AW Português -Dezembro 2016

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Revista Internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia

D eze m b ro 2 01 6

A está onde pode ser encontrada

11 Gratidão e transição 14 Como devemos orar? 26 Seguros em Suas mãos


D eze m b ro 2016

A R T I G O

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D E

C A P A

14 Como devemos orar? D E V O C I O N A L

A graça está onde pode ser encontrada

Não é em vão que ela seja chamada de “graça maravilhosa”.

22 A história bonita de Deus

Lael Caesar

Frank A. Campbell

Sabemos o que queremos. Mas sabemos o que é melhor? C R E N Ç A S

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V I S Ã O

M U N D I A L

Lembrando dos planos de Deus

Ted N. C. Wilson

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H E R A N Ç A

Lael Caesar

Não pedimos para entrar, mas estamos todos envolvidos nela.

24 De vítimas a vitoriosos V I D A

Não importa onde estamos, podemos agradecer a Deus por estar nos guiando.

F U N D A M E N T A I S

A D V E N T I S T A

Albert Kazako

Deus usa pessoas para guiar Seus filhos.

A D V E N T I S T A

Anjo em uniforme da KGB, Parte II

Pavel Liberanskiy

Os cristãos raramente prosperavam tanto na União Soviética.

SEÇÕES 3 N O T Í C I A S

DO

MUNDO

3 Notícias breves 6 Notícia especial SAÚDE NO MUNDO 11 Gratidão e transição

27 E S T U D O B Í B L I C O O que a Bíblia ensina sobre saúde

E 20

SPÍRITO DE PROFECIA

Vos nasceu o Salvador

RESPOSTAS 26

PERGUNTAS

A BÍBLICAS

28 T R O C A

DE

IDEIAS

Seguros em Suas mãos

www.adventistworld.org On-line: disponível em 12 idiomas Tradução: Sonete Magalhães Costa

Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. v. 12, nº- 12, Dezembro de 2016.

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F O T O

D A

C A PA :

G I N O S P H O T O S / I S T O C K / T H I N K S T O C K


Além das palavras

NOTÍCIAS DO MUNDO Kent Kingston

Missionários assassinados e Ellen White

/

A D V E N T I S T

R E C O R D

Primeiro ministro das Ilhas Salomão destaca um marco

K I N G S T O N

este mundo que conhecemos, só existe um meio que nos prepara a fim de que compreendamos claramente a graça de Deus. Quando descobrimos uma bondade tão grande e um amor tão persistente, vamos até os extremos da linguagem, buscando palavras adequadas. No sentido mais verdadeiro, a Palavra que Se tornou carne está sempre além do alcance das palavras. Já seria graça suficiente se lá do Seu trono, Deus o Pai anunciasse que estava substituindo nossa sentença e abrindo as portas de todas as prisões. Isso teria sido a própria definição de um favor inimaginável e imerecido. Mas, que Seu Filho Se rebaixasse, rastejando em nossos casebres, sendo um de nós, experimentando nossa sujeira e dor, e provando o pior da nossa fraqueza e crueldade, é mais do que podíamos pedir ou imaginar. A graça assumiu carne e osso, toda a lida diária e o mistério de ser humano, na esperança de nos unir com o Pai, para sempre. Jesus era a graça de Deus encarnada, pois, invariavelmente, a graça se move na direção dos feridos, tristes e pecadores. Cristo passou pelo nosso último portal – a morte – para abrir a porta da sala do trono, no Céu, onde a morte não existe. Agora, novamente, Ele está assentado à direita do Pai, esperando pelo capítulo final da graça, quando Ele disse que partilhará Sua glória e Seu trono. Ao ler as páginas cheias de graça desta edição da Adventist World, pare, medite em adoração pela graça que alcançou sua história e chegou até onde você mora. Pela graça de Deus, você foi chamado para ser Seu filho, Seu amigo. Pela graça de Deus, você encontrou uma comunidade de irmãos e irmãs onde cada um tem uma história singular sobre a bondade imerecida de Deus. Pela graça de Deus, você pode ter um futuro com Jesus em Seu reino eterno, que será muito mais feliz e repleto do que qualquer coisa que você conhece e que as palavras sempre falham ao descrever (1Co 2:9). Permaneça na graça!

K E N T

N

Participantes do aniversário visitam a sepultura de Mary Semi, missionária adventista que foi assassinada.

O

primeiro ministro das Ilhas Salomão paga um tributo emocional aos missionários adventistas assassinados e cita a cofundadora da igreja, Ellen G. White, em seu discurso na comemoração do 50º aniversário de um remoto hospital adventista. O Primeiro Ministro Manasseh Sogovare se uniu a centenas de pessoas para a comemoração de três dias no Hospital Adventista Atoifi, no lado leste da ilha de Malaita, local que só pode ser alcançado por barco ou avião. Honiara, capital do país, está a 40 minutos de voo. Sogovare disse que a política do governo foi muito influenciada pelo hospital e pela escola de enfermagem dirigida pela Universidade Adventista do Pacífico, com sede em Papua-Nova Guiné. “Posso testificar sobre a contribuição que a igreja ofereceu no desenvolvimento das Ilhas Salomão”, disse ele. “Os modelos desenvolvidos pelo Hospital Atoifi e pela escola de enfermagem provaram ser apropriados para ser levados às áreas rurais. … Esse é um dos melhores hospitais nas Ilhas Salomão – um dos mais respeitados e mais bem equipados.” Para a surpresa de alguns, Sogovare incorporou em seu discurso, temas espirituais fortes, inclusive citando longamente Ellen White. “Ao recapitular nossa história passada, havendo percorrido todos os passos de nosso progresso até ao nosso estado atual, posso dizer:

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NOTÍCIAS DO MUNDO Louvado seja Deus!” disse Sogovare, lendo a passagem do livro Mensagens Escolhidas, v. 3, p. 162, escrito por Ellen White. “Quando vejo o que Deus tem executado, encho-me de admiração e de confiança na liderança de Cristo. Nada temos a temer quanto ao futuro, a menos que esqueçamos a maneira em que o Senhor nos tem guiado, e os ensinos que nos ministrou no passado.” Sogovare também falou sobre os pioneiros adventistas que trabalharam duramente e sacrificaram muito para levar o evangelho e melhorar a saúde do povo de Kwaio, antes e depois do estabelecimento oficial do hospital de 91 leitos, em 25 de agosto de 1966. Sogovare se emocionou ao lembrar dos que doaram tanto, “até o sacrifício supremo” – referindo-se a missionários como Lens Larwood, que morreu em um acidente de trator, em 1979, e Mary Semi (morta em 1929), Brian Dunn (1965) e Lance Gerbach (2003), todos assassinados por aqueles a quem foram ajudar. Mais tarde, um grupo de visitantes fez uma pequena viagem de barco até o outro lado do Porto Uru e subiram até o topo de uma colina íngreme, para prestar homenagem no túmulo de Mary Semi, missionária adventista das Ilhas Salomão Ocidentais e que foi brutalmente assassinada devido a uma disputa sobre o pagamento do dote de uma menina local. As histórias orais do local consistentemente relembram que o esposo de Mary, Semi Pukekera, também de Ronongga, Salomão Ocidental, correu colina abaixo para evitar ser a próxima vítima. Ele saltou e foi miraculosamente levado pelo ar, e aterrissou em segurança no mar, de onde foi recolhido por um barco da costa oposta. Chester Kuma, representante do ministério da saúde da Divisão do Sul do Pacífico, cujo território inclui as Ilhas Salomão, e que foi médico em Atoifi entre 1988 e 1999, em seu discurso

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lembrou de um caso específico quando ficou evidente a direção de Deus em Atoifi. Em 1994, líderes do hospital e da Igreja Adventista se reuniram para discutir sobre o fechamento da instituição devido a dificuldades financeiras. O fechamento parecia inevitável após um longo dia de reunião em que várias estratégias foram consideradas e rejeitadas, e sessões de oração sinceras foram realizadas. Mas antes de o voto final ser tomado, um dos participantes foi chamado para atender um telefonema. Ele retornou em lágrimas. Ele precisou

de um tempo para se recompor antes de anunciar que o governo da Nova Zelândia estava oferecendo um subsídio considerável – exatamente o valor necessário para que Atoifi permanecesse funcionando! O relato dessa história levantou o aplauso da multidão e a alegria visível no rosto do embaixador da Nova Zelândia nas Ilhas Salomão, Marion Crawshaw, sentado em área especialmente construída para os visitantes ilustres, ao lado do embaixador australiano, Andrew Byrne. n

Andrew McChesney

Ajudar os refugiados

“é tão importante quanto pregar” Diretor da ADRA na Sérvia compartilha lições da linha de frente

O

pastor adventista Igor Mitrovic´ já acreditou que o chamado profético para a igreja é proclamar a segunda vinda de Jesus. Mas após ter trabalhado na linha de frente na crise dos refugiados na Europa, no ano passado, Mitrovic´ vê um segundo e igualmente importante chamado profético: ajudar o necessitado. “Os dois chamados não são independentes”, disse Mitrovic´ em entrevista no centro da crise para refugiados que ele ajuda a administrar, em Belgrado, capital da Sérvia. Ao ir ao encontro daqueles que não conseguem cuidar de si mesmos, os adventistas estão compartilhando o evangelho com mais poder do que por meio de uma série evangelística. “Sempre que encontramos um

estranho, alguém muito necessitado, somos chamados a erguer nossa voz e protegê-lo”, disse Mitrovic´, citando o profeta Amós e sua forte denúncia contra a exploração dos indefesos em textos como Amós 2:6-8 e 8:4-7. Mitrovic´, que trabalha como diretor da ADRA na Sérvia nos últimos cinco anos, também expressou nova apreciação por personagens bíblicos que foram refugiados e disse que o trabalho da igreja na linha de frente com os refugiados tem o objetivo de levar o evangelho tanto aos próprios refugiados como a parceiros não adventistas. Ele relata como, recentemente, um intérprete começou a frequentar a Igreja Adventista. A ADRA não está sozinha ajudando os refugiados da Sérvia. Muitos dos seis


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Igor Mitrovic´ fala com um jornalista fora do centro de refugiados, em Belgrado, Sérvia.

mil adventistas dos pequenos países da península balcânica entraram em ação na avalanche de refugiados no ano passado, coletando alimentos, roupa e água, e distribuindo os suprimentos. Os membros da igreja também queriam abrir suas casas, mas foram proibidos pelas autoridades. Disseram que eles precisavam manter controle dos refugiados em alojamentos providenciados pelo estado, esclareceu Djordjija Trajkovski, presidente da Igreja Adventista na União do Sudeste Europeu, cujo território inclui a Sérvia, Bósnia, Herzegovina, Macedônia e Montenegro. “Os membros da igreja têm demonstrado uma atitude muito positiva em relação à vinda dos refugiados para a Sérvia”, disse Trajkovski. “Ficamos surpresos com a velocidade com que algumas igrejas se organizaram para ajudar! Muitos jovens se voluntariaram nos postos em que os refugiados necessitavam de ajuda, especialmente no início, quando outras ONGs não estavam preparadas para ajudar.” A ADRA assumiu a liderança e, em julho de 2015, abriu um centro de crise para refugiados com quatro outras organizações, próximo à principal estação de trem de Belgrado, exatamente quando a crise de refugiados na Europa ficou fora de controle. “A ADRA investiu significativamente para estabelecer uma resposta a desastres tanto em nível nacional como internacional”, disse Jonathan Duffy, presidente

da ADRA Internacional. “A situação na Sérvia é um bom exemplo do plano de trabalho em que fomos capazes de nos mobilizar e responder rapidamente.” Atualmente, cerca de cinco mil refugiados estão morando em definitivo na Sérvia, um decréscimo dos altos números vistos há um ano, quando milhares de pessoas cruzavam, diariamente, as fronteiras do país, disse Mitrovic´. Muitos desses refugiados pararam no Centro de Informação sobre Asilo da ADRA, que no andar superior, oferece alimento e outros suprimentos, apoio psicológico, atividades para as crianças e informação para pais e adolescentes. No andar térreo, que é administrado por outra organização, é oferecido apoio legal e Internet gratuita. O centro de refugiados fica aberto 24 horas, e a ADRA mantêm sete funcionários assalariados trabalhando diariamente, com 50 a 70 menores desacompanhados ou famílias. Mitrovic´ disse que a atual crise de refugiados serve de advertência para que os adventistas não apenas se vistam com “bons ternos” e proclamem o evangelho às pessoas estranhas em “bons prédios”, mas para também se envolvam com os estranhos desamparados. Ele pode muito bem encontrar uma base para sua posição no ministério terrestre de Jesus, cujo registro mostra muito mais tempo curando doentes e cuidando dos marginalizados do que pregando sermões.

Trabalhar com os refugiados permitiu que Mitrovic´ visse personagens bíblicos, como Cristo, sob uma nova luz. “Todos os principais personagens da Bíblia foram refugiados: Adão e Eva, Abraão, Jesus”, disse Mitrovic´, que projeta uma imagem simples com um físico musculoso, cabeça raspada e voz determinada: “Quando você tem uma experiência pessoal, pode apreciar de um modo diferente as histórias da Bíblia.” Como os personagens bíblicos, os refugiados de hoje têm histórias de casas perdidas, de serem desarraigados de várias maneiras, disse ele. Permanecem apenas com os seus pertences, enquanto procuram um lugar que possam chamar de seu lar. “Eles têm uma oportunidade maravilhosa de aprender como Deus pode ajudar”, disse ele. “A maioria deles vem de uma formação religiosa adequada. Penso que, se pelo caminho eles encontram uma comunidade cristã autêntica, vão ficar bem abertos para o chamado de Deus.” Ele disse que viu uma abertura similar ao chamado de Deus entre os parceiros não adventistas da ADRA, como os intérpretes e assistentes sociais. Disse que, embora a ADRA tenha um escritório pequeno na Sérvia, a crise de refugiados a colocou em uma posição que atraiu profissionais altamente qualificados para ajudar. Como resultado, as primeiras pessoas que viram o evangelho em ação foram esses parceiros não adventistas. Mitrovic´ disse que sua fé não é um assunto para discussão no escritório, mas seus funcionários disseram que estão ouvindo, online, os sermões da igreja pregados por ele ou outros membros da equipe da ADRA. “Fazemos uma boa parceria com Deus para evangelizar quando fazemos parceria com essas pessoas para ajudar os outros”, disse ele. “As primeiras pessoas a ser evangelizadas serão aquelas com quem fazemos parceria todos os dias. Essa tem sido minha experiência.” n

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NOTÍCIAS DO MUNDO Andrew McChesney

Evangelista acidental no futebol polonês

Dariusz Ginda é conhecido pela fidelidade ao sábado

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ariusz Ginda foi chamado de louco e coisas piores por desistir de um contrato no futebol polonês, de cerca dew 550 mil dólares ao ano. Ginda, adventista de berço, disse que não entrou em controvérsia na sua decisão de guardar o sábado em vez de jogar na liga principal. Ao contrário, disse ele: “Sei que não vai entender, mas é nisso que acredito. Dinheiro nunca foi o problema. Deus sempre foi mais importante. Por favor, tente compreender isso.” A decisão de Ginda de colocar Deus em primeiro lugar pode ter custado a ele a chance de se tornar uma estrela internacional do futebol. Mas ele é um herói para muitas pessoas apaixonadas por esse esporte, na Polônia, país predominantemente católico, com 38.5 milhões de habitantes e apenas 5.800 adventistas. Ele recebe cartas quase todos os dias de pessoas que expressam sua gratidão por seu exemplo de fidelidade. Ginda pode ser chamado de evangelista acidental do futebol. “Não podemos olhar para as coisas que este mundo nos diz que devemos olhar”, disse Ginda, 46, em entrevista, em Varsóvia, capital polonesa. “Só teremos essas coisas por alguns segundos e elas passam. Devemos nos concentrar em Deus e em ter um bom relacionamento com Ele. Isso dura para sempre!” Ginda, conhecido pelos amigos e fãs como Darek, não é jogador de futebol, apenas, mas músico cristão e o diretor da Escola Sabatina da Igreja Adventista perto

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da sua cidade, Chojnów, sul do país. Pai de duas filhas com idade de 15 e 23 anos, ele trabalha em tempo integral como motorista de uma empresa, e treina e joga, três dias por semana, no Skora Jadwisin, time de futebol da quinta liga. É conhecido em toda a Polônia por se recusar a jogar aos sábados desde que se tornou jogador profissional de futebol, em 1989, aos 19 anos de idade. “Ele é um adventista muito dedicado”, disse Jaroslaw Dziegielewski, presidente da Igreja Adventista na Polônia. “Poderia ter realizado uma carreira de muito sucesso no futebol.” Muito dinheiro

Ginda, criado pela mãe adventista, lembra-se de ter sido uma criança obediente. Enquanto seus colegas de classe se metiam em confusão, ele ficava em casa fazendo sua tarefa escolar e indo à igreja aos sábados. Ele também passava horas no campo de futebol. “Eu podia ter escolhido outra profissão, mas reconheci rapidamente que o futebol era a minha paixão”, disse Ginda, homem de fala suave e rosto bondoso. O primeiro contrato de Ginda, com o Chojnowianka, time da quarta liga, determinava que ele não seria escalado para jogar durante as horas do pôr do sol de sexta-feira ao pôr do sol de sábado. O interessante é que o time fez essa exceção para o jovem jogador, apenas um mês antes do colapso do governo comunista polonês nas eleições parlamentares, em junho de 1989. “Fui batizado aos 16 anos, e sabia

Quadro: Dariusz Ginda fotografado com o uniforme do seu time, em 2012.

que nunca deveria transgredir a lei do sábado”, disse Ginda. Em 1993, olheiros do time Zagłebie Lubin, da primeira liga, abordaram Ginda, então com 23 anos. Dos nove jogadores convidados para o teste, somente ele e outro jogador receberam uma oferta. O contrato básico valia 20 mil dólares ao mês, além de pelo menos 16 mil em bônus por gols e jogos ganhos. A soma, significativa em qualquer padrão, era especialmente impressionante numa época em que a nova democracia polonesa estava em meio a uma turbulência econômica. Ginda disse que quase assinou. “Peguei a caneta, mas quando olhei o contrato, não assinei”, disse ele. Assustados, os dirigentes do time perguntaram o que estava errado. Ginda respondeu: “Sou adventista do sétimo dia e não trabalho aos sábados. Quando houver competições aos sábados, não poderei jogar. Estou tentando obedecer aos Dez Mandamentos de Deus.” Os diretores do time lamentaram e se despediram. Cobertura surpresa da mídia

Ginda voltou ao time Chojnowianka. Seu salário na quarta liga era pequeno, por isso, ele tinha de trabalhar em uma fábrica suja, fazendo bombas hidráulicas. Em 1998, certo jornalista esportivo polonês famoso, pediu uma entrevista com ele. O artigo era sobre o motivo de ele ter recusado um contrato de futebol tão lucrativo cinco anos antes, e foi publicado em um dos maiores jornais do país. A reportagem teve grande repercussão.


Andrew McChesney

F A C E B O O K

Outros quinze jornais e vários canais de televisão viram a história e entrevistaram Ginda em sua casa, trabalhando na fábrica e em sua igreja. “Eu não tinha ideia do que Deus tinha planejado para mim”, disse Ginda. “Essa foi uma oportunidade de falar sobre a Igreja Adventista do Sétimo Dia, nossas crenças, e o fato de que minha relação com Deus é a coisa mais importante para mim.” Foi a essa altura que Ginda se conscientizou de que tinha se tornado um evangelista. “Penso que os planos de Deus para mim não eram que eu fosse um jogador de futebol de sucesso, mas dar aquelas entrevistas para que outras pessoas soubessem sobre Deus”, disse ele. As reportagens nos jornais e programas de televisão sobre Ginda continuam online, e ele recebe cartas de desconhecidos quase todos os dias. “Sempre há alguém entrando em contato comigo por carta ou e-mail para perguntar sobre Deus e por que eu não faço isso ou aquilo”, diz Ginda. “Essa é uma grande oportunidade de contar minha história.” Alguns dos que na época chamaram Ginda de louco, mudaram de opinião quando a mídia começou a publicar sua história. “Quando todos aqueles artigos foram publicados, começaram a pensar que havia algo mais em tudo isso”, disse ele. “Até os que não são da igreja me escrevem dizendo que fiz a coisa certa, porque não escolhi o dinheiro, mas me mantive firme às minhas crenças.” n

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R I M A N E

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pequeno país báltico, com dois milhões de habitantes e apenas quatro mil adventistas. “Os Desbravadores são muito bons missionários”, disse Vilnis Latgalis, presidente da Igreja Adventista na Letônia. “São muito apaixonados.” Os Desbravadores distribuem presentes fornecidos pela ADRA para as crianças de famílias com baixa renda. Fazem biscoitos de gengibre para as crianças do bairro. Convidam amigos não adventistas para o clube dos Desbravadores e para participar do campori de verão. “O campori realmente une nosso clube. Ele nos torna um”, disse Maija Paulina, 22, líder do clube de Desbravadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia Nº 7, em Riga. “Durante o ano escolar, algumas crianças vêm e outras não. Mas todos comparecem ao campori.” Paulina contou como seu clube começou orando quando apenas sete desbravadores apareceram no início do ano escolar de 2015-16. Então, três crianças do bairro, inclusive um amigo de um dos desbravadores, começaram a frequentar. Na época do campori, 30 crianças se matricularam para participar. n

G U N A

G I N D A

huva quase estraga o melhor dia do ano para os Desbravadores da Letônia. Faltavam quinze minutos para o início da cerimônia pomposa de abertura do campori anual dos Desbravadores, no último mês de julho. Mas a chuva forte encharcava o acampamento enquanto centenas de Desbravadores se abrigavam em barracas com seus amigos não adventistas. “Então, começamos a orar: ‘Senhor, Tu criaste a chuva, e podes fazer com que ela pare”, disse Guna Rimane, diretora dos Desbravadores da Igreja Adventista do Sétimo Dia na Letônia. O walkie-talkie de Rimane tocou. Era um líder dos Desbravadores que estava do outro lado do acampamento. “Vamos começar, Guna. Ore por nós”, disse ele. As crianças ouviram a oração de Rimane pelo alto-falante. Então, a fanfarra marchou na chuva em direção ao centro do campo onde a cerimônia seria realizada. Assim que entraram na área central, a chuva parou repentinamente! “Aconteceu dois minutos antes da cerimônia de abertura”, disse Rimane. “E não mais choveu durante todo o campori!” As crianças, atônitas, e seus pais, não falavam em outra coisa. “Para as crianças, isso foi espetacular”, disse Rimane. “Tínhamos pais presentes que diziam: ‘O que está acontecendo? Deus é tão real!” Ninguém sabe quantos corações foram tocados naquele dia chuvoso. Mas os líderes da igreja disseram que a história ilustra como Deus está usando os Desbravadores como uma ferramenta poderosa para testemunhar na Letônia,

D E

D A R I U S Z

300 desbravadores estão mudando corações na Letônia.

C O R T E S I A

Acima: Jogador de futebol e técnico polonês “Derek” Ginda fala à Adventist World, em Varsóvia, Polônia.

Oracao da fé é atendida e a chuva cessa em campori

Desbravadores esperando na chuva pela cerimônia de abertura do camporee, em Salacgrîva, Letônia, no último mês julho.

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V I S Ã O

M U N D I A L

Lembrando dos

Ted N. C. Wilson

planos de Deu Na igreja e em nossa

Nota do Editor: Essa é uma seleção abreviada do sermão do Pr. Ted Wilson, “Lembrando o plano de Deus”, proferido no dia 8 de outubro de 2016, durante o Concílio Anual, na conclusão da conferência sobre a importância da educação adventista. Foram mantidos alguns elementos do estilo oral. Para a transcrição completa, acesse www.adventistreview.org.

A

memória é algo maravilhoso! No entanto, até as melhores mentes, de vez em quando se esquecem de algo. Deus sabia que iríamos nos esquecer. Por isso nos advertiu em Sua Palavra: “Lembra-te...” A instância mais notável é o quarto mandamento nos lembrando de que devemos santificar o dia de sábado. A segunda mais próxima é para “lembrar do seu Criador nos dias da sua mocidade.” Deus quer que nos lembremos de que Ele está no controle e também é capaz de cuidar de nossa vida enquanto somos jovens.

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Os israelitas frequentemente se esqueciam da liderança e das bênçãos de Deus. Após atravessar o Mar Vermelho em direção ao deserto do Sinai, eles se envolveram num caso rápido de amnésia. Reclamaram por falta de alimento e proferiram as estranhas palavras: “Quem dera a mão do Senhor nos tivesse matado no Egito! Lá nos sentávamos ao redor das panelas de carne e comíamos pão à vontade” (Êx 16:3). Eles se esqueceram de como Deus os tinha guiado através do Mar Vermelho, como Ele havia transformado em água doce a água amarga de Mara. Nossa memória é muito curta! Nunca se esqueça

Patriarcas e Profetas, páginas 292 a 293, explica: “Houvessem tido fé nEle, em vista de tudo que havia realizado por eles, e teriam de bom ânimo suportado incômodos, privações, e mesmo o verdadeiro sofrimento. Mas estavam

indispostos a confiar no Senhor, a não ser que testemunhassem as contínuas provas de Seu poder. Esqueceram-se de sua amarga servidão no Egito. Perderam de vista a bondade e poder de Deus, manifestados em favor deles, em seu livramento do cativeiro. Esqueceram-se de como seus filhos foram poupados quando o anjo destruidor matou todos os primogênitos do Egito. Não se lembraram da grande demonstração do poder divino no Mar Vermelho. Esqueceram-se de que, enquanto atravessaram sem perigo pelo caminho que lhes havia sido aberto, os exércitos de seus inimigos, tentando segui-los, foram submersos nas águas do mar.” O texto diz que eles se esqueceram, se esqueceram, se esqueceram... Que nunca nos esqueçamos da misericordiosa mão de Deus dirigindo Seu movimento do advento e nos dando o modelo precioso da educação de Deus! Que nunca nos esqueçamos de


us vida

depender completamente da direção do Espírito Santo em nosso trabalho pela educacão adventista! É dito a nós que “a história da vida de Israel no deserto foi registrada para o benefício do Israel de Deus até o fim do tempo.” (Ibid., p. 293). Esquecer-se de Deus e de Sua liderança, às vezes, aparenta ser um problema constante entre nós, líderes, quando olhamos para nós mesmos e para o mundo, em vez de depender completamente de Jesus. Confiamos muito em nosso discernimento. Começamos a pensar que somos tão sábios que não precisamos nos lembrar do modelo de Deus. Caso estranho de amnésia

O segundo livro de Crônicas, capítulo 26, registra um caso estranho de amnésia. Uzias tinha apenas dezesseis anos de idade quando se tornou rei de Judá. Ele reinou por 52 anos. Lemos que “ele fez o que Deus aprova [...]” (2Cr 26:4).

[Uzias] se esqueceu de dar glória a Deus e exerceu o poder de criar suas próprias regras. O verso 5 afirma que “enquanto buscou o Senhor, Deus o fez prosperar.” Que lição para nós como líderes da educação adventista do sétimo dia e da igreja em geral hoje! Se buscarmos ao Senhor em tudo o que fizermos, Ele prosperará a Sua igreja na grande missão de proclamar as três mensagens angélicas. Os versos 6 a 8 dizem que Uzias foi vitorioso contra os filisteus, árabes, meunitas e amonitas e que sua fama se espalhou até o Egito. Os versos subsequentes detalham sua força: Ele construiu torres, cavou poços, empregou fazendeiros, tinha um exército de 307.500 soldados que lutavam com “força poderosíssima”, com equipamento eficiente e máquinas de guerra que lançavam flechas e pedras grandes. O verso 15 acrescenta: “Ele foi maravilhosamente ajudado e, assim, tornou-se muito poderoso e sua fama espalhou-se para longe.” Lembra o que diz o verso 5, “[...] Enquanto buscou ao Senhor, Deus o fez prosperar.” Um sistema mundial

Nosso sistema educacional adventista cresceu partindo de um início pequeno, em Battle Creek, para um sistema mundial com 5.705 escolas, 2.336 escolas de ensino médio, 54 escolas de treinamento de obreiros, 114 faculdades e univer-

sidades, seis faculdades de medicina e centenas de professores bem treinados, brilhantes e dedicados. Tornamo-nos o maior sistema educacional protestante do mundo. Nossos educadores consagrados se tornaram versados em muitas disciplinas. O mundo os reconhece. Nossas escolas produziram milhares de profissionais em muitas áreas de estudo. Ficamos fortes. Deus nos abençoou enquanto O buscamos em Seu modelo educacional. Coração orgulhoso

Mas o que aconteceu com Uzias? 2 Crônicas 26:16 contém uma advertência para cada um de nós, para que nos mantenhamos humildes e confiando todas as coisas a Deus. “Entretanto, depois que Uzias se tornou poderoso, o seu orgulho provocou a sua queda. Ele foi infiel ao Senhor, o seu Deus, e entrou no templo do Senhor para queimar incenso no altar de incenso.” Azarias, o sacerdote, entrou no templo, atrás dele, para lembrá-lo de que queimar incenso era uma atribuição somente para os sacerdotes. Azarias disse: “[...] Saia do santuário, pois você foi infiel e não será honrado por Deus, o Senhor” (v. 18). O rei Uzias se esqueceu de quem tinha dado a ele poder para se tornar forte. Ele tomou a glória para

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V I S Ã O

M U N D I A L

si e até teve a ousadia pecaminosa de assumir uma função que não tinha sido autorizado a realizar. Ele se esqueceu das regras e regulamentos de Deus. Esqueceu-se de dar glória a Deus e exerceu o poder de criar suas próprias regras. Ele se esqueceu do modelo de Deus. Quando ouviu a repreensão do sacerdote, “Uzias, que estava com o incensário na mão, pronto para queimar o incenso, irritou-se e indignou-se contra os sacerdotes; e na mesma hora, na presença deles, [...]surgiu lepra em sua testa”(v. 19). O rei que havia feito o que era reto aos olhos do Senhor e prosperou devido à sua ligação com Deus, tornou-se tão autossuficiente e tão cheio de si que deixou os caminhos e o modelo de Deus para exaltar a si mesmo, e fazendo assim, recebeu o castigo de Deus. Ele não podia entrar no templo porque não era sacerdote. Quando a lepra se tornou visível na sua testa, o sacerdote o expulsou do templo. “Na verdade, ele mesmo ficou ansioso para sair, pois o Senhor o havia ferido” (v. 20). Se Uzias tivesse se lembrado pelo menos de onde tinha vindo, e como chegou onde se encontrava e tivesse dado glória a Deus com humildade e respeito, poderia ter continuado a ser descrito no fim do capítulo 26 como foi no início do capítulo – “[...] ele fez o que o Senhor aprova [...]” Cristo é o centro

No livro Conselhos aos Pais, Professores e Estudantes, somos informados de que “Cristo é o centro de toda verdadeira doutrina. Toda religião genuína se encontra em Sua Palavra e na Natureza. É nEle que se centralizam nossas esperanças de vida eterna; e o mestre que dEle aprende encontra seguro ancoradouro” (p. 453). No centro da educação adventista permanece a urgência de transmitir aos alunos e professores nossa compreensão da relevância dos assuntos que devemos compartilhar por meio da educação

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e depois para o mundo. Louvamos a Deus pelos professores fiéis que nos abençoaram e nos conduziram à posição em que estamos hoje, e por aqueles que atualmente ensinam milhares de jovens em nosso sistema mundial de escolas adventistas. Nunca perca a humildade e o senso de dependência de Deus, e de Sua orientação e modelo. Nunca pense que você é melhor do que Deus e Suas santas instruções. Em nosso trabalho educacional segundo o modelo de Deus, não devemos buscar a independência obstinada, a liberadade acadêmica que nos empurra para longe da elevada e sagrada responsabilidade de ensinar os estudantes como parte da grande proclamação final das verdades bíblicas e da compreensão profética de Deus. Devemos resistir a qualquer esforço de usar a alta crítica e o método críticohistórico em nosso ensino da Bíblia, pois isso só nos aliena de Deus e exalta nosso ego em lugar de exaltar Jesus. A Bíblia, nosso fundamento

O mundo está no processo de neutralizar a Bíblia e suas verdades. No próximo ano, será comemorado o 500º aniversário da Reforma Protestante quando crentes na Bíblia (o povo temente a Deus) disseram que a Bíblia é a única regra de fé e que acreditavam que a salvação é somente pela graça – nossa confiança e fé na justiça que Cristo nos oferece. Pastores, professores, administradores e membros da Igreja Adventista, permaneçamos firmes nos princípios divinos que guiaram a Reforma Protestante quase 500 anos atrás. Esses são os princípios que nos guiaram aos últimos dias da história desta Terra e que nos dão força para proclamar Cristo e Suas verdades proféticas. Não se esqueça do que Deus fez por Sua igreja e Seu povo. Grande parte do mundo religioso mistura a verdade ao erro e volta às tradições, ao emocionalismo e ecumenismo. Perma-

neça firme à poderosa Palavra de Deus! Não permita que a neutralização ou a desconstrução da verdade tenha qualquer acesso às nossas escolas, igrejas ou à nossa vida pessoal. A Palavra de Deus é sempre atual

Deus falou por meio de Ellen White para que fosse oferecida instrução ao Seu movimento adventista. O Espírito de Profecia é um dos grandes dons de Deus para a Igreja Adventista do Sétimo Dia. Infelizmente, sempre há os que pensam que não precisam da Bíblia, nem do Espírito de Profecia. Para eles, de alguma forma, chegamos a um nível mais alto de compreensão do que as que recebemos dos instrutores divinos. Permita-me dizer com toda a humildade e convicção: a Bíblia e o Espírito de Profecia são tão válidos hoje como eram quando foram escritos! As verdades de Deus nunca ficam antiquadas; são relevantes hoje e serão até que Jesus volte. Qualquer dias desses, muito em breve, olharemos para o céu e veremos uma nuvem pequena e escura, cerca do tamanho da metade da mão de um homem. Ela ficará cada vez maior e mais brilhante. Todo o Céu vai se esvaziar para esse evento culminante da esperança cristã. Bem no meio da nuvem estará Aquele a quem aguardamos, o nosso Salvador e Senhor, o grande Mestre e Professor, Jesus Cristo. Por Sua graça e justiça, iremos nos encontrar com Ele nos ares para estar eternamente com Ele. E iremos para a sala de aula eterna, no Céu, onde aprenderemos com o próprio Mestre dos mestres, por toda a eternidade! n

Ted N. C. Wilson é

presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Você pode segui-lo no Facebook e Twitter.


S A Ú D E

N O

M U N D O

Gratidão e transição

Dr. Allan Handysides

Peter N. Landless Dr. Zeno Charles-Marcel

A

coluna Saúde no Mundo está presente na Adventist World desde sua primeira edição, em setembro de 2005; e Pergunte aos Médicos, está na publicação irmã, a revista Adventist Review, há 14 anos. Bill Johnsson, então editor da Adventist Review, procurou o Dr. Allan Handysides e a mim, no final de 2001, a fim de solicitar que escrevêssemos uma coluna regular na revista. O objetivo da coluna, desde o início, tem sido responder às perguntas dos leitores, abordando assuntos atuais de saúde. Ele estava muito animado com a ideia, mas ao mesmo tempo foi sincero sobre o fato de que tal empreendimento demandava um compromisso regular e contribuições sistemáticas. Até esta data, foram publicadas cerca de 180 colunas. Pergunte aos Doutores e quase 140 “Saúde no Mundo” nas revistas Adventist Review e Adventist World. Tem sido um privilégio oferecer esse serviço à Igreja Adventista. Recebemos muitos comentários; alguns ácidos, mas a maioria deles é gratificante e positiva. Tem sido uma alegria responder às perguntas e dar dicas sobre vida saudável, todos esses anos. O que tudo isso quer dizer? Após a aposentadoria do Dr. Handysides, na sessão da Associação Geral, em San Antonio, Texas (EUA), a equipe do Ministério Adventista de Saúde foi reconstituída. É um prazer dar as boasvindas ao Dr. Zeno Charles-Marcel como novo membro da Saúde no Mundo/Pergunte aos Doutores.

Dr. Charles-Marcel é internista e especialista em medicina do estilo de vida. Tem ampla experiência na medicina acadêmica, e já foi o diretor da Escola de Medicina de Montemorelos, além de ter dedicado vários anos de trabalho a centros de estilo de vida em todos os Estados Unidos. Ele é um seguidor de Jesus profundamente comprometido. Tem uma abordagem equilibrada sobre a vida, e possui um senso de humor afiado e caloroso. Bem-vindo, Zeno! O Ministério Adventista de Saúde, em todo o mundo, foi ricamente abençoado pela liderança visionária, dedicada, inovadora e energética do Dr. Allan Handysides em sua carreira como médico e pastor ordenado. Destacou-se em seu ministério de saúde equilibrado, prático, fundamentado na Bíblia, no Espírito de Profecia e nas evidências. Ele foi de profunda importância na condução da igreja à compreensão de que a mensagem adventista de saúde é uma bênção a ser abraçada e praticada pela igreja e compartilhada nos centros comunitários servidos por ela. Além disso, ele enunciou o conceito de que cada congregação da igreja deve ser um centro de esperança e saúde, e cada membro um promotor de saúde. Esses conceitos fortaleceram a iniciativa do Ministério Abrangente de Saúde e o Envolvimento Total dos Membros, nos últimos seis anos. Allan e Janet Handysides estão aposentados e felizes, morando durante

seis meses do ano na linda costa do Lago Pigeon, no Canadá, e os meses de inverno, na Flórida. Eles continuam ativamente engajados no evangelismo de saúde, na vida da igreja nas mais variadas áreas, e em especial no Ministério Adventista de Saúde em todo o mundo. Mais recentemente, o Dr. Handysides foi o orador na abertura da Conferência de Temperança Global da União de Mulheres Cristãs realizada em Ottawa, Ontário, Canadá. Tenho um débito pessoal de gratidão para com o Dr. Allan Handysides pelo lugar que ocupa em minha vida como líder, modelo, mentor, administrador, confidente e amigo muito estimado, por mais de 36 anos! Muito obrigado por viver o que você tem pregado, Dr. Allan – por caminhar e falar incansavelmente, compartilhando o amor e a graça de Jesus ao lado da cama do paciente, na igreja como um todo, na sua carreira de serviço ao longo da vida, e nas câmaras e auditórios dos organismos de saúde mundiais e gabinetes de líderes de governo! O senhor é amado e estimado, e seus anos de esforço continuam a produzir frutos. n

Peter N. Landless,

é cardiologista nuclear, e diretor do Ministério Adventista de Saúde, na Associação Geral.

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H E R A N Ç A

A D V E N T I S T A

Pavel Liberanskiy

ANjo EM Na Parte I, Pavel se alistou para o serviço militar compulsório, em Moscou. Um oficial da KGB mostrou interesse em suas ações.

M

eu primeiro sábado no exército, passei na sala Lenin. Foi uma ironia estranha. Antes, eu costumava passar os sábados na igreja entre os jovens, irmãos e irmãs. Mas ali eu estava entre quadros de líderes comunistas, oficiais militares e outras parafernálias propagandísticas. Toda vez que um sargento vinha me fazer perguntas, eu explicava que não trabalhava no sábado. Na segunda-feira, o major da KGB me chamou em seu escritório. Ele perguntou se eu tinha habilitação para pilotar motocicleta. Tinha deixado em casa. Ele explicou que eu não seria transferido e que todos os problemas com o sábado e a comida seriam resolvidos. Mas eu não queria trabalhar com um representante da KGB, depois de tudo o que haviam feito aos crentes. Fiz todas as objeções possíveis. Nada funcionou. Eu estava preso à KGB. Enviei para casa um telegrama pedindo minha carteira de motorista. Era difícil acreditar. Devia ser uma estratégia sofisticada da KGB para me manter em sua prisão. Eu orava e me preocupava constantemente. As cartas de apoio dos meus queridos e dos membros da igreja foram uma enorme bênção. Vida militar

Nos quartéis, os soldados experientes abusavam dos recrutas “carne fresca”. Portanto, além da pressão para transigir sobre minha fé, eu ainda sofria o assédio deles. Mas Deus me ajudou a ficar firme e a manter um bom relacionamento com todos. À noite eu tocava

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DA Meu Deus faz muitas coisas impossíveis PARTE 2 violão e cantava canções sobre a vida, mães, amizade e amor cristão. Isso me ajudou a ser respeitado. Certo dia, no início do meu serviço militar, o major me levou ao refeitório. Quando o oficial da KGB entrou, todos se levantaram, e eu entrei ao seu lado. Ele abordou o cozinheiro: “Qual é o menu dos soldados? Tem porco na comida?” E o instruiu a servir refeições sem carne ou gordura de porco para mim. Aquilo chocou o cozinheiro e todos os que o ouviram. Alla Serdyukova, esposa do major, trabalhava como cozinheira chefe em um resort chamado Naptune. Experimentar boa comida era uma recompensa extra por ser o motorista dela; ir a passeios ao Mar Negro com a família era outro presente da bondade do major. Para me proteger das pressões para trabalhar no sábado, ele me ofereceu seu escritório: “Todo sábado, assim que acordar, você pode vir para cá”, disse ele. “Pode ler, dormir ou orar aqui; ninguém vai incomodá-lo.” Posteriormente ele me deu várias dezenas de passes de saída em branco, com sua assinatura e carimbo. Eu podia preencher meu nome quando necessário e ir a qualquer lugar fora da unidade militar. Lembro-me da primeira vez que fui à igreja, em Sukhumi. Sentei-me na

primeira fila e ouvi cada palavra cuidadosamente. Eu estava tão faminto por um culto e pelas coisas espirituais! Estar na igreja outra vez, era um presente abençoado. No entanto, usualmente aos sábados, eu permanecia no escritório do major. Se ele chegasse depois de mim, batia à porta e eu abria, e quando entrava dizia: “Por favor, estude, leia, descanse.” Se viajávamos na sexta-feira, ele sempre me dava tempo suficiente para eu me preparar para o sábado, antes do pôr do sol e nunca requisitava meus serviços no sábado. A Bíblia

Certo dia, o oficial me mostrou uma prateleira de livros, vazia, e me disse: “Pode colocar nela tudo o que você precisa para o seu estudo e leitura.” Assim, pedi aos meus pais que enviassem uma Bíblia, a preciosa Bíblia que me deram de presente no meu 12º aniversário: Lembro-me da noite de sábado em que meu pai me mandou ir à casa do ancião da nossa igreja, levando uma sacola de compras. O irmão Vasiliy morava em uma casa própria, em nossa aldeia. Os comunistas sempre o observavam para descobrir como conseguia Bíblias e outras literaturas para os membros da igreja. Dei o recado do meu pai, e ele pediu que eu esperasse ali. Ele trouxe um pacote pequeno, molhado e malcheiroso, F O T O :

S TA F F

S G T.

D .

M Y L E S

C U L L E N


A U T O R D O C O R T E S I A

Autor quando recruta do exército Soviético.

de algum lugar lá fora, e colocou na minha sacola. Orou comigo e pediu que eu fosse direto para casa, não falasse, nem mostrasse o pacote para ninguém. Em casa, meu pai desembrulhou uma Bíblia maravilhosa, nova, pequena, molhada e um pouco estragada, porque, como soubemos mais tarde, o irmão Vasiliy enterrava as Bíblias no quintal da sua casa. Elas podiam ficar molhadas, mas estavam seguras. Ninguém jamais confiscou nenhuma delas. Mas eu não podia trazer minha Bíblia para o escritório do major. Seria contrabando: na contracapa estava escrito que tinha sido impressa pela “Sociedade Bíblica”. A União Socialista da República Soviética (U.R.S.S.) não tinha sociedade bíblica. Certo dia, o pastor Aleksey Sitnik me visitou com a revista impressa pelos adventistas e que contava com a permissão de Moscou. Abri sua Bíblia e li a data e local de publicação: “Moscou, 1968.” Que bênção! Trocamos as Bíblias. Eu podia levá-la para o escritório do

major da KGB junto com minha revista Calendário para a Escrivaninha do Ministro Adventista impressa oficialmente. Eu ia lá, não apenas aos sábados, mas sempre que tinha um tempo livre. Aquele era o lugar em que eu passava tempo com Deus e Sua Palavra! O major observou meus livros. Coloquei-os todos nas mãos dele. Conferiu e viu que todos eram livros legitimados, impressos em Moscou. Talvez seu incentivo para trazer “tudo o que seus irmãos dão para você ler” fosse para ver os livros samizdat (livros clandestinos, copiados em máquinas de escrever em papel de cigarro). Sugeri que ele começasse a ler a Bíblia, e, ao final do meu serviço militar ele estava quase acabando. Um sábado, enquanto eu lia, ele falava alto ao telefone. De repente ele parou de falar e desligou o telefone. Em silêncio eu olhei para cima e o vi olhando para mim. Com muito respeito ele perguntou: “Estou atrapalhando sua leitura da Bíblia?” Eu disse que não. Mas seu respeito era constrangedor.

C O R T E S I A

D O

A U T O R

O autor comemora a bondade de Deus com sua esposa (à sua esquerda), duas filhas e genro.

Indo para Casa

Somente os bons soldados em doutrinação política e militar da minha unidade tinham férias em casa. Mas certa ocasião eu fui premiado com duas semanas de férias em casa, com subsídio! Meu chefe me ajudou. Ele passou a admirar e a respeitar meus pais, embora nunca tivessem se encontrado pessoalmente. Fiquei emocionado por estar em casa, com minha família e na minha igreja local. Quando terminei o serviço militar, retornei para casa, para o ministério jovem, trabalho missionário, e mais tarde, três anos de estudo em um seminário teológico clandestino, na Moldávia. Em seguida veio o serviço voluntário, casamento, e muitos portfólios do ministério pastoral e administração da igreja. Mas nunca consegui me esquecer do meu anjo da KGB. Em 2011, 30 anos após meu serviço militar, localizei a família e telefonei para eles. Alla não reconheceu minha voz, mas se lembrava do meu nome. “Sim, eu me lembro”, disse ela, “como meu Oleg sempre dizia: ‘não dê porco para o Pavel comer!’” Embora eles vivam muito distantes de nós, tento visitá-los pelo menos uma vez ao ano, levo materiais cristãos de presente, dou meu apoio e oro por eles. Continuo orando para que Deus revele Seu caráter a eles e os leve a um relacionamento mais íntimo com Ele. Agradeço a Deus por eles, e por tudo que Ele fez por mim. Seus caminhos são misteriosos e bons. n

Pavel Liberanskiy é diretor dos

Ministérios de Publicação, Mordomia e Patrimônio na Divisão Euroasiática.

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D E V O C I O N A L

Frank A. Campbell

Como devemos

orar?

Nossa fé ou Sua vontade?

E

la estava com 20 anos de idade e quase se graduando em ciências pela Universidade McGill, em Montreal, Canadá. Amava as pessoas e os animais, e queria ser médica ou veterinária. Mas em vez de ir para as aulas, minha filha Adafih Campbell passou meses na cama, devido a um câncer no cérebro.

Uma pequena história com duas interpretações

Admiradores, amigos e família, em muitos países, estavam orando. Vários foram visitá-la no hospital ou no seu apartamento. Uma irmã da igreja parecia convicta de que Deus ouviria suas orações se colocasse minha filha em pé em um determinado dia. Ela ficou profundamente desapontada. Anos mais tarde, quando ela mesma estava morrendo por ter sido acometida por um câncer, parecia não ter recuperado sua fé o suficiente, para orar por sua própria recuperação. Parece que Jesus nos deu instruções contrastantes sobre a oração. Em Mateus 6:10 Ele nos ensina submissão ao plano divino: “Seja feita a Tua vontade assim na terra como no Céu.” Em Marcos 11:24 Ele aprova a fé que pode emitir recibo pelas respostas, mesmo antes de recebê-las: “Tudo o que vocês pedirem em oração, creiam que já o receberam, e assim sucederá.” Então, como deve ser? Será que a submissão

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é oposta à fé? Quanto de nossa submissão à soberania de Deus – nossas especulações piedosas no caso de eu não conseguir um emprego ou se alguém por quem tenho orado não receber a cura; nossas súplicas cautelosas, desejando a cura se for a vontade de Deus, se Deus em Sua sabedoria decidir assim, se... ? Quanto dessa súplica quase hesitante é realmente fé? Conheço um jovem pregador que ouviu muitos “se” nos pedidos dos seus anciãos, procedimento que o desagradava muito. Então, ele os interrompeu e terminou a oração. Ele intercedeu com a santa audácia própria de um adolescente. Elevou o que considerava a “oração de fé” a qual o apóstolo se referia em Tiago 5:15. O paciente viveu muitos anos mais. Então, ele estava certo? Ou foram os anciãos cautelosos que moveram o braço de Deus? Qual oração foi realmente ouvida por Deus? Combateu o bom combate e descansou

Quando o doutor anunciou que o Pr. Charles D. Brooks não sobreviveria ao câncer no pâncreas, o renomado evangelista adventista do sétimo dia, como outro renomado evangelista antes dele, declarou: “Combati o bom combate, terminei a corrida” (2Tm 4:7). Brooks resistiu toda tentativa F O T O :

F R A N K

M A R I N O


que o induzia a pedir a Deus por mais alguns anos, ou até uns poucos meses mais, como fez o rei Ezequias, da Bíblia. Inúmeras pessoas, de muitos países e vários continentes oraram. Mas morreu mesmo assim o evangelista de 85 anos de idade, cujo ministério levou mais de vinte mil pessoas ao batismo nos seis continentes. Uma distinção sem uma diferença?

Explorando as Escrituras sobre nossa pergunta ficou exposta a verdade de que é falsa a dicotomia entre fé e submissão. É uma distinção sem uma diferença. A justificação para nossa fé em Deus é nossa crença de que Ele é Deus, o Rei dos reis, o soberano. Nesse contexto, fé e submissão não são abordagens alternativas, mas parte do mesmo processo racional: se Ele não é digno de nossa submissão, não é digno de nossa fé. No Getsêmani, Jesus reconheceu a consistência entre fé e submissão. Quando pediu ao Pai “afasta de Mim este cálice”, Ele também mostrou Sua submissão: “contudo, não seja feita a Minha vontade, mas a Tua” (Lc 22:42). O texto de Hebreus 11:6 deixa claro que devemos refletir tanto fé como submissão em nossas orações. “Sem fé é impossível agradar a Deus, pois quem dEle se aproxima precisa crer que Ele existe e que recompensa aqueles que O buscam.” Quem compreendeu esse assunto melhor do que Sadraque, Mesaque e Abdenego? A resposta que deram ao rei Nabucodonosor demonstra palpavelmente a intersecção entre fé e submissão. Eles sabiam que seu Deus podia livrá-los do fogo (Dn 3:16, 17). Mas também sabiam que Ele não precisava fazê-lo, o que para eles não fazia a menor diferença, como disseram a Nabucodonosor: Mesmo assim “não prestaremos culto aos teus deuses nem adoraremos a imagem de ouro que mandaste erguer” (v. 18). Nova oração

Depois que me familiarizei com a história dos “três jovens hebreus”, comecei a orar pela cura da minha filha “no espírito de Daniel 3.” Eu disse a Deus que eu acreditava que Ele podia, e sabia que Ele iria curar minha filha. Na minha mente não havia espaço para duvidar que algum dia, de algum modo, minha filha sairia da cama e voltaria para sua classe na Universidade McGill. Comecei a dizer a Ele, com a mesma convicção, que, mesmo que não a curasse, eu não adoraria deuses falsos nem me prostraria diante de uma estátua. Pela Sua graça desenvolvi, em medidas iguais, fé e fidelidade, certeza e submissão de um modo incomum, como nunca antes, nem depois.

Deus é digno de minha submissão? Sábado e além, com Adafih

Certo sábado, decidi passar literalmente o dia inteiro sozinho com Adafih para que outro membro da família descansasse. O progresso da doença havia afetado sua fala. E, por estar em Ottawa, eu não tinha desfrutado do benefício de conversar nos últimos dias com ela. Nem tinha certeza do que dizer, pois sabia que seu interesse religioso não era muito profundo. Eu mesmo era um cristão bebê outra vez, pois tinha acabado de retornar para a fé após cerca de três décadas de deserto espiritual. Mas após eu ler para ela uma passagem do Antigo Testamento, minha filha disse, tão claro como não a ouvia falar por algum tempo: “Eu quero ver Jesus quando Ele voltar outra vez!” Sua declaração de fé me deixou alegre e impressionado. Mais tarde, soube que, enquanto eu estava em Ottawa, ela entregou seu coração a Cristo. A declaração de fé naquela manhã de sábado foi a última vez em que a ouvi falar neste lado da eternidade. Quando retornei a Ottawa, sua tia ligou para dizer: “Adafih expirou”. Imediatamente, caí em meus joelhos. Pedi a Deus que me ajudasse a viver a segunda parte da minha oração. Eu tinha fé que Ele a curaria. E embora Ele não a tivesse curado da maneira que esperava, eu estava determinado a respeitar, pela Sua graça, Seu senhorio. Hoje, sei que a resposta apropriada à questão da fé ou soberania não é “ou”, mas “e”. Ninguém precisa temer exercer sua fé, nem ficar muito orgulhoso por reconhecer as prerrogativas soberanas de um Deus que é bom. n

Frank A. Campbell é presidente da ARISE! Seus artigos foram publicados no jornal Washington Post, bem como várias outras publicações, tanto adventistas como seculares. Dezembro 2016 | Adventist World

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A R T I G O D E C A PA Lael Caesar

A estรก onde pode encontrada


graça

Porque pela sois salvos, mediante a fé; e isto não vem de vós; é dom de Deus. – Ef 2:81

ser

O

que é graça? A princípio aparenta ser algo muito abstrato. Para muitos de nós, a graça que traz salvação é basicamente uma teoria na qual devemos crer. Mas a graça também é para ser experimentada. O treinamento de Chuck Colson no projeto Comunhão na Prisão me ajudou a entender quanto as batatas podem nos ensinar lições acerca da graça. Muito antes dessa experiência, eu já sabia que Deus ama o mundo, que eu não poderia nascer nem sobreviver sem Sua graça, e que Jesus é o centro de tudo. Mas nunca havia recebido nenhuma orientação de como levar as boas-novas aos meus irmãos e irmãs confinados atrás das grades de uma prisão. Então, com a equipe da Chuck Colson no projeto Comunhão na Prisão, aprendi sobre o amor de Deus por meio da inusitada “lição das batatas”. Como é possível aprender a respeito da graça divina por meio de algo tão simples e comum como as batatas? Segue a narrativa da improvável e inesperada lição: Nossa professora colocou várias batatas sobre a mesa e pediu que cada um de nós pegasse uma. Após algum tempo, mandou que recolocássemos as batatas na mesa. Para meu espanto, pouco depois ela nos orientou que pegássemos novamente as batatas. Meus colegas de classe sabiam bem quais eram os seus respectivos tubérculos. Talvez seus olhos fossem mais perspicazes, ou mais confiantes. Quem sabe isso ocorresse devido a seu grande amor e apreciação por batatas. Amor, essa era a característica marcante de nossa professora. Ela revelava esse amor pleno de atenção necessária para ministrar aos excluídos da sociedade. É o amor que procede de Deus, que conhece o ser humano e sabe como as pessoas podem ser transformadas por

I N T E L L E C T U A L

R E S E R V E ,

I N C .

L D S

M E D I A

meio dEle. As pessoas podem ser iguais todas elas, bem parecidas como batatas, indistintas e sem muito valor. O amor divino – somente ele – nos permite sempre reconhecer cada um dos nossos irmãos pelo que realmente eles são – criaturas especiais para o Senhor. Por exemplo, o amor do coração de uma mãe ensina seu ouvido a distinguir o choro do seu bebê no meio do tumulto de gritos e gargalhadas. Acima de tudo, vemos o amor do Pai celestial, que cuidadosamente conta todos os Seus filhos, e que sabe quando está faltando um, sabe onde ele é propenso a vagar, e não descansa até que o tenha resgatado do deserto (Lc 15:3-7). A aparência da graça

Minha “sessão de treinamento com batatas” foi justamente a lição objetiva que eu necessitava a respeito do amor de Deus para cada um de nós, de maneira singular, em cada situação pela qual passamos. Dizer que “a graça de Deus se manifestou salvadora a todos os homens” (Tt 2:11) significa pelo menos duas coisas contrastantes. Que a graça nos salva a todos sem considerar as diferenças que temos entre nós mesmos – sem considerar nossas ideias de superioridade ou humildade, de grandeza ou pequenez. O Deus doador de graça e salvação ama o mundo (Jo 3:16) e, maravilha da graça divina, Ele ama todos ao mesmo tempo! Isso também significa que Deus ama a cada um de nós, e aceita pacientemente as diferenças, peculiaridades e defeitos que possuímos. Ele ama a cada um de nós e concede graça a cada ser humano. O trato divino é específico, pois com amor procura alcançar e transformar cada um oferecendo Sua graça a cada pecador. E se essa pessoa tivesse sido a única pecadora “Cristo

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A R T I G O D E C A PA

por ela teria morrido.”2 Para essa única pessoa somente, e para toda a humanidade, a graça de Deus é o nosso milagre. Esse não é um milagre que esperamos que aconteça, porque é um milagre que já ocorreu, antes que pudéssemos gritar para Ele, ou pedir por ele. A mensagem da palavra grega epifainō é a mensagem de que Deus já “brilhou” sobre toda a humanidade. Ele já brilhou com fulgor sem igual em uma noite calma e serena, parecida com tantas outras noites nas colinas de Belém, quando homens pastoreavam seus animais e de repente foram surpreendidos e ficaram “aterrorizados” (Lc 2:9) pela presença de um único mensageiro da glória. Não foi enviada uma hoste angélica, mas somente um mensageiro celestial, pois Sua compaixão infalível não deseja nos consumir (Lm 3:22), mas nos dar a certeza da abundância de Sua graça. A porção da graça nunca é mesquinha; é sempre generosa (Rm 5:20). Os pastores se ajustaram à luz da graça que se manifestou em meio à sua escuridão, “uma grande multidão do exército celestial” (Lc 2:13) inundou os céus com música e uma luz tão forte que ensinou ainda mais a respeito da incrível abundância da graça. A graça divina manifestada por meio de Cristo brilha na modéstia constante e invariável da providência momentânea que serve a criação inteira, que nEle espera por pão (Sl 145:15). O Salvador brilha na vida do mau e do bom, e envia Sua chuva para os justos e injustos (Mt 5:45). Para que até mesmo o insensato possa usufruir dos Seus dons, da vida, do alimento, da chuva e do sol, e ainda declarar, em sua loucura, como não existente a fonte da sua vida (Sl 14:1)! Novamente, isso também revela a extensão da graça a todo ser humano. Lamentavelmente, os insensatos, e que são superficiais em seu julgamento, dão exagerada importância à aparência e à pompa exterior (1Sm 16:7). Sua confiança se encontra fundamentada na posição social e no poder humano. Certamente, eles teriam reagido de forma negativa ao impacto da presença daquele único mensageiro que apareceu diante de pastores

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humildes, naquela noite, nos campos de Belém. O evangelho do mensageiro a Belém, em uma noite que nunca precisará ser repetida, e a voz da providência durante todas as noites e dias em que o ser humano caído respirou, viveu e existiu, são, pura e simplesmente, a demonstração da graça para todos. Essa graça, concedida por Deus a cada um, é aplicada de maneira tão distinta e peculiar da mesma forma com que o cuidadoso agricultor identifica a singularidade de cada batata de sua plantação. Cuidar melhor

Agora reconheço que o fato de conhecer melhor “minha batata” resulta em melhor cuidado com ela. Estar envolvido mais profundamente no cuidado da “minha batata” é o que faz com que eu preste atenção: eu contaria os olhos; conheceria seus vales e contornos, formato, seu tamanho, a minha maneira de sentir a batata em minha mão, perceber sua aparência sobre a mesa, e também observar como difere de qualquer outro tubérculo que já conheci. Em vez de ser batata X em um saco de 20, para mim, minha batata teria sua própria identidade. Esse é um exemplo da maneira com que o Pai Celestial Se importa com você e comigo: nossa peculiaridade. Como Ele Se importa? Incansavelmente! Ele sabe tudo sobre o pardal que um dia caiu do céu, morto, bem do lado dos meus pés. Mas Ele precisa que eu saiba que sou muito mais importante que os pássaros (Mt 6:26); Ele Se importa com os pormenores peculiares da minha existência (v. 25-32). E por que Ele Se importa tão particularmente? Porque Seu cuidado é a expressão da Sua natureza de amor (1Jo 4:8). Embora Ele ame o mundo (Jo 3:16), embora os seres humanos de todos os matizes sejam objetos de Sua afeição (At 17:28), embora Sua graça seja para a restauração de toda a criação – fauna e flora (Rm 8:19-23) – Ele ama a cada um dos habitantes do mundo, independentemente de nossas conexões com qualquer um deles (Is 49:15). Aprendi nas minhas “sessões de

batatas” a inadequação do meu amor. No mínimo, se eu tivesse amado mais minha batata, teria tido muito menos dificuldade para identificá-la entre as outras. Meu Pai não tem dificuldade de identificar Seus filhos. A particularidade de cada ser humano não significa que Deus possua uma natureza crítica. Ao contrário: é a garantia de que Sua graça vai tratar perfeitamente do meu caso. Seu amor por mim O rebaixa a cada nuance do fundo da minha inferioridade. Ele pode perfeitamente me resgatar, porque conhece minha estrutura: Ele conhece os fios de cabelo que um dia se encontravam em minha cabeça; Ele conhece especificamente cada problema que persiste em me atormentar às três horas da manhã; Ele conhece as estratégias específicas para ministrar adequadamente à shalom de cada filho Seu. A graça e Noé

Como distinguimos a salvação de Deus – suportando a influência e energia de nossa fraqueza ou poder, ímpeto ou ócio, extravagância ou presunção que parecem governar e dirigir minuto a minuto a realidade de nossa vida? No meio da “marcha e contramarcha dos interesses, poderio e paixões humanas”3 que nunca adormecem e logo recomeçam quando despertamos, o que, afinal, deve receber o rótulo de “Deus”, ou “salvação” ou “graça”? A resposta é, ao mesmo tempo, vaga e também inconfundível. Graça, a graça salvadora de Deus, pode parecer obscura, porque “O Senhor Jesus está provando os corações humanos, por meio da concessão de Sua misericórdia e graça abundantes.”4 Essas experiências podem parecer confusas enquanto a graça santificadora me faz crescer e avançar mesmo quando Satanás e seus ministros condenam meu Deus e desafiam Sua graça, apontando para todas as falhas que ainda conseguem enxergar em mim (Ap 12:10; Zc 3:1-5). Eles nem sempre podem saber, mas o Deus cuja graça sempre traz salvação sabe como Sua graça funciona. Ele não Se desespera com a desesperadora mistura de pecado e justiça.


Quase todos reconheceram suas batatas. Deus nunca Se confunde ao identificar Seus filhos.

Ele sabe, que por fim, serei “perfeito e íntegro, em nada deficiente” (Tg 1:4). Enquanto isso, a graça portadora de salvação permanece tão evidente e ao mesmo tempo tão vaga quanto a bondade celebrada do incrédulo Gideon, de Jefté, o sacrificador de crianças, e do lascivo Sansão (Hb 11:34); tão óbvia e obscura como demonstrada por Abraão que mentiu reiteradamente (Gn 12:10-20; 20:1, 2) e ainda é o pai da fé (Hb 11:8-12; Rm 4:11); tão clara e nebulosa como as virtudes inconsistentes de Noé, a quem as Escrituras apresentam pelo nome como a primeira pessoa a receber seu milagre. A graça deve, no mínimo, parecer inconsistente a análises objetivas, pelo fato de Noé figurar em primeiro lugar na lista dos que a ilustram (Gn 6:8, 9,). Nem sequer um único converso, em um século ou mais de pregação, entrou com ele na arca da salvação construída sob as orientações de Deus; ninguém, além da sua família imediata, juntamente com alguns animais. E, anos após ter sobrevivido ao dilúvio, nos lembramos dele pela bebedice e vergonha resultante dela (Gn 9:20-25). No entanto, devemos acreditar que nessa pessoa havia alguma bondade que o destacou em sua geração, e que justifica ser celebrado como

“justo, íntegro entre seus contemporâneos” (Gn 6:9). Qual será o motivo? Certamente, eu gostaria de saber. Pois se o honesto, mas improdutivo e intemperante Noé pôde ser abençoado por esse motivo, então me deixe permanecer com ele. E se você, leitor, conhece o suficiente de suas incompetências, também deve permanecer com Noé e comigo. O livro de Hebreus identifica o terreno sólido e firme em que Noé se estabeleceu: a “justiça que vem da fé” (Hb 11:7). É dependente da bondade, não do esforço, mas na crença. É crendo no mensageiro procedente da glória, que nosso temor, embora compreensível, torna-se desnecessário, inapropriado e contrário à realidade suprema do Universo. Devíamos dar as boas-vindas ao anjo, porque traz “novas de grande alegria, para todo o povo. É que hoje vos nasceu, na cidade de Davi, o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:10, 11). Notícia maravilhosa, realmente uma notícia para todos – a notícia do aparecimento da graça salvadora! A graça é para todos

A graça salvadora surgiu para todos, tão incompreensível e ao mesmo tempo tão real como o fôlego de vida em

nossas narinas e a eletricidade em nosso sistema nervoso. A graça salvadora de Deus que se revela na inocência de uma virgem, na fragilidade da gravidez, na inadequação do estábulo, na masculinidade mortal de 33 anos, o sacrifício despido na cruz do calvário, o milagre incontestável da ressurreição, e a promessa ousada de João 14:1-3 é a doação crucial de Deus para toda a humanidade. Mas a graça só irá funcionar porque reconhecemos nossa necessidade, um vazio no íntimo do ser humano que Deus conhece, compreende e somente Ele pode preencher. Se formos pobres e humildes, como mendigos que desejam receber uma esmola infinita, a graça fará um bem eterno a todos nós. n 1 Todos os textos bíblicos foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada. 2 Ellen G. White, Parábolas de Jesus (Casa Publicadora Brasileira), p. 187. 3 Ellen G. White, Educação (Casa Publicadora Brasileira), p. 173. 4 Ellen G. White, A Fé pela qual eu Vivo (Casa Publicadora Brasileira), MM, 16 de maio de 1990.

Lael Caesar, é editor associado da Adventist World, que nunca deixa de se admirar com o milagre constante da graça maravilhosa. Dezembro 2016 | Adventist World

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E S P Í R I T O

D E

P R O F E C I A

Vos nasceu o

Salvador Ellen G. White

O

Rei da Glória muito Se humilhou ao revestir-Se da humanidade. Rude e ingrato foi Seu ambiente terrestre. Sua glória foi velada, para que a majestade de Sua aparência exterior não se tornasse objeto de atração. Esquivava-Se a toda exibição exterior. Riquezas, honras terrestres e humana grandeza nunca poderão salvar uma alma da morte; Jesus Se propôs que nenhuma atração de natureza terrena levasse homens ao Seu lado. Unicamente a beleza da verdade celeste devia atrair os que O seguissem. O caráter do Messias tinha sido, desde há muito, predito na profecia, e era Seu desejo que os homens O aceitassem em razão do testemunho da Palavra de Deus. Plano maravilhoso

Os anjos se maravilharam diante do glorioso plano da redenção. Observavam para ver de que maneira o povo de Deus receberia Seu Filho, revestido da humanidade. Anjos foram à terra do

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povo escolhido. Outras nações estavam embebidas com fábulas, e adorando falsos deuses. Os anjos foram à terra em que se havia revelado a glória de Deus, e brilhado a luz da profecia. Dirigiram-se invisíveis a Jerusalém, aos designados expositores dos Sagrados Oráculos, e ministros da casa de Deus. Já a Zacarias, enquanto ministrava perante o altar, foi anunciada a proximidade da vinda de Cristo. Já nascido estava o Precursor, havendo Sua missão sido atestada por milagres e profecias. As novas de Seu nascimento e o maravilhoso significado de Sua missão tinham sido amplamente divulgados. Entretanto, Jerusalém não estava se preparando para receber o Redentor. Com pasmo, os mensageiros celestiais viram a indiferença do povo a quem Deus tinha chamado para comunicar ao mundo a luz da sagrada verdade. A nação judaica foi conservada como testemunho de que Cristo havia de nascer da semente de Abraão e da linhagem de Davi. No entanto, não saF O T O :

biam que Sua vinda se achava às portas. No templo, o sacrifício matutino e vespertino apontava diariamente ao Cordeiro de Deus; entretanto, nem mesmo ali havia alguma preparação para O receber. Os sacerdotes e doutores da nação ignoravam que o maior acontecimento dos séculos estava prestes a ocorrer. Proferiam suas orações destituídas de sentido, e realizavam os ritos do culto para serem vistos pelos homens, mas em sua luta por riquezas e honras mundanas, não estavam preparados para a revelação do Messias. A mesma indiferença penetrava a terra de Israel. Corações egoístas e absorvidos pelo mundo, ficavam impassíveis ante o júbilo que comovia o Céu. Apenas alguns estavam desejosos de contemplar o Invisível. A esses foi enviada a embaixada do Céu. Anjos assistiam José e Maria enquanto viajavam de seu lar, em Nazaré, à cidade de Davi […] Mas na cidade de sua real linhagem, José e Maria não foram reconhecidos nem honrados. Fatigados I N T E L L E C T U A L

R E S E R V E ,

I N C .

L D S

M E D I A


Veio com essa hereditariedade para compartilhar de nossas dores e tentações, e dar-nos o exemplo de uma vida impecável. e sem lar, atravessaram toda a extensão da estreita rua, da porta da cidade ao extremo oriental dela, buscando em vão um lugar de pousada para a noite. Não havia lugar para eles na apinhada hospedaria. Num rústico rancho em que se abrigam os animais, encontraram afinal refúgio, e ali nasceu o Redentor do mundo. Os homens não o sabiam, mas as novas encheram o Céu de regozijo. Com mais profundo e mais terno interesse, os santos seres do mundo da luz foram atraídos para a Terra. Todo o mundo se iluminou à presença do Redentor. Sobre as colinas de Belém achava-se reunida inumerável multidão de anjos. Esperavam o sinal para declarar as alegres novas ao mundo. Houvessem os guias de Israel sido fiéis ao depósito que se lhes confiara, e teriam partilhado da alegria de anunciar o nascimento de Jesus. Mas assim foram passados por alto […] Testemunho de humildade

Nos campos em que o jovem Davi guardara seus rebanhos, havia ainda pastores vigiando durante a noite. Nas horas caladas, conversavam entre si acerca do prometido Salvador, e oravam pela vinda do Rei ao trono de Davi. “E eis que um anjo do Senhor veio sobre eles, e a glória do Senhor os cercou de resplendor, e tiveram grande temor. E o anjo lhes disse: Não temais, porque eis aqui vos trago novas de grande alegria, que será para todo o povo, pois, na cidade de Davi, vos nasceu hoje o Salvador, que é Cristo, o Senhor” (Lc 2:9-11). A essas palavras, visões de glória encheram a mente dos pastores que as escutavam. Tinha chegado a Israel o Libertador! Poder, exaltação, triunfo, acham-se associados à Sua vinda. O anjo, porém, devia prepará-los para reconhecessem o Salvador na pobreza e na humilhação. “Isto vos será por sinal”, disse ele: “Achareis o Menino

envolto em panos, e deitado numa manjedoura” (Lc 2:12). O mensageiro celestial acalmou-lhes os temores. Disse-lhes como poderiam encontrar Jesus. Com terna consideração para com sua fraqueza humana, deu-lhes tempo para que se habituassem à radiação divina. Então, o júbilo e a glória não se puderam por mais tempo ocultar. Toda a planície se iluminou com a resplandecência das hostes de Deus. A Terra emudeceu, e o Céu se inclinou para escutar o cântico: “Glória a Deus nas alturas, paz na Terra, boa vontade para com os homens” (Lc 2:14) […] Entoando a canção do Céu

O Céu e a Terra não estão hoje mais distanciados do que no tempo em que os pastores ouviram o cântico dos anjos. A humanidade é hoje objeto da solicitude celeste da mesma forma que o era quando homens comuns, ocupando posições comuns, se encontravam à luz do dia com anjos, e falavam com os mensageiros nas vinhas e nos campos. Enquanto nos movemos em nossos afazeres comuns, podemos ter bem perto o Céu. Anjos das cortes no alto assistirão os passos dos que vão e vêm às ordens de Deus. A história de Belém é inexaurível. Nela se acham ocultas as “profundidades das riquezas, tanto da sabedoria como da ciência de Deus” (Rm 11:33). Maravilhamo-nos do sacrifício do Salvador em permutar o trono do Céu pela manjedoura, e a companhia dos anjos que O adoravam pela dos animais da estrebaria. O orgulho e presunção humanos ficam repreendidos em Sua presença. Entretanto, esse passo não era senão o princípio de Sua maravilhosa condescendência. Teria sido uma quase infinita humilhação para o Filho de Deus, revestir-Se da natureza humana mesmo quando Adão permanecia em seu estado de

inocência, no Éden. Mas Jesus aceitou a humanidade quando o ser humano havia sido enfraquecido por quatro mil anos de pecado. Como qualquer filho de Adão, aceitou os resultados da atuação da grande lei da hereditariedade. O que estes resultados foram, manifesta-se na história de Seus ancestrais terrestres. Veio com essa hereditariedade para compartilhar de nossas dores e tentações, e dar-nos o exemplo de uma vida impecável. Satanás havia aborrecido Cristo no Céu, por causa de Sua posição nas cortes de Deus. Mais ainda O aborreceu quando se sentiu ele próprio destronado. Odiou Aquele que Se empenhava em redimir uma raça de pecadores. Não obstante, ao mundo em que Satanás pretendia domínio, Deus permitiu que viesse Seu Filho, impotente criancinha, sujeito à fraqueza da humanidade. Permitiu que Ele enfrentasse os perigos da vida em comum com toda a alma humana, combatesse o combate como qualquer filho da humanidade o tem de fazer, com risco de fracasso e ruína eterna. O coração do pai humano compadece-se do filho. Olha a fisionomia do pequenino, e treme ante a ideia dos perigos da vida. Anela proteger seu querido do poder de Satanás, guardá-lo da tentação e do conflito. Para enfrentar mais amargo conflito e mais terrível risco, Deus deu Seu Filho unigênito, para que a vereda da vida fosse assegurada aos nossos pequeninos. “Nisto está o amor.” Maravilhai-vos, ó Céus! e assombrai-vos, ó Terra! n

Os Adventistas do Sétimo Dia creem que Ellen G. White (1827-1915) exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público. Esse texto foi extraído do livro “O Desejado de Todas as Nações” (Casa Publicadora Brasileira), p. 43-49.

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A D V E N T I S T A

D O

A U T O R

V I D A

VÍTIMAS A

F O T O S :

DE

C O R T E S I A

Albert Kazako

VITORIOSOS

AMIGOS VERDADEIROS: Albert Kazako (meio) com Dee e Kevin Horn, a quem Deus usou para levar Albert e a família para os Estados Unidos.

Uma incrível jornada de fé

P

assei os primeiros 34 anos da minha vida em Maláui, um país pobre da África. Ali me casei com Eunice, e ali nasceram nossos dois filhos Albert Jr. e Davis. Nós nos mantivemos por meio de uma pequena clínica médica, até que um evento traumático virou nossa vida de cabeça para baixo... Mas, mesmo correndo risco de morte e não podendo enxergar nenhum raio de sol através da nuvem escura que pairava sobre nós, Deus me mostrou que Ele só estava começando a realizar Seus planos para mim e minha família. Aterrorizado por intrusos

Em março de 2001, minha família e eu estávamos de muito bom humor, voltando para casa depois do “Super Sábado”, evento periódico em que várias igrejas adventistas se reuniam para o culto em um parque ou estádio. Pouco depois de dormir, acordamos assustados com um barulho forte e crescente, que rapidamente se transformou em tiros enquanto nossa porta da frente era arrombada por um grupo de ladrões. Pulei da cama e me encontrei com eles na cozinha. Eram oito homens armados não só com revólveres, mas com machados e facas. Tentei me manter calmo e perguntei o que estavam querendo. Não tínhamos muita coisa, mas

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eu daria a eles o que pudesse, contanto que não nos machucassem. Eles exigiam dinheiro, e com muito jeito, disse que eu não tínhamos. Então, um homem, colocou uma arma na minha testa e ironicamente perguntou: “Você acha que isto é uma arma de brinquedo?” E começou a me bater insistindo que eu desse dinheiro a eles. Como eu não tinha como satisfazer suas exigências, ele amarrou minhas mãos e um grupo me levou para o nosso quarto, onde começaram a bater na minha esposa, que estava a duas semanas de dar à luz ao nosso segundo filho. Foi o pior momento da minha vida. Eu não podia fazer nada a não ser implorar que parassem de bater nela. Finalmente, eles desistiram e pegaram tudo que puderam, inclusive os equipamentos necessários para o funcionamento da nossa clínica médica. Perdemos quase tudo que tínhamos, mas estávamos gratos a Deus por ter preservado nossa vida. Duas semanas depois ficamos maravilhados, mais uma vez, com a graça de Deus quando vimos nosso filho Davis nascer saudável. Novo rumo

O assalto nos mostrou claramente que minha família e eu não estávamos seguros e que, em Maláui, nosso futuro não seria

brilhante. Meu sonho era levar minha família para a América, mas não tínhamos dinheiro suficiente para as passagens aéreas, sem mencionar os obstáculos para emigrar para os Estados Unidos. Minha jornada miraculosa para a América teve início quando consegui fazer um empréstimo para comprar a passagem. Ainda me lembro do dia, muito cedo, em que fui de táxi para o aeroporto. O carro balançava violentamente, e era difícil atingir os 50 Km por hora. Por essa razão perdi o voo. Fiquei desapontado mas, depois, ficou claro que tudo fazia parte do plano de Deus. Remarquei o voo para mais tarde. Um trecho do meu voo era de Amsterdam a Detroit. Quando me acomodei no meu assento, percebi o título na página do livro que o homem ao meu lado estava lendo. Dizia algo sobre o sábado. Por eu ser adventista do sétimo dia, aquele texto me chamou a atenção. Eu me apresentei e descobri que ele também era adventista. Seu nome era Kevin Horn, e estava voltando de uma viagem de negócios à Inglaterra. Antes de nos separarmos, em Detroit, ele me deu seu cartão de visitas e disse que, se precisasse de qualquer coisa, podia entrar em contato com ele. Assim, continuei minha viagem para meu destino, em Atlanta, Geórgia.


C O R T E S I A

D E

K E V I N

confiarmos nas pessoas, a vida perde o sentido.” Eles me deram a chave da sua minivan e o endereço da Igreja Adventista de Midland, e explicou que alguns membros iriam cuidar de mim.

H O R N

Avançando

FAMÍLIA KAZAKO: (Da esquerda): Albert Kazako; o filho Albert Jr.; a esposa Eunice; e filho Davis, posam juntos durante formatura de Albert Jr., no ensino médio, em junho de 2015.

A contínua intervenção de Deus

Cheguei a Atlanta com a intenção de me hospedar na casa de um parente até conseguir me matricular em um curso de enfermagem. Em Maláui eu era assistente médico, e ouvi rumores de como era fácil entrar em uma escola, na América. Mas infelizmente, a realidade era exatamente o oposto. Após três semanas, eu não havia feito nenhum progresso com minha admissão em uma escola, e já não podia mais ficar com meus parentes. Sem ter nenhum outro lugar para ir, entrei em contato com a outra única pessoa que conhecia na América: meu amigo do avião. Quando falei com Kevin para tentar acelerar a situação, perguntei se poderia visitá-lo por uma semana antes de voltar para meu país. Uma hora mais tarde ele me disse que tomasse um ônibus para Saginaw, Michigan. Após quase 24 horas de viagem, já tarde da noite,

Kevin e a esposa, Dee, foram me buscar na rodoviária. Chegamos à casa deles cerca de meia-noite. Seus quatro filhos – Jeff, Kristi, Katie e Josh – estavam acordados para me conhecer. Quando acordei, após uma boa noite de sono, o filho mais novo, Josh, havia me trazido flores arrancadas do jardim. Senti-me tão bem-vindo na casa deles! Mais tarde naquele dia, Dee me falou que eles estariam saindo de férias, em dois dias, mas permitiriam que eu ficasse na casa deles até que voltassem. “Você quer dizer que vou ficar sozinho?” perguntei surpreso. Sua resposta foi: “Sim. Posso pedir que cuide dos nossos animais de estimação enquanto estivermos fora?” Eu não podia acreditar! Quanta confiança estavam depositando em mim, após tão pouco tempo! Sugeri que eles levassem meu passaporte com eles, mas Dee disse: “Não, Albert, se não

Quando os Horns voltaram das férias discutimos meu propósito de vir para a América. Disse a eles que gostaria de fazer o curso de enfermagem, e que esperava que minha família pudesse vir se encontrar comigo, mais tarde. Kevin e Dee me ajudaram a alcançar meu primeiro alvo. Começaram o processo para meu visto de estudante assumindo a responsabilidade financeira, e logo fui matriculado em uma faculdade local. O pai de Dee, Larry Butcher, me deu emprego em sua fazenda para que eu tivesse dinheiro para me manter e economizar para trazer minha família. No entanto, os membros da igreja de Midland levantaram recursos para as passagens de avião da minha família. Pouco tempo depois, minha esposa, Eunice, e meus dois filhos, chegaram do Maláui! Morávamos em uma casa na fazenda do Larry. Ele nos cobrava um aluguel simbólico, e os membros da igreja de Midland e outros, continuaram nos ajudando com alimento e outras necessidades. Somos tão gratos a eles! O curso de enfermagem era muito difícil, mas eu orava e pedia a Deus que me ajudasse a ser bem-sucedido. Em 2005 me graduei com o Bacharelado em Enfermagem. Hoje, trabalho como enfermeiro no Hospital John Hopkins, em Baltimore, Maryland. Minha esposa também trabalha como enfermeira. Ao longo da minha jornada incrível, Deus me ensinou muitas lições. A mais importante é que, quando pensamos que não existe mais esperança de sair de uma situação difícil, Deus diz: “Estamos só começando!” n

Albert Kazako e sua família moram em Maryland desde 2007. Continuam a louvar a Deus por Suas muitas bênçãos a eles concedidas. Dezembro 2016 | Adventist World

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C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

C

uidado com as Palavras em uma Cultura de Mentiras: esse é o título contundente e chamado empolgante às armas, lançado por Marilyn Chandler McEntyre a qualquer um de nós “que se importa com a linguagem e com a história.”1 McEntyre lamenta que “vivemos em uma cultura em que várias formas de engano não são praticadas simplesmente, mas comumente aceitas.”2 A maior tragédia se concentraria na maneira pela qual surgiu o engano mais antigo. Muito antes de McEntyre, muito antes de o tempo ser medido em séculos e milênios, o engano já fazia mau uso da linguagem de Deus, arruinando Sua história. Seres racionais, produtos do Seu amor criativo, já estavam sendo seduzidos pela crença de que seu Criador não é na realidade o ser bondoso do Universo.

NÚMERO 8

A

história bonita de Deus

Preferindo a melhor história Lael Caesar

Primeiro enganador

Para ser justo, não foi fácil derrubar o enganador original. O fato de conhecê-lo como Lúcifer, “anjo de luz”, nos ajuda a apreciar quão digno era esse personagem: “Amado e reverenciado pelo exército celestial, anjos se deleitavam em executar suas ordens, e estava ele revestido de sabedoria e glória mais do que todos eles.”3 Acima do seu nome e talentos, ficou seu discurso sincero de que estava procurando “remover o descontentamento e reconciliar anjos desafetos com a ordem do Céu,”4 como se seu único intuito fosse promover a lealdade, e preservar a harmonia e a paz.”5 Quanta bondade na história contada por ele! E no contexto daquela solene reunião, o Pai tinha chamado Jesus para ser exaltado como o único Ser com prerrogativas divinas,6 você já pode ter compreendido a história de Lúcifer: algo discriminatório estava acontecendo, favorecendo um sobre outro. E embora o próprio Lúcifer não estivesse pessoalmente afetado nem incomodado com isso – “ele próprio pareceu achar-se não comprometido”7 – fica evidente que ele permitiu que o

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problema tomasse o rumo para uma história triste. Nenhum anjo interessado em uma boa história podia ignorar conscientemente esses acontecimentos. Eles precisavam de atenção. Parecia fácil, próprio e adequado concordar com Lúcifer. Assumir a causa dele era levantar-se pelo que era correto e direito. Além disso, essa causa não era só dele, mas deles também8 pois, à medida que ele esclarecia as coisas, podiam ver que “a condição dos anjos, pensava ele, necessitava de aperfeiçoamento.”9 O comerciante

A descrição da história de Lúcifer, feita por Ezequiel, usa o comércio como metáfora: Lúcifer como o comerciante, e alguém ocupado que, segundo referido por Ezequiel: “Na multiplicação do teu comércio, se encheu o teu interior de violência, e pecaste” (Ez 28:16).10 Essa é uma percepção surpreendente para o caminho da violência. Lúcifer “encheu seu interior de violência” pela abundância do seu comércio: o mexerico cria histórias agradáveis que levantam afronta com seu excesso de complicações desnecessárias, bajulações,

fraude e falsificação da Palavra de Deus. Lúcifer executou uma grande lista de estratégias não disponíveis para Deus,11 a qual se transformou na primeira triste e longa história universal – história de uma batalha que engendrou todas as outras batalhas e, no entanto, nunca teria começado se a tolerância de um Deus Pai amoroso não estivesse em seu caminho. Os períodos imensuráveis nos quais Ele tentou conversar com Lúcifer não deram um vislumbre dos confrontos conflitantes que manchariam a criação de Deus. E o mexerico de Lúcifer em favor dos anjos não deu indícios das suas agressões que resultariam na sua expulsão do Céu, na morte de Abel, no conteúdo da canção assassina de Lameque (Gn 4:23 e 24), a inspiração para Auschwitz, gulags e IEDs (artefatos explosivos improvisados – ou bombas caseiras). No entanto ao sustentar sua narrativa, pode ter havido a impressão de que, desde o início, morte e mentiras estiveram presentes nas distorções maldosas que Lúcifer nutria como suas verdades originais (Jo 8:44). Consistente ao Seu caráter de amor, Deus sabia, e


“Deus suportou longamente a Lúcifer”, procurando ajudá-lo a avaliar o impacto desastroso das sugestões que considerava admiráveis.12 Mas, decidido, Lúcifer não queria ajuda, mesmo quando seu discurso provocou discussões com os que não concordavam. Ele não aceitava conselho, mesmo quando suas intrigas estabeleceram campos rivais entre os exércitos de mensageiros de Deus. Ele permaneceu resistente mesmo quando a confrontação entre esses exércitos explodiu no clímax da história dessa guerra entre os espíritos que ocuparam e controlaram a sala do Universo. Lúcifer, o anjo de luz, que se transformou em Satã, o adversário de Deus, teve que ser expulso com todos os seus aliados (Ap 12:7, 8), porque “Não teria sido seguro tolerar que qualquer que se havia unido a Satanás na rebelião, continuasse a ocupar o Céu.”13 Guerra na Terra

Tragicamente, o discurso de Lúcifer encontrou ouvidos simpáticos na Terra: os primeiros mordomos do planeta abriram o coração para seus contos torcidos sobre as leis de Deus, e se tornaram parte dessa história triste em que, no capítulo final está a condenação: em Adão, todos morrem (1Co 15:22). Mas louvado seja Deus, pois a terrível história de Satanás logo não mais será contada, nem será o último capítulo na vida do Universo de Deus. E devido ao seu engano original sobre a natureza do caráter de Deus traficado em calúnias, o ápice e conclusão do grande conflito será a resposta efusiva de toda a criação ao retrato que Lúcifer pintou de Deus, como traição manipuladora e discriminatória. Somente o amor paciente de Deus pode levar a esse final. Alguns, inclinados sobre calúnias, ainda encontram terreno para o escárnio: “Deus é um fraco que promete, mas nunca cumpre Suas ameaças” (2Pe 3:9). Outros encontram provas sobre a mesquinhez de Sua onipotência na presença de cada defeito congênito,

de um acidente aéreo devastador, ou uma guerra sem sentido. Confundidos com todos os “porquês” angustiados da vida diante dos desastres e doenças da Terra, provam a frieza da Sua tirania ou a profundidade de Sua incompetência. Enquanto isso, outros que afirmam representar o lado de Deus, promovem a causa do inimigo quando comemoram a aparição de Deus no Planeta Terra com um pedido de desculpas para mudar o jogo e impor Suas leis a criaturas que não podiam cumpri-las.

ritmo, quando todas as coisas “em sua serena beleza e perfeito gozo, declararem que Deus é amor.”14 n 1 Marilyn Chandler McEntyre, Caring for Words in a Culture of Lies (Grand Rapids: Eerdmans, 2009), p. xii. 2 Ibid., p. 56. 3 Ellen G. White, Patriarcas e Profetas (Casa Publicadora Brasileira), p. 33. 4 Ibid., p. 38. 5 Ibid. 6 Ibid., p. 36. 7 Ibid., p. 41. 8 Ibid.: “Da mesma obra que ele próprio estava a fazer, acusou os anjos fiéis.” 9 Ellen G. White, História da Redenção, (Casa Publicadora Brasileira), p. 19. 10 Todos os textos bíblicos foram extraídos da versão Almeida Revista e Atualizada. 11 E. G. White, Patriarcas e Profetas (Casa Publicadora Brasileira), p. 42: “Deus apenas podia empregar meios que fossem coerentes com a verdade e justiça. Satanás podia usar o que Deus não podia.” 12 Ibid., p. 39. 13 E. G. White, História da Redenção (Casa Publicadora Brasileira), p. 17. 14 Ellen G. White, O Grande Conflito (Casa Publicadora Brasileira), p. 678.

Conclusão

Apesar das distorções de Lúcifer, seu reino satânico já viu sua condenação. Ele sabe o fim da história porque estava lá, no Calvário, quando o sacrifício altruísta do Filho de Deus silenciou todo argumento que ele pudesse evocar contra o amor de Deus. Ele sabe muito bem que logo, quando ele e o pecado forem erradicados de todo o Universo, na criação original, harmoniosa, outra vez será cantada uma canção, no mesmo

O

Lael Caesar é editor

associado da Adventist World.

Grande

Conflito

Toda a humanidade está agora envolvida num grande conflito entre Cristo e Satanás quanto ao caráter de Deus, Sua lei e Sua soberania sobre o Universo. Esse conflito teve origem no Céu quando um ser criado, dotado de liberdade de escolha, por exaltação própria, tornou-se Satanás, o adversário de Deus, e conduziu à rebelião uma parte dos anjos. Ele introduziu o espírito de rebelião neste mundo, ao induzir Adão e Eva ao pecado. Esse pecado humano resultou na deformação da imagem de Deus na humanidade, no transtorno do mundo criado e em sua consequente devastação por ocasião do dilúvio mundial. Observado por toda a criação, este mundo se tornou o palco do conflito universal, dentro do qual será finalmente vindicado o Deus de amor. Para ajudar Seu povo nesse conflito, Cristo enviou o Espírito Santo e os anjos leais, para os guiar, proteger e amparar no caminho da salvação. (Ap 12:4-9; Is 14:12-14; Ez 28:12-18; Gn 3; Rm 1:19-32; 5:12-21; 8:19-22; Gn 6-8; 2Pe 3:6; 1Co 4:9; Hb 1:4-14) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 21

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R E S P O S T A S

A

P E R G U N T A S

B Í B L I C A S

Seguros Qual é a evidência bíblica de um tempo de angústia para a igreja do tempo do fim?

em Suas

Na Bíblia, a frase “tempo do fim” se refere à experiência de Jacó na noite anterior ao encontro com seu irmão Esaú. Esse fato do Antigo Testamento é usado para prefigurar a experiência do povo de Deus pouco antes do estabelecimento do reino de Deus na Terra. Vamos examinar a experiência de Jacó e as passagens bíblicas pertinentes. 1. A experiência de Jacó: Antes de se encontrar com Esaú, Jacó teve um grande sentimento de culpa pelo que havia feito a seu irmão. Por isso, teve medo de morrer (Gn 32:11). Ele estava cheio de “medo e foi tomado de angústia [tsarar, ‘estar ansioso, preocupado, aflito’]” (v. 7). Seu sentimento de culpa o levou a pedir desculpas a seu irmão por meio de presentes para acalmar Esaú (v. 4, 5, 20). Naquela noite, Jacó foi orar sozinho, profundamente angustiado, lutando diante do Senhor com seu sentimento de culpa e de medo. Posteriormente, ao se lembrar da experiência, ele disse: “Venham! Vamos subir a Betel, onde farei um altar ao Deus que me ouviu no dia da minha angústia [tsarah, ‘aflição, ansiedade, preocupação’].” O tempo de angústia de Jacó e seu livramento, se tornou o símbolo de esperança para os que se encontram em situação semelhante (Sl 20:1). 2. Aplicação para o tempo do fim em Jeremias e Daniel: Jeremias anunciou uma experiência futura similar para o povo de Deus. O contexto da passagem é a proclamação do povo retornando do exílio (30:1-3), e que é interrompida pela mensagem do Senhor dizendo que não era sobre o retorno do exílio, mas sobre um tempo de angústia para o povo de Deus, no futuro, do qual Ele também vai libertá-lo (v. 4-9). Após esse parêntesis, o profeta retornou à esperança do retorno do exílio (v. 10, 11). O tempo de angústia anunciado é um dia de pânico e terror, pavor no rosto e a ausência de paz. (shalom) (v. 5, 6). A imagem do homem sentindo dores de parto é usada para indicar seu medo e inabilidade de vencer o inimigo sozinho. Esse é um grande dia no sentido de que nunca antes houve um semelhante (v. 7). Ele

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mãos

é chamado especificamente de “tempo de angústia [tsarah] para Jacó”, i.e., o povo de Deus (v. 7). Mas Ele irá intervir e libertá-lo. Nunca mais estará sob o poder dos inimigos. O reino de Deus será estabelecido e todos servirão somente ao Rei e Senhor Messiânico. (v. 8, 9). Daniel 12:1-3 também se refere a um tempo de angústia para o povo de Deus. Como em Jeremias, será um “tempo de angústia [tsarah]” (v. 1) sem precedentes. Daniel sugere que a angústia será para toda a humanidade. Quando o povo de Deus estiver passando por essa angústia, Deus intervirá e o livrará (v. 1). Essa experiência apavorante é associada à tentativa do rei do norte para exterminar o povo de Deus, do qual Deus o livrará (11:44, 45). Esse tempo de angústia acontecerá quando Miguel Se levantar para libertá-lo, pouco antes da ressurreição dos mortos (12:2). É um evento do tempo do fim. 3. O tempo de angústia no Apocalipse: O Apocalipse sabe sobre um último dia de angústia para o povo de Deus, chamado por João de “hora de provação [thlipsis, ‘sofrimento, angústia’]” (Ap 3:10). É uma tribulação mundial, mas não destruirá a fé do povo de Deus. Ele é descrito como “os que vieram da grande tribulação [thlipsis]” e permaneceram fiéis por meio do sangue do Cordeiro (7:14). Eles passam por essa experiência após a liberação dos quatro ventos de destruição e pouco antes do retorno de Cristo (6:17-7:3). Apocalipse 13:11-17 esclarece que, durante esse tempo, como em Daniel, os inimigos de Deus tentarão exterminar Seu povo, mas o Senhor irá livrá-lo. Como Jacó, os fiéis vão sentir medo da morte e um profundo sentimento de indignidade. Mas a referência ao sangue do Cordeiro indica que confiam absolutamente no poder salvador de Deus e que nenhum deles irá perecer. Deus permite que passem por essa experiência difícil porque estão salvos em Suas mãos (Ap 22:11). n

Angel Manuel Rodríguez está aposentado após servir a igreja como pastor, professor e teólogo.


E S T U D O

B Í B L I C O

O que a Bíblia ensina sobre

saúde Mark A. Finley

M

uitas pessoas acreditam que a maneira de cuidar do corpo seja uma decisão completamente pessoal. Pensam: Uma vez que este corpo é meu, ninguém tem o direito de me dizer o que comer, o que beber, ou qualquer coisa sobre minhas escolhas pessoais. Inclusive alguns cristãos têm a estranha ideia de que o cristianismo lida somente com a dimensão espiritual da vida e não tem absolutamente nada que ver com a dimensão física. Na lição deste mês, vamos explorar o que a Bíblia tem a dizer sobre a saúde do nosso corpo.

1

Que apelo apaixonado o apóstolo Paulo fez quanto ao modo com o qual os cristãos devem tratar seu corpo? Leia Romanos 12:1. A passagem começa com as palavras “rogo-lhes”. “Rogar” significa insistir, encorajar, ou apelar. Denota tanto urgência como prioridade. A palavra “corpo” no grego do Novo Testamento significa “soma completa e coletiva de suas partes”. A tradução de J. B. Phillips do Novo Testamento, para o inglês, traduz a última frase “culto racional” como um “ato de adoração”. Traduzindo literal e acuradamente, o verso pode ser lido assim: “Irmãos e irmãs, insisto com todas as minhas forças, pelas misericórdias de Deus, que vocês se apresentem (ninguém pode fazer isso por você) física, mental, emocional e espiritualmente a Deus como um ato de adoração. Cuidar do nosso corpo, de certa forma, é um ato de adoração a Deus.”

2 Como esse conceito de que cuidar do nosso corpo é um ato espiritual de adoração está relacionado à mensagem de Deus para Sua igreja do tempo do fim, em Apocalipse 14:7?

3

De que maneira o apóstolo Paulo orou sobre saúde à luz da segunda vinda de Cristo? Leia 1 Tessalonicenses 5:23.

4 Que pergunta importante Paulo fez em 1 Coríntios 6:19? E como o apóstolo respondeu à sua própria pergunta, em 1 Coríntios 6:20? O apóstolo argumentou que não nos pertencemos. O que colocamos em nosso corpo, e como o tratamos, importa, porque fomos comprados pelo precioso sangue de Jesus. Diante dEle, somos responsáveis pela nossa maneira de tratar o corpo que tão graciosamente nos deu.

5 Por que, às vezes, parece tão difícil mudar nossos hábitos físicos? Compare os textos a seguir: Romanos 7:18, Gálatas 5:17, e Efésios 6:14. Estamos no meio de uma guerra espiritual entre as forças de Deus e as forças do mal. Somos impotentes em nossa própria força.

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Como podemos ser vitoriosos nessa batalha que abrange nosso corpo e mente? Resuma os textos a seguir, que garantem a vitória sobre o pecado: Filipenses 4:13, 2 Coríntios 5:17, e Romanos 8:3-6. Em nossa força, somos impotentes para vencer. Mas por meio de Jesus, a vitória é nossa. Ele nunca perde uma batalha contra Satanás e as forças do mal. A boa notícia é que, com Jesus nós também, podemos vencer! n

A mensagem de Deus para os últimos dias é um chamado à adoração ao Criador. Se O adoramos genuinamente como o Criador, iremos colaborar com Ele na construção do que Ele fez, ou trabalhar contra Ele para derribar Sua obra? De todas as coisas que Ele fez, o corpo humano é a mais maravilhosa.

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TROCA DE IDEIAS

Meu

S

S almo 23

enhor, ao subirmos a montanha particular, “terreno escondido” de nossa vida, continuamente nos lembre de que Tu estás “cuidando” de nós assim como os pastores cuidam de seu rebanho; e porque Tu nos amas, nada de valor eterno nos faltará. As flores silvestres em toda a trilha pedregosa da montanha proclamam que o Tu és o Autor da beleza. Os prados verdejantes, e a quietude dos lagos cristalinos nos falam do sossego e tranquilidade do Teu Espírito. Os picos nevados declaram Tua justiça e juízo salvador. As ravinas, escuras como a morte, não são assustadoras, porque podemos olhar para cima e ver o azul brilhante do Teu céu infinito.

Somos confortados porque carregamos a Tua vara e a confiança do Teu cajado de fé. Nossas tendas são o Teu poder protetor. Nelas podemos almoçar em meio aos relâmpagos repentinos, granizo e vento forte durante uma tempestade de verão. Vamos dormir satisfeitos e felizes sob as estrelas, sabendo que estamos perto da porta do Céu. Teu amor, compaixão e fidelidade nos rodeiam. O desejo do nosso coração é terminar a jornada de nossa vida na porta da Tua casa; para bater, ver-Te face a face, e viver como Teus vizinhos para sempre. – A ndrew Hanson, Chico, Califórnia, Estados Unidos

Americanos

Nativos O antilocapro, uma espécie aparentada ao antílope africano, é nativo do primeiro parque nacional do mundo, o Yellowstone National Park, em Wyoming, Estados Unidos. O antilocapro consegue correr a 48 km por hora em distâncias contínuas, e em corrida acelerada pode chegar a 96 km por hora.

OraçãoW

Fonte: Smithsonian

GRATIDÃO

Estou pedindo a Deus que mostre a nós, adventistas, como abordar os refugiados que chegaram à Alemanha no ano passado, para que apresentemos Jesus a eles. Jakob, Alemanha Minha esposa perdeu nosso bebê aos seis meses de gravidez. Além desse

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desapontamento, estamos sofrendo com muitas dívidas e sem dinheiro suficiente para cobrir nossas despesas. Mutundi, Uganda Por favor, ore para que minha família consiga uma casa, minha irmã um trabalho, meus irmãos mais novos se

saiam bem na escola, e que minha mãe tenha suas necessidades supridas. Patrick, Ruanda Por favor, ore para que Deus me ajude a me matricular no segundo ano do curso de Teologia. Daniel, Camarões


A equipe da revista Adventist World faz uma pausa em uma longa reunião de planejamento, no início deste ano (da esquerda para direita): Mark Kellner, Stephen Chavez, Sharon Tennyson, Wilona Karimabadi, Marvene Thorpe-Baptiste, Gaspar Colón, Kim Brown, Kristina Penny, Jared Thurmon, Andrew McChesney, Lael Caesar, Merle Poirier, Gerald Klingbeil, Sandra Blackmer (no celular do Gerald), Bill Knott, André Brink.

Sou pastor, graduado pela Universidade do Leste da África. Necessito de suas orações por saúde, para pagar despesas hospitalares, pelo custo da escola das minhas filhas, e outras despesas básicas. Eu nunca tive paz, até que me encontrei com o Príncipe da Paz e O aceitei como meu Salvador. Mohamed, Somália

p A graça de Deus e Sua paz

durante o Natal e em cada dia do ano novo

Por favor, lembre-se de mim em suas orações. Os resultados dos meus exames não foram o que eu esperava, e preciso repeti-los em um ano. Que Deus execute Seus planos em minha vida. Obrigado por suas orações! Jenson, Índia

Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.

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TROCA DE IDEIAS P E L O S

N Ú M E R O S

167 anos

B I B L I O T E C A

W

A D V E N T I S TA

D I G I TA L

illiam Miller morreu no dia 20 de dezembro de 1849, em Low Hampton, Nova Iorque. Ele era fazendeiro e, como pregador leigo da igreja Batista, Miller anunciou a iminente volta de Jesus, fundando o movimento popularmente conhecido como milerita. Era basicamente autodidata. Viveu com a esposa em Poultney, Vermont, onde foi eleito para vários cargos públicos. Na guerra contra a Inglaterra, em 1812, Miller serviu como tenente e capitão. Após o fim da guerra, ele se mudou para Low Hampton, Nova Iorque, onde esperava viver tranquilamente como fazendeiro. Convertido em 1816, mais tarde escreveu: “Vi que a Bíblia mostrava um Salvador exatamente como eu precisava; fiquei perplexo como um livro não inspirado poderia desenvolver princípios tão perfeitamente adaptados aos desejos de um mundo caído. Senti-me constrangido a aceitar as Escrituras como uma revelação de Deus; elas se tornaram meu prazer, e em Jesus encontrei um Amigo.” Em 1818, enquanto estudava a Bíblia, do Gênesis ao Apocalipse, ele interpretou Daniel 8:14 – “Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado” (ARA) – e chegou à conclusão de que “perto de vinte e cinco anos (cerca de 1843)… todas as questões do nosso estado atual serão concluídas.” Miller usou a frase generalizada “perto do ano 1843” para descrever sua crença quanto ao tempo do Advento. Após o desapontamento de 22 de outubro de 1844, data não estabelecida por ele, mas que aceitou de última hora, Miller escreveu a Joshua Himes: “Embora eu tenha me decepcionado por duas vezes, ainda não estou abatido nem desanimado [...] Minha esperança na vinda de Cristo está mais forte do que nunca [...] Fixei minha mente sobre outro tempo, e pretendo permanecer firme até que Deus me envie mais luz. E assim será Hoje, Hoje, e HOJE, até que Ele venha, e eu veja AQUELE por quem minha alma anseia.”

Esse é o número de pessoas desnutridas no mundo. Fonte: The Rotarian

É o número de terminações nervosas na mão por polegada quadrada. Fonte: Smithsonian

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ATÉ

5O P A L A V R A S

“Eis que cedo venho…”

Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

Minha

promessa bíblica

preferida

“Ficarei atento ao Senhor, esperando em Deus, o meu Salvador, pois o meu Deus me ouvirá” (Mq 7:7). Antes da corrupção moral de Israel, o profeta insistiu com seu povo para olhar para o Senhor e esperar por Sua salvação. Ele ouvirá nosso clamor.

n

– Lucimagna Aguiar, Brasil

Minha promessa favorita é João 14:3: “Voltarei e vos receberei para Mim mesmo.”

n

– Flávio Silva, via e-mail

“Mesmo quando eu andar por um vale de trevas e morte, não temerei perigo algum, pois Tu estás comigo” (Sl 23:4). Reivindiquei essa promessa durante um acidente quase fatal quando eu estava trabalhando como paramédico, em Singapura.

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– Rudy Yap, Jr., Leeds, Inglaterra

Minha promessa preferida na Bíblia está em Apocalipse 21:4: “Ele enxugará dos seus olhos toda lágrima. Não haverá mais morte.” Esse verso me lembra de que as tristezas deste mundo não mais existirão.

n

– Abi, Iligan City, Filipinas No próximo mês, escreva em até 50 palavras qual é seu hino predileto. Envie para Letters@AdventistWorld.org e no assunto coloque “50 Words.”

Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático. Editor Administrativo e Editor-Chefe Bill Knott Editor Associado Gerente Internacional de Publicação Pyung Duk Chun Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Benjamin D. Schoun, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Daniel R. Jackson; Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol; Michael Ryan; Ella Simmons; Mark Thomas; Karnik Doukmetzian, assessor legal.  Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, chair; Yutaka Inada, German Lust, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han, Dong Jin Lyu Editores em Silver Spring, Maryland, EUA André Brink, Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores assistentes), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Wilona Karimabadi Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim Gerente de Operações Merle Poirier Colaboradores Mark A. Finley, John M. Fowler Conselheiro E. Edward Zinke Administradora Financeira Kimberly Brown Assistente Administrativa Marvene Thorpe-Baptiste Comissão Administrativa Jairyong Lee, presidente; Bill Knott, secretário; Chun, Pyung Duk; Karnik Doukmetzian; Han, Suk Hee; Yutaka Inada; German Lust; Ray Wahlen; Ex-officio: Juan Prestol-Puesán; G. T. Ng; Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti Consultores Ted N. C. Wilson, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Leonardo R. Asoy, Guillermo E. Biaggi, Mario Brito, Abner De Los Santos, Dan Jackson, Raafat A. Kamal, Michael F. Kaminskiy, Erton C. Köhler, Ezras Lakra, Jairyong Lee, Israel Leito, Thomas L. Lemon, Solomon Maphosa, Geoffrey G. Mbwana, Blasious M. Ruguri, Saw Samuel, Ella Simmons, Artur A. Stele, Glenn Townend, Elie Weick-Dido Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria, México e nos Estados Unidos.

V. 12, nº- 12

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