AW Português - Dezembro 2017.pdf

Page 1

RR ee vv ii ss tt aa II nn tt ee rr nn aa cc ii oo nn aa ll dd aa II gg rr ee jj aa A A dd vv ee nn tt ii ss tt aa dd oo SS éé tt ii m m oo D D ii aa

D eze m b ro 2 01 7

Compromisso adical

NOT Í C IA S DO CO N CÍL IO A N U A L VEJA PÁGINA 3


D eze m b ro 2017

A R T I G O

RR ee vv ii ss tt aa II nn tt ee rr nn aa cc ii oo nn aa ll dd aa II gg rr ee jj aa A A dd vv ee nn tt ii ss tt aa dd oo SS éé tt ii m m oo D D ii aa

18

D eze mbro 201 7

Compromisso adical

D E

C A P A

Compromisso Radical

John Bradshaw

A encarnação de Cristo foi tão abrangente que até hoje falamos sobre ela. NOT ÍCIAS DO CONCÍLIO ANUA L

14

C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

Nosso mundo: entre o passado e o futuro

Ronnie Nalin

O início do planeta foi perfeito; e é assim que ele vai terminar.

16 Qual é o caminho para casa? D E V O C I O N A L

VEJA PÁGINA 3

AW12-17POR

Shawna Vyhmeister

10 Nunca abandone a verdade

Quando as informações são confusas, procure os pontos de referência.

Ted N. C. Wilson

Conhecer a verdade significa vivê-la.

Criando espaço

Jennifer Sigler e Micheal Goetz

V I S Ã O

M U N D I A L

13 Deus conosco E S P Í R I T O

D E

P R O F E C I A

Ellen G. White

Não estamos sozinhos.

22

V I D A

A D V E N T I S T A

O que acontece quando os jovens descobrem algo para fazer na igreja?

24 Escapando pelo telhado H E R A N Ç A

A D V E N T I S T A

Michael W. Campbell

Talvez Clarence Crisler não seja um nome muito conhecido. Mas seu serviço não foi menos do que extraordinário.

SEÇÕES 3 N O T Í C I A S

DO

MUNDO

3 Notícias breves

12 S A Ú D E N O M U N D O Produtos lácteos e o câncer colorretal

RESPOSTAS 26

PERGUNTAS

A BÍBLICAS

“É dessa forma que escrevo”

27 E S T U D O B Í B L I C O Desastres naturais, a Bíblia e o amor de Deus

28

TROCA

DE

IDEIAS

www.adventistworld.org On-line: disponível em 10 idiomas Tradução: Sonete Magalhães Costa

Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. v. 13, nº- 12, Dezembro de 2017.

2

Adventist World | Dezembro 2017

F O T O

D A

C A PA :

S T U D I O

A N N I K A / T H I N K S T O C K


O

NOTÍCIAS DO CONCÍLIO ANUAL Marcos Paseggi, Adventist World

Concílio Anual prioriza

Missão Mundial

W O R L D

Relatórios enfatizam construção de pontes de compreensão.

A D V E N T I S T

s estrategistas de relações públicas consideraram o anúncio uma oportunidade perdida. Todo o potencial de uma história que seguramente causaria um grande impacto social foi desperdiçado pela decisão de última hora, deixando vazar a notícia para um pequeno grupo de trabalhadores socialmente insignificantes, com nenhum conhecimento de mídia. Além disso, o anúncio aconteceu no meio da noite, quando o círculo de notícias daquele dia já tinha se acalmado e a cobertura usual dos principais canais já não podia ser garantida. Até o grande coral, reunido para comemorar o anúncio, parece ter perdido o momento exato de maximizar o impacto. Ao contrário, e por estranho que pareça, escolheram apresentar seu musical de celebração para uma audiência minúscula em um canto obscuro na zona rural. O próprio casal, embora com algum potencial de publicidade, não promoveu sua causa e manteve relativo silêncio no momento em que a necessidade de um porta-voz era evidente. O comentário era que, em vez de aproveitar o interesse público pela história, a mãe “guardava todas essas coisas e sobre elas refletia em seu coração”. Segundo todos os relatos, foram necessários vários anos para que ela compreendesse quão importante era a história. Mesmo assim, essa é a história que o mundo nunca pode esquecer – a história que, acima de todas as outras, domina a consciência deste planeta todo mês de dezembro e, na verdade, o ano inteiro. Embora pouco da narrativa sobre o nascimento de Jesus, encontrada nos Evangelhos, se adeque à cartilha da elite midiática ela tem mostrado um enorme “poder de permanência”, alcançado milhões – centenas de milhões – de pessoas ano após ano, século após século, com sua história eterna de esperança e promessa. Essa história harmoniza realidades que parecem ser opostas: onipotência oculta e fragilidade; riqueza disfarçada em vestes de pobreza; mudança chegando em forma de bebê. Sim, você também vai contar a história mais uma vez este ano – para uma criança, para pais, para uma sobrinha ou neto, pois você também considera isso inevitável. É o evento a partir do qual datamos todas as nossas realidades, a principal dobradiça sobre a qual o portão da história gira. “Deus conosco” é uma das histórias mais antigas do mundo, e impressiona pois sempre parece ser nova. Reviva a história – e a graça – mais uma vez este ano.

O

Concílio Anual de 2017 – reunião administrativa da igreja, com a presença de cerca de 450 adventistas do sétimo dia do mundo todo, convidados e membros da Comissão Os membros da comissão receberam uma Executiva da Associação série de materiais destinados à Missão para Geral – reuniu-se na sede mundial da as Cidades. denominação em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos, no dia 5 de outubro de 2017. A sessão de outono, durante a qual são apresentados relatórios de todos os departamentos e votados documentos, planos e diretrizes, começou com a Conferência de Liderança Educacional e Desenvolvimento (LEAD), evento anual que informa, treina e qualifica líderes sobre um tema específico. A conferência de 2017 abordou as alegrias e desafios da missão global, especialmente neste momento, em que a igreja se levanta para compartilhar a mensagem de Deus com vários grupos de pessoas. “Nosso alvo é restaurar a visão de missão da igreja cristã primitiva”, disse Gary Krause, diretor da Missão Adventista. Krause explicou que o desafio é adaptar as verdades eternas da Bíblia à grande diversidade de grupos de pessoas em todo o mundo. “Nosso objetivo é compartilhar as boas-novas de modo significativo e atrativo para pessoas que são muito diferentes de nós”, disse ele. Centros de missão global

Parte do dia foi dedicado a relatos sobre como os Centros de Missão Global têm contribuído com os objetivos da Missão Adventista. Esses centros foram criados pela igreja mundial para “ajudar os adventistas a aprender como construir pontes de compreensão e amizade com pessoas das principais religiões e filosofias do mundo”, segundo a página web dos centros. Existem seis centros entre populações urbanas, destinados a encontrar caminhos de compreensão entre membros das religiões do sul e leste da Ásia, estabelecendo relações entre adventistas e judeus, adventistas e muçulmanos, e pessoas de mente secularizada. Cada um apresentou seus objetivos, planos e recursos.

Dezembro 2017 | Adventist World

3


NOTÍCIAS DO CONCÍLIO ANUAL As principais religiões do mundo

Os diretores dos centros de missão enfatizaram que todos os principais grupos religiosos são únicos, incluindo não somente os elementos não religiosos, mas também de cultura e ponto de vista. O centro hindu trabalha para construir pontes entre adventistas e hindus, ajudando com treinamento e recursos às pessoas interessadas em se relacionar com os hindus. Com o crescimento das populações muçulmanas no Ocidente, o Centro Global para Relações Entre Adventistas e Muçulmanos oferece informação, treinamento e recursos para adventistas, ao mesmo tempo que incentivam interações pessoais genuínas e significativas. Ainda instruem os membros sobre como desenvolver relacionamentos de amizade com respeito, e como fazer um esforço sincero para encontrar os muçulmanos onde eles estão. No caso dos budistas, compreender seu ponto de vista é essencial para desenvolver relacionamentos significativos. Os líderes dos centros de missão enfatizam que as conversas benéficas começam quando se compreende a mentalidade budista. Por outro lado, interagir com os crentes judeus envolve um conjunto diferente de suposições, segundo o Centro Mundial de Amizade entre Judeus e Adventistas. Os palestrantes enfatizaram que nessas interações deve ser reconhecido “o profundo conhecimento das Escrituras” que muitos entre o povo judeu possuem, e sua contribuição para a fé. Para o secular e pós-moderno

O crescimento da população secular e pós-moderna é um desafio por si só. “Depois dos cristãos e muçulmanos, o maior grupo ‘religioso’ do mundo é precisamente os 1,2 bilhão de pessoas não religiosas”, declarou Kleber Gonçalves, diretor do Centro de Estudos Seculares e Pós-modernos. “Um dos nossos

4

Adventist World | Dezembro 2017

maiores desafios: como nos comunicar com pessoas que simplesmente não se interessam por religião. Esse não é um desafio apenas do Ocidente, mas de todos os lugares.” Uma atividade importante, disse Gonçalves, é o envolvimento dos jovens em ambientes seculares e pós-modernos. “Aprendemos que os relacionamentos são essenciais”, enfatizou. Gonçalves disse que a igreja necessita de “jovens se comunicando com outros jovens, tentando aprender a falar a linguagem da cidade”. Jovens com a motivação adequada são muito entusiastas, complementou. Alcançando as grandes cidades

As grandes concentrações urbanas, onde mais da metade da população do mundo vive hoje, apresentam um conjunto específico de desafios para o evangelho, disse Doug Venn, diretor do Centro de Missão Global. “Há 89.167 habitantes urbanos para cada congregação adventista”, disse ele. “O objetivo do centro”, continua, “é encontrar maneiras de nos envolvermos com esse segmento crescente da população mundial, que deverá chegar a 70% até 2050.” O centro está envolvido com várias iniciativas para impactar os grandes centros urbanos com a mensagem de esperança em Cristo. Eu Quero Esta Cidade, por exemplo, é um programa de televisão, com 13 capítulos, que segue Venn por nove meses em Bangkok, Tailândia, uma das cidades menos alcançadas do mundo. Embora inquietante, o programa aborda com franqueza alguns dos maiores desafios da missão contemporânea nos centros urbanos. Equilíbrio entre centros rurais e centros urbanos

A Conferência LEAD foi concluída com apresentações adicionais e um painel de discussão.

Homer Trecartin, diretor dos Centros de Missão Global, em sua apresentação na conferência LAED. M Y L O N

M E D L E Y / A N N

Entre as apresentações finais, David Trim, diretor do Departamento de Pesquisa, Arquivos e Estatística, compartilhou algumas citações dos escritos de Ellen G. White sobre a missão nas cidades. Trim enfatizou que White – uma das fundadoras da Igreja Adventista do Sétimo Dia – sentia tremenda responsabilidade pelas cidades, indicando que mesmo aos 80 anos, se Deus lhe desse força, ela iria para as cidades. Ela também escreveu a favor dos centros retirados, que são centros de missão localizados na área rural. Trim disse que White imaginava esses postos retirados – idealmente localizados nas proximidades das grandes cidades – como um local em que os membros envolvidos na missão nas grandes cidades pudessem descansar e se recuperar. Homer Trecartin, diretor dos Centros de Missão Global da igreja, também destacou esse ponto. “Não vamos conseguir terminar o trabalho se for realizado somente dos postos retirados”, disse ele. “Precisamos de adventistas do sétimo dia dedicados morando nas cidades, no entanto, devemos encontrar maneiras para que se recuperem em um ambiente rural”, concluiu Trecartin. Ele deixou uma nota de esperança ao terminar suas considerações. “Tenho implorado às pessoas que assumam as tarefas da cidade, e elas têm me atendido”, disse Trecartin. n


Somente os métodos de Deus

Equipe da Adventist World

Evangelizar as Cidades Presidente da igreja faz apelo veemente para que centros urbanos sejam evangelizados.

D

Wilson. “Deus está apelando para que levemos a mensagem transformadora do evangelho a essas grandes fortalezas seculares.” Construindo sobre a história de Jonas, Wilson disse que, embora muitos membros tenham levado a sério o chamado de Deus para alcançar as cidades, infelizmente, muitos têm “embarcado para Társis”. Társis foi a cidade para onde Jonas embarcou a fim de fugir do chamado de Deus. “Será que estamos dedicando apenas uma atenção superficial à grande tarefa de alcançar milhões de pessoas nos centros metropolitanos do mundo?” perguntou Wilson. “Estamos realmente desafiando nossos membros para a tarefa de evangelizar outros?”

M Y L O N

M E D L E Y / A N N

eus deseja intensamente que Seus seguidores vão às grandes cidades para ensinar, pregar e curar em Seu nome, disse Ted N. C. Wilson, presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Essa declaração fez parte de seu sermão no sábado, 7 de outubro de 2017, na reunião anual da Comissão Diretiva na sede mundial da igreja, em Silver Spring , Maryland, Estados Unidos. Com base na história bíblica do profeta Jonas, a quem Deus chamou para evangelizar a antiga cidade de Nínive, Wilson convidou todos os membros a empregar esforços e priorizar a missão nos grandes centros urbanos do globo. “Ainda há poucos obreiros de Cristo nas grandes cidades do mundo”, disse

Ted N. C. Wilson, presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia, profere sermão do sábado de manhã, no Concílio Anual.

Ao aceitarmos a ordem de Deus de ir e evangelizar as cidades, devemos evitar aplicar ideias humanas, mas adotar os métodos celestialmente inspirados, disse Wilson. Ellen G. White, cofundadora da igreja e que os adventistas do sétimo dia creem ser inspirada, escreveu claramente sobre esses métodos. Wilson explicou que essa abordagem prática procura retratar o caráter de Cristo a outros, com dezenas de possibilidades. Ele mencionou, por exemplo, iniciativas de serviço na comunidade dedicada aos jovens, clínicas, restaurantes vegetarianos, evangelismo integrado por meio das mídias sociais, centros de aconselhamento e o testemunho pessoal a familiares e amigos. “Esses são conceitos profundos inspirados pelo Céu, para trabalhar nos grandes centros metropolitanos do mundo”, disse Wilson. No entanto, avançando além das definições teóricas, Wilson convidou vários líderes a relatar como estão aplicando esses métodos nas cidades em todo o mundo. Entre os líderes chamados à frente para falar sobre o que eles e as pessoas sob sua liderança estão fazendo, estava Teenie Finley, que com o esposo, Mark Finley, desenvolveram um centro de treinamento no estado americano da Virgínia. Nele, eles oferecem treinamento para pastores e membros leigos, bem como atividades destinadas a envolver a comunidade. O Living Hope Center (Centro de Esperança Viva) é formado por uma igreja com capacidade para 270 pessoas, centro de mídia, escola de evangelismo e um centro de saúde para a comunidade. Os programas do centro de saúde – sobre culinária vegetariana e administração do estresse – e seminários sobre arqueologia, profecias e doutrinas atraem centenas de pessoas das comunidades vizinhas. “Nosso desejo é seguir o método de Cristo e dedicar o resto de nossa vida treinando pessoas no ministério abnegado

Dezembro 2017 | Adventist World

5


NOTÍCIAS DO CONCÍLIO ANUAL de Cristo”, concluiu Teenie Finley. Em seguida, Gary Krause, diretor do Departamento de Missão Adventista, falou sobre o que os centros de influência nas áreas urbanas estão fazendo para alcançar as regiões não alcançadas do mundo. Outros líderes falaram sobre iniciativas que estão sendo realizadas em cidades populosas como Hanoi, no Vietnã, e Cairo, no Egito, onde a igreja se comprometeu a mostrar o amor de Jesus de maneira prática. Envolvimento de todos os membros no ministério

Wilson enfatizou que alcançar as grandes cidades é uma “obra gigantesca” que nunca vai ser concluída apenas com os pastores assalariados. “Necessitamos do Envolvimento Total dos Membros (ETM)”, disse ele, referindo-se à iniciativa da Igreja mundial que procura envolver cada membro na missão. “O ETM têm estimulado os membros leigos de um modo maravilhoso”, disse Wilson. “Em muitas [regiões da igreja] ele tem se tornado um programa tão motivador que tem transformado igrejas em grandes agências evangelizadoras.” Adotando um tom mais pessoal, Wilson, apelou então a cada líder e membro para que se envolva. “Estou pedindo, pessoalmente, que todos os campos [...] enfatizem o maravilhoso método do ETM”, disse ele. “Vamos revitalizar nossos membros em todas as áreas da missão da igreja.” Segundo Wilson, o ETM é um processo que inclui estudos bíblicos e evangelismo, mas também uma reforma de saúde e do estilo de vida, uso responsável dos recursos financeiros, famílias educadas nos princípios bíblicos e outras mudanças que tornam a vida melhor. “Tudo isso é possível se dependermos de Cristo em cada uma de nossas necessidades”, disse ele, ao convidar o coordenador mundial do ETM, Duane McKey e sua esposa Kathy, para compartilhar

6

Adventist World | Dezembro 2017

os planos da grande iniciativa evangelística relacionada ao ETM planejada para Tóquio e outras grandes cidades japonesas, em 2018. McKey falou sobre programas do ETM já realizados e os que ainda estão em curso, como em Ruanda, Romênia, Nepal e nas Filipinas. Na preparação para o evento do ETM de 2018, no Japão, 48 pastores adventistas japoneses foram convidados a realizar séries evangelísticas nas Filipinas. Seus esforços resultaram em 1.400 batismos. Preparos estão sendo feitos para um evangelismo semelhante na Índia, em 2019. Crianças nas iniciativas de saúde

Diante dessas e outras iniciativas, Wilson confirmou que o ETM demanda envolvimento nas atividades, de todas as áreas da igreja. “Devemos envolver a todos, mulheres, homens, jovens, inclusive as crianças, para alcançar as pessoas das grandes cidades”, disse ele, ao apresentar Linda Koh, diretora mundial do Ministério Infantil, para falar sobre o que as crianças estão fazendo para compartilhar o amor de Deus nas cidades do mundo todo. “[A pergunta é] como alcançar milhares de crianças nas cidades?”, disse Koh antes de falar sobre alguns dos programas que têm funcionado para trazer crianças aos pés de Jesus. Alguns deles são as Escolas Cristãs de Férias, feiras de saúde, dias esportivos, festival de música, entre outros. Koh explicou que o sucesso é alcançado quando as crianças começam a amar a Jesus e O aceitam. “Muitas crianças nos procuram e dizem: ‘Agora Jesus será meu amigo para sempre’”, disse ela. Um ministério de saúde abrangente também é vital para o ETM, já que os pastores e profissionais de saúde podem trabalhar juntos. Para exemplificar, Wilson chamou Peter Landless, diretor mundial do Ministério da Saúde, para dar exemplos de como iniciativas de saúde estão apoiando a missão da igreja

nas grandes cidades. “Um ministério de saúde abrangente crê que todo membro da igreja é um médico missionário”, disse Landless antes de falar sobre as iniciativas bem-sucedidas como as grandes e pequenas feiras de saúde, os programas sobre como abandonar os vícios do álcool e do tabaco, caminhadas e corridas recreativas, e cursos de culinária. Ele destacou os 600 milhões de dólares investidos em assistência de saúde filantrópica oferecida pelos membros das igrejas, todos os anos, no mundo todo, e os 50 milhões de livros sobre saúde distribuídos gratuitamente. “Podemos participar desse movimento se crermos, vivermos e ensinarmos essa mensagem [de saúde]”, disse Landless, e concluiu: “Desde um transplante de coração até uma simples fatia de pão, pode haver mais religião do que em muitos sermões.” Apelo final

A pedido de Wilson, Doug Venn, diretor do Centro Urbano de Missão Global, apelou aos membros para que se envolvam ativamente na missão de levar a mensagem de Deus às cidades. “Precisamos estar convictos e comprometidos para alcançar as cidades”, disse Venn, que convidou os líderes da igreja a se “rebatizarem”, junto com ele, “para a prioridade da Missão para as Cidades”. Venn também fez um apelo especial para despertar o entusiasmo dos jovens adventistas. “Precisamos que os jovens liberem sua energia para usar suas habilidades criativas e levar Jesus às pessoas que vivem nas cidades.” Wilson concluiu sua mensagem apelando, mais uma vez, para que o trabalho evangelístico nas cidades receba a atenção que merece. “Por favor, leve a sério o desafio da Missão para as Cidades, e apresente em oração a Deus seus planos para cada uma das cidades do mundo”, disse ele. “A hora de trabalhar por nossas cidades é agora!” n


Acima: David Trim, diretor do departamento de Arquivos, Estatísticas e Pesquisas para a Igreja Adventista, apresenta um dos vários relatórios do Concílio Anual. Esquerda: G. T. Ng, secretário executivo da Associação Geral, apresenta relatório da Secretaria. F O T O S :

M Y L O N

M E D L E Y / A N N

Equipe da Adventist World

Cresce o número de membros adventistas, mas

permanece o desafio

Relatório destaca crescimento e desafios históricos.

O

número de membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia está aumentando em ritmo crescente, em todo mundo, diz David Trim, diretor do Departamento de Arquivos, Estatísticas e Pesquisa (DAEP), na introdução do relatório da secretaria da igreja. Em sua apresentação, que destacou as tendências estatísticas, Trim anunciou que até 30 de junho de 2017 a igreja tinha 20.343.814 membros batizados em todo mundo. Ele explicou que o aumento inclui o fato de que, após vários anos de implementação estável, um processo de auditoria que visa contabilizar o número de membros que deixaram a igreja desacelerou o crescimento na maioria das regiões do

mundo. A mortalidade dos membros também diminuiu, disse ele. No entanto, o processo de auditoria dos membros deve continuar, disse Trim. “O conhecimento dos números reais nos ajuda a ser bons mordomos e nos auxilia no planejamento estratégico”, disse ele. A auditoria dos membros “é uma ferramenta vital no ministério pastoral”. Trim também disse aos membros da Comissão Executiva que a taxa de perda de membros ainda é alta: 39%, ou seja, dois em cada cinco novos membros. “Deixe-me lembrá-los de que os membros não costumam deixar a igreja devido a diferenças teológicas, mas porque enfrentam crises na vida ou com a comunidade da igreja”, disse ele. “Podem sentir-se desprezados, abandonados e

não importantes. Poucos anos depois, eles simplesmente escapam pelos dedos.” Apesar das perdas, Trim disse que a adesão está crescendo, pois muitos lugares do mundo estão tendo sucesso na missão. “Uma pessoa é batizada na Igreja Adventista a cada 23 segundos”, disse Trim. “Durante os últimos dois anos, os batismos têm alcançado uma média de 3 mil ao dia.” E o número de novas igrejas também está crescendo e esse é um dos melhores indicadores de crescimento estável. Porém, disse Trim, permanece o grande desafio no lugar que conhecemos como janela 10/40, região geográfica formada por 69 países em que a maior parte da população não é cristã. “Embora cerca de 40% da população do mundo viva nessa região, menos de 3 milhões são membros adventistas”, disse Trim. “Isso significa 10 membros para cada 10 mil habitantes.” Trim concluiu lembrando aos delegados que contabilizar é sempre um meio, não um fim em si mesmo. “Isso nos ajuda a conhecer nosso desempenho e ver para onde estamos indo”, disse ele. “Mas se usarmos números para nos definir, seremos machucados por eles.” Missão para o mundo

Gary Kraus, diretor da Missão Adventista, disse aos presentes que o número de missionários servindo em países estrangeiros chega a 814 adultos, mais as famílias. A maioria sai da América do Norte para servir em outras regiões da igreja, disse ele. O plano de enviar médicos e dentistas para o mundo tem 62 missionários, mais 31 se se preparando para a missão. Sob o guarda-chuva do Departamento de Missão Adventista, o Instituto de Missão Mundial (IMM) oferece treinamento intercultural para missionários que retornam ao seu país natal. O Serviço Voluntário Adventista, que também faz parte da Missão

Dezembro 2017 | Adventist World

7


NOTÍCIAS DO CONCÍLIO ANUAL Adventista, possui 1.200 voluntários interdivisão, 411 da Divisão NorteAmericana e 270 da Divisão Sul-Americana – as duas regiões que lideram o envio de voluntários internacionais. Os pioneiros da Missão Global, que servem no plantio de igreja em áreas isoladas muitas vezes sem presença adventista, totalizam mais de 2 mil, em 130 países, disse Krause. No ano passado, a Missão Adventista investiu 2,3 milhões de dólares em projetos para o plantio de 687 igrejas em todo o mundo. Krause disse que estão começando a usar os métodos e tecnologias mais recentes para servir melhor às pessoas. “Graças ao novo Sistema de Prioridade Específica para Missão Global, que mapeia as áreas do mundo mais necessitadas em termos de presença adventista, seremos capazes de realizar projetos nas cidades das áreas de alta prioridade”, disse ele. Lições da história

G. T. Ng, secretário executivo para a igreja mundial, em sua apresentação, destacou vários problemas e crises ao longo da história adventista. “Não há navegação tranquila”, disse Ng ao abordar crises como a teológica de 1888 e a crise de Kellogg no início do século vinte. “Há altos e baixos.” Ng acredita que as experiências do passado informam o presente, pois demonstram como a direção de Deus superou a confusão humana e ajudou a igreja a avançar mesmo antes das crises serem totalmente superadas. “Embora a igreja esteja longe de ser perfeita, os conselhos inspirados nos dizem que não surgirá uma outra igreja”, enfatizou Ng. “A missão deve seguir em frente.” Após alguns comentários e solicitação de esclarecimentos sobre o relatório de Ng, por parte de alguns membros da Comissão Executiva, o relatório da secretaria foi aprovado pela maioria presente. n

8

Adventist World | Dezembro 2017

Adventist World e Rede Adventista de Notícias

Concílio anual vota continuar

diálogo sobre Processo de Unidade e Reconciliação

A

pós cerca de seis horas de discussão e debate, durante o Concílio Anual, a maioria dos membros da Comissão Executiva da Associação Geral (AG) dos Adventistas do Sétimo Dia votou enviar de volta à Comissão de Revisão da Unidade na Missão o documento intitulado “Procedimentos para Reconciliação e Adesão na Administração da Igreja: Fase II”, para revisão adicional. “Este corpo falou”, disse Ted N. C. Wilson, presidente da Igreja Adventista do Sétimo Dia. “O documento voltará à comissão. Pela graça de Deus encontraremos um modo de reunir as coisas outra vez.” O escopo do segundo documento

O documento delineia a segunda fase do processo de reconciliação votado durante o Concílio Anual do ano passado, que buscava iniciar procedimentos para manter a unidade da igreja em questões envolvendo o não cumprimento. As questões abordadas incluem as crenças fundamentais, propostas votadas ou diretrizes de trabalho da igreja. A Fase I foi votada no Concílio Anual de 2016. O documento da Fase II enfatiza o compromisso da Comissão Executiva em “preservar a administração e estrutura organizacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia em todos os níveis” no contexto da “tolerância divina, caridade

cristã e graça redentora”. “Creio que a igreja está sendo tolerante”, disse Wilson durante o dia de discussão. “Nosso objetivo é redentor. Porém, teremos de respeitar o que a Igreja mundial votar.” Diretrizes dentro da igreja

O documento da Fase II, enviado de volta à comissão de origem, também levanta uma questão não apologética sobre a necessidade de diretrizes na igreja, baseando suas origens em referências bíblicas, junto com princípios articulados por Ellen G. White, cofundadora da igreja. “Ao longo das Escrituras, a organização sempre foi uma prioridade para o povo de Deus”, declara o documento. “A organização da igreja também é uma ordem bíblica clara e um ensinamento bíblico fundamental para o povo de Deus no tempo do fim.” Embora reconhecidas, “as diretrizes da igreja não são infalíveis”, o documento explica que essas diretrizes oferecem “o melhor julgamento de um grupo representativo de líderes da igreja, em um determinado período, sobre como as entidades denominacionais convivem e trabalham unidas”. As Diretrizes de Trabalho da Associação Geral são o resultado de votos tomados por representantes do mundo inteiro durante a assembleia da AG, a cada cinco anos, ou durante o concílio anual da Comissão Executiva.


C O N S TA N T I N E S C U

M E D L E Y / A N N

R I C H

M Y L O N

Esquerda: Ziki Mxoli, membro da Comissão Executiva da Associação Geral, participa da discussão de segunda-feira à tarde. Direita: Membros da Comissão Executiva votam várias propostas durante a Fase II do documento em discussão.

A Fase II do documento foi construída sobre diretrizes votadas como as B 15 05, que especifica “a voz oficial” das Diretrizes de Trabalho da Associação Geral, e B 15 10, que requer aderência global às Diretrizes de Trabalho. O documento reconhece que “práticas de descumprimento podem ser expressões muito complexas de princípios culturais, étnicos, teológicos, de comunicação, econômicos, de crenças e práticas”, e “diferencia práticas de descumprimento em três categorias”: A categoria 1 é referente às 28 Crenças Fundamentais da Igreja Adventista do Sétimo Dia. A categoria 2 é referente às questões votadas pela Comissão Executiva da Associação Geral e que são “destinadas à implementação global” e, se não implementada, “impactaria negativamente a unidade da igreja”. A categoria 3, envolve as “diretrizes, iniciativas e práticas que são de natureza local, e que não violam as questões votadas na assembleia da Associação Geral ou pela Comissão Executiva da Associação Geral, não afetando a unidade da igreja”. Histórico do documento

Foi apresentado um relatório introdutório por Thomas Lemon, vicepresidente geral da AG, e presidente da Comissão de Supervisão de Unidade

na Missão. Lemon foi encarregado de facilitar a continuidade do documento sobre a Unidade na Missão, votado em 2016. “Tomamos o processo que vocês votaram no ano passado como um mandato pastoral, uma oportunidade do envolvimento de pessoas de todo o mundo”, explicou Lemon. Ele disse que, embora haja questões de conformidade, não viu “nenhum sinal de rebelião” ao interagir com as entidades envolvidas. “A unidade e o compromisso com a mensagem da Igreja Adventista do Sétimo Dia estão tão fortes como nunca visto antes.” Antes de ir a plenário para discussão, G. T. Ng, secretário executivo da AG, explicou que, embora a questão que tenha “desencadeado” a elaboração do documento seja a ordenação de mulheres ao ministério, seu âmbito é muito mais amplo: Ng lembrou aos membros que “o que está em julgamento não é a consciência pessoal, mas a adminsitração da igreja.” Comentários do plenário

A página 14 do documento foi lida em voz alta por Hensley Moorooven, secretário associado da AG. Após a leitura, vários membros da comissão e convidados teceram comentários dirigidos ao presidente, dos vários microfones disponíveis.

Alguns insistiram com a Comissão para aprovar o documento e seguir em frente, enquanto outros apoiaram enviar o documento de volta à comissão original para aprimoramento. Os que apoiavam o encaminhamento levantaram algumas questões sobre a constitucionalidade de certos segmentos do documento. Uma coisa ficou clara: a despeito de fortes convicções em ambos os lados da questão, ninguém sugeriu a divisão da Igreja Adventista do Sétimo Dia. “Quero depositar certa confiança neste corpo”, disse Dan Jackson, presidente da Divisão Norte-Americana. “Não temos absolutamente nenhuma intenção de dividir a Igreja Adventista e formar uma Igreja nossa, na América do Norte. Não vamos nos separar desta igreja. Estamos comprometidos com seu trabalho, tanto na América do Norte quanto em todo o mundo.” Votos e propostas

A maioria dos votos do dia resultou na proposta de submeter o documento à Comissão de Constituição da AG e ao Comitê Estatutário. Essa proposta foi subsequentemente alterada para que fosse encaminhada de volta à Comissão de Supervisão da Unidade na Missão, sendo submetida ao voto secreto que resultou em um quadro de 184 a 114 votos. n

Dezembro 2017 | Adventist World

9


V I S Ã O

M U N D I A L

N

aquele tempo, não se parecia muito com um movimento. De fato, as coisas pareciam muito deprimentes. Na madrugada sombria do dia 23 de outubro de 1844, podiamse ouvir os soluços abafados e lágrimas amargas que eram derramadas ao longo do dia no estado da Nova Inglaterra, América do Norte. Milhares de crentes esperaram ver seu Salvador, face a face; mas Ele não veio quando O esperavam. A mente deles estava repleta de dúvidas. Teriam sido enganados? Será que a Bíblia merecia confiança? Creram em uma mentira? O que fariam agora? Muitos deram as costas para a Bíblia, e para tudo em que haviam acreditado. Outros ridicularizavam seus antigos amigos. Contudo, havia um remanescente, um grupo que, mesmo desapontado, não abandonou a Deus. Um remanescente de crentes dedicados – na maioria jovens – continuou estudando as Escrituras até que encontraram respostas bíblicas contundentes. As profecias não falharam. Sob a direção de Deus, descobriram a verdade sobre o ministério de Cristo no santuário celestial. Descobriram que o sétimo dia ainda era o santo sábado de Deus, e que, quando alguém morre, permanece em estado inconsciente, como o sono, até a ressurreição. Eles construíram sua fé sobre a santa Palavra de Deus, a Bíblia, e não foram desapontados. Tornaram-se parte de uma longa lista de crentes fiéis ao longo dos séculos, que permaneceram firmes à verdade (veja João 14:6). Deus continuou a guiar esse movimento incipiente, revelando verdades e iluminando o caminho por onde deviam seguir. Assim começou o movimento adventista do sétimo dia: os que têm fé em Jesus e proclamam as três mensagens angélicas (encontradas em Apocalipse 14), que aguardam com esperança o breve retorno de Jesus Cristo.

10

Adventist World | Dezembro 2017

Nunca abandone a Ted N. C. Wilson

A Igreja está nas mãos de Deus

No entanto, atualmente, alguns temem pelo futuro da igreja. Ouvem o a antiga pergunta: “Onde está a promessa de Sua vinda?” Outros questionam se existe essa igreja remanescente. Ainda outros duvidam da veracidade das Escrituras, questionando a verdade da criação em seis dias literais, ou dissecam a Bíblia de tal modo que removem seu significado. No entanto, escuras como as coisas possam parecer, podemos descansar na certeza de que não precisamos temer, porque essa igreja está nas mãos de Deus: Ele a guiará até o fim. Veja estas maravilhosas promessas: “Através de séculos de perseguição, conflito e trevas, Deus tem amparado Sua igreja. Nenhuma nuvem sobre ela caiu, para a qual

Centrados

Ele não estivesse preparado; nenhuma força oponente surgiu para impedir Sua obra, que Ele não houvesse previsto. Tudo sucedeu como Ele predisse. Ele não deixou Sua igreja ao desamparo, mas traçou em declarações proféticas o que deveria ocorrer, e aquilo que Seu Espírito inspirou os profetas a predizer tem-se realizado. Todos os Seus propósitos serão cumpridos. Sua lei está vinculada a Seu trono, e nenhum poder do mal poderá destruí-la. A verdade é inspirada e guardada por Deus; e ela triunfará sobre toda oposição.”1 Louvado seja Deus por promessas tão preciosas! Podemos exclamar como o apóstolo Pedro: “Porque não vos demos a conhecer o poder e a vinda de nosso Senhor Jesus Cristo seguindo fábulas” (2Pe 1:16).


/ T H I N K S T O C K B O W D E N I M A G E S

verdade

na missão Não desista

Nunca abandone as preciosas verdades que Deus nos deu por meio de Sua Palavra! Em um mundo onde o caos e a catástrofe estão cada vez mais presentes, que tremenda bênção é saber que podemos descansar com absoluta confiança na imutável Palavra de Deus! Ao longo da história humana, Deus tem preservado Sua Palavra contra os ataques implacáveis de Satanás. A Bíblia contém um registro acurado de nossas origens, uma declaração confiável de nossa salvação e um glorioso vislumbre de nosso breve resgate. Como adventistas do sétimo dia, aceitamos a Bíblia como o fundamento de nossas crenças e vemos em suas páginas nossa identidade profética e missão singulares. Deus entalhou a Igreja Adventista

do Sétimo Dia a partir deste mundo caótico, com o poder de Sua verdade. Nós somos o povo remanescente de Deus, para enaltecer a Cristo, Sua justiça, Suas três mensagens angélicas de Apocalipse 14 e Seu breve retorno. Como povo remanescente de Deus, identificado em Apocalipse 12:17 como aqueles que “guardam os mandamentos de Deus e têm o testemunho de Jesus”, temos uma mensagem de esperança singular para proclamar a graça de Deus ao mundo. O desafio das distrações

No entanto, às vezes é fácil nos distrair da missão que nos foi dada. No Concílio Anual da Comissão Executiva da Associação Geral, em outubro, duas moças da Divisão Norte-Americana, Heidi Carpenter e Ranela Kaligithi, abriram o coração para os membros da comissão, durante o culto matutino. Priorizando a missão, Kaligithi explicou: “Quero que meu coração esteja tão cheio do amor de Deus que o resultado natural seja buscar os perdidos deste mundo que agoniza. É por isso que estamos aqui [...] Mas o problema que enfrentamos como igreja, é a distração. Estamos tão distraídos que nos esquecemos do ideal de Deus para nós. [...]” “Jesus mantinha o foco apesar do caos ao Seu redor”, continuou ela. “Há momentos em que, à semelhança de Jesus, devemos estar focados como um raio laser [...] para cumprir a comissão que Deus nos confiou. Para alguns, essa é uma questão de vida ou morte.” Percebendo os efeitos de salvar apenas uma pessoa, Kaligithi citou Ellen G. White: “A salvação de uma pessoa é a salvação de muitas pessoas.”2 “Isso significa”, continuou Kaligithi, “que quando um membro tímido da igreja decide dedicar tudo e se entrega completamente a Deus para ganhar apenas uma pessoa, na verdade ganhou muitas pessoas. Para cumprir a

comissão que Jesus confiou a cada um de nós, necessitamos de pessoas centradas na missão, tantas quanto possível.” Onde está sua atenção?

Onde está nossa atenção hoje? Está em ganhar outros para Cristo? Ou há tantas distrações em nossa vida que é difícil nos concentrarmos em alguma coisa? Estamos nos aproximando do início de um novo ano e este é o momento de repensar nossas prioridades, repensar o que é mais importante, não só para o agora, mas para a eternidade. E a boa notícia é que não precisamos fazer isso sozinhos. Temos a promessa de que, ao nos apoiarmos total e humildemente nos eternos braços de nosso Senhor, Ele agirá de maneira poderosa por nosso intermédio, para levarmos a mensagem final de misericórdia a este mundo que agoniza. Nosso sucesso em terminar essa obra depende de nossa submissão à Palavra de Deus e à liderança do Espírito Santo. Depende de nos humilharmos diante de nosso Criador, negando a nós mesmos, para que Jesus controle nossa vida e vença nossos pecados. Convido você a fixar seus olhos no Mestre. Mantendo os olhos em Jesus e reivindicando Suas promessas, que cada um de nós deixe todas as distrações de lado e avancemos na missão que recebemos de Deus, que é salvar pessoas para o Céu! Jesus breve virá! n 1 Ellen

G. White, Atos dos Apóstolos (Casa Publicadora Brasileira), p. 11, 12. and Herald, 10 de julho de 1888.

2 Review

Ted N. C. Wilson é presidente

da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ele pode ser seguido no Twitter: @pastortedwilson e no Facebook: @PastorTedWilson.

Dezembro 2017 | Adventist World

11


S A Ú D E

N O

M U N D O

Assunto Revisitado Os produtos lácteos e a saúde física Peter N. Landless e Zeno L. Charles-Marcel Fiquei aborrecido com a leitura de um estudo publicado na Adventist Review on-line, sugerindo que produtos lácteos podem proteger contra o câncer colorretal.1 Se a palavra é “podem”, por que publicam o dado? Por que não sugerem também que devemos beber álcool?2

M

uito obrigado pela pergunta e preocupação. Embora não tenhamos escrito o relatório em questão,3 você levantou pontos importantes e interessantes. Uma das regras não escritas para as nossas colunas sobre saúde é que a Adventist World e a Adventist Review não são plataformas para polêmicas. Nunca há o intento de chatear os leitores ou de incitar divisão. Nosso desejo – e o dos editores – é transmitir de maneira clara, informativa e factual a mensagem de saúde balanceada e cheia da graça, confiada à Igreja Adventista. Os estudos epidemiológicos de saúde e ensaios clínicos que estudam a saúde de populações e pacientes levantam, com frequência, tantas tantas perguntas quanto as que respondem. O uso da palavra “pode” é tipicamente usado na conclusão de muitos desses estudos, uma vez que os resultados não são totalmente previsíveis a todos os indivíduos. Além disso, no estudo descrito no relatório, estão sendo analisados dois resultados: o efeito do cálcio no risco do câncer do cólon, e o risco dos produtos lácteos no câncer de reto. Essas descobertas emergiram de um estudo com 77 mil adventistas do sétimo dia inscritos no Estudo Adventista de Saúde 2 (EAS2). Muito do cálcio desses indivíduos vem de fontes não lácteas, permitindo uma comparação mais robusta. O termo “pode” não indica uma ciência “superficial”, ao contrário, transmite forte associação.

12

Adventist World | Dezembro 2017

Isso nos leva à próxima questão: ciência seletiva. É conveniente, e até agradável, aceitar dados que se adequem ao nosso ponto de vista, persuasão e convicção. Podemos ficar entusiasmados com o benefício protetor dos produtos lácteos com relação ao câncer colorretal, mas ignorar de bom grado o benefício de uma dieta totalmente vegetariana na redução do risco do câncer de próstata. Integridade requer que reconheçamos os fatos e pesemos cuidadosamente a melhor aplicação. Vale ressaltar que a população estudada no EAS2 geralmente consome menos produtos lácteos do que a população dos Estados Unidos em geral. Nossas diretrizes para a igreja mundial recomendam aos membros uma dieta vegetariana balanceada. Isso inclui a dieta totalmente vegetariana com suplementação adequada de vitamina B12 (sempre), e vitamina D (quando necessário), e a dieta ovolactovegetariana (que inclui o uso de produtos lácteos e ovos). O Departamento do Ministério Adventista da Saúde recomenda que quando os produtos lácteos são parte da dieta, devem ser usados com moderação – como condimento –, de preferência com o menor teor de gordura. Devemos nos lembrar de que somos uma igreja mundial; muitos territórios não têm acesso a produtos equivalentes aos lácteos, fortificados com vitamina B12, ou acesso fácil à suplementação. Portanto, evitamos difamar os produtos lácteos, que oferecem nutrientes essenciais como a vitamina B12, para o benefício do nosso povo que vive nessas regiões. A comparação entre os produtos lácteos com o álcool (cuidado com as palavras) e a sugestão de que seu consu-

mo também seja saudável foi muito infeliz. Existem, sim, estudos que sugerem que o álcool pode conter algum benefício para a saúde; no entanto, o consenso é predominante entre todos os setores responsáveis de que o álcool é viciante, destrutivo e, de fato, não acrescenta vantagem sobre o estilo de vida intencionalmente saudável. A razão principal para não consumir o álcool permanece sendo a restrição espiritual. Os produtos lácteos não estão na mesma categoria. Nosso desejo é que sejamos equilibrados e consistentes, e que compartilhemos, com bondade e cortesia, as bênçãos do viver saudável a nós confiado com todas as pessoas a quem servimos. Em nosso ministério diário, fazemos bem em lembrar as palavras de Jesus: “Ouçam e entendam. O que entra pela boca não torna o homem impuro; mas o que sai de sua boca, isto o torna impuro” (Mt 15:10, 11 NVI). Senhor, por favor, dirija o que entra na minha boca e, suplico, filtra o que sai dela! n 1 www.adventistreview.org/church-news/story5444-consumingdairy-may-protect-against-colorectal-cancers-study-says. 2 Essa pergunta foi abreviada. 3 Yessenia Tantamango-Bartley, Synnove F. Knutsen, Karen Jaceldo-Siegl, Jing Fan, et al, Public Health Nutrition, v. 20, issue 14, p. 2577-2586.

Peter N. Landless é cardiologista nuclear e diretor do Ministério da Saúde na Associação Geral. Zeno L. Charles-Marcel é internista e

diretor associado do Ministério da Saúde na Associação Geral. F O T O :

J AYA S E E R

L O U R D H U R A J


E S P Í R I T O

D E

P R O F E C I A

Deus

conosco Deus amou o mundo de tal maneira . . .

S

ó o amor desperta o amor. Conhecer a Deus é amá-Lo; Seu caráter deve ser manifestado em contraste com o de Satanás. Essa obra, unicamente um Ser, em todo o Universo, era capaz de realizar. Somente Aquele que conhecia a altura e a profundidade do amor de Deus podia torná-lo conhecido. Sobre a negra noite do mundo, devia erguer-Se o Sol da Justiça, trazendo salvação “sob as Suas asas” (Mq 4:2).*

Ellen G. White

O plano de nossa redenção não foi um pensamento posterior, formulado depois da queda de Adão. Foi a revelação “do mistério que desde tempos eternos esteve oculto” (Rm 16:25). Foi um desdobramento dos princípios que têm sido, desde os séculos da eternidade, o fundamento do trono de Deus. Desde o princípio, Deus e Cristo sabiam da apostasia de Satanás, e da queda do homem mediante o poder enganador do apóstata. Deus não ordenou a existência do pecado. Previu-a, porém, e tomou providências para enfrentar a terrível emergência. Tão grande era Seu amor pelo mundo, que concertou entregar Seu Filho unigênito “para que todo aquele que Nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (Jo 3:16). Lúcifer havia dito: “Subirei ao céu, acima das estrelas de Deus exaltarei o meu trono. [...] Serei semelhante ao Altíssimo” (Is 14:13, 14). Mas Cristo, “sendo em forma de Deus, não teve por usurpação ser igual a Deus, mas aniquilou-Se a Si mesmo, tomando a forma de servo, fazendo-Se semelhante aos homens” (Fl 2:6, 7). Foi um sacrifício voluntário. Jesus poderia haver permanecido ao lado

T H I N K S T O C K

Revelado o plano

de Seu Pai. Poderia haver retido a glória do Céu, e as homenagens dos anjos. Mas preferiu entregar o cetro nas mãos de Seu Pai, e descer do trono do Universo, a fim de trazer luz aos entenebrecidos, e vida aos que estavam quase a perecer. O Deus encarnado

Cerca de 2 mil anos atrás, ouviuse no Céu uma voz de misteriosa significação, saída do trono de Deus: “Eis aqui venho.” “Sacrifício e oferta não quiseste, mas corpo Me preparaste. [...] Eis aqui venho (no rolo do livro está escrito de Mim), para fazer, ó Deus, a Tua vontade” (Hb 10:5-7). Nestas palavras anuncia-se o cumprimento do desígnio que estivera oculto desde tempos eternos. Cristo estava prestes a visitar nosso mundo, e a

encarnar. Diz Ele: “Corpo Me preparaste.” Houvesse aparecido com a glória que possuía com o Pai antes que o mundo existisse, e não teríamos podido resistir à luz de Sua presença. Para que a pudéssemos contemplar e não ser destruídos, a manifestação de Sua glória foi velada. Sua divindade ocultou-se na humanidade – a glória invisível na visível forma humana [. . .] n * Textos bíblicos extraídos da versão Almeida Revista e Corrigida.

Os adventistas do sétimo dia creem que Ellen G. White (1827-1915) exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público. Os trechos acima foram extraídos de seu livro O Desejado de Todas as Nações (Casa Publicadora Brasileira), p. 22 e 23.

Dezembro 2017 | Adventist World

13


C R E N Ç A S

F U N D A M E N T A I S

Nosso

Ronny Nalin

NÚMERO 6

– mundo entre o passado e

Observando o cosmos através das lentes do Novo

A

vida é um dom inacreditável. Quando pensamos nas interações complexas que a tornam possível, experimentamos uma profunda sensação de reverência. Até os componentes inorgânicos de nosso sistema – do solo onde crescem nossas plantações ao ar que respiramos – fazem parte de um equilíbrio maravilhoso que liga os habitantes da Terra à sua habitação planetária. No entanto, nosso mundo é o palco onde testemunhamos diariamente eventos dolorosos e desoladores como doenças, catástrofes naturais, falta de recursos e a inclemência do clima em muitas regiões da Terra. Observando esse intrigante conglomerado de bem e mal, perguntamos: Foi assim que Deus planejou que o mundo deveria ser? Será que Ele planejou que vivêssemos em constante tumulto entre a alegria e o sofrimento? Nas páginas do Novo Testamento encontramos uma resposta coerente para essa pergunta, abordando as condições do nosso mundo de uma perspectiva cósmica. Mundo: um substantivo com muitas facetas

Como é o caso de muitas outras palavras, a palavra “mundo” tem significados distintos e pode ser associada a vários conceitos. Esse também é o caso de seu uso no Novo Testamento, em que, de fato, há pelo menos três palavras gregas diferentes que foram traduzidas como “mundo”. A primeira e mais comum é kosmos. Essa palavra pode se referir ao universo físico inteiro, como em Atos 17:24, onde Paulo descreve “O Deus que fez o mundo (kosmos) e tudo o que nele há”1 No entanto, mais com mais frequência, a ênfase é especificamente no domínio terrestre (e.g., Mt 26:13; Rm 10:18). O mundo é o palco no qual se desenrola o dilema da condição humana: “O pecado entrou no mundo (kosmos) por um homem” (Rm 5:12). Portanto, no Novo Testamento kosmos é geralmente utilizado com uma conotação espiritual, tornando-se o sinônimo de uma abordagem contrária aos princípios de Deus. Por exemplo, Tiago declara que “a amizade com o mundo [kosmos] é inimizade contra Deus”

14

Adventist World | Dezembro 2017

(Tg 4:4), e João declara que “o mundo todo está sob o poder do maligno” (1Jo 5:19). Quando consideramos essa conotação negativa da palavra kosmos, ficamos impressionados ao concluir que Deus amou tanto este kosmos a ponto de dar Seu único Filho para resgatá-lo (Jo 3:16). A segunda palavra grega traduzida como “mundo” é oikoumene. Esse substantivo é usado preferencialmente para se referir aos habitantes da Terra do que ao próprio planeta. Ela é encontrada em versos como Atos 17:31, onde Paulo diz que Deus “estabeleceu um dia em que há de julgar o mundo (oikoumene) com justiça”, ou Lucas 2:1, onde é declarado que o imperador César Augusto decretou que “todo o mundo (oikoumene) fosse recenseado” (Almeida Atualizada). Finalmente, a palavra grega aion às vezes também pode ser traduzida como “mundo”. Aion indica mais propriamente um período de tempo, uma época, o contexto temporal em que as coisas podem acontecer ou existir. Portanto, quando Paulo diz: “Não se amoldem aos padrões deste mundo (aion)” (Rm 12:2), ele se refere ao tempo presente, ao sistema das coisas em um mundo corrompido pelo pecado. O Mundo não é o mesmo do passado

Quando consideramos o que o Novo Testamento diz sobre o mundo em que vivemos, percebemos que a descontinuidade com o passado é o conceito principal. Pedro, por exemplo, falando sobre a terra antes do dilúvio, diz que “pela água o mundo (kosmos) daquele tempo foi submerso e destruído” (2Pe 3:6). A expressão “daquele tempo” indica um contraste e uma distinção entre o mundo presente e o antediluviano, que para nós agora está perdido. No entanto, uma mudança ainda mais importante que alterou as condições do mundo após a criação foi a entrada do pecado (Rm 5:12). A criação de Deus agora sofre sob a escravidão da corrupção (Rm 8:20-22). No mundo presente, os poderes das trevas (Ef 6:12) estenderam sua influência a ponto de seu comandante ser chamado de “príncipe deste


o futuro Testamento mundo (kosmos) (Jo 14:30) e “o deus deste mundo (aion)” (2Co 4:4, NTLH). O Mundo não será o mesmo no futuro

No entanto, a boa notícia do Novo Testamento é que também haverá uma clara descontinuidade entre o estado presente e o futuro das coisas. Em muitas passagens, a distinção é feita entre o que experimentamos agora e o que está por vir (e.g., Rm 8:38; 1Co 3:22; 1Tm 4:8; Hb 13:14). De um lado temos “este mundo [kosmos, aion]” (Jo 12:25; Rm 12:2; 1Jo 4:17) ou “o mundo [aion] presente” (2Tm 4:10). Por outro lado, temos referências explícitas de uma “era por vir [aion]” (Mt 12:32; Ef 1:21) e um “mundo [oikoumene] que há de vir” (Hb 2:5). O interessante é que a palavra kosmos nunca é usada para se referir ao mundo futuro, talvez devido à sua associação com o aspecto negativo da realidade atual.2 Ao usar termos diferentes, como “novos céus e nova Terra” (Ap 21:1), ou aion e oikoumene, os escritores do Novo Testamento enfatizaram uma mudança inconfundível no o antigo sistema de coisas. A nova dispensação não será uma mera modificação do presente, mas algo completamente novo: “e a morte já não existirá, já não haverá luto, nem pranto, nem dor, porque as primeiras coisas passaram. E Aquele que está assentado no trono disse: Eis que faço novas todas as coisas ” (Ap 21:4, 5).

A Criação

Deus é o Criador de todas as coisas, e revelou nas Escrituras o relato autêntico de Sua atividade criadora. “Em seis dias, fez o Senhor os Céus e a Terra” e tudo que tem vida sobre a Terra, e descansou no sétimo dia dessa primeira semana (Êx 20:11). Assim Ele estabeleceu o sábado como perpétuo monumento comemorativo de Sua esmerada obra criadora. O primeiro homem

Clareza, resiliência e esperança

A aceitação da descrição do Novo Testamento sobre o mundo, agora caído, mas que no futuro será totalmente novo influencia de várias maneiras práticas o modo como vivemos nosso testemunho cristão. Quando consideramos o passado, recebemos mais clareza para evitar atribuir a Deus as realidades malignas com as quais Ele não está associado. Enquanto vivemos no presente, somos estimulados a ser resilientes, considerando como a mão de Deus ainda é visível no kosmos, apesar dos milênios de pecado e degeneração após a queda. Finalmente, quando olhamos para o futuro, somos inundados por uma esperança contagiante, ao esperarmos novos Céus e nova Terra, nos quais habita a justiça (2Pe 3:13). n 1 Todos

os textos bíblicos, a menos que indicado, foram extraídos da Nova Versão Internacional. 2 Veja G. Kittel, G. W. Bromiley e G. Friedrich, Theological Dictionary of the New Testament: Abridged in One Volume (Grand Rapids: Eerdmans, 1985), p. 462.

Ronny Nalin, Ph.D., é cientista associado

do Instituto de Geociência da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia e vive com sua esposa Elisa e duas filhas, em Mentone, Califórnia (EUA).

e a primeira mulher foram formados à imagem de Deus como obra-prima da criação, foi-lhes dado domínio sobre o mundo e atribuiu a eles a responsabilidade de cuidar dele. Quando o mundo foi concluído, ele era “muito bom”, proclamando a glória de Deus. (Gn 1; 2; 5; 11; Êx 20:8-11; Sl 19:1-6; 33:6, 9; 104; Is 45:12, 18; At 17:24; Cl 1:16; Hb 1:2; 11:3; Ap 10:6; 14:7.) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 6

Dezembro 2017 | Adventist World

15


D E V O C I O N A L

F R A N C I S C O

Qual é o caminho para

casa?

A N Z O L A

Shawna Vyhmeister

Quando Ele nos envia para algum lugar, promete ficar ao nosso lado.

N

osso carro sacudiu até parar, e meu marido entrou atrás de outro carro estacionado para liberar o tráfego daquela rua estreita. Onde estávamos? Por que as ruas eram tão estreitas, lotadas, e mesmo assim as pessoas estacionavam livremente dos dois lados? Onde estava o Shopping Center que estávamos procurando? A tensão aumentou quando a luz e a bateria do celular/GPS foi ficando cada vez mais baixa. Tínhamos chegado ao Líbano algumas semanas antes, para trabalhar na Universidade do Oriente Médio. Ao nos

16

Adventist World | Dezembro 2017

prepararmos para mudar do quarto de visitas, no campus, para nosso apartamento, precisávamos das provisões básicas. Com a rotina ocupada da escola, nos sobrava pouco tempo para o essencial, quanto mais para o luxo de fazer compras com calma. Assim, esperávamos encontrar rapidamente o que precisávamos, e voltar correndo para casa. “Precisamos virar à esquerda no próximo cruzamento.” A voz de Ron me trouxe de volta para o presente quando ele me entregou o celular e saiu da vaga do estacionamento temporário. Para mim, o mapa parecia bem claro; no entanto, na vida


real, as estradas pareciam sempre mais estreitas e mais congestionadas do que aparentavam no mapa. Mas, infelizmente, a “próxima à esquerda” era um viaduto, e ele passou voando sem termos uma oportunidade de virar. Após vários outros desvios e 45 minutos vendo certas partes de Beirute que espero nunca mais ver de novo, finalmente chegamos ao nosso destino para então fazer nossas compras. Encontramos produtos de limpeza, o básico para montar nossa cozinha, e até um aspirador de pó, com o bônus adicional de estar em liquidação. Em um daqueles momentos privilegiados, até descobrimos que no Shopping Center havia um lugar para recarregar nosso celular enquanto fazíamos as compras. A maneira de Deus cuidar de cada detalhe é impressionante! Logo tínhamos realizado nossa missão e estávamos prontos para voltar para casa. É claro que a essa altura o entardecer já havia se transformado em escuridão completa. Depois de experimentar os desafios das ruas da cidade, do tráfego e da falta de precisão do GPS em nos guiar ao nosso destino, fiquei tensa ao entrar no carro para a viagem de retorno. A escuridão certamente não facilitou as coisas. Como esperado, houve muitos erros e retornos em U, mas, olhando pelo lado positivo, pelo menos vimos uma parte diferente da cidade da que vimos na ida. Procure um ponto de referência

A Universidade do Oriente Médio, onde trabalhamos, situa-se no topo de uma linda colina, com uma vista da cidade de Beirute de tirar o fôlego e, por trás, o Mar Mediterrâneo. Como uma das cidades mais antigas do mundo, sua área foi demarcada há 5 mil anos e há letras do século 14 a.C. escritas para um Faraó egípcio, denominando a cidade de “Biruta”. Nesse lugar maravilhoso, as estradas começam a fazer mais sentido. A maioria delas foi construída muito antes de termos problemas de congestionamento no trânsito. Sem carros, as estradas estreitas não eram uma preocupação. Nem a falta de estacionamento era problema na época, como é agora. Mas dirigir nessa metrópole moderna hoje, com suas ruas de mão única e estreitas, e cruzamentos irregulares, detém seus desafios, principalmente para os inexperientes e que se confundem facilmente. Quando chegamos à estrada principal, e alguns pontos familiares começaram a aparecer, comecei a relaxar um pouco. Mas havia um grande trecho de estrada entre a rodovia e o caminho familiar sinuoso que levava à universidade. Todas as vezes que cruzamos aquela área, parecia diferente. Dirigir no escuro foi um desafio, especialmente para mim. Quando Ron virou para lá e para cá, seguindo uma lógica interior conhecida somente pelos homens e pelos pombos quando voltam para casa, mais uma vez senti minha pressão arterial subir. Quando, finalmente, eu iria aprender a andar nesse lugar que agora era a minha casa?

De repente, enxerguei algo. Há um cruzamento no formato de um triângulo, próximo à base da nossa colina, onde se encontra uma imagem de Cristo sobre a cruz. Mesmo à noite, ela é bem iluminada. Relaxei de minha tensão quando concluí que dali eu conseguiria chegar em casa. Uma sensação maravilhosa aliviou completamente minha tensão quando percebi que sempre foi assim. Se conseguimos encontrar o caminho até o pé da cruz sempre podemos encontrar o caminho para casa. Mesmo em um país desconhecido e novo, a cruz de Cristo nos torna irmãos e irmãs – uma família. Ao vermos a Cristo tudo se acomoda e faz sentido. Nesse lugar novo e confuso, essa simples lição de confiança tem me ajudado a me adaptar e a me sentir em casa. É claro que sempre há desafios e estresse quando se vive em um país novo e estrangeiro. Mas também há bênçãos em abundância. Nãome surpreende que o povo daqui seja maravilhoso, a comida deliciosa, e o clima… bem, é o Mediterrâneo! No entanto, há também as tensões centenárias do Oriente Médio. Há necessidades incríveis entre os refugiados que vieram da Síria devastada pela guerra, e de outros países próximos também em conflito. Há necessidades profundas na universidade onde trabalhamos. Há desafios quase impossíveis quando tentamos compartilhar o evangelho nesta parte do mundo, onde apenas aproximadamente 3% da população é cristã. Mas a situação ao nosso redor não importa. Lembro-me de Êxodo 4:11 e 12 onde lemos sobre a apreensão de Moisés diante do imenso desafio colocado à sua frente – e ele se sentiu completamente incapaz de cumprir. “Disse-lhe o Senhor: Quem deu boca ao homem? Quem o fez surdo ou mudo? Quem lhe concede vista ou o torna cego? Não sou Eu, o Senhor? Agora, pois, vá; Eu estarei com você, ensinando-lhe o que dizer” (NVI). As nossas necessidades são as oportunidades de Deus, e todas as providências já foram tomadas. Deus nos deu um trabalho a fazer, e prometeu nos ajudar durante o percurso. O tumulto em nossa região se transformou em oportunidade de levar o evangelho. Nossa inadequação a uma igreja minúscula em um lugar enorme tem nos forçado a depender de Deus, o que, na verdade, é muito bom. Recebemos esse lembrete todas as vezes que estamos dirigindo para nossa casa – Cristo levantado na cruz. Esse é o nosso guia, nosso marco. Não importa de onde somos e para onde estamos indo. Enquanto estivermos vendo a cruz de Cristo, sabemos onde estamos: quase chegando em casa. n

Shawna Vyhmeister, Ph.D., é professora

e diretora de pesquisa na Universidade do Oriente Médio, Beirute, Líbano.

Dezembro 2017 | Adventist World

17


A R T I G O D E C A PA

Comprom John Bradshaw

A

Ilha Roosevelt, na cidade de Nova York, é uma faixa estreita de terra com pouco mais de 3 quilômetros de comprimento, no rio East, entre Manhattan e o lado oeste de Long Island. Atualmente, ela é conhecida por seu icônico trem aéreo que liga a ilha ao lado leste de Manhattan. No entanto, no século 19, lamentavelmente ela ficou conhecido por outros motivos. Em 1887, a Ilha Roosevelt era conhecida como Ilha de Blackwell, e abrigava um hospital, uma penitenciária e outras instituições construídas pela cidade de Nova York – inclusive o Hospital Psiquiátrico da Ilha de Blackwell. O hospital psiquiátrico foi reformado para ser uma instituição impecável, onde seriam utilizados os métodos de tratamento mais avançados disponíveis na época. O objetivo da cidade de Nova York era acabar com os hospitais mentais sujos, perigosos, superlotados, nos quais os pacientes eram alimentados com alimentos rançosos, estragados, além de ser submetidos a tratamentos bárbaros e frequentemente vigiados por presidiários do presídio vizinho. As histórias dos abusos e crueldade desmedida cometidos no Hospital Psiquiátrico de Blackwell apareciam com frequência nos jornais. Em 1879, o Times de Nova York publicou um artigo intitulado “Tormento Insano”. Em 1887, a jornalista Nellie Bly se fez de débil mental para ser internada no hospício, e expor a realidade das

18

Adventist World | Dezembro 2017

Muitas vezes é necessário o compromisso radical com uma causa para que haja mudanças duradouras.


isso Radical condições que predominavam ali. Ela escreveu um artigo sobre a realidade chocante durante sua estada de dez dias em um hospital superlotado, que foi publicado pelo jornal New York World, pertencente na ocasião a Joseph Pulitzer, e no livro Ten Days in a Madhouse (Dez Dias em um Hospício), publicado no mesmo ano. Bly descreveu o hospício como uma “ratoeira humana”. “É fácil entrar”, escreveu ela, “mas uma vez lá dentro, é impossível sair.” Após ser admitida, ela parou de agir como débil mental. “No entanto, quanto mais racionalmente eu agia e falava”, disse ela mais tarde, “mais me consideravam louca.” Como resultado da estada de Nellie Bly no Hospital Psiquiátrico de Blackwell e a divulgação e publicidade que recebeu, a cidade investiu um milhão de dólares na instituição, liberou pacientes imigrantes que foram internados simplesmente porque não compreendiam seu idioma, e despediram muitos funcionários. A disposição de Bly de se tornar um dos esquecidos, oprimidos, maltratados, resultou em uma mudança monumental, melhorando a vida de milhares de pessoas. Ele veio para o que era Seu

Pode ser dito que o mundo no qual Jesus entrou 2 mil anos atrás era um hospício. Na época do nascimento de Jesus, a Galileia era governada por um tirano paranoico que ordenou a execução de todos os bebês da cidade de

F O T O :

G I N O ’ S

P H O T O S / T H I N K S T O C K

Belém. A reputação de Nazaré, cidade em que Jesus foi criado, era tão má que um dos futuros discípulos de Jesus perguntou se alguma coisa boa podia sair daquele lugar (Jo 1:46). O mundo sombrio daquele hospício insano onde Nellie Bly entrou era cruel e implacável. O mundo em que Jesus entrou era monstruosamente pior. Na época em que Jesus veio para a Terra, “o pecado se tornara uma ciência, e era o vício consagrado como parte da religião.”1 O que teria levado alguém como Nellie Bly a tomar uma decisão tão arriscada, e potencialmente tão perigosa? Nellie tinha uma grande personalidade. Mais tarde na vida ela se tornou inventora e empresária de sucesso. Entre esses dois períodos ela estabeleceu um recorde pela viagem de volta ao mundo mais rápida, chegando a Hoboken, Nova Jersey, 72 dias após sua partida. Nascida um ano antes do término da Guerra Civil, e criada perto de Pittsburgh, Pensilvânia, Nellie Bly viveu uma vida vibrante cheia de aventura e notoriedade. Na opinião da maioria, sua contribuição mais efetiva para o mundo foi seu serviço em favor dos desfavorecidos. Muitas vezes é necessário um comprometimento radical para realizar mudanças duradouras. Pense em Gandhi, Dr. Martin Luther King Jr., ou Nelson Mandela. Todos provocaram mudanças a um custo pessoal enorme. No entanto, é a encarnação de Jesus – o divino Filho de Deus, vindo

a esta Terra para viver como homem – que representa a demonstração mais assombrosa de altruísmo já presenciada. Não foram dez dias em um hospício seguidos de uma ordem judicial de liberdade, e então, artigos, livros, aventura e riqueza. Ele era o Soberano do Universo que deixou o Céu – que “olho não viu nem ouvido ouviu” – e entrou em um mundo corrompido no qual os inimigos de Deus queriam tirar Sua vida. Jesus ainda era bebê quando Seu pai terreno fugiu de Belém com sua família para que Ele não fosse morto. Nascimento com propósito

A encarnação de Cristo, porém, não seria como qualquer outra história de nascimento. Ou seja, Jesus nasceu com um propósito. Um propósito específico. E aquele propósito ainda está sendo trabalhado na vida de milhões de pessoas. Falando sobre Jesus, Paulo escreveu em Filipenses 2:6 e 7 “que, embora sendo Deus, não considerou que o ser igual a Deus era algo a que devia apegar-Se; mas esvaziou-Se a Si mesmo, vindo a ser servo, tornando-Se semelhante aos homens” (NVI). Jesus era um homem com uma missão. Os presidiários do planeta Terra devem ter a oportunidade de conhecer o verdadeiro Deus e experimentar a salvação que liberta do pecado. Imagine, por um momento, se a missão de Nellie Bly tivesse terminado em fracasso. Pense no que teria sido dos sofredores naquele hospital psiquiátrico

Dezembro 2017 | Adventist World

19


A R T I G O D E C A PA

de Nova York, mulheres forçadas a permanecer assentadas durante o dia todo em bancos duros e em silêncio obrigatório, os pobres coitados sendo mergulhados em água congelante e totalmente separados do mundo exterior. O que teriam feito? “Dois meses teriam acabado com minha integridade física e mental”, escreveu Nellie Bly. Felizmente, ao fim, sua missão foi bem-sucedida. Mas, e se a missão de Jesus tivesse que terminar em fracasso? Mateus 1:21: “Ela dará à luz um filho, e você deverá dar-Lhe o nome de Jesus, porque Ele salvará o Seu povo dos seus pecados.” Esse é o significado da encarnação. Pessoas sendo salvas do pecado. Em termos de salvação, a encarnação e morte de Jesus na cruz são acontecimentos históricos. Mas Sua obra ainda não está totalmente concluída. Um dia, enquanto falava para um grupo de líderes judeus, Jesus fez uma declaração fascinante. Ao ser acusado de blasfêmia e de transgredir o sábado, Ele disse, em João 5:40: “Contudo, vocês não querem vir a Mim para terem vida.” É interessante que Jesus não disse que o problema deles era seu pecado. Ele poderia e estaria certo. Contudo, Ele os abordou por outro ângulo. No entanto Seus ouvintes se recusaram a reconhecer que a solução para o pecado estava entre eles. A despeito do que sabiam sobre Jesus e Sua missão, não quiseram ir a Ele. Tinham total conhecimento de que Zacarias, o sacerdote, havia perdido a habilidade de falar pela intervenção de Deus. Nenhum sacerdote em Jerusalém ficava mudo sem provocar um tumulto. Esses líderes ouviram o testemunho dos pastores que diziam ter ouvido anjos anunciando o nascimento do Salvador. Sabiam que um grupo de filósofos

20

Adventist World | Dezembro 2017

tinha visitado Jerusalém e perguntado sobre o Messias. Sabiam da visita de Jesus ao templo quando tinha 12 anos de idade, e haviam ouvido João Batista anunciar que Jesus era o “Cordeiro de Deus”. Era muito conhecido o fato de que Jesus transformou água em vinho, curou vários doentes, e expulsou demônios. Eles sabiam! Mesmo assim, não quiseram “vir a Mim para terem vida”. Jesus sabia que ao vir à Terra estaria entrando em território hostil. “Veio para o que era Seu, mas os Seus não O receberam.” A Luz brilhou na escuridão, “e as trevas não a derrotaram” (Jo 1:11, 5). A despeito da profecia de Daniel que revela quando Jesus seria ungido Messias – e o tempo aproximado de Seu nascimento – o próprio povo encarregado de preparar o mundo para o advento do Messias estava dormindo no volante da salvação. Na direção do nosso coração

A encarnação foi algo maravilhoso, um milagre, um fenômeno sobrenatural. O Criador do Universo nasceu de uma mulher. Mas, há 2 mil anos, a encarnação de Jesus foi ignorada pelo povo que mais deveria festejá-la. Será que é possível a história se repetir? A pergunta para o povo de Deus hoje é: O que você está fazendo em relação à encarnação? Assim como os líderes religiosos no tempo de Jesus, nós também sabemos de tudo. Sabemos o que eles sabiam – a água em vinho, mortos ressuscitados, os olhos dos cegos sendo abertos e coxos andando e em pulos adorando a Deus – e sabemos muito mais do que isso. Sabemos como Deus agiu milagrosa e providencialmente durante os últimos 2 mil anos, e vemos como Ele tem agido em nossa vida. Tivemos orações respondidas,

recebemos milagres ou, no mínimo, ouvimos sobre como Deus atuou na vida de outros. Tudo isso são evidências de que Jesus é o Filho de Deus, que veio a este mundo para nos dar vida eterna. Jesus não veio à Terra simplesmente para nos impressionar com o que a divindade é capaz de fazer, ou para amolecer nosso coração endurecido com imagens mentais encantadoras de um bebê que nasceu onde eram postos os animais. Jesus veio à Terra com uma missão. A encarnação foi um evento de tirar o fôlego, que deu início ao Seu ministério terrestre, dando a toda a família humana a oportunidade de possuir vida eterna. De fato, a encarnação de Jesus está intrinsicamente ligada ao Seu ministério atual no santuário celeste. Hebreus 2:17 diz: “Por essa razão era necessário que Ele Se tornasse semelhante a Seus irmãos em todos os aspectos, para Se tornar sumo sacerdote misericordioso e fiel com relação a Deus, e fazer propiciação pelos pecados do povo.” Explicando melhor, o autor continua: “Porque, tendo em vista o que Ele mesmo sofreu quando tentado, Ele é capaz de socorrer aqueles que também estão sendo tentados” (Hb 2:18). A encarnação teve um propósito. Ela mostra um Salvador que veio a um planeta de loucos não apenas para doar, mas para continuar doando. Jesus veio a um mundo cheio de miséria e desespero “para ajudar os que são tentados”. A encarnação era a garantia de Deus para nós de que milhares de anos no futuro, Jesus, como Sumo Sacerdote continuaria a oferecer ajuda a todos os que lutam contra o pecado. Conhecedor de nossas batalhas, Ele não nos deixaria esquecidos, lutando, sem ninguém para ajudar. Pela experiência,

F O T O :

G I N O ’ S

P H O T O S / T H I N K S T O C K


Jesus compreende os desafios que enfrentamos e prometeu dar força a todo aquele que solicitar Sua ajuda. Neste Natal vamos e devemos cantar “Num Berço de Palha” e “Noite de Paz”. São lindas canções que evocam fortes emoções e une nosso coração ao coração de Deus. E nos lembraremos de que a encarnação de Jesus teve um propósito. Jesus veio a este mundo para nos salvar do pecado, e pouco mais de 30 anos depois de nascer em Belém, Ele subiu ao Céu para que “aproximemo-nos do trono da graça com toda a confiança, a fim de recebermos misericórdia e encontrarmos graça que nos ajude no momento da necessidade” (Hb 4:16). Todo pecador consciente de que necessita da graça de Deus pode se lembrar da encarnação e saber que Jesus nasceu com um propósito: “a fim de restaurar no homem a imagem de seu Criador. Ninguém, senão Cristo é capaz de remodelar o caráter arruinado pelo pecado. Veio para expelir os demônios que haviam dominado a vontade. Veio para nos erguer do pó, reformar o caráter manchado, segundo o modelo de Seu divino caráter, embelezando-o com Sua própria glória.”2 A encarnação de Cristo é sua certeza de que Ele fará exatamente isso por você. n 1 Ellen

Jesus sabia que ao vir à Terra estaria entrando em território hostil. – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 21

G. White, O Desejado de Todas as Nações, p. 21.

2 Ibid., p. 22.

John Bradshaw é diretor e orador do ministério Está Escrito e vive com a família no Tennessee, Estados Unidos.

Dezembro 2017 | Adventist World

21


V I D A

A D V E N T I S T A

Jennifer Sigler e Micheal Goetz

Criando Espaco Método de retenção no Colégio Campion

22

Adventist World | Dezembro 2017

Goetz, o diretor Don Reeder e outros, trocaram ideias sobre maneiras de fortalecer o discipulado dos estudantes no campus. Concordaram que os jovens devem ser treinados por tutores, oferecendo aos estudantes a oportunidade de ser “donos” da sua igreja local. O plano missionário desenvolvido por eles foi “tornar os jovens adventistas do sétimo dia líderes de sua igreja como missionários do evangelho aonde quer que fossem”. Começaram pedindo a ajuda dos funcionários da escola, solicitando que animassem os alunos a participar dos cultos da igreja, todas as semanas. Então, o preceptor dos rapazes recrutou um grupo de estudantes do dormitório para recepcionar as pessoas no estacionamento, no sábado de manhã. Os alunos cumprimentavam os visitantes assim que chegavam, indicavam a vaga para estacionar, ajudavam a levar as vasilhas com a comida para o “junta panelas” e ofereciam guarda-chuva quando necessário. Os alunos que continuavam com seu compromisso desempenhavam um papel importante na hospitalidade da igreja. Crescimento do programa

Hoje a Igreja e o Colégio Campion trabalham ainda mais juntos para “incentivar o crescimento de uma geração que sabe como participar da igreja local, estar envolvida e participar da missão”, explica Rob Carlson, capelão da Campion. A Igreja Campion avançou além dos alunos recepcionando no estacionamento. Identificaram várias outras possibilidades de envolver os alunos em tudo, da recepção à performance musical, ajuda na Escola Sabatina, diaconato

S I G L E R

Adotando a ideia

J E N N I F E R

A

o esperar um voo que saía de Chicago, Michael Goetz, pastor da Igreja de Campion, ficou observando os passageiros no balcão de serviço ao cliente da United Airlines, tentando negociar voos alternativos após a perda ou cancelamento de seu voo. As filas eram longas e os funcionários atrás do balcão estavam ocupados. Logo, percebeu alguns jovens usando camisetas em tom amarelo neon, da United, que andavam do começo ao fim das filas perguntando se podiam responder a alguma pergunta ou esclarecer qualquer dúvida. Eles não conseguiam resolver muitos dos problemas, mas estavam fazendo o seu melhor para ouvir e ajudar. Baseado nessa experiência, Goetz concluiu três coisas: 1. Os jovens estagiários eram nitidamente identificados como funcionários da United. Eles eram “propriedade” da United, e tinham senso de pertencimento à United. 2. Embora não tomassem decisões corporativas, pilotassem aviões ou ajustassem os planos de voo, os jovens estavam contribuindo e, aparentemente, a United estaria incluída em seu futuro. 3. Apesar de aparentemente a atividade realizada por aqueles jovens não resultar em consequências maiores, os clientes pareciam apreciar ter alguém tentando ajudá-los. Os estagiários eram importantes para a eficácia geral da United Airlines. Esse modelo empresarial impressionou Goetz como sendo paralelo ao objetivo da igreja ao discipular os jovens. Devido ao Colégio Campion, em Loveland, Colorado, estar localizado próximo à Igreja Campion, ele podia imaginar todo o campus colaborando na orientação dos estudantes e dando a eles um senso de pertencimento à igreja.

e muito mais. Os professores de Bíblia da escola estão requerendo dos alunos sua participação em pelo menos dez atividades da igreja ou de serviço comunitário durante o ano escolar, assim os alunos estão encontrando múltiplas maneiras de tomar “posse” de sua igreja. “Normalmente eu participo do louvor e adoração, mas já participei do ministério do estacionamento também”, diz a aluna Ashley Halvorsen. “Prefiro fazer parte da equipe de louvor ou tocar violino. Mesmo que não fosse um requisito [para a matéria de Ensino Religioso], eu tocaria lá na frente.” O sucesso do programa, de certa forma depende da disposição dos membros de serem mentores dos adolescentes. Carey Jordan lidera uma classe de Escola Sabatina de adolescentes com a ajuda de um grupo importante de alunos. Ela depende dos estudantes para liderar a equipe de louvor e passar a lição todas as semanas. “Se fico sabendo que eles virão, posso dar algo para fazerem”, diz Jordan. Outros departamentos também estão dispostos a participar. Os anciãos explicam como convidar a congregação para o culto, e o pastor do culto ensaia os hinos de louvor com os alunos músicos.


J O H N N Y

L O I

A colaboração do Colégio Campion na igreja permitiu que muitos estudantes encontrassem um nicho de envolvimento, e uma vez que eles assumem a propriedade da igreja, captam a visão de como a igreja deve ser. “Interagir em nossa igreja é bom para nós”, diz a aluna Delainey Kamarad, “mas seria legal se pudéssemos abrir oportunidades ainda maiores – como ajudar na comunidade em vez de só participar na igreja.” Trabalhar com adolescentes como Dalainey incentiva os administradores e pastores a equipar os jovens para ser proprietários da Igreja Adventista. Onde quer que os estudantes vão, devem ser membros de uma equipe da igreja local.

“Eu amo esta igreja”, disse Celine Lumowa, que dirigiu a equipe de louvor dos cultos vespertinos, na capela, quando cursava seu último ano do ensino médio em Campion, no ano passado. “Eles incentivam nossa participação.” “Lá, nós não só vamos à igreja”, acrescenta o formando Logan Carle, que toca sua flauta de fole durante os momentos de louvor, “na verdade somos parte da igreja.”

Acima: Alunos do Colégio Campion e do ensino doméstico, ajudam nos momentos de louvor do culto, na igreja internacional do colégio. Esquerda: Um membro da equipe do estacionamento, dá as boas-vindas com entusiasmo aos veículos que entram no campus. Abaixo: A caloura Kryssie Starrett distribue pão e suco de uva durante cerimônia de Santa Ceia, na Igreja Campion.

Colaborando com a missão

D A N T U R K

Junior James Freeman ajuda na operação das câmaras e do som para os cultos da igreja. “Eles me treinaram”, explica. “O desafio era totalmente novo para mim. Mas acho muito bom que o programa não seja todo realizado pelos adultos. Estão deixando os adolescentes ajudarem também, pois eles são bons nesse tipo de atividade.”

O modelo da United Airlines

“Existe um grande desejo de que igreja e escola trabalhem juntas”, diz Carlson. “É emocionante participar desse projeto!” Carlson trabalha com a comissão da vida espiritual, na qual também participam os diretores do Colégio Campion e da Escola Adventista H.M.S. Richards, os pastores da igreja e os professores de Bíblia. O grupo se reúne mensalmente para revisar e implementar os alvos espirituais. O diretor Reeder incentiva o grupo a se concentrar no objetivo da educação adventista: apoiar a missão da igreja. As escolas adventistas, diz ele, são a ferramenta que a igreja está usando para levar o evangelho ao mundo. “Estamos cansados de ouvir a declaração: ‘Nossos filhos estão deixando a igreja’”, diz Reeder. “Cremos que treinando os estudantes para participar e ser parte da igreja, quando deixarem o Colégio Campion estarão treinados para liderar suas igrejas locais e será menos provável que abandonem a igreja.” Reeder parafraseia Filemon 6 como a base de sua crença: “Oro para que Deus dê a você a chance de compartilhar sua fé para que tenha o pleno conhecimento de Cristo”. Somente assumindo a propriedade de sua igreja é que os jovens poderão conhecer a plenitude de nosso Salvador, diz ele.

O modelo usado pela United Airlines funcionou no campus do colégio Campion: Os jovens se identificaram como parte de uma equipe. Eles se consideram parte contributiva da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Ao participar nos vários ministérios, mesmo não fazendo parte das comissões, esses jovens estão contribuindo com o ministério geral da igreja. E as atividades nesse nível os incentivará a continuar comprometidos no futuro. Os membros da igreja ficam sensibilizados e emocionados quando um jovem se oferece para carregar a comida, levá-los sob o guarda-chuva e contar histórias para as crianças na Escola Sabatina. A participação dos “estagiários” no ministério melhorou o impacto e a efetividade da Igreja Campion sobre sua comunidade. Como observado por Delainey, há mais trabalho a ser feito. À medida que mais adolescentes captam a centelha da missão da igreja, o anseio do Colégio Campion é continuar se esforçando para trabalhar de mãos dadas com a força dos jovens. Para saber mais sobre o Colégio Campion, acesse www.campion.net. n

Jennifer Sigler é professora de inglês no Colégio Campion, em Loveland, Colorado, USA. Micheal Goetz é pastor da igreja Campion.

Dezembro 2017 | Adventist World

23


H E R A N Ç A

A D V E N T I S T A

A

pós a morte de Ellen G. White, em 1915, C. C. Crisler, como a maioria dos funcionários dela, estava à procura de um emprego. Sua oportunidade chegou no Concílio Anual de 1915, quando trabalhou temporariamente como estenógrafo. Após a apresentação de um relatório sobre as atividades missionárias em curso, A. G. Daniells, presidente da igreja, convidou Crisler a ir para a China, como missionário. Presume-se que Crisler conversou sobre o convite com sua esposa Minnie (1874-1963), e com a filha Beatrice. Eles aceitaram imediatamente o chamado para a Divisão Asiática. Em poucas semanas Clarence Crisler estava em um “tour” pela Ásia Oriental com um grupo de novos missionários e líderes da igreja. Em 2 de novembro de 1916, ele partiu a bordo do navio chamado China. Sua família foi ao seu encontro no mês de março.1 Realizações de um missionário

Crisler chegou a tempo de participar na formação da Divisão Associação Asiática, uma reunião fundamental que colocou as Missões dentro das Uniões como parte de uma Divisão da Igreja mundial. Ali, foi eleito como secretário, encarregado de desenvolver a literatura.2 Naturalmente, além das atividades na área de publicação, também ajudou a coordenar o trabalho relacionado com a obra médica e educacional. Com a erupção da 1-ª Guerra Mundial, a igreja foi forçada a transferir seus recursos para locais mais seguros. Como resultado, a igreja investiu uma quantia significativa de fundos enviando missionários para a Ásia. Essa “época de ouro” das missões adventistas foi um período decisivo na produção de novos materiais. Nessas terras, Crisler foi levado a compartilhar as boas-novas do breve retorno de Cristo.3 Ele usou livros,

24

Adventist World | Dezembro 2017

Michael W. Campbell

Escapando pelo

telhado

Aventuras missionárias de Clarence C. Crisler F O T O :

A R Q U I V O S

D A

A S S O C I A Ç Ã O

G E R A L


mapas e outros recursos e se lançou ao trabalho no aprendizado do idioma. O povo chinês, escreveu ele, “está entre os mais cativantes de todos os povos da terra”.4 O grande desafio era como alcançar tantas pessoas, um trabalho que só podia ser realizado por meio da intervenção divina. Crisler acreditava que a chave para o sucesso da obra estava no treinamento e na capacitação dos líderes locais que, com o tempo, se tornariam o recurso mais efetivo para a evangelização do seu próprio povo. No limite

Nesse tempo, a vida na China estava longe de ser pacífica. Alguns se lembrarão da Rebelião Boxer, quando muitos cristãos foram mortos. Crisler reconheceu que a responsabilidade da missão que tinham era maior do que seu preço. Uma das histórias mais dramáticas

do que significa viver “no limite” ocorreu durante a severa perseguição em Hunan, China. Um período de grande estresse, realmente, foi quando soldados do norte lutavam contra facções comunistas. Crisler era muito grato pelos obreiros dedicados e leais aos “fundamentos de nossa fé”. Por muitos anos, devido às tensões na região, ele não conseguiu visitar os obreiros. Surgiu uma oportunidade de se encontrarem nos dias 17 a 22 de fevereiro de 1927. Segundo relato pessoal de Crisler, no dia anterior à reunião, vários dos que já tinham pertencido ao seu grupo prenderam os crentes dentro da igreja para matá-los. Os membros escaparam, um por um, arrastando-se pelo telhado. Como a sede da missão tinha sido fechada pelas autoridades, uma tempestade impediu seus inimigos de segui-los em uma caçada pela lama, fora da cidade. Crisler descreveu aquela como uma das melhores reuniões que já tiveram, culminando com a celebração da Santa Ceia sobre o piso enlameado. Após escaparem, alguns se esconderam, e outros poucos até morreram. Esse foi o início de uma das perseguições mais severas enfrentada pela igreja.5 Histórias semelhantes não eram incomuns para Crisler que, em várias ocasiões, declarou ter sido perseguido por bandidos que atiraram contra ele, e quando escreveu os obituários de outros missionários e obreiros da igreja, reconheceu quão perigosa era a vida.6 “Muitos foram e muitos ainda estão sendo perseguidos e aprisionados”, relatou.7

M I C H A E L

W.

C A M P B E L L

Legado

Os membros da igreja ficaram chocados quando souberam que Crisler havia morrido quando estava indo ajudar a estabelecer a mensagem adventista no Tibete. Não estava se sentindo bem quando partiu, e embora tenham conseguido um avião para buscá-lo em uma aldeia remota no nordeste da

China, este não chegou a tempo. Crisler morreu vítima de pneumonia.8 O avião emprestado transportou sua família e líderes da missão para o funeral.9 Seu tremendo exemplo de compromisso e sacrifício serviu de inspiração para muitos dos futuros missionários. Um grupo de estudantes, quando ouviu de sua morte, dedicou sua vida ao evangelismo ativo. O amor profundo de Crisler pelo povo chinês fez dele um dos missionários mais influentes naquela terra.10 Recentemente fui ao nordeste da China tentar encontrar a sepultura de Crisler. Encontrei seus restos, escondidos por muitos anos, na encosta de uma colina, esperando pelo chamado do Doador da vida. Ajoelhado, ao redor de sua tumba, nosso pequeno grupo reunido pediu a Deus que nos ajudasse a ser fiéis até que Ele venha outra vez. n 1 Veja

nota na Review and Herald, de 22 de março de 1917, p. 24. Division Conference: Summary of Proceedings of the First Session, Shanghai, 5-24 de 1917,” Review and Herald, 21 de junho de 1917, p. 16, 17. Veja também, Reflexões Pessoais de Crisler: C. C. Crisler, “Asiatic Division Conference Session Notes – No. 2,” Review and Herald, 14 de junho de 1917, pp. 11, 12. 3 C. C. Crisler, “Asiatic Division Conference Session Notes – No. 2,” Review and Herald, 14 de junho de 1917, p. 11, 12. 4 C. C. Crisler, “Advance Returns From China,” Review and Herald, 30 de outubro de 1930, p. 12, 13. 5 Esse relato é baseado no artigo de “Our Faithful Chinese Workers in Hunan,” Review and Herald, 12 de maio de 1927, p. 9, 10. 6 Nota da carta de C. C. Crisler citada por H. W. Miller, M.D., “Delivered From Bandits,” Review and Herald, 31 de janeiro de 1935, p. 24. 7 Cf. “Our Fallen Coworkers,” Review and Herald, 11 de junho de 1931, p. 21. 8 Frederick Lee, “A Challenge to the Remnant Church,” Review and Herald, 23 de abril de 1936, p. 1; M. E. Kern, “Death of C. C. Crisler,” Review and Herald, 9 de abril de 1936, p. 24. 9 Nota sobre uma fotografia do funeral no Patrimônio Literário de Ellen G. White observa que o avião usado era de General Chang. Discreta reportagem publicada na Review and Herald referem a Miller conseguindo o avião de um “amigo”. 10 Para estudo detalhado, leia Michael W. Campbell, “Power, Print, and Martyrdom: C. C. Crisler and the Development of Seventh-day Adventist Missions in China, 1916-1936,” Ching Feng: A Journal on Christianity and Chinese Religion and Culture 13, no. 1 (Spring 2014): 177-195. 2 “Asiatic

Michael W. Campbell, Ph.D.,

é professor associado de estudos teológicos/históricos no Instituto Adventista de Estudos Avançados, nas Filipinas.

Dezembro 2017 | Adventist World

25


R E S P O S T A S

A

P E R G U N T A S

B Í B L I C A S

“É dessa forma Qual era a função dos

secretários

que escrevo

Os estudiosos têm examinado a arte de escrever cartas na época do Novo Testamento, comparando com o que encontramos nas cartas apostólicas. Vamos compartilhar algumas dessas informações e ver como nos ajudam a compreender o costume de Paulo. 1. Paulo e os secretários: Paulo indica o uso de secretários quando diz: “Veja com que letras grandes estou escrevendo de próprio punho” (Gl 6:11; veja também Fm 19)*, ou “Eu, Paulo, escrevi esta saudação de próprio punho” (1Co 16:21; Cl 4:18). A prática de finalizar a carta com uma saudação funcionava como assinatura e prova de que era genuína. Essa prática é sugerida também quando ele escreve: “Eu, Paulo, escrevo esta saudação de próprio punho, a qual é um sinal em todas as minhas cartas. É dessa forma que escrevo” (2Ts 3:17). Tal costume era muito importante naquele tempo, quando era possível alguém enviar cartas falsas em nome de Paulo (2Ts 2:2). Em um caso, Paulo menciona explicitamente o nome do secretário cristão que o estava auxiliando (Rm 16:22). Embora o próprio Paulo fosse alfabetizado, frequentemente contava com a ajuda de secretários. 2. Escrever cartas: O ato de escrever cartas era uma habilidade adquirida que, entre outras coisas, requeria conhecimento na leitura, caligrafia, e na arte de estruturar e preparar diferentes tipos de cartas (por exemplo, cartas de apresentação, petição, pessoais, cartas oficiais relacionadas a questões do estado, cartas públicas e particulares). No mundo greco-romano, os manuais epistolares eram usados para treinar escribas, de quem se esperava possuir as ferramentas apropriadas e que cobravam pelos seus serviços. Sua responsabilidade principal era produzir a carta contendo a mensagem que seu autor intentava comunicar. Segundo informação disponível, os autores podiam pedir aos secretários para fazer uma de pelo menos três coisas: podiam fazer uma descrição breve do objetivo da carta e dar para o secretário escrever. Em alguns casos o autor podia ditar a carta, palavra por palavra. Essa talvez não fosse uma tarefa demorada, porque havia técnicas taquigráficas tanto para o grego quanto para o latim, habilidade esperada em

usados por Paulo para escrever suas cartas?

26

Adventist World | Dezembro 2017

um bom secretário. Mas como o sistema não era uniforme, o secretário tinha que transcrever a carta imediatamente para evitar erros em seu conteúdo. Em outros casos, os autores se assentavam com seus secretários e delineavam o conteúdo principal a ser usado na preparação da carta. O secretário tomava nota em uma mesa de madeira coberta de cera, corrigia o conteúdo, e finalmente a aprovava. 3. Paulo como escritor de cartas: Embora Paulo pudesse ter escrito algumas de suas cartas, sua prática de usar secretários sugere que ele tinha consciência da importância das habilidades técnicas desses profissionais. Primeiro: como suas cartas eram uma exposição do evangelho e de seu impacto na vida do crente, podemos concluir que dificilmente seus secretários tiveram alguma influência no conteúdo. Paulo pode ter ditado suas cartas para os secretários. Segundo: como as cartas tinham tanta importância religiosa, Paulo deve ter usado secretários cristãos. Alguns deles podem ter viajado com Paulo e estavam familiarizados com sua teologia. Suas cartas, em muitos casos, são similares a discursos orais. Nesse caso ele deve ter passado um conteúdo detalhado, permitindo que o secretário escrevesse a carta inteira. Isso pode explicar algumas das diferenças encontradas no estilo literário quando comparamos certas cartas de Paulo. Terceiro: Paulo devia revisar suas cartas, talvez acrescentando algo, reorganizando o conteúdo, apagando parágrafos, etc., até sentir que o conteúdo era exatamente o que pretendia dizer. Quarto: em alguns casos talvez fosse necessário reescrever uma versão final da carta, dando a Paulo a oportunidade de dar ao texto sua estrutura literária final. O que é importante para nós é que, ao fim do processo, temos a mensagem de Paulo à igreja sob a inspiração do Espírito. n * Todos os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional.

Antes de se aposentar,

Ángel Manuel Rodríguez

serviu como pastor, professor e teólogo.


E S T U D O

B Í B L I C O

Mark A. Finley

Desastres naturais, a Bíblia

eo

amor de Deus

A

té um olhar descontraído para o nosso mundo revela o aumento dramático dos desastres naturais. Terremotos, furacões, tufões e enchentes se tornaram comuns. O preço pago pelo ser humano como resultado da destruição da natureza é enorme e as consequências econômicas estão drenando a economia de muitos países. Pessoas pensantes de todos os lugares estão questionando onde está Deus em meio a tudo isso. Será que Deus é o responsável pelo que estamos testemunhando no mundo natural? Como podemos encontrar sentido no que está acontecendo ao nosso redor? Na lição deste mês, vamos buscar as respostas na Palavra de Deus.

1

Como a Bíblia descreve o caráter de Deus? Leia 1 João 4:8, Jeremias 31:3 e João 3:16. A essência do caráter de Deus é amor. Amor é a definição de quem é Deus. Ele é altruísta, gentil, doador e compassivo. Ele só quer o melhor para Suas criaturas.

2

Leia Tiago 1:17 e Salmo 84:11 e reflita na intenção de Deus para toda a Sua criação. Deus só quer o melhor para cada um de nós. Ele não é o autor dos desastres naturais que tantas vezes afetam nosso mundo.

3

Leia João 10:10 e compare o propósito de Jesus para nossa vida com o propósito de Satanás. As Escrituras nos ensinam que está sendo travado um conflito entre o bem e o mal no Universo. Lúcifer, um ser angelical glorioso, rebelou-se contra o Deus do Céu. Ele afirmou que Deus era parcial e injusto. Quando a Terra foi criada, Satanás tentou Adão e Eva para se rebelar contra seu Criador. Quando eles desobedeceram a Deus, a Terra foi mergulhada no caos do pecado (Ap 12:7-9; Is 14:12-14; Ez 28:12-15; Gn 3:1-7).

4 O que o pecado e a rebelião causaram ao mundo natural? Leia Romanos 8:19 a 23. Toda a natureza “geme” de dor, aguardando o livramento deste planeta poluído pelo pecado. E podemos esperar, pois esses sinais no mundo natural aumentarão continuamente, F O T O :

J U S T I N

H O B S O N

até o retorno de nosso Senhor para nos libertar deste planeta em rebelião e restaurá-lo ao seu estado edênico original.

5 Como Jesus descreveu que esses desastres naturais aumentariam pouco antes de Seu glorioso retorno? Leia Lucas 21:25 a 28. Os sinais no mundo natural, a frequência cada vez maior desses desastres naturais, são as dores de parto de um mundo que logo será libertado por nosso Senhor e Salvador Jesus Cristo (1Ts 5:1-7).

6

Que linguagem João usou, no último livro da Bíblia, para descrever o poder protetor de Deus sobre o planeta Terra? O que os anjos estão fazendo? Leia Apocalipse 7:1. Para compreender o simbolismo dos “ventos”, leia Jeremias 49:32. Somente a mão protetora de um Deus amoroso pode impedir que a natureza derrame sua fúria selvagem e destrua o planeta Terra. Ventos de destruição são soprados de tempos em tempos. Mas, não fosse pelo poder protetor de Deus, os desastres seguiriam um ao outro com fúria implacável.

7 Que promessa Deus fez para nos tranquilizar em tempos difíceis? Leia Salmo 89:8 e 9; Isaías 25:4 e 5; e Salmo 46. Vivemos em um mundo onde há o bem e o mal. Às vezes, no meio do conflito, os cristãos, seguidores de Cristo, são atingidos. Eles passam por sofrimento, seu lar é destruído, e muitas vezes perdem a vida. A Palavra de Deus, porém, nos assegura que Ele é o nosso refúgio, nossa segurança, nossa esperança seja o que for que enfrentarmos nesta vida. Um dia todas as tempestades passarão, e viveremos felizes por toda eternidade. n

Dezembro 2017 | Adventist World

27


TROCA DE IDEIAS

Embora o mundo esteja cheio de confusão, medo e caos, nossa única esperança e certeza de segurança é a presença suprema de Deus. – Jimmie Lee Martin, Baltimore, Maryland, Estados Unidos

Cartas Envolvimento total dos membros

Agradeço à organização adventista por nos enviar a Adventist World. Ela tem me ajudado muito, especialmente no meu preparo para a segunda vinda de Jesus (como escrito em Apocalipse 14:6) e no programa Envolvimento Total dos Membros. Masareka Timothy Uganda Compreendendo a criação

Apreciei a leitura da reportagem de Marcos Paseggi sobre a Conferência de

OraçãoW

Fé e Ciência (outubro de 2017). Espero que incluam em edições futuras outros artigos sobre fé e ciência. A impressão que extraí do artigo de Paseggi, e de outras publicações da igreja, é que nossa crença sobre a criação está limitada a uma escolha entre duas opções: a história bíblica de uma criação de seis dias ou a evolução teísta com o conceito de evolução neodarwinista convencional. Gostaria que nossa igreja promovesse discussões sobre outras opções além dessas duas. Este não é o local para discutir os detalhes delas, mas existem

outras opções e algumas são compatíveis com a Bíblia. Enquanto oferecermos somente uma opção para nossos membros, nós os forçamos a conflitos difíceis e desnecessários com a ciência. Dennis Murphy M organtown, West Virginia, Estados Unidos Como enviar cartas: letters@ adventist world.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a data da publicação. Coloque também seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. As cartas serão editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas enviadas serão publicadas.

GRATIDÃO

Deus é capaz; Sei que Ele é. Por favor, ore para que eu tenha fé inabalável para minha cura. Eartha, por e-mail Minha saúde não está bem e estou enfrentando dificuldade para comprar os remédios. Srikanth, Índia

28

Adventist World | Dezembro 2017

Peço que ore por meu esposo, homem muito trabalhador, e por meus filhos. Manar, Jordânia Gostaria de saber mais sobre Jesus. Não há igreja adventista próxima à minha casa. Ali, Irã Preciso de sua oração pelo nosso trabalho no evangelismo da saúde. Toivo, Finlândia

Ore a Deus por mim, para que Ele me livre de uma situação muito difícil no meu trabalho. James, Uganda Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.


Estação da Esperança

Toda a família dos Ministérios Adventist Review (ARMies), funcionários e consultores que levam até você as versões impressa e on-line da Adventist Review, Adventist World, KidsView, e ARTV, deseja, para o novo ano, as mais ricas bênçãos de Deus sobre sua vida. (fileira da frente à esquerda): Stephen Chavez, Zanele Sokupa, Wilona Karimabadi, Gerald Klingbeil, Daniel Bruneau, Marvene Thorpe-Baptiste, Sandra Blackmer. (fileira de trás, à esquerda): Kim Brown, Kristina Penny, Marcos Paseggi, Lael Caesar, Sharon Tennyson, André Brink, Jared Thurmon, Bill Knott, Costin Jordache, Evan Bambrick, Rico Hill, Merle Poirier.

“Sejam fortes e corajosos, todos vocês que esperam no Senhor” (Salmo 31:24).

Amor Divino! O

compositor de hinos Charles Wesley nasceu em Epworth, Inglaterra, no dia 18 de dezembro e 1707. Ele seguiu seu irmão John a Oxford, onde começou como bom aluno, apesar de gostar de diversão e travessuras. Antes de terminar seus estudos em Oxford, ele se tornou membro devoto de um grupo de oração liderado por John. Outros estudantes os denominaram “Metodistas” porque eram muito metódicos em sua devoção. Charles seguiu John em uma missão na colônia norte-americana da Geórgia; mas a missão foi um fracasso total, e após cerca de um ano, um Charles deprimido voltou para casa, deixando John para trás. Em 1738, Charles experimentou um reavivamento religioso. Ele escreveu em seu diário: “Senti uma violenta oposição e relutância para crer; porém o Espírito de Deus lutou contra o meu próprio espírito e o maligno até que, pouco a pouco, expulsou as trevas da minha incredulidade”. Poucos dias depois, John Wesley passou por uma conversão semelhante, a qual descreveu com a famosa frase: “Senti meu coração estranhamente avivado”. Com sua nova convicção, os irmãos viajaram a cavalo ao redor do país, pregando a mineiros, presidiários, e a todos que se reuniam ao ar livre para ouvi-los. Durante a vida, Charles Wesley publicou mais de 4.400 hinos, entre os quais estão “Glória ao Deus que nos nasceu”, “Cristo já ressuscitou”, “Oh, Amante de minh’alma” e “Oh, como é bom louvar”.* Fonte: Almanaque dos Escritores *Hinário Adventista (Casa Publicadora Brasileira), hinos número 41, 69, 380 e 584 respectivamente.

Dezembro 2017 | Adventist World

29


TROCA DE IDEIAS

Deus

Glória a nas Alturas

84 anos

Havia pastores que estavam nos campos próximos e durante a noite tomavam A R Q U I V O S

D A

A G

E

m 20 de dezembro de 1933, foram batizados os primeiros quatro adventistas em Ngoma, Ruanda. A obra adventista naquele país foi iniciada por D. E. Delhove, da Bélgica, pouco depois da I Guerra Mundial. Em 1920, Henri Monnier, original da Suíça, fundou a Missão Buganza, próxima ao Lago Muhazi. Quando a Autoestrada Grande Norte passou pelo meio do terreno na missão, encontraram um novo terreno, perto de Ruhengeri, para onde Monnier e Alfred Matter mudaram a missão, em abril de 1921. Ali Matter e sua irmã Maria, iniciaram um ambulatório. Monnier permaneceu em Rwankeri de 1921 a 1940. Essa permanência longa e sua compreensão profunda do povo e sua língua o capacitou a traduzir grandes porções da Bíblia que foram aceitas pela Sociedade Bíblica Inglesa e Estrangeiras e incorporada à atual Bíblia Ruandesa.

conta dos seus rebanhos. E aconteceu que um anjo do Senhor apareceu-lhes e a glória do Senhor resplandeceu ao redor deles; e ficaram aterrorizados. Mas o anjo lhes disse: Não tenham medo. Estou lhes trazendo boas novas de grande alegria, que são para todo o povo: Hoje, na cidade de Davi,

Segundo o Relatório Global de Desalojamento Interno (2016), 31 milhões de pessoas ficaram desabrigadas em seu próprio país. As pessoas desabrigadas internamente muitas vezes não chamam a atenção até cruzarem fronteiras internacionais. Os conflitos e violência forçaram 6,9 milhões de pessoas a sair de suas casas na República Democrática do Congo, Síria e Iraque. Desastres, especialmente as enchentes, desabrigaram 24 milhões de pessoas, a maioria no sul e leste da Ásia.

lhes nasceu o Salvador, que é Cristo, o Senhor. Isto lhes servirá de sinal: encontrarão o bebê envolto em panos e deitado numa manjedoura.

Fonte: The Rotarian

De repente, uma grande multidão do exército celestial

31 Milhões S T O C K U N L I M I T E D

30

Adventist World | Dezembro 2017

apareceu com o anjo, louvando a Deus e dizendo:

“Glória a Deus nas alturas, e paz na Terra aos homens aos quais Ele concede o Seu favor”. —Lucas 2:8-14 (NVI)


“Eis que cedo venho…”

ATÉ

5O

Meu

Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança.

PALAVRAS

Hino Preferido…

Meu hino preferido é “Minha âncora firme está” (“We Have an Anchor”). Sinto-me segura ao saber que temos uma âncora que mantém nossa vida segura enquanto o mar se agita; seguros à rocha que não pode se mover, enraizados profunda e firmemente no amor do Salvador.

n

Tapiwa Madzivanzira, Peterborough, Inglaterra

Quando olho para o mundo que Deus criou por Sua Palavra onipotente e fico atenta a todas as Suas leis, meu coração canta “Quão grande és Tu, quão grande és Tu!”

n

Elena Hentschke, Alemanha

Sou o eco do hino “Preciosa Graça”. Que boa notícia! Jesus me encontrou e agora eu vejo. Sempre associei essa letra com a história do homem nascido cego. “Uma coisa sei: eu era cego e agora vejo!” (Jo 9:25).

n

William Kamajaya, Indonésia

Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático. Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Guillermo Biaggi, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Williams Costa, Daniel R. Jackson; Peter Landless, Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol-Puesán; Ella Simmons; Artur Stele; Ray Wahlen; Karnik Doukmetzian, assessor legal.  Editor Administrativo e Editor-Chefe Bill Knott Gerente Internacional de Publicação Pyung Duk Chun Comissão Coordenadora da Adventist World Si Young Kim, chair; Yutaka Inada, German Lust, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han, Dong Jin Lyu Editores em Silver Spring, Maryland, EUA André Brink, Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores-assistentes), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Costin Jordache, Wilona Karimabadi Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim Gerente de Operações Merle Poirier Colaboradores Mark A. Finley, John M. Fowler Conselheiro E. Edward Zinke Administradora Financeira Kimberly Brown Coordenador de Avaliação de Manuscritos Marvene Thorpe-Baptiste Comissão Administrativa Si Young Kim, presidente; Bill Knott, secretário; Chun, Pyung Duk; Karnik Doukmetzian; Han, Suk Hee; Yutaka Inada; German Lust; Ray Wahlen; Ex-officio: Juan Prestol-Puesán; G. T. Ng; Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti Consultores Ted N. C. Wilson, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Mario Brito, Abner De Los Santos, Dan Jackson, Raafat A. Kamal, Michael F. Kaminskiy, Si Young Kim, Erton C. Köhler, Ezras Lakra, Israel Leito, Thomas L. Lemon, Solomon Maphosa, Geoffrey G. Mbwana, Blasious M. Ruguri, Saw Samuel, Ella Simmons, Artur A. Stele, Glenn Townend, Elie Weick-Dido Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria, México e nos Estados Unidos.

V. 13, nº- 12

Dezembro 2017 | Adventist World

31


ARTVNOW.COM


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.