Revista Internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia
Se te m b ro 2 01 7
14 Os valdenses e o sábado 24 Disponível em um dispositivo perto de você 26 Uso consciente da tecnologia digital
S e te mb ro 2017
A R T I G O
Revista Internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia
16
S e te mb ro 2017
D E
C A P A
Jesus e a Mídia
O povo comum ouviu a mensagem de Jesus porque Ele falou na linguagem deles.
14 Os Valdenses e o sábado 24 Disponível em um dispositivo perto de você 26 Uso consciente da tecnologia digital
12
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
“Quando virem estas coisas acontecendo […]”
Marcos Blanco
O preparo para o retorno de Cristo começa agora.
14 Os valdenses guardavam o sábado? H E R A N Ç A
A D V E N T I S T A
8
V I S Ã O
P. Gerard Damsteegt
Revisando os registros históricos.
M U N D I A L
O propósito de Deus para Sua igreja
21 Conversa com Ellen White E S P Í R I T O
D E
P R O F E C I A
Ted N. C. Wilson
Utilizando ao máximo os dons que recebemos.
10 Como crescer espiritualmente D E V O C I O N A L
Hensley Moorooven
Toda a mobília do santuário no Antigo Testamento tinha como propósito conhecermos melhor a Deus.
O que ela disse sobre o uso da mídia na pregação do evangelho?
22 Métodos novos e incomuns V I D A
A D V E N T I S T A
André Brink, editor associado de conteúdo digital, entrevista Daryl Gungadoo sobre as oportunidades de mídia na igreja.
SEÇÕES 3 V I S Ã O
MUNDIAL
24 P A P O R Á P I D O Disponível em um dispositivo perto de você
26 S A Ú D E N O M U N D O Uso consciente da tecnologia digital
28 E S T U D O B Í B L I C O Jesus é eterno? 29
RESPOSTAS 27
TROCA
DE
IDEIAS
A PERGUNTAS BÍBLICAS
Disciplina
www.adventistworld.org On-line: disponível em 12 idiomas Tradução: Sonete Magalhães Costa Adventist World (ISSN 1557-5519) é editada 12 vezes por ano, na primeira quinta-feira do mês, pela Review and Herald Publishing Association. Copyright (c) 2005. v. 13, nº- 9, Setembro de 2017.
2
Adventist World | Setembro 2017
I M A G E M
D A
C A PA : J E S U S : D I R E I T O I N T E L E C T U A L , I N C . P H O T O G R A P H E R / L E N S : A N D R E W E . W E B E R
Q
NOTÍCIAS DO MUNDO Por Adventist Review e Adventist News Network
Clyde Franz
morre aos 104 anos
D A
F A M Í L I A
F R A N Z
Ex secretário executivo é lembrado pelo raciocínio rápido, pai exemplar e modelo de vida saudável.
C O R T E S I A
uando os crentes que, finalmente, se uniram sob o nome de “Adventistas do Sétimo Dia” começaram a usar esse termo no início da década de 1860, o fizeram devido a duas verdades bíblicas importantes: o sábado e a segunda vinda de Jesus. No título que deram à revista ao redor da qual o movimento se solidificou (a Adventist Review and Sabbath Herald [Revista Adventista e Arauto do Sábado], hoje Adventist Review [Revista Adventista]) podiam “analisar” a experiência que haviam vivido recentemente, quando esperaram o retorno de Jesus à Terra em 1844, e “anunciar” o sábado do sétimo dia, um dos Dez Mandamentos, que foi respeitado por Jesus e Seus apóstolos. Essas duas verdades bíblicas foram consideradas muito progressivas – até radicais – pelo mundo religioso dos meados do século dezoito. Muitos cristãos consideraram revolucionário o fato de ressuscitar verdades bíblicas havia muito esquecidas, embora, no fundo, a preservação das verdades das Escrituras seja um esforço conservador. A dinâmica de conservar as verdades da Bíblia com ênfase na segunda vinda de Jesus, caracterizou o Movimento Adventista por mais de 150 anos. Os Adventistas do Sétimo Dia têm insistido, com razão, para que cada ideia seja confirmada por um ensino das Escrituras, mesmo adotando todas as tecnologias novas e possíveis – desde as máquinas impressoras a vapor às mais atuais, como: revistas, rádio, televisão, filme, Internet e mídia social – para compartilhar as Três Mensagens Angélicas. Esta edição da Adventist World apresenta as notáveis tecnologias que estão sendo usadas por adventistas fiéis para compartilhar as boas novas de Jesus. Ilustra, também, o desenvolvimento de parcerias entre organizações adventistas, inclusive o Ministério Adventist Review, e pessoas com habilidades em fotografia, podcasting, vídeos curtos on-demand, realidade virtual e mídias sociais criativas. Hoje, como talvez nunca antes, começamos a ver o esboço de uma rede mundial de crentes, alguns funcionários da igreja; a maioria no mercado de trabalho secular, usando todas as ferramentas disponíveis para compartilhar a mensagem completa de Jesus. Na visão de dezembro de 1848 que resultou no lançamento do primeiro jornal – e consequentemente o mundo dinâmico da mídia Adventista – Ellen White descreveu a mensagem do Advento como “fachos de luz” ao redor do mundo. Hoje, devido a uma variedade fascinante de novas tecnologias, essa é a velocidade em que a verdade está viajando.
C
lyde O. Franz, líder jubilado da Igreja Adventista do Sétimo Dia, que supervisionava as estatísticas do número de membros e recrutamento de missionários para postos avançados internacionais, faleceu no dia 24 de maio de 2017, aos 104 anos de idade. Franz serviu como secretário executivo da denominação de 1970 a 1980. Vida de serviço
Franz nasceu em 1º de março de 1913, filho de missionários voluntários em Camagüey, Cuba. Em 1932, Clyde O. Franz, ex-secretário recebeu um diploma de contador no executivo da Igreja Adventista Southern Missionary College, hoje do Sétimo Dia mundial, Southern Adventist University, em faleceu no dia 24 de maio de Collegedale, Tennessee, Estados Uni2017, aos 104 anos de idade. dos. Lá, ele conheceu Lois Mae Clark e se casaram em 2 de junho de 1935. Franz serviu como secretáriotesoureiro em vários territórios adventistas, incluindo AlabamaMississippi, Kentucky-Tennessee, Iowa e a União das Índias Ocidentais. Na década de 1950 foi, por dois anos, presidente da União das Antilhas, com sede em Cuba. Franz também serviu como secretário da Divisão Interamericana, com sede em Miami, Flórida, de 1954 a 1961, e depois como tesoureiro da Divisão até 1966. Naquele mesmo ano, na assembleia da Associação Geral, em Detroit, Michigan, ele foi indicado para ser secretário executivo associado para a igreja mundial. Quatro anos depois foi nomeado secretário, cargo que manteve até sua aposentadoria, em 1980. Como secretário, nos anos 1970, Franz dirigia o departamento que era responsável por preencher os postos missionários numa época em que não se nomeava líderes locais para a maior parte dos cargos de liderança. “Naqueles dias, diferentes de hoje, nosso trabalho número um era encontrar missionários para as Divisões.” Franz disse, em entrevista para a Adventist News Network (ANN) quando completou 100 anos, em 2013.
Setembro 2017 | Adventist World
3
NOTÍCIAS DO MUNDO Saúde e longevidade
Quando Franz completou 100 anos de idade, disse que não tinha nenhum segredo de longevidade, além de ser vegetariano e viver como adventista do sétimo dia. “Quando se trata de vida saudável, Clyde tem sido um modelo para todos nós”, disse sua família em declaração escrita, lida em culto recente de celebração da sua vida. Realmente, Franz mantinha a mente aguçada e seu corpo em boa forma, mesmo após ter completado 100 anos! “Mesmo depois de viver um século, ele dirigia seu carro e caminhava três quilômetros todos os dias, “ disse um familiar. Ele era tesoureiro de coração – seu passatempo número um, mesmo em sua residência de aposentado, era administrar suas finanças em um quarto que converteu em escritório completo, com computador e uma copiadora. No entanto, Franz teve outro segredo para uma vida longa e frutífera. Acreditava que a guarda do sábado do sétimo dia, o ajudou. Quando descansamos no sábado, estamos servindo a Deus,” assegurou ele. Franz se casou três vezes. Todas as vezes sobreviveu ao voto “até que a morte os separe.” Ele diz que foi feliz em todos os casamentos, mas que após o terceiro, decidiu permanecer sozinho. Sua filha compartilhou mais um dos segredos de Franz para uma vida longa: seu senso de humor. “Ele gostava muito de contar pequenas anedotas”, disse ela. “Certamente vamos sentir falta das suas piadas, conversas animadas e raciocínio rápido.” Franz estava sempre ciente da presença de Deus guiando sua vida. “Simplesmente não posso ignorar a maneira com que o Senhor me dirigiu e guiou através de todos esses anos,” disse ele na entrevista da ANN, há quatro anos. “Fui abençoado além da medida.” Clyde Franz deixa um filho, Chuck; uma filha, Sue Smith; quatro netos; dez bisnetos; e um trineto. n
4
Adventist World | Setembro 2017
Notícias da Divisão Euroasiática
Adventista eleito ao
Órgão Consultivo Estadual, na Rússia Defensor da liberdade religiosa aconselhará as relações inter-étnicas e inter-religiosas.
R
epresentante da Igreja Adventista do Sétimo Dia foi eleito para a Assembleia da Federação Russa, órgão consultivo do estado. Oleg Y. Goncharov, pastor e diretor de Relações Públicas e Liberdade Religiosa na Divisão Euroasiática, com sede em Moscou, será membro da assembleia no período de 2017 a 2020. Os líderes adventistas do país acreditam que esse seja um marco para a Igreja Adventista do Sétimo Dia na Rússia. “Pela primeira vez, um representante da Igreja Adventista é eleito para uma área tão importante do diálogo social e civil da Rússia”, disseram líderes da igreja na região que inclui a Federação Russa e outros países da antiga era soviética. Os resultados da eleição para o órgão consultivo foram divulgados no dia 6 de junho de 2017. A candidatura de Goncharov ganhou o apoio da Associação Russa para a Proteção da Liberdade Religiosa (ARPLR) e outras organizações nacionais e regionais, inclusive da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Os líderes da igreja também creem que a eleição de Goncharov seja um aceno ao trabalho e status da Igreja Adventista no país. “O fato certamente demonstra que a sociedade e líderes do governo russo têm grande respeito pela
Igreja Adventista”, disse ele. “Esse é um evento muito importante para a vida da nossa igreja”. Na declaração de candidatura, Goncharov afirmou abertamente que é pastor adventista do sétimo dia, e mencionou que defende a liberdade religiosa e contribuições públicas. Só havia três vagas para as 27 pessoas que se candidataram. Goncharov ocupou a terceira posição com 57 votos. Segundo o site oficial da assembleia pública, o órgão consultivo, criado em 2005, trabalha para proteger os direitos e liberdade dos cidadãos e o interesse das organizações públicas. Sua missão declarada é criar condição para o diálogo igualitário entre atores sociais e autoridades do governo. Os líderes da Igreja consideram essa, uma oportunidade para a Igreja Adventista na Rússia. “Como representante oficial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, é uma grande oportunidade para o serviço”, disseram eles, esperando que Goncharov trabalhe para fortalecer a posição das organizações religiosas do país. “[Esperamos que ele] trabalhe para resolver problemas urgentes sofridos pelas organizações religiosas em toda a Rússia”, disseram os líderes da Igreja. n
B R Y K M A R I A
Participantes ouvem palestra em evento comemorativo à Reforma, no Centro de Liberdade Religiosa, em Washington, D.C., Estados Unidos.
Marcos Paseggi, correspondente sênior, Adventist World
Preservando o
Espírito da Reforma Evento patrocinado por adventistas comemora sua importância para a liberdade religiosa.
E
studiosos, defensores e apoiadores da liberdade religiosa, se reuniram em 1º- de junho de 2017, no Centro de Liberdade Religiosa, em Washington, D.C., para comemorar e discutir as implicações da Reforma Protestante para a liberdade religiosa e liberdade de consciência. O evento, de um dia, que teve como tema “Comemoração do 500º- Aniversário da Reforma Protestante do Século XVI: Conversas sobre a Reforma, Identidade Cristã e Liberdade de Consciência”, explorou as conexões entre o evento marcante do século dezesseis e a busca pela liberdade de consciência e culto. “O mundo do século dezesseis viveu escravo do medo, explicando com todos os tipos de superstições, cada surto de doença”, disse Ganoune Diop, diretor do Departamento de Relações Públicas
e Liberdade Religiosa para a Igreja Adventista, copatrocinadora do evento. As pessoas perguntavam como poderiam ser justas perante Deus, disse ele. “A Reforma Protestante foi a resposta para essas questões”, explicou Diop. Pessoas que fizeram a diferença
Em apresentação compacta de 15 minutos, estudiosos de diferentes tradições cristãs enfatizaram as ideias pioneiras que mudaram para sempre o cenário religioso. Os palestrantes enfatizaram também abordagens menos conhecidas, e até contraditórias, de alguns reformadores. Portanto, nessa doutrina, ele também foi um reformador. Diop destacou que, embora o trabalho de Lutero tenha aberto caminho para a liberdade que desfrutamos hoje, ainda havia um longo caminho
a percorrer. “O princípio da liberdade religiosa foi concedido aos estados, não aos indivíduos”, disse ele. E acrescentou que esse caminho muitas vezes termina em tragédia, resultando em violência e sofrimento. “A reivindicação da verdade deve ser pavimentada com a liberdade individual de acreditar ou não”. Enquanto Lutero foi a referência mais óbvia nas conversas da comemoração, os palestrantes enfatizaram outros precursores dos princípios da liberdade religiosa e da liberdade de consciência. William Penn, fundador do estado da Pensilvânia, nos Estados Unidos, foi outro nome mencionado ao refletirem sobre os pioneiros da promoção da liberdade de consciência. É creditado ao primeiro Quaker o trazer e aplicar os princípios de liberdade de culto na América, no século dezessete. Uma abordagem adventista
Ted N. C. Wilson, presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia, resumiu uma contribuição adventista à liberdade de consciência e culto. “Crer que fomos criados à imagem de Deus é a base da dignidade humana”, disse Wilson. “Todo ser humano é dotado de dignidade e valor infinitos, e a consciência humana é uma parte vital dela”. Wilson explicou que essa ênfase é impregnada do caráter do próprio Deus. “Os adventistas do sétimo dia pioneiros, acreditavam que agir segundo sua consciência é um direito inalienável”, disse Wilson, e, referindo-se à Bíblia, no livro de Apocalipse, capítulos 12 e 13, acrescentou: “Os seguidores de Jesus não forçam outros. A liberdade de consciência é um direito universal. É para todos”. Um processo contínuo
É difícil traçar uma linha reta da Reforma até nosso foco atual na liberdade
Setembro 2017 | Adventist World
5
NOTÍCIAS DO MUNDO religiosa, disse Neville Callam, secretáriogeral da Aliança Batista Mundial. No entanto, ela deve ser lembrada porque “qualquer aliança com poderes seculares eventualmente nos forçarão a nos submeter a um daqueles poderes”, disse ele. “Esse é um dos motivos pelos quais a Reforma necessita continuar infor-
mando nosso testemunho e nossa vida”. César García, secretário geral da Associação Menonita Mundial, concordou. “Usar políticos para apoiar o cristianismo afeta a habilidade das igrejas”, disse ele. “Conhecer a verdade sempre implica decisão voluntária”. Esse compromisso contínuo deve
Notícias do Pacífico Norte-Asiático
Revista Adventista recebe
status de patrimônio A edição local de “Sinais dos Tempos” agora é item do Patrimônio Futuro de Seul
R
evista da Igreja Adventista do Sétimo Dia, na Coreia, recebeu recentemente status de patrimônio. A edição coreana de Sinais dos Tempos foi selecionada como item do Patrimônio Futuro de Seul, sendo a única publicação assim denominada, em 2017. Segundo as autoridades de Seul, o título de Patrimônio Futuro de Seul, lançado em 2013, é concedido a qualquer bem cultural digno de ser preservado para as gerações futuras. A revista mensal Sinais dos Tempos é publicada pela Sijosa, editora adventista no país. Seu primeiro exemplar foi publicado em 1910 e é, extraoficialmente, o periódico mais antigo na Coreia. “[A revista] era a única publicação entre os 54 itens selecionados em 2017. É uma alegria para os adventistas coreanos, e damos glória a Deus”, disseram líderes regionais da Igreja. “Talvez a
coisa mais significativa seja que foram os cidadãos de Seul que indicaram a revista para o prêmio”. Como parte do processo de seleção, a comissão de Preservação do Patrimônio Futuro visitou a Sijosa em dezembro de 2016, antes tomar a decisão final. As autoridades da cidade entregaram o certificado à Sijosa, em cerimônia especial, no mês de janeiro. Uma placa de cobre foi instalada no prédio, certificando que a revista agora é um item do Patrimônio Futuro de Seul. Em março, Sijosa começou a incluir o símbolo da entidade na capa da revista. “Conquistar esse status significa que a sociedade coreana aprova oficialmente o valor da revista”, disseram líderes regionais da igreja. “É um patrimônio com base no bem-estar social e emocional dos cidadãos [...] Acima de tudo, confirma a mensagem de que a Igreja Adventista instrui a sociedade e melhora a dignidade
informar tudo o que fazemos no presente, não apenas na igreja, mas especialmente fora dela, disse Castle. “[Nós] desejamos uma igreja que esteja sempre reformada e se reformando”, disse ela. “Esse é o nosso imperativo espiritual – agir e ser ativo, correr riscos por mudança social, e escolher amar”. n
e o valor dos seres humanos”. Ser selecionado como item do Patrimônio Futuro de Seul elevou o status da revista, disseram líderes da igreja, e acreditam que agora, a mensagem adventista tem maior influência. O prêmio também encorajou os colportores evangelistas, pois facilitou a indicação da revista ao povo. Parece que mais pessoas estão percebendo. Após a seleção, a revista chamou a atenção de Chung Sye Kyun, porta-voz da Assembleia Nacional, que agora a indica para seus colegas. Kil Soo Um, presidente da Sijosa, disse ter se surpreendido ao ver a mão de Deus dirigindo o processo de seleção da revista e destacou o papel importante da publicação. “A revista Sinais dos Tempos é uma semente de vida eterna para muitas pessoas que não conseguimos encontrar pessoalmente”, disse Um. n
A edição coreana da revista Sinais dos Tempos foi selecionada como item da Herança Futura de Seul, e premiada com o título em cerimônia especial, no mês de janeiro de 2017. D I V I S Ã O
6
Adventist World | Setembro 2017
A S I Á T I C A
D O
PA C Í F I C O
N O R T E
D I V I S Ã O
I N T E R A M E R I C A N A
José Daniel Sánchez (com o filho José Daniel Jr. e a esposa Virgínia). Sánchez foi conselheiro espiritual de Manuel Noriega, ex-líder do Panamá, quando este foi extraditado de volta ao Panamá para cumprir o resto da sua pena de prisão. Noriega morreu em maio de 2017.
Libna Stevens, Notícia da Divisão Interamericana
Pastor Adventista relembra
ex-ditador
Manuel Noriega, 83, morre em prisão panamenha.
D
esde o momento em que descobriu que Manuel Noriega, ex-ditador militar do Panamá, cumprindo sentença na França, seria extraditado para o Panamá, em 2011, José Daniel Sánchez, pastor adventista do sétimo dia, decidiu visitá-lo. Noriega, 83, que morreu em prisão panamenha, no dia 29 de maio de 2017, foi capturado quando os Estados Unidos invadiram o Panamá, em 1989. Ele foi condenado à prisão por tráfico de drogas, lavagem de dinheiro e outros delitos. Por 17 anos, até 2007, Noriega ficou detido na Instituição Correcional em Miami, e depois cumpriu pena na França. Sánchez havia lido sobre a conversão de Noriega e seu batismo na Igreja
Adventista do Sétimo Dia, em um livro que acompanhou a Lição da Escola Sabatina de Adultos, publicado pela Igreja Adventista, em 2011. Nele, o autor Tim Crosby descreveu os detalhes que levaram Noriega a aceitar Jesus como seu Salvador, na prisão federal, em 1992. “Eu queria ser uma testemunha daquela transformação em Jesus, e gostaria de me encontrar com ele”, disse Sánchez em entrevista por telefone após a morte de Noriega. Nativo de Honduras e segunda geração de adventistas, Sánchez era pastor distrital na Cidade do Panamá e envolvido no ministério das prisões. Com a aprovação dos líderes da igreja
local, Sánchez, que já ministrava na Penitenciária El Renacer, 25 Km ao sul da Cidade do Panamá, se encontrou com Noriega. “Eu o visitei doze vezes para estudar a Bíblia, orar, e ministrar a ele”, disse o pastor. “Falamos sobre o verdadeiro sábado, o poder perdoador de Deus, e Sua misericórdia”, disse Sánchez. “Noriega me falou de quanto apreciava estudar e aprender mais sobre Jesus. ‘Sou uma pessoa diferente desde que entreguei minha vida a Cristo’, Noriega me disse. ‘Falo com Deus todos os dias, e sei que Jesus é meu Salvador, que perdoou meus muitos pecados; é a Ele que os confesso, também”. “Muitas pessoas ainda estão machucadas e zangadas pelas coisas que Noriega fez quando estava no poder”, disse Sánchez. “Devemos nos lembrar de que nossa missão é ser instrumentos nas mãos de Deus para levar o evangelho a todos, não importa o nível de pecado que cometeram, e assim possam ir a Jesus e ser restaurados pelo nosso Redentor e Salvador”. A última vez que Sánchez se encontrou com Noriega foi no início de 2016. “Após estudar e orar, Noriega me deu um abraço, e chorando, me pediu: ‘Ore para que, quando eu sair, possa ir aos cultos na sua igreja’”. n
Setembro 2017 | Adventist World
7
V I S Ã O
M U N D I A L
“Passando por alto os ensinadores judaicos cheios de justiça própria, o Mestre por excelência escolheu homens humildes, iletrados, para proclamarem as verdades que deviam abalar o mundo”, escreveu Ellen White. “Ele Se propôs a preparar e educar esses homens para dirigentes de Sua igreja. Eles, por sua vez, deviam educar outros e enviá-los com a mensagem evangélica. Para que pudessem ter sucesso em sua obra, eles deviam receber o poder do Espírito Santo. Não pelo poder humano ou humana sabedoria devia o evangelho ser proclamado, mas pelo poder de Deus.”3 Ação deliberada
Ted N. C. Wilson
O propósito de
Deus para Sua igreja
Implementando sua missão
Q
uando você ouve a palavra “igreja”, o que vem imediatamente à sua mente? Um prédio? Um grupo de fiéis? Uma denominação? Uma entidade invisível? Como adventistas do sétimo dia que creem na Bíblia, acreditamos que Deus tem uma igreja visível na Terra, e que tem um objetivo específico para Sua Igreja.1 No início do livro de Atos dos Apóstolos lemos clara e suscintamente
8
Adventist World | Setembro 2017
qual é o objetivo da igreja: “A igreja é o instrumento apontado por Deus para a salvação dos homens. Foi organizada para servir e sua missão é levar o evangelho ao mundo.”2 Logo no início da Era Cristã vemos que organização, serviço, e missão deviam ser o cerne da igreja de Deus. O próprio Cristo organizou Sua igreja para o serviço e a missão. Ele mesmo escolheu e treinou seus primeiros líderes.
Vemos aqui uma ação bem deliberada pelo próprio Cristo, treinando e educando líderes que deveriam treinar outros para ser enviados com a mensagem do evangelho. Esse trabalho não devia ser realizado aleatoriamente, ao acaso. Em seu artigo “A base bíblica para o governo e a autoridade da igreja” Elias Brasil de Souza, diretor do Instituto de Pesquisa Bíblica, escreve que “Antes de ascender ao Céu, Jesus disse: “Foi-Me dada toda autoridade nos Céus e na Terra” (Mt 28:18). Foi com base nessa autoridade que Jesus ofereceu à igreja a autoridade de levar adiante a missão. Portanto, a autoridade da igreja é derivada de Jesus (Mt 16:19; 18:18; Jo 20:21, 22) e deve ser exercida em harmonia com a Palavra de Deus. Com base nessa convicção, a igreja apostólica estabeleceu um sistema de governabilidade da igreja para o avanço da missão confiada aos fiéis pelo Senhor ressuscitado [...] É necessário um sistema de governabilidade e autoridade na igreja, para que a unidade doutrinária seja preservada e para implementar sua missão.”4 Ao formar Sua igreja, Cristo tinha autoridade para escolher seus líderes, organizar da melhor maneira para levar avante a sua missão, e dar a ela autoridade para governar e manter a unidade. F O T O :
L D S
M E D I A
O dom prometido
Mesmo após três anos e meio de treinamento intensivo com Jesus, os líderes escolhidos por Ele não estavam totalmente preparados para cumprir sua missão até que receberam o derramamento prometido do Espírito Santo. É por isso que Jesus exortou Seus discípulos nas instruções que deu, dizendo o seguinte: “permanecei, pois, na cidade, até que do alto sejais revestidos de poder” (Lucas 24:49). Cristo sabia que não importa quão boas fossem suas intenções ou forte sua determinação, seu trabalho seria infrutífero a menos que experimentassem o Pentecostes e o batismo do Espírito Santo. Isso ainda é verdade para nós hoje. Deus nos deu uma igreja mundialmente organizada, que foi estabelecida para o serviço e a missão. Mas Ele está esperando que estejamos prontos para receber o derramamento do Espírito Santo, pois só assim estaremos completamente equipados para levar essa missão adiante. Ellen White observou: “[...] só depois de haverem os discípulos entrado em união perfeita, […] Os discípulos não pediram uma bênção para si. Arcavam sob o peso da preocupação pelos perdidos. O evangelho devia ser levado aos confins da Terra, e reclamaram a dotação de poder que Cristo havia prometido. Foi então derramado o Espírito Santo e milhares se converteram num dia.”5 “Pode ser agora”
Ellen White continua com essa promessa maravilhosa: “O mesmo pode acontecer agora. Ponham de parte os cristãos toda dissensão, e entreguem-se a Deus para a salvação dos perdidos. Com fé peçam a bênção prometida, e ela virá.”6 Como povo de Deus e como Sua igreja, nossa grande necessidade hoje é o derramamento do Espírito Santo, a vinda da prometida “chuva serôdia” para que sejamos capacitados para terminar a obra.
“E se, em lugar de nos sentir pesarosos com o fardo dos desentendimentos na família ou na igreja, sentíssemos ‘responsabilidade pelas pessoas?’” Então, o que está impedindo de recebermos essa bênção prometida? Seria por que ainda não chegamos à “unidade da fé?” Será que Deus está esperando que coloquemos de lado todas as nossas diferenças e, em lugar de nos concentrar em preocupações íntimas, concentrar-nos na missão que Ele nos deu de salvar o perdido? E se, em lugar de nos sentir pesarosos com o fardo dos desentendimentos na família ou na igreja, sentíssemos “responsabilidade pelas pessoas?” E se orássemos todos as manhãs: “Senhor, usa-me hoje no Total Envolvimento de Membros para trazer alguém para Ti!” Algo monumental
Estamos vivendo em um tempo impressionante. Os que estão em harmonia com a profecia e eventos bíblicos, tanto fora como dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia reconhecem que Deus está fazendo algo incomum. As pessoas estão famintas pela verdade; estão ansiando por algo melhor do que o que o mundo tem e quer oferecer. Há um consenso real de que o mundo está no princípio de algo melhor e monumental. Ao nos conscientizarmos da proximidade da segunda vinda de Jesus, a urgência de proclamar as três mensagens angélicas ocupa o foco. O clamor deve ir a todas as nações, tribos, língua
e povo: “Temei a Deus e dai-Lhe glória, pois é chegada a hora do Seu juízo; e adorai Aquele que fez o céu, e a terra, e o mar e as fontes das águas” (Ap 14:7). Quando nos humilharmos diante de Deus por meio do poder do Espírito Santo, orarmos sinceramente por orientação, buscarmos Sua Palavra e abrirmos mão de nossas agendas pessoais permitindo que Deus nos dirija à verdade, então teremos um relacionamento mais íntimo com Ele e uns com os outros, e assim, poderemos ajudar Sua obra aqui na Terra. Convido você a orar como nunca orou antes. Um dia, em breve, quando virmos Cristo voltando, olharemos para cima e diremos: “Esse é o nosso Deus a quem aguardávamos.” Cristo olhará para baixo e dirá: “Bem está servo bom e fiel; entra para o gozo do teu Senhor.” E subiremos para encontrar com o Senhor nos ares! Vamos dedicar nossa vida, energia, talentos, recursos e o nosso tempo para terminar a obra de Deus e assim irmos para o Céu. Deus prometeu nos dar Seu poder para terminar Sua obra. Ele derramará a chuva serôdia para a proclamação das três mensagens angélicas e, como igreja unida, terminaremos Sua obra. n 1 Para ler essa crença fundamental da Igreja Adventista do Sétimo Dia, acesse “A Igreja” no site: http://www.adventistas.org/ pt/institucional/crencas/ 2 Ellen G. White, Atos dos Apóstolos (Casa Publicadora Brasileira), p. 9. 3 Ibid., p. 17. 4 Elias Brasil de Souza, “A base bíblica para o governo e a autoridade da igreja” Adventist World, abril de 2017, https://issuu.com/ adventistworldmagazine/docs/aw_apr17_portuguese_web 5 Ellen G. White, Conselhos para a Igreja (Casa Publicadora Brasileira), p. 98. 6 Ibid., p. 98, 99.
Ted N. C. Wilson é
presidente mundial da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Artigos adicionais e comentários estão disponíveis no Twitter do presidente: @pastortedwilson, e Facebook: @PastorTedWilson.
Setembro 2017 | Adventist World
9
D E V O C I O N A L
M
uitas pessoas me perguntam como crescer espiritualmente e desenvolver um relacionamento mais íntimo com Jesus. A maioria de nós sabe o que fazer e o que não fazer, mas ainda lutamos para viver nossas convicções. Às vezes podemos nos sentir desanimados e angustiados. A resposta mais clara que encontrei para essa pergunta importante está ligada a três móveis do lugar sagrado, no santuário. Vamos considerar cada uma delas.
Hensley Moorooven
Como crescer
espiritualmente Lições objetivas de três peças da mobília do santuário
A mesa dos pães da proposição Êx 25:23-30; 37:10-16
A mesa dos pães da proposição era pequena, construída com madeira de acácia e coberta com ouro puro. Nela permaneciam 12 pães, representando as 12 tribos de Israel. Os sacerdotes assavam os pães com farinha fina, e os colocavam sobre a mesa, onde permaneciam diante do Senhor, por uma semana. Todos os sábados os sacerdotes removiam os pães que eram comidos no lugar sagrado, e substituíam por pães frescos. O “pão da proposição” também era chamado de “pão da presença” porque devia permanecer sempre na presença do Senhor. A mesa e o pão eram a imagem da disposição de Deus em Se relacionar com a humanidade. Na mesa da comunhão comungamos com Deus por meio de Sua Palavra. Precisamos mais do que alimento físico,
10
Adventist World | Setembro 2017
e como disse Jesus: “Não só de pão viverá o homem, mas de toda palavra que procede da boca de Deus” (Mt 4:4). O crescimento espiritual requer uma interação ativa com a Palavra de Deus. Ao lermos um verso e meditar sobre ele, tentamos aplicar sua mensagem à nossa vida. Perguntamos a nós mesmos: “O que esse verso está me dizendo?” Então é nossa vez de falar. Dizemos a Deus o que pensamos sobre a mensagem e como se aplica à nossa vida. Não estamos com pressa. Desfrutamos de cada minuto de nossa conversa com Jesus. Não é um dever nem um fardo; ao contrário, é uma oportunidade de receber pessoalmente as maravilhosas promessas de Deus. Outra abordagem que nos ajuda a desfrutar da leitura e do estudo da Bíblia é ler usando “eu” toda vez que ela
diz “nós”. Assim colocamos nossa vida nas páginas da Bíblia. Simulamos uma conversa com Deus, individualmente. Por exemplo, Romanos 8:31 – “Que diremos, pois, diante dessas coisas? Se Deus é por nós, quem será contra nós?”(NVI) – e pode soar assim: “Que, pois, direi diante dessas coisas? Se Deus é por mim, quem será contra mim?” Então, dizemos a Deus todos os desafios que estamos enfrentando. Falamos das nossas lutas contra nossos medos, dúvidas e incertezas, e terminamos dizendo que, apesar de todas essas coisas, cremos que, se Deus está conosco, nada nos vencerá. Perceba que não havia cadeiras ao redor dessa mesa. Depois de nos alimentarmos não podemos nos sentar e desfrutar da “vida boa”. Há trabalho a ser feito. Somos sustentados pelo serviço. I L U S T R A Ç Ã O :
S W E E T
P U B L I S H I N G
O altar do incenso Êx 30:1-10; 37:25-28
O altar dourado de incenso ficava em frente à cortina que separava o lugar santo do lugar santíssimo. Ele também era feito de madeira de acácia e coberto com ouro puro. Deus ordenou aos sacerdotes que queimassem incenso sobre o altar todas as manhãs e tardes. O incenso devia ser deixado queimando continuamente durante o dia e a noite, como aroma agradável ao Senhor. Ele era composto de partes iguais de quatro especiarias (bálsamo, ônica, gálgamo e incenso puro) e era considerado santo. Deus ordenou que os israelitas não usassem a mesma fórmula fora do tabernáculo para fazer perfume para o consumo deles; se desobedecessem teriam que ser expulsos do Seu povo (Êx 30:34-38). O incenso que subia a Deus como um doce aroma era o símbolo das orações e intercessões do povo. A imagem das orações subindo ao Céu como incenso é capturada neste salmo: “Seja a minha oração como incenso diante de Ti, e o levantar das minhas mãos, como a oferta da tarde” (Sl 141:2, NVI). A oração é fundamental para o crescimento espiritual. Aqui há algumas dicas práticas para uma vida vibrante de oração: 1. Escolha um horário determinado, de preferência antes de iniciar as atividades do dia. 2. Escolha um local – se possível, tranquilo, sem distrações.
3. Mantenha em mente o propósito desse tempo. Esse é um período de comunhão com Deus, não para preparar um estudo bíblico ou um programa de igreja. 4. Tome tempo para orar. Você pode escolher adotar os princípios: Adoração, Confissão, Gratidão e Súplica. 5. Leia sua Bíblia e outros livros devocionais. 6. Determine quanto tempo você deseja passar com Deus. Lembre-se de que em 24 horas há 96 segmentos de 15 minutos. Você pode começar dedicando um desses segmentos a Deus! Agora, comece e persevere. Não desanime se ocasionalmente algum obstáculo interferir em seus planos. A mesa de pães da proposição é onde Deus fala conosco e nos alimenta, e o altar de incenso é onde nós falamos com Deus. O candelabro Êx 25:31-36; 37:17-24
O “candelabro de ouro”, ou “castiçal”, era formado de uma única peça de ouro puro. Ele tinha um braço central de onde saíam três braços que se estendiam para cada lado, formando um total de sete braços. Os sacerdotes eram instruídos a manter as lâmpadas acesas continuamente. Jesus é representado pelo braço principal do candelabro, e nós os crentes somos representados pelos seis braços que se estendiam do original. Como crentes, vivemos como “filhos da luz” (Ef 5:8), que atraem sua luz da fonte, Jesus, a verdadeira luz. Ele nos chama de “luz do mundo” e nos ordena:
“Assim brilhe a luz de vocês diante dos homens, para que vejam as suas boas obras e glorifiquem ao Pai de vocês, que está nos Céus” (Mt 5:14, 16). O crescimento espiritual verdadeiro envolve falar de nossa fé para outros e testificar sobre o que o Senhor fez por nós. Podemos procurar os amigos no nosso bairro, no trabalho, na escola, e sem formalidade ou hipocrisia, contar a eles o que Cristo significa para nós; o que Ele traz para nossa vida; como nos ajuda em nossas atividades diárias; e como Ele nos deu paz. Não devemos nos preocupar com métodos ou teorias. Apenas sendo um amigo e apresentando nosso melhor Amigo, Jesus, para os outros, fará toda a diferença. Perceba que a única luz no lugar sagrado vinha desse candelabro. Em nossa vida não deve haver outra luz, somente a luz de Deus nos capacitando a ser luz do mundo. O estudo diário da Palavra de Deus, uma vida vibrante de oração e a alegria de falar da sua fé para outros resultará em crescimento espiritual e em relacionamento pessoal com Jesus. n
Hensley Moorooven,
originalmente de Maurício, serve como secretário associado na Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia e vive com sua família em Columbia, Maryland.
Setembro 2017 | Adventist World
11
C R E N Ç A S
F U N D A M E N T A I S
NÚMERO 25
“Quando
E
vestasrem coisas
u estava nas Filipinas desfrutando uma conversa animada sobre profecias com amigos vindos de vários continentes, quando um deles me perguntou sobre o papel do atual papa católico romano no contexto das profecias do tempo do fim, uma vez que, assim como eu, ele é argentino. Já estava improvisando uma resposta geral, quando outro amigo disse: “Mas de qualquer maneira, a segunda vinda pode acontecer em uma questão de minutos, já que todos nós podemos morrer de repente. Na próxima vez que abrirmos os olhos esperamos estar diante da segunda vinda.” Essa não foi a primeira vez que recebi tal resposta. Tenho ouvido essa mesma frase repetidamente. O ponto principal desse argumento é que os tempos proféticos que estamos vivendo não são tão importantes; ao contrário, precisamos estar individualmente preparados para nossa morte. No entanto, esse argumento falha em diferenciar duas esferas escatologicamente diferentes. Há muito, estudiosos reconheceram que a escatologia – doutrina do tempo do fim – envolve duas dimensões principais: a individual e a cósmica. Vamos revisar ambas, concentrando-nos particularmente na importância da escatologia cósmica. Escatologia individual
De modo geral, a escatologia individual se refere ao destino individual dos crentes, após a morte. Jesus não apenas comparou o estado intermediário entre a morte do indivíduo e a manhã da ressurreição a um sono inconsciente (Jo 11:11, 14), mas também enfatizou que, tanto os crentes como os ímpios receberão sua recompensa após a ressurreição (Jo 5:28, 29; Mt 25:46; cf. Lc 14:14). No entanto, Cristo explicou que nosso destino final após a ressurreição está sendo decidido enquanto ainda estamos vivos, aqui na Terra. Ele destacou a necessidade de estarmos preparados para a morte, pois nosso destino depende do nosso preparo. Jesus contou a parábola do homem rico cuja principal preocupação era descobrir como armazenar sua colheita para que, mais tarde, pudesse viver uma vida sem preocupação. “Contudo, Deus lhe disse: ‘Insensato! Esta mesma noite a sua vida lhe será exigida. Então, quem ficará com o que você preparou?’” (Lc 12:20, NVI).
12
Adventist World | Setembro 2017
Marcos Blanco
acontecendo [. . .]”
O equilíbrio entre as escatologias individual e a cósmica
Portanto, segundo Jesus, devemos estar preparados para um final repentino na nossa existência, pois a vida eterna depende das decisões que fazemos aqui, e das prioridades que estabelecemos em nossa vida diária. O centro dessa passagem é o momento pessoal – sem a referência do momento histórico dos eventos cósmicos. Entretanto, Jesus também mencionou a segunda esfera: a escatologia cósmica. Escatologia cósmica
A referência mais conhecida de Jesus à escatologia cósmica é encontrada em Seu discurso no Monte das Oliveiras (Mt 24; Mc 13; Lc 21). Esse sermão apocalíptico foi feito em resposta à pergunta dos discípulos sobre os sinais do tempo do fim. O sermão profético de Jesus abrange o histórico contínuo e ininterrupto desde Seus dias Sua segunda vinda, e além dela. Entre os Evangelhos, o de Lucas coloca mais ênfase nesse desdobramento histórico das profecias apocalípticas. Por exemplo, Jesus mencionou que a “desolação” seria cumprida no cerco histórico de Jerusalém por forças militares (Lc 21:20) e que esse evento seria seguido pelo “tempo dos gentios” (v. 24, ARA), caracterizado por tempos difíceis para o povo de Deus. Imediatamente após, Lucas listou os sinais cósmicos que antecedem a segunda vinda de Cristo (v. 25-28). Parece claro que Lucas se concentrava no curso histórico das profecias apocalípticas. No contexto do desdobramento histórico dessas profecias, Jesus enfatizou a necessidade de estar preparado para Sua segunda vinda – um evento histórico, real e literal, do tempo do fim. Além do mais, Cristo comparou o evento inesperado da Sua segunda vinda ao Dilúvio, que encontrou as pessoas despreparadas (Mt 24:37-39).
A profecia revela que o povo remanescente do tempo do fim se levantaria em um momento específico da história. Como ninguém sabe o dia nem a hora da Sua segunda vinda (v. 36), a atitude correta dos crentes é “estai de sobreaviso; vigiai [e orai]” (Mc 13:33, ARA). No entanto, o segundo aparecimento de Jesus não pode acontecer em qualquer momento, porque Jesus enfatizou que algumas profecias devem se cumprir primeiro, tais como o “abominável da desolação (Mt 24:15), a “grande tribulação” (v. 21), a pregação do evangelho em todo o mundo; “então virá o fim” (verso 14). A maior preocupação de Cristo nesse discurso apocalíptico era esboçar um rascunho do cronograma divino para as profecias do tempo do fim, para que o povo, vivendo nesse tempo, possa estar preparado para esse evento culminante. Na verdade, o preparo de uma pessoa para a morte é diferente do seu preparo para a segunda vinda. Enquanto o primeiro possa acontecer a qualquer momento, independentemente do período histórico ou cronograma profético, o último, mesmo inesperado, só acontecerá após o cumprimento de algumas profecias históricas.
O centro dessa missão é o último convite de Deus para estarmos prontos para a segunda vinda de Jesus. Em outras palavras, a escatologia cósmica nos diz quem somos, em que momento da história da salvação estamos vivendo e qual é a nossa missão no contexto do grande conflito entre Cristo e Satanás. Devemos estar prontos tanto para a morte como para a segunda vinda de Jesus. Ambos os eventos são iminentes. Nosso destino eterno está intimamente ligado à escatologia individual, mas também à escatologia cósmica. Se falharmos em ver a última, também perderemos nossa identidade e missão. n
Marcos Blanco é editor chefe da Casa
Editora Sudamericana (ACES) e mora com a família em Buenos Aires, Argentina. Está terminando um Ph.D. em Teologia Sistemática.
A importância da Escatologia Cósmica
Alguns podem dizer: “Se, como crentes, devemos estar preparados diariamente para uma morte inesperada que pode acontecer a qualquer momento, por que devemos nos preocupar com a escatologia cósmica? Afinal, se estamos prontos para morrer, também estamos prontos para a segunda vinda de Jesus.” Primeiro, é importante nos lembrar que o próprio Cristo distinguiu os dois tipos de preparo e, julgando pelo número de vezes que repetiu sobre a necessidade de estar preparado para Sua segunda vinda, Ele destacou o preparo para o evento cósmico em contraste com o individual. Além disso, a escatologia cósmica está intimamente ligada à nossa identidade e missão como povo remanescente de Deus para o tempo do fim. A profecia revela que esse povo remanescente se levantaria em um momento específico da história – após o fim da perseguição dos santos imposta pelo chifre pequeno (Dn 7 e 8) e pouco antes da segunda vinda – para proclamar a proximidade do tempo do julgamento de Deus (Ap 14:7) e da iminência do próprio tempo do fim. Portanto, as mensagens dos três anjos de Apocalipse 14 é a própria missão do remanescente do tempo do fim.
A segunda vinda de
Cristo
A segunda vinda de Cristo é a bendita esperança da Igreja, o grande ponto culminante do evangelho. A vinda do Salvador será literal, pessoal, visível e universal. Quando Ele voltar, os justos falecidos serão ressuscitados e, juntamente com os justos que estiverem vivos, serão glorificados e levados para o Céu, mas os ímpios irão morrer. O cumprimento quase completo da maioria dos aspectos da profecia, bem como a condição atual do mundo, indica que a vinda de Cristo é iminente. O tempo exato desse acontecimento não foi revelado, e somos, portanto exortados a estar preparados em todo o tempo. (Mt 24; Mc 13; Lc 21; Jo 14:1-3; At 1:9-11; 1Co 15:51-54; 1Ts 4:13-18; 5:1-6; 2Ts 1:7-10; 2:8; 2Tm 3:1-5; Tt 2:13; Hb 9:28; Ap 1:7; 14:14-20; 19:11-21.) – Crenças Fundamentais dos Adventistas do Sétimo Dia, nº- 25
Setembro 2017 | Adventist World
13
H E R A N Ç A
A D V E N T I S T A
O
s adventistas do sétimo dia tradicionalmente mantêm uma afinidade especial com os valdenses que, durante o tempo de opressão religiosa, preservaram e compartilharam as Escrituras, apesar das terríveis consequências. Os adventistas compartilham um senso de identidade com esse grupo por outro motivo, também. Ellen White escreveu: “Durante séculos de trevas e apostasia, houve alguns dentre os valdenses [...] que guardavam o verdadeiro sábado.”1 Ao visitar a Torre Pellice, um dos maiores centros do grupo, no sopé das montanhas ao norte dos Alpes italianos, os adventistas muitas vezes perguntam se os valdenses guardavam o sábado. Ficam desapontados ao ouvir que os primeiros valdenses observavam o domingo; que não há provas de que tenham santificado o sábado. Porém, recentemente, novas evidências têm vindo à luz. Quem foram os valdenses?
Os primeiros valdenses eram membros de um movimento reformista da Europa, especificamente na região dos Alpes da Espanha, França e Itália, durante a alta Idade Média. Considerados por vários historiadores como precursores da Reforma Protestante,2 os valdenses enfatizavam a importância de aderir estritamente aos ensinos da Bíblia como única regra de fé. Ao descobrir que muitos dos ensinos e práticas da Igreja Romana eram mais fundamentados nas tradições do que nas Escrituras, eles rejeitaram suas doutrinas e rituais, chamando os crentes a retornar à simplicidade do estilo de vida do Novo Testamento e aos ensinos de Jesus e dos apóstolos. A igreja investigou os ensinos dos valdenses no Terceiro Concílio de Latrão (1179) e condenou os crentes como hereges.3 Concílios subsequentes repetiram a condenação por heresia, resultando em perseguição severa,
14
Adventist World | Setembro 2017
P. Gerard Damsteegt
Os valdenses guardavam o sábado? obrigando os valdenses a fugir para locais mais hospitaleiros. Como resultado, seus ensinos se espalharam para regiões distantes da Europa. Ao contrário de outros grupos de reformadores, os valdenses não desapareceram, nem foram absorvidos por outros movimentos, mas mantiveram sua presença até hoje. A observância do sábado entre os valdenses
Os adventistas do sétimo dia se interessaram por esse movimento particularmente, porque muitos protestantes os veem como um elo de conexão entre a igreja primitiva e a Reforma Protestante. Em especial, os adventistas se interessam por sua prática de guardar o sábado, como já observado. Com base na declaração de Ellen White, no O Conflito dos Séculos, os adventistas acreditavam que alguns valdenses guardavam o sábado, mas não necessariamente um grupo expressivo. Em resposta, os valdenses, e até alguns adventistas, disseram que Ellen White não era historiadora. Certo historiador adventista foi mais longe, sugerindo que O Conflito dos Séculos precisava ser revisado e atualizado com
os conhecimentos atuais, pois não há prova de fontes primárias sobre a observância do sábado pelos valdenses. Em busca de evidências
Tenho pesquisado há vários anos, com a ajuda de estudantes pós-graduandos, fontes arcaicas de bibliotecas europeias, em busca de evidências sobre a guarda do sábado entre os valdenses. Essa é uma pesquisa desafiadora porque os documentos deles foram queimados ou destruídos ao longo de séculos de perseguição.4 A única evidência que se pode encontrar, vem da boca de seus inquisidores, por quem são muitas vezes retratados como movimento herege. Uma das fontes primárias de evidências sobre os valdenses terem guardado o sábado durante a primeira metade do século treze vem de uma coleção de cinco livros escritos contra os cátaros e valdenses, por volta de 1241 e 1244, pelo inquisidor dominicano Padre Moneta de Cremona, no norte da Itália. Moneta se defende apaixonadamente contra o criticismo dos valdenses e cátaros sobre os católicos serem transgressores do mandamento do sábado. F O T O S :
C H E R Y L
H O S F O R D
Esquerda: O Colégio de Barbes (pregadores valdenses itinerantes), em Pra del Torno. Abaixo: Entrada para a caverna no Vale de Angrogna usada pelos valdenses para se esconder e escapar da perseguição religiosa.
No capítulo De Sabbato, et De Die Dominico ele discursou o significado do sábado do sétimo dia de Êxodo 20:8: “Lembra-te do dia do sábado para o santificar”, e contrastou com o valor do dia do Senhor, termo que usou para o primeiro dia da semana.5 Argumentos anti-sábado contra os valdenses
Moneta afirmou que o sábado era para os judeus, indicando que ele era um memorial da criação e de sua libertação do Egito. O sábado judeu, disse ele, era “um sinal e figura do sábado espiritual do povo cristão [...] No entanto, deve ser compreendido que, como os judeus guardam o sábado, também guardamos o dia do Senhor.” E acrescentou: “Observamos esse dia como uma ordenança da igreja, e em reverência a Cristo que nasceu nesse dia, que ressuscitou nesse dia e que enviou o Espírito Santo nesse dia.” Moneta continuou sua disputa citando Gálatas 4:10, 11, afirmando que: “É pecado reverenciar dias.” Ele continuou afirmando que a circuncisão “não oferece nenhum benefício” (Gl 5:2, 36) bem como a guarda do sábado. Moneta
conclui citando Colossenses 2:16, comentando que “os dias relacionados aos festivais judeus não são observados, ao contrário, são os dias instituídos pela igreja, e assim é.”7 O estudo de Moneta mostra claramente que durante o século treze, um grande grupo de valdenses e cátaros do norte da Itália e sul da França adorava em um dia que não era o domingo, chamado sábado do sétimo dia. Ironicamente, os argumentos católicos de Moneta contra a guarda do sábado foram usados pelos valdenses contra os adventistas quando começaram a compartilhar com eles a verdade do sábado, havia muito esquecida. Grande grupo de guardadores do sábado
Os guardadores do sábado entre os valdenses estavam mais espalhados pela Boêmia e Morávia, lugares para onde fugiram durante a perseguição papal. Um manuscrito do século quinze, publicado pelo historiador da igreja, Döllinger, em História das Seitas, defende que os valdenses da Boêmia “não comemoram as festas da abençoada virgem Maria e dos apóstolos, exceto o dia do Senhor. Não são poucos os que observam o sábado, com os judeus.”8 Essas evidências de uma fonte primária claramente mostram que a guarda do sábado foi praticada entre um segmento dos valdenses no século treze, e dentro do século quinze. Eles também confirmaram a validade do relato de O Conflito dos Séculos sobre a guarda do sábado entre os valdenses. O que levou os valdenses do norte da Itália a deixar de guardar o sábado? A resposta volta ao tempo da Reforma. Em 1532, em uma reunião entre os valdenses e representantes da Reforma
Francesa, realizada no Vale de Angrogna, a maioria dos valdenses votou se unir à Reforma Francesa. Consequentemente, eles pararam de formar seus pregadores itinerantes, ou “barbes”, no Colégio de Barbes, em Pra del Torno, e passaram a enviar seus candidatos ao pastorado para Genebra, Suíça, onde eram educados por João Calvino e seus associados. Calvino acreditava que o sábado tivesse um significado espiritual, mas que o sétimo dia literal era cerimonial e uma cópia, fundamentando sua visão nas mesmas passagens bíblicas que o inquisidor havia usado contra os valdenses.9 Uma nova geração de pastores e educadores liderados por Calvino não mais ensinava sobre o sábado do sétimo dia, e sim o domingo, como dia de culto. Essas descobertas importantes sobre a guarda do sábado pelos valdenses instigam a um estudo mais aprofundado dos manuscritos do século doze que possam trazer à luz mais evidências sobre a guarda do sábado entre os primeiros protestantes da Itália e França. n 1 Ellen
G. White, O Grande Conflito (Casa Publicadora Brasileira), p. 65. 2 See, e.g., Earle E. Cairns, Christianity Through the Centuries: A History of the Christian Church, 3rd ed. (Grand Rapids: Zondervan, 1996), p. 221. 3 http://www.newadvent.org/cathen/09017b.htm (acessado em 23 de janeiro de 2017) http://www.catholic.org/encyclopedia/ view.php?id=6882 (acessado em 23 de janeiro de 2017). 4 Veja James Hastings, Encyclopaedia of Religion and Ethics (Edinburgh: T. & T. Clark, 1954), v. XII, p. 665. 5 Moneta and Tommaso Agostino Ricchini, Venerabilis Patris Monetæ Cremonensis ordinis prædicatorum S. P. Dominico Æqualis adversus Catharos et Valdenses libri quinque: Quos ex manuscriptis codd. Vaticano, Bononiensi, ac Neapolitano (Rome: 1743; reprinted, Ridgewood, N.J.: 1964), p. 475-477. 6 Os textos bíblicos foram extraídos da Nova Versão Internacional 7 Moneta and Ricchini, p. 476, 477. 8 Johann Döllinger, Beiträge zur Sektengeschichte des Mittelalters (Munich: Beck, 1890), v. 2, p. 662. 9 John Calvin, Institutes of the Christian Religion (1536), trans. Ford L. Battles (Grand Rapids: Eerdmans, 1995), p. 23.
P. Gerard Damsteegt é professor associado de história da igreja no Seminário Teológico Adventista do Sétimo Dia, na Universidade Andrews. Setembro 2017 | Adventist World
15
A R T I G O D E C A PA
E
se Jesus usasse histórias populares, como parábolas sobre o reino de Deus, mesmo que elas apresentassem algumas questões teológicas? Bem, na verdade, Ele usou. E sugiro que deveríamos aprender os métodos de Jesus, no primeiro século, ao cumprirmos nossa missão de apresentar o mesmo reino, no século vinte e um. Os discípulos de Jesus e outros judeus do Seu tempo acreditavam que as pessoas ricas certamente iriam para o Céu, mas os pobres provavelmente, não. Jesus tentou corrigir esse mal-entendido em Seus sermões, mas o povo ainda não compreendia (Mt 19:23-26). Então, Ele usou uma história muito conhecida e mudou o final, causando um forte impacto nos Seus ouvintes. Como resultado, provavelmente eles se lembrassem da história pelo resto da vida. Foi a parábola do homem rico e do pobre Lázaro (Lc 16:19-31). A Bíblia ensina que os mortos estão dormindo e que não conversam (Ec 9:5, 6; Sl 115:17, 18; Sl 6:5). Ela também ensina que o “inferno” não é um local em que o castigo é queimar eternamente. No entanto, embora houvesse erros, Jesus usou essa história popular para ensinar o povo. Ao usá-la para explicar o reino de Deus, o Salvador gravou a verdade, para sempre, na mente deles. Toda vez que se lembrassem do assunto, eles o interpretariam de modo diferente. Hoje, a mídia tem feito muitas histórias ser conhecidas pela maior parte da população do mundo. Filmes como Titanic ou séries populares na televisão foram assistidas por bilhões de pessoas em todo o globo. E se seguíssemos o exemplo de Jesus e usássemos essas histórias tão conhecidas como parábolas sobre o reino de Deus? Como seria? Por exemplo, como podemos tornar a história do Titanic, transformada em filme em 1997, em uma parábola do reino? Com base na história tema do filme sobre um homem que sacrificou a vida para salvar a mulher a quem amava, poderíamos dizer: “Imagine que alguém amou tanto você que voluntariamente
16
Adventist World | Setembro 2017
Jesus e a
Samuel Neves
Mídia
Ele a evitaria ou a abraçaria?
deu sua vida para que você fosse resgatado e vivesse? Foi isso o que Deus fez por você, por meio de Jesus.” Existem programas de TV ou filmes que destacam fortes laços de amizade. Referindo-nos a tais programas, que tal se pudéssemos perguntar, por meio de questões sugestivas e difíceis como: “E se houvesse uma comunidade de pessoas que o aceitassem exatamente como você é, o amassem tanto que desejassem ajudá-lo a se tornar alguém melhor? A minha igreja é assim, pois estamos tentando nos tornar mais semelhantes a Jesus. Como mostram os artigos a seguir, hoje temos muitos formatos de mídia disponíveis – Internet, filme, fotografia, podcast – para nos ajudar a compartilhar essas histórias, não apenas com as pessoas da nossa comunidade, mas
também com toda “nação, tribo, língua e povo” (Ap 14:6). Todas as histórias conhecidas podem ser usadas e compartilhadas de maneira criativa para servir como parábola para o reino de Deus. Isso pode soar revolucionário – até contraditório – mas não há nada novo aqui. Por séculos, os evangelistas levaram pessoas a Jesus, do conhecido para o desconhecido, de histórias conhecidas pelo povo à verdade que eles não reconheciam nem compreendiam. Não nos deixemos ser transformados pelo mundo, mas consideremos a adaptação de histórias já conhecidas para nos ajudar a proclamar a verdade do reino de Deus. n
Samuel Neves é diretor associado do Departamento de Comunicação da Associação Geral dos Adventistas do Sétimo Dia, em Silver Spring, Maryland, Estados Unidos. F O T O S
:
J E S U S : I N T E L L E C T U A L R E S E R V E , I N C / L D S M E D I A , P H O N E : M E D I A L O O T. C O M
C O R T E S I A
D O
A U T O R
Glorificando a em
Deus
todas as coisas Andile Masuku
Todos nós buscamos a glória. A única pergunta é: de quem? Como empresário que se tornou locutor de rádio, devo confessar que muitas vezes tenho nutrido uma atitude autocongratulatória por estabelecer uma carreira de sucesso na mídia. No entanto, por meio de oração e introspecção aprendi que, em parte, isso é o resultado do meu desejo de compensar os três anos traumáticos na Ásia, no início dos anos 1990. Eu lutava para “me sentir normal” em meio a sussurros de estereótipos raciais contra mim, pelas crianças no playground. Foram necessários vários anos para que eu reconhecesse quanto essa experiência reforçou minha falta de fé na habilidade e na vontade dos não africanos de contar histórias acuradas sobre o nosso continente. Eles nem sempre articulam adequadamente os princípios e as convicções do povo ou promovem os africanos como os terceiros no palco do mundo. E, em troca, alimentaram meu complexo
Ex-empresário que se tornou orador de rádio e TV, diz que sua missão é usar a mídia para glorificar Deus.
de justiça que, para mantê-lo em dia, agora, dependo totalmente de Deus. Hoje, toda vez que alguém escolhe assistir a algum programa ou ouvir aquilo que produzi ou apresentei, é Jesus Cristo quem deve brilhar por intermédio do meu trabalho. Nem sempre estive aberto ao desejo de Deus de mesclar o homem que gosto de pensar que sou com aquele que Ele deseja que eu seja. Tenho vergonha de admitir quanto tempo e energia gastei mascarando meus erros e reduzindo meu trabalho como criador de mídia para ser reconhecido por meio da fama e da fortuna. Sem querer, eu estava
substituindo minhas ambições pessoais pela maior obra de salvação que Jesus Cristo realizou em meu favor. Agora, espero que, toda vez que alguém consumir o “conteúdo” produzido por mim – seja apenas um podcast tecnológico, um programa de TV, ou até uma postagem na mídia social –, sintam a inconfundível sensação do “Soli Deo glória” – “Glória seja dada somente a Deus.” n
Andile Masuku é empreendedor e
locutor de rádio e TV, em Johannesburg, África do Sul.
Setembro 2017 | Adventist World
17
A R T I G O D E C A PA
As fotos de Musgrave relatam a realidade dos refugiados que estão congelados entre seu passado e futuro.
Tanya Musgrave
Contando histórias por meio de
fotografias
“Ele me contou o restante da sua história no dia seguinte. Contou sobre sua tentativa de suicídio. Sobre seu filho, assassinado aos dois anos. Fiquei paralisada. Não conseguia dizer coisa alguma. Senti-me estúpida. Fiquei ali, em silêncio, encostada na parede com os braços cruzados como adolescente mal-humorado, mas o peso da realidade se pendurava no silêncio entre nós. Qualquer observador pensaria que estivéssemos apenas conversando, mas fomos denunciados pelo constante enxugar das lágrimas.” – Texto extraído do diário de viagem da autora enquanto trabalhava com refugiados, na Grécia. Foi a vontade de aprender que me levou ao campo de refugiados Oinofyta, na Grécia. Não me considero uma pessoa ferrenhamente política. De um lado, não suporto divisão; por outro, não conheço o assunto tão a fundo que me capacite a discuti-lo. No entanto, descobri que, em meio à atual “vergonha cultural”, onde se é muito político ou não político o suficiente, há um meio termo onde a maioria das pessoas escolhe permanecer: nas histórias pessoais. Um problema de ser fotógrafa em
18
Adventist World | Setembro 2017
um país desenvolvido é o contraste entre a conhecida resposta dos países desenvolvidos e a realidade. Pela privilegiada situação que experimentam, as pessoas assumem que não precisam de ajuda. Numa atitude patética, tornam-se apáticos espectadores da pobreza. Sem sangue e sem coragem, as pessoas esquecem que muito de sua devastação reside internamente. Muitas dessas coisas não me afetavam pessoalmente, mas ao me deparar com a situação, não era o crescimento de uma fachada (não uma coisa ruim,
mas uma realidade). Sim, pois estavam ali em pé na minha frente e eu não podia negar sua humanidade. Eles são como eu, como minha tia Shirley, meus irmãos, minha melhor amiga, do Tennessee. Agora isso me afeta pessoalmente. Empatia. O meu empenho é a busca por soluções. Não é mistério o porquê de Jesus ter usado parábolas. Em meio a uma política acalorada e tensões raciais impacientes, Ele usou histórias para chegar ao âmago da questão, e ao princípio prático de como devemos lidar com a vida e o amor. Nossa maneira de ver os outros pode ser um osso duro de quebrar e recompor, mas nunca fomos chamados para ser medíocres. Tudo o que fizermos, façamos bem – e acima de tudo o mais, com amor. Afinal, o amor é a única perspectiva que vale. n
Tanya Musgrave, é
fotógrafa profissional, que ama “conhecer as histórias por trás dos rostos.” Atualmente, ela está usando a mídia da fotografia para contar a história dos refugiados, na Grécia. P H O T O S : TA N YA
M U S G R AV E
R O S S
Kristina Penny
PAT T E R S O N
Contando histórias por meio de filmes Começamos nossa nova iniciativa ministerial nos ajoelhando no escritório do pastor. Não para uma oração especial ou estudo da Bíblia – era uma filmagem. Arrumamos o escritório como uma sala de estar típica. Lee se ajoelhou em frente à sua Bíblia, para reencenar seu incrível testemunho de como deixou a adoração de ídolos e iniciou seu relacionamento com Deus. Posicionei-me ajoelhada atrás da câmara. Estava muito feliz por ter oferecido minhas habilidades profissionais como voluntária para minha igreja local, a Igreja Adventista do Sétimo Dia Sligo, em Takoma Park, Maryland, Estados Unidos. O projeto Minha História começou quando Joseph Khabbaz, pastor dos jovens da Sligo, compartilhou sua ideia comigo. Preciso admitir que fiquei surpresa por ele ter compreendido a necessidade de criar filmes de qualidade e o investimento necessário. “Acredito piamente que é importante que as mentes criativas de nossa igreja saibam que elas têm um lugar aqui”, disse Khabbaz. “O YouTube está cheio de cinematografia de muita qualidade. Por que não criar em nossa igreja histórias de significado eterno com o mesmo nível de excelência?” Lee Escobar me disse que, a princípio, estava nervoso por ter de ficar em frente
à câmera. Ele estava com medo de que as pessoas não acreditassem na sua história. Kristina Penny, jovem, líder do ministério Logo seus temores se disde mídia da sua igreja, entrevista Marcus siparam: “Parecia legítimo e Robinson, como encontrou perdão em Cristo tão real”, disse ele, após o filme e o senso de comunidade na igreja. ser projetado em um culto da igreja.” O fato de saber que Deus não Se esquece daqueles que O buscam, foi uma bênção lham sua caminhada com Deus. para os outros! “Quer você esteja em um setor pú“Há muitas histórias que precisam blico ou na igreja, a necessidade de sua ser contadas por aqueles que não se mensagem ser atraente, não muda”, diz consideram contadores de histórias”, Castilho. “Estamos vendendo a ideia de explica Richard Castillo, pastor de que a vida com Cristo é melhor do que mídia e evangelismo da Sligo. “A prosem Ele. A qualidade é importante.” dução, música e edição compelem o Ele acrescenta que alguém pode ouvinte a continuar assistindo, muito começar com um trabalho simples além da sua capacidade de atenção.” de câmera, uma boa iluminação e “No mundo em que vivemos, a entrevista com perguntas relevantes. mídia social nos permite apresentar a Nosso projeto começou com apenas nós mesmos ‘editados’, diz Khabbaz. Os algumas peças de equipamento. Ficajovens adultos veem além da fachada e mos surpreendidos, pois após projetar desejam autenticidade. Os vídeos que nossos vídeos em uma associação local, criamos contam histórias de jovens ganhamos recursos para construir sobre que não se importam em revelar sua nosso ministério em expansão. n vulnerabilidade para mostrar o poder de Deus em ação em sua vida.” Os filmes My Story (Minha HistóKristina Penny é ria) são postados on-line, mas também produtora de vídeo pude ver seu impacto em minha igreja para os Ministérios da quando os jovens se relacionam com os Adventist Review. protagonistas dos vídeos e comparti-
Setembro 2017 | Adventist World
19
A R T I G O D E C A PA
Testemunhando na “vida real” Fabiana Bertotti
A primeira vez que alguém me pediu para fazer vídeos e postar no YouTube, eu nem sabia o que isso significava. Há cinco anos, o YouTube era apenas um local para postar vídeos de diários virtuais. Qualquer um podia fazer. Cheio de caras engraçadas de gatos e brincadeiras de crianças, a plataforma estava remodelando nossa maneira de assistir aos vídeos. Desde então, o formato mudou drasticamente. Por causa do YouTube, as pessoas se tornaram mais tolerantes aos erros dos amadores e não esperam enquadramento profissional, boa qualidade de som ou estabilidade na imagem. Por que? Porque o YouTube é um lugar dominado por pessoas “comuns”, não por celebridades. Bem, pelo menos no início. Hoje, com mais de dez anos de criado, o YouTube está recheado de celebridades! O meu foi um dos primeiros canais cristãos do YouTube, na Itália. Naquele tempo, as pessoas geralmente não discutiam assuntos sérios ou religiosos por plataformas consideradas informais e divertidas. Mas decidi apresentar a mensagem do evangelho de uma forma que o público do YouTube aceitasse. Dei importância a ela.
20
Adventist World | Setembro 2017
Fabiana Bertotti atrai o público jovem do YouTube, discutindo, com franqueza e com base bíblica, assuntos do interesse deles. Mais de 400 mil seguidores estão inscritos na programação religiosa de Fabiana Bertotti, no YouTube.
Comecei a abordar assuntos usualmente não discutidos nas igrejas, mas de interesse dos jovens – sexo, questões do estilo de vida, crises existenciais – mas, tudo dirigido pela Bíblia. Eu queria mostrar que as Escrituras têm respostas para todas essas perguntas, que é bom ser cristão e que, para seguir a Cristo, você não precisa ser um “velho mal-humorado”. Funcionou! Atualmente, tenho 427 mil assinantes. Dirijo Semanas de Oração – ao vivo. Meu último programa atraiu cerca de 30 mil seguidores. Dou estudos bíblicos, e meu esposo, que é pastor, responde às perguntas teológicas. Aprendi que as pessoas querem falar e ouvir os outros, como fazem na “vida real”. Querem se
conectar com as pessoas que “falam a sua linguagem” e não precisam parecer “perfeitos” no vídeo. Eles se preocupam mais com o testemunho da minha vida do que com a qualidade da minha câmera. E mesmo assistindo aos meus vídeos, também me seguem nas outras mídias sociais. Eles ouvem o que digo porque gostam de como vivo; e é na vida real do dia a dia que realmente testemunhamos para Jesus. Para seguir a Fabiana no YouTube, acesse www.youtube.com/fabibertotti. n
Fabiana Bertotti, é jornalista e mora na Itália, com o esposo que é pastor e seu bebê de dois meses de idade. F O T O S :
C O R T E S I A
D A
A U T O R A
E S P Í R I T O
Conversa com
D E
P R O F E C I A
Ellen White
Se pudéssemos entrevistar Ellen White hoje, o que ela diria sobre o uso da mídia para nos comunicar? A senhora se surpreenderia com a tecnologia de hoje. Podemos nos comunicar mais rapidamente e melhor do que nunca. “Sou animada e beneficiada ao compreender que o Deus de Israel ainda guia Seu povo, e que continuará a ser com eles, até ao fim.”1
Amigo encontrou em Jesus; a verdade santificadora e salvadora não pode ser encerrada em seu coração.”5 “Deus a nós apela para que ponhamos frescor e poder em nosso trabalho. Só o poderemos fazer com o auxílio do Espírito Santo.”6
Jesus usou métodos diferentes quando esteve aqui na Terra?
E o que dizer dos outros tipos de mídia? Devem ser usadas também?
“Jesus procurava um caminho para cada coração. Usando ilustrações várias, não só expunha a verdade em Seus diversos aspectos, mas apelava também para os diferentes ouvintes. Despertava-lhes o interesse pelos quadros tirados do ambiente de sua vida diária.”2
“Cada obreiro na vinha do Senhor deve estudar, planejar, elaborar métodos, a fim de alcançar o povo onde está. Devemos fazer algo fora do curso comum das coisas. Temos que prender a atenção. Temos que ser intensamente fervorosos. Estamos às vésperas de tempos de luta e de perplexidades, os quais nem foram ainda imaginados.”7 “Os que trabalham para Deus devem manifestar tato e talento, e criar meios para comunicar luz aos que estão perto e aos que estão longe. ... Perdeu-se tempo, oportunidades áureas não foram aproveitadas porque faltou aos homens visão clara e espiritual, e eles não foram suficientemente sábios para planejar e criar meios e maneiras de ocupar o campo com antecipação, antes que dele se apossasse o inimigo.”8 “Deus guiará Seus mensageiros ao adotar novos métodos para prender a atenção das pessoas, e convencê-las do julgamento. Ele dará habilidade e compreensão para o uso de ilustrações efetivas para captar a atenção das pessoas.”9 n
Que tipo de mídia a senhora tinha no seu tempo? “[Nosso evangelista, Pastor E. E. Franke,] Dedicaste muito estudo ao assunto de como tornar interessante a verdade, e os quadros que fizeste estão em perfeita conformidade com o trabalho que precisa ser feito. Esses quadros são, para as pessoas, lições objetivas. Puseste vigor de pensamento na obra de produzir essas notáveis ilustrações. E elas exercem efeito notável ao serem apresentadas ao público em reivindicação da verdade. O Senhor as usa para impressionar as mentes.”3 “O irmão S insiste especialmente nas profecias dos livros de Daniel e Apocalipse. Ele tem grandes figuras dos animais de que esses livros falam. Esses animais são feitos de papel machê e, por meio de mecanismo engenhoso, podem ser postos perante o auditório no momento preciso em que deles se necessita. Mantém, assim, a atenção do auditório, enquanto lhe prega a verdade.”4
Devemos usar a tecnologia para espalhar o evangelho? “Um homem não é convertido antes de nascer em seu coração o desejo de tornar conhecido a outros que precioso
1 Ellen
G. White, Conselhos para a Igreja (Casa Publicadora Brasileira), p. 357. G. White, Parábolas de Jesus (Casa Publicadora Brasileira), p. 21. G. White, Evangelismo (Casa Publicadora Brasileira), p. 203. 4 Ibid., p. 204. 5 Ellen G. White, Testemunhos para a Igreja (Casa Publicadora Brasileira), v. 4, p. 318, 319. 6 Ellen G. White, Testemunhos para Ministros e Obreiros Evangélicos (Casa Publicadora Brasileira), p. 313. 7 E. G. White, Evangelismo, p. 122, 123. 8 Ibid., p. 206. 9 Ellen G. White, em o Arauto do Evangelho, 1º - de dezembro de 1901. 2 Ellen 3 Ellen
Os Adventistas do Sétimo Dia creem que Ellen G. White exerceu o dom de profecia bíblico durante mais de 70 anos de ministério público.
Setembro 2017 | Adventist World
21
V I D A
A D V E N T I S T A
métodos
novos
André Brink
e incomuns
entar “coisas novas” – um conceito antigo
A
arte, em todas suas disciplinas, sempre desempenhou um papel importante dentro da Igreja Adventista do Sétimo Dia, fato que aumenta rapidamente com a tecnologia atual. Guilherme Miller e outros pioneiros que precederam a organização da igreja usaram mapas e gráficos para tornar mais claras as complexas verdades dos livros de Daniel e Apocalipse. Mas esse recurso era limitado. Eventualmente, foram utilizados na obra adventista de publicações figuras de madeira, reproduções simples, para depois, usarem ilustrações mais bem acabadas, conforme os custos permitiam.1 Mais tarde, Tiago e Ellen White procuraram repetidamente a tecnologia mais recente da época para espalhar o evangelho. Hoje, o design moderno, ilustrações coloridas, fotografia e vídeo, são considerados vitais e não supérfluos no cumprimento da missão da Igreja Adventista do Sétimo Dia. Se os fundadores da nossa igreja vivessem hoje, estariam usando algumas das tecnologias de comunicação de ponta? A realidade virtual (RV) envolve a criação de um mundo virtual onde os consumidores são imersos em uma experiência de 360 graus. Os fones de ouvido RV são óculos de cabeça com uma tela na frente dos olhos, cujo sinal muitas vezes é transmitido por meio de um smartphone. A pessoa usando um fone de realidade virtual pode “estar no vídeo” e “olhar ao redor” para o mundo virtual, muitas vezes até interagindo com ele. Como o mercado da realidade virtual está programado para crescer vinte vezes até 2020, muitas empresas estão investindo pesado nessa nova tecnologia. O Ministério da Adventist Review desenvolveu uma plataforma de vídeo on-demand chamada ARtv com centenas de vídeos disponibilizados na Apple TV, Roku, Samsung Smart TV, Google Chrome e Amazon Fire TV. Há, ainda, os apps para iOS e Android, Website, artvnow.com. A ARtv já produziu vários vídeos RV360, a maioria sobre paisagens naturais e animais na natureza. Há vários meses, a
22
Adventist World | Setembro 2017
ARtv fez parceria com a Agência Adventista de Desenvolvimento e Recursos Assistenciais (ADRA) para criar seu primeiro filme de curta metragem em RV, sobre os projetos de água, em Zimbábue. Imagine um doador em potencial poder visitar virtualmente os locais do projeto por meio de um fone de ouvido! Considere a diferença que uma experiência de imersão completa pode exercer sobre a percepção do espectador. Ellen White escreveu: “Dos métodos de trabalho usados por Cristo podemos aprender muitas preciosas lições. Ele não seguiu apenas um método; de várias maneiras, procurou atrair a atenção das multidões. E então proclamou-lhes as verdades do evangelho.”2 O Ministério Adventist Review está usando todas as tecnologias mais recentes – vídeo 4K, RV e os projetos de realidade aumentada – para enfrentar o desafio de “tentar usar uma multidão de métodos novos”. Recentemente entrevistei Daryl Gungadoo, gerente de distribuição global da Rádio Mundial Adventista, em Londres, Inglaterra. Daryl tornou-se conhecido por seu pioneirismo entusiástico na mídia RV na Igreja Adventista do Sétimo Dia. Daryl, quando e onde começou seu interesse pela RV? Começou em 1995, com um projeto no último ano da faculdade de ciência da computação, na Universidade Andrews. Participei de um projeto com um dos meus professores de informática, em fones de ouvido de realidade virtual e algoritmos de costura de imagem. Naquele tempo, a resolução da imagem era muito baixa, no entanto, a matemática nos computadores disponíveis para nós, era exigente. Esse interesse permaneceu na minha mente, até que comecei a me envolver em projetos de ajuda na crise dos refugiados na Europa, em 2014. No mercado não havia dispositivos para captura, em 360, das várias situações, que custassem menos de F O T O :
A N D R É
B R I N K
“Cada obreiro na vinha do Senhor deve estudar, planejar, idear métodos, a fim de alcançar o povo onde está. Devemos fazer algo fora do curso comum das coisas. Temos que prender a atenção. Temos que ser intensamente fervorosos. Estamos às vésperas de tempos de luta e de perplexidades, os quais nem foram ainda imaginados.” Ellen G. White
Evangelismo, p. 122, 123
Daryl Gungadoo brinca com um refugiado quando ajudava com projetos na crise dos refugiados na Europa, em 2014.
dez mil dólares, cada um. Assim, usei alguns blocos de madeira da caixa de brinquedos do meu filho e dentro coloquei cinco GoPros (câmeras pequenas) com ligas de borracha e adesivos, e consegui captar cinco perspectivas diferentes. Comecei com métodos de sincronização de costura de vídeo, e rapidamente concluí que meus algoritmos de 1995 simplesmente não se dimensionavam. No final de 2014, em dado momento, conversando com o laboratório de mídia MIT, comecei a reescrever meu algoritmo e a tirar vantagem da tecnologia de computadores muito mais avançada de hoje. Mais tarde, o algoritmo se tornou parte do motor principal de um software chamado AutoPano Video Pro, que, em 2016, foi adquirido pela GoPro. Como o ministério da Rádio Mundial Adventista (AWR) usa a RV? Como isso contribuiu para sua exposição na assembleia da Associação Geral (AG), em 2015? O Departamento de Relações Públicas da AWR decidiu usar esse método para contar a história da AWR – desde a produção em estúdio, ao transmissor, e até ao ouvinte, em lugares remotos. Percebemos como as pessoas interessadas em tecnologia testaram os fones de ouvido na assembleia da AG, e depois da experiência, ficaram para saber mais sobre o ministério da AWR. Por que a RV é tão poderosa e atrativa e como podemos usar essa tecnologia na Igreja para compartilhar o evangelho? Quando um espectador está experimentando a RV, não há distrações. Podemos contar a “história” muito rapidamente. Ficamos presos à história devido à “cultura da curiosidade”. O conteúdo é autêntico (a menos que seja gerado por computador). A RV fala com as tribos digitais que jogam games de computador. Em termos de equipamento, não é necessário muito: um smartphone e o Google Cardboard, por exemplo.
C O R T E S I A
D E
D A R Y L
G U N G A D O O
Sempre acreditei no uso de tecnologia de ponta para transmitir a velha história da redenção de Cristo. Há pessoas que não se interessam pela espiritualidade, mas devido à abordagem da tecnologia, acabam se interessando, só por curiosidade. Como igreja, devemos ser pioneiros no uso dessas plataformas, e não as utilizar somente anos mais tarde, porque outros estão usando. Qual é o seu sonho para essa área? Meu sonho é ver centros adventistas de incubação de tecnologia nascendo em todo o mundo, oferendo aos nossos jovens um ambiente para inventar, liderar, seja qual for a indústria para a qual receberam dons e talentos. Não vamos esconder a luz embaixo do alqueire! (veja Mt 5:14, 15). Algumas pessoas são chamadas para pregar, outras para inventar novos métodos de comunicação para permitir que essa mensagem se espalhe. Alguns podem se referir a esses inovadores com “geeks”, no entanto, eles são missionários. n 1 Enciclopédia 2 Veja
Adventista do Sétimo Dia (1996), p. 116-119. Ellen G. White, Evangelismo (Casa Publicadora Brasileira), p. 123.
André Brink é diretor/editor associado de mídia do Ministério Adventist Review.
Setembro 2017 | Adventist World
23
PAPO RÁPIDO
E N T R E V I S TA
Disponível em um dispositivo Conteúdo adventista, agora mais acessível do que nunca. PAPORÁPIDO é uma entrevista especial, mensal, para a Adventist World. A mídia adventista está mudando exponencialmente. O que começou como uma impressora no século dezenove e alguns programas de rádio e televisão no século vinte, hoje oferece uma infinidade de mídia. As mídias tradicionais de publicação e transmissão se uniram à contribuição digital quase inimaginável uma década atrás. A Adventist World recentemente falou com André Brink, editor associado de conteúdo digital, e Jared Thurmon, diretor de estratégia e marketing, sobre como a igreja pode capitalizar a busca quase interminável da sociedade por conteúdo na mídia.
Com tantas ofertas de mídia lá fora, que conteúdo singular a mídia adventista oferece? AB: Os adventistas são singulares devido às suas crenças. A mídia é uma expressão de quem somos. Nossa mídia é única pelo que ela reflete sobre nós. Isso torna a questão em uma necessidade de continuarmos avançando, cumprindo nossa missão em nossas produções. JT: O cenário da mídia é barulhento. A mídia adventista tem a oportunidade de responder ao chamado para algo que Ellen White desafiou os adventistas a fazer, há muito tempo: prender a atenção das pessoas. Para fazer isso, temos que identificar as áreas em que podemos entender o caos, fazendo isso da maneira mais inovadora possível. AB: As três mensagens angélicas são o nosso trampolim, e a esse respeito há muito assunto. Por exemplo, o sábado, a criação, o juízo investigativo e o que envolve a questão de preparar o povo para se encontrar com Jesus na Sua vinda em breve. Tudo isso apresentado de maneira prática: estilo Para mais informação, acesse o site: ARtvNow.com.
24
Adventist World | Setembro 2017
de vida, relacionamento, questões do meio ambiente, testemunhando.
No passado, a expressão “Mídia Adventista” abrangia pouco mais do que os programas A Voz da Profecia ou o Está Escrito. Alguém pode imaginar as possibilidades para a mídia adventista nos próximos cinco anos? JT: Alguns inovadores pavimentaram o caminho. Penso no Rei da Inovação. Ellen White explica por que Jesus usou parábolas para ensinar: “O ensino por parábolas era popular e atraía o respeito e a atenção, não só dos judeus, mas também dos de outras nações. Ele não poderia haver usado método de ensino mais eficaz”.* Vejo o filme como o método mais inovador de contar história de nossos dias. AB: À medida que as coisas pioram econômica, política e socialmente, as pessoas vão se interessar pela perspectiva adventista, em como os adventistas avaliam os eventos do mundo e os relacionam com as profecias bíblicas. Vejo os adventistas desempenhando um papel maior nos filmes, fazendo uso desse meio poderoso de transmitir a mensagem. Temos uma das histórias
mais ricas que precisa ser contada: de pioneiros aventureiros que contribuíram com a missão da igreja, de heróis durante os tempos de guerra e conflitos, de fé poderosa que ajudou pessoas a perseverar. JT: Em cinco anos estaremos em um mundo de realidade virtual, inteligência artificial e carros auto dirigíveis. Veremos mais mudanças nos próximos cinco anos do que vimos nos últimos 20. Nosso dever é continuar sendo relevantes!
Como o Ministério Adventist Revew espera satisfazer o apetite insaciável por mais conteúdo e maior variedade? AB: A ARtv está usando tecnologia de ponta, não apenas para oferecer, mas para usar novos tipos de mídia como 4K, realidade virtual, realidade aumentada e vídeo vertical. A ARtv é a primeira entidade adventista a mostrar em suas plataformas, vídeos 4K cuja definição é mais alta que o HD, e aumentando a quantidade das nossas produções nesse formato. A ARtv também está produzindo realidade virtual (VR) e vídeos em 360 graus para que os espectadores possam ter uma experiência de imersão completa, e assim, se tornar parte da história que está sendo contada. Eles podem se sentir em uma floresta tropical, sob a água e cercados por cardumes de peixes, transportados no tempo para o início do mundo, à semana da criação, para a vida nos tempos bíblicos, ou lançados para o futuro. As possibilidades de contar histórias poderosas, com qualidade realista é ilimitada! A ARtv também está experimentando a realidade aumentada, que é uma mistura do mundo real com conteúdo de computação gráfica.
perto de
você
André Brink
Jared Thurmon
Hoje, a maioria dos habitantes da Terra tem celular, e cada vez mais estão equipados com smartphones. Mais de 60 por cento dos vídeos são consumidos em celulares. É por isso que a ARtv produz muito conteúdo curto, compartilhável para que públicos ocupados, com nível de atenção cada vez menor, possam ver e compartilhar com seus amigos na mídia social. A maioria das pessoas prefere manter seus fones em pé, por isso o vídeo vertical se tornou muito importante. A ARtv produziu seu primeiro vídeo vertical, e tem vários na fila. JT: Temos que criar conteúdo sobre assuntos que as pessoas discutem na hora do jantar. Se as pessoas não estiverem falando sobre o conteúdo que produzimos, então não temos importância. Não vivemos em um mundo no qual as pessoas consomem uma forma de conteúdo, apenas. Temos que criar um conteúdo tão diferenciado que as pessoas deixem de ler o principal jornal, ou de assistir a Globo, ou CNN, ou Netflix , e migrem para nossas plataformas digitais, sentido que não conseguem ter um vislumbre do mundo sem a perspectiva do Ministério Adventist Review. AB: Atualmente a ARtv está produzindo várias minisséries interessantes
F O T O S :
K R I S T I N A
P E N N Y
que vão apelar ao interesse de várias faixas etárias. Investimos grande parte de nossos recursos na produção de conteúdo e tentamos limitar nossos gastos na distribuição. Temos plataformas econômicas que chegam às pessoas, a qualquer hora, em todos os lugares. Nossos vídeos são on demand para que você possa assistir quando quiser, em qualquer ordem, e do começo ao fim, como desejar. O modelo é muito diferente na televisão linear tradicional.
Em poucas palavras, compartilhe a história que ilustra o alcance da mídia adventista, particularmente a que vem do Ministério Adventist Review. JT: Dois exemplos: Alguém me escreveu há alguns meses, contando como pessoas ficaram impressionadas quando ouviram um artigo da Adventist Review ser discutido em um dos principais programas matutinos do país (EUA). Esse artigo decolou depois que esse indivíduo falou de como ele influenciou seus pensamentos. Outro: Há algumas semanas, a equipe da ARtv estava em Los Angeles filmando. Temos uma nova série on
demand, chamada PressED Conference. Os roteiros foram entregues ao elenco, e os que escolhemos para representar alguns papéis tinham participações bem-sucedidas em muitas produções de Hollywood. Os roteiros sobre doutrinas bíblicas eram atraentes. Essa série será lançada em outubro. Com certeza, vai chamar a atenção. AB: Em 2010, filmamos uma série com onze episódios para TV e Web, sobre três amigas que encontraram animais resgatados, na África do Sul. As três jovens apresentadoras mergulharam com grandes tubarões brancos, alimentaram elefantes, observaram suricatos selvagens, tocaram nas chitas, interagiram com macacos e experimentaram muito mais da vida selvagem, destacando nossa responsabilidade com a criação de Deus. Essa série, de orçamento limitado, foi um sucesso internacional, traduzido para vários idiomas e transmitido quase continuamente, nos últimos anos, pelo Hope Channel e várias outras redes de TV cristãs. No Amazon Prime, milhares de episódios são visualizados, todos os meses. A segunda temporada foi filmada recentemente pela ARtv, em Costa Rica, e será transmitida internacionalmente, em outubro de 2017. O que diferencia o Encontros com Animais dos outros programas de natureza, é que ele não contém referências sobre evolução e nenhuma imagem sensacionalista de animais matando uns aos outros. Eles confirmam a cosmovisão sobre o maravilhoso e amorável Deus Criador. Esses programas de animais atraem uma vasta audiência à nossa plataforma, onde as pessoas podem encontrar mais programas sobre nossas crenças. * Ellen G. White, Parábolas de Jesus (Casa Publicadora Brasileira), p. 21.
Setembro 2017 | Adventist World
25
S A Ú D E
N O
M U N D O
Uso consciente da
Peter N. Landless e Zeno L. Charles-Marcel
TECNOLOGIA DIGITAL
Como o uso da tecnologia digital e da mídia afetam minha saúde?
A
tecnologia digital e multimídia se tornou parte do tecido da vida moderna no mundo todo. A disponibilidade de informação e acessibilidade são a mais alta de todos os tempos. A tecnologia digital (TD) acrescenta valor à nossa vida, mas tem seu preço. Nossa pergunta preocupa na mesma proporção tanto as comunidades científicas quanto as de consumo. Não há uma resposta fácil, pois a TD e mídia compõem um pacote de variedades que vão desde o rádio via satélite aos videogames. A mídia digital, como televisão, videogames, e aprendizado via Internet, estão criando um novo perfil de habilidades cognitivas e espaços visuais, mas provoca, como efeito colateral, a dessensibilização, comportamento agressivo, e a desigualdade de gênero devido ao conteúdo predominante voltado aos consumidores. O videogame e as redes sociais provocam a liberação de uma química do cérebro chamada dopamina, da mesma forma que as guloseimas e a droga êxtase. Infelizmente, as crianças são desproporcionalmente mais afetadas devido ao cérebro impressionável e em desenvolvimento. Simultaneamente, educadores e psicólogos observam uma fraqueza crescente nos processos cognitivos (pen-
6 DICAS para o equilíbrio digital: rie regras pessoais e familiares para a TD. C Faça um inventário do uso da TD. n Designe zonas livres de TD. n Crie pausas intencionais para a TD. n Não durma com o celular por perto. n Comprometa-se a aprender mais sobre esses assuntos. n n
26
Adventist World | Setembro 2017
samento): vocabulário abstrato, atenção concentrada, reflexão, solução indutiva de problemas e imaginação – que são desenvolvidas por meio da leitura e até do rádio. Uma dieta balanceada de mídia usando o que há de melhor em cada tecnologia ajuda a desenvolver um perfil equilibrado de habilidades cognitivas. E quanto à própria TD? Uma resposta curta é que as pessoas estão usando a TD de algumas formas que afetam a saúde. Quem pode negar que a TD melhora o acesso à informação sobre práticas adequadas para a saúde e pode estimular a interação social entre os amigos? A TD ajuda os usuários a melhorar sua dieta e esforço para melhorar a forma física, e a gerenciar vários problemas de saúde. No entanto, um estudo da UCLA mostrou um declínio de memória e de atenção relacionados com a utilização de mensagens de texto e tempo on-line, e também afetando a arquitetura, quantidade e qualidade do sono. Pesquisas do Instituto Politécnico Renssenlaer mostraram que duas horas de exposição à emissão de luz da TD, reduzem em 22 por cento, os níveis de melatonina, hormônio que promove o sono. Outra pesquisa sugere que dormir com esses aparelhos próximos à cabeça pode prejudicar ainda mais a qualidade do sono e sonhos. Um estudo realizado por centros de aconselhamento em todos os Estados Unidos associam a elevação do uso de TD com o aumento de problemas de saúde mental entre estudantes universitários. Além disso, a exposição ao brilho da tela diminui a leptina, hormônio que nos faz sentir satisfeitos, mas aumenta a grelina, hormônio que nos faz sentir fome. Por afetar negativamente o metabolismo, a TD pode contribuir para a obesidade. A multitarefa digital – usar mais de um aparelho de TD simultaneamente – é uma tendência cada vez maior. Os
neurocientistas afirmam que nosso cérebro não é capaz de processar fluxos de múltiplas entradas ao mesmo tempo. É como tentar beber de um hidrante. Os períodos de atenção diminuem ao tentarmos nos igualar ao ritmo da complexa via da informação digital. Algumas atividades são beneficiadas pela habilidade da multitarefa; por exemplo, os pilotos precisam ser capazes de monitorar múltiplos instrumentos ao mesmo tempo. Mas para solucionar problemas complexos, a preferência é pela concentração sustentada. Além disso, pesquisadores da UCLA afirmam que a multitarefa impede as pessoas de obter uma compreensão mais profunda da informação, diminui o raciocínio analítico e impacta negativamente as tarefas que requerem uma análise profunda e prolongada. É aí que o uso e abuso da TD é uma grande preocupação espiritual. Deus nos atrai por meio da razão (veja Dt 30; Is 1:18). Se o abuso da TD prejudica nossa habilidade de raciocinar e nossa habilidade de nos concentrar e processar as questões profundas da vida, também impede o acesso de Deus a nós? Isso é algo para pensarmos... A mídia e a TD não são boas nem más em si mesmas. Porém, podem ser usadas para o bem ou para o mal. Podem acrescentar valor à nossa vida – quando as usamos criteriosamente. n
Peter N. Landless é cardiologista nuclear e diretor do Ministério da Saúde na Associação Geral.
Zeno L. Charles-Marcel é internista e
diretor associado do Ministério da Saúde na Associação Geral. F O T O :
S T O C K
U N L I M I T E D
R E S P O S T A S
Por que praticamos a disciplina na igreja?
A
P E R G U N T A S
B Í B L I C A S
Disciplina
Compreendo que você esteja se referindo às ações disciplinares tomadas pela igreja para corrigir em seus membros, comportamentos inapropriados. A igreja é formada por indivíduos que, movidos pelo Espírito Santo e voluntariamente, encontram em Jesus seu Salvador e Senhor, e se tornam parte de Seu corpo, a igreja. Essa comunidade de crentes tem delimitações – que são sua mensagem, missão e estilo de vida bem definidos – que contribuem para sua unidade harmoniosa e realizações para obter objetivos comuns. A disciplina é estabelecida para lidar com a dissidência, pois ela pode ameaçar o bem-estar da comunidade e a vida espiritual dos crentes. É assim que a Bíblia trata o assunto. Comentarei o significado das ações disciplinares da igreja. 1. Tipos de disciplina da igreja: a disciplina era usada na igreja apostólica, por duas razões principais. A primeira, pela transgressão dos princípios morais da igreja, com base nos ensinos de Jesus e dos apóstolos. Por exemplo, Paulo instruiu os coríntios a aplicar a disciplina a um membro que praticou imoralidade sexual (1Co 5:1-5). Jesus instruiu Seus seguidores sobre o que fazer quando “seu irmão peca contra você” (Mt 18:15; 1Tm 5:20). A segunda era de natureza doutrinária. Eram disciplinadas as pessoas que se opunham aos ensinos da igreja, ou promoviam seus próprios ensinamentos (2Jo10; 2Tm 4:2; Tt 1:9, 13). Na igreja, eram praticados dois tipos específicos de disciplina, com base na natureza da infração. A primeira consistia na aplicação de sanções que podiam incluir repreensão em particular ou pública (2Tm 4:2; 1Tm 5:20), ou restrição da comunidade cristã (e.g., “se afaste” deles [2Ts 3:6, NVI]; “não se associem com ele” [versículo 14, NVI]). As pessoas não deviam ser consideradas inimigas (versículo 15, NVI). O segundo tipo de disciplina era a exclusão total da igreja, a excomunhão. Provavelmente seja isso que Paulo quis dizer quando declarou que “entregou a Satanás” dois membros da igreja (1Tm 1:20, NVI; cf. 1Co 16:22; Tt 3:10, 11). 2. O objetivo da disciplina: A disciplina da igreja tem dois objetivos principais. O primeiro é restaurar a pessoa à comunhão total com a igreja. Na verdade, esse é o objetivo fundamental de qualquer disciplina da igreja, inclusive da excomunhão. A verdadeira disciplina é redentora, não punitiva (cf. Gl 6:1-5), na esperança de que “Deus lhes conceda
[aos disciplinados] o arrependimento, levando-os ao conhecimento da verdade” (2Tm 2:25, NVI; cf. Tg 5:19, 20; Jd 22, 23). Segundo, a disciplina é aplicada devido à santidade da igreja. Isso explica por que os disciplinados não desfrutam da comunhão completa. O testemunho público da igreja deve ser protegido pelo apoio aos mais altos princípios da sociedade, e que podem ter sido transgredidos por alguns dos seus membros (1Pe 2:12). 3. O significado da remoção do livro da igreja: O membro removido do rol de membros da igreja coloca um fim à sua comunhão com o corpo de Cristo. Nos tempos apostólicos, isso podia significar seu retorno ao estilo de vida pagão e à exclusão da graça de Deus por meio de Cristo. É ainda desse modo em alguns lugares em que o cristianismo é minoria. No mundo cristão há muitas denominações e a disciplina da igreja muitas vezes não é um assunto considerado muito importante. Para os adventistas, a remoção do rol de membros é, em primeiro lugar, um retorno ao mundo religioso em estado de confusão, que leva a pessoa disciplinada a uma apostasia escatológica. Segundo, é uma decisão que pode levá-la a assumir, permanentemente, o lado errado do conflito cósmico, arriscando, assim, a vida eterna. Em terceiro lugar, como a remoção do rol de membros deve ser acompanhada pela tentativa amorosa de restaurar um ex membro da igreja, ela não define seu destino final. Concluindo, esse tipo de disciplina é o reconhecimento doloroso da igreja de que certos crentes escolhem romper com a ela, apesar de todos os esforços para mantê-los naquela comunidade religiosa. Algumas vezes, ocorre de o próprio membro solicitar a remoção do seu nome do livro da secretaria ao reconhecer que se encontra em desarmonia com os princípios e normas constantes do Manual da Igreja. Geralmente, o membro assim procede, por pretender retornar ao seio da igreja assim que colocar em ordem sua vida. Nesse sentido, a remoção é uma expressão de respeito à liberdade de consciência deles. Talvez, devamos tirar dessa discussão, a importância de mostrar bondade e amor àqueles que se desviaram dos ensinos e do estilo de vida do corpo de Cristo. n
Ángel Manuel Rodríguez aposentou-se após uma carreira de serviço como pastor, professor e teólogo. Setembro 2017 | Adventist World
27
E S T U D O
B Í B L I C O
Jesus é
Mark A. Finley
R E S E R V E
I N C
eterno?
I N T E L L E C T U A L
Ellen White relacionou a natureza eterna de Cristo com Sua capacidade de oferecer salvação. Em outras palavras, se Ele não é eterno, poderá oferecer vida eterna? Certamente, não!
E
m alguns círculos a natureza eterna de Jesus é discutida. Alguns sugerem que, uma vez que as Escrituras declaram que Cristo era o “Unigênito” do Pai, o “primogênito” de toda a criação, houve um tempo em um passado distante, em que Jesus não existia. Mas, o que a Bíblia ensina sobre a natureza eterna de Jesus? Como Cristo é retratado pelas Escrituras? Na lição deste mês exploraremos algumas passagens bíblicas que afirmam claramente a existência eterna de Jesus, ou seja, Ele não tem um início.
1 Que expressão Jesus usou, em João 8:58, para expressar Sua natureza eterna? Qual foi a reação dos líderes judeus diante da declaração de Cristo? Jesus assumiu, clara e poderosamente, Sua natureza eterna, declarando-Se o “EU SOU”. Essa expressão é equivalente a: “Eu sou o Eterno” Os líderes judeus compreenderam exatamente o que Jesus quis dizer e tentaram apedrejá-Lo. Compreenderam as implicações de Sua declaração à luz de Êxodo 3:14, onde Deus Se declarou o “EU SOU”. Se Pai e Filho são o “EU SOU”, então ambos são eternos.
2
Leia Isaías 9:6 e liste os títulos de Jesus.
Pode ser estranho para alguém que Jesus seja chamado “Pai da eternidade” sendo Ele e o Pai dois seres separados e distintos. A resposta está no fato de que ambos são um em caráter e existência eterna. Foi isso que Jesus quis dizer quando respondeu à pergunta de Filipe: “Mostra-nos o Pai”, dizendo: “Quem Me vê, vê o Pai” (Jo 14:9).
3 Como o profeta Miqueias descreve a natureza eterna de Cristo? Leia Miqueias 5:2. A declaração de Miqueias se harmoniza bem com o comentário de Ellen White: “A divindade de Cristo é a certeza de vida eterna para o crente. ‘Quem crê em Mim’, disse Jesus, ‘ainda que esteja morto viverá; e todo aquele que vive, e crê em Mim, nunca morrerá. ’ ”* Nessa declaração notável e clara,
28
Adventist World | Setembro 2017
4 Compare Filipenses 2:4-7 com Hebreus 1:2-4, 8, 9. O que esses versos nos dizem sobre a relação entre o Pai e o Filho? Como descrevem Jesus? O apóstolo Paulo declarou que Jesus era a própria “imagem” de Deus. A palavra grega para imagem é morphe, que significa a própria essência de Deus. Por essa razão não é um “roubo” afirmar que Jesus é “igual” a Deus. Roubar é tirar de alguém algo que, por direito, não é seu. Uma vez que Jesus era o “resplendor da glória de Deus” e a “expressão exata de Seu ser,” podia reivindicar, legitimamente, igualdade com Deus.
5 Como João, o revelador, descreveu Jesus? Que expressões ele utilizou para retratar Sua natureza eterna? Leia Apocalipse 1:8. Para descrever Cristo, João usou a expressão “o Alfa e o Ômega, o Princípio e o Fim”. Nesse mesmo verso Jesus é descrito como “o que é, o que era e o que há de vir”. No verso 4, o Pai é descrito como aquele “que é, que era e que há de vir”. O Pai e o Filho existem desde a eternidade.
6 No livro de Hebreus, Melquisedeque, o sumo sacerdote de Salém, é comparado a Jesus. Que ideias sobre Cristo obtemos dessa comparação? Leia Hebreus 7:1-3. Segundo essa passagem, semelhante a Melquisedeque, Jesus não tem início nem fim. A evidência irrefutável nas Escrituras é de que Jesus é o divino e eterno Filho de Deus. Podemos nos alegrar que Alguém igual ao Pai, Alguém com o Pai e Alguém unido ao Pai por um elo de amor inestimável, é o Jesus que viveu, morreu, ressuscitou dos mortos e ministra no Céu como nosso sumo sacerdote. n * Ellen G. White, O Desejado de Todas as Nações (Casa Publicadora Brasileira), p. 530.
TROCA DE IDEIAS
Nossa igreja foi reavivada.
Cartas
Evangelismo na Romênia
“Inspirados pela Romênia” (junho de 2017): Fiquei absolutamente emocionado com o artigo sobre o impacto evangelístico na Romênia. Lembrei-me de 1996, do evangelismo em Ploiesti, onde 90 pessoas foram batizadas. Essa nação está aberta para o evangelho, e precisamos alcançar as pessoas antes que se tornem completamente secularizadas. Fiquei feliz ao ler que Mário Brito, presidente da Divisão Intereuropeia, está convencido de que “esses esforços podem ser replicados em outras culturas em nossa Divisão.” Achei interessante ler que o pastor da igreja em Bucareste não acreditava no
OraçãoW
evangelismo, mas depois disse: “Estou impressionado! Nossa igreja foi reavivada.” Eles esperam batizar mil pessoas. E as duas senhoras da Associação Geral como pregadoras evangelísticas pela primeira vez? Lori Yingling disse: “Ficar imersa no evangelismo por quase três semanas transforma você.” Precisamos mudar a mentalidade de nosso povo e deixar que o fogo do Espírito Santo caia sobre nossas igrejas, líderes e membros leigos para que sejam imersos na salvação de pessoas para Cristo! Leo Ranzolin, Flórida, Estados Unidos Adventistas e as competições esportivas
Há muito tenho crido que as competições esportivas são um meio pelo qual os adventistas do sétimo dia podem honrar publicamente o sábado (e outras doutrinas bíblicas). Portanto, o artigo “Jogador de futebol volta aos campos, tendo no contrato o sábado livre” (fevereiro de 2017) foi especial para mim. Conheço um fato de menor notoriedade, no
qual tive uma pequena parte. Em Oregon do início dos anos 1940, especialmente na área de Portland, o softball de lance rápido era muito popular e recebeu ampla publicidade. No final de cada temporada de verão era realizado um torneio em todo o estado para determinar o campeão estadual. Esse torneio sempre terminava na sexta-feira à noite. No verão de 1942, ficou aparente que os cinco melhores lançadores do estado eram adventistas do sétimo dia. A ausência deles tornaria o torneio sem sentido. Para resolver o problema, mudaram toda a escala dos jogos para que a final do campeonato fosse realizada na quinta-feira à noite. Os lançadores do campeonato eram adventistas, sendo um deles o irmão mais novo de um departamental da Associação Geral. Herbert Harder Via E-mail Como enviar cartas: letters@ adventist world.org. As cartas devem ser escritas com clareza, contendo, no máximo, 100 palavras. Inclua na carta o nome do artigo e a data da publicação. Coloque também seu nome, cidade, estado e país de onde você está escrevendo. As cartas serão editadas por questão de espaço e clareza. Nem todas as cartas enviadas serão publicadas.
GRATIDÃO
Por favor, ore para que meu irmão e duas sobrinhas consigam empregos que os realizem. Mark, Canadá Por favor, ore por mim, pois sinto que Satanás tem me tentado a agir de forma agressiva. Catherine, Uganda Paulo está tendo problemas de estômago. Por favor ore para que o médico
descubra o diagnóstico e um plano de tratamento. April, por E-mail Por favor, ore para que eu consiga encontrar um emprego de tempo integral, estável, com bom salário e benefícios. Camille, por E-mail Por favor, ore por meu amigo que está sofrendo com câncer e necessita ser operado. Eliezar, por E-mail
Por favor, ore por mim para que os resultados dos meus exames me permitam estudar em nossa universidade, em Pune. Sanjay, Índia
Oração & Gratidão: Envie seus pedidos de oração ou agradecimentos (gratidão por orações respondidas) para prayer@adventistworld.org. As participações devem ser curtas e concisas, de no máximo 50 palavras. Os textos poderão ser editados por questão de espaço e clareza. Nem todas as participações serão publicadas. Por favor, inclua seu nome e o nome do seu país. Os pedidos também podem ser enviados por fax para o número: 1-301-680-6638; ou por carta para Adventist World, 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring, MD 20904-6600, EUA.
Setembro 2017 | Adventist World
29
C E N T R O
D E
P E S Q U I S A
A D V E N T I S TA
TROCA DE IDEIAS
Há149 anos N
I N S E R Ç Ã O : PAT R I M Ô N I O L I T E R Á R I O D E E L L E N G . W H I T E
o dia 1º- de setembro de 1868, foi realizada a primeira reunião campal oficial da Associação Geral (AG), na fazenda Root’s, em Wright, Michigan, Estados Unidos. O motivo para realizar as reuniões surgiu na assembleia da AG, em Battle Creek, Michigan, dos dias 12 a 18 de maio de 1868. As atas das reuniões registram: “Votado, que esta associação recomenda ao nosso povo que sejam realizadas, anualmente, reuniões campais gerais na época das nossas assembleias de negócios.” Dois meses depois, no editorial da Adventist Review e Sabbath Herald, Tiago White fez um forte apelo para as campais gerais. Ele destacou que a assembleia de negócios da AG era inadequada para uma festa espiritual.” Essa não é uma boa ocasião para um encontro geral para nossos irmãos e irmãs desfrutarem uma festa espiritual. Não compreendendo isso, muitos vieram para nossa conferência anual, passaram uma semana, e voltaram para casa desapontados. Eles não tinham interesse especial pelas assembleias de negócios, acharam que tomavam muito tempo, e concluíam que seus irmãos estavam se tornando muito formais e apostatados.” Cerca de duas mil pessoas compareceram ao evento, que serviu como reavivamento para os membros da igreja e de série evangelística para os visitantes.
CINCO,
NÃO, ESPERE, 10-POR-DIA
Todas as pessoas devem comer cinco porções de frutas e vegetais todos os dias para reduzir o risco de ataque cardíaco, derrame cerebral e câncer. Pesquisadores do Imperial College London estimam que 7,8 milhões de mortes prematuras, em todo o mundo, poderiam ser evitadas se as pessoas dobrassem suas porções de frutas e vegetais para dez ao dia. Uma banana pequena, ou três colheres de sopa cheias de vegetais cozidos equivalem a uma porção.
2×
= lO
Fonte: The Rotarian
Pense! Rápido! Os músicos têm reações muitas vezes mais rápidas do que os não músicos. Pesquisadores da Universidade de Montreal descobriram que os músicos reagem mais rápido quando ouvem um som, sentem vibrações ou os dois. A pesquisa tem implicações para aqueles que, ao envelhecer, enfrentam declínio nas habilidades cognitivas. E nas crianças, quando a música é parte do currículo, as notas melhoram. Fonte: The Rotarian
Vamos conversar O “banco da amizade”, no Zimbábue, com a participação de leigos bem treinados e supervisionados, tem provado ser efetivo no tratamento de problemas da saúde mental. Patrocinado pelo governo canadense, os participantes que frequentam seis sessões semanais, durante seis meses, apresentam melhora na depressão, ansiedade e ideias de suicídio. O “sofá do sábado” tem sido usado pelos adventistas do sétimo dia em muitas cidades europeias, não apenas para explicar o significado do sábado bíblico, mas para oferecer um local em que as pessoas possam falar sobre suas lutas e preocupações. Fonte: The Rotarian/Adventist Review Online
30
Adventist World | Setembro 2017
“Eis que cedo venho…”
Nossa missão é exaltar a Jesus Cristo, unindo os adventistas do sétimo dia de todo o mundo numa só crença, missão, estilo de vida e esperança. Editor Adventist World é uma publicação internacional da Igreja Adventista do Sétimo Dia, editada pela Associação Geral e pela Divisão do Pacífico Norte-Asiático. Comissão Editorial Ted N. C. Wilson, presidente; Guillermo Biaggi, vice-presidente; Bill Knott, secretário; Lisa Beardsley-Hardy; Williams Costa, Daniel R. Jackson; Peter Landless, Robert Lemon; Geoffrey Mbwana; G. T. Ng; Daisy Orion; Juan Prestol-Puesán; Ella Simmons; Artur Stele; Ray Wahlen; Karnik Doukmetzian, assessor legal. Editor Administrativo e Editor-Chefe Bill Knott Gerente Internacional de Publicação Pyung Duk Chun Comissão Coordenadora da Adventist World Jairyong Lee, chair; Yutaka Inada, German Lust, Pyung Duk Chun, Suk Hee Han, Dong Jin Lyu
Grátis para
TODOS
Os membros da Igreja Adventista do Sétimo Dia em Fitchburg, Massachusetts, Estados Unidos, têm realizado, há vários anos, evangelismo com literatura nos estados de New Hampshire, Connecticut Massachusetts. Em evento comunitário conhecido como “Flea Market” (mercado das pulgas), esse grupo distribuiu material de todos os tipos: folhetos, livretos, revistas, livros e sermões em CD e DVDs. Eles também promovem o ministério da mídia colocando endereços da Internet nos materiais que distribuem. Eles não vendem o material, embora aceitem doações voluntárias, que são usadas para a compra de mais literatura. O material é doado e não vendido, e eles visitam os mercados das pulgas aos sábados e domingos.
Editores em Silver Spring, Maryland, EUA André Brink, Lael Caesar, Gerald A. Klingbeil (editores-assistentes), Sandra Blackmer, Stephen Chavez, Costin Jordache, Wilona Karimabadi Editores em Seul, Coreia do Sul Pyung Duk Chun, Jae Man Park, Hyo Jun Kim Gerente de Operações Merle Poirier Colaboradores Mark A. Finley, John M. Fowler Conselheiro E. Edward Zinke Administradora Financeira Kimberly Brown Assistente Administrativa Marvene Thorpe-Baptiste Comissão Administrativa Jairyong Lee, presidente; Bill Knott, secretário; Chun, Pyung Duk; Karnik Doukmetzian; Han, Suk Hee; Yutaka Inada; German Lust; Ray Wahlen; Ex-officio: Juan Prestol-Puesán; G. T. Ng; Ted N. C. Wilson Diretor de Arte e Diagramação Jeff Dever, Brett Meliti
Morcego X BEIJA-FLOR
Tanto o morcego quanto o beija-flor são polinizadores efetivos. Mas o beija-flor tem o cuidado de entregar o pólen dentro de um raio de 213 metros, enquanto o morcego-néctar, do Equador, entrega o pólen até a 48 quilômetros de distância de suas raízes.
Consultores Ted N. C. Wilson, Juan Prestol-Puesán, G. T. Ng, Guillermo E. Biaggi, Mario Brito, Abner De Los Santos, Dan Jackson, Raafat A. Kamal, Michael F. Kaminskiy, Erton C. Köhler, Ezras Lakra, Jairyong Lee, Israel Leito, Thomas L. Lemon, Solomon Maphosa, Geoffrey G. Mbwana, Blasious M. Ruguri, Saw Samuel, Ella Simmons, Artur A. Stele, Glenn Townend, Elie Weick-Dido Aos colaboradores: São bem-vindos artigos enviados voluntariamente. Toda correspondência editorial deve ser enviada para: 12501 Old Columbia Pike, Silver Spring MD 20904-6600, EUA. Escritórios da Redação: (301) 680-6638 E-mail: worldeditor@gc.adventist.org Website: www.adventistworld.org Adventist World é uma revista mensal editada simultaneamente na Coreia do Sul, Brasil, Argentina, Indonésia, Austrália, Alemanha, Áustria, México e nos Estados Unidos.
V. 13, nº- 9
Fonte: National Geographic
Setembro 2017 | Adventist World
31
ARTVNOW.COM