucedido, ele deveria se comunicar no idioma e dialeto nativo. Isso faz sua declaração “dou graças a Deus por falar em línguas mais que todos vocês” (1Co 14:18) ter muito mais sentido do que se ele, muito mais do que os outros, falasse em muitas línguas que ninguém pudesse compreender. Ele não estava se vangloriando, mas era a maneira de expressar gratidão pelas bênçãos da habilidade de falar em tantos idiomas diferentes para compartilhar as boas novas da salvação com outros. Além disso, pode-se argumentar de que há muitas indicações na Bíblia sugerindo que o dom de línguas em
Corinto se refere à habilidade dada por Deus de falar em outras línguas humanas sem tê-las aprendido antes, e que o objetivo era usá-las para o evangelismo. Ainda assim, a grande maioria dos estudiosos modernos da Bíblia creem que os comentários de Paulo em 1 Coríntios 14 apoiam o ponto de vista da linguagem não-humana. Afigura-se, no entanto, que o exposto se baseia, em parte, no equívoco de que o dom de línguas é um dom particular para a edificação própria. Como já argumentado, é mais provável que os que falavam em línguas estivessem usando esse dom sem amor, para glorificação própria e não a Deus, o que é contrário à crença de que o propósito desse dom era ser usado para o avanço do evangelho. ■ *Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internadional
Linn Burton é pastor
da Igreja Adventista do Sétimo Dia Bickley, em Perth, Austrália. Recentemente concluiu mestrado na área de teologia bíblica, com ênfase no dom de línguas.
Dons e Ministérios
Deus concede a todos os membros de Sua igreja, em todas as épocas, dons espirituais que cada membro deve empregar em amoroso ministério para o bem comum da igreja e da humanidade. Sendo outorgados pela atuação do Espírito Santo, o qual distribui a cada membro como Lhe apraz, os dons proveem todas as aptidões e ministérios de que a igreja necessita para cumprir suas funções divinamente ordenadas. De acordo com as Escrituras, esses dons abrangem ministérios como a fé, cura, profecia, proclamação, ensino, administração, reconciliação, compaixão e serviço abnegado e caridade para ajuda e animação das pessoas. Alguns membros são chamados por Deus e em ministérios pastorais, evangelísticos, apostólicos e de ensino especialmente necessários para habilitar os membros para o serviço, edificar a igreja com vistas à maturidade espiritual e promover a unidade da fé e do conhecimento de Deus. Quando os membros utilizam esses dons espirituais como fieis despenseiros da multiforme graça de Deus, a igreja é protegida contra a influência demolidora de falsas doutrinas, tem um crescimento que provém de Deus e é edificada na fé e no amor. (Rm 12:4-8; 1Co 12:9-11, 27, 28; Ef 4:8, 11-16; At 6:1-7; 1Tm 3:1-13; 1Pe 4:10, 11.) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, No 17
Espirituais
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A RT I G O E S P E C I A L
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os dias 20 a 24 de julho, um grupo entusiasmado de jovens de vários países da Europa e de outros continentes, estará reunido para a convenção da Generation Youth for Christ (GYC)* [Geração Jovem para Cristo] na Europa, com o tema: “Chegou a Hora”. Por vários anos os jovens europeus cruzaram o Atlântico para participar das convenções anuais da GYC, realizadas em dezembro, nos Estados Unidos. Todos os anos, esses jovens partem com o desejo de que um evento similar seja realizado em seu continente, disponibilizando para muitos outros a inspiração e a bênção que receberam. Os jovens da GYC desejam “inspirar, equipar e mobilizar sua geração na Europa para estar totalmente comprometida
Chegou
Por Joshua Nebblett
a
ora
GYC une forças com ministério dos jovens na Europa para motivar o evangelismo
com o cumprimento da missão da Igreja Adventista, proclamando as três mensagens angélicas”, afirmam. Seu desejo é ver essas mensagens se espalhando como um incêndio por toda Europa secular, como aconteceu com a verdade no tempo da Reforma.
uma oportunidade para unir esses grupos, a GYC Europa vai permitir que jovens de vários países desse continente se encontrem para testemunhar de como Deus tem trabalhado de maneira poderosa em sua região, e para explorar oportunidades de colaboração.
Este Ano na Áustria
Treinamento, Treinamento, Treinamento
Em parceria com a Divisão Transeuropeia e diretores de jovens da Divisão Euro-Africana, esse desejo se tornará realidade: a GYC realizará esse evento anual na Europa neste verão! GYC está trabalhando no planejamento do evento junto com o departamento de jovens da União. Os jovens invadirão a pequena cidade de Linz, Áustria (200 quilômetros a oeste de Viena), escolhida por sua localização geográfica central, tornando possível a participação de muitos. Várias conferências e outras iniciativas lideradas por jovens com visão evangelística estão acontecendo em toda Europa compartilhando as boas novas em seus países. Entretanto, por causa da diversidade linguística e cultural do continente tem sido difícil para esse grupo se comunicar, trocar ideias e se incentivar com maior frequência. Ao providenciar
Uma das necessidades básicas na Europa é o treinamento para evangelismo. A GYC na Europa realizará seminários sobre evangelismo e treinará o jovem para se unir à igreja local e espalhar o evangelho. As mensagens serão proferidas em inglês, idioma mais comum nos países europeus, porém serão traduzidas em dez línguas principais para aqueles que preferirem ouvir em seu próprio idioma. O programa será similar ao da convenção anual da GYC nos Estados Unidos. Os participantes terão assembleia geral todas as manhãs e noites. Poderão ainda escolher participar de alguns seminários e do treinamento evangelístico específico para sua área de interesse. Entre os oradores estão: Mark Finley, Martin Ryszewski,
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ENERGIA JOVEM: (esquerda) Linz, Áustria, será o palco do primeiro encontro da GYC na Europa. Em 2010, na reunião em Baltimore, Maryland, EUA, surgiram oportunidades de comunicação e testemunho (centro e direita).
David Asscherick, Alan Hush, Sebastien Braxton e muitos outros com experiência cultural e geográfica diversificadas. Esses oradores conduzirão os participantes a uma compreensão mais profunda dos fundamentos bíblicos da Igreja Adventista, darão instruções e treino prático sobre como melhor compartilhar os ensinamentos com outros. Um dos destaques das conferências da GYC nos Estados Unidos tem sido as visitas evangelísticas. Milhares de jovens saindo do local do programa para visitar a vizinhança, batendo nas portas, orando com as pessoas, distribuindo literatura, estudos bíblicos e compartilhando o amor de Jesus com os que encontram. Eles voltam para o ambiente das conferências, transformados por essa poderosa experiência. Muitas pessoas já foram levadas a Jesus e à mensagem adventista por esse meio. Os participantes na Europa realizarão esforço evangelístico semelhante, colocando em prática o que aprenderam nos seminários ao longo da conferência. A GYC está colaborando com a liderança da Igreja de Linz para encontrar meios mais efetivos de alcançar a população da cidade. A GYC está unindo forças com o movimento jovem da F O T O S :
J A S O N
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GYC Europa permitirá que jovens de vários países se encontrem para testemunhar sobre como Deus tem trabalhado de maneira poderosa naquele continente.
Europa, formado por aqueles que desejam apaixonadamente ver a obra do evangelho terminada, pois “Chegou a Hora”. Você está convidado a se unir conosco neste período de treinamento, entrosamento e evangelismo, a fim de aproximar-se do Salvador por meio de Sua Palavra. ■ *Criada em 2001, GYC é um movimento adventista leigo organizado e dirigido por jovens da América do Norte.
Para mais informação sobre os palestrantes, programa, local e inscrição www.gyceurope.org.
Joshua Nebblett é membro da equipe de liderança da GYC e está coordenando o imenso trabalho logístico na organização do congresso da GYC Europa, em Liz, Áustria. Julho 2012 | Adventist World
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D E S C O B R I N D O
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P R O F E C I A
o dom da
Visão que orientou o
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rede no Senhor vosso Deus, e estareis seguros; crede nos seus profetas, e sereis bem sucedidos” (2Cr 20:20, ARA). A Bíblia ensina que o Senhor dirige Seu povo por meio dos dons proféticos, e os adventistas do sétimo dia creem que Deus orientou a criação dos primeiros e principais ministérios por intermédio das visões e sonhos de Ellen G. White. Vejamos como Deus guiou, por meio do dom profético, os ministérios de publicação, da saúde e de educação da Igreja Adventista do Sétimo Dia.
“
Visão que orientou o Ministério de Publicações
O ano de 1848 foi emocionante devido aos grandes congressos sabáticos (conferências adventistas aos sábados). Pela primeira vez, os adventistas guardadores do sábado estavam se unindo na compreensão da importância do sábado no tempo do fim e sua ligação com o selamento do povo de Deus. Estavam lutando para compreender essa ligação numa reunião de estudos na casa de Otis Nichols, em Dorchester, Massachusetts, EUA, nos dias 17 e 18 de novembro de 1848. Essa reunião era uma continuação da que acontecera em outubro, realizada em Topsham, Maine, onde estuCasa Publicadora Review and daram o selamento de Apocalipse Herald, cerca de 1860. 7 no contexto das três mensagens angélicas de Apocalipse 14. Estavam tentando compreender como Deus queria que falassem do sábado, como parte do evangelho eterno. Nessa reunião, Ellen White teve uma visão. Após sair da visão, ela virou-se para o esposo, Tiago, e disse: “Tenho uma mensagem para você. Você deve começar a publicar uma pequena revista e enviá-la ao povo. Que a princípio, ela seja pequena; mas à medida que as pessoas lerem, enviarão recursos para sua impressão e ela será um sucesso desde o início.” Ellen, então, fez uma predição surpreendente: “Esse humilde começo foi-me mostrado que seria como raios de luz iluminando ao redor da terra.”1 Essa visão e outras subsequentes levaram Tiago White a iniciar a publicação de um periódico intitulado Present Truth (Verdade Presente), em julho de 1849. Essa revista serviu para convencer os adventistas sobre a importância do sábado à luz
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da breve vinda de Jesus. Poucos anos mais tarde, ela foi substituída pela Second Advent Review and Sabbath Herald (Revista do Segundo Advento e Arauto do Sábado), que continua até nossos dias como Adventist Review (Revista Adventista). A extensa obra de publicação da Igreja Adventista do Sétimo Dia é, em grande parte, devida às visões proféticas de Ellen White. Visões orientando ao Ministério da Saúde
Durante as décadas de 1850 e 1860, os Adventistas do Sétimo Dia enfrentaram um desafio em particular. Assim como os Instituto de Reforma da Saúde, 1868 norte-americanos em geral, muitos estavam sofrendo de doenças transmissíveis, devido ao estilo de vida. A tuberculose, cólera, difteria, pneumonia, entre outras, ceifavam vidas continuamente. Princípios de higiene e limpeza eram vastamente desconhecidos. Uma dieta limitada, basicamente formada por carne, gorduras e temperos fortes causava derrames, doenças cardíacas e deficiências nutricionais que debilitava a todos, inclusive os adventistas. Ellen White recebeu quatro visões específicas sobre reforma de saúde entre 1848 e 1865. Em 1848, foram-lhe mostrados os terríveis efeitos do fumo, chá e café.2 No dia 12 de fevereiro de 1854, ela teve a visão sobre a importância da limpeza, temperança e sobre o perigo dos alimentos gordurosos e refinados. “Vi alguns que estavam adoentados entre os santos, como resultado da indulgência com o apetite. Se quisermos ter boa saúde devemos ter cuidado especial com a saúde que Deus nos deu, refreando o apetite não saudável, comendo alimentos em seu estado natural e pouca gordura.”3 A visão de Ellen White no dia 6 de junho de 1863, na casa de Hilliard, em Otsego, Michigan, foi a que mais influenciou os adventistas do sétimo dia. A visão expandiu o que havia sido previamente mostrado a ela, promoveu entre outras coisas o vegetarianismo, a abstinência do porco e a ligação entre a saúde e a dependência do poder divino. Em 25 de dezembro de 1865, ela recebeu a quarta visão
Orientação Por Merlin D. Burt
Ministério de Publicações em Rochester, Nova Iorque, com a instrução de que os adventistas do sétimo dia deviam estabelecer sua própria instituição de saúde. Embora, inicialmente, o objetivo fosse servir aos adventistas, ela viu nisso um ministério de cura para o mundo. Ela escreveu: “Tal instituição, corretamente conduzida, será o meio de levar nosso ponto de vista para muitos, impossível de ser por nós alcançados pelo curso comum da verdade que defendemos… Por serem colocados sob a influência da verdade, alguns, não só obterão alívio das enfermidades do corpo, mas encontrarão o bálsamo para sua alma doente pelo pecado.”4 Em resposta a essas visões, os adventistas começaram a mudar para um novo modo de viver e uma nova maneira de compartilhar as três mensagens angélicas. A mensagem de saúde se tornou o “braço direito” do evangelho. Foi a direção de Deus por meio dos sonhos e visões à Ellen White que levou a essa nova ênfase. Visões conduziram ao Ministério Educacional
Antes de 1870, a maioria dos adventistas do sétimo dia havia recebido pouca educação formal. No entanto, eram apaiColégio Battle Creek, xonados pela Bíblia e por com1874. preender sua mensagem. Essa orientação baseada na Bíblia resultou em especial atenção à leitura e clareza de pensamento. Em 1872, Ellen White publicou o Testemunhos para a Igreja, número 22, que hoje é parte de seus nove volumes dos Testemunhos para a Igreja. Foi-lhe mostrado, em visão, a importância da educação cristã e, particularmente, da educação cristã adventista. Em artigo com cerca de 50 páginas, ela apresentou vários princípios para a educação adequada. Ali estavam temas como a importância de ensinar crianças e jovens a pensar por si mesmos e a fazer suas escolhas morais; o uso correto do tempo na educação e a necessidade de instruir a pessoa como um todo – mental, física, moral e espiritualmente. O artigo também ligava os princípios de saúde à educação. Ela concluiu o testemunho com as seguintes palavras: “Tal instituição, corretamente conduzida, seria o meio de levar nosso F O T O S :
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ponto de vista a muitos que, pela maneira comum de defendermos a verdade, seria impossível atingir . Assim, ao serem colocados sob a influência da verdade, alguns não apenas serão aliviados das enfermidades do corpo, mas encontrarão o bálsamo restaurador para sua alma enferma pelo pecado.”5 Essa mensagem levou ao estabelecimento do Battle Creek College em 1874, a primeira escola de uma rede mundial de colégios e universidades. Durante a década de 1890, a ênfase foi no ensino fundamental e médio e hoje, os adventistas do sétimo dia mantêm uma atenção especial na educação, operando o maior sistema educacional protestante do mundo. Como na área de publicação e saúde, a educação tem influenciado dramaticamente a maneira como os adventistas compartilham o evangelho. Isso aconteceu por meio da direção profética de Deus pelas de visões dadas a Ellen G. White, que as registrou em seus escritos. Clara Direção de Deus
Às vezes, os adventistas do sétimo dia e os que são abençoados pelos ministérios de publicação, saúde e educação da Igreja não se conscientizam de que foi Deus quem orientou a criação desses ministérios e seu desenvolvimento. Deus se importa tanto com as pessoas e com o modo que a mensagem de esperança deve ser efetivamente compartilhada para este mundo agonizante, que deu instruções diretas por meio de sonhos e visões. Não admira que os adventistas do sétimo dia apreciem os escritos de Ellen White. Talvez os livros A Ciência do Bom Viver e Educação, que apresentam os princípios de saúde e educacionais tenham sido também mostrados a ela em visão. ■ 1 Ellen
G. White, Life Sketches of Ellen G. White (Mountain View, Calif.: Pacific Press Pub. Assn., 1915), p. 125. 2 Tiago White, “Western Tour”, Advent Review and Sabbath Herald, Nov. 8, 1870, p. 165; Ellen G. White to “Brother and Sister Howland”, Nov. 12, 1851 (letter 8, 1851). 3 Ellen G. White, “Reproof for Adultery and Neglect of Children”, Feb. 12, 1854 (manuscript 1, 1854). 4 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja (Casa Publicadora Brasileira), v. 1, p. 492, 493. 5 Ellen G. Ellen G. White, Testimony for the Church, No 22 (Battle Creek, Mich.: Seventh-day Adventist Pub. Assn., 1872), p. 48.
Merlin D. Burt é professor associado de história da igreja, diretor do Centro Adventista de Pesquisa e diretor do escritório do Patrimônio Literário de Ellen White da Universidade Andrews, em Berrien Springs, Michigan, EUA. Julho 2012 | Adventist World
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Quem é o
O que há de conhecido sobre Ninrode, mencionado em Gênesis 10:8-12?
“Poderoso Caçador”?
A pessoa de Ninrode é intrigante, e encontramos nos escritos judaicos, cristãos e islâmicos quantidade significativa de especulação a seu respeito. O que o torna intrigante é o fato de que, no quadro das nações (Gn 10), ele é a única pessoa sobre a qual temos uma declaração de realizações, embora o que é dito sobre ele seja um pouco superficial. Diremos algo sobre possíveis paralelos históricos, examinaremos o texto bíblico e mencionaremos brevemente algumas especulações pós-bíblicas sobre ele. 1. Ninrode na História: O texto bíblico descreve Ninrode como uma pessoa que viveu na região da Mesopotâmia. Estudiosos tentaram encontrar, sem sucesso, um paralelo no antigo Oriente Próximo que corresponda ao que a Bíblia diz sobre ele. Ele foi identificado com Gilgamés, pessoa que, segundo a literatura babilônica, sobreviveu ao dilúvio. Mas, essa teoria foi rejeitada. O mais popular é encontrar nele traços do deus Ninurta, o deus mesopotâmio da fertilidade. Porém, mais uma vez, os paralelos não são fortes o suficiente para provar o caso. Além disso, o texto bíblico não sugere que ele seja uma divindade. O que sabemos sobre ele é o que as Escrituras dizem. 2. Ninrode na Bíblia: A primeira coisa mencionada pelo texto bíblico é que Ninrode foi “o primeiro a ser poderoso na terra” (Gn 10:8, ARA), provavelmente significando que ele foi o primeiro em tal categoria (cf. Gn 9:20). A palavra “poderoso” significa, como indica a passagem, que ele era política e militarmente poderoso. Segundo, ele é descrito como “poderoso caçador” (verso 9), que significa não apenas que era um bom caçador, mas que também era um conquistador militar poderoso. A frase “diante do Senhor” tem sido difícil de interpretar. A maior dificuldade é decidir quando significa que o Senhor cuidava de Ninrode, ou que Ninrode agia desafiando o Senhor, “contra Ele” (Sl 66:7). O fato de que Ninrode esteja diretamente associado com Babilônia e com a terra de Sinar infere uma conexão negativa com o Senhor. Além disso, se
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tomarmos o significado hebraico do nome Ninrode (“nos rebelaremos”), a implicação é que ele se rebelou contra Deus. Se esta interpretação for correta, o provérbio citado no texto: “Pelo que se diz: ‘Ninrode poderoso caçador diante do Senhor’”, estaria se referindo a uma pessoa poderosa agindo contra a vontade de Deus. Terceiro, ele é descrito como a primeira pessoa a estabelecer um reino “o princípio do seu reino” (verso 10, ARA). Localizava-se nas antigas cidades de Babel (Babilônia), Ereque, Acade e Calné, na região de Sinar, Baixa Mesopotâmia. De lá Ninrode foi para o norte conquistar terras na Assíria (verso 11), Alta Mesopotâmia (veja Mi 5:6). 3. Ninrode e as Especulações Pós-Bíblicas: A tradição judaica argumenta que Ninrode foi o primeiro caçador, portanto, a pessoa que introduziu a carne na dieta humana. A tradição diz que ele se envolveu na construção da Torre de Babel (Gn 11:1-4), e após o povo ser disperso ele permaneceu em Sinar para construir seu reino. Tanto a tradição judaica como a islâmica indica que havia um relacionamento hostil entre Ninrode e Abraão. A principal razão era que Ninrode era idólatra e Abrão foi chamado pelo Senhor por adorar somente a Ele. Algumas versões das tradições dizem que ele colocou Abraão em uma fornalha tão quente que suas chamas mataram milhares, mas Abraão saiu ileso. Em algumas tradições ele é identificado com Anrafel, um dos reis que atacou Sodoma e Gomorra (Gn 14:1) e que foi vencido por Abraão. As tradições e especulações, com raras exceções, descreve Ninrode como um símbolo do mal. Fiz um resumo de algumas das teorias pós-bíblicas sobre Ninrode para alertá-lo do perigo de ir além do que está escrito. Essas tradições não devem ser usadas para definir convicções pessoais ou para especular sobre o papel profético de Babilônia. Só podemos afirmar o que o texto bíblico diz sobre Ninrode. ■
Ángel Manuel Rodriguez foi diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica da Associação Geral. Agora aposentado, mora no Texas, Estados Unidos.
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Fazendo
Por Mark A. Finley
Escolhas Positivas A
habilidade de escolher foi gravada em nosso cérebro por um Criador amoroso. Não somos meras máquinas programadas para funcionar de certo modo. Não somos robôs controlados por computador cósmico, celestial. Somos seres humanos criados à imagem de Deus com a capacidade de pensar, raciocinar e escolher. Esta lição se concentrará na importância crucial das escolhas que fazemos.
1
Leia Gênesis 2:8, 9, 16 e 17. Quais foram as duas árvores que Deus colocou no meio do Jardim do Éden? O que elas revelam sobre nossa habilidade de escolha? A árvore da vida representa a soma de todas as nossas escolhas positivas, vivificantes e saudáveis. A árvore do conhecimento do bem e do mal representa a soma de todas as escolhas negativas, destrutivas e nocivas para a saúde. As duas árvores representam dois caminhos: vida e morte.
2 Leia os versos de Gênesis 3:6-13, 16 e 17. Resuma as quatro terríveis consequências de Adão e Eva terem escolhido comer o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. 3
Quando Eva deu à luz a Caim, declarou: “Com o auxílio do Senhor tive um filho homem” (Gen. 4:1, NVI). Embora Caim tenha sido um presente de Deus para Eva e criado por pais devotos, tais fatores podiam garantir que ele fizesse apenas escolhas positivas? Leia Gênesis 4:3-8. Que atitude interior levou Caim a fazer as piores escolhas possíveis?
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Leia Gênesis 4:9-16. Qual foi o resultado das escolhas erradas de Caim? Caim foi afetado pela sua escolha até o fim da vida. Sua futura esposa e filhos também foram afetados. Gerações foram influenciadas tanto pelo pecado de Adão e Eva como pela rebelião de Caim. Embora “colhamos o que plantamos” em espécie, não plantamos o que colhemos em qualidade. Na verdade, nenhum fazendeiro plantaria um único grão de milho se esperasse colher apenas um grão de volta. Colhemos muito mais
do que plantamos; isso é verdadeiro não apenas em relação às nossas escolhas erradas, mas também com as escolhas boas e positivas que fazemos.
5 O profeta Daniel é muito conhecido por fazer boas escolhas. Leia Daniel 1:8, 20; 2:19-22, 48 e 6:1-3. Quais foram os resultados dessas escolhas? O firme propósito de Daniel e sua inabalável confiança em Deus resultaram em escolhas positivas, que o prepararam para ser especialmente usado por Deus e influenciar todo o império Babilônico e Persa.
6 Leia Êxodo 32:25, 26 e Josué 24:15. Quando Israel enfrentou uma crise moral nos dias de Moisés e mais tarde, no tempo de Josué, que dois apelos poderosos foram feitos por esses corajosos homens de Deus? Mesmo quando os israelitas foram algemados pelos laços da idolatria, como indivíduos ainda podiam fazer boas escolhas para se libertar da escravidão do pecado. Não importa quantas escolhas erradas fizemos, nunca é tarde demais para começar a fazer boas escolhas.
7 Leia as seguintes promessas: João 15:5; Romanos 8:11; Gálatas 5:16, 17 e Filipenses 4:13. De onde conseguimos poder para fazer as escolhas certas e colocá-las em prática? Qual dessas promessas é mais significativa para você? O mesmo Espírito Santo que convence do pecado e induz a fazer boas escolhas, não nos deixará sozinhos no momento em que as fizermos. Embora desejemos fazer o que é certo e façamos o que é correto, sem a capacitação do Espírito Santo não podemos realizar nossos desejos. A boa notícia é que o Espírito Santo capacitará nossas boas escolhas. Quando escolhemos fazer o que é correto, o Espírito Santo traduzirá nossas escolhas em ações. ■
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TROCA DE IDEIAS Tenho 22 anos e sou grato por ser adventista. Também, estou muito feliz por poder ler a revista Adventist World e, assim, aprender com os jovens de todo o mundo. Obrigado! Marvin Otieno Quênia
Cartas Aprendendo e Vivendo a Vontade de Deus
Estou respondendo à ênfase nos jovens que li nos artigos da Adventist World. Ao incentivarmos mais jovens a se unir à comunidade adventista do sétimo dia, seria bom lembrá-los a “Não viver como vivem as pessoas deste mundo, mas deixar que Deus os transforme por meio de uma completa mudança da mente. Assim, vocês conhecerão a vontade de Deus, isto é, aquilo que é bom, perfeito e agradável a Ele” (Rm 12:2, NLH). Nós, jovens, devemos viver em conformidade com os caminhos de Deus e, não, tentar mudá-los para se acomodarem aos nossos caminhos. Kevin Obell por e-mail
Esse artigo, acessado pela sua página da Internet, chegou até minha casa. Muito obrigada. Num sábado, perguntei para a maioria das crianças se sabiam quem era Ellen White. Descobri que sabiam apenas como era sua aparência, nada mais. Como dizem seus escritos, essa é a fase certa de começar a ensinar-lhes. Lorraine Ntsikane Durban, África do Sul O Poder da Esperança
Cantando no Escuro
Apreciei muitíssimo o artigo de Gerald A. Klingbeil “Cantando no Escuro” (abril de 2012). Muito obrigada por publicá-lo. Sofonias 3:17 tem sido meu verso preferido já há muitos anos. Heather Krick Fresno, Estados Unidos O Ideal Continua
Quanto ao artigo “O Ideal Continua”, de Humberto Hasi (março 2012), é muito bom saber que há pessoas nos ajudando a ensinar crianças a compreender Ellen White. Ensino crianças com idades entre 6 e 9 anos, Clube de Aventureiros. Neste ano, comecei apresentando Ellen White aos alunos.
Oração
O capelão Ely Magtanong, da Flórida, Estados Unidos, dirigiu campanha evangelística durante uma semana no mês de março. Foi uma benção para nós. Distribui revistas Adventist World nas reuniões. É a revista que mais gosto de ler! Estou muito grata pelo exemplar de março de 2012. Li o artigo “O Poder da Esperança”, de Mark A. Finley. Chorei após a leitura porque sei que Deus está sempre ao meu lado! Minha família e eu somos encorajados na fé por meio dos artigos que lemos todos os meses na Adventist World. Grace Delorosa Pureza Lucena City, Filipinas Boa Revista, Entrega Atrasada
Adventist World tem uma boa sessão de notícias atuais. Uma coisa que não é boa é que chega atrasada. Por exemplo,
GRATIDÃO Somos uma igreja de quatro membros bem fervorosos. Soube que nossa igreja talvez seja fechada. Por favor, ore por nós. Jesus está em nosso meio; mesmo quando dois ou três estão reunidos em Seu nome. Mauricius, Chile
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Adventist World | Julho 2012
Por favor, ore por Hassan e Kaizer, ambos estão numa prisão de segurança máxima em Zâmbia. Tornaram-se membros da Igreja e estão preocupados com a família. Amigo Preocupado, por e-mail Por favor, ore por minha mãe. Ela tem um tumor que será removido mediante cirurgia. Gerson, Brasil
Por favor, ore por mim para que consiga terminar minha faculdade e pagar minhas mensalidades escolares. Samuel, Malawi Tenho um amigo que está sendo muito desprezado pelas pessoas que ama. Por favor, ore para que ele encontre forças em Deus e não nas coisas do mundo. Mutinta, Zâmbia
em nossa universidade, recebemos o exemplar de novembro de 2011, em janeiro de 2012. Como podemos resolver esse problema? Nduwayo Rutebuka Enos Kigali, Ruanda A Adventist World chega atrasada em algumas partes do mundo. Ela é despachada por navio para que os custos não sejam tão altos e um número maior possível de membros possa recebê-la mensalmente. A agenda de nossa produção foi planejada de modo a se acomodar aos longos prazos de envio. Estamos felizes por você receber e apreciar a Adventist World, mesmo chegando um pouco tarde. – Os Editores
A
Religião no
Cristianismo 2.2 bilhões:
31%
Islamismo 1.6 bilhão:
23%
Sem religião 1.1 bilhão:
16%
Hinduísmo 1 bilhão:
14%
Budismo 500 milhões:
7%
Outras 500 milhões:
7%
Judaísmo 14 milhões: Como enviar as Cartas: Por favor envie para letters@ adventistworld.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, no máximo, 100 palavras. Inclua em sua carta o nome do artigo e a data da publicação. Inclua, também, seu nome, cidade, estado e país de onde está escrevendo. As cartas serão editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas enviadas serão publicadas.
Mundo
A população de 7 bilhões de pessoas no mundo está dividida nas seguintes categorias de crença religiosa:
0.2%
Fonte: The World Fact Book
Conheça Seus
Vizinhos
A
Por favor, ore por mim: Preciso melhorar meu inglês e conseguir trabalho. Também gostaria de ter uma namorada. Amandio, Wales, Inglaterra Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax, para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600 E.U.A.
Younger Generation Church (YG)[Igreja da Geração Jovem] em Arlington, Texas, Estados Unidos quer aprofundar sua devoção a Jesus e inspirar as pessoas ao redor com esperança e graça. A YG fez parceria com várias agências em toda a região de Dallas-Forth Worth, inclusive com a Unity Park. Localizada no centro de Forth Worth, a população de rua se reúne ali durante o dia, enquanto os abrigos locais estão fechados. A YG aprecia desenvolver amizade com os que necessitam graça oferecendo-lhes piqueniques, jogos de basquete e vôlei, lanche e conversa. Regularmente os voluntários da YG arregaçam as mangas para ajudar o Banco de Alimentos do Norte do Texas (BANT). Em parceria com o BANT eles suam a camisa montando milhares de refeições – separando, colocando nas caixas e preparando kits de alimentos –, transformando quilos de alimento em refeições para famílias necessitadas.
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TROCA DE IDEIAS
Pai
Nosso...
C O R T E S I A D O M U S E U S I E G F R I E D
H .
H O R N E
Anos Atrás E
Cerca de 1,OOO cartas endereçadas a Deus chegam a Jerusalém todo ano. Fonte: National Geographic, Abril 2012
m julho de 1968, um grupo de arqueólogos adventistas liderados por Siegfried H. Horn começou a escavar o que criam ser o sítio da cidade bíblica de Hebrom, na Jordânia. A região foi habitação dos amorreus, amonitas e moabitas. Desde então, as escavações se expandiram para três sítios na região leste do Rio Jordão, na direção do Mar Morto: Hesban, Umayri, e Jalul conhecido coletivamente como Madaba Plains Project. O projeto está ainda em andamento. Para mais informação, visite http://www.hesban.org/madaba/index.html.
F R A S E
Para a Sua Saúde Para uma dieta balanceada e saudável, pense no arco-íris e inclua na sua dieta os seguintes alimentos coloridos: Repolho Roxo Vitamina A, fibra e glucosinolatos podem evitar certos tipos de câncer. Feijão Preto Carregados de fibra e antocianinas que aumentam a capacidade do cérebro. Abóbora Muito betacaroteno. Espinafre Com muito folato, um tipo de vitamina B que tem mostrado reforçar a função cognitiva. Bananas Rica em potássio e com fibra prebiótica para boa saúde do cólon. Fonte: Men’s Health, Janeiro/Fevereiro 2012
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D O
M Ê S
Quando alcançarmos a fama, nunca devemos nos esquecer de nossa estrutura: somos apenas pó. – Akanbi Joseph, Pioneiro da Missão Global, Lagos, Nigéria
Agora? %
Pode Me Ouvir
84
16%
Recente pesquisa do Instituto Gallup em 17 países Sub-Saara revelou que a maior porcentagem de usuários de telefones celulares se encontra na África do Sul (84 por cento). A menor porcentagem está na República Africana Central (16 por cento).
Fonte: The Rotarian, Março 2012
“Eis que cedo venho…”
ATÉ
5O
Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.
PALAVRAS
Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático.
Minha
Promessa Bíblica
Preferida
■ Cresci
sendo agredida verbalmente por muitas pessoas. Por ser albina, sempre fui desprezada e isso me deixava zangada. Isaías tem muitas promessas maravilhosas que contribuíram para minha cura emocional, entre elas Isaias 49:15, 16; 54:17. Louvado seja Deus! – Sonia, Toronto, Canadá
■ Isaías
40:31 me dá muita esperança. Se esperarmos em Deus, podemos ser fortalecidos; podemos nos erguer de nossa inércia e fraqueza para possibilidades mais elevadas. Como a águia, podemos voar a alturas ilimitadas. – Lillian, Massachusetts, Estados Unidos
■ “Não
temas, porque eu sou contigo; não te assombres, porque eu sou o teu Deus; eu te fortaleço, e te ajudo, e te sustento com a minha destra fiel” (Is 41:10). Lembra-me do imenso amor de Deus por mim. Ele tem promessas para os momentos mais difíceis da vida. Deus é maravilhoso. – Diana, por e-mail ■ “É
certo que não dormita, nem dorme o guarda de Israel” (Sl 121:4, ARA). Deus está de plantão 24 horas por dia, 365 dias por ano. – Bhekisisa, por e-mail No próximo mês, conte-nos com até 50 palavras qual é o seu personagem bíblico preferido. Envie sua resposta para: letters@AdventistWorld.org. No assunto coloque “50 Words or Less.” Certifique-se de incluir a cidade e o país de onde você está escrevendo.
Editor Administrativo e Editor Chefe Bill Knott Editor Associado Claude Richli Gerente Internacional de Publicação Chun, Pyung Duk Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, acessor legal. Comissão Coordenadora da Adventist World Lee, Jairyong, presidente; Akeri Suzuki; Kenneth Osborn; Guimo Sung; Chun, Pyung Duk, Han, Suk Hee Editores em Silver Spring, Maryland, EUA Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores associados), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi, Mark A. Kellner, Kimberly Luste Maran Editores em Seul, Coreia do Sul Chun, Pyung Duk; Chun, Jung Kwon; Park, Jae Man Editor On-line Carlos Medley Coordenadora Técnica e de Revisão Merle Poirier Colaborador Mark A. Finley Conselheiro E. Edward Zinke Administrador Financeiro Rachel J. Child Assistentes Administrativos Marvene Thorpe-Baptiste Assistente do Editor Chefe Gina Wahlen Comissão Administrativa Jairyong Lee, chair; Bill Knott, secretary; P. D. Chun, Karnik Doukmetzian, Suk Hee Han, Kenneth Osborn, Juan Prestol, Claude Richli, Akeri Suzuki, Ex-officio: Robert Lemon, G. T. Ng, Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti Consultores Ted N. C. Wilson, Robert E. Lemon, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Lowell C. Cooper, Daniel R. Jackson, Geoffrey Mbwana, Armando Miranda, Pardon K. Mwansa, Michael L. Ryan, Blasious M. Ruguri, Benjamin D. Schoun, Ella S. Simmons, Alberto C. Gulfan Jr., Erton Köhler, Jairyong Lee, Israel Leito, John Rathinaraj, Paul S. Ratsara, Barry Oliver, Bruno Vertallier, Gilbert Wari, Bertil A. Wiklander. Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 209046600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638
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simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria e nos
Estados Unidos. V. 8, Nº 7
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*Na ocasião em que a foto foi tirada, o Professor Ongeri era ministro da Educação da República do Quênia. Ele trabalha incansavelmente para melhorar as condições educacionais em seu país.
Todo mês a Adventist World chega às mãos deste professor O honorável diplomata e professor
Sam K. Ongeri* lê a Adventist World para se manter em contato com sua família adventista do sétimo dia de todo o mundo. Você também pode ficar ligado à sua família da Igreja. Se a Adventist World não é distribuída gratuita e regularmente em sua igreja, entre em contato com o Departamento de Comunicação.
Uma Família. Um Mundo. Adventist World.